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Fórum “Como Falar Com o Seu Filho” Dr.ª Patrícia Santos e Dr.ª Susana Palmeiro 9 de outubro de 2014 0

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Fórum “Como Falar Com o Seu Filho”

Dr.ª Patrícia Santos e Dr.ª Susana Palmeiro

9 de outubro de 2014

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Programa

1. Comunicação verbal e não verbal.

2. A comunicação pais-filhos em cada um dos diferentes estilos educativos – permissivo, autoritário e democrático:

2.1. Fatores determinantes;

2.2. Consequências de cada estilo educativo para o desenvolvimento das crianças/adolescentes.

3. Sugestões práticas.

4. Bibliografia.

Comunicação verbal e não verbal

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Comunicação verbal e não verbal

O modo como transmitimos as mensagens e como as interpretamos, tem fundamentalmente que ver com as nossas perceções;

O encontro de perceções diferentes sobre uma mesma mensagem leva, muitas vezes, a mal entendidos ou erros na comunicação.

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PARA MIM COMUNICAR É…?

O que vê nesta imagem?

Quem conta um conto acrescenta um .

“estarei eu a falar chinês?”

Comunicar é uma tarefa quase tão difícil como ser pai e mãe!!!

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Comunicação verbal e não verbal (cont.)

PARA MIM COMUNICAR É…?

A comunicação engloba não só o que dizemos, mas também a forma como o dizemos. Assim, o tom de voz, o olhar, a expressão facial, a postura corporal, também devem ser considerados como importantes formas

de comunicação.

Comunicar pressupõe um processo interativo, um movimento de vai e vem; é preciso falar e escutar; escutar e falar…

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Partilhar algoColocar informação em comum

Dialogar

Trocar ideias, sentimentos e experiências

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Comunicação verbal e não verbal (cont.)

PARA MIM COMUNICAR É…?

A comunicação é um processo de interpretação que envolve também as pessoas que nos escutam e que connosco dialogam.

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É muito importante dar e receber feedback!

Um feedback adequado implica Escutar Ativamente!

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Comunicação verbal e não verbal (cont.)

PARA MIM COMUNICAR É…?

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Dicas para treinar a sua capacidade de escuta:

•Mais do que ouvir, tente escutar com toda a atenção aquilo que lhe estão a dizer;

• Oiça o que lhe estão a transmitir sem julgar ou criticar;

• Use a comunicação não-verbal (gestos, expressões) para questionar e clarificar/ esclarecer aquilo que está a ser dito;

•Dirija o olhar à pessoa que está a falar consigo. Evite olhar para outras pessoas ou objetos enquanto comunica com alguém;

•Faça um movimento com a cabeça que demonstre à outra pessoa que está a seguir aquilo que ela lhe está a dizer;

• Mude ligeiramente a posição do seu corpo enquanto escuta aquilo que lhe estão a transmitir;

•Valorize os aspetos principais da mensagem.

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Comunicação verbal e não verbal (cont.)

PARA MIM COMUNICAR É…?

Na troca/partilha de informação é preciso evitar “obstáculos” tais como: o barulho à nossa volta; a nossa desatenção; a quantidade de informação.

Assim, durante uma conversa, evite:

Enquanto emissor, antes de comunicar:

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Interrupções

Algo que possa demonstrar falta de interesse da sua parte

Clarifique as suas ideias: “O que quero dizer?”; “Como vou dizer/ transmitir?”

Seja objetivo/a (direto), claro/a e conciso/a

A comunicação pais – filhos em cada um dos diferentes estilos educativos

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A comunicação pais – filhos em cada um dos diferentes estilos educativos

Estilos educativos: Permissivo, Autoritário e Democrático

É importante reconhecer a necessidade e a inevitabilidade de recorrer a cada um dos estilos educativos, dependendo ;

Mas também ressalvando a necessidade da construção progressiva de atitudes coerentes e tendencialmente estáveis.

Circunstâncias e dos recursos existentes

Características das crianças

Possíveis transições da família

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A comunicação pais – filhos em cada um dos diferentes estilos educativos (cont.)

Estilo Permissivo

Principais características:

• sente dificuldade em dizer não e em ser firme, permitindo que a criança lhe faça/imponha exigências;

• tenta a todo o custo evitar o conflito;

• é habitual em pessoas submissas, que têm muita dificuldade em expressar as suas opiniões e necessidades.

