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1 FORTE DE PENICHE work in progress de Ricardo Costa http://ricardocosta.net https://pt.wikipedia.org/wiki/Ricardo_Costa_(cineasta) Comentários e propostas relativos ao Forte de Peniche (património nacional) https://pt.wikipedia.org/wiki/Pra%C3%A7a-forte_de_Peniche, uma vez estar decidida a criação neste espaço do Museu da Resistência e da Liberdade, sob a tutela do Ministério da Cultura, em abril de 2017, paralelamente ao já existente Museu Municipal de Peniche. SUL OESTE NORTE A entrada faz-se pelo lado norte da fortificação, onde desemboca a Rua José Estêvão. Uma vez transposto o túnel de acesso ao largo principal do forte, localmente conhecido como ‘Campo da Torre’, avista-se à direita o PAVILHÃO C, o PAVILHÃO B, o PAVILHÃO A e o REDONDO. PAVILHÃO C Edifício pejado de celas nos dois pisos superiores, corresponde ao espaço anteriormente ocupado pelo Museu Municipal de Peniche (Museu da Cidade), que será transferido para os outros dois pavilhões. No Pavilhão C será instalado o MUSEU DA RESISTÊNCIA E DA LIBERDADE, em memória dos combatentes antifascistas encarcerados no forte, que se opunham ao Estado Novo. O terreiro (pátio 1) anexo ao Pavilhão C, espaço murado de alta segurança, era onde os prisioneiros conviviam nas horas de recreio. No subterrâneo desse espaço situa-se a cisterna existente desde a construção da praça-forte. No túnel do Pavilhão C encontra-se o célebre PARLATÓRIO, um cubículo envidraçado onde era permitido que os familiares dos presos os visitassem de vez em quando, mas com propositada raridade. PAVILHÃO B Espaço ocupado em parte pela primitiva capela da praça-forte, a Capela de Stª. Bárbara (nota 1 http://www.cm-peniche.pt/MuseuMunicipal_Fortaleza_PInteresse_CapelaSBarbara e nota 2 http://cabo-carvoeiro-historico.blogspot.pt/2010/03/capela-de-santa-barbara-na-fortaleza-de.html ), é contígua ao terreiro do Pavilhão A, a todo o seu comprimento. Havia aí camaratas para presos transferidos de cadeias como o Aljube. Estava equipado com uma cozinha e um refeitório. PAVILHÃO A Ao contrário do Pavilhão C, as suas celas eram amplas, destinadas a dormitórios para presos menos importantes. REDONDO Fortificação primitiva do complexo defensivo da ilha de Peniche, era utilizada a mando de Salazar para punições extremas. É vulgarmente conhecido como o ‘segredo’.

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FORTE DE PENICHE work in progress de Ricardo Costa http://ricardocosta.net https://pt.wikipedia.org/wiki/Ricardo_Costa_(cineasta)

Comentários e propostas relativos ao Forte de Peniche (património nacional) https://pt.wikipedia.org/wiki/Pra%C3%A7a-forte_de_Peniche, uma vez estar decidida a criação neste espaço do Museu da Resistência e da Liberdade, sob a tutela do Ministério da Cultura, em abril de 2017, paralelamente ao já existente Museu Municipal de Peniche.

SUL OESTE NORTE

A entrada faz-se pelo lado norte da fortificação, onde desemboca a Rua José Estêvão. Uma vez transposto o túnel de acesso ao largo principal do forte, localmente conhecido como ‘Campo da Torre’, avista-se à direita o PAVILHÃO C, o PAVILHÃO B, o PAVILHÃO A e o REDONDO. PAVILHÃO C Edifício pejado de celas nos dois pisos superiores, corresponde ao espaço anteriormente ocupado pelo Museu Municipal de Peniche (Museu da Cidade), que será transferido para os outros dois pavilhões. No Pavilhão C será instalado o MUSEU DA RESISTÊNCIA E DA LIBERDADE, em memória dos combatentes antifascistas encarcerados no forte, que se opunham ao Estado Novo. O terreiro (pátio 1) anexo ao Pavilhão C, espaço murado de alta segurança, era onde os prisioneiros conviviam nas horas de recreio. No subterrâneo desse espaço situa-se a cisterna existente desde a construção da praça-forte. No túnel do Pavilhão C encontra-se o célebre PARLATÓRIO, um cubículo envidraçado onde era permitido que os familiares dos presos os visitassem de vez em quando, mas com propositada raridade. PAVILHÃO B Espaço ocupado em parte pela primitiva capela da praça-forte, a Capela de Stª. Bárbara (nota 1 http://www.cm-peniche.pt/MuseuMunicipal_Fortaleza_PInteresse_CapelaSBarbara e nota 2 http://cabo-carvoeiro-historico.blogspot.pt/2010/03/capela-de-santa-barbara-na-fortaleza-de.html ), é contígua ao terreiro do Pavilhão A, a todo o seu comprimento. Havia aí camaratas para presos transferidos de cadeias como o Aljube. Estava equipado com uma cozinha e um refeitório. PAVILHÃO A Ao contrário do Pavilhão C, as suas celas eram amplas, destinadas a dormitórios para presos menos importantes. REDONDO Fortificação primitiva do complexo defensivo da ilha de Peniche, era utilizada a mando de Salazar para punições extremas. É vulgarmente conhecido como o ‘segredo’.

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TEMAS

1 – O recurso a imagens que ilustrem tanto o acervo do Museu da Resistência como o do Museu Municipal de Peniche é algo necessário, sem prejuízo de qualquer reserva sensata, como a de evitar “encher as paredes” com fotografias. Evitar narrativas patéticas não será coisa menos importante. Entendo ser indispensável o uso da imagem, colocando nos espaços temáticos, com discrição e bom gosto, representações iconográficas adequadas e esclarecedores grafismos. É isto que defendo no artigo http://rcfilms.dotster.com/museu-acervo.pdf que escrevi aquando da a criação do MMP, em dezembro de 1983.

2 – No que toca a gestão museológica será inevitável ter-se em conta que existirão dois museus diferentes, com características completamente diferentes, ocupando áreas diferentes : o da resistência e o municipal. A gestão de cada um deles terá forçosamente de ter directivas diferentes, exigindo conhecimentos, práticas diferentes e diferente tratamento. Isso implicará a existência de diferentes gestores (directores executivos?). Fiquei a saber, na reunião que tive a 14 de dezembro deste turbulento ano de 2017 com a arquiteta Paula Silva, directora do MNPC, que a admissão de directores (directores gerais?) será feita por concurso público nas áreas de arquitetura e museologia e que, devido a condicionamentos burocráticos, a sua entrada em serviço terá para já um atraso superior a dois meses, o que por força do absurdo, atrasará o início das obras. Perante tudo isto, receio que a conclusão delas se atrase bem mais que o previsível, por muito cautelosa que seja a estima. Por isso mesmo julgo ser importante alertar para o que está em causa tanto o Senhor Ministro da Cultura como o Senhor Presidente da CMP. Ambos terão por certo vontade e meios capazes de fazer frente a tais problemas e, juntos, de superar as dificuldades e minimizar os atrasos. 3 – Sentimos alguma estranheza perante a hipótese de se iniciarem obras de restauro e de renovação sem um planeamento cuidado e minucioso do que haverá a fazer e sem o devido e merecido conhecimento público. Fundamenta-se tal estranheza no facto (aparente?) de eu não ter encontrado qualquer referência a esse assunto no que entretanto tem sido anunciado.

