Formas De Utilização Dos Fitoterápicos E Controle De Qualidade De Plantas Medicinais -...
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Formas De Utilização Dos Fitoterápicos E Controle De
Qualidade De Plantas Medicinais (Prof.ª Caroline Tannus)
O papel do farmacêutico na farmácia de fitoterapia é separar o
princípio ativo das plantas e torná-lo produto farmacêutico. Além de fornecer ao
povo uma nova alternativa de tratamento, sem esquecer que se torna
recomendável que o uso dos fitoterápicos seja indicado e acompanhado por
um especialista da área!
Desde os primórdios o homem tentou transformar as plantas a fim
de utilizá-las com a finalidade medicinal. Foi Galeno quem, primeira vez,
experimentou transformar a planta a fim de fabricar medicamento administrável
ao homem e, por isso, chamamos estas transformações de galênicas.
A farmácia galênica é, portanto, a arte e a maneira de transformar
uma substância possuidora de uma atividade terapêutica em um medicamento
facilmente utilizável por um ser vivo, e adaptado, se possível, ao diagnóstico,
ao tratamento ou a prevenção de uma doença.
Suas transformações resultam numa infinidade de produtos
fabricados que se conhecem atualmente. Empregada mundo inteiro desde
milhares de anos, as apresentações e preparações fitoterápicas evoluíram de
maneiras muito diversas, sendo divididas em:
- Uso Farmacêutico;
- Uso Domestico.
Estas duas classificações, na verdade, refletem as principais características
necessárias à diferenciação do:
- Produto fitoterápico (uso farmacêutico);
- Planta medicinal (uso doméstico).
Produto Fitoterápico (uso farmacêutico)
Trata-se de um produto elaborado tecnicamente, cuja eficácia e
segurança foi devidamente comprovada, existindo um número considerável de
estudos científicos que confirme o seu emprego, na dose e forma de
apresentação que foi estudada (líquido, sólida, xarope, etc.).
Planta medicinal (uso doméstico)
Caracterizam-se por qualquer vegetal que possua propriedade
curativa, as quais venham sendo relatadas há gerações, através das tradições
de cada região (senso comum). Não necessariamente existem estudos
científicos que suportem este emprego, mas devem existir dados suficientes
que eliminem qualquer risco de toxicidade.
DROGA VEGETAL
Proveniente de grego droog, que significa seco. é a planta ou suas
partes que, após sofrer processo de coleta, secagem, estabilização, justificam
seu emprego na preparação de medicamentos.
FORMAS FARMACÊUTICAS
Com uma mesma planta, ou com a mesma parte da planta, podem-
se preparar diversos derivados levando-se em consideração o modo de
preparo, as propriedades físicas, o aspecto, as características organolépticas, a
concentração dos princípios ativos, as propriedades farmacológicas e sua
finalidade.
Estas diferentes formas de apresentação dos derivados das plantas
medicinais podem ser classificados da seguinte forma:
- Produtos obtidos por tratamentos mecânicos: plantas empregadas in natura,
polpas, produtos líquidos obtidos por expressão e pós vegetais;
- Produtos obtidos por ação do calor: normalmente obtidos por destilação como
óleos essenciais, água destiladas, alcoolatos, e etc.;
- Produtos obtidos utilizando a ação de um solvente: utiliza-se o álcool de
cereais, água ou mistura deles. Neste grupo encontramos os alcoóleos,
hidróleos e os sacaróleos.
- Produtos obtidos por concentração das soluções extrativas: neste grupo estão
classificados os extratos moles e extratos secos.
As diferentes formas farmacêuticas podem ser empregadas, tanto
industrialmente, quanto no preparo domestico. Deve-se lembrar de que a base
dos cuidados com a limpeza e higienização dos materiais utilizados são os
mesmos, mas na indústria, os limites são mais rígidos. Assim, pode-se
preparar uma extração em água tanto em casa, quando denominados como um
chá, quanto na indústria farmacêutica, quando é denominado extrato aquoso.
A grande diferença está nos critérios e equipamentos utilizados,
além do controle de qualidade e também no prazo de validade dos produtos.
Aqueles obtidos domesticamente possuem sempre uma validade pequena e o
ideal é que sejam preparados de acordo com a necessidade, e nunca
estocados.
CHÁ POR INFUSÃO
São soluções extrativas obtidas da adição de água previamente
aquecida sobre o vegetal. Consiste simplesmente em verter água fervente
sobre a planta mantendo-a em frasco fechado por 10 a 15 minutos. Emprega-
se 5 partes da planta por 95 partes de água. Folhas e flores frescas ou secas.
CHÁ POR DECOCÇÃO
São soluções extrativas obtidas da adição de água fria com a planta
vegetal e levada a fervura por tempo determinado.
- 2 minutos para folhas e flores;
- 7 minutos para raízes e caules;
- 10 minutos para a planta toda.
