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Vitória da Conquista, Bahia, 02 à 07 de outubro de 2017 XVI Semana de Economia e II Encontro de Egressos de Economia da UESB FORMAÇÃO DE PREÇOS EM ECONOMIA POPULAR E SOLIDARIA: EM BUSCA DA COMPREENSÃO POLITICA SOBRE VALOR DO TRABALHO Modalidade: Artigo Completo GT 5: Economia do trabalho, Economia Solidária, Cooperativismo Sara de Souza Silva 1 Juliana de Freitas Silva 2 José Raimundo Oliveira Lima 3 . RESUMO O trabalho trata-se de um estudo de caso com o grupo Sabores do Quilombo que está em processo de incubação desde julho de 2016 e desenvolve suas atividades de produção e comercialização de alimentos da culinária local na cantina do módulo I da Universidade Estadual de Feira de Santana sobre a composição do custo de produção para a formação do preço. Deste modo, a compreensão da formação de preço justo com o grupo de produção Sabores do Quilombo considera alguns aspectos que estão equiparados à base analítica da teoria microeconômica, no contexto de uma racionalidade quantitativa, porém dela se distinguindo ao considerar os princípios da economia popular e solidária. Assim, para além da análise da formação do preço, esse trabalho, permitirá a compreensão do trabalhador sobre o custo de produção do bem, o valor do seu trabalho, o valor de uso e o valor de troca, permitindo uma não alienação do seu trabalho e uma consequente formação política na economia popular e solidária, haja vista que a pesquisa ação possibilita o envolvimento do sujeito na construção do processo político educativo. Palavras-chave: Formação de Preço Economia Popular e Solidária Custo de Produção 1. INTRODUÇÃO As formulações em torno da Economia Popular e Solidária e seus elementos característicos como a autogestão, cooperação, solidariedade, sistema de preços justos e todo o seu processo econômico-político-organizativo, conduzem a uma nova concepção 1 Graduanda do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Feira de Santana. [email protected] Cristovão Barreto nº 1052 Brasilia, Feira de Santana-ba. (75)98205-9730. 2 Graduanda do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Feira de Santana. [email protected]. 3 Professor Adjunto do Curso de Economia da UEFS. Coordenador da IEPS-UEFS. Economista (UEFS). Mestre Gestão Integrada de Organizações (UNEB). Doutor em Educação e Contemporaneidade (UNEB). [email protected]

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FORMAÇÃO DE PREÇOS EM ECONOMIA POPULAR E SOLIDARIA: EM BUSCA

DA COMPREENSÃO POLITICA SOBRE VALOR DO TRABALHO

Modalidade: Artigo Completo

GT 5: Economia do trabalho, Economia Solidária, Cooperativismo

Sara de Souza Silva1

Juliana de Freitas Silva2

José Raimundo Oliveira Lima3.

RESUMO

O trabalho trata-se de um estudo de caso com o grupo Sabores do Quilombo que está em

processo de incubação desde julho de 2016 e desenvolve suas atividades de produção e

comercialização de alimentos da culinária local na cantina do módulo I da Universidade

Estadual de Feira de Santana sobre a composição do custo de produção para a formação do

preço. Deste modo, a compreensão da formação de preço justo com o grupo de produção

Sabores do Quilombo considera alguns aspectos que estão equiparados à base analítica da

teoria microeconômica, no contexto de uma racionalidade quantitativa, porém dela se

distinguindo ao considerar os princípios da economia popular e solidária. Assim, para além da

análise da formação do preço, esse trabalho, permitirá a compreensão do trabalhador sobre o

custo de produção do bem, o valor do seu trabalho, o valor de uso e o valor de troca,

permitindo uma não alienação do seu trabalho e uma consequente formação política na

economia popular e solidária, haja vista que a pesquisa ação possibilita o envolvimento do

sujeito na construção do processo político educativo.

Palavras-chave: Formação de Preço – Economia Popular e Solidária – Custo de Produção

1. INTRODUÇÃO

As formulações em torno da Economia Popular e Solidária e seus elementos

característicos como a autogestão, cooperação, solidariedade, sistema de preços justos e todo

o seu processo econômico-político-organizativo, conduzem a uma nova concepção

1 Graduanda do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Feira de Santana.

[email protected] Cristovão Barreto nº 1052 Brasilia, Feira de Santana-ba. (75)98205-9730. 2 Graduanda do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Feira de Santana.