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A comunicação pais – filhos em cada um dos diferentes estilos educativos (cont.)

Estilo Autoritário

Principais características:

•impõe muitas regras, sem respeitar as necessidades e opiniões dacriança, e sem lhe permitir qualquer liberdade de expressão;

•é característico de pessoas algo agressivas, inseguras e com baixa estima pessoal;

•utiliza-se por vezes de formatos violentos para fazer cumprir as regras que definiu e exige ver cumpridas.

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A comunicação pais – filhos em cada um dos diferentes estilos educativos (cont.)

Estilo Democrático ou Assertivo

Principais características:

•aceita a criança tal como ela é, proporcionando-lhe amor e carinho, bem como regras pelas quais ela se possa orientar, fazendo-se respeitar;

•mostra-se capaz de negociar situações de conflito, por forma a que as duas partes fiquem satisfeitas;

•está associado a pessoas assertivas, que exprimem as suas ideias e opiniões, de forma serena e construtiva, respeitando as dos outros.

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A comunicação pais – filhos em cada um dos diferentes estilos educativos (cont.)

Exemplo prático

Normalmente verifica-se uma alternância de estilos educativos, embora cada individuo tenha um estilo predominante. Este estilo educativo individual é

normalmente espelhado em situações de conflito.

“O seu filho quer ver o jogo de futebol que vai passar na TV hoje à noite.

Porém ,ainda não acabou os trabalhos de casa. Quais são as reações

possíveis que pode ter como pai/ mãe?”

Estilo Permissivo

Estilo Assertivo

Estilo Autoritário

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A comunicação pais – filhos em cada um dos diferentes estilos educativos (cont.)

Fatores determinantes

• Modelos educativos/ práticas parentais da família de origem (a educação e as ligações à família de origem influenciam as práticas educativas parentais).

• “Como é que vos educaram?”; •“Hoje, como pais e mães, como é que vocês educam os vossos filhos?”;

•Discrepância de idade pais/filhos•Conflito geracional;

•Estilo de vida parental•Falta de tempo, gestão do tempo, disponibilidade;

•Expectativas parentais•Exigências dos pais em função do que idealizaram para os filhos;

•Desajuste da linguagem utilizada perante a faixa etária•Adequação da linguagem utilizada à idade da criança (clareza, extensão e complexidade das mensagens).

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A comunicação pais – filhos em cada um dos diferentes estilos educativos (cont.)

Consciencialização da reciprocidade nas relações familiares e das consequências de cada estilo educativo para o desenvolvimento das crianças

Estilo Permissivo

• a criança não sente a existência de regras/ de limites, nem de suporte afetivo por parte do pai/ da mãe - pouca confiança em si própria;

• pode tornar-se uma criança com dificuldade em controlar os seus impulsos -dificuldades na relação com os outros (crianças ou adultos).

Estilo Autoritário

• a criança torna-se passiva e conformista, ou então demasiado revoltada;• não sente suporte afetivo;• pode sentir medo do pai/da mãe;• não sente confiança em si própria;• não aprende a pensar por si própria e a tomar decisões;• torna-se desconfiada dos outros, solitária;• pode desenvolver problemas de comportamento.

Estilo Assertivo

• a criança sente que existem regras e suporte afetivo;• sente que as suas opiniões são importantes e torna-se auto-confiante e segura;• aprende a ser independente e responsável;• sabe relacionar-se com os outros.

Sugestões práticas

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Ajudar os filhos a lidar com o que sentem

“Por trás de toda a criança “difícil” estáuma emoção que não sabe expressar-

se.” (famílias.com)

É fundamental aceitar as emoções da criança.

Pode ajudar tentar colocar-se no lugar do seu filho…

“E se eu fosse uma criança que estava cansada ou aborrecida? E se quisesse transmitir o sentia a um adulto importante da minha vida?”

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Ajudar os filhos a lidar com o que sentem (cont.)

Problema – Os pais, com frequência, não aceitam o que os filhos sentem.

Filho: Aquele programa de televisão foi uma seca.

Mãe: Não foi nada. Foi muito interessante.

Filho: Foi uma parvoíce.

Mãe: Foi educativo.

Filho: Grande trampa.

Mãe: Não me fales assim, estás a ouvir!

“Não te sentes nada assim. Não podes estar cansado acabaste de dormir a sesta.”

