Fractais - Número 2

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Boletim dos Coletivos Educadores de São Paulo Ano 2 n o 02 Maio/2008 A gente já sabe que não é possível haver vida sem alimento e sem cuidados… Sem eles não há movimento, nem crescimento, muito menos reprodução. Precisamos de alimento e cui- dados para o desenvolvimento do corpo, da mente e do espírito… Precisamos permanentemente de combustível para manter a nossa chama acesa! Se pensarmos assim, fica mais fácil ligar “alimentação” a “educação” e vice-versa e, de fato, isso tem sido feito há tempos. Curiosamente, em Portugal, berço da nossa língua pátria, a palavra CARDÁPIO não existe e tem como sinônimo a palavra EMENTA, que, por sua vez, no Brasil, tem o sentido emprestado à Educação como um resumo de uma disciplina. Também vem de Portugal uma aproximação que diversos autores fazem, inclu- sive de modo poético, entre SABER e SABOR. Lá, o verbo “saber” tem ainda no uso corrente o sentido de “ter conhecimento” e “ter sabor”. Uma determinada comida sabe bem! Em latim, a raiz comum às duas palavras, sapere tem o significado de “ter gosto”. Aqui no Brasil, é muito comum as pessoas usarem a palavra “gosto” para expressões do tipo: “ter gosto pelos estudos” (Sandro Tonso, 2007). NÓS COLETIVIZAMOS continua…

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Boletim dos Coletivos Educadores de São Paulo Ano 2 no 02 Maio/2008

A gente já sabe que não é possível haver vida sem alimento e sem cuidados…Sem eles não há movimento, nem crescimento, muito menos reprodução. Precisamos de alimento e cui-

dados para o desenvolvimento do corpo, da mente e do espírito… Precisamos permanentemente de combustível para manter a nossa chama acesa!Se pensarmos assim, fica mais fácil ligar “alimentação” a “educação” e vice-versa e, de fato, isso tem sido

feito há tempos.Curiosamente, em Portugal, berço da nossa língua pátria, a palavra CARDÁPIO não existe e tem como

sinônimo a palavra EMENTA, que, por sua vez, no Brasil, tem o sentido emprestado à Educação como um resumo de uma disciplina. Também vem de Portugal uma aproximação que diversos autores fazem, inclu-sive de modo poético, entre SABER e SABOR. Lá, o verbo “saber” tem ainda no uso corrente o sentido de “ter conhecimento” e “ter sabor”. Uma determinada comida sabe bem! Em latim, a raiz comum às duas palavras, sapere tem o significado de “ter gosto”. Aqui no Brasil, é muito comum as pessoas usarem a palavra “gosto” para expressões do tipo: “ter gosto pelos estudos” (Sandro Tonso, 2007).

nós coletivizamos

continua…

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Mas existem cardápios e cardápios… Cardápios dos mais variados tipos de alimentos

e de aprendizagens, de jeitos de serem oferecidos e consumidos, cardápios dos mais diversos sabores, temperos, cores, desejos e intenções… Cardápios desintoxicantes, cardápios revigorantes (pretensa-mente ou não) etc. E é assim com o alimento que nutre ou sobrecarrega o organismo com toxinas e é assim com a educação.

Os “Cardápios de Aprendizagem” como eixo metodológico na Formação de Educadores Am-bientais idealizado pelo DEA/MMA combina mais com a idéia de “alimentar-se espiritualmente”. E isto significa dizer que a proposta está há léguas de distância (e por que não dizer até na direção oposta, talvez) daquilo que é oferecido por in-termédio das grades curriculares e listas de disci-plinas escolares – os “pratos feitos”, únicos, sem possibilidades de escolha, sem consideração das especificidades, das preferências, das culturas…

O propósito “é o de oferecer um amplo leque de escolhas, de atividades de variados tipos em qua-lidade e quantidade, suficientes para atender à

“fome de saberes” das/os diversas/os educandas/os. Não engessar a formação é uma atitude polí-tica, na medida em que, desta forma, afirma-se a IDENTIDADE e DIVERSIDADE, acentua-se a posição de que somos todos diferentes e que a diferença não é um problema, muito pelo contrário, é uma característica que deve ser valorizada, incentivan-do que cada educanda/o busque os itens que lhe sejam mais apropriados, incentivando-o na cons-trução de sua AUTONOMIA” (Sandro Tonso, 2007).

Assim, vamos construindo as comunidades de aprendizagem e os nossos coletivos.

