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JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTER – ANO IV – NÚMERO 21 – CURITIBA, JULHO-AGOSTO DE 2012 Estima abandonada Em Curitiba, o número de cães abandonados cresce a cada dia. página 10 A volta de Fábio Elias Do rock ao sertanejo, o que importa é a música. página 5 Anatomia da Vida A série Grey’s Anatomy continua fazendo sucesso mesmo depois de oito anos no ar. página 15 Entre os compartilhamentos on-line, surge a questão: estamos realmente cada vez mais próximos? páginas 8 e 9 A chave virtual de nossas amizades Foto: Natanael Lucas Foto: Divulgação Foto: Maria Luiza Okoinski Foto: Divulgação

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JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTER – ANO IV – NÚMERO 21 – CURITIBA, JULHO-AGOSTO DE 2012

Estima abandonadaEm Curitiba, o número de cães abandonados cresce a cada dia.

página 10

A volta de Fábio EliasDo rock ao sertanejo, o que importa é a música.

página 5

Anatomia da VidaA série Grey’s Anatomy continua fazendo sucesso mesmo depois de oito anos no ar.

página 15

Entre os compartilhamentoson-line, surge a questão: estamos

realmente cada vez mais próximos? páginas 8 e 9

A chave virtual de nossas amizades

Foto: Natanael Lucas

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Foto: Maria Luiza Okoinski

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Número 21 – Julho/Agosto de 20122 MARCO ZERO

Carlos Ramalhete e Jair Bolsonaro que o digam. Eles cer-

tamente desconhecem essa máxima, pois, se assim fosse, não trariam à baila nova discussão sobre homofobia e racis-mo.

É lamentável que ainda tenhamos que conviver com esse tipo de situação em pleno século XXI. Apesar de di-zerem tudo o que pen-sam, de terem liberdade para expor sua maneira “conservadora” de pen-sar, a contrapartida gerada por isso, que surge como retaliação ou protesto, não é vista por ambos como sinal de liberdade, mas de barba-rismo.

Bolsonaro foi infeliz ao expor de forma clara e objetiva suas ideologias e crenças a respeito da ho-mossexualidade.

Quando questionado se participaria de um desfi-le gay, foi contundente: “Eu não iria porque eu não par-ticipo de promover os maus costumes, até porque acre-dito em Deus, tenho uma fa-mília, e a família tem que ser preservada a qualquer cus-to, senão uma nação sim-plesmente ruirá”.

A nação ruirá não pe-los “maus costumes” ou maus comportamentos. Ruiremos pela falta de em-patia, pela falta de compre-ensão e de aceitação das diferenças. Entender que as tradições são os pilares de uma sociedade parece inteligente, mas não com-preender que esta mesma sociedade é polivalente e em constante devir é peri-goso e obtuso. Certamente

o político carioca não pen-sou em coletividade quando disse que a família deve ser preservada a qualquer custo.

Nessa esteira de bar-baridades, o Paraná, recen-temente, também teve sua participação no rol dos dis-parates. Carlos Ramalhete, colunista do respeitado jor-nal Gazeta do Povo, tam-bém foi enxovalhado em re-ação ao seu texto “Perversão da adoção”.

O leitor há de convir comigo que o próprio título da matéria já não tem boa conotação. Ramalhete até publicou uma nota na qual tentou explicar quais eram

suas intenções quando re-solveu criticar a decisão da justiça sobre a concessão de adoção a um casal ho-mosexual.

Seu texto chamou a atenção. Ele afirmou: “A adoção é um ato de amor, que merece o apoio de toda a sociedade. Repudio, con-tudo, como sua perversão, a entrega definitiva de uma criança a quaisquer comuni-dades de vida que não uma família”.

Sim, a adoção é um ato de amor, e atentar contra ela, o que é? E o que são “comunidades de vida”? Família é realmente constituída apenas de ho-mem e mulher? Estamos falando de gêneros? Suta tentativa de explicação parece ter causado mais confusão, quando devia explicar um equívoco, se é que ele existiu.

Espelhamos nos ou-tros os defeitos que encon-tramos em nós, dizem algu-mas correntes psicanalíticas. Se isso é verdade, devemos pensar mais em nossos de-feitos antes de apontarmos o alheio.

OPINIÃO

Ao Leitor Nesta 21ª edição, o jornal Mar-

co Zero esclarece algumas dúvidas sobre processo eleitoral em entre-vista com o professor e cientista politico Luiz Domingos. “O voto em branco, assim como o voto nulo, não ajuda a definir o resultado de uma eleição”, explica ele.

Nesta edição, a repórter Maria Luiza faz uma matéria sobre a triste história de cães que, quando filhotes e saudáveis, tiveram casa, carinho e atenção, mas que por algum motivo foram parar no meio da rua.

Trilhas do Tempo apresenta a história de um calçadão que encan-ta turistas e curitibanos há 40 anos.

E Curitiba abriga Tothmea, uma múmia milenar e único exemplar no Sul do Brasil.

Informação, nostalgia, cultura e história estão nas páginas do Jornal Marco Zero, tudo pensado e feito com muita atenção e carinho pelos alunos de Jornalismo. Boa leitura!

Ligia dos Santos

ExpedienteO jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Uninter

Coordenador do Curso de Jornalismo: Tomás Barreiros

Professores responsáveis:Roberto Nicolato e Tomás Barreiros

O jornal Marco Zero foi premiado como melhor jornal-laboratório do Paraná no 16º Prêmio Sangue Novo, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná.

Edição•Eduardo Pampuch•Janile da Silva Ramos •Marcela Panek•Rafael Giuvanusi

Diagramação•Clarissa Brandolff Gindri•Leonardo Akira•Natanael Lucas Chimendes•Sergio Araújo•Tatiane Varela Barca

Projeto gráfico: Matias Peruyera

UninterRua do Rosário, 147CEP 80010-110 – Curitiba-PRE-mail [email protected] 2102-7953 e 2102-7954.

“Não tem segu-

rança no terminal Guadalu-pe, princi-palmente durante a noite, tenho

medo deser assaltada enquanto

espero o ônibus.” Marise F. Lima,

vendedora

“Dificil-mente o terminal está lim-po, e às

vezes até o cheiro é

desagra-dável. A limpeza

deveria ser frequente e não só durante o dia, mas à

noite também.”Roseli dos Santos,

38 anos, dona de casa

“Quase não há

policia-mento no terminal

Gua-dalupe,

qualquer pessoa é

alvo fácil para ser

assaltada, pois sempre está cheio de maloqueiros.”

Laide Lopes,58 anos, governanta

Minha liberdadevai até onde começa a sua. Será?

Ezequiel Quister

A nação ruirá não pelos “maus costumes”, mas pela falta de compreensão e aceitação das diferenças

O que falta no

terminal do

Guadalupe?

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Número 21 – Julho/Agosto de 2012 3MARCO ZERO

ENTREVISTA

Em 2012, serão realizadas as eleições municipais, e mais uma vez os eleitores terão de

escolher alguém para representá--los por mais quatro anos. Mas será que o curitibano sabe quais são seus direitos e deveres na hora de eleger um candidato? O jornal Marco Zero entrevistou Luiz Domingos Costa, mestre em Ciências Políticas pela Universidade Federal de Campinas (Unicamp) e professor dos cursos de Ciências Políticas e Relações Inter-nacionais do Uninter, que esclareceu algumas das principais dúvidas so-bre o processo eleitoral.

Marco Zero - Atualmente, as pessoas não conhecem seus direi-tos como eleitor. Um deles diz res-peito ao voto em branco. Como ele é computado nas eleições?

Luiz Domingos - O voto em branco (assim como o voto nulo) não serve para cômputo eleitoral e, portanto, não ajuda a definir o resultado de uma eleição. Na hora da contagem dos votos, recebem a denominação de “votos inváli-dos”. São efetivamente descarta-dos, deixados fora da contagem eleitoral. Oficialmente, então, o voto em branco compõe o conjun-to de atitudes políticas abrigadas sob o conceito de abstenção elei-toral, que significa o somatório dos eleitores que não contribuíram para o pleito. Neles estão também o voto nulo e as diversas formas de não participação das eleições, como dificuldade de transporte, viagem ou falecimento. Do ponto de vista do eleitor, o voto em bran-co (e também o nulo, quando feito propositalmente) serve para inva-lidar o voto. É uma maneira legíti-ma de manifestar protesto político.

O eleitor é obrigado a votar.

Em sua opinião, essa obrigato-riedade é necessária ou a popu-lação está pronta para o exercí-cio do voto facultativo?

Não existe nenhuma relação entre a obrigatoriedade do voto e a

qualidade do sistema político e vice versa. Com base na lista dos países com voto obrigatório ou facultativo (não obrigatório), não se chega a ne-nhuma conclusão sobre a qualidade da democracia (e das instituições representativas), nem tampouco sobre a qualidade de vida dos cida-dãos desse país. Entre os países com voto obrigatório, temos os casos de Brasil, Argentina, Grécia, Bélgica, Austrália, Luxemburgo ou Gabão (ricos e pobres); entre os países com voto facultativo (voluntário), temos diferentes perfis econômicos e polí-ticos como, por exemplo, EUA, Co-lômbia, Espanha, França, Zâmbia. A existência ou não do voto obri-gatório é resultado de certas carac-terísticas culturais de um país e de características endógenas ao mundo político, isto é, das escolhas dos lí-deres políticos sobre a melhor forma de funcionamento das instituições.

Com ele há maior ou menor representatividade da população?