“ Não há razão para ficares assim tão aborrecido.”

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Ajudar os filhos a lidar com o que sentem (cont.)

Vamos imaginar, como ficamos se ignorarem o que sentimos?

“Não há razão para ficares aborrecido. Que tolice estares

assim. Vá sorri…tens um sorriso tão bonito.”

“Olha, a vida é mesmo assim. As coisas nem sempre são

como queremos.” Esquece…não vale apena continuar.

“Eu entendo a reação do teu chefe. Deve andar sob enorme

pressão.”

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Ajudar os filhos a lidar com o que sentem (cont.)

A negação das emoções do seu filho pode confundi-lo e enraivecê-lo .

Todos os sentimentos são aceitáveis mas, certas atitudes devem ser restringidas.

“Vejo que estás mesmo zangado com o teu irmão. Diz-lhe o que tens a dizer por palavras, não com os punhos.”

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Ajudar os filhos a lidar com o que sentem (cont.)

As crianças precisam que aceitem e respeitem o que sentem

1. Pode ouvir em silêncio e com atenção.

2. Comentar o que eles sentem com uma palavra ou frase curta (“Sim…estou a ver…”).

3. Atribuir um nome ao sentimento (“Que frustrante!”).

Escuta ativa

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Ajudar os filhos a lidar com o que sentem (cont.)

Escuta ativa consiste em…

Valorizar as emoções da criança, não as ignorando, permitindo-lhe que exprima essas emoções, ouvindo-a atentamente, tentando compreendê-la, respeitando os seus medos e as suas angústias, oferecendo-lhe segurança e apoio, tendo sempre presente o objetivo de a responsabilizar na tentativa de encontrar formas para resolver a situação que está a vivenciar.

Estilo educativo

democráticoEscuta ativa

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Escuta ativa – alguns exemplos

Em vez de ouvir metade…

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Escuta ativa – alguns exemplos (cont.)

… ouvir com toda a atenção.

É muito mais fácil contar problemas a uma mãe/pai que está realmente a ouvir, nem precisa de dizer nada. Muitas vezes, um silêncio complacente é só o que a criança precisa.

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Escuta ativa – alguns exemplos (cont.)

Em vez de contrariar o que a

criança sente…

26

Escuta ativa – alguns exemplos (cont.)

… atribuir um nome ao

sentimento.

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“Eu bem te tinha dito que…”

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O papel do elogio

Tente “apanhar” o seu filho a portar-se bem.

- A melhor forma das crianças aprenderem um determinado comportamento é dando importância e valorizando esse mesmo comportamento;

- Se for apreciado e notado pelos pais é provável que se repita, se for ignorado tende a desaparecer.

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O papel do elogio (cont.)

Para que o elogio seja eficaz…

- Ser o mais específico possível, ou seja, descrever exatamente o comportamento realizado.

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O papel do elogio (cont.)

Para que o elogio seja eficaz…

- Mostre entusiasmo, sorria, recorra ao toque físico;

- Evite associá-lo com crítica;

- Deve ser dado imediatamente após o comportamento correto;

-Sempre que possível, deve ser duplicado (elogiado por mais do que uma pessoa).

E lembre-se…

deve elogiar as tentativas e não apenas o sucesso das tentativas

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O papel do elogio (cont.)

O seu filho arruma a cozinha sem que lhe seja pedido…

Ou

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O papel do elogio (cont.)

Incentive a criança a elogiar o seu comportamento e o dos outros (“até fiz bem aquele trabalho”, “a situação era difícil mais saí-me bem”).

Construção de relações positivas

Aprender a autoelogiar-se

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O papel do elogio (cont.)

Elogios verbais e não verbais que pode experimentar e treinar com o seu filho

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Regras e limites na relação com a criança

Para refletir…

-Já se apercebeu do número de ordens seguidas que dá ao seu filho?

-Costuma repetir com frequência a mesma ordem, até que seja cumprida?

-Já lhe aconteceu dizer ao seu filho frases como “Pára com isso?”, “Tem cuidado?”, “Vamos arrumar os brinquedos?”, “Queres ir tomar banho?”

-Já lhe aconteceu dar uma ordem e outro familiar contrariá-la?

“Nunca poderá errar quem dá à criança muito amor, combinado com disciplina” (Ian Marshall).

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Regras e limites na relação com a criança (cont.)

Dê uma ordem de cada vez.