4 – Este nosso pressuposto é reforçado também pela ausência de informação sobre o aproveitamento de espaços em geral e em particular quanto ao Museu da Resistência. No essencial, o bloco que ele irá ocupar é o único que até hoje foi recuperado. Foi aí que a CMP instalou o museu da cidade. Graças a isso, o MR não necessitará de obras de vulto, a não ser o arranjo de paredes no exterior e pouco mais. No entanto, não é do conhecimento público qualquer plano para o preenchimento desse espaço, o que, tal como me parece, é questão delicada que merce a devida atenção a curto prazo. Relacionados com isto estão os destinos da capela e da cisterna, que integram o pavilhão destinado ao Museu da Resistência. A capela tem servido para concertos com bons resultados e terá, com pouco apetrechamento, razoáveis condições para a projecção de filmes e para palestras ilustradas com imagens. A cisterna tem valor patrimonial também, secundário mas importante, estando porém condicionada por uma escadaria estreita que só permite a passagem de pessoa a pessoa e por falta de espaço para visitantes em redor do lençol de água. Como solução, pensei ser razoável abrir-se uma entrada pelo topo dando acesso dos visitantes a uma plataforma suspensa, algo de original para um lugar como este. Bem concebida, tal coisa permitiria a produção de eventos espectaculares para quem disso gosta ou de audiovisuais menos festivos para gente menos excitável. Verifiquei um dia depois, com umas insónias pelo meio, que as visitas terão mesmo de ser feitas por essa escada. Não há crise, pensei eu ao acordar dessa noite mal dormida : a plataforma não seria suspensa mas sim apoiada em quatro ou mais discretos pilares assentes nas lajes da cisterna, tal como as colunas. plataforma 6 a 10 pessoas

perspectiva do observador ao fundo das escadas

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5 – O terreiro do respiradouro da furna (situado a poente), poderá ser usado para fins semelhantes, mas pontuais. Convém no entanto deixá-lo desocupado.

6 – Supomos ainda ser importante considerar como necessária a existência de espaços destinados a exposições permanentes, como será o caso do histórico naufrágio do galeão San Pedro de Alcântara https://pt.wikipedia.org/wiki/San_Pedro_de_Alc%C3%A2ntara junto do ilhéu da Papôa http://www.portugalnummapa.com/papoa/ e da importantíssima jazida de fósseis existente entre a Ponta do Trovão https://www.publico.pt/2006/11/17/ciencia/noticia/peniche-ponta-do-trovao-tem-valor-geologico-mundial-1276957 e o referido ilhéu, tornando essas exposições contíguas no espaço museológico tal como o são no geográfico.

7 – Converter as zonas de céu-aberto situadas entre os dois pavilhões em áreas cobertas serão obras de baixo custo e de excelência. As áreas são amplas e por isso adequadas para reunir um número elevado de pessoas, destinando-se a diversos fins, a espectáculos de artes performativas ou a actividades ocasionais, dispersas em núcleos contíguos. O pátio mais pequeno, a sul, poderá ter uma esplanada associada a uma cafeteria ou restaurante – o que está previsto – e será porventura o melhor espaço para esse fim. Um arranjo bem arquitectado desses dois espaços, interligando-os (têm um corredor comum entre muros) poderá melhorar a estética do conjunto e valorizar substancialmente o forte.

8 – Tendo em conta os vastos edifícios e as possibilidades que oferecem, como num mágico tabuleiro de xadrez, julgo que o conceito museológico que animará o Forte de Peniche será por natureza inovador. Não faltam condições para que aí não só a memória tenha vida. Há condições ainda para o cultivo da imaginação, para actividades criativas, aguerridas, para a invenção, para a pedagogia, para que o progresso singre (com a grupos de trabalho coniventes in loco), numa terra historicamente dependente do mar e que dele dependerá também no seu futuro. No terreiro do pavilhão C http://rcfilms.dotster.com/forte-terracos.pdf haverá guerreiros movendo-se de quadrado a quadrado, num decisivo jogo de xadrez.

9 – Aí, a imagem de tudo o que lá existe tem um nome : quadros e quadradinhos ready-

made como os chicharros, os bacalhaus do Tenreiro http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218729406D7rDD2xe0Dy51UR4.pdf, as postas de safio cheias de espinhas que aí se comiam ao almoço e ao jantar, ontem, hoje, amanhã e depois. Todas as paredes dos edifícios, de uma ponta à outra, estão cheias de quadrados. Todas essas janelas têm espessas grades de ferro a travar o sonho, que noite sim noite não, degenerava em pesadelos bem mais negros que os do pincel do Dali http://expresso.sapo.pt/cultura/2017-12-16-O-que-aconteceu-em-Cadaques-nao-ficou-em-Cadaques--Eros-Dali-e-Duchamp-. As lajes desgastadas do terreiro do pavilhão C, pisadas e repisadas pelos cativos ao longo de anos e anos em breves horas de recreio fora de celas quadradas, são o tabuleiro de xadrez em que assenta um diamante implantado sobre a boca da cisterna : linhas convergindo num ponto de fuga para um céu cor-de-mar. A imagem destas imagens, o nome de todos os nomes usados para a designar, terá de ser acrónimo.

10 – Trata-se de atribuir um nome que poderá estar associado a determinada imagem, dando a percepção imediata do que se trata (neste caso um museu), destacando um local (neste caso Peniche) ou um conceito (qual, neste caso?). Em qualquer dos casos, será um acrónimo https://pt.wikipedia.org/wiki/Acr%C3%B3nimo portador de uma imagem o que está em foco, ou seja, o nome do museu. Neste caso, destacar o conceito de museu, nacional ou municipal, é simples. Destacar no acrónimo o conceito de “resistência” ou de “liberdade” será mais complexo visto que cada um desses significados se refere a uma generalidade, tornando-se impreciso : há resistência em liberdades contraditórias. 11 – Nome de domínio https://en.wikipedia.org/wiki/Domain_name resume o nome da entidade a que se refere (exemplo : Museu Guggenheim https://www.guggenheim.org/). Um nome de domínio deve ser registado

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pela própria entidade a que se refere. Se o registo for feito por outrem, será propriedade sua e não da entidade : uma “patente” registada em nome de segunda pessoa, com todas as consequências que dai possam advir. O registo é feito em tempo real, logo que o respectivo pagamento é efectuado. Tal registo custa cerca de 10 € por ano, variando para menos ou mais. Um nome de registo termina sempre com uma extensão: com, net, info, org, etc, conforme o fim a que se destina : comércio, divulgação online, informação, entidade. Para um museu, a extensão será org, nome de domínio de topo https://en.wikipedia.org/wiki/Top-level_domain. Para “Museu de Peniche” encontram-se livres os seguintes nomes : museupeniche.ORG museupeniche.COM museupeniche.NET museupeniche.INFO. Qualquer deles é nome de domínio de topo e custará anualmente entre cerca de 3 a 25 €. Um nome de domínio deve identificar-se tanto quanto possível com um acrónimo. ACRÓNIMOS dois exemplos : * MTM Museu da Terra e do Mar (museu nacional de Peniche) Prós : o título é bonito. Contras : há muitos registos deste acrónimo. * MPNI Museu de Peniche (museu nacional da terra e do mar) Prós : o acrónimo contém as letras PNI (Peniche). Fala por si, evoca uma imagem forte. Será facilmente lembrado / Só existe um registo : Ministry of Pensions and National Insurance (UK) – entidade defunta Contras : a grafia MTM funciona melhor, mas já não há acrónimos de 3 letras sem registo e cada um deles, ao agrupar um número considerável de entidades, terá pouco ou nenhum interesse. Ficaria assim o registo: MPNI stands for Peniche museum (PT) http://www.alamy.com/stock-photo/coastal-fortress-peniche-portugal.html

NB : esta definição deverá estar à cabeça de qualquer referência maior, e com particular destaque na própria pág. web do museu.

