Fortuna Critica 2 Formalismo Russo

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CULT - agosto/98 36 Um dos marcos da moderna teoria literÆria encontra-se no ensaio A arte como procedimento, escrito em 1917 por Vítor Chklovski. Essa noçªo tornou- se consensual após os estudos de Victor Erlich nos Estados Unidos (1955) e, sobretudo, depois que um teórico de orientaçªo marxista, Terry Eagleton, se apropriou dos princípios do formalista russo em sua Teoria literÆria (1983), atualmente o manual mais popular dessa disciplina na Inglaterra. Como se sabe, Roman Jakobson, outro integrante funda- mental do Formalismo, Ø responsÆvel por uma das teorias mais difundidas no Ocidente: a idØia de que a funçªo poØtica da linguagem consiste na ambigüidade da mensagem mediante o adensamento do significante, princípio desenvolvido a partir de pressupostos de Chklovski. De fato, Chklovski Ø o desencadeador da abordagem lingüística da literatura, pois seu ensaio foi o primeiro a siste- matizar a idØia de língua poØtica como um desvio da língua cotidiana. Da mesma Movimento que desencadeou uma abordagem lingüística da literatura teve Jakobson e Chklovski entre seus representantes e procurou mostrar como o texto poØtico instaura a consciŒncia formal do discurso literÆrio em seus níveis semântico, sintÆtico e fonológico SØrie destaca as principais tendŒncias da crítica literÆria Fortuna Crítica Ø uma sØrie de seis artigos de Ivan Teixeira sobre as prin- cipais correntes da crítica literÆria e das teorias poØticas. O primeiro ensaio, publicado no nœmero 12 da CULT (julho), abordou a retórica de Aristóteles e Quintiliano. O presente texto delineia o formalismo russo e, nos próximos ensaios, serªo apontadas as diretrizes do new criticism, do estruturalismo, do new historicism e do desconstrutivismo. Ivan Teixeira Ø professor do Departamento de Jornalismo e Editoraçªo da ECA-USP, co- autor do material didÆtico do Anglo Ves- tibulares de Sªo Paulo (onde lecionou literatura brasileira durante mais de 20 anos) e autor de Apresentaçªo de Machado de Assis (Martins Fontes) e Mecenato pombalino e poesia neo- clÆssica (a sair pela Edusp). Tem se de- dicado a ediçıes comentadas de clÆs- sicos entre eles as Obras poØticas de Basílio da Gama (Edusp) e Poesias de Olavo Bilac (Martins Fontes) e dirige a coleçªo ClÆssicos para o vestibular, da AteliŒ Editorial. forma, entende a língua poØtica como uma oposiçªo ao cânone literÆrio domi- nante. Introduz, com isso, a noçªo de que o valor artístico de uma obra decorre nªo apenas de sua estrutura verbal, mas tambØm da maneira como Ø lida. Con- forme essa perspectiva, nªo existe valor artístico em termos absolutos, pois afirma que hÆ objetos concebidos como prosaicos e percebidos como poØticos, assim como hÆ objetos concebidos como poØticos e percebidos como prosaicos. Nesse sentido, o morfologista russo instaura uma espØcie de teoria da rela- tividade na avaliaçªo da arte, cuja apre- ciaçªo necessariamente implica uma teoria do conhecimento. Chklovski define a arte como a singu- larizaçªo de momentos importantes. Em rigor, os momentos tornam-se impor- tantes somente depois de submetidos ao processo de singularizaçªo artística, porque, na vida prÆtica, as coisas se tornam imperceptíveis em sua totalidade. Mo- vido pela pressa e pelo empenho em F O R T U N A C R ˝ T I C A 2 O FORMALISMO RUSSO Ivan Teixeira O lingüista russo Roman Jakobson Reproduçªo