[email protected]. 3 Professor Adjunto do Curso de Economia da UEFS. Coordenador da IEPS-UEFS. Economista (UEFS). Mestre

Gestão Integrada de Organizações (UNEB). Doutor em Educação e Contemporaneidade (UNEB). [email protected]

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socioeconômica da produção e exigem que se pensem relações de formação, trabalho,

mercado e, principalmente, redes socioprodutivas fora do sistema tradicional capitalista, numa

dimensão política formativa.

Essa economia se contrapõe ao modo de produção capitalista, que é notoriamente

excludente para o trabalhador, na medida em que seu objetivo é alcançar sempre o maior

lucro possível. Na atual fase de acumulação flexível do capitalismo, a formação e acesso ao

mercado são obrigações individuais de cada sujeito, conforme apregoa o discurso do

empreendedorismo, não cabendo mais ao Estado propor políticas públicas de educação e

emprego. Desconsidera-se a importância do valor trabalho na produção de tudo o que é

necessário à sobrevivência humana, o que resulta no uso da tecnologia para a escravização da

classe trabalhadora, e não, como seria de se esperar, a seu favor.

A gestão de todo o processo produtivo é realizada de modo a dissimular os custos de

produção – e, portanto, o valor social do trabalho. O processo político-pedagógico de

discussão e compreensão do valor trabalho, contida no debate sobre a formação de preços e

preço justo – oportuniza que outras relações sociais, mais solidárias, se associem buscando

novas formas de (auto) gestão que lhes possibilite o conhecimento dos processos produtivos a

partir dos custos de produção e, consequentemente, do valor e relevância do trabalho na

produção integral.

Na economia popular e solidária são vários os exemplos de alternativas viáveis que

permitem ao trabalhador inserir-se em redes e no mundo do trabalho, por meio de iniciativas

de geração de trabalho e renda de forma autônoma, promovendo relações sociais mais justas,

como os grupos sócioprodutivos que se constituem enquanto espaços de exercício de

cidadania, pois se enxergam como donos dos meios de produção e os assumem pelo processo

de autogestão.

As empresas/empreendimentos4 de Economia Solidária são organizações

econômicas que têm por finalidade constituírem-se como alternativa à

organização social e econômica tradicional, na medida em que visam a

melhoria de vida de seus sócios. Como são empresas autogestionárias, onde

4 Pontua-se, desde já, que se opta, no entanto, por evitar o uso da palavra empreendimento, pela sua relação

semântica com o contexto da organização capital-trabalho nos moldes capitalistas, contraditório, em tese, a nosso

ver, com Economia Popular Solidária. Tenta-se, assim, desde já, obviar resistência ao “discurso empreendedor”,

e sua tendência a esconder relações de trabalho subordinadas ou a compactuar com um discurso naturalizador da

exclusão social.

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todos os sócios são trabalhadores e participam da gestão do

empreendimento, estamos falando de uma organização que deve prover a

todos sem explorar o trabalho de seus membros, dividindo os resultados

desse trabalho de forma justa. (ANTEAG, 2º VOL, p.26, 2005)

Para Lima (2016) essa é uma característica política e organizativa da economia

popular e solidária que deve ser pensada nunca de forma isolada, numa única unidade

socioprodutiva, mas, de maneira total, na perspectiva do desenvolvimento local envolvendo

sempre iniciativas congêneres em redes.

No âmbito dessa economia o programa Incubadora de Iniciativas de Economia

Popular e Solidária de UEFS (IEPS/UEFS) desenvolve ações de incubação, com um processo

de formação política/pedagógica interdisciplinar, e nesse processo todas as ações e

instrumentos são elaborados e estudados de forma democrática numa dinâmica que favorece o

aprendizado de todos, conforme discute Brandão (1995), bem como uma interação das

diversas formas de saberes e o conhecimento dito científico, oportunizado pela pesquisa e

extensão,

No processo de incubação, a IEPS/UEFS subordina-se aos fundamentos da

Economia Popular e Solidária, visando à integração solidária dos sujeitos,

tendo como valor principal o trabalho-educação. Adotam-se metodologias

variadas, com atenção às singularidades dos grupos, considerando o grau de

escolaridade de seus membros, organicidade, peculiaridades culturais,

localização, consciência sobre o grau e formas de consumo, entre outras.

