Formação dos Estados Nacionais

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- Formação dos Estados Nacionais; - Absolutismo; - Mercantilismo. Resumo A formação dos Estados Nacionais, enfoque em Portugal 1. A formação dos Estados Nacionais, características gerais: . Acordo entre nobreza, clero e burguesia: Com o enfraquecimento da classe feudal – os senhores de terra -, as monarquias são chamadas de absolutas, características da Era Moderna na Europa (séculos XV – XVIII). Essa monarquia onde aparentemente o rei tem todo o poder do Estado é, na verdade, um Estado com a preponderância do clero e da nobreza, tendo também a presença importante da burguesia. . Mercado nacional unificado: Interessa ao comércio e à produção dos burgos um estado nacional onde não se precise pagar taxas para atravessar os senhorios (como acontecia na Idade Média), onde os pesos e medidas sejam os mesmos em todo o território nacional e a moeda seja a mesma em todo o reino. Tudo isso é cumprido no novo estado que está surgindo. O mercado nacional é unificado pelos interesses do comércio e da produção da burguesia. . Língua nacional: É nesse mesmo período que surgem as línguas nacionais européias. Elas são importantes para que todos no país se entendam na fala e na escrita e o Estado se faça presente em todo o território com uma língua comum. O surgimento das línguas nacionais é marcado pela publicação de grandes obras literárias nacionais. . Redução do poder da Igreja e do papa: Se durante a Idade Média, o poder do papa se fazia presente em toda a Europa fragmentada em pequenos senhorios, agora na Era Moderna, o poder papal encontrará dificuldade de se impor diante de poderosos estados nacionais. Há diversos conflitos entre a Igreja e os Estados recém-surgidos. . Casos particulares: Apesar de haver características gerais ao surgimento dessa nova forma de organização política, o estado nacional, cada país se unificou em condições especificas: A Espanha se unificou pela luta de varias casas de nobreza contra os mulçumanos na península Ibérica, é a chamada guerra de Reconquista. No final do conflito, o rei de Aragão se casou com a rainha de Castela unificando o território; a França fortaleceu a sua monarquia e o seu exercito com a guerra dos cem anos contra a Inglaterra; a Inglaterra teve a especificidade de manter fortes os poderes regionais através do parlamento durante a Idade Média, que não era completamente submisso ao rei; Itália e Alemanha não conseguiram se unificar, só fazendo no século XIX, já no contexto das revoluções burguesas. 2. A unificação de Portugal: . Uma região voltada para o mar. Também dominada pelos mouros – mulçumanos ibéricos – assim como a Espanha, Portugal surgiu na luta de Reconquista contra os mouros, que chegaram na península no século VIII. Desde cedo, Portugal mostrou uma forte tendência para a pesca e o comércio, visto que era o entreposto marítimo entre as duas principais regiões do comercio da Europa, as cidades italianas e Flandres. Assim conseguiu se organizar facilmente para a expulsão dos mouros. No século XII, todos já tinham sido expulsos da região, diferentemente da Espanha que só expulsou os últimos mulçumanos do seu território em 1492. . Feudalismo diferente, centralizado: O condado Portucalense surge como um estado vassalo de Castela, tornando-se independente em 1139. Portugal se caracterizava no início por ter um feudalismo muito centralizado, diferente de outros feudalismos na Europa. O rei tinha mais poder do que em outras regiões da Europa, o feudalismo iria acabar no país com a Revolução de Avis em 1385. . Decadência do feudalismo em Portugal: O rei era forte em Portugal, e opondo-se aos senhores feudais, faz um amplo incentivo à fuga dos servos e também a criação das feiras de comércio. Os senhores feudais vão se enfraquecer e desesperadamente tentam se aliar a Castela para manter o poder sobre os senhorios. Isso detona a guerra que trará a formação do moderno estado português, a chamada Revolução de Avis. . Revolução de Avis: Em uma disputa dinástica, dois postulantes ao trono se confrontam em uma guerra. A casa de Borgonha era aliada aos senhores feudais portugueses e ao poderoso reino de Castela. Do outro lado, Dom João da casa de Avis, aliado dos comerciantes portugueses, dos pescadores e mestres de oficio. A vitória é de Dom João I e marca o fim do feudalismo em Portugal e o início do estado nacional monárquico português. Com essa unificação adiantada do país, os lusitanos serão o primeiro povo a navegar pelos oceanos em busca de riqueza. Nesse

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- Formação dos Estados Nacionais;- Absolutismo;- Mercantilismo.