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Um dos marcos da moderna teorialiterária encontra-se no ensaio �A artecomo procedimento�, escrito em 1917por Vítor Chklovski. Essa noção tornou-se consensual após os estudos de VictorErlich nos Estados Unidos (1955) e,sobretudo, depois que um teórico deorientação marxista, Terry Eagleton, seapropriou dos princípios do formalistarusso em sua Teoria literária (1983),atualmente o manual mais popular dessadisciplina na Inglaterra. Como se sabe,Roman Jakobson, outro integrante funda-mental do Formalismo, é responsável poruma das teorias mais difundidas noOcidente: a idéia de que a função poéticada linguagem consiste na ambigüidadeda mensagem mediante o adensamentodo significante, princípio desenvolvido apartir de pressupostos de Chklovski.

De fato, Chklovski é o desencadeadorda abordagem lingüística da literatura,pois seu ensaio foi o primeiro a siste-matizar a idéia de língua poética comoum desvio da língua cotidiana. Da mesma

Movimento que desencadeou uma abordagem

lingüística da literatura teve Jakobson e

Chklovski entre seus representantes e procurou

mostrar como o texto poético instaura a

consciência formal do discurso literário em seus

níveis semântico, sintático e fonológico

Série destaca as principaistendências da crítica literária

�Fortuna Crítica� é uma série de seisartigos de Ivan Teixeira sobre as prin-cipais correntes da crítica literária e dasteorias poéticas. O primeiro ensaio,publicado no número 12 da CULT(julho), abordou a retórica de Aristótelese Quintiliano. O presente texto delineiao formalismo russo e, nos próximosensaios, serão apontadas as diretrizes donew criticism, do estruturalismo, do newhistoricism e do desconstrutivismo. IvanTeixeira é professor do Departamento deJornalismo e Editoração da ECA-USP, co-autor do material didático do Anglo Ves-tibulares de São Paulo (onde lecionouliteratura brasileira durante mais de 20anos) e autor de Apresentação deMachado de Assis (Martins Fontes) eMecenato pombalino e poesia neo-clássica (a sair pela Edusp). Tem se de-dicado a edições comentadas de clás-sicos � entre eles as Obras poéticas deBasílio da Gama (Edusp) e Poesias deOlavo Bilac (Martins Fontes) � e dirigea coleção �Clássicos para o vestibular�,da Ateliê Editorial.

forma, entende a língua poética comouma oposição ao cânone literário domi-nante. Introduz, com isso, a noção de queo valor artístico de uma obra decorre nãoapenas de sua estrutura verbal, mastambém da maneira como é lida. Con-forme essa perspectiva, não existe valorartístico em termos absolutos, poisafirma que há objetos concebidos comoprosaicos e percebidos como poéticos,assim como há objetos concebidos comopoéticos e percebidos como prosaicos.Nesse sentido, o morfologista russoinstaura uma espécie de teoria da rela-tividade na avaliação da arte, cuja apre-ciação necessariamente implica umateoria do conhecimento.

Chklovski define a arte como a singu-larização de momentos importantes. Emrigor, os momentos tornam-se impor-tantes somente depois de submetidos aoprocesso de singularização artística,porque, na vida prática, as coisas se tornamimperceptíveis em sua totalidade. Mo-vido pela pressa e pelo empenho em

F O R T U N A C R Í T I C A 2

O FORMALISMO RUSSOIvan Teixeira

O lingüista russo Roman Jakobson

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imediatizar o cotidiano, o homem acabapor perder a consciência individual dasações, dos objetos e das situações. Por isso,abreviam-se palavras, criam-se siglas,desenvolvem-se esquemas para tornarmais rápida a superação dos compro-missos e dos contatos com as pessoas. Alei da economia das energias reduz tudoa números ou a volumes sem identidade,processo que objetiva o máximo derendimento com um mínimo de atenção.Esse processo � pensa Chklovski �resulta na automatização da vida psíquica,pois, em nome da rapidez, anula-se aintensidade do ato de conhecer. Nele, ascoisas possuem importânciaapenas quando reconhecidas,esvaindo-se o entusiasmo dadescoberta. O próprio conceitode aprendizado pressupõe o usoautomático das noções e dosmovimentos. O simples fato deuma ação se tornar habitual bastapara desencadear a inconsciênciaem quem a executa.