E os novos valores emergem… No sentido da construção de uma sociedade sus-

tentável, solidária, participativa, onde politicamen-te a partilha seja feita em prol de todas e de todos.

Porque no dia-a-dia precisamos coletivizar e flexionar: eu coletivizo, tu coletivizas, eles coleti-vizarão, e assim por diante…

Pois precisamos construir um mundo me-lhor e mais justo.

Porque vimos que cada vez mais estamos inse-ridos em uma sociedade de massa, onde o espe-táculo que existe é o consumo, que no cotidiano da vida das/os cidadãs/os adentra para a sua inti-midade… E onde nós, seres humanos, já não nos reconhecemos mais como fazendo parte de uma comunidade local e planetária.

Porque somos todas e todos deste mundo e a ele pertencemos.

Porque o Mundo e o Coletivo ao mesmo tempo são de todo mundo,

E não são obras de ninguém isoladamente.O que nos anima são as pessoas que comparti-

lham da utopia, que buscam um mundo melhor, sem injustiças, sem carências, com muito amor, respeito, compreensão com todas as formas de vida.

O coletivizar é assim, compartilhar os sonhos, a esperança, os problemas, as trocas de energia… E coletivizando na coletividade dos coletivos edu-cadores, as diferenças vão aparecendo, as pessoas dialogando com o território, com a/o outra/o e consigo mesmas.

Os cardápios vão surgindo, as pessoas vão se en-volvendo, e os problemas e as idéias circulando na roda de partilha.

O viveiro de mudas nativas, a usina hidrelétrica, as reservas florestais das propriedades rurais, o discurso, o diálogo, as experiências vão se expon-do, aparecendo… Educomunicando também no olhar, no ouvir, no pensar, no expor, no falar aquilo que nos anima, no registrar nossos passos e nossa experiência adquirida.

Coletivizar é quebrar o paradigma do conheci-mento para enxergar o saber que brota das coisas mais simples, mas que na realidade são comple-xas…

Coletivizar é considerar a dimensão do outro…

É avançar, retroceder, retroceder mais um pouco e perceber que este processo todo foi um avanço!

É ter felicidade nas conquistas…É ter dificuldades por todos os lados…É pensar em desistir e perceber que é impossí-

vel… A paixão pelo “Coletivo” já nos laçou… Ele já está incorporado à nossa história!

Vamos construindo nossos coletivos…Promovendo a partilha do pão e o “milagre da

multiplicação”, na sustentação dos interesses co-muns, na participação, no companheirismo, na contribuição e na Colaboração em Sistemas Coo-perativos.

Vamos entendendo que em matéria de coletivo, o ato solitário de quem plantou, regou ou colheu, se desfaz no momento seguinte para se transfor-mar em ato solidário… Para se refazer no proces-so, como alimento para o Coletivo.

É nesse ciclo de nutrientes do saber que exaltamos a vida!

Não só a vida de todos os seres e os ambientes naturais, mas uma nova forma de viver, em que o ser humano sinta que é parte dessa energia, e que trabalhando coletivamente pode provocar e esti-mular transformações na sua realidade e na das/os outros, em busca do bem comum.

Porque estamos aprendendo participando e praticando…

Porque coletivizar, enfim, é tornar coletivo.Palavra que vira verbo, indicando movimento e

qualidade da ação; Que vira adjetivo, revelando um modo de ser e

de estar no mundo; Que pode ser um meio de transporte, E também um substantivo coletivo.Convidamos você a virar coletivo e conti-

nuar conjugando este verbo!

Cescar CE Mantiqueira

Coletivo Baixo Tietê COEDUCA

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Dicas para as próximas edições…

E a segunda edição do Fractais está aí…E a segunda edição do Fractais está aí…

Entre correrias, alguns tropeços, mas somando um pouco da experiência da edição I e muita garra, sai a segunda edição do Fractais!!!! Que está recheada de emoção e satisfação!

E que só foi possível porque tod@s contribuíram para que este boletim alcançasse o seu objetivo maior: divulgar e proporcionar o diálogo entre as inúmeras experiências de articulação, mobilização, trânsito e construção de saberes de inestimável riqueza, que estão acontecendo por todo o estado de São Paulo.

E só estão acontecendo porque nós, participantes e amantes da proposta dos Coletivos Jovens, Coletivos Educadores, Salas Verdes e Municípios Educadores Sustentáveis acreditamos nesta proposta que tem este caráter inovador da busca por uma Educação realmente Socioambiental!