A única afirmação possível aqui é a seguinte: quando um país ado-ta o voto obrigatório, a representa-tividade das diferentes frações ou camadas da população aumenta, garantindo maior correspondência entre diversos grupos sociais e a representação político-institucional. Contrariamente, países com voto voluntário apresentam menor com-

parecimento eleitoral e, consequen-temente, menor espelhamento entre os diversos grupos sociais e líderes políticos. De resto, o debate sobre a retirada do voto obrigatório no Bra-sil se apresenta, via de regra, como um ranço (uma arrogância) de seto-res sociais estabelecidos ou privile-giados. Para alguns críticos do voto obrigatório (constatável em muitos movimentos na internet), a percep-ção implícita é a de que o pobre não sabe votar, vende seu voto, é mes-quinho e, portanto, elege políticos indesejáveis. E tome casos (Tiririca) para comprovar essa teoria fantas-magórica. Novamente, não é só alta escolaridade e posição econômica confortável que garantem boa par-ticipação política. Essa é uma con-cepção elitista e antidemocrática da sociedade e da vida comunitária. Como exemplo contrário, cite-se o caso do Romário, que foi eleito de-putado federal pelo Rio de Janeiro. O ex-jogador teve um eleitorado francamente popular, das camadas menos escolarizadas do Rio, e se mostrou um parlamentar aguerrido nas questões relativas à Copa do Mundo e aos desmandos na CBF. Finalmente, é muito mais provável que o voto facultativo não elimine algumas distorções de nossa política que são erroneamente atribuídas ao voto obrigatório. É importante que se enfatize: nada garante que o voto

facultativo diminua a capacidade de mobilização desses setores.

Num período eleitoral, cente-nas de candidatos bombardeiam seus eleitores com promessas de campanha e, após eleitos, parece que a parcela do que concretizam é ínfima. Como o eleitor pode fis-calizar os políticos que elegeu?

Há três aspectos: em primeiro lugar, as centenas de candidatos em cada eleição (e estão em nú-meros crescentes); em segundo, o bombardeio de propostas durante as campanhas eleitorais; e, em ter-ceiro, a fiscalização ou controle do eleitor (representado) sobre o polí-tico eleito (representante).

O primeiro pode ser melhorado com algumas mudanças na forma de eleger vereadores e deputados. O mecanismo de eleição de parla-mentares aqui favorece o excesso de candidatos, o que poderia ser diminuído se algumas medidas fos-sem tomadas. Por exemplo, alguns obstáculos para a criação de par-tidos políticos e também algumas medidas para dificultar que partidos muito inexpressivos ou sem enraiza-mento social perdurassem. O segun-do elemento, isto é, a infinidade de promessas (que decorrem em parte do primeiro) pode ser mais bem si-nalizada quando os partidos adqui-rirem posições ou discursos mais

Eduardo Pampuch

Onde começam e terminam o direito e o dever de um eleitorProfessor do Centro Universitário Uninter trata de questões importantes relacionadas à escolha dos candidados nas próximas eleições municipais

Professor Luiz Domingos: “As promessas superam de longe as medidas entregues pelos eleitos”

nítidos e diferenciados entre si.Talvez nunca ocorra a conten-

to, porque alguma confusão entre as plataformas partidárias é um processo que ocorre nas democra-cias mais antigas da Europa. De qualquer maneira, no Brasil, ainda estamos em uma situação próxima do caos. E acho que a competição política (isto é, o objetivo de so-brevivência) poderá contribuir para que esse jogo ganhe maior inteligibilidade no médio prazo. Em âmbito nacional, já é possível perceber algumas diferenças entre o PT, o PSDB e o DEM, o PSOL ou o PV, por exemplo.

E o terceiro elemento?Quanto à fiscalização sobre os

atos dos políticos, estamos diante de um dos pontos mais delicados e debatidos do modelo democrático representativo: o controle popular sobre os representantes eleitos. Entendo que apenas a possibilida-de de substituí-los no intervalo de quatro anos (a cada eleição) não é suficiente. Isso é um problema para um evento histórico imenso cha-mado representação política, não é algo específico a nenhum país. De fato, as promessas superam de longe as medidas entregues pelos eleitos. Mas se pudermos estender um raciocínio do mercado para a política, começaremos a ficar mais realistas: em qualquer campanha publicitária, geralmente se prome-te muito mais do que se entrega. Alguns eleitores já sabem disso, talvez a maioria. O que se espera é que a alternância no poder e as diferentes gestões dos políticos e partidos sirvam como termômetro para analisar as promessas, pesar o que foi feito e o que ficou para trás. Isso é pouco e, sobretudo, di-fícil quando se passam quatro ou oito anos. Creio que a sociedade civil monitora isso melhor que o eleitor atomizado, sozinho e que se informa de forma errática. Par-ticularmente, defendo que essa fiscalização se dê em espaços am-pliados de participação popular, como em audiências públicas e movimentos organizados em tor-no de algumas questões.

Divulgação

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Número 21 – Julho/Agosto de 20124 MARCO ZERO

Ele se considera um cara sem preconceitos no que diz res-peito à música e acredita que

perambular por vários estilos mu-sicais só tem a acrescentar positi-vamente no seu repertório.

O cantor e compositor Fábio Elias conta que aos seis anos ga-nhou seu primeiro violão e desde então não largou mais a música. “Desde criança, sempre ouvi mú-sica no rádio e prestava muita atenção para poder aprender a to-car. Meu pai dizia que tinha que ter ouvido para sacar as notas mu-sicais,” relembra.

Já na metade da década de 80, ele conhece o rock’n’roll, e aquela batida pesada entrou por seus poros. Ele brinca: “Me picou como um mosquito da dengue...” Aos 13 anos, ganhou a primeira guitarra e, junto com amigos do prédio e do bairro onde morava, montou a banda Relespública. Começaram tocando em festinhas de garagem, aquelas “festinhas americanas” em que cada con-vidado levava salgados, bolos e refrigerante. Elias lembra ainda que seu cachê foi coxinhas com refrigerante.

Na escola, estava envolvido com o grêmio estudantil, o que era mais de meio caminho andado para começar a fazer seus shows fora do ambiente doméstico. Sem-pre que surgia algum evento na escola no qual pudessem tocar, lá estavam Fábio Elias e sua banda.

“O primeiro show em bar-zinho foi no Escaps Bar... não lembro direito o nome”, diz Elias. Eram todos menores de 18 anos e não poderiam tocar em lugar nenhum à noite. “Só conseguimos porque tínhamos um amigão que nos deixou to-car. E aconteceu de a polícia aparecer para dar a famosa ‘ge-ral’. Nos escondemos dentro de um freezer desativado, foi muito bacana! Depois que os policiais saíram, continuamos o show até de manhãzinha. Bons tempos...”

E o sertanejo?

Em meados de 2008, Fábio Elias foi convidado por Nasi, ex--Ira, para trabalhar como diretor de palco no show em que o grupo abriria a apresentação do AC/DC em São Paulo. Entre um descan-so e outro, conheceu o técnico de som do Ira que, por acaso, era o mesmo de Chitãozinho e Xororó. Conversa vai, música vem, Elias tocou modas de viola de autoria própria, ritmo que só tocava em casa junto da família. “E não é que o cara gostou? Ele me disse: você tem que gravar isso”, conta.

Foi assim que o cantor curi-tibano deu uma circulada pelo sertanejo durante dois anos. Ele conta que participar desse mundo que não tem muito em comum com o rock foi uma ex-periência fabulosa. Para quem é musico de verdade, não importa o gênero musical, pois o impor-tante é a música em si, acredita ele. Alguns fãs torceram o nariz para essa “viajada” entre estilos musicais, mas para quem gosta

mesmo de música isso foi apenas mais uma experiência e acúmulo de conhecimento.

Fábio Elias lançou os CDs “Me Dê um Pedaço Seu”, em 2010, e “Fabio Elias ao Vivo”, em 2011. Mas, como nem só de sertanejo vive um roqueiro, vol-tou para suas raízes, novamente com a formação original e visce-ral da Relespública, com Ricardo Bastos e Emanuel Moon. A banda está de volta e com “sangue no olho”, diz Elias.

O cantor pretende continuar com o sertanejo. “Quero fazer uma nova banda, dedicada ao country rock. Imagina só: é como se fos-se o Creedence tocando sertanejo universitário no Brasil”, explica.

PERFIL

Claudia Bilobran

Depois de dois anos passeando pelos acordes sertanejos,o cantor e compositor volta ao Relespública com força total

O retorno de Fábio Elias

O cantor Fábio Elias ganhou seu primeiro violão aos seis anos e, aos 13, sua guitarra

Discografia da Relespública

EP:Mod (1993)

Álbuns de Estúdio:Venda Proibida - Ao Vivo do Centro Politécnico (1996, Catarse/Franzini)

E o Rock’n’Roll Brasil?! (1998, independente)

O circo Está Armado (2000, Universal Music)

As Histórias São Iguais (2003, Monstro Discos)

Efeito Moral (2008, MNF Music)

DVDs:MTV Apresenta

(2006, Works Music)

Antes do Fim do Mundo (2012, Independente)

Discografia Solo Fábio Elias:Me Dê um Pedaço Teu (2010)

Fábio Elias ao Vivo (2011)

Meu pai dizia que tinha que ter ouvido para sacar as notas musicais

Foto

: Divu

lgação

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Número 21 – Julho/Agosto de 2012 5MARCO ZERO

Acapela de Nossa Senhora da Gloria, sob responsa-bilidade da Cúria Metro-

politana de Curitiba, está com-pletamente abandonada. Esse exemplar da arquitetura estilo art-nouveau, cujo projeto foi idealizado pelo desembargador e historiador Agostinho Ermelino de Leão, em 1896, faz parte da história dos moradores da região do Alto da Glória. Atualmente, a sede da paróquia da região é a igreja de Nossa Senhora do Per-pétuo Socorro, porém, até os anos 1970, era a Capela da Glória que servia de base para os paroquia-nos do bairro. O padre Lourenço Kearns explica a transferência da

sede: “Foi necessária a mudança porque a capela anterior não abri-gava o número de fieis que hoje recebemos aqui”.