12 – NOTA FINAL : muita electricidade será consumida na Fortaleza de Peniche. A vastidão dos terraços permitirá a instalação de múltiplos painéis solares em pontos estratégicos, o que resultará numa considerável poupança de energia. Com ligação à rede pública, haverá retoma. Bom seria que a coisa ficasse assente antes das obras. Além dos painéis, a implantação de geradores eólicos, também nos terraços, será mais poupança e a instalação de uma central eléctrica num local adequado será necessária. O melhor é o pavilhão térreo na extremidade sudoeste do forte. ENERGIAS RENOVÁVEIS https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_renov%C3%A1vel_em_Portugal

ENERGIA EÓLICA https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_e%C3%B3lica_em_Portugal

três exemplos :

Connect2Sun http://connect2sun.pt/?gclid=CjwKCAiA1O3RBRBHEiwAq5fD_J3Jqt20EY2MARi0KQ2YcFL4Hu9MoUctn577Im6s4eTjVAu2ND_tzBoCy10QAvD_BwE Iberwind http://www.iberwind.pt/

Lobosolar http://www.lobosolar.com/sobrenos/

PAVILHÕES (anexo ao documento) http://rcfilms.dotster.com/forte-terracos.pdf

documento criado a 25 de dezembro 2017

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A inauguração do Museu da Resistência e da Liberdade a 27 de abril de 2019 NOTÍCIAS Na reportagem da RTP neste dia, na pessoa do pivô José Rodrigues dos Santos https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Rodrigues_dos_Santos e durante uma hora inteira de telejornal, não mais de um minuto é dedicado ao evento, em contraste chocante com o que se passou um ano antes. Desta vez – com longas referências a jogos de futebol (partida da equipa do Benfica para o Minho), a incêndios (casa de Almeida Garrett no Porto, fábrica de sofás do Lordelo (área metropolitana do Porto) e a outras tragédias do dia (inundações em Moçambique) – Rodrigues dos Santos dá-nos a ver fugazmente um grupo de pessoas, certamente militantes do PC, deambulando entre o Redondo e a capela de Sta. Bárbara do forte de Peniche. De entre essas pessoas, apenas um ex-preso político se pronuncia, sem que sequer o seu nome seja referido. Pergunta-lhe o repórter da RTP: «Que recordações tem desse dia?». Reposta: «Uma alegria enorme! Só nos dá vontade de chorar esse tempo…». Fala este da indizível tristeza que sente naquele momento, em contraste com a alegria permanente que o tornara uma pessoa feliz por ter sido liberto da prisão pelos militares de abril há 45 anos. https://www.rtp.pt/noticias/pais/presos-politicos-de-peniche-foram-libertados-a-27-de-abril-de-1974_v1144015

O novo Museu da Liberdade e o antigo Museu da Cidade Refere-se a isto o jornal Observador nestes termos: «Ministra da Cultura esteve no Forte de Peniche para levantar o véu sobre conteúdos e organização do futuro Museu Nacional Resistência e Liberdade». É dito ainda o seguinte: «Novo Museu da Liberdade no Forte de Peniche deverá estar pronto no final de 2020» https://observador.pt/2019/04/24/novo-museu-da-liberdade-no-forte-de-peniche-devera-estar-

pronto-no-final-de-2020/. O mesmo se diz em notícias paralelas do Museu do Aljube http://www.pportodosmuseus.pt/2019/04/23/inauguracao-do-museu-nacional-da-resistencia-e-da-liberdade-na-fortaleza-de-peniche/ e numa longa e esclarecida notícia intitulada «A conquista da liberdade é inseparável da resistência», difundida online, no dia 24 de abril. Ficamos assim a saber que o triste prisioneiro que deu a cara se chama Domingos Abrantes https://pt.wikipedia.org/wiki/Domingos_Abrantes e que a tão anunciada inauguração é um artifício, algo que poderia ter nome ainda mais triste. Diz ele «É um acontecimento que, repito, não se trata ainda da inauguração do Museu. Trata-se da fase inicial, que tem uma exposição que nos dá uma imagem dos futuros conteúdos a integrar o museu». Confessa isto também: «Daí a importância da inauguração da primeira fase do museu, com a inauguração do memorial aos 2510 presos que por ali passaram. É uma justa homenagem à participação do povo de Peniche na luta pela liberdade». Quanto à exposição montada na capela do forte, apenas se vê na notícia da RTP a Senhora Ministra da Cultura, Graça Fonseca https://pt.wikipedia.org/wiki/Minist%C3%A9rio_da_Cultura_(Portugal), contemplar com ar atormentado certos pormenores da arte sacra e umas caixinhas envidraçadas cujo conteúdo o operador de câmara se esqueceu de filmar ou que se eclipsou na montagem. Tocado por tal encenação, fica o espectador ainda mais triste que Domingos Abrantes e que a Senhora Ministra. Conforme aquilo que é difundido pela rádio local (102 FM RÁDIO) https://102fmradio.weebly.com/notiacutecias/category/peniche, não terão ficado assim tão tristes, graças à Sta. Bárbara, nem a Gisela João https://pt.wikipedia.org/wiki/Gisela_Jo%C3%A3o nem o Fernando Tordo https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Tordo, que vêm animar a festa, ao contrário do Rogério Cação (vereador pela CDU https://pt.wikipedia.org/wiki/Coliga%C3%A7%C3%A3o_Democr%C3%A1tica_Unit%C3%A1ria) e outros, que se sentem desanimados por sérios motivos que afectam as gentes da cidade.

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O esforçado penicheiro Francisco Germano Vieira https://www.blogger.com/profile/17591584950005416718 faz, ele também, tudo o que pode para dar vida à festa e mostra-nos imagens tocantes do dia 25 de abril de 1974 em frente da fortaleza. https://pinturasempeniche.blogspot.com/

Museu da Resistência e da Liberdade versus Museu da Cidade De tudo aquilo que se ouve ou lê em notícias correntes deduz-se que o Museu da Resistência e da Liberdade será o único que existirá no forte de Peniche, como se este não o tivesse albergado desde sempre e antes de ser dado a conhecer com este nome (ver artigo “O acervo e a imagem” http://rcfilms.dotster.com/museu-acervo.pdf ). Dir-se-ia que o museu da cidade, conhecido como Museu Municipal de Peniche, não está na sua origem nem o integra desde a primeira hora, graças a dinheiros gastos pela Câmara Municipal de Peniche. Dir-se-ia que o museu da cidade não terá sequer lugar na fortaleza porque toda ela, de uma ponta a outra, foi prisão de heróicos resistentes antifascistas e ponto final. Tal contradição é mais que contraditória. Não tem em conta a história mais que centenária da construção fortificada nem o mérito de quem se empenha em contornar tal equívoco. Agrava-se a confusão com uma notícia em que se anuncia que – por despacho publicado no dia 7 de agosto de 2018, no Diário da República , assinado pelo Ministro da Cultura – o historiador José Pacheco Perira https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Pacheco_Pereira é indigitado para integrar o grupo consultivo que dá pareceres ao ministro sobre a oportunidade e possibilidade de criar em Peniche mais um museu nacional. Deduz-se de imediato que substituirá João Bonifácio Serra. Porém, dois dias depois, ficamos a saber que afinal houve um “lapso” do ministério e que Bonifácio Serra manterá funções (notícia da Lusa e do jornal Público). Aumentará a confusão com o surpreendente afastamento do ministro da cultura https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/luis-castro-mendes-um-mandato-marcado-por-contestacao-ao-modelo-de-apoio-as-artes . Luís Filipe Castro Mendes é criticado por alguns artistas e representantes de certos agentes culturais, que exigem mais financiamento no apoio às artes, depois de anunciados os resultados dos concursos do programa da Direcção-Geral das Artes (DGArtes https://www.dgartes.gov.pt/) e sobretudo por causa do modelo de nomeação dos júris dos concursos de apoio financeiro do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_do_Cinema_e_Audiovisual), contestado pelos profissionais do sector, que denunciam a "ingerência de interesses privados, num sistema público de apoios", problema grave e endémico, nunca resolvido. Ficará assim com a batata quente nas mãos a nova ministra, Graça Fonseca https://pt.wikipedia.org/wiki/Minist%C3%A9rio_da_Cultura_(Portugal). Veremos… Em cenário mais feliz, e antes da sua demissão, Castro Mendes resolve incluir Pacheco Pereira no grupo consultivo do Museu de Peniche pela simples razão de este ser um maníaco coleccionador de documentos históricos preciosos, antifascista convicto. Ex radical de extrema-esquerda, vivido, ideólogo volátil e controverso, José Pacheco Pereira é senhor de tesouros, uns expostos e outros guardados a sete chaves na sua mansão da Marmeleira http://visao.sapo.pt/actualidade/portugal/visita-guiada-ao-tesouro-de-pacheco-pereira=f825872. Alguns deles, é claro, poderiam certamente ser cedidos em cópias digitais para enriquecerem os arquivos do Museu de Peniche: pesca milagrosa em terra de pescadores. Pacheco Pereira, que anda não se sabe bem por onde, não estaria entretanto presente nem na semana nem no dia da inauguração do museu. Será que, mais dia menos dia, por lá aparece? Deixa-se ficar pela Marmeleira ou vai arejar para outras bandas? É bem provável que isso aconteça. Teria o mau olhado de certas pessoas que, no museu de Peniche, pesam mais que ele e uns tantos no outro prato da balança.

