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Fernando Pessoa heterónimo Alberto Caeiro – O Guardador de Rebanhos Álvaro de Campos – O Engenheiro Naval Ricardo Reis – O Médico de formação Clássica

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Fernando Pessoa heterónimo

Alberto Caeiro – O Guardador de Rebanhos

Álvaro de Campos – O Engenheiro Naval

Ricardo Reis – O Médico de formação Clássica

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ALBERTO CAEIROALBERTO CAEIRO• Vive de impressões, sobretudo visuais;Vive de impressões, sobretudo visuais;• Identifica-se com a natureza e vive de acordo com Identifica-se com a natureza e vive de acordo com

as suas leis;as suas leis;• É instintivo, espontâneo e abre-se para o mundo É instintivo, espontâneo e abre-se para o mundo

exterior, fazendo poesia involuntariamente;exterior, fazendo poesia involuntariamente;• Prefere a objectividade, recusando a introspecção e Prefere a objectividade, recusando a introspecção e

a subjectividade;a subjectividade;• Vive no presente;Vive no presente;• Defende a existência em vez do pensamento;Defende a existência em vez do pensamento;• Transforma o abstracto no concreto;Transforma o abstracto no concreto;• Usa uma linguagem simples, familiar e denotativa.Usa uma linguagem simples, familiar e denotativa.

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ALBERTO CAEIROALBERTO CAEIRO

“(…) O Universo não concorda consigo próprio porque passa. A vida não concorda consigo própria, porque morre. O paradoxo é a forma

típica da Natureza. Por isso, toda a verdade tem uma forma paradoxal (…)”

Fernando PessoaAo que Caeiro, o Mestre reconhecido pelo seu próprio criador,

responde:O que é preciso é ser-se natural e calmo

Na felicidade ou na infelicidade,

Sentir como quem olha,

Pensar como quem anda,

E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,

E que o poente é belo e é bela a noite que fica…

Assim é e assim seja…

Alberto Caeiro representa a tranquilidade que o seu criador nunca conseguiu encontrar e que exprimiu ao constatar o paradoxo do

universo:

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ÁLVARO DE CAMPOSÁLVARO DE CAMPOS• Predomínio da emoção espontânea e Predomínio da emoção espontânea e

torrencial;torrencial;• Elogio da civilização industrial, moderna, da Elogio da civilização industrial, moderna, da

velocidade e das máquinas, da energia e da velocidade e das máquinas, da energia e da força, do progresso;força, do progresso;

• Recusa do pensamento e defesa de todas as Recusa do pensamento e defesa de todas as sensações;sensações;

• Ansiedade e com fusão emocional – angústia Ansiedade e com fusão emocional – angústia existencial;existencial;

• Tédio, náusea, desencontro com os outros, Tédio, náusea, desencontro com os outros, sentido do absurdo;sentido do absurdo;

• Fragmentação do “Eu” e perda de identidade;Fragmentação do “Eu” e perda de identidade;• Estilo esfuziante, torrencial, em verso livre e Estilo esfuziante, torrencial, em verso livre e

longo;longo;• Exclamações, interjeições, enumerações Exclamações, interjeições, enumerações

caóticas, anáforas, aliterações, onomatopeias;caóticas, anáforas, aliterações, onomatopeias;

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ÁLVARO DE CAMPOSÁLVARO DE CAMPOSFernando Pessoa afirma que Álvaro de Campos

“é o filho indisciplinado da sensação”

que pretende

“sentir tudo de todas as maneiras”

Ser anti-social, que despreza o burguês e a sociedade materialista;

Contesta os comportamentos estereotipados, os valores caducos;

Numa constante revolta está sempre pronto a provocar, a chocar os seguidores da ordem estabelecida, causando escândalo, por lhes

oferecer o espelho onde poderiam observar os seus piores defeitos.

Se têm a verdade, guardem-na!

Não me macem, por amor de Deus!

Não me peguem no braço!

Não gosto que me peguem no braço.

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• A 1ª fase corresponde à da produção do A 1ª fase corresponde à da produção do Opiário, em 1914;Opiário, em 1914;

• A 2ª fase é a do Futurismo e verifica-se nos A 2ª fase é a do Futurismo e verifica-se nos poemas Ode Triunfal, de 1914, Dois Excertos poemas Ode Triunfal, de 1914, Dois Excertos de Odes, também de 1914, Ode Marítima, de de Odes, também de 1914, Ode Marítima, de 1915, Saudação a Walt Whitman, igualmente 1915, Saudação a Walt Whitman, igualmente de 1915 e Passagem das Horas, de 1916;de 1915 e Passagem das Horas, de 1916;

• A 3ª fase distancia-se das duas primeiras, A 3ª fase distancia-se das duas primeiras, revelando um Campos “romântico”, depois do revelando um Campos “romântico”, depois do texto Casa branca nau preta, de 1916 até texto Casa branca nau preta, de 1916 até 19351935

As 3 fases da poesia de CAMPOS:

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RICARDO REISRICARDO REIS

• Toma os Gregos como modelo de Toma os Gregos como modelo de sabedoria;sabedoria;

• Consciente da efemeridade da vida, receia Consciente da efemeridade da vida, receia a velhice e a morte;a velhice e a morte;

• Defende o epicurismo, o estoicismo e o Defende o epicurismo, o estoicismo e o carpe diem;carpe diem;

• Considera que a sabedoria consiste em Considera que a sabedoria consiste em gozar a vida moderadamente, recusando gozar a vida moderadamente, recusando as emoções excessivasas emoções excessivas

• É clássico no estilo, emprega monólogos, É clássico no estilo, emprega monólogos, utiliza a ode e usa latinismos.utiliza a ode e usa latinismos.

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Devemos buscar dar-nos a ilusão da calma, da liberdade e da felicidade, coisas inatingíveis porque, quanto à liberdade, os

próprios deuses – sobre quem pesa o Fado – a não têm; quanto à felicidade, não a pode ter quem está isolado da sua fé e do meio onde a sua alma devia viver; e quanto à calma,

quem vive na angústia complexa de hoje, quem vive sempre à espera da morte, dificilmente pode fingir-se calmo. A obra de

Ricardo Reis, profundamente triste, é um esforço lúcido e disciplinado para obter uma calma qualquer.

Fernando Pessoa

…gozemos o momento,

Solenes na alegria levemente,

E aguardando a morte

Como quem a conhece.

Ricardo Reis, 1914