Foucault Revoluciona Historia
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS APLICADASCURSO DE DIREITO
Disciplina: CCJSA 005 História do Direito,Créditos 4-0-0, 60h/a, 1.º período, 1º sem/2015
Prof. Dr. Francisco Pereira Costa
SEMINÁRIO
Foucault revoluciona a História 1
Em arqueologia do saber faz uma revisão de sua produção intelectual. Nos últimos
anos de sua vida passou a escrever sobre a história da sexualidade.
O pensamento de Michel Foucault se constitui em três momentos:
1.º) 1960 – Arqueologia do saber – Na “história da loucura” estuda como foi inventada aidéia de loucura. A Psiquiatria é uma invenção da sociedade, só poderia ter surgido emnossa sociedade, porque nenhuma outra sociedade entende a loucura como tal. Amedicina se constituiu num instrumento de apriosionamento da loucura, enclausurou-a. Édesse período as obras Nascimento da Clínica, História da Loucura , As palavras e ascoisas.
2.º) 1970 – Genealogia do poder – o poder é uma prática, é um exercício; todo poder éuma relação de saber e este sustenta, legitima relações de poder. Nesse sentido, não épossível separar um do outro. A discussão sobre o poder aparece em Vigiar e Punir,História da sexualidade - a vontade de saber.
3.º) 1980 – Produção da subjetividade – nas duas primeiras fases estudava como se davao processo de objetivação das coisas, objetos para serem conhecidos e exercitados. Agora,preocupa-se com a produção dos sujeitos, conseqüentemente, com suas subjetividades.Na História da Sexualidade – o uso dos prazeres e, História da sexualidade – cuidado de si ,aqui a norma aparece como mecanismo de internação do poder ou mais precisamente,
pensar nos mecanismos de normalização (FONSECA, 2003: 61)
Nessa fase Foucault estuda a ética fora dos padrões tradicionais, fora dosignificado de filosofia dos valores, como teoria da moral e como reflexão sobre a
1 Texto baseado na parte IV da obra de VEYNE, Paul. Foucault revoluciona a história. In: Como seescreve a história e Foucault revoluciona a história. 4ª ed., Brasília: UnB, 2008
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normatividade, tal qual defende Wilhelm Schmid , para Foucault a ética remete ao “problema da organização da existência”. (Fonseca, 2002, p. 277)
Isso significa que[...] Daí ser preciso notar que fariam parte de seu domínio tanto o
campo das relações dos indivíduos consigo mesmos, quanto ocampo das relações entre os indivíduos. O “eu” e o “outro” sãocomponentes irredutíveis do problema de como ‘organizar aprópria existência”. E o conjunto de tais relações seria justamenteaquilo que, em Foucault, poderia ser designado pelo termo geralde “poder”. Assim, como problema da organização da existência ,a ética é coextensiva à questão do poder. Ela implica a construçãode uma “arte de viver” (pelo estabelecimento de uma relaçãosólida consigo mesmo) que seja a invenção de uma “micropolítica.(Fonseca, 2002, p. 277)
Os estudos e pesquisas de Michel Foucault de análise e produção da prática nãotêm um objeto pronto, dado, acabado, mas procura saber como ele se constróihistoricamente. Como se constitui o objeto no processo histórico.
Mas, preocupa-se em investigar o discurso e as práticas que constituíram o objetode estudo. Assim, nada está pronto e acabado.
Mostra a história da construção dos próprios objetos, por exemplo, o modernismofoi cunhado por Mário de Andrade em contraposição a denominação “futurista” que tinhaum caráter depreciativo. Cabe ao historiador desconstruir os conceitos em doismomentos: pela prática discursiva e não-discursiva.
Para ele o discurso é uma prática instituinte da realidade como qualquer outro,numa relação conflituosa com o não-discursivo, nesta relação conflituosa o não-discursivopode determinar a prática discursiva.
Foucault fazia a história das e com problematização, para que certas práticas, maistarde viessem se tornar visíveis, daí que cunhou o conceito de “visibilidade”, isto é, comoque, certos fatos num determinado momento foram legitimados como tal. Para MichelFoucault o que importa é o que o discurso diz e não algo que está fora. Pois, o discurso
não esconde nada, mas contém tudo o que pretende dizer, porque cria objetos.Ainda, a análise de certas práticas tem uma regularidade e com elas mudam com o
seu deslocamento e criação de outras práticas. Por exemplo, a confissão que era feita aopadre, a partir do final do século XIX, com a Psicanálise, a confissão é feita ao analista parase curar.
É pensar como na análise da história criam-se sujeitos e objetos...
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O que é central em Foucault é a relação entre sujeito e objeto que define o objeto
e este define o sujeito. A relação entre um e outro é que vai definir, caracterizar e definiro sujeito e o objeto, numa relação recíproca, de troca, de influências intrínsecas.
A História tem vários alvos em conflito; os grupos sociais e os sujeitos têm projetosdistintos que são direcionados por uma estratégia e prática.
Importa ao historiador descobrir como a sociedade deu sentido a determinadaspráticas... Para Foucault o que importa não é descobrir se houve evolução ou progresso,mas o que importa é o diferente.
Vai dizer que a subjetividade será construída em dois movimentos:
1) O da sujeição - é o momento que se introjeta determinadas práticas sem a participaçãodo sujeito.
2) O da subjetivação – é o momento em que eu participo da minha atuação como sujeito.É o momento em que decido sobre o que gosto, faço igual ou diferente dos modelos desubjetividade existente.
O diário íntimo é uma construção do século XIX, porque foi na sociedade modernaque se criou a intimidade.
Foucault usa o conceito e luta de classes como uma prática, no momento em que aclasse age, atua, exerce o ato concreto...
Ideologia são os diferentes significados, leituras que damos às práticas.
O pensamento de Foucault não é estruturalista, mas finalista, uma prática que estáno limite, por exemplo, os homens infames, que contestavam as regras do poder, porentender que a sociedade tem regras de exclusão.
As coisas são o que elas aparecem e são apresentadas. A essência dada às coisassão obras do homem, do sujeito.
Portanto, explicar e explicitar a História implica escrevê-la em seu conjunto, numarelação de práticas entre sujeito e objeto, em práticas discursivas e não-discursivas, numaprática de relações estruturadas em descontinuidades... mas, é uma problematização dossujeitos e objetos entre si. Que a História questiona a nossa própria forma de ser. Cadasujeito/objeto é constituído historicamente.
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Referências:
COSTA, Francisco Pereira. Apontamentos da disciplina Metodologia da História doMestrado em História ministrada pelo prof. Dr. Durval Muniz Albuquerque. Rio Branco:[manuscrito], 1999.
FONSECA, Márcio Alves. Michel Foucault e o Direito. São Paulo: Max Limonad, 2002.
VEYNE, Paul. Foucault revoluciona a história. In: Como se escreve a história e Foucaultrevoluciona a história. 4ª ed., Brasília: UnB, 2008