Cartoon de João Abel Mata

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Pescadinha de rabo na boca é isso que a coisa é. Coisa que se repete de ano para ano desde que o forte de Peniche deixou de ser visto como espaço de lazer para gente fina. É isso desde há bem dois anos. Vai isso de certeza manter-se assim por mais um ano e se calhar por dois ou ainda mais. É isso que foi dito por quem manda http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/quem-somos/. Obras por dentro, obras por fora, obras nos espaços envolventes, atrasos imprevisíveis, burocracia nos serviços do Estado, falta de verbas. É isso que foi dito, em termos de desabafo, ao presidente da câmara de Peniche, Henrique Bertino, pela arquitecta Paula Silva http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/contactos/, dia 22 de janeiro de 2018, no Palácio da Ajuda, em Lisboa. Ficou ele ciente do que teria de esperar e conformou-se. Manda quem manda. Fiquei eu frustrado quando, dois dias depois, o ouvi falar disso numa reunião a dois na CMP. Reagi e transmiti a novidade a um grupo de pessoas e entidades que costumo contactar por mail, pessoas essas que têm a paciência de me ouvir quando algo de interesse comum merece uma chamada de atenção. Pedia-lhes eu que considerassem o alerta como pertinente e que, perante isso, algo fizessem para minorar um desastre iminente. Manteve-se o silêncio. Só agora suspeito que o atrevimento terá tido alguns resultados. Paula Siva ter-se-á libertado de constrangimentos https://www.publico.pt/2019/01/13/culturaipsilon/reportagem/memoria-leva-tempo-construida-

1857367. Quem os assume terá sido Graça Fonseca, que devotamente fez o que pôde na inauguração simulada do Museu da Resistência e da Liberdade, no passado dia 27, aliviando António Costa do peso incómodo de uma representação solene diluída em banalidades http://www.alvorada.pt/index.php/oeste/536-antonio-costa-inaugura-museu-nacional-da-resistencia-e-da-liberdade-na-fortaleza-de-peniche-no-dia-25-de-abril . Quase tudo o que se ouve é ruído, do qual ressaltam umas tantas palavras, mais límpidas, que percebemos serem apenas incongruentes promessas. No meio de tudo isto, verdade verdadinha, o sinal que teimosamente domina é o de um omnipresente Museu da Resistência. Não se ouve uma só palavra que refira a existência de um Museu da Cidade nem a de uma Escola de Dança agarrada à pedra como uma lapa. É, coisa estranha, como se todos os falantes estivessem empedernidos pela proeminência de um dogma impenetrável. Nada se diz sobre o destino do espólio do Museu da Cidade, que se degrada dia a dia com a humidade dentro de caixotes amontoados num armazém alugado. É ainda com confrangedora ligeireza que se fala do papel inovador do Museu da Resistência e da Liberdade. Inovador, é certo, porque finalmente a memória não se apaga e será bem cultivada. Mas haverá às tantas o risco de se tornar coisa fastidiosa por só lidar com tristes e idênticas memórias, pouco ou nada adiantando. Inovador sim, mas mais virado para o futuro que para o passado, movido pela alegria e pelo privilégio de vivermos em liberdade e de estarmos em condições de não só travarmos retornos como de melhorarmos muita coisa imperfeita, que não é pouca. É isto o que claramente mais importa: interpretar o mundo que nos rodeia, perceber com lucidez por que motivos há hoje em dia assustadores retrocessos e descobrir soluções para que isso não aconteça, tornando-nos “passadores de memórias” tal como prescreve a sabedoria tradicional africana, que há milénios cultiva a solidariedade e igualdade social e que bem sabe o que foi e ainda é a escravatura. Passadores de memórias de geração para geração, de Peniche para o mundo, porque a memória do Outro faz parte da nossa história https://www.humanite.fr/brice-ahounou-passeur-dimages-necessaire-la-memoire-des-mondes-639105. Porque no dia de amanhã a globalização alternativa https://pt.wikipedia.org/wiki/Altermundialismo é algo capaz de fazer reviver um planeta agonizante. Há questões vitais em suspenso que ainda não tiveram resposta. Quais são em definitivo os locais da fortaleza destinados ao museu da cidade? Quais as directivas de um e outro? Como serão elas articuladas? Quais os serviços e espaços comuns? Será que um auditório encafuado nas casamatas serve a cidade? Destruí-las? Quem responderá por isso? Quem serão os directores de cada um desses museus e que pessoa os superintende? Quem tem resposta definitiva para estas questões? E quando? Dura há pelo menos um ano um espesso muro de silêncio em torno disto. É um silêncio que dói, como nos tempos da velha senhora. HÁ QUE DIZER NÃO! 25 DE ARIL SEMPRE! http://www.urap.pt/attachments/article/847/URAP154.pdf . https://www.esquerda.net/topics/dossier-295-memoria-dos-presos-politicos-e-da-resistencia-em-peniche

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Casamatas da fortaleza de Peniche http://terrademaresol.blogspot.com/2016/09/fortaleza-de-peniche-casamatas.html