Atividades continuadas [...] objetivam, ainda, promover a articulação dos

grupos incubados em redes socioeconômicas de produção, comercialização e

consumo, impulsionando outra forma de desenvolvimento que suplante a

competitividade, utilitarismo, consumo predatório e o individualismo que

caracterizam a economia capitalista.. (PITA, LIMA & LIMA, 2015).

Esse processo de produção ou articulação dos conhecimentos permite uma práxis da

pesquisa-ação (THIOLLENT, 2011) que possibilita conhecer e compreender a realidade dos

grupos que passam pelo processo de incubação e envolver-se no processo formativo,

respeitando as singularidades de cada grupo ou cada sujeito envolvido.

Dentre as ações da IEPS-UEFS acontece o projeto que articula uma rede de trabalho

coletivo e produção solidária (MANCE, 2002), sendo participantes os grupos dos projetos

“Cantina Solidária” I e III, ''Plantas Ornamentais'' e “Projeto Rede Recostura”, visando-se ao

fortalecimento das iniciativas, e para, além disso, garantindo à comunidade universitária e

também à comunidade externa, especialmente de onde os grupos têm origem, discussões e

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conhecimento sobre a possibilidade do consumo consciente, conforme discute Singer (2002).

Saliente-se que, no caso dos Projetos Cantina Solidária I e II, os grupos ocupam espaços de

cantinas do campus central para realizar suas atividades socioprodutivas. É no bojo desta

experiência, desenvolvida a partir da metodologia da pesquisa participante, que as discussões

apresentadas especificamente neste trabalho se desenvolveram.

A partir de tais considerações, a economia popular e solidária exige uma abordagem

própria para a formação de preços. O objetivo deste trabalho é apresentar pesquisa sobre a

formação de preços nesse contexto, desenvolvida mais em particular com um dos grupos que

se dedica à produção e comercialização de alimentos em uma das cantinas da UEFS, cujo

processo de incubação corresponde ao Projeto Cantina Solidária III. Discute-se, assim, o

processo de formação de preços numa dinâmica e processo formativo próprios ao contexto de

incubação desenvolvido na IEPS/UEFS.

2. O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PREÇOS JUNTO AO GRUPO SABORES DO

QUILOMBO

O grupo “Sabores do Quilombo’’, formado por trabalhadoras da comunidade

quilombola da Lagoa Grande, localizada no distrito de Maria Quitéria, do município de Feira

de Santana – Bahia, ocupa o espaço da cantina do modulo I da Universidade Estadual de Feira

de Santana (UEFS). Estando em curso o processo de incubação, durante o qual o grupo

produz e comercializa alimentos, verificou-se a necessidade de atualização dos preços

praticados na cantina. Realizamos, neste sentido, algumas atividades sobre a formação dos

preços, complexificando-se as discussões para que também incluíssem a perspectiva do preço

justo dos produtos locais a serem vendidos. Pontuava-se a prioridade na valorização dos

produtos locais, que marcam a identidade, além de compor fatores que influenciam a demanda

e possibilitam o desenvolvimento local, conforme afirma Lima (2016).

Nesta situação, a teoria microeconômica, uma das bases de abordagem da economia

convencional, lida com o seguimento de custo de produção, que visa a articular receita

(quantidade vendida a um dado preço) e custo (quantidade gasta na compra de insumo para

viabilizar a produção), formas para maximizar os lucros. Com o custo de produção composto

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pelo custo fixo, que não depende do nível de produção, somado ao custo variável que depende

do nível de produção, considera-se dentro da sua função a quantidade produzida, mão-de-obra

e capital e assim forma-se o preço dos produtos comercializáveis.

Esse tipo de abordagem “explica muito, mais pouco se entende”, já que privilegia uma

compreensão dos custos orientada na lógica de garantir o maior lucro possível, sem que seja

levado em consideração mais nenhum fator ou princípio. Em geral é feita por especialistas

cuja “técnica” e vocabulário não permitem o envolvimento dos trabalhadores nas discussões

de apropriação dos fatores de produção de forma democrática, de maneira que o

conhecimento sobre o custo total, cuja compreensão é indispensável para formar uma ideia de

preço mais clara a todos, dificilmente insere-se numa dinâmica de processo educativo, no

sentido adotado por Freire (1987), dificultando os fins a que se destina uma economia

educativa e democratizante. Portanto, apenas o aporte dessa teoria serve muito pouco ao

propósito da compreensão política-pedagógica dessa proposta.