A Capela da Glória, como é co-nhecida, foi construída sobre um terreno doado pela família Leão e Veiga à paróquia da Glória, hoje, Perpétuo Socorro. Ocorre que há alguns anos a administração desse patrimônio ficou a cargo da Cú-ria Metropolitana de Curitiba, e, desde então, a capela não recebeu nenhuma reforma.

Em seu exterior, o mato e as

pichações são o que mais cha-mam a atenção, de forma nega-tiva, é claro. Por questões buro-cráticas, a reportagem não foi autorizada a entrar na capela para verificar se o interior reflete o que se vê no exterior. A falta de pintura e a ferrugem também co-laboram para o aspecto ruim da fachada do prédio.

A região conta com uma vi-zinhança dividida entre prédios residenciais, pequenos comér-cios e alguns escritórios. Affonso Camargo, morador de uma das poucas casas em frente à capela, comenta que o lugar está aban-donado há anos. “Minhas irmãs casaram-se ali há alguns anos... A última há quase sete anos”, conta. Segundo ele, o terreno que fica ao lado da capela, que também está abandonado, pertenceu a uma pri-ma sua, já falecida. Ela, segundo

Camargo, tinha a chave da capela e zelava pela manutenção do lo-cal, porém, com sua morte, o lo-cal ficou no esquecimento.

Segundo informações da as-sessoria de imprensa do Instituto de Pesquisa e Planejamento Ur-bano de Curitiba (Ippuc), não há obras de restauração previstas. Apesar de atender à demanda por restaurações e elaboração de pro-jetos de revitalização de diversos patrimônios na cidade, o Ippuc não é o responsável direto pelas reformas da capela, visto que ela é uma propriedade particular.

Pelo fato de não ser tombada como patrimônio histórico, as ações de restauro são prejudica-das, conforme explica a assesso-ria de comunicação da Secretaria de Estado da Cultura – Coorde-nação do Patrimônio Cultural. Segundo o órgão, os trâmites para

que um bem seja tomado são bu-rocráticos. É preciso, primeira-mente, que haja um pedido for-mal das partes interessadas, para então se iniciar o processo, que culmina com um parecer de uma equipe de especialistas. Um bem tombado tem a garantia de cuida-dos e preservação, justamente o que falta à capela neste momento.

Em 2011, o Instituto do Pa-trimônio Histórico e Artístico Nacional no Paraná (Iphan), em parceria com a Prefeitura Munici-pal de Curitiba e o Ippuc, inicia-ram as tratativas para colocar em prática o plano de restauração e requalificação dos monumentos, ruas e praças da cidade. O proje-to, que faz parte do PAC das Ci-dades Históricas, também prevê a criação de um roteiro turístico pelos locais históricos que serão revitalizados.

Há muito tempo, comercian-tes do Largo da Ordem vêm sofrendo com a falta

de segurança no local. A Igreja da Ordem, mais antigo tempo de Curitiba, teve que alterar os horá-rios das atividades religiosas devi-do à falta de segurança, pois usuá-rios de drogas cercavam o local e intimidavam os fiéis.

O comerciante Paulo Martins, de 34 anos, que trabalha há três anos em uma das lojas ao redor do san-tuário, confirma o perigo a que os fiéis, os comerciantes e os próprios clientes da região são expostos dia-

riamente. Martins reclama dos fur-tos que os comerciantes sofrem por usuários de drogas que buscam de alguma forma um sustento para o seu vício. Ele diz nunca ter sido as-saltado, mas já soube de casos de colegas de trabalho da região que permaneceram com a loja fecha-da por dois dias para instalação de equipamentos de segurança. Mar-tins relata que os usuários de dro-gas fumam no local, deixando um forte cheiro que inibe os clientes.

Quanto à presença de policiais na região, ele também se queixa: “Eles só aparecem após a ocorrên-cia, não vejo policiamento fixo”. Paulo Martins comenta que do-mingo é o melhor dia para traba-lhar, devido ao intenso movimento que a “feirinha” de artesanatos e produtos culturais traz ao local. Ele afirma que casos de assalto ou furtos dificilmente são registrados nesse dia, mesmo porque no do-

mingo há policiamento.O Largo da Ordem também é

muito frequentado durante a sema-na por estudantes que costumam se encontrar em bares e restauran-tes. A estudante de administração Elaine Guedes, de 23 anos, já foi assaltada no local. Segundo ela, o furto ocorreu quando estava indo embora. “Estava com uma amiga, e dois homens armados rouba-ram nossos celulares e o dinheiro que tínhamos”. A jovem elogia o local por ser preservado e limpo, mas faz uma ressalva: “Seguran-ça é tudo, e é com ela que você aproveitará mais o seu passeio e ainda voltará mais vezes”.

CIDADANIA

Falta de segurança no Largo da Ordem preocupa comerciantesSegundo eles, a segurança no local é melhor apenas aos domingos, quando há policiamento por causa da “feirinha” de artesanato

Leonardo Pollis

Capela do Juvevê está abandonadaEzequiel Quister

Não vejo policiamento fixo

Willian Gomes

Willian Gomes

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Número 21 – Julho/Agosto de 20126 MARCO ZERO

TRILHAS DO TEMPO

O calcação da rua XV de Novembro, no centro de Curitiba, completou 40

anos em 2012. Quando ele foi criado, a cidade vivia em meio à polêmica entre a intenção da pre-feitura municipal de devolver um grande trecho da rua aos pedestres e a resistência de comerciantes, alegando que seriam prejudicados quanto às vendas. O então prefeito Jaime Lerner obteve aval da União Internacional dos Arquitetos, que reconheceu o pioneirismo brasilei-ro da humanização urbana. Saem os carros, que dão lugar à escala do homem a pé.

A obra de 1972 marcou pela primeira vez uma posição cole-tiva dos curitibanos, dispostos a discutir a vida urbana, tomando parte das decisões da cidade e to-mando também, mesmo que sim-bolicamente, posse de seu espaço. A missão: construir o primeiro calçadão exclusivo para pedestres do Brasil. No dia seguinte, 20 de maio de 1972, numa manhã de ou-tono cinzenta e úmida, o calçadão foi entregue à população sem festa nem pompa. Sem grande alarde e festanças, nasceu o primeiro calça-dão a céu aberto do Brasil, também conhecido como calçadão da Rua das Flores. O espaço é, com cer-teza, um dos que mais representa a história da capital paranaense. Mas, hoje em dia, quem frequenta o calçadão da Rua XV?

Cada figura, cada estilo e cada jeito que passa por ali representa bem o povo curitibano, afinal, tan-tas culturas, características, etnias e religiões, entre outros fatores, se resumem em uma palavra que descreve a cidade: marcante. Curi-tiba é uma cidade que só existe por causa das marcas que seus habi-tantes deixaram e continuam im-primindo ao longo do tempo. Seus prédios, construções antigas, his-tórias conflituosas, parques, essas características e identidades é que fazem seu diferencial, ou todas as cidades do mundo não passariam

de amontoados de edificações.Andar pela Rua das Flores é

quase uma terapia, seja para com-prar algo, seja para procurar um lugar para comer ou simplesmente para passear. O calçadão é o lugar mais que ideal para quem procura esse tipo de atividade. Com lojas variadas, a rua oferece opções de hotéis, restaurantes, confeitaria,

perfumaria, lojas de brinquedos, roupas, calçados, quinquilharias, utensílios para cozinha, eletrôni-cos do Paraguai. E mais os artistas de rua... enfim, um aglomerado que se espera de uma cidade como Curitiba. Num clima e num ritmo agitado de um dia movimentado, ir ao calcadão da XV de Novem-bro não é para qualquer um. Para

o gerente comercial de shopping Célio Sabino Júnior, de 23 anos, ir ao centro é algo impressionan-te e uma aventura. “Na primeira vez em que fui, quase desmaiei de tanto caminhar. Para passear, é bom, mas é preciso caminhar rápido, nada que bons preços e muitas lojas não compensem”. A comerciante Keila Bruna Souza, de 22 anos, complementa: “Ir ao calçadão é como viajar para outro país, é maravilhoso. Encontro de

tudo lá, tudo que quero e às vezes o que não quero. É fantástico, sur-preendente”.

Há 40 anos, o calçadão curiti-bano vem fazendo história. É tam-bém importante eixo comercial, chega a ser considerado um grande shopping a céu aberto e o ponto de encontro da cidade. O calçadão abriga também a famosa “Boca Maldita”. O local reúne vários grupos, especialmente de homens mais velhos e aposentados. O local tem esse nome por ser um tradicio-nal espaço de encontro para dis-cussão dos mais variados assunto.

Toda cidade procura uma iden-tidade, e a de Curitiba está princi-palmente no calçadão, o coração da cidade. Ela não é feita somente de belas projeções arquitetônicas e de paisagismo, mas principalmen-te de pessoas que possam ter o pra-zer de dizer: isto é tudo nosso!