Assim, a principal função daarte seria restaurar a intensidadedo conhecimento, promovendoa virgindade dos contatos e oencanto da descoberta. Nessesentido, o artista deve criarsituações inéditas e imprevistas,em busca da restauração do atode conhecer. Numa palavra, a finalidadeda arte é gerar a desautomatização,mediante o estranhamento ou a singu-larização da estrutura que o artistaoferece à contemplação. Se algo aspira àcondição de enunciado artístico, precisaser dito de forma impressionante. Aocontrário do convívio cotidiano com ascoisas, o convívio com a arte deve serparticularizado, dificultoso e lento.Tomando o texto poético como meto-nímia de arte, o morfologista russoentende que a particularização do texto

decorre de técnicas específicas aplicadasàs palavras, em seus níveis semântico,sintático e fonológico: instaura-se aconsciência lingüística da literatura.

Desfaz-se, enfim, a concepção dosenso comum segundo o qual literatura éexpressão imediata da vida, como se otexto não fosse um simulacro conven-cional de signos. Pela perspectiva dessesteóricos, o desconforto dos enunciadosinovadores integra o complexo de pro-priedades que atribuem valor estético aotexto. Nesse sentido, os seguintes versosde Sousândrade servem de exemplo deenunciado poético, cuja decodificação

facilitar o conhecimento. Por isso, aimagem devia ser mais simples do queaquilo que explica. Por essa perspectiva,a história dos estilos e das escolas basear-se-ia no estudo das imagens carac-terísticas de cada autor nos diversosperíodos. Contrariando essas noções,Chklovski negou a idéia da imagemcomo instrumento conhecido para seatingir o desconhecido, assim comodemonstrou que os autores e as escolasnão criam as próprias imagens. Aocontrário, as imagens são essencialmenteas mesmas ao longo da história, cabendoaos períodos e aos respectivos autores

apenas a seleção de velhas ima-gens em novas combinações,como ocorre nesses versos deSousândrade.

Segundo a teoria deChklovski, as imagens são umdos dispositivos pelos quais opoeta singulariza o texto, me-diante a produção do estra-nhamento, responsável peladificuldade que atribui den-sidade à percepção estética.Elas são uma das possíveismanifestações da idéia deprocedimento artístico, que é oconjunto de atitudes rumo aodesvio da linguagem comumem favor do insólito e do im-

previsto. Embrionária em Aristóteles,essa idéia dominou as preceptivas seis-centistas, chegando até o século XVIII,quando encontrou clara expressão emMuratori, vertido para o português porFrancisco José Freire, em sua Arte poética(1759), onde se lê que o poeta reveste suasmatérias �de tal maneira e lhes dá um talcolorido que aparecem cheias de novi-dade e de beleza, por virtude do mara-vilhoso e esquisito artifício, da vivacidadeda pintura e do novo ornato poético quelhes deu�.

pressupõe um mínimo de vivência com oconceito de literatura enquanto orga-nização de signos:

Lá, onde o ponto do condor negreja,Cintilando no espaço como brilhosD�olhosAntes do ensaio de Chklovski, domi-

nava na Rússia a idéia de que fazer arte épensar por imagens, princípio defendidopelo teórico Potebnia e incorporado pelospoetas simbolistas. Conforme esse prin-cípio, a função da imagem é procurarsemelhança entre coisas diferentes para

O escritor Joaquimde Sousa Andrade(1833-1902),conhecido comoSousândrade, cujapoesia, para sermelhor entendida,pressupõe umaidéia formalistada literatura comoorganização designos