No modo de produção capitalista não existe a possibilidade de preço justo. No

processo educativo de trabalho da economia popular e solidária, diversamente, vê-se a estreita

relação entre a quantidade que a iniciativa produz e os custos dessa produção, para justificar o

preço a ser cobrado no mercado ou rede e, daí, passa-se a entender a proposta de preço justo,

categoria utilizada como recurso didático para que as trabalhadoras o compreendessem de

forma clara, ainda que o preço calculado seja maior ou menor do que o comumente praticado

em sua volta (LIMA, 2011a).

A “mão-de-obra” é um componente variável fortemente influente no preço na

economia capitalista, com efeito, seus custos são tidos como “altos ou excessivos” na

dinâmica da produção, em função de sua remuneração ser pagar por um “salário”

anteriormente definido. Como esse valor é pré-determinado, deve ser explorado de forma a

maximizar os lucros, não se levando em consideração a quantidade que o trabalhador produz,

de modo a desvelar a cortina de fumaça sobre sua exploração. Sendo assim, quanto menos o

trabalhador conhecer o processo formativo dos preços, melhor para o capital em sua missão

de extração máxima de mais valia (trabalho não pago).

Dentro da perspectiva da economia popular e solidária, compreende-se a “mão-de-

obra” como força de trabalho de pessoas que não estão ligadas diretamente apenas ao

processo de produção, mas que também, e principalmente, são as responsáveis pela

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organização e execução de todas as atividades, incluindo aí a “gestão”. Neste universo

específico o preço justo deve considerar o valor produzido pelos trabalhadores diretos e

indiretos, ou seja, os que produzem e os que fornecem os insumos. Os trabalhadores então,

conscientes enquanto classe, sobre a importância de seu trabalho no processo de valorização

do valor, compreendem o "fluxo principal" de uma economia política, transformando esse

conhecimento em luta e ação política.

Nessa esteira, Singer (2008), considera o preço justo a divisão igualitária relativa dos

ganhos e a soma dos custos das horas trabalhadas com os produtos finais envolvendo as horas

dadas pelos trabalhadores nos produtos intermediários. Obviamente, não é tão simples assim

uma elaboração teórica fluida de compreensão, mas sua construção se dá no processo de

trabalho coletivo e deve ser a base da compreensão para o trabalho organizativo e político

dessa outra economia (LIMA, 2016).

Deste modo, a compreensão da formação de preço justo com o grupo de produção

“Sabores do Quilombo” considera alguns aspectos que estão equiparados à base analítica da

teoria microeconômica, no contexto de uma racionalidade quantitativa, porém dela se

distinguindo ao considerar os princípios da economia popular e solidária. Um desses

princípios é o comércio justo, que além de valorizar o trabalho de cada pessoa envolvida no

processo produtivo, prioriza os insumos que vêm da própria localidade, num nítido esforço de

incluir no preço de venda dos produtos uma lógica que consubstancia um preço justo para o

grupo e para a comunidade envolvida.

Nesta perspectiva temos como objetivo transformar essa discussão teórica da formação

de preços, de uma economia para outra, a partir da forma como se pratica a política de preços:

valorizando o trabalho como elemento central para o desenvolvimento local.

Os quadros 1, 2, 3 e 4, a seguir, foram construídos coletivamente através de atividades

formativas sobre quatro produtos produzidos e comercializados pelo grupo Sabores do

Quilombo durante processo de incubação. Os produtos foram escolhidos a partir do

acompanhamento das vendas do grupo, identificando-se os de maior saída.

3. UMA ANÁLISE PONTUAL DO CUSTO DE PRODUÇÃO DOS PRATOS MAIS

VENDIDOS PELO GRUPO SABORES DO QUILOMBO

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Iniciou-se com a análise do curso de produção do acarajé, produto regional e

intensamente representativo da cultura local, inclusive com elementos de valorização da

cultura afro-brasileira.

A escolha do produto que inaugurou a análise coletiva do custo de produção deveu-se

ainda, a um dissenso no grupo quanto à viabilidade da comercialização do acarajé pelo grupo.