Nós nos emocionamos muito porque, através da experiência de fazermos o Boletim em coletivo, perce-bemos que se por um lado, o trabalho se torna mais demorado, mais delicado e complexo, exigindo um cuidado com o outro, um cuidado com o tempo do outro, com as idéias e sugestões do outro….por outro lado, o trabalho se torna mais agradável, mais energizante, mais completo!

Vivenciar a evolução da participação de novos grupos e pessoas nesta segunda edição nos dá muita alegria!!! A primeira edição do Boletim foi encabeçada por um GT que incluiu integrantes de vários coletivos, tendo

o CESCAR como âncora, nesta segunda, alguns integrantes permaneceram, outros se renovaram, mas a dinâmica de construir com a participação de pssoas de várias coletivos se manteve, demonstrando que a

“receita” está dando certo, sendo que nesta II edição o coletivo âncora dos trabalhos foi o COEDUCA.Dar concretude a mais esta edição do FRACTAIS - COLECIONA SP nos faz perceber que não estamos sozi-

nhos na busca por algo a mais, e ficamos satisfeitos por ter a oportunidade de encontrar os nossos pares, E, assim, “experienciar” a vida, “experienciar” a certeza de que um lugar melhor é possível, que as pessoas tem esperança e que acreditam no potencial da humanidade enquanto seres que afetam e se deixam afetar, que se preocupam com o outro, com o planeta, e que na sua jornada vem resgatando, e assim encontrando, a sua condição de ser cósmico.

Ainda temos muito chão pela frente, mas o que importa é que a nossa caminhada já começou! Ficando desde já o convite para que a terceira edição receba novos integrantes ao GT do Boletim, e um novo coletivo assuma o cajado, ancorando o GT da edição III do Boletim FRACTAIS - COLECIONA SP.

GT da Edição II do Fractais

Marcos Sorrentino, diretor do Departa-

mento de Educação Ambiental/MMA

fala sobre SISNEA e o papel dos atores

envolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4

Os Coletivos Educadores de São Pau-

lo descrevem suas experiência na

elaboração do seu Cardápio de Aprendi-

zagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8

Qual a abrangência territorial dos CEs no

estado de São Paulo hoje? Localize no

mapa o Coletivo Educador mais próximo

e entre em contato . . . . . . . . . . . . . . . . .6

Sandro Tonso, professor Doutor do

CESET – Centro superior de educação

tecnológica da Unicamp – e autor do

texto Cardápio de Aprendizagem do

livro Encontros e Caminhos: Formação

de Educadoras(es) Ambientais e Coleti-

vos Educadores fala sobre elaboração de

cardápios de aprendizagem . . . . . . . . . .7

Sobre a correria de última hora para o fecha-mento do boletim, entendemos que seja impor-tante aproveitar os momentos dos Encontros Estaduais para fazer o lançamento do boletim, por exemplo, aproveitando a oportunidade da presença de representantes da maioria dos co-letivos Estaduais.

E achamos que colocar metas de prazo con-tinuará sendo importante sempre, pois ajuda

a fazer a coisa andar. Talvez para os próximos bo-letins seja mais produtivo reservar também um tempo maior para o trabalho de diagramação…Outra coisa super importante é observar e res-peitar as orientações dadas pelo pessoal do GT do Boletim para o envio do material, como tipo e ta-manho de letra, e espaçamento entre-linhas. Essa padronização facilita todo o trabalho de produção gráfica.

Mas de modo geral, os problemas identificados são bastante comuns: poucos recursos financei-ros, falta de tempo, falta de espaço… Contudo, é importante destacar que esta falta de espaço é resultado do processo participativo, ficando bem acima do esperado, o que é muito legal e um óti-mo sinal de que estamos no caminho certo!!!

GT da Edição I do Fractais.

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Marcos Sorrentino é diretor do Departamento de Educação Ambien-tal do MMA e representante MMA do Órgão Gestor da PNEA – Política Nacional de Educação Ambiental. Aqui ele fala sobre a SISNEA e o pa-pel dos atores envolvidos.

influenciam, monitoram e fazem o controle social do financiamento para EA? Então a perspectiva de se enunciar um sistema e possibilitar a cada cidadão ter o controle social deste sistema, que se materializa a partir do debate, a partir da proposição do SISNEA.

• Como está acontecendo o debate e o processo de instalação do SISNEA?