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Transcendendo os limites das figurase dos tropos, a concepção de proce-dimento artístico de Chklovski podeconsistir em qualquer agudeza favorávelao estranhamento da disposição e daelocução da matéria: qualquer escolha ecombinação que transmita a sensação desurpresa e espanto. Dentre os inúmerosexemplos de procedimento literário,o morfologista menciona o caso danovela Kholstomer, de Tolstoi, em queo ponto de vista não é o de um serhumano, mas o de um cavalo, cujasobservações sobre os homens pro-duzem um relato carregado deimprevisibilidades. Na literaturabrasileira talvez o exemplo maisevidente de procedimento artísticobem-sucedido se encontra nas Me-mórias póstumas de Brás Cubas, em quea perspectiva de um defunto é res-ponsável pelo estranhamento do texto.A abertura do capítulo XI de Oalienista também se constrói conformeo princípio da singularização, capazde conduzir o leitor ao centro danarrativa:

E agora prepare-se o leitor para omesmo assombro em que ficou a vila aosaber um dia que os loucos da Casa Verdeiam todos ser postos na rua.

� Todos?� Todos.� É impossível; alguns sim, mas todos...� Todos. Assim o disse ele no ofício que

mandou hoje de manhã à câmara.O estranhamento provocado pelo

texto decorre sobretudo da inclusão doleitor no universo dos habitantes deItaguaí, cujo espanto com o recolhimentodos loucos fora tão grande quanto com asúbita libertação deles: conhecedor doassombro em que vivia a cidade, o leitor éconvidado a sentir o mesmo espanto dosmoradores, deixando a posição de espec-tador para assumir o estatuto de per-

sonagem (leitor incluso). A desautoma-tização decorre também da reiteraçãointensiva do vocábulo todos, pronunciadoquatro vezes em diferentes tons desurpresa.

A abordagem tradicional afirma queO alienista é uma novela sobre a falácia daciência, a precariedade do conceito de

garrafa. Conforme essa visão, a literaturanunca é sobre coisas ou situações. Serásempre o resultado da adequação entreprocedimento e matéria, fenômeno queautomaticamente a insere num código dereferência literária.

Surge daí um conceito funcional deliteratura, entendida não mais como um

discurso ornado e ficcional que visa àimortalidade, mas como um modoespecial de articulação da linguagem,cuja idéia de valor é rigorosamenterelativa, pois leva em conta tanto aestrutura verbal do texto quanto apercepção do leitor e o eventualdesgaste das formas, que, de estranhase desautomatizadoras, podem, com opassar do tempo, se tornar corri-queiras e previsíveis. Até então,jamais se chegara a um conceito tãorelativo do valor da obra de arte, quepassou a ser definida como umaestrutura sígnica contrária oudivergente do padrão dominante.

O relativismo da percepção doobjeto artístico encontra apoio nãoapenas em Chklovski e Boris Toma-chevski, mas também em Jakobson,responsável por uma instigante teoriarelativista da noção de Realismo,apresentada no artigo �Do realismoartístico�, escrito na fase inicial do

teórico, quando ainda integrava o grupodos formalistas russos, na década de 10.Ao questionar a arbitrariedade da termi-nologia da crítica precedente, Jakobsonexemplifica essa crise mediante o examedo vocábulo realismo, então empregadocom muita imprecisão.

Com extremo rigor lógico, o mor-fologista enumera diversas acepções dotermo e acaba por demonstrar que ele épraticamente nulo enquanto categoriadescritiva. De modo geral, o termo se referea obras que aspiram a reproduzir fielmentea realidade, buscando o máximo de veros-

O romancista russo Leon Tolstoi(1828-1910), autor da novelaKholstomer, objeto de análise

morfológica do lingüista Chklovski

loucura e o autoritarismo dos governos.Os formalistas colocariam o problemade outra forma: as incertezas da ciência ea arbitrariedade dos governos são umdispositivo para o exercício da alegoria.A motivação inicial de Machado teriasido a formulação da sátira ou do escárnioalegórico, categorias preexistentes aotema da loucura mal interpretada. Assim,os procedimentos buscam suas matérias,cujo resultado é a forma literária. Comisso, elimina-se a idéia de que as matériaspodem ser incluídas ou excluídas de umtexto, como se fossem o conteúdo de uma

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� Modern literary theory: a reader,

editado por Philip Rice e Patricia

Waugh. Londres, Arnold, 1996.