QUADRO 1 : CUSTO DE PRODUÇÃO DO ACARAJÉ (CAMARÃO ÁGUA DOCE)

CUSTOS INDIRETOS (VARIAVÉIS)

CARURÚ VATAPÁ MASSA RECHEIO

PRODUTO

VALOR

VALOR

PRODUTO

VALOR

PRODUTO

VALOR

TRABALHO

FARINHA R$ 0,01 R$ 0,01 FEIJÃO R$ 0,20 TOMATE R$ 0,06 R$ 0,12

CAMARÃO R$ 0,09 R$ 0,09 CEBOLA R$ 0,40 CAMARÃO R$ 0,18

CASTANHA R$ 0,03 R$ 0,03 GENGIBRE R$ 0,03

AMENDOIM R$ 0,02 R$ 0,02 AZEITE

DE DENDÊ

R$0,22

LEITE DE

COCO

R$ 0,22 R$ 0,22

CEBOLA R$ 0,40 R$ 0,40

COENTRO R$ 0,07 R$ 0,07

SAL R$ 0,01 R$ 0,01

ALHO R$ 0,01 R$ 0,01

TOMATE R$ 0,06 R$ 0,06

PIMENTÃO R$ 0,05 R$ 0,05

QUIABO R$ 0,04

TOTAL R$ 1,01 R$ 0,97 R$ 0,85 R$0,24 R$0,12

TOTAL DOS CUSTOS INDIRETOS (VARIAVEIS) R$ 3,19

CUSTOS DIRETOS (FIXOS)

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PRODUTO VALOR

GÁS R$ 0,03

ENERGIA R$0,03

DEPRECIAÇÃO R$0,017

TOTAL DOS CUSTOS

INDIRETOS

R$0,077

TOTAL GERAL R$ 3,26

Fonte: Documentos produzidos pelos autores no processo de incubação, julho/2016.

O acarajé é um produto que traz em seu bojo não apenas a referência de uma

alimentação regionalizada, mas, sobretudo, carrega a história e luta do povo africano

escravizado – o alimento que era oferecido, nos ritos do candomblé, à orixá Iansã. Diante da

privação/restrição material de alimentos por conta da condição de escravizados, esse alimento

se populariza como alternativa de sobrevivência, marcando a culinária baiana até os dias

atuais. A receita é ensinada de maneira oral de uma pessoa para outra.

No quadro acima se verifica um custo de produção acima do preço praticado, em

geral, pelo mercado baiano. Pressupõe-se que a aquisição dos insumos descritos na forma

industrializada, em grande escala, acaba reduzindo o custo médio por unidades produzidas. O

produto final deve então sofrer variações de preço, que via de regra apontam a inviabilidade

do negócio (no caso, produção artesanal do acarajé). Entretanto, o material é produzido na

comunidade, todos ganham com a produção dos insumos, além do fato de o acarajé ser

transformado em “carro–chefe” de atração de público, favorecendo a comercialização dos

demais produtos.

QUADRO 2 : CUSTO DE PRODUÇÃO DO ACARAJÉ (CAMARÃO ÁGUA SALGADA)

CUSTOS INDIRETOS (VARIAVÉIS)

CARURÚ VATAPÁ MASSA RECHEIO

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PRODUTO VALOR VALOR PRODUTO VALOR PRODUTO VALOR TRABALHO

FARINHA R$ 0,01 R$ 0,01 FEIJÃO R$ 0,20 TOMATE R$ 0,06 R$ 0,12

CAMARÃO R$ 0,13 R$ 0,13 CEBOLA R$ 0,40 CAMARÃO R$ 0,26

CASTANHA R$ 0,03 R$ 0,03 GENGIBRE R$ 0,03

AMENDOIM R$ 0,02 R$ 0,02 AZEITE DE

DENDÊ

R$0,22

LEITE DE

COCO

R$ 0,22 R$ 0,22

CEBOLA R$ 0,40 R$ 0,40

COENTRO R$ 0,07 R$ 0,07

SAL R$ 0,01 R$ 0,01

ALHO R$ 0,01 R$ 0,01

TOMATE R$ 0,06 R$ 0,06

PIMENTÃO R$ 0,05 R$ 0,05

QUIABO R$ 0,04

TOTAL R$ 1,05 R$ 1,01 R$ 0,85 R$0,32 R$0,12

TOTAL DOS CUSTOS INDIRETOS (VARIAVEIS)

R$ 3,35

CUSTOS DIRETOS (FIXOS)

PRODUTO VALOR

GÁS R$ 0,03

ENERGIA R$0,03

DEPRECIAÇÃO R$0,017

TOTAL DOS CUSTOS

INDIRETOS

R$0,077

TOTAL GERAL R$ 3,42

Fonte: Documentos produzidos pelos autores no processo de incubação, julho/2016.