Manter em frasco fechado por 10 minutos. Deve-se cuidar quanto a
presença de substâncias termolábeis (que se alteram pelo calor, caso em que
seria melhor utilizar a infusão). É muito utilizado para preparar o chá de folhas
coriáceas (duras), cascas e raízes, 10 partes da planta para 150 partes de
água.
TINTURAS
Utilizam-se vegetais secos triturados imersos em álcool 70 a 80, a
85°GL sendo que a quantidade de planta pode desde 10 a 20% de acordo com
os grupos químicos.
XAROPES
É a forma na qual se emprega 2/3 do peso da planta ou fruto em
açúcar ou mel preferencialmente. Coloca-se para ferver, não permitindo o
aumento da temperatura superior a 80°C. Após solubilizado, filtrar sobre gaze,
conservando em frasco âmbar (escuro).
Contra indicado para diabéticos.
MACERAÇÃO
Amassar a erva e colocar em água:
- 7 horas para folhas e flores;
- 12 horas para raízes e cascas;
- 24 horas para a planta inteira.
LOÇÃO
São líquidos aquosos, soluções coloidais, emulsões e suspensões,
de acordo com a solubilidade do fármaco destinada a aplicações sobre a pele.
CATAPLASMA
São formas constituídas por massa úmida e mole de materiais
sólidos. Compõem-se de pó, farinha ou semente diluídas em cozimento ou
infusão de plantas até adquirirem consistência de uma pasta. A planta
medicinal pode ser incorporada por trituração à pasta mole. Aplica-se quente,
morna ou fria entre 2 tecidos, para reduzir a inflamação ou exercer ação
revulsiva.
COMPRESSAS
São feitas com pedaços de pano limpo, algodão ou gazes
embebidas em chá ou sumo de plantas aplicadas quentes ou frias no local
afetado.
Renova-se frequentemente.
Uso externo.
ALCOOLATURA
São preparações contendo planta fresca em álcool a 92°C
submetida à maceração por 10 dias em frasco fechado - geralmente a relação
entre o vegetal e o álcool é de 1:1 a 1:2.
ELIXIRES
São líquidos hidroalcoólicos adicionados, destinados ao uso oral
contendo, geralmente glicerina, sorbitol ou xaropes simples.
SUMO
Obtém-se o sumo triturando a planta fresca e extraindo da parte
sólida o líquido que é liberado.
INALAÇÃO
Prepara-se colocando água fervente sobre as folhas previamente
picadas em um recipiente, com a finalidade de aproveitar a ação dos óleos
voláteis contidos na planta, inalando-se os vapores.
UNGUENTO
Prepara-se com o sumo de erva ou chá mais forte misturado em
óleo vegetal. Aplicação externa.
LINIMENTOS
São preparações líquidas contendo geralmente óleos ou álcoois, que
se destinam à aplicação cutânea por fricção. Podem ser incorporadas plantas
específicas com o objetivo de serem friccionadas.
CONTROLE DE QUALIDADE DE PLANTAS MEDICINAIS
O processo de avaliação da qualidade de uma planta medicinal ou
de uma droga vegetal deve compor três operações fundamentais:
- Autenticidade;
- Integridade;
- Pureza do material a ser examinado.
AUTENTICIDADE
Tem por finalidade determinar a identidade da planta. Um dos
métodos utilizados para a determinação da autenticidade de drogas vegetais é
a sua identificação macro e microscópica. Este método baseia-se na
comparação das características do material em questão, com um padrão
autêntico ou com auxilio de literaturas especializadas, como as farmacopeias.
Trata-se de uma analise rápida e de custo reduzido que permite
fazer um julgamento praticamente imediato da droga em questão. Mas torna-se
necessário um grau mínimo de integridade da droga, que permita identificação
de órgãos vegetais ou seus fragmentos. Não é aplicável, portanto, para
extratos vegetais, nos quais não mais existem estruturas celulares.
INTEGRIDADE
A determinação da integridade de uma droga é realizada numa
segunda etapa sobre o material já considerado autêntico. Para tal, utilizam-se
provas que permitem a verificação das propriedades químicas ou biológicas da
droga vegetal.
Geralmente esta etapa inclui, testes complexos como: doseamento
de princípios ativos, análises cromatográficas, perfil fotoquímico, etc., os quais
exigem reativos e padrões especiais, além de equipamentos sofisticados.
PUREZA
A pureza de uma droga pode ser modificada em função de
contamine e fraude.
A contaminação acontece acidentalmente e sua origem pode ser
diversa, como pela presença de componentes de outros vegetais, outros
órgãos do mesmo vegetal, material orgânico, inorgânico e parasita.
Dentro dos ensaios de pureza destaca-se a Pesquisa de Matéria
Orgânica Estranha e a Determinação de Cinzas.
OUTRAS ANÁLISES IMPORTANTES
Dependendo do tipo de droga vegetal ou de sua apresentação (em
rasura, na forma de chá, em extrato ou pulverizada) existem várias outras
análises importantes que se fazem necessárias:
- Determinação do percentual de água ou umidade;
- Densidade;
- Índice de Iodo;
- pH;
- Solubilidade;
- Resíduo Seco;
- entre outros.