Renato Cruz

O belo e emblemático calçadão da rua XV de Novembro tornou-se um caminho que encanta moradores e visitantes da cidade há 40 anos

“Curitiba é uma cidade que só existe por causa das marcas que seus habitantes deixaram”

A Rua XV de Novembro, em horário comercial, no trecho do calçadão que completou 40 anos: movimento intenso de pedestres no coração da cidade

No calçadão da Rua XV de Novembro, desenho em foma de araucária no petit-pavé

Marcas em petit-pavé

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Número 21 – Julho/Agosto de 2012 7MARCO ZERO

Inaugurado em 1972 e caracterís-tico como paisagem de Curitiba, o calçadão da Rua XV de No-

vembro é um ponto indispensável para os turistas e caminho diário de muitas pessoas que moram na cidade. Com um quilômetro de ex-tensão e circulação exclusiva para pedestres, é fácil achar ali tudo de que se precisa: livrarias, restauran-tes, cafés, lojas de roupas e ban-cos. Aos sábados pela manhã, o calçadão recebe os artistas de rua, que expõem e vendem seus tra-balhos para quem tiver interesse. Todos precisam de liberação da prefeitura para estar ali e passam por um processo de seleção feito pela Fundação Cultural de Curiti-ba, que avalia os trabalhos.

O artista plástico carioca Ju-lio Ferreira está na rua XV há 25 anos, com seus quadros, todos os sábados. Sua técnica é pintura em tela com giz de cera. Ele conta que já teve seus trabalhos vendidos e expostos em vários países. “No ano passado, minhas obras foram para o Japão e para a França”, diz. O artista comenta que não pode ir a outros países porque ainda fal-ta muito incentivo financeiro aos artistas no Brasil. Quando veio do Rio de Janeiro para Curitiba, sua intenção era apenas ajudar em uma ação beneficente que consis-tia em trocar seus quadros por do-ações de materiais de construção para construir uma escola em um bairro carente. Mas Julio gostou tanto de Curitiba que resolveu fi-car por aqui e viver da sua arte. Suas obras retratam, com cores vibrantes e traços fortes, a cultura brasileira, a mistura das raças e a alegria do povo. “Um artista tem o dom divino da criação, tem que ser original”, argumenta.

A engenheira química Maria Taiko, que largou a profissão para se dedicar à tapeçaria e às escultu-ras há 34 anos, também expõe na Rua XV, há um ano. Seu trabalho é feito com sisal em tear primiti-

vo. As peças têm tridimensiona-lidade e passam a impressão de movimento ao observador. “Hoje, trabalho com que eu gosto, com o que me dá prazer, e consigo me manter bem com isso”

Ao passar pelo Palácio Ave-nida, as pessoas também podem encontrar Jean Carlos (nome artís-tico), sentado com suas cartas de tarot arrumadas sobre um lenço no chão da XV. Ele é analista de sistemas por profissão, mas exerce a função de tarólogo, astrólogo e escritor nos finais de semana. “A rua é o lugar em que você se torna um tarólogo de verdade, tem con-tato com as pessoas, exerce a in-

tuição”. Não faz muito tempo que ele escolheu esse ponto para traba-lhar, mas afirma estar feliz com o interesse das pessoas.

Além desses personagens, ainda pode-se ver o artista que faz caricaturas, a senhora que cria quadros com folhas secas, o rapaz que desenha paisagens com areia, o anônimo que alegra as crianças vestido de homem--aranha e os famosos palhaços “sombras”, que imitam todos que passam. É também por isso que o calçadão da Rua XV de Novem-bro completou 40 anos e conti-nua sendo referência turística na capital paranaense.

Raíssa Domingues

Magia e arte misturam-se entre os transeuntes no calçadão da RuaXV de Novembro, trecho também conhecido como Rua das Flores

Uma rua feita de artes

Julio Ferreira: “Um artista tem o dom divino da criação, tem que ser criativo” Para Maria Taiko , trabalhar com o que gosta é essencial.

Para Jean Carlos, é na rua que ele se torna um tarólogo de verdade

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Número 21 – Julho/Agosto de 20128 MARCO ZERO

Orkut, Twitter e Facebook ainda estão entre as principais redes sociais do Brasil, onde 50 milhões de pessoas são usuárias da rede criada por Mark Zuckerberg

ESPECIAL

A chave virtual da amizade contemporânea

O que você faz primeiro ao entrar na internet? Checa os emails, visita o

Facebook, dá uma atualizada no Twitter, conversa com um cole-ga no MSN, compartilha algo no Pinterest ou checa as comunida-des do Orkut? Se faz isso, você não está sozinho. Estudos mos-tram que interagir com pessoas é um dos principais motivos pelo qual ficamos horas conectados. Só no Brasil, são cerca de 50 mi-lhões de usuários que desfrutam das multifunções do Facebook, conforme dados do site de pes-quisas Social Bakers.

No início de maio, o Brasil ultrapassou a Índia e se tornou o segundo maior país na rede social de Mark Zuckerberg. Talvez seja por isso que a revista Superinte-ressante apontou a internet como “a ferramenta mais poderosa no que diz respeito à amizade”. Es-tamos conhecendo mais gente em menos tempo. Mas será que isso, ao invés de melhorar nossa rela-ção pessoal, não acaba realizando o contrário? Será que estamos es-quecendo como é fazer amizades no mundo off-line?

O cientista norte-americano Robert Putnan, professor na Uni-versidade de Harvard, publicou uma tese afirmando que sim, pois estamos esquecendo de nos rela-cionar no “mundo real”.

Indo no sentido contrário a essa ideia, outra pesquisa, da universidade de Toronto, provou o contrário, afirmando que esta-mos fazendo mais amigos com a internet, tanto dentro quanto fora dela. Mesmo com tantos pontos de vista, uma coisa é certa: as redes sociais estão mudando o modo como desenvolvermos nos-sas amizades.

Para o estudante Jônatas Lu-cas, de 18 anos, a internet ajuda nas amizades pelo simples fato de se poder estar sempre em conta-to com os amigos: “É uma forma fácil de conhecer pessoas novas e

fortalecer as amizades, e o Twitter é a forma mais rápida de agir as-sim”, justifica.

O Twitter, uma espécie de mi-croblog que já está solidificado como a rede social com maior poder de divulgação, além de di-minuir a distância entre amigos, aproxima também um mero fã de seu ídolo de um modo surpreen-dente. Ou seja, antes amizades que eram consideradas quase im-possíveis de se concretizarem es-tão se tornando realidade e podem estar acontecendo agora mesmo.

Segundo dados divulgados pelo Twitter, são feitos em média 3.000 tweets (nome dado para as

publicações de 140 caracteres dos usuários) por segundo.

Mas então é só seguir alguém no Twitter, adicionar tal pessoa no Facebook e pronto, somos ami-gos? Não é bem assim. Raramente a internet gera amizades instantâ-neas, exatamente como acontece no mundo real. Um caso especí-fico é o da estudante Janaína dos Santos, que conheceu seu atual namorado pelo Twitter: “Surgiu a amizade, trocávamos conversas, olhávamos os tweets um do outro, e com o tempo foi ficando mais forte.” Mas ela também vê um ponto negativo para as redes so-ciais: as indiretas. “Já fiz indireta”,

Natanael Chimendes

Entre os compartilhamentos on-line, surge a questão: como as redes sociais estão afetando as relações humanas de hoje?

O estudante Jônatas Lucas encontra no Twitter uma forma de conhecer novas pessoas

Foto: Natanael Lucas

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Número 21 – Julho/Agosto de 2012 9MARCO ZERO

Orkut, Twitter e Facebook ainda estão entre as principais redes sociais do Brasil, onde 50 milhões de pessoas são usuárias da rede criada por Mark Zuckerberg

A chave virtual da amizade contemporâneaEntre os compartilhamentos on-line, surge a questão: como as redes sociais estão afetando as relações humanas de hoje?

confessa. “O problema é que você quer alcançar somente uma pes-soa, mas acaba atingindo várias”.

Qual é o limite?

Mas e quando a indireta ul-trapassa o limite? Aquelas frases criptografadas geralmente são o principal motivo de enfraqueci-mento das amizades virtuais. Para a blogueira Bia Bonduki, é um “mico” quando alguém fica lendo as indiretas das suas amigas na ti-meline: “A minha primeira vonta-de é dar um chacoalhão em quem lança mão dessa prática”, afirma.

Mas não são apenas as indiretas que tornam as redes mais irritan-

tes, outro ponto interessante é a fácil exposição da vida. No Face-book, não muito recentemente, foi implantada uma “linha do tempo” na qual praticamente toda a vida do usuário vira um diário on-line cheio de fotos, marcações e inte-resses. Claro que é possível con-trolar quem visualiza tudo, mas, mesmo assim, alguma parcela da vida do usuário fica à vista de to-dos, e isso pode ou não facilitar a criação de uma nova amizade.

Para o jornalista Guilherme Sell, especializado em redes so-ciais, as “redes sociais influen-ciam sim a vida das pessoas”. Isso acontece por diversos fato-res externos, como a violência, novas relações sociais, pessoais

e profissionais. “Por outro lado, a liberdade de expressão, comu-nicação e ideias ainda não é bem interpretada para muitos” afirma, ressaltando que o impacto coleti-vo de opiniões é inevitável den-tro de um campo em que todos possuem o direito de falar livre-mente. Isso, defende ele, seria um benefício para as relações sociais, que se fortaleceriam e cresceriam mutuamente, ou seja, teríamos cada vez mais amigos.

Janile Ramos

Em 2011, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tratou da questão da “amizade pós-moder-na”. O tema já havia sido abordado pela revista Superinteressante em matéria sobre as mudanças que as redes sociais vêm desencadeando nas for-mas de amizade.

Há alguns anos, as amizades eram bem mais “restritas”, ou seja, alguém conhecia uma pessoa, e, com o tempo, a amizade surgia. Hoje, as coisas sãodiferentes. Com o aumento do uso das redes sociais, a distância deixou de ser um problema, e a quantidade de amigos que as pessoas têm vem crescendo cada vez mais.