CONVITE Foi-nos feito um convite solene http://www.museunacionalresistencialiberdade-peniche.gov.pt/. Somos todos convidados por quem pariu o MLR, desde o seu primeiro dia, a deixar um testemunho. Trata-se de um convite simpático, transparente, bem intencionado. Resume-se nestas palavras: “Contribua para a nossa memória colectiva!” Figuram nesse convite as caras, os nomes, e as palavras de meia dúzia de convidados. Sentimo-nos tentados a seguir o bom exemplo e a aceitar tal convite. Foi isso que aconteceu comigo. Por motivos que me tocam profundamente e por outros relacionados com o meu modo de viver fiz tudo o que pude nesse sentido, o que não foi pouco, e assim continuarei. Tem isto não só a ver com a fortaleza de Peniche, a dois passos da casa onde moro desde que nasci, mas também e sobretudo por tal fixação estar envolta noutras bem mais abrangentes. Em todo o caso, o tempo que dedico a tudo em que ponho os olhos será hoje bastante menor do que o tempo me resta para continuar a fazer o mesmo. Quanto a isto, estou em pé de igualdade com as pessoas que aceitaram o simpático convite por seremos da minha geração e por partilharmos interesses e preocupações comuns. Quanto aos resultados obtidos por quem nos convidou, nada sei ao certo e presumo que quem quer que tenha aceite o convite não saberá mais que eu. Nenhum de nós sabe quantos somos nem quanto contribuíram, com excepção da tal meia dúzia daqueles que figuram no convite. Tudo ficou tal como estava no primeiro dia e já lá vai um ano. O convite é uma farsa, a simpatia é hipócrita, o silêncio magoa mais que nunca e deixamos de acreditar no que quer que se diga. Torna-se veneno a pescadinha de rabo na boca. Ninguém se atreve a ferrar nela os dentes. Apodreceu. MANIFESTO Perante isto temos de nos manifestar. Não há outro remédio. Sabemos que a coisa está a andar a passo de lesma, mas que mais cedo ou mais tarde chegará a onde se pretende, com benesses para quem se cala. Ou ficamos calados também pactuando com o silêncio, ou nos erguemos do coxim e nos manifestamos em voz alta. Será assim superado o inevitável, torneada a tramóia, corrigido o erro, discutida a incerteza, encontrada a solução, apontado o bom caminho. Ficaremos assim bem com nós próprios e com os outros, e sem remorso. Para que tudo resulte no melhor possível, teremos de puxar pela imaginação, forçar-nos no atrevimento, atrever-nos na alegria, participando na festa, certos que se abrirá um sorriso no rosto fechado de quem sofreu durante anos e anos penas cruéis e tratamento humilhante. Se assim não agirmos, tudo cairá no marasmo, com o risco de perdermos o sono. Será isso que nos espera?

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Será que os painéis solares nos terraços não é algo a termos seriamente em conta? Será que o Pavilhão D não será mais útil para um serviço permanente de apoio, dia e noite, sem que se tenha de chamar electricistas ou enfermeiros? Será que um diamante em vidro batido pelo sol ou, de noite, tocado pela luz vinda da cisterna não será um chamariz para muita gente? Não será algo capaz de nos dar asas à imaginação e vida ao terreiro do pavilhão C? Não será este terreiro o palco ideal para espectáculos da Escola de Dança? Não será o pavilhão A o melhor local para instalar o Museu da Cidade? Não será o pavilhão B o espaço adequado para a existência de quartos que alberguem temporariamente estudiosos e colaboradores do Museu? Não será um amplo auditório construído no fosso da muralha uma dádiva generosa à cidade, animando todo o espaço circundante, transformando o fosso da muralha em espaço de lazer? Com a séria possibilidade de se tornar rentável contribuindo para reduzir as despesas do forte? Não serão os passadiços e os quiosques no Campo da Torre a melhor e mais económica solução para resolver problemas de outro modo dificilmente solúveis? Não será este o único lugar em que a famigerada gaiola plantada em frente do pavilhão B poderá botar alguma figura, deixando de ofender a dignidade de Santa Bárbara? Será que a ornamentação dos cabos que atravessam as ruas circundantes não será uma resposta à medida para alegrar toda essa zona e um meio original de fomentar a participação cívica? Por que carga de água nunca até ao dia de hoje se ouviu uma só palavra dando respostas a estas questões, quando há muito que deviam estar em cima da mesa? O que acontecerá se entretanto nenhuma resposta for dada?

Ver “Ligações externas” do artigo da Wikipédia MUSEU DE PENICHE https://pt.wikipedia.org/wiki/Pra%C3%A7a-forte_de_Peniche

mail[[at]]ricardocosta.net

documento actualizado a 1 de maio de 2019

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PASSADORES DE MEMÓRIAS memória de longa duração https://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3ria_de_longa_dura%C3%A7%C3%A3o É a partir de meados da década de 1940 que, terminada a Segunda Grande Guerra Mundial https://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Mundial, uma onda de testemunhos de vítimas do nazismo, em particular na Alemanha e na França, inunda os meios de comunicação da época. Exprimem-se essas vozes de boca a boca, em simples relatos registados em papel, em cartas, em jornais, em livros, em tocantes ou exaltadas canções de protesto que se fazem ouvir em todo o mundo. Cientes de que a ignorância ou o esquecimento das barbaridades então cometidas seria uma perda lastimável, procuram as vítimas desses tempos não só dar a sentir o seu sofrimento aos seus contemporâneos, carrascos ou sacrificados, mas também às gerações vindouras para que nada de semelhante volte a suceder. Ao ser ouvida, ao transmitir a outrem as suas vivências, a testemunha faz com que quem a ouve se torne testemunha também e assim sucessivamente. Este processo, de testemunho em testemunho, permite que o sentido e o entendimento do que se passou se torne cada vez mais claro, mais consequente. Consequências mais elaboradas e paradoxais surgem quando tocam o poder de quem, arvorando boas intenções, intervém na luta contra opressores, tais como os EUA na violência que exerceu durante a Guerra do Vietname https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Vietn%C3%A3 ou contra o Japão na Guerra do Pacífico https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_do_Pac%C3%ADfico, ao lançar bombas atómicas em Hiroxima ou Nagasaki, massacrando mais de cinquenta mil inocentes e mutilando muitos dos seus descendentes por efeito da radioactividade e, pior ainda, ao lançar sobre Tóquio as bombas incendiárias que mataram cem mil pessoas https://www.wired.com/2011/03/0309incendiary-bombs-kill-100000-tokyo/.

Para além da década de 1960 prolonga-se a repressão na Europa, causada pelo nazismo e pelo fascismo : em Portugal até à Revolução dos Cravos (1974) https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_de_25_de_Abril_de_1974 e em Espanha até ao fim do franquismo (1977) https://pt.wikipedia.org/wiki/Franquismo. A oriente da Europa, e em consequência do estalinismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Stalinismo, que dominou na União Soviética, ditadura feroz, massacres em massa, assassinatos sumários são coisa que não faltou e ainda perdura. Ainda no século XX, na China também, não são poucos exemplos semelhantes. Grande parte do continente africano, em consequência do colonialismo europeu https://pt.wikipedia.org/wiki/Colonialismo_europeu, é assolada por tragédias apocalípticas. Durante estes anos e para além deles, mantêm-se na América do Sul ditaduras não menos ferozes, praticamente todas elas fomentadas pelo imperialismo norte-americano http://memoriasdaditadura.org.br/america-latina-em-transe/. Certo é que o século XX europeu é um dos mais negros na história da América Latina. No Médio Oriente, que por pulsões atávicas, por interesses norte-americanos e europeus no comércio do petróleo, desponta um Islão fanático que tem feito o que bem se sabe https://pt.wikipedia.org/wiki/Fundamentalismo_isl%C3%A2mico. 90% dos conflitos mundiais devem-se ao petróleo https://run.unl.pt/bitstream/10362/8021/1/RFCSH16_191_200.pdf. Até quando e até que ponto nos confrontaremos com problemas destes uma vez terminada a segunda década deste século em que hoje vivemos?