Resumo

A formação dos Estados Nacionais, enfoque em Portugal

1. A formação dos Estados Nacionais, características gerais:. Acordo entre nobreza, clero e burguesia: Com o enfraquecimento da classe feudal – os senhores de terra -, as monarquias são chamadas de absolutas, características da Era Moderna na Europa (séculos XV – XVIII). Essa monarquia onde aparentemente o rei tem todo o poder do Estado é, na verdade, um Estado com a preponderância do clero e da nobreza, tendo também a presença importante da burguesia.. Mercado nacional unificado: Interessa ao comércio e à produção dos burgos um estado nacional onde não se precise pagar taxas para atravessar os senhorios (como acontecia na Idade Média), onde os pesos e medidas sejam os mesmos em todo o território nacional e a moeda seja a mesma em todo o reino. Tudo isso é cumprido no novo estado que está surgindo. O mercado nacional é unificado pelos interesses do comércio e da produção da burguesia.. Língua nacional: É nesse mesmo período que surgem as línguas nacionais européias. Elas são importantes para que todos no país se entendam na fala e na escrita e o Estado se faça presente em todo o território com uma língua comum. O surgimento das línguas nacionais é marcado pela publicação de grandes obras literárias nacionais.. Redução do poder da Igreja e do papa: Se durante a Idade Média, o poder do papa se fazia presente em toda a Europa fragmentada em pequenos senhorios, agora na Era Moderna, o poder papal encontrará dificuldade de se impor diante de poderosos estados nacionais. Há diversos conflitos entre a Igreja e os Estados recém-surgidos.. Casos particulares: Apesar de haver características gerais ao surgimento dessa nova forma de organização política, o estado nacional, cada país se unificou em condições especificas: A Espanha se unificou pela luta de varias casas de nobreza contra os mulçumanos na península Ibérica, é a chamada guerra de Reconquista. No final do conflito, o rei de Aragão se casou com a rainha de Castela unificando o território; a França fortaleceu a sua monarquia e o seu exercito com a guerra dos cem anos contra a Inglaterra; a Inglaterra teve a especificidade de manter fortes os poderes regionais através do parlamento durante a Idade Média, que não era completamente submisso ao rei; Itália e Alemanha não conseguiram se unificar, só fazendo no século XIX, já no contexto das revoluções burguesas.2. A unificação de Portugal:. Uma região voltada para o mar. Também dominada pelos mouros – mulçumanos ibéricos – assim como a Espanha, Portugal surgiu na luta de Reconquista contra os mouros, que chegaram na península no século VIII. Desde cedo, Portugal mostrou uma forte tendência para a pesca e o comércio, visto que era o entreposto marítimo entre as duas principais regiões do comercio da Europa, as cidades italianas e Flandres. Assim conseguiu se organizar facilmente para a expulsão dos mouros. No século XII, todos já tinham sido expulsos da região, diferentemente da Espanha que só expulsou os últimos mulçumanos do seu território em 1492.. Feudalismo diferente, centralizado: O condado Portucalense surge como um estado vassalo de Castela, tornando-se independente em 1139. Portugal se caracterizava no início por ter um feudalismo muito centralizado, diferente de outros feudalismos na Europa. O rei tinha mais poder do que em outras regiões da Europa, o feudalismo iria acabar no país com a Revolução de Avis em 1385.. Decadência do feudalismo em Portugal: O rei era forte em Portugal, e opondo-se aos senhores feudais, faz um amplo incentivo à fuga dos servos e também a criação das feiras de comércio. Os senhores feudais vão se enfraquecer e desesperadamente tentam se aliar a Castela para manter o poder sobre os senhorios. Isso detona a guerra que trará a formação do moderno estado português, a chamada Revolução de Avis.. Revolução de Avis: Em uma disputa dinástica, dois postulantes ao trono se confrontam em uma guerra. A casa de Borgonha era aliada aos senhores feudais portugueses e ao poderoso reino de Castela. Do outro lado, Dom João da casa de Avis, aliado dos comerciantes portugueses, dos pescadores e mestres de oficio. A vitória é de Dom João I e marca o fim do feudalismo em Portugal e o início do estado nacional monárquico português. Com essa unificação adiantada do país, os lusitanos serão o primeiro povo a navegar pelos oceanos em busca de riqueza. Nesse momento, Portugal é uma das regiões mais avançadas comercialmente da Europa, sendo o primeiro Estado a se unificar de fato.