� �Narrative composition: a link

between german and russian

poetics�, de Lubomír Dolezel. In:

Russian formalism � A collection of

articles and texts in translation,

editado por Stephen Bann e John

E. Bowlt. Edimburgo, Scottish

Academic Press, 1973.

� Russian formalism: history,

doctrine, de Victor Erlich. The

Hague/Paris, Mouton, 1969.

� Teoria da literatura: formalistas

russos, organização de Dionísio de

Oliveira Toledo e prefácio de

Boris Schnaiderman. Porto

Alegre, Editora Globo, 1971.

� Théorie de la littérature: textes des

formalistes russes, reunidos, apre-

sentados e traduzidos para o

francês por Tzvetan Todorov,

prefácio de Roman Jakobson.

Paris, Éditions du Seuil, 1965.

B I B L I O G R A F I Asimilhança, entendida não no sentidoclássico de adequação entre matéria egênero literário, mas na acepção con-temporânea de semelhança com a verdadereferencial. A cristalização típica dessatendência observa-se na escola artísticarepresentada por Flaubert, Zola, Dostoi-évski e Aluísio Azevedo.

Além desse sentido, há um outro,segundo o qual os autores propõem suasobras como verossímeis, por se filiarema um padrão tradicionalmente aceito co-mo tal. Mas exatamente por se vincula-rem a um cânone já estabelecido, essasobras podem facultar ao crítico ainterpretação delas como distantes darealidade e próximas dos clichês.

Nessa mesma dinâmica, em nome dorealismo, um escritor revolucionáriopode se afastar do cânone vigente comomeio de se aproximar da realidade,propondo deformações grosseiras comoíndices de incorporação do real. Para oscríticos de vanguarda, uma obra dessaespécie será de fato realista; para osconservadores, não só não incorpora oreal como também se afasta do padrão debom gosto.

O ensaio de Jakobson estuda inú-meras outras acepções do termo realismo,afirmando (e nisso consiste o aspectomais interessante do ensaio) que todas asescolas literárias fundamentam suas

O escritor alemãoNovalis (à direita) expressoua idéia de que, quanto mais

poético é um enunciado,mais ele representa o real �

formulação que teve forteimpacto sobre a noção de

realismo de Roman Jakobson

posturas com a idéia da incorporação doreal: assim procederam os românticos, osrealistas, os simbolistas, os futuristas, osimpressionistas e os expressionistas.Entre nós, convém lembrar que até apoesia concreta, ao romper com alinguagem discursiva, o fez sob o pretextoda incorporação de certos traços dinâ-micos da realidade industrializada.

Os românticos alemães afirmavamque o reino da fantasia é a própria rea-lidade. Novalis, em particular, procla-mou que, quanto mais poético o enun-ciado, tanto mais real. Como conclusão,Jakobson propõe que se tome o termorealismo como um código convencionalsegundo o qual as diversas geraçõesprocuram validar seus experimentospoéticos. Mas não deixa de explicitarque a realidade não se confunde com aarte, cuja estrutura sígnica deve serapreendida com toda a consciência dasconvenções intrínsecas a seu modo deser.

Pelo que fica exposto, evidenciam-sediversas conexões do método formal coma retórica antiga, o que foi enfim sufi-cientemente demonstrado pelo estudiosotcheco Lubomír Dolezel, mediante ainvestigação do contato da poética russacom a tradição dos retoricistas ger-mânicos, representada sobretudo porSchissel, Seuffert e Dibelius.