• O debate se inicia com a formulação da proposta. Nós passamos quase dois anos discutindo internamente e, a partir do momento que ele foi enunciado publicamente, junto à gestores de EA de secretarias estaduais de Meio Am-biente e da Educação, representantes da sociedade civil nas CIEAS e nas redes, no Encontro que tivemos na cidade de Salvador, em julho de 2007, o SISNEA foi posto à consulta pública, A partir da Conferencia Nacional de Meio Ambiente, em maio, e em vários outros eventos, teremos a oportunidade de aprofundar este debate (…) para que ao final de 2008 tenhamos condições de incluir a proposta do SISNEA na Política Nacional de EA – PNEA, eventualmente pro-pondo reformulações na Política. Há um debate hoje dentro do Órgão Gestor

– de se transformar o ProNEA um programa instituído por lei, para que a PNEA, o ProNEA e também o SISNEA se institucionalizem como um pacto da socieda-de brasileira que periodicamente deve ser revisto. (…) Compromissos e pactos nunca são a cara de um dos entes, eles são a negociação entre todos (…) A capacidade gráfica (do SISNEA) que fizemos é uma forma de implementação, podemos encontrar outras formas e é este debate que deve estar ocorrendo para chegarmos a um acordo em 2008, que mesmo que não tenha a cara de cada um de nós, seja a negociação de todos nós e com o passar dos anos venha permitindo o aprimoramento.

• O SISNEA é uma forma de pensar a sustentabilidade, a continuidade da EA no Brasil?

• Precisamos cumprir esta obrigação de permanência, de continuidade, de ar-ticulação, para não começar a cada ano do zero! O SISNEA é uma oportunidade de somarmos os acúmulos que a sociedade brasileira tem há mais de 40 anos (…) e uma EA que já não se contenta mais em ser uma educação nacional, mas que tem que ser uma EA planetária. Um acordo entre educadores e ambienta-listas de todos os tipos e qualidades dispersos por todo o planeta, no sentido de uma educação capaz de fazer frente aos grandes desafios sócio ambientais planetários, capaz de potencializar e empoderar indivíduos e grupos sociais…no sentido de reverter este processo de degradação, no sentido de construir uma nova forma de ser e estar dos humanos no planeta. O SISNEA significa, no âmbito nacional, a nossa demonstração de que queremos fazer frente com ou-tros países e nações que também querem caminhar na mesma direção, que não

Entrevista O SISNEA e os educadores ambientais

Acesse o vídeo/entrevista completo no blog http://sisnea.blogspot.com

• O que é o SISNEA?

• O Sistema Nacional de Educação Ambiental, surgiu para organizar as inúme-ras iniciativas, instâncias e eixos de ações que são desenvolvidas no campo da educação ambiental no Brasil. O objetivo é possibilitar às pessoas que atuam no campo da EA mais facilidade pra identificar formas de recorrer a outros ato-res, a parceiros, e como encaminhar demandas e reivindicações para viabilizar e repercutir sua ação cotidiana. O SISNEA pode ser compreendido como um sub-sistema no campo da educação como um todo, ou um sub-sistema do Sis-tema Nacional Recursos Hídricos, ou um sub sistema do Sistema Nacional de Saúde. Uma característica forte da proposta, que vai ser ainda amplamente debatida junto a sociedade, é de ser um sub-sistema que dialoga com diversos sistemas, sem se isolar.

• Pode nos dar um exemplo de como funciona?

• É importante que dentro do SISNEA os educadores saibam, por exemplo, como ter acesso a financiamentos, quais são as portas de entrada – se são via FNMA Fundo Nacional de Meio Ambiente, ou via FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, ou se há fundos nacionais e municipais (…) e ainda, como fundos dialogam entre si. Outros exemplos: como as redes de EA

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se contentam com a discussão de mudança de nome de Educação Ambiental para Educação para o Desenvolvimento Sustentável,que não se contentam com o pragmatismo que vai se tornando hegemônico no campo da EA, que diz que devemos criar uma disciplina dentro das escolas ou que diz que precisamos de números em EA. Certamente precisamos de números, certamente precisamos ganhar em escala em termos das ações da EA, mas não ganhar em escalas pra inglês ver, não ganhar em escala com números que demonstram quantidade mas não qualidade, não demonstrem radicalidade de processos educadores comprometidos com transformações profundas no modo de ser e estar dos humanos, transformações que resgatem os compromissos espirituais que ani-mam a história da humanidade. De aprimoramento do ser humano, em torno de questões básicas que a gente aprende nos bancos escolares, como falar a verdade, ser honesto, cooperativo, solidário. Esta EA precisa de visibilidade. Esta EA é que vai transformar este panorama de degradação do meio ambiente….

pautado pela conservação dos biomas, pela conservação dos sistemas naturais. Todos estes elementos que estão na mesa precisam ser aprofundados à luz das nossas buscas mais profundas, relacionadas a felicidade humana, relacionadas ao nosso progresso material, ao nosso progresso espiritual.