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Os passadores de memórias que em breve terão uma missão a cumprir no Museu da Liberdade e da Resistência, além de um rigoroso equacionamento do passado, terão inquestionavelmente de se ocupar com assuntos destes. Dentro de poucos anos os mais velhos já cá não estarão. Neste contexto, terão estes e os que por cá ficarem de trabalhar na decifração dos porquês de tais sofrimentos e de tais tristezas (« Sentidos e emoções são transmissores cruciais – não apenas o detonador – de sinais mnemónicos. » https://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/07409710.2016.1150101 ), das mais antigas e das mais recentes, de começar a deslindar quais serão as soluções adequadas, de superar a memória da dor com a alegria da descoberta, que será imensa em certos casos e apaziguadora na maior parte deles. Se conseguirem fazer tal proeza morrerão felizes estes homens por se sentirem eternamente lembrados pelos passadores que por cá hão-de ficar. Sentir-se-ão estes felizes também por darem a sentir o mesmo aos que nada ou pouco sabiam, por lhes darem a saber algo que é essencial para a vida. Lembrada será a dor e a tristeza, a ténue lembrança que se deixará envolver pela alegria de, sabendo o que se passou e passará, vermos, olhos espraiados, a linha do horizonte entre o céu e o mar de Peniche, ou a enigmática bruma que por vezes tudo isso esconde. Assim se construirá a memória colectiva https://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3ria_coletiva, que é a alma de uma comunidade, de um povo, de uma nação, da humanidade. Inscrita, como a ciência nos mostra, nos genes de cada indivíduo, será de algum modo parte essencial de um corpo colectivo que evoluirá para um futuro melhor, e tanto mais quanto cada de um dos novos passadores nisso se empenhar.

ANTROPOLOGIA DA MEMÓRIA memória institucional https://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3ria_Institucional « Tornaram-se os museus guardiões de colecções de disciplinas científicas antiquadas. Ao reinventar-se, tornaram-se agentes do património » http://www.nyu.edu/classes/bkg/web/SIEF.pdf. São estes guardiões levados a isso pela revolução tecnológica e cultural da época digital https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_digital. São levados a isso pela emergência de ondas e ondas de conversa que invadem o espaço que habitamos, conversas intangíveis e evanescentes, « mas que não fazem com que o fenómeno da conversa seja vulnerável ao desaparecimento ». São, pelo contrário, susceptíveis de sobreviver por serem levados pelas ondas a reproduzir-se em novos espectáculos, em recriações de toda a forma e feitio. Fluem e refluem, não podem ser contidos e por isso não é possível serem coleccionados nem preservados, ao contrário de, por exemplo, a casa em que moramos. Repetem-se vezes sem conta. Podem porém sumir-se no meio da rebentação, sobretudo quando o mar se encapela. Podem no entanto ser reconstruídos, restaurados em corpo novo, como por exemplo a muralha da China, que exige para tanto um esforço colectivo sobre-humano articulado com milhentos e argutos expedientes inventados por gente humilde. Outro exemplo de semelhante prodígio é, no Mali https://pt.wikipedia.org/wiki/Mali, o espectáculo tradicional da milenar cultura do povo Dogon http://www.afreaka.com.br/a-filosofia-dogon-e-a-origem-do-mundo/, o ritual da criação do mundo https://www.youtube.com/watch?v=jxKjSGpHhBg, mediante o sábio e simples expediente de o repetir de sessenta em sessenta anos. « O efémero dá às coisas o seu carácter processual, cheio de acontecimentos, ao passo que a evanescência é a condição que permite manter, transmitir e reproduzir um saber

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incorporado. Eis o princípio : usá-lo ou perdê-lo ». https://ces.uc.pt/myces/UserFiles/livros/308_Art9%202007%20HistMemEsq%20RCCS79.pdf

http://www.ubimuseum.ubi.pt/n01/docs/ubimuseum-n01-pdf/CS3-rodrigues-donizete-patrimonio-cultural-memoria-social-identidade-uma%20abordagem-antropologica.pdf

Diz-nos ainda o instinto, o saber inato, que o saber adquirido (tudo aquilo que assimilamos por convenções sociais resultantes da conversa que encetamos com quem nos rodeia no dia a dia), pode conter informações destinadas a sermos controlados por múltiplos agentes. Recorre tal processo a criar ilusões, a ficcionar a realidade condicionando o nosso modo de sentir, manipulando o que de mais seguro em nós existe, contornando a herança genética que nos foi transmitida de geração em geração. Pode até acontecer que tal expediente reponha o mal que rejeitámos em benefício do bem comum : tornando-nos assim egoístas, insensatos, cruéis e odiosos. Visa essa artimanha, na grande maioria dos casos, a levar os bem pensantes https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/bem-pensantes a destruir ou a envolver registos incriminatórios num pacto de silêncio https://americanarchivist.org/doi/pdf/10.17723/aarc.53.3.d87u013444j3g6r2 . Terão por isso os arquivistas de separar ou não o trigo do joio, de preferirem ser desonestos em vez de honestos ou, sabendo de antemão, mais cedo ou mais tarde, que serão denunciados ou louvados pelo trabalho que fizeram, quer em pequenas coisas quer em grandes feitos. Compreendemos dia a dia, na alvorada deste atormentado século XXI, que nós, os nossos filhos, netos e bisnetos teremos desde já que decidir com lucidez sobre aquilo que será o planeta em que nascemos. Sabemos que quanto mais céleres e acertadas forem as decisões menor sofrimento haverá. Adivinhamos que os passadores de memórias deste século vão precisar de muita água para compensar o suor. Confirmamos, mais que nunca, que está em causa a natureza: « a natureza da história »»

http://irep.ntu.ac.uk/id/eprint/15778/1/205874_8030%20Black%20Postprint.pdf

Ficamos ainda a saber que os passadores do Forte de Peniche https://pt.wikipedia.org/wiki/Pra%C3%A7a-forte_de_Peniche terão não só de fazer passar as memórias de uns setenta ou de oitenta anos de ocupação desse espaço mas de muito, muito mais tempo. As arribas que circundam o forte e, a norte, as da Ponta do Trovão http://www.cm-peniche.pt/CustomPages/setemaravilhas_cabocarvoeiro10, têm muito que se lhes diga (Ver PENICHEFÓSSIL http://penichefossil.net ). Podemos imaginar ainda, ao acordarmos de um sono mitigante depois de pensarmos e repensarmos todos estes motivos, que uma só língua não nos basta. Terão de ser várias e de diversos lugares. Não será apenas a língua que usamos em casa que nos levará até onde precisamos de ir. No forte de Peniche terá de haver conversa em várias idiomas, em inglês, francês, espanhol, italiano pelo menos e, em certos momentos, noutros mais. Terá de haver na fortaleza pessoal que guie com outros falares quem lá entra para que de lá saia mais ilustre. Será assim que Peniche deixará de ser a terra provinciana que ainda é, tornando-se uma aprazível cidadezinha cosmopolita, tão cosmopolita como já o são lugares como o Baleal e como (imaginem !... ) já o é Ferrel https://pt.wikipedia.org/wiki/Ferrel, a tal aldeola dantes conhecida por ser terra de burros e de parolos, coisa que já não é. Sabemos mais ainda. Temos agora a certeza que a conversa terá de envolver criadores e interpretes das artes performativas para que o saber se desdobre, para que os ensinamentos vinguem e para que o progresso prossiga. E ponto final.