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No quadro 2 observa-se uma pequena vantagem em produzir e comercializar o acarajé

utilizando, ao invés do camarão de água doce, o camarão de água salgada, demonstrando-se

neste último caso uma margem melhor de resultados.

Outro elemento de custo a ser observado é o trabalho, que está embutido como custo

direto em toda a produção, o que melhora os resultados no processo político de desalienação

formativa, conforme aponta Singer,

Se cada mercadoria tivesse o seu preço determinado desta maneira – ou seja,

pela soma de horas de trabalho direto (final) e indireto (intermediário) – cada

agente teria uma renda estritamente igual ao número de horas de trabalho

que despendeu na produção das mercadorias que vendeu. Este é um modelo

relativamente simplificado de determinação de preços justos, desde que se

entenda por justiça que cada trabalhador ganhe um valor em dinheiro

proporcional ao tempo de trabalho gasto na produção das mercadorias que

levou ao mercado para vender (SINGER, 2008, p. 2).

QUADRO 3 : CUSTO DE PRODUÇÃO DO BEIJU

CUSTOS DIRETOS

BEIJÚ DOIS SABORES DE FÉCULA BEIJÚ DOIS SABORES DE GOMA

FRESCA

PRODUTO VALOR PRODUTO VALOR

FÉCULA R$ 0,56 GOMA FRESCA R$ 1,00

FRANGO R$ 0,90 FRANGO R$ 0,90

QUEIJO R$ 0,48 QUEIJO R$ 0,48

MARGARINA R$ 0,04 MARGARINA R$ 0,04

TOTAL DO CUSTO

DIRETO

R$ 1,98 TOTAL DO CUSTO

DIRETO

R$ 2,42

CUSTOS INDIRETOS

PRODUTO VALOR DEPRECIAÇÃO VALOR

GÁS

R$ 0,09 CHAPA

INDUSTRIAL

R$ 0,002

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XVI Semana de Economia e II Encontro de Egressos de Economia da UESB

Fonte: Documentos produzidos pelos autores no processo de incubação, julho/2016

Outro alimento que tem bastante saída nas cantinas da UEFS é o beiju. Massa feita

tradicionalmente utilizando goma de mandioca fresca, pode ser consumido puro – como as

comunidades tradicionais originárias do Brasil faziam – ou ainda podem ser acrescentados

recheios. Diante da tradição de seu consumo e, na atualidade, sua difusão como alternativa

mais saudável e que respeita e considera a vocação local, seu processo produtivo já despertou

interesse do grande capital.

A fécula e goma fresca apresentam contradições quanto a sua lógica produtiva local e

geral. A fécula é produzida industrialmente como subproduto base da mandioca com menor

custo, deixando em desvantagem o produtor final se compararmos com a goma fresca,

produzida localmente na comunidade. No caso da goma fresca, os produtores, além de plantar

a mandioca, realizam todo o seu processo de manipulação até que este esteja pronta para

consumo final, mantendo-se com isso, as propriedades nutritivas desse alimento.

A produção local da região de Feira de Santana (incluída a comunidade de Lagoa

Grande) tem na cadeia produtiva da mandioca a goma fresca como importante subproduto;

outros subprodutos, como a farinha, a crueira e outros derivados compõem um leque de

formadores de remuneração do trabalho pela comunidade.

Neste caso o beiju de goma fresca, enquanto produto de maior sofisticação e valor

agregado, pode ser vendido explicitando-se para o consumidor o seu diferencial local, na

medida em que representa a comunidade pela origem, localização, geografia, cultura,

identidade e maior contribuição socioeconômica remunerativa.

TOTAL GERAL

R$ 2,07

TOTAL GERAL

R$ 2,51

QUADRO 4 : CUSTO DE PRODUÇÃO DE CUSCUZ COM OVO E LINGUIÇA

CUSTOS DIRETOS CUSTOS INDIRETOS

PRODUTO VALOR PRODUTO VALOR

FUBÁ R$ 0,25 GÁS R$ 0,09

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Fonte: Documentos produzidos pelos autores no processo de incubação, julho/2016.