É difícil a gente encarar o debate do SISNEA apenas como um debate buro-crático, legislativo, sobre que componentes devem estar ali dentro. Ou a gen-te aproveita a oportunidade do debate nacional para trazer para o campo da política pública, as questões mais profundas e individuais que normalmente a gente não leva para o debate, mas que com este desafio do SISNEA talvez haja esta oportunidade.

Entrevista concedida à técnica Semíramis Biasoli do DEA-MMA Depar-tamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente em dezembro de 2007, em Brasília, junto a oficina de avaliação e plane-jamento do DEA .

* Agradecimentos a Arthur Ferreira – técnico do DEA - que gravou e editou a en-trevista.

Para participar da consulta ao SISNEA, cada coletivo, grupo ou organização deve acessar o material disponível no sítio www.mma.gov.br/ea.

Se nós nos contentarmos com a EA de números, uma EA pragmática, que talvez caminhe na direção de uma vertente autoritária, que diz que precisamos educar as pessoas, precisamos conscientizar as pes-soas pra elas não jogarem lixo no chão, e ai se faz um programa de estímulo e reforço para que não joguem mais papel no chão, para que as pessoas plantem uma árvore no final de semana (…) talvez a gen-te até consiga alguns avanços, mas eles não significam aquilo que é mais profundo no campo da EA: a emancipação humana, que é o com-promisso, o engajamento de cada pessoa com a melhoria das relações humanas,com a melhoria da sua forma de ser e estar no planeta. O SISNEA é uma “pedrinha” nesse processo.

• O que os educadores em geral podem fazer em relação ao SISNEA?

• Que façam do debate um momento de estruturação das ações que já estão realizando. E que reflitam sobre esta educação ambiental de corpo inteiro. Ao debatermos o SISNEA, pensemos também na fundamentação da nossa ação, do nosso fazer educacional relacionado a questão ambiental. Não podemos nos contentar com a discussão do operacional - como vamos conseguir dinheiro, como vamos escrever projeto, como vamos aprender a prestar contas, como vamos implementar estruturas educadoras. Tudo isso é muito importante, mas precisamos nos fundamentar numa discussão filosófica sobre para onde quere-mos caminhar, o que significa cada um dos temas que estão no debate nacional e internacional. A discussão da transposição do São Francisco não é simplesmen-te para dividir opiniões, sou a favor ou sou contra, mas é para compreender com profundidade o que leva um homem como o Frei Cappio a fazer greve de fome, e dedicar sua vida a luta contra a transposição do rio São Francisco… qual é este campo de embate que existe entre os proponentes de um modelo de desenvol-vimento que gere trabalho e renda, e os proponentes de um modelo que esteja

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Cardápio de aprendizagemEntrevista concedida por Sandro Tonso, pro-fessor Doutor do CESET – Centro superior de educação tecnológica da Unicamp – e autor do texto Cardápio de Aprendizagem do livro Encontros e Caminhos: Formação de Educadoras(es) Ambientais e Coletivos Educa-dores.

• O que significa elaborar um Cardápio de Aprendizagem e quais são os cuidados neces-sários para que os itens de cardápio não sejam apenas uma reprodução das disciplinas que te-mos atualmente no ensino tradicional?

• Elaborar um Cardápio de Aprendizagem é, an-tes de tudo, uma tarefa coletiva, portanto, primei-ramente, significa, compreender-se como parte de um grupo que se reconhece como potente para propor um processo de aprendizagem coletivo. Elaborar um Cardápio significa, também, reco-nhecer-se como incompleto e, daí, colocar-se na posição de quem ouve tanto quanto fala. Finalmente, construir um Cardápio significa apontar para num futuro desejável e possível e propor os caminhos para alcançá-lo apostando na transformação autônoma das pessoas antes de tentar transformar seus comportamentos, o que poderia se constituir numa atitude arrogante e autoritária. Neste sentido, os cuidados tanto para não sermos arrogantes, quanto para não cairmos nos modelos tradicionais de grades e processos que nos “disciplinam”, devem se traduzir em propor es-paços de construção dos Cardápios que sejam “não

hierárquicos”, nos quais todos os saberes são vá-lidos desde que contextualizados, e onde a maior crença seja a de que TODOS têm algo a ensinar e nós temos SEMPRE algo a aprender.