Mas será que a amizade que começou no Fa-cebook é tão sólida quanto aquela que começou em algum ambiente da vida real? Ou as amiza-des virtuais são superficiais? Tudo indica que as amizades que começam em redes sociais tendem a ser mais fracas, pois formam-se entre pessoas que navegam no mesmo ambiente virtual, mas muitas vezes gostam de coisas completamente diferentes. O lado positivo é que os amigos ficamos abertos e expostos a coisas novas que talvez nunca viessem a conhecer se não fosse aquela pessoa conhecida nas redes sociais.

A amizade pós-moderna é dividida entre “ami-zade assimétrica” e “amizade simétrica”. A ami-

zade assimétrica é concebida através de redes sociais em que os usuários não precisam de auto-rização para ter acesso ao conteúdo do perfil de outra pessoa. Um bom exemplo é o Twitter, no qual as pessoas seguem umas às outras e não é necessário fazer uma solicitação de amizade para isso. O lado positivo é que dessa forma pode-se conhecer muito mais pessoas. No entanto, o vín-culo de amizade pode não se solidificar, pois a comunicação é muito mais pública.

Já a amizade simétrica é aquela em que é ne-cessária uma permissão, ou seja, a confirmação de amizade para ter acesso ao conteúdo do perfil de outras pessoas. Esse método dá ao usuário cer-ta privacidade, pois ele escolhe quem vai poder ter acesso a suas informações. Porém, a possibi-lidade de conhecer gente nova fica reduzida. Esse é o caso de redes como Orkut, Facebook e Linke-din, entre outras.

A internet e os novos comportamentos vêm transformando a sociedade e também as formas de se fazer e manter as amizades, mas uma coisa é certa: seja virtual ou real, ter amigos é uma ne-cessidade humana.

Nesse caso, as redes sociais têm diversos pon-tos benéficos. Estamos cada vez mais conecta-dos, tanto on-line quanto off-line, com mais pes-soas e situações.

Amizade pós-moderna: a influência das

redes sociais na forma de se fazer amigos

Estamos conhecendo mais gente em menos tempo

Foto: Janile Ramos

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Número 21 – Julho/Agosto de 201210 MARCO ZERO

Muitos são os animais que fazem das ruas de Curiti-ba o seu lar. Animais que

um dia tiveram alimento e água e, acima de tudo, desfrutavam do carinho de seus proprietários de repente viram-se abandonados. De acordo com o dicionário Aurélio, a palavra “estimar” significa apre-ciar, amar, reverenciar, prezar. En-tão, o que leva algumas pessoas a abandonarem ou maltratarem seus animais de “estimação”?

Estudos realizados pela Uni-versidade Federal do Paraná (UFPR) indicam que a maioria dos cães que estão nas ruas são, na verdade, cães semidomicilia-dos, ou seja, possuem uma resi-dência, um responsável, porém, acessam a rua livremente.

A realidade que a Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (Spac) vive hoje é alarmante. Se-gundo a médica veterinária Cris-tiane Benelli Matiollo, voluntária da organização, estão abrigados naquele local aproximadamente mil animais. Ela conta que mui-tas vezes as pessoas abandonam os bichos em frente ao abrigo em sacos de lixo ou na lixeira. Com a superlotação do local, a Spac só recebe animais vítimas de maus tratos ou muito doentes, pois não há espaço físico para abrigar ani-mais em bom estado, mas que chegam com viroses e podem contaminar os outros.

Segundo a Secretaria do Meio Ambiente de Curitiba (SMMA), o trabalho realizado pela prefeitura

da cidade fica por conta do Centro de Controle de Zoonoses e Vetores (CCZV) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), antes conhecido como Canil Municipal. Hoje, situ-ado na Cidade Industrial de Curiti-ba, faz somente o recolhimento de cães de raças consideradas agressi-vas ou com peso superior a 20 qui-los que estejam atacando pessoas em vias públicas. O recolhimento é feito pela Guarda Municipal, por meio de ligações telefônicas para o número 156.

Os animais recolhidos tanto na Spac quanto na CCZV estão à dis-posição para serem adotados. “No CCZV, ficam disponíveis por dez dias para resgate pelo proprietá-rio. Após esse período, são ava-liados por médicos veterinários e, se não possuem comportamen-to agressivo, são encaminhados para adoção”, explica Simone. Na Spac, para frazer a adoção, se-gundo Cristiane Matiollo, o inte-ressado precisa apresentar um do-cumento com foto e comprovante de residência. Ela preenche um termo de adoção comprometen-

do-se a castrar o animal, caso ele ainda não seja castrado, e ofere-cer cuidados como água, comida e atendimento veterinário. “O ter-mo fica na organização para fazer o acompanhamento após a adoção para ver se o animal se adaptou e se a pessoa está cuidando bem”, explica Cristiane.

Hoje, com a internet, existem também muitas ONGs com pes-soas dispostas a ajudar os animais que se encontram abandonados. É o caso da estudante de publici-dade Aline Aparecida, que reco-lhe animais vítimas de abandono em sua residência e, em seguida, divulga fotos na internet para adoção. Desde sua iniciativa, há sete meses, foram 25 animais que encontraram um novo lar. “Contei também com a ajuda da protetora Silvana Miranda e da organização contra cachor-ros abandonados Tomba-Latas”. Para ela, a maior realização em fazer esse trabalho é ver a situa-ção do animal antes e depois. “É um sentimento muito bom”, co-menta Aline.

CIDADANIA

Animais que um dia tiveram toda a atenção de seusproprietários hoje vivem abandonados nas ruas de Curitiba

Quando a estima dálugar ao abandono

Maria Luiza Okoinski

“Eu acho que o abandono de animais é um crime e que a pessoa não tem sentimentos e coração, pois o animal não pediu para estar com aquela pessoa, geralmente a pessoa busca ter o animal”. Giane Silva (bióloga)

“As pessoas esquecem que o animal é um ser vivo e o tratam como uma mercadoria qualquer, como se pudessem ficar um tempo e depois jogá--lo fora. Puro consumismo”.Elu Patrícia (professora)

“Deus ama todos os seres igual, para ele não há di-ferença entre um ser humano e uma planta. Ama tudo que criou! Portanto, se essas pessoas fazem isso, é por que não têm consciência do quanto estão pecando. Não há motivo para justificar esse ato”.Elaine Correia Carneiro(operadora de telemarketing)

Eu adotei!

A comerciante Gisele Auer (foto ao lado) aceitou cuidar da cadela Patty quando o antigo dono não a quis mais. Ela conta que, quando o animal chegou, estava com atitudes de quem foi maltratada, ou seja, agressiva e desconfiada. Mas hoje, depois de todo o carinho que rece-beu, Patty está dócil e feliz.

A Sociedade Protetora do Animais de Curitiba, oferece cães e gatos para adoção. No bairro Santa Cândida na rua Sadália Manzon, 140. De Seg. à Sex. das 9h às 12h e das 14h às 21h .Alguns deles, abaixo, estão a sua espera.

Estação-tubo serve de refúgio nos dias de frio para alguns cães

Qual a sua opinião sobre as pessoas que

adquirem um animal e depois o abandonam?

Foto

s: Maria Lu

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Número 21 – Julho/Agosto de 2012 11MARCO ZERO

Nada de tumbas em-poeiradas e mal ilumi-nadas. Tampouco mo-

numentos frios e de aspecto mórbido. Apesar de tudo re-meter a um passado longínquo, Tothmea descansa em um local moderno, bem iluminado, com belos afrescos e hieróglifos que lhe são comuns. Esse local é o Museu Egípcio e Rosacruz, lo-calizado no bairro bacacheri.

Tothmea é uma múmia, úni-co exemplar no Sul do Brasil. Dentre as várias peças que fa-zem parte do acervo do museu, sem dúvida ela é a mais impor-tante e o motivo principal das visitas ao local. Além da mú-mia, o museu abriga réplicas de obras egípcias cujos originais estão espalhadas pelos mais importantes museus do mun-do. São peças que contam um pouco da história egípcia des-de os primeiros períodos dessa civilização que tem sua história contada em milênios.

Cada uma das cinco salas abriga obras que remetem a si-tuações específicas na história do Egito. A primeira diz respeito aos aspectos do poder do faraó e à elite real. Na segunda sala, há objetos que remetem aos aspec-tos da imortalidade da alma, às atividades exercidas pelos egíp-cios e às classes sociais.

Na terceira sala, os aspectos sociais são enfatizados, princi-palmente os ligados a agricul-tura, comércio e tudo que de-pendia do Rio Nilo.

Assim, as navegações e as medidas de segurança tam-bém estão presentes. A quarta e a quinta salas são respecti-vamente a antecâmara e a câ-mara onde está Tothmea. Aqui predominam as pinturas e um mural explicando a trajetória da múmia, desde sua saída do Egito até sua chegada em Curi-tiba, em 1995.

O museu, inaugurado em 17 de outubro de 1990, abriga

permanentemente a exposição Egito Antigo: Cultura e Socie-dade na Terra dos Faraós. Nela, o visitante tem contato com as obras e um pouco da história de cada uma delas.

Devidamente datadas e com um breve relato sobre cada uma delas, a visita torna-se uma aula de história. Não é à toa que boa parte do público que fre-quenta o local é composta por estudantes, que vão em grupos verificar in loco aquilo que foi estudado nos livros.

As visitas são previamente agendadas, conforme explica a responsável pela parte cul-tural da Associação Rosacruz, Vivian Tedardi. Segundo ela, o número de alunos que mensal-mente visitam o espaço chega a 2.000. Os demais visitantes somam em média 300 pessoas.

Importância femininaAlém da exposição perma-

nente, os visitantes podem, des-de 13/06, conhecer a mostra As Mulheres no Egito Antigo, cujo objetivo é demonstrar a impor-

tância feminina na cultura e na sociedade egípcias. Esse tipo de mostra é itinerante e fica disponível por tempo limitado.