Outra iguaria da culinária regional é o cuscuz, alimento a base de milho que pode ser

consumido acompanhado de outros alimentos e bebidas. De fácil armazenagem, popularizou-

se diante das crises derivadas das constantes secas na região semiárida nordestina. Seu custo

de produção é relativamente baixo e sua produção é local. Para mensurar o preço de produção

do cuscuz com ovo e linguiça, consideramos o tempo estimado de preparo de 15 minutos.

Para chegar aos valores acima igualamos as unidades de medida proporcionalmente. O custo

do trabalho foi calculado com base no salário mínimo.

A elaboração do custo de produção deve ainda levar em consideração a depreciação, já

que no final da vida útil dos equipamentos a iniciativa deverá dispor do valor equivalente para

substituição/reparo do maquinário. Singer salienta que não devemos confundir a depreciação

com remuneração do capital:

É preciso não confundir custo de capital com depreciação. O locador da

máquina não é provavelmente um outro produtor solidário, mas uma firma

capitalista. Se ela cobrasse pela máquina apenas a depreciação, no fim da

vida útil da mesma ela teria recebido, na forma de alugueis, uma soma que

apenas lhe permitiria comprar uma máquina igual àquela que foi consumida

no trabalho, ao longo de algumas dezenas de anos. A firma não teria tido

qualquer lucro. Como sabemos, firmas capitalistas visam lucro, que deve ser

proporcional ao valor do capital, constituído pelo valor das máquinas que

loca (SINGER,2008, p. 2).

ÁGUA R$ 0,019 DEPRECIAÇÃO

R$ 0,001 FOGÃO

INDUSTRIAL

JOSEFINA R$ 0,54

OVO R$ 0,4

SAL R$ 0,03

TRABALHO R$ 0,3

TOTAL R$ 1,539 TOTAL GERAL R$ 1,63

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XVI Semana de Economia e II Encontro de Egressos de Economia da UESB

Deve-se considerar ainda o fato de o processo de incubação desenvolvido pela IEPS-

UEFS envolver um grupo de origem quilombola e da zona rural. A escolha de cada alimento

contido no cardápio foi feita de maneira coletiva, levando-se em consideração: os alimentos

que são consumidos diariamente na comunidade, aqueles que são produzidos na própria

comunidade, o valor nutricional, o uso de defensivos químicos, o respeito ao meio ambiente e

à comunidade. A comunidade, portanto, produz a maioria dos produtos que vende, refletindo

suas escolhas neste trabalho a perspectiva do desenvolvimento local, por meio da valorização

dos produtos locais que caracterizam a sua identidade

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mercado dito base das “liberdades produtivas” é frio, monopolista, oligopolista e

não facilita a inserção da produção associada. É uma realidade objetiva a inexistência de

políticas de redistribuição das riquezas de uma forma mais equitativa no Brasil. Na Bahia e

em Feira de Santana, como se pode imaginar, não é diferente. Então, a possibilidade de se

trabalhar para o desenvolvimento local mostra-se complexa e de difícil reversão se conduzida

pela economia convencional. A economia popular e solidária, entretanto, enquanto associada

a uma compreensão de desenvolvimento voltado para a escala humana, que considera diversas

dimensões, tornam-se mais preparada à promoção local.

Nesse contexto, essa outra economia apresenta a necessidade de uma dinâmica própria

para a formação de preços, o que se demonstrou a partir de um estudo com o grupo Sabores

do Quilombo, discutindo-se o processo de formação de preços numa ação/reflexão em

processo formativo próprio do contexto de incubação desenvolvido na IEPS/UEFS, em

benefício do empoderamento individual, coletivo e comunitário.

Essa economia mostrou-se, portanto, articuladora de ações contra-hegemônicas e

desveladora da necessidade de uma abordagem própria para a formação de preços como

alternativa para a agregação de valor da produção, bem como para a defesa política de formas

produtivas, produtos, conhecimentos e tecnologias locais que possibilitam a superação,

através do trabalho associado, da vulnerabilidade em que se encontra a grande massa de

trabalhadores e trabalhadoras.

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