• Está se propondo a elaboração de um Car-dápio de Aprendizagem estadual e um nacio-nal. Ao elaborar estes cardápios, não se corre o risco de haver uma padronização dos saberes o que vai de encontro a proposta do Cardápio de Aprendizagem?

• Não vejo que o risco seja grande se os cuidados anteriomente destacados foram tomados. O grande risco que eu vejo é o de termos pressa num processo educativo, todas as vezes em que a pressa e a tentativa de ampliação (massificação para “ganhar tempo”) entram em campo, os riscos da padronização vêm junto.

Acho importante nos lembrarmos de que estes valores hegemônicos com os quais nos colocamos numa atitude de reflexão crítica (individualismo, materialismo, competitividade, predominância técnico-científica, entre outros), foram sendo construídos ao longo de décadas e alguns séculos. É fundamental, portanto, percebermos que a desconstrução destes valores também se dará de forma paulatina, assim cada cidadão poderá se apropriar dos conceitos, conhecimentos e valores que mais servem à sua maneira de ver e ser do mundo. Por outro lado, considero que alguns itens devem ser sim, comuns a todos os Cardápios, sob o risco de descaracterizarmos nossa proposta: não é qualquer “educação ambiental” que nos uniu! Estes itens comuns são aqueles que dizem respeito à idéia de trabalharmos em coletivo, por exemplo. São aqueles que explicitam o potencial que todos têm de serem educadores e educan-dos, sem o que a proposta se desfigura. Itens que permitam que as capacidades de percepção e de expressão se ampliem, dialogando com a Arte, por exemplo, com uma forma de conhecimento e de ação do mundo.

Estes são, para mim, alguns Itens que poderiam fazer parte de uma Cardápio Comum a todos, a partir dos quais a troca de Itens de Cardápios se faça em bases conceituais e metodológicas mais próximas.

Entrevista concedida a Cintia Guntzel Rissato e Cida Cardoso - COEDUCA.

Sandro Tonso

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CE Mantiqueira Coletivo Educador Mantiqueira Sustentável

Com um pouco mais de um ano de existência, o Coletivo Mantiqueira atua num território de 10 municípios que constituem as cabeceiras dos Rios Jaguari e Atibaia, formadores do Rio Piracicaba. Esta região é rica em nascentes, cuja proteção é extremamente importante, pois essas águas abas-tecem a região metropolitana de São Paulo e de Campinas. Nesta área, o bioma predominante é a

“ameaçada” Mata Atlântica, mas também existem formações ímpares, que surgem em meio a exu-berantes florestas, como áreas campestres, aflora-mentos rochosos e ainda, manchas de cerrado.

Formado pela união de dois programas promo-vidos pelo DEA-MMA, no âmbito da Política Nacio-nal de Educação Ambiental: o Coletivo Educador e os Municípios Educadores Sustentáveis – MES, promove um fortalecimento para os dois projetos, visto que os recursos do Coletivo podem colaborar na consolidação dos Planos de Ação do MES, en-quanto este já apresenta um grupo articulado para trabalhar em prol da formação da rede de Educa-ção Ambiental regional.

Em busca de fortalecimento e apoio institu-cional, o Coletivo está articulado com mais de 60 instituições na região, como os centros universitá-rios – USF, FAAT, FESB e FAEX - a Câmara Técnica de

“arroz” (módulos de Ensino à Distância – EaD, aces-sados a partir do portal do Coletivo Mantiqueira (www.coletivomantiqueira.org.br), que promove o co-nhecimento de assuntos teóricos essenciais para a formação do agente.

Na etapa do cardápio opcional, há uma varie-dade de textos e vídeos com temas diversificados que podem ser acessados de acordo com o paladar do agente, introduzindo novos assuntos ou apro-fundando o conhecimento.

Além disso, existem as chamadas Visitas de Estudo, onde os agentes socioambientais entram em contato com estruturas e ações educadoras, ou espaços educadores que existem no território; e as Vivências Institucionais, para o contato com foros e colegiados, instâncias