O Estado Moderno: Absolutismo e Mercantilismo

1. ApresentaçãoA época moderna é um período de transição entre o feudalismo medieval para o capitalismo contemporâneo. Apesar de formas de trabalho semelhantes à servidão continuarem comuns no campo, existe uma burguesia mercantil e manufatureira com certo poder. Em função desse quadro social complexo em que coexistem burguesia e nobreza, existe uma forma própria de Estado, o estado absolutista e uma teoria e política econômica de forte intervenção do Estado também restrita a esse período histórico, o mercantilismo.2. O Absolutismo. Conceituação: O nome absolutismo dá a falsa idéia de que o rei tem poderes absolutos, totais. Na verdade, o rei serve como um ponto de equilíbrio entre os conflitos existentes entre as classes sociais daquela sociedade – burguesia, nobreza e campesinato. Em função desse quadro contrastante, o rei representava o poder que terminaria com todos os conflitos. Na verdade, o rei tinha que jogar com as pressões desses grupos sociais. A

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classe hegemônica daquele meio, no entanto, era a classe que se sustentava a partir do controle da terra, ou melhor, a nobreza e o clero.. Antigo Regime: É o nome dado ao regime absolutista pelos iluministas do século XVIII de uma forma pejorativa. Na história é sinônimo de monarquia absoluta ou absolutismo.. Teóricos do absolutismo: O poder absoluto era legitimado através de discursos. Esses discursos foram importantíssimos para que o regime se consolidasse e fosse aceito por todos. As principais teorias são:. O Direito divino dos reis: Le Bret, Bodin e Bossuet são teóricos franceses que afirmam que os reis têm uma origem divina e por isso têm a legitimidade para governar. Essa é a principal base de sustentação teórica do regime absolutista. Portanto, a figura do rei nos tempos modernos é sagrada.. O Leviatã: Hobbes afirma que o homem é o lobo do homem e sem um governo forte e coercitivo, o homem pode se destruir. Diante dessa animalidade humana, é necessário um governo forte na mão de um rei.. Maquiavel: Esse autor escreveu o livro O Príncipe mostrando como os reis italianos de seu tempo agiam, como eram anti-éticos e arbitrários, mostra como eram os regimes absolutistas de seu tempo.3. Mercantilismo. O que é: É a teoria e a prática econômica dos estados modernos, das monarquias absolutas. Tem como característica fundamental a intervenção do Estado na economia para o fomento da riqueza nacional.Pressupõe que a riqueza não se reproduz, ela é limitada na natureza, por isso os estados europeus vão ter longas e numerosas guerras para ter essa riqueza. Essas medidas têm o objetivo também de fortalecer o poder dos ainda fracos Estados nascentes. Existem ainda aspectos específicos do mercantilismo.. Metalismo – ou Bulionismo: É o fator maior do sistema mercantilista que vai explicar todas as outras características desse sistema. Pensava-se na época que toda a riqueza do mundo estava nas pedras preciosas e outras riquezas naturais, principalmente o outro e a prata. A riqueza de um país media em quanto ouro e prato havia em seu território. Diante disso, os países europeus restringem a saída de ouro e prata dos seus territórios, tentando trazer o Maximo desses metais para dentro de suas fronteiras.. Balança comercial favorável: Os países europeus traçaram varias formas de se conseguir essa riqueza em metais. Com a balança comercial favorável, exportando-se mais do que importava, o reino adquiria metais de outros reinos. Todos os países europeus tentavam manter esse saldo positivo na balança.. Colonialismo: Consistia na aquisição matérias-primas de alto valor, ouro e prata nas colônias no ultramar e a venda de produtos manufaturados para estas regiões. Era mais uma forma de enriquecimento.. Industrialismo: Era o fomento da produção de manufaturas, principalmente para exportação, objetivando uma balança favorável. Essa é uma característica mais tardia do mercantilismo, dos séculos XVII e XVIII. As unidades fabris desse período não são as mesmas da Revolução Industrial, são manufaturas.. Populacionismo: O poder de uma nação também era medido pela população que havia no reino. Isso porque a população mostrava o tamanho do exercito que o país podia montar e a produção de alimentos e manufaturas que esse país podia ter, especialmente em períodos de guerra.. Contraste com o liberalismo: A teoria econômica que surge no final do século XVIII e consolida-se no século XIX, o liberalismo, nasce da crítica dessas práticas mercantilistas. O liberalismo defende a não intervenção do Estado na economia, já que as leis naturais do mercado regulariam automaticamente a economia.