As pessoas que visitam o museu são oriundas da vizi-nhança e mesmo de fora da cidade. Iverson de Lara, de 31 anos, faz parte do grupo de pessoas que teve seu primei-ro contato com o museu ainda criança. Ele diz que tem boas lembranças de quando visitou o local com o grupo da escola. “Hoje em dia, as escolas já não fazem mais esses passeios com os alunos. A escola da minha fi-lha, por exemplo, é aqui perto, e nunca vieram aqui”, desabafa.

Já para André Monteiro, tam-bém de 31 anos, que é de Para-naguá-PR, a visita ao museu foi indicação de um amigo. “Fiquei sabendo por um colega e resolvi fazer uma visita”, conta.

Outras pessoas simplesmen-te visitam o local por curiosi-

dade, já que moram perto e não sabem exatamente o que há no museu, como explica Rodrigo Guedes, de 40 anos: “Passa-mos por aqui frequentemente, porém, somente hoje consegui-mos um tempinho para visitar”.

O complexo onde está insta-lado o museu pertence à Ordem Rosacruz. É difícil não se impres-sionar pelo conjunto arquitetôni-co e pela riqueza da decoração egípcia do local, que compreen-de, além do museu, a Biblioteca de Alexandria, o Auditório H. Spencer Lewis e o Espaço Cultu-ral Francis Bacon.

Durante a semana, há pro-gramação aberta ao público, e os espaços são abertos para visitação de acordo com os ho-rários e dias estabelecidos. Há ainda um jardim cuja estrutura também permite ao visitante ter contato com a natureza, bem como um local para meditação e contemplação.

Um pedacinho do Egito Tothmea é uma hóspede milenar do Museu Egípcio Rosa Cruz, no bairro Bacacheri, em Curitiba

Ezequiel Quister

Tothmea foi descoberta em Tebas, no Egito, na segunda metade do século XIX

As cinco salas do Museu Rosacruz, incluindo aquela onde está localizada a múmia Tothmea, remetem à história do Egito

Múmia foi

doada ao museu

em 95

Ela foi descoberta em Tebas, no Egito, na segun-da metade do século XIX. Não se sabe ao certo seu nome. Algumas fontes re-latam que no seu ataúde estava escrito “Tothmea” e que ela teria se dedicado ao serviço da deusa Ísis. Ela foi doada ao Museu Smithsonian, dos Estados Unidos, em 1886.

Depois de passar alguns anos em diversos museus nos EUA, em 1987, o Mu-seu Rosacruz de São José adquiriu-a. Após perma-necer guardada por vários anos, em 1995, ela foi do-ada ao Museu Egípcio e Rosacruz.

A antecâmara e a câ-mara funerária onde está Tothmea estão repletas de hieróglifos que con-tam um pouco dos ritos de passagem pelos quais os falecidos passariam. Esses ritos eram todos basea-dos no Livro dos Mortos. Serviço:

Fone: (41) 3351-3024 E-mail:cultural@amorc.

Hoje em dia, as escolas já não fazem mais esses passeios com os alunos. A escola da minha filha, por exemplo, é aqui perto e nunca vieram aqui

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Número 21 – Julho/Agosto de 201212 MARCO ZERO

Em clima descontraído e de expectativa, no último dia 13 de junho, os alunos do

Centro Universitário Uninter fo-ram premiados no 17º Prêmio Sangue Novo no Jornalismo Pa-ranaense, promovido pelo Sindi-cato dos Jornalistas Profissionais do Paraná. A cerimônia de pre-miação aconteceu no Grande Au-ditório do Canal da Música.

O total de alunos participantes desta edição do Sangue Novo foi de 916 em todo o Paraná. A insti-tuição com mais trabalhos inscri-

tos foi a UniBrasil (46), seguida do Uninter (45) e da Universidade Positivo (43), todas de Curitiba.

O Uninter ficou em segundo lu-gar no número de prêmios (sete) e mostrou também muita animação e entrosamento entre alunos e pro-fessores. Desta vez, a instituição ganhou mais que o dobro de prê-mios em relação a 2011.

Ronaldo de Freitas, ganhador do primeiro lugar na categoria Relevância Social, diz que foi uma boa surpresa e que ele ficou especialmente contente por ser uma premiação voltada para a área social, da qualaprendeu a gostar durante o curso, pois antes nunca tivera interesse pela área.

As interpretações e encena-ções de diferentes histórias da dramaturgia, muitas ve-

zes acompanhadas do improviso em cima dos palcos, tem um obje-tivo: passar um sentimento, uma surpresa, risos e lágrimas. Mas e para os próprios atores, qual o maior benefício de atuar nos pal-cos?

De acordo com a atriz Daph-ne Garcez, existem vários pontos positivos na carreira artística. Segundo a atriz, uma delas é que atuar faz com que a pessoa trate a vida de forma mais simples, tra-balhando os contratempos do co-tidiano com mais facilidade. “O teatro ajuda a lidar com proble-mas do dia a dia de maneira mais fácil”, afirma.

Para Daphne, o mercado ar-tístico na capital paranaense vem crescendo gradativamente, tanto no ramo teatral quanto no tele-visivo. “Hoje em dia, existem muitos atores e atrizes fazendo sucesso que saíram de escolas curitibanas. Isso faz com que o nosso espaço aumente no âmbito nacional”, comenta.

No entanto, para a atriz e apre-

sentadora Suellen Alves, existe um grande preconceito com o ofício de atuar: “As pessoas asso-ciam interpretação com falsidade e não têm a mínima ideia de to-das as dificuldades da profissão”, reclama. Ela comenta, também, que em muitos casos a profissão não é tão bem vista: “Existe uma falta de informação enorme com relação à atuação. Os atores são vistos muitas vezes como pessoas promiscuas, e nem todos conse-guem separar a figura do ator e a do personagem”.

Entretanto, a atriz Rosana Bueno, que há seis anos vive do teatro, diz que a vida longe dos palcos nem sempre é tão fácil quanto parece. Ela comenta que, assim como em todas as profis-sões, é necessário disciplina, em-penho e concentração para de-corar textos. “As pessoas acham que pelo fato de trabalharmos com a dramaturgia o nosso coti-diano é igual ao que se passa em cima dos tablados. E realmente não é”, salienta.

Rosana afirma, ainda, que vale a pena trocar o cinema por um te-atro de vez em quando: “Teatro tem mais vida. Tudo está aconte-cendo na sua frente. E tem a ener-gia da plateia. Você pode assistir

Tratamento para corpo e almaAtrizes falam sobre os desafios e alegrias da arte teatral

Keity Marques

Claudia Bilobran

Jornalismo do Uninter leva sete prêmios no Sangue Classificação dos premiados

RELEVÂNCIA SOCIAL

1º Lugar: “O Comunitário nas Rádios

Comunitárias de Curitiba”, de Ronaldo

Paula de Freitas, aluno do 4º ano, orienta-

do pela professora Nívea Bona

3º Lugar: “As influências do fotojor-

nalismo e do cinema documentário sobre

os habitantes de Cerro Branco-RS”, de

Alexandre Gasparini, aluno do 4º ano,

orientado pela professora Nívea Bona.

FOTOJORNALISMO

2º Lugar: “Seu Espaço, Nosso Lu-

gar”, de Larissa Glass, aluna do 4º ano,

orientado pelo professor Roberto Nicolato.

3º Lugar: “Pau Para Toda Obra

Sim”, de Claudia Bilobran, aluna do 3º

ano, orientada pelo professor Roberto

Nicolato.

MONOGRAFIA

2º Lugar: “O Paraná Que Quere-

mos e a Revitalização da Esfera Públi-

ca”, de Alexsandro Teixeira Ribeiro,

aluno do 4º ano, orientado pela profes-

sora Nívea Bona.

TELEJORNAL-LABORATÓRIO

3º Lugar: “Jornal Brasil Repórter”,

de alunos do 3º e 4º anos, orientados pe-

las professoras Josiany Vieira e Viviane

Rodrigues.

JORNAL-LABORATÓRIO

3º Lugar: “Jornal Marco Zero”, de

alunos do 2º, 3º e 4º anos, orientados pe-

los professores Roberto Nicolato e Tomás

Eon Barreiros.

Suellen Alves: ainda existe

preconceito e relação ao

trabalho de atores e atrizes

CULTURA

Alunos e professores comemoram as

conquistas no Canal da Música

DivulgaçãoDivulgação

Divulgação

Fotos: Alexandre Gasparini

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Número 21 – Julho/Agosto de 2012 13MARCO ZERO

A volta do bolachãoBar de Curitiba reúne público variado para curtir o som do velho vinil

Cintia Silva

ATrajano Reis é uma rua curitibana que recebe pes-soas de todas as idades e de

todas as tribos. Na casa de núme-ro 335, pode-se enxergar a placa que traz o nome “92 Rock Café”. Caminhando mais um pouco, é

possível ver uma lousa pendurada na entrada, daquelas que remete aos famosos botecos. Em vez dos preços das bebidas, destacam-se letras escritas com giz colorido formando as palavras “Quarta do Vinil”.

O vinil surgiu na década de 1940, espalhando os clássicos da música pelos toca-discos de todo o país. O “bolachão”, como era chamado carinhosamente, ficou cerca de 40 anos ao lado do rá-dio, sendo companheiro dos en-tusiastas da música. Na década de 80, começou a ser comerciali-zado o compact disk, o conhecido CD. Com formato menor, tinha maior capacidade de armazena-mento e manuseio mais simples. Muitos dizem que o CD decretou o fim do vinil, mas isso não é verdade. O vinil apenas ficou es-quecido, guardado em caixas em cima do guarda-roupa.