-Com frequência, as crianças ficam confusas com a quantidade de ordens que lhe são dadas;

-Como têm dificuldade em lembrar-se de tudo o que lhe foi dito é impossível conseguirem cumpri-lo.

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Regras e limites na relação com a criança (cont.)

Evite repetir as ordens várias vezes.

Quanto mais vezes repetir a ordem, maior é a probabilidade de a criança aprender que só deve cumprir à 5ª ou 6ªvez.

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Regras e limites na relação com a criança (cont.)

Esforce-se por dar ordens claras.

- Informações pouco precisas, indefinidas confundem, porque não dizem qual é o comportamento desejado;

- Dizer o que é suposto a criança fazer e não o que deve parar de fazer.

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Regras e limites na relação com a criança (cont.)

Não faça pedidos (em forma de pergunta) como se fossem ordens.

Um pedido implica uma opção de escolha, fazer ou não o que foi solicitado.

Experimente colocar o verbo no inicio das frases…

Arruma os

brinquedos.

Vai para a cama.

Fala mais baixo.

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Regras e limites na relação com a criança (cont.)

Lembre-se ainda que…

- As crianças não são tão rápidas que os adultos a realizar as tarefas que lhe pedem, por isso, dê-lhes tempo para cumprir as ordens. A única exceção prende-se com questões que remetem para a segurança.

- As ordens não devem ser contraditórias. Deve haver coordenação pai, mãe, avós, etc.

-O elogio é a melhor forma de conseguir que um comportamento se repita.

O elogio aumenta a probabilidade da obediência

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O que NUNCA deve dizer e/ou fazer ao seu filho

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O que NUNCA deve dizer e/ou fazer ao seu filho (cont.)

-Criticá-lo constantemente em frente a outras pessoas, quer sejam outras crianças/jovens ou adultos;

-Contar os seus segredos a outras pessoas, ridicularizando (por exemplo, contar que ainda faz xixi na cama);

-Pedir com insistência, e contra a sua vontade, para desempenhar determinado papel perante os outros (“Anda lá, canta aquela música que cantas-te há bocado, para a tia ouvir!”);

-Estar sempre a colocar perguntas de forma crítica e negativa (”Vais chorar outra vez para ir para a cama, como fizeste ontem?”);

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O que NUNCA deve dizer ou fazer ao seu filho (cont.)

-Desvalorizar ou mostrar falta de compreensão dos seus medos (“Tens medo do escuro, mas porquê? Se o escuro não faz mal a ninguém”);

-Superproteger;

-Compensar com bens materiais;

-Dizer que é mau ou feio pelo que fez. O que está mal é o comportamento, não a pessoa. Separe o comportamento da criança/jovem.

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O que NUNCA deve dizer e/ou fazer ao seu filho (cont.)

Bibliografia

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Bibliografia

Faber, A. & Mazlish, E. (2012). Como falar para as crianças ouvirem e ouvir para as crianças falarem. Lisboa: Guerra e Paz, Editores S. A.

Ribeiro, M. (2003). Ser família: construção, implementação e avaliação de um programa de educação parental. Dissertação de Mestrado publicada, Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do Minho, Braga.

Silva, A. & Esteves, J. (Setembro 2012). Parentalidade Positiva. CESIS –Centro de Estudos para a Intervenção Social – Projecto Espiral (CLDS). Lisboa.

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“Não queremos pais perfeitos, queremos pais suficientemente bons.Pais de colo.Pais de mimoPais de afeto.Pais que cuidam com o olhar.Pais de abraços.Pais de carinho.Pais de regra e orientação.Pais de limites e negociação.Que sabem dizer não e ainda não. Vais ter de esperar.Que ensinam a gerir frustração.Que reconhecem as suas fragilidades de pais mas que estão atentos a elas.Despedidos de expectativas e vestidos de aceitação.Pais disponíveis e atentos.Pais de gargalhadas e humor.Que trocam a palmada pela reflexão.Pais que trocam o berro e pela palavra precisa.Pais que se despem de desculpas e que assumem as suas responsabilidades.Pais disponíveis para amar incondicionalmente.Pais disponíveis a deixar voar mas que acompanham sempre a rota do voo.Pais presentes, pais ouvintes, pais de amor…Pais imperfeitos, mas apaixonados pelo seu papel de pais...”

Diana Gaspar Duarte

Obrigado.