FOUREZ, G._A construção das ciências_Resumo informativo

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FOUREZ, G. A construção das ciências: introdução à filosofia e à ética das ciências . São Paulo, 1995: Editora da Universidade Estadual Paulista. Resumo informativo: Capítulo 1 – Introdução Fourez define a filosofia como uma disciplina que não fornece, fora do âmbito da ciência, uma resposta a todos os problemas não resolvidos da humanidade. Ele afirma ser uma disciplina de pensamento cuja tradição remonta bastante longe em um certo número de culturas, e que nos convida a entrar em uma tradição intelectual e a desenvolver um método, conceitos técnicos, ferramentas intelectuais que nos permite compreender certas questões. Como ferramentas (ou instrumentos) de linguagem para falar do mundo, o texto nos apresenta os códigos "restrito" e "elaborado". O primeiro fala do "como" das coisas, do mundo e das pessoas, ao passo que o segundo procura dizer algo do “porque” e do “sentido”. Este trata de interpretar os acontecimentos, o mundo, a vida humana, a sociedade. Já aquele corresponde ao interesse que têm os homens e as mulheres em colocar ordem em seu mundo, em controlá-lo e comunicar a outrem a maneira pela qual o vêem. É realmente possível alguém jamais colocar-se uma questão de ordem filosófica? Pode-se dizer: "Quanto a mim, a filosofia não me interessa?". Para abordar essa questão, Fourez nos instiga a distinguir ainda dois tipos de interesses. O primeiro liga-se à globalidade da história humana: diz respeito ao sentido dessa história. O segundo, o setorializado, concerne a uma variedade de coisas pelas quais podemos ser atraídos. Com estas colocações, o autor nos impele a refletir sobre o fato de que um único enfoque sobre algo não significa um enfoque neutro e objetivo e faz uma representação da vida como uma multiplicidade de centros de interesse dentre os quais é necessário escolher entre questões mais setoralizadas, como o cultivo de champignon , ou ao próprio mundo em que vivemos, interessando-nos pela justiça na sociedade (usando os mesmos exemplos do autor). Ainda sobre este tema, nos é apresentada a questão que considerar só haver interesses setoralizados é decidir permanecer para sempre no domínio da linguagem restrita, pelo contrário, aceitar a questão global da existência é abrir-se a uma pesquisa e a um debate em uma linguagem elaborada, iniciando uma busca de sentido.

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Fourez define a filosofia como uma disciplina que não fornece, fora do âmbito da ciência, uma resposta a todos os problemas não resolvidos da humanidade. Ele afirma ser uma disciplina de pensamento cuja tradição remonta bastante longe em um certo número de culturas, e que nos convida a entrar em uma tradição intelectual e a desenvolver um método, conceitos técnicos, ferramentas intelectuais que nos permite compreender certas questões.

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FOUREZ, G. A construção das ciências: introdução à filosofia e à ética das ciências. São

Paulo, 1995: Editora da Universidade Estadual Paulista.

Resumo informativo: Capítulo 1 – Introdução

Fourez define a filosofia como uma disciplina que não fornece, fora do âmbito da ciência,

uma resposta a todos os problemas não resolvidos da humanidade. Ele afirma ser uma disciplina

de pensamento cuja tradição remonta bastante longe em um certo número de culturas, e que nos

convida a entrar em uma tradição intelectual e a desenvolver um método, conceitos técnicos,

ferramentas intelectuais que nos permite compreender certas questões.

Como ferramentas (ou instrumentos) de linguagem para falar do mundo, o texto nos

apresenta os códigos "restrito" e "elaborado". O primeiro fala do "como" das coisas, do mundo e

das pessoas, ao passo que o segundo procura dizer algo do “porque” e do “sentido”. Este trata de

interpretar os acontecimentos, o mundo, a vida humana, a sociedade. Já aquele corresponde ao

interesse que têm os homens e as mulheres em colocar ordem em seu mundo, em controlá-lo e

comunicar a outrem a maneira pela qual o vêem.

É realmente possível alguém jamais colocar-se uma questão de ordem filosófica? Pode-se

dizer: "Quanto a mim, a filosofia não me interessa?". Para abordar essa questão, Fourez nos

instiga a distinguir ainda dois tipos de interesses. O primeiro liga-se à globalidade da história

humana: diz respeito ao sentido dessa história. O segundo, o setorializado, concerne a uma

variedade de coisas pelas quais podemos ser atraídos.

Com estas colocações, o autor nos impele a refletir sobre o fato de que um único enfoque

sobre algo não significa um enfoque neutro e objetivo e faz uma representação da vida como

uma multiplicidade de centros de interesse dentre os quais é necessário escolher entre questões

mais setoralizadas, como o cultivo de champignon , ou ao próprio mundo em que vivemos,

interessando-nos pela justiça na sociedade (usando os mesmos exemplos do autor). Ainda sobre

este tema, nos é apresentada a questão que considerar só haver interesses setoralizados é decidir

permanecer para sempre no domínio da linguagem restrita, pelo contrário, aceitar a questão

global da existência é abrir-se a uma pesquisa e a um debate em uma linguagem elaborada,

iniciando uma busca de sentido.

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O texto procurará levar-nos a compreender a lógica no seu sentido mais amplo, onde o

termo “lógica” recobre o estudo da maneira pela qual os saberes humanos se estruturam; implica

pesquisar em que condições eles podem ser considerados como válidos.

Já a ética, nos é definida como a parte da filosofia que reflete sobre as escolhas que tem

uma importância na vida do homem. A obra apresentada visa questionar em que medida a

ciência pode nos ajudar a resolver certos problemas éticos e/ou sociopolíticos particulares, como

a questão do aborto, da bioética, da corrida armamentista, etc.

Segundo Fourez, à primeira vista, certos códigos éticos podem estar ligados a questões

científicas, concluindo, assim, que determinadas questões científicas podem influenciar o

julgamento ético.

Finalmente, algumas outras questões abordadas na obra serão: “Pode a ciência dizer algo

a respeito do que ‘deveria’ ser?”, ou em outros termos, pode a ciência servir de fundamento à

ética? “Pode ela determinar o que é o bem ou o mal?” “O que é verdade científica?” “O que quer

dizer ‘fazer’ ciência?” “Em que sentido se pode dizer que ciência é objetiva?”

Com estas questões o autor nos prepara, e propõe-nos uma série de reflexões, para o que

está por vir nos capítulos seguintes de sua obra.

Faculdade Municipal de Palhoça

Curso de Administração - 1ª fase – 2º semestre – 2007

Disciplina de Metodologia de Pesquisa em Administração

Professor Jaime Bezerra do Monte

Acadêmico Marcos Roberto Rosa