Graças a pessoas que nunca esqueceram o “bolachão”, ele voltou. Um dos responsáveis pelo seu retorno aos bares de Curitiba foi Vinícius Franch, ide-alizador do projeto Vinil Velho e Raridades. Tudo começou em um blog que ele manteve por al-gum tempo, mas que foi perden-do espaço para outras atividades que Vinicius realizava envolven-do os discos.

O nome dado ao blog foi mantido na nova empreitada do projeto que promove bazares e eventos nos quais o vinil é o foco principal . “As festas surgiram como consequência da divulga-ção dos materiais que eu vendo. Fui mostrando e procurando lo-cais para fazer um bazar. Junto com o bazar, veio a ideia da trilha sonora, do som de vinil dos ami-gos, das festas...” conta Vinícius.

Ele cresceu ouvindo seus vi-

nis infantis e presenciou todo o processo de troca desse forma-to pelo CD. “Na minha adoles-cência, durante a mudança do vinil para o CD, meu pai se des-fez do toca-discos e de todos os nossos bolachões. Eu não gos-tei nada daquilo. Anos depois, comecei a comprar vinil, mes-mo sem ter como ouvi-los. Daí a coisa toda foi indo até os dias de hoje.”

Qual som é o melhor?Com a volta do vinil, uma

dúvida ressurgiu: qual é me-lhor em questão de qualidade

de som? O CD ou o vinil? Alguns dizem que o CD é melhor, pois seu fácil armazenamento evita que ele se estrague, risque ou perca qualidade. Outros afir-mam que escutar som em vinil é uma experiência única que o CD não proporciona.

Para Tiago Chacon, sócio de Vinícius no Vinil Velho e Rari-dades, isso continua sendo um tabu: “Ninguém consegue con-firmar nada, mas o problema do CD é que ele perde registros por ser gravado digitalmente. O som do vinil é produzido fisicamente. Você pode ligar uma vitrola sem as caixas de som e se chegar per-to da agulha vai ouvir umas pe-quenas vibrações. As pessoas di-zem que o vinil é mais vivo”. Mas Vinícius deixa clara a sua prefe-rência pelo disco. “É um material que eu gosto de manusear, de ouvir, de olhar, de cheirar. É uma completa obra de arte! O som, o tamanho, as cores, os formatos, o material… São melhores que qualquer coisa que já se tenha criado para armazenar música.”

A estrela da festa

A “Quarta do Vinil”, evento realizado no 92 Rock Café desde o início deste ano, vem recebendo pessoas de todas as ida-des que têm um interesse em comum: ouvir o som dos “bo-lachões”. “O público jovem consome muito vinil. As pessoas que nasceram na década de 90 estão descobrindo esse forma-to atualmente e ficam espantadas, do mesmo modo como nós ficávamos ao ver uma tecnologia antiga”, conta Vinícius.

No evento, pode-se ouvir Chico Buarque, Tim Maia, Cae-tano Veloso, Gal Costa, BB King... Todos os grandes nomes da música que gravaram suas vozes no vinil. O ambiente é acon-chegante, as pessoas dançam, cantam, conversam, parecem to-dos amigos de longa data, sorriem e tomam suas cervejas e se emocionam ao som do “bolachão”.

Nas paredes do bar, estão quadros que remetem à cultura dos anos 60 e 70, um varal com pôsteres onde estão estam-pados os rostos de Jim Morrison, Greatful Dead, Frank Zappa. Todos eles estão à venda para que os participantes possam levar para casa um pedacinho do Vinil Velho e Raridades, que também comercializa os vinis.

Os participantes da Quarta do Vinil também podem levar seus discos favoritos, que serão tocados pelo DJ da noite. Ou-tros bares do São Francisco também estão usando o vinil como estrela da noite, como o Blues Velvet e o Olds Pub. O 92 Rock Café fecha suas portas por volta das duas da manhã, e seus participantes saem do bar com o som do vinil ecoando em seus ouvidos, ou, talvez, em seus corações.

Vinícius conta que a escassez de coisas boas e duradouras é um dos motivos para o vinil ter voltado ao gosto das pessoas. “O mundo virtual é muito frágil. Os arquivos digitais não têm graça como artigos de coleção, pois são frios, sem cor, sem for-ma, não existem fisicamente, portanto, não podem ser tocados. O vinil pode ser tocado, e aquilo que é feito com as mãos é mais emocionante, todo o processo é um ritual. Quantas pessoas to-caram em vinis que existem há tantas décadas? Quantas delas se emocionaram? Em que lugares e de que maneira eles foram executados? É muita coisa interessante guardada nesses itens! Não é pra qualquer um.”

. Graças a pessoas que nunca esqueceram o bolachão, ele retornou

São melhores que qualquer outra coisa que já se tenha criado para armazenar música

CULTURA

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Em um ambiente aconchegante, as pessoas dançam, cantam e se divertem a valer ao som do bolachão. Muitos trazem o seu vinil preferido.

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Número 21 – Julho/Agosto de 201214 MARCO ZERO

CULTURA

Stand up comedy é um es-petáculo de humor feito por apenas um comediante. Há

diferenças entre humoristas do stand up e de outros estilos, como o contador de piadas ou o one man show, que são gêneros semelhan-tes, mas que abordam outros temas e estilos. No stand up, os textos são sempre originais, quase tudo pode ser usado na hora da piada. Trabalhando com elmentos do dia a dia, o stand up é um humor livre, no qual os comediantes falam o que pensam.

O humorista curitibano Thiago Souza pratica esse estilo há qua-tro anos. Para ele, fazer stand up é dar sua opinião, falar tudo o que pensa, identificar-se com coisas que acontecem com ele mesmo e que geram identificação em quem está assistindo. “Às vezes, a gente fala algo no palco que muita gen-te gostaria de dizer”, afirma. Ele conta que fazer esse tipo de humor a princípio foi complicado para ele, que sempre foi muito tími-do. Porém, nas conversas com os amigos, mostrava-se extrovertido, fazendo piadas e falando sobre al-guns temas de forma divertida, o que agradava a todos e provocava risos. Até que, certo dia, um pro-fessor atentou para esse detalhe de sua personalidade e incentivou-o a tirar proveito da sua habilidade de divertir o público usando o im-proviso. Thiago resolveu arriscar, seguir a sugestão e gostou. A pla-teia aprovou, e ele fez da sua apti-dão a sua profissão há quatro anos. A renda de um comediante não é grande. Thiago sobrevive apenas dos shows e, muitas vezes, preci-sa da ajuda da família. Ele conta que tem bom retorno financeiro. É uma batalha, mas há chance de viver disso.

Thiago cometa que, dentro do humor-espetáculo, há regras, li-

mites que devem ser respeitados: “Nem todos sabem, mas houve um período no ano passado em que os comediantes foram proibidos de fazer piadas com temas políti-cos”. Isso, segundo ele, fez com que os apresentadores de televisão e comediantes de diversos estilos se revoltassem, pois aqueles que fizessem piada de algum político ou de tema político seriam passí-veis de uma multa de até 100 mil reais, o que era uma forma calada de censura.

Felizmente, o fato já é passado, e hoje os humoristas têm liberdade para usar qualquer tema durante o espetáculo. O humorista diz que o stand up é o show do momento. Aqueles que gostam fazem coro no auditório, e os que ainda não tiveram a feliz oportunidade de assistir a esse tipo de comédia não sabem o que estão perdendo.

Quem assiste ao stand up gosta de um humor crítico, como Thiago salienta: “Muitas vezes, a plateia cobra do humorista constantes pia-das sobre políticos, deficientes ou gays, mas ele gosta de ter liberda-de nos temas que aborda, embora o público cobre hoje um compor-tamento politicamente incorreto, pois apenas ser engraçado não é o suficiente”. Esses temas são sem-pre abordados por ele, mas não

como obrigação; de acordo com Thiago, tem que ser algo que flua naturalmente.

Thiago chama a atenção para o fato de as pessoas às vezes confun-direm o personagem com o artista, achando que tudo o que ele fala no palco é sua opinião e não apenas uma piada. “Ainda existe a fal-sa impressão que o humorista de stand up não está trabalhando, mas apenas se divertindo”, explica. O stand up é um trabalho, o produto vendido é a diversão.

O comediante afirma que con-tinua tímido, embora no palco isto não ocorra, até pelo fato de que, quanto maior o público, mais fa-cilmente ele conduz o espetáculo, confirmando a tese de que o artista transforma-se no palco e passa a viver o seu papel, esquecendo seu verdadeiro eu.

Tamyres Barbosa

Stand up comedy vira uma mania O comediante curitibano Thiago Souza fala sobre o espetáculo que virou moda

Thiago apresenta-se no Curitiba Comedy Club, na Rua Mateus Leme, 2.467, em Curitiba

Ainda existe a falsa impressão que o humorista de stand up não está trabalhando

Não acredito que vou me mudar. Vejo caixas de pa-pelão pelo apartamento.

Cada uma delas contém objetos premiados a irem junto. O que é considerado entulho vai para a li-xeira, e de lá para a morte.

Moro há tanto tempo no mes-mo lugar que mal posso acreditar quando repito em minha mente es-tas estranhas palavrinhas: “eu vou me mudar”.

É, vou sair daqui. Aqui, onde as paredes já têm musgos. Ainda não tive coragem de contar para meu quarto que logo ele terá outro dono (ou dona).

Até mesmo da paisagem da ja-nela do meu quarto sentirei falta; falta de paisagem, melhor dizendo, pois há tempos que o prédio onde moro foi cercado por outros pré-dios, e a paisagem de um é a janela do outro.

Descobri que não tenho alma cigana. Gosto de criar raízes em algum lugar, o que não signifi-ca que eu não ame viajar por aí... mas as estradas são sempre mais agradáveis quando você sabe que seu lar está esperando do jeito que você deixou, com cada imperfei-ção no seu devido lugar. Depois você percebe que nem teria como ser diferente.