PASSADORES DE MEMÓRIA e ANTROPOLOGIA DA MEMÓRIA documento criado a 12/05/19

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COMPILADORES DE TESTEMUNHOS ou coleccionadores das lembranças de terceiros Muito do que se passou com os presos do Forte de Peniche prevalece na lembrança das gentes da terra, seus contemporâneos ou seus descendentes. Uma recolha criteriosa de tais memórias poderá resultar numa visão histórica reveladora de realidades insuspeitas. Sendo mais ou menos contemporâneos, tais testemunhos poderão perder-se a curto prazo se não forem recolhidos, perdendo-se assim uma parte importante da história local, da vida dos trabalhadores do mar ou de classes sociais mais favorecidas, como armadores ou mecânicos mais abastados. Tal pesquisa deverá centrar-se não só na tradição oral como na iconografia. Muitas fotografias existem nos arquivos do museu e na posse de particulares, bem como um número importante de filmes sobre Peniche, de amadores ou de profissionais. O mesmo sucede com iconografia ilustrativa de fenómenos migratórios que marcaram a sociedade de Peniche, em particular pescadores da Póvoa do Varzim, da Nazaré e do Algarve. Todos eles deixaram marcas indeléveis tanto nos hábitos como no dialecto característico das gentes da terra. Além disso, a recolha de tais elementos poderá ser uma fonte de inspiração preciosa para as tais artes performativas que poderão dar vida ao Museu de Peniche. Nazaré – arte da xávega Póvoa do Varzim – peixeiras Quarteira – Manuel Pardal Ás vezes custa E do mar nasceu Mau tempo, Marés e Mudança https://www.youtube.com/watch?v=TjPoIoSBlw0 https://www.youtube.com/watch?v=e2000leo1Ok https://pt.wikipedia.org/wiki/Mau_Tempo,_Mar%C3%A9s_e_Mudan%C3%A7a

COMPILADORES DE TESTEMUNHOS documento criado a 04 de junho 2019

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OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS DO FORTE (dentro das muralhas) http://rcfilms.dotster.com/Forte-ocupacao.jpg ZONA 1 – do portão de entrada desde o Campo da Torre até ao portão no extremo sul da ponte. Situava-se nesta zona, no lado sul do túnel, uma pequena loja explorada durante anos por um funcionário da autarquia que vendia aos visitantes de tudo um pouco : lembranças do museu, mapas rodoviários e turísticos, livros, bugigangas. O negócio era bastante rentável. Este espaço tem como entrada um imponente portão de madeira. No lado oposto, um tapume delimitava o espaço acanhado da loja. Ocupava todo este espaço, desde o portão até à parede da ponte, uma cavalariça em cujo topo existe uma janela virada para sul. Era ocupada por dois cavalos utilizados para diversos fins, como abastecimento de alimentos, recolha e envio de correio. Poderá futuramente servir este espaço para idêntico fim. Bem gerido, poderá tornar-se uma importante fonte de rendimento para o museu. ZONA 2 – arquivos dos espólios do museu. Era nesta zona que se situava o arquivo do Museu de Peniche enquanto foi gerido pelo município. É um espaço bastante amplo, com fácil acesso, protegido das intempéries, ideal para se guardar toda a espécie de património móvel, desde que seja devidamente acondicionado http://rcfilms.dotster.com/Forte-

arquivos-espolio.jpg. A sua exposição diária à luz do sol, mesmo no inverno, reduz a humidade, o que o torna o melhor lugar para a finalidade a que se destina.

ZONA 3 – cafetaria e esplanada do pátio do Pavilhão C. O pátio do pavilhão C tem entrada pela porta do muro a norte da capela de Sta. Bárbara. Será esta zona a mais animada de toda a fortaleza, quer para actividades do Museu da Resistência e da Liberdade, quer ao serviço do Museu da Cidade, quer para iniciativas externas, quer para espectáculos da escola de dança. ZONA 4 – capela de Sta. Bárbara A capela de Sta. Bárbara é um espaço suficientemente amplo para diversas actividades. Antes da criação do Museu da Resistência e da Liberdade, foi usada para palestras, concertos, projecção de filmes e outros eventos. Será futuramente um espaço versátil de grande utilidade http://rcfilms.dotster.com/Forte-

capela.jpg. ZONA 5 – restaurante e albergue do Pavilhão B http://rcfilms.dotster.com/Forte-ocupacao.jpg . Terão de se situar a cozinha e o restaurante do Pavilhão B no rés-do-chão a norte do pátio. O primeiro andar poderá ser ocupado por uma sala de convívio com biblioteca, duas ou três salas de trabalho equipadas com computadores e o segundo andar com alguns quartos para estudiosos e visitantes ocasionais. Viradas a sul, as janelas deste andar são banhadas pelo sol durante todo o dia e têm vista para o mar. Deverá haver no pátio uma porta na parede do Pavilhão A, dando acesso a quem nele trabalha ao restaurante e mais serviços http://rcfilms.dotster.com/Forte-patio-Pav-B.jpg.

ZONA 6 – Pavilhão A com a secretaria do museu no rés-do-chão e com salas do Museu da Cidade no 1º e 2º andar. O Pavilhão A tem rés-do-chão e 1º andar. Virada para o mar e beneficiando da luz do sol o dia inteiro, a sua fachada incorpora janelas de celas amplas a todo o seu comprimento. Esta fileira de celas é separada por um corredor de outras idênticas com uma parede, sem janelas, contígua ao pátio do Pavilhão B. Sendo a área térrea do edifício bastante ampla, a secretaria do museu ocupará apenas uma parte do rés-do-chão e estará virada para o mar. O espaço restante, que envolve um conjunto de salas menos iluminadas, será usado para exposições temporárias ou permanentes. Todas as celas do 1º andar serão ocupadas pelo Museu da Cidade, que se estenderá também às salas situadas ao longo do corredor a céu aberto que o ladeiam em todo o comprimento, até à entrada para a cisterna http://rcfilms.dotster.com/Forte-corredor-topo-norte.jpg. ZONA 7 – oficinas destinadas a diversos serviços. Destinam-se as oficinas a cobrir necessidades elementares do Museu de Peniche, ao serviço dos utentes, sejam eles funcionários, colaboradores ou simples visitantes. Englobam procedimentos diários de ordem técnica e estratégica, rotinas e emergências, a dar resposta a algo que falha ou que inesperadamente surge. Necessitam de viaturas de serviço, de duas ou quatro rodas que, ao saírem do estacionamento onde se encontram, circulem facilmente de um lado para o outro, dentro do forte, incluindo os terraços, de dentro para fora ou de fora para dentro. Terão em suma de garantir a segurança do museu a vários níveis, numa perspectiva genérica ou bem específica.

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Há que ter seriamente em conta que as ideologias que sustentam a simples existência do museu possam ser alvo de algo de impensável, em particular nos tempos atribulados em que hoje vivemos. Algo pode acontecer que não seja apenas fogo-de-vista e as probabilidades não são poucas. Como acautelar o pior sem vigilância? Como manobrar a vigilância sem que esta se torne penosa? No que me toca, confesso não ter imaginação que chegue para discernir uma resposta para tal problema http://rcfilms.dotster.com/Forte-oficinas-com-Pav-A.JPG.

ZONA 8 – casamatas. O restauro e a manutenção das casamatas será muito provavelmente o mais aliciante desafio com que nos confrontamos no Museu de Peniche. Será diferente de tudo o resto. Abre-nos a porta do imaginário para lembranças inatas que despontam em nós quando entramos numa caverna. Haja quem pense nisso! Pode dar uma coisa linda e única no mundo. Talvez a DGPC http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/ se entusiasme com a ideia e abra um concurso para que tal aconteça. No que me toca, confesso que me pelava por isso. https://5cidade.files.wordpress.com/2008/04/fundamentacao-teorica-do-restauro.pdf / http://www.civil.uminho.pt/revista/artigos/Num20/Pag%2031-44.pdf.

ZONA 9 – terraços. O acesso aos terraços é-nos dado pela rampa situada mesmo em frente da capela de Stª Bárbara. Tem a forma de T, cujo topo se prolonga à direita até à muralha do porto de abrigo http://rcfilms.dotster.com/terraco-Pav-

C-vista-porto.jpg e à esquerda até ao terraço das casamatas http://rcfilms.dotster.com/terraco-casamatas-contracampo.jpg, que se prolonga para sul até atingir um declive abrupto seguido de um terreiro http://rcfilms.dotster.com/terraco-chamine-guarita.jpg que termina na falésia, onde se ergue uma guarita.