Desperto em minha cama pela última vez. Demoro-me a levantar. Amanhã, vou acordar em um lugar diferente. Nem melhor, nem pior. Diferente.

Moro aqui desde criança. Aqui, vi muita coisa acontecer. Boas e ruins, mas isso não tem a ver com o lugar e sim com a vida.

As paredes do meu quarto são testemunhas silenciosas de muita

coisa. Quase tudo o que escrevi até hoje, foi dentro deste quarto. Aqui tive meus brinquedos, aqui cresci e guardei-os numa caixa para sem-pre. Aqui chorei, mas também dei muita risada.

A cada vez que me apaixonei, ficava de bobeira deitado na cama, olhando para este teto e pensando nos olhos de cada uma delas.

Foi na janela deste quarto que muitas vezes eu briguei com Deus. Depois pedi desculpas. Daí briguei de novo. E desacreditei. E amei. E pedi perdão. Tudo nesta janela, que não vou levar comigo. Vou ter que bater boca com Deus em outra janela.

Encaixotando minhas tranquei-ras para a mudança, remexendo em velhos fantasmas, percebo o quan-to eu também mudei. Mudei sem sair do lugar. Viajei por lugares a que não ouso ir de olhos abertos...

Mas depois eu voltava para cá. Minha casa. Meu lar. E agora es-tou indo embora, deixando tudo para trás. Vou empacotar apenas as lembranças mais doces. As outras que fiquem aqui e nunca mais me alcancem.

Sei que parece bobagem. São apenas tijolos, afinal. É que tenho a sensação de que uma vida toda se passou neste lugar, e ir embora não é fácil.

Daqui a alguns dias, outras pes-soas estarão morando aqui. Não será mais meu lar. Não terá ne-nhum rastro meu, nenhuma dica, nenhuma pista, nada que remeta à menor alusão de que algum dia, em algum tempo, uma vida passou por aqui.

Levo agora meu corpo, mudo minhas células encaixotadas e mi-nha essência de carbono para lon-ge daqui.

Um dia, quem sabe, meu espíri-to me acompanhará.

Dia de mudançaCRÔNICA

Diego Gianni

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Número 21 – Julho/Agosto de 2012 15MARCO ZERO

CULTURA

Clarissa Brandolff

O inverno já chegou a Curi-tiba, e isso significa que é hora de iniciar a lista qui-

lométrica de programas caseiros para serem realizados com chuva e frio. Assim, segue uma dica de seriado que pode agradar aos mais diferentes gostos. Estou falando de Grey’s Anatomy, série lançada em 2005 que acabou de finalizar sua oitava temporada nos Estados Unidos. Isso mesmo: oito tempo-radas significam oito anos de du-ração. Para um programa de tele-visão sobreviver por mais de oito anos (a série foi renovada para sua nona temporada, a começar em se-tembro), ele tem que ser bom e ter um nível de audiência alto. Grey’s Anatomy é sim um seriado muito bom e faz jus ao sucesso que con-seguiu ao longo do tempo.

A história se passa no Hospital Seattle Grace, onde um grupo de médicos tenta equilibrar as exigên-cias da carreira de cirurgiões com suas vidas pessoais. Pode parecer um enredo raso, mas a verdade é que a série consegue traçar ótimos paralelos entre as dificuldades vi-vidas pelos personagens principais e os casos médicos que passam diariamente pelo hospital, dando margem para tramas variadas que fazem com que, ao final de cada

episódio, o espectador se force a refletir sobre o que foi assistido.

Outra característica forte de Grey’s Anatomy são os diálogos rápidos e de humor refinado, que dão leveza às situações sérias geralmente vivenciadas em um hospital. Os personagens são ca-rismáticos e transmitem realidade em suas atitudes e emoções. Não há vilões e mocinhos. Todos pos-suem qualidades e defeitos, o que torna impossível não se identificar com a personalidade de pelo me-nos um deles. A atuação de Ellen Pompeo, a atriz que interpreta a protagonista da série, Meredi-th Grey, só cresceu ao longo do tempo. Vale destacar também as participações da atriz Sanda Oh e do ator Justin Chambers, que in-terpretam Christina Yang e Alex Karev, respectivamente. Ao lon-go das oito temporadas, alguns dos personagens que iniciaram o seriado acabam saindo (gerando momentos ainda mais emocio-nantes que o normal), mas novos personagens são introduzidos (al-guns ótimos, outros nem tanto), trazendo modificações e inova-ções na dinâmica da história.

PolêmicasEm geral, assuntos polêmicos

não faltam na história de Grey’s Anatomy. Doenças raras, aciden-tes de todos os gêneros, tiroteios, mortes de adultos e crianças, ame-aça de bomba, situações engraça-das, tristes e inusitadas com pa-

cientes de todos os tipos de caráter, casos de cirurgias interessantes com cenas bastante reais: tudo isso pode ser conferido ao longo da sé-rie. Além disso, no lado pessoal da vida dos personagens, temas como traição, homossexualidade, abor-to, adoção, preconceito e dramas familiares ajudam a criar o univer-so de Grey’s Anatomy. É uma sé-rie que faz rir, chorar e sentir todas as emoções possíveis junto dos médicos que, depois de um tempo, parecem ser seus velhos conhe-cidos. É claro que, dentro de um universo de mais de 170 episódios, nem todos são absolutamente es-petaculares, mas pode-se dizer que os nem-tão-bons são compensados por outros que fazem o espectador ficar na beirada do sofá, completa-mente absorto pela televisão.

Se você nunca assistiu Grey’s Anatomy, está na hora de aprovei-tar o inverno e fazer uma maratona para acompanhar todos os episó-dios. Se você já assistiu a algum episódio aleatório e não entendeu ou não se interessou pela história, dê uma segunda chance à série e comece a vê-la desde a primei-ra temporada para compreender o contexto dos acontecimentos e conhecer os personagens a partir de sua entrada ao Hospital Seattle Grace. Cada temporada possui em média 20 episódios de 40 minutos cada. Prepare o cobertor e a pipo-ca, porque tem material para o in-verno inteiro!

Clarissa Brandolff

A anatomia da vidaHá quase oito anos no ar, Grey’s Anatomy continua sendo uma série de sucesso

Que tal fazer algo útil na internet?

Em meio aos incontáveis memes, vídeos virais e correntes sem sentido espalhados pela internet e compartilhados nas redes so-ciais, vale a pena reservar um tempo dentro das diversas horas semanais que passamos na frente do computador para contribuir de maneira relevante para a sociedade e o meio ambiente.

Um dos sites que possibilita ações desse gênero chama-se Avaaz, página que reúne diversas iniciativas de sustentabilidade social, cultural, econômica e ambiental. Com equipe profissional distribuída nos cinco continentes e mais de 12 milhões de mem-bros ao redor do mundo, a chamada comunidade Avaaz promove petições, campanhas, protestos e eventos, buscando dar mais voz à sociedade civil.

Lançado em 2007, o site busca mobilizar pessoas de todos os países para agir em prol de um mundo melhor. É dado destaque para causas diversas, que incluem o combate à pobreza, conflitos sociais e mudanças climáticas. A ideia central é permitir que ações individuais, quando combinadas, formem uma ação coletiva forte capaz de mudanças concretas. É necessário apenas um cadastro rápido no primeiro acesso. Nas próximas vezes que o usuário for assinar petições ou participar de alguma ação, é preciso apenas digitar seu e-mail, o que facilita ainda mais o processo. O endereço do site é: www.avaaz.org/po.

Busca ecológica

Outra iniciativa simples mas que pode fazer a diferença é a uti-lização do website Eco4planet. O portal conta com blog de notí-cias sobre o meio ambiente, fórum de discussões e buscador via Google. Toda vez que a página é acessada para a realização de uma busca, leitura e compartilhamento das postagens no blog ou debate de algum assunto no fórum, o contador de acessos é acionado. A cada 50 mil visitas, uma árvore é plantada.

O layout com fundo preto é mais um dos diferenciais do site que, em relação ao tradicional fundo branco dos portais de bus-ca, possibilita a economia de até 20% da energia consumida pelo monitor do computador. Para ajudar na causa, a dica é definir o Eco4planet como sua página inicial e, também, como mecanismo de buscas padrão do seu navegador. Além de ficar por dentro das notícias relacionadas à sustentabilidade e ter acesso rápido e prá-tico ao sistema de pesquisa do Google, o usuário ajuda no plantio de árvores. O endereço do Eco4planet é: www.eco4planet.com.

Personagens diversificados e histórias instigantes atraem os olhares do público a cada temporada

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CRÔNICA

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Número 21 – Julho/Agosto de 201216 MARCO ZERO

ENSAIO FOTOGRÁFICO

Você já reparou como nos-sas reclamações aumen-tam com a chegada do

inverno? Resmungamos porque a preguiça em levantar aumenta, porque o cabelo ao vento não se arruma, porque comemos mais e engordamos também muito mais, e assim vamos perdendo a oportunidade de perceber de-talhes exclusivos com que só a estação mais fria do ano nos presenteia.

Uma boa opção para mudar o conceito de que o inverno é uma época desagradável que temos que enfrentar todo ano, princi-palmente na região de Curitiba, é começar a notar mais os de-talhes que a vida nos dá e cuja beleza nem sempre reconhece-mos. Essa beleza não está so-mente nas coisas materiais que nos rodeiam, mas nas humanas também, sejam elas atitudes ou pessoas. Que o inverno nos abra os olhos para o belo!

Luana Mendes

O que você só vê com o frioUm olhar pelas belas e distintas faces do inverno em Curitiba