No terraço das casamatas http://rcfilms.dotster.com/terraco-casamatas-1.jpg existe uma fileira de seis respiradouros http://rcfilms.dotster.com/terraco-casamatas3.jpg quadrangulares cobertos por placas de vinil transparente, que fazem com que a luz do dia penetre no seu interior. Embora as paredes, muros circundantes e a chaminé da antiga cozinha do forte tenham sido recentemente pintados de branco, todos os respiradouros estão descarnados e desprotegidos das intempéries, o que agrava o seu estado. Trata-se de uma incúria que terá de ser corrigida atempadamente. Estes terraços são facilmente acessíveis e bastante aprazíveis com bom tempo. O terraço encostado à parede do Pavilhão C tem uma porta no 2º andar. A colocação de bancos e de mesas nesse local será fácil e bem poderá servir para momentos de lazer e de convívio, tanto para os visitantes como para o pessoal do museu. O terraço das casamatas termina numa abrupta vertente do lado sul, o que impede o acesso ao grande terraço que se estende até à falésia e que não é acessível por outro lado. Este, mais recente que o primeiro, é consequência da construção do Pavilhão A e do Pavilhão B, tendo ficado desnivelado. Terá o problema de ser resolvido com a construção de uma rampa ou escadas. Será esse o espaço mais adequado aos indispensáveis painéis solares, que terão de ser de fácil acesso para manutenção. vertente vertente

Ricardo Costa https://pt.wikipedia.org/wiki/Ricardo_Costa_(cineasta) http://ricardocosta.net documento criado a 12 de junho de 2019

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PARCERIA ENTRE MUSEUS NACIONAIS Encontra-se em estudo, em meados de julho de 2019, uma parceria de três museus nacionais tendo como objectivo dinamizar as actividades do recém-criado MUSEU DE PENICHE. São eles, além deste, o MUSEU DO ALJUBE https://pt.wikipedia.org/wiki/Cadeia_do_Aljube e o MUSEU DA IMPRENSA do

Porto http://www.museudaimprensa.pt/. O Forte de Peniche esteve fechado para obras de restauro durante cerca de dois anos, desde 20 novembro de 2017 até 27 de Abril de 2019 https://www.dn.pt/artes/interior/fortaleza-

de-peniche-encerra-aos-visitantes-a-20-de-novembro-para-entrar-em-obras-8912907.html data da inauguração do MUSEU DA RESISTÊNCIA E DA LIBERDADE. Mantém-se o forte aberto desde então, com visitas diárias de cerca de 400 pessoas, apesar de o espaço a que os visitantes têm acesso ser limitado ao terreiro https://tag.jn.pt/files/2017/07/forte-peniche.jpg existente entre o hall do segundo portão de entrada, passada a ponte, até ao baluarte do Redondo, com excepção da Capela de Stª Bárbara. Salvo a capela, todo o espaço do forte é só paredes nuas e assim se manterá, pelo menos durante ano e meio http://rcfilms.dotster.com/forte-work.pdf (ver páginas 14 e 15 do documento Forte de Peniche). Justifica-se a parceria por se pretender superar este facto absurdo e desmotivante, da inteira responsabilidade da DGPC https://pt.wikipedia.org/wiki/Dire%C3%A7%C3%A3o-Geral_do_Patrim%C3%B3nio_Cultural. O primeiro passo para tanto é dado pelo Museu da Imprensa com uma iniciativa estimulante : uma exposição no Museu de Peniche de cartoons humorísticos de artistas notáveis, parodiando certos personagens memoráveis do

passado e do presente, que bem ilustram a repressão fascista http://rcfilms.dotster.com/catalogo-expo-1.pdf. A ideia é proposta via e-mail, no passado dia 1, à museóloga Aida Rechena https://www.publico.pt/2017/11/27/culturaipsilon/noticia/directora-do-museu-do-

chiado-demitese-e-ja-tem-substituta-1794038, designada pela DGPC, do Museu da Resistência e da Liberdade de Peniche, para se ocupar de tais assuntos, por parte do Ministério da Cultura. Aida Rechena é afastada do Museu do Chiado https://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_Nacional_de_Arte_Contempor%C3%A2nea_do_Chiado, em consequência de várias dificuldades, num cenário de tensão que tem como protagonistas artistas como Isabel Vaz Lopes https://www.dn.pt/lusa/interior/obras-da-colecao-isabel-vaz-lopes-retiradas-do-museu-do-chiado-vao-a-leilao-9123509.html, Pedro Cabrita Reis https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Cabrita_Reis, Rui

Chafes https://pt.wikipedia.org/wiki/Rui_Chafes, José Pedro Croft https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Pedro_Croft, Paulo Nozolino https://www.infopedia.pt/$paulo-

nozolino. Responde à proposta Aida Rachena nestes termos : «(…) informamos que de momento o MNRL está concentrado no projeto de instalação na Fortaleza de Peniche, ficando para fase posterior as parcerias de colaboração institucional, altura em que estarão reunidas as condições institucionais para tal». Resposta categórica e fria como gelo… Vêem-se os proponentes num beco sem saída. Agudiza-se o problema perante uma contradição : a garantia dada pela Ministra da Cultura Graça Fonseca, quando diz que o MRL de Peniche estará concluído em 2020. Sabe-se que até lá haverá muito que fazer https://www.dn.pt/cultura/interior/ministra-da-cultura-quer-museu-da-resistencia-a-

preservar-a-memoria-dos-presos-politicos--10839854.html Tendo em conta o ritmo dos trabalhos em curso para o restauro da fortaleza, não parece possível de modo algum concluir o essencial durante o ano de 2020 : a rede sanitária, com obras de fundo, a complexa instalação elétrica e seu abastecimento, a construção do auditório, a das escadas exteriores do Pavilhão C, as obras previstas para o restaurante e para o hotel, a ocupação dos espaços interiores do MRL e do Museu da Cidade, que continua por decidir, equipamentos e arquivos, o arranjo dos espaços circundantes, cuja competência é da autarquia, o planeamento de actividades, mesmo a curto prazo, o treino do pessoal necessário (quarenta funcionários, tal como anunciado), a indispensável existência de colaboradores externos (que não está prevista), etc., etc., etc. Se até lá as parcerias que podem dar vida ao forte forem impedidas de actuar, o que se poderá esperar do Museu de Peniche? A isto se juntam decisões lesáveis e sem sentido como o encerramento do Estúdio Municipal de Dança http://www.cm-peniche.pt/Cultura--

Estudio-Municipal-de-Danca (obra financiada pela autarquia), o que interrompe por tempo indeterminado a formação artística de muitos dos jovens da região. Certo parece ser que a Direcção-Geral do Património gera controvérsia e pouco entendimento no sector https://www.publico.pt/2012/05/15/culturaipsilon/noticia/audicao-era-de-celebracao-aos-museus-mas-o-debate-acabou-na-nova-direccao-geral-do-

patrimonio-cultural--1546224. Desde o Dia Internacional dos Museus (15 de maio de 2012) que o “muito que ficou por dizer” se agrava, graças a quem sucede a «Dois espíritos fechados à

evolução» https://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/joao-soares-e-elisio-summavielle-dois-822880. Será que, graças a Stª Bárbara https://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%A1rbara_de_Nicom%C3%A9dia#Ora%C3%A7%C3%A3o_a_Santa_B%C3%A1rbara, (a mais bela de todas as santas) a corajosa parceria destes nossos estimados museus se tornará a milagrosa mezinha para esconjurar os maus espíritos, essas feias e nefastas criaturas que por aí andam? Será que o ribombar do trovão acabará por as pôr a milhas, de uma vez por todas? Rezemos ! https://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%A1rbara_de_Nicom%C3%A9dia#Ora%C3%A7%C3%A3o_a_Santa_B%C3%A1rbara documento criado a 8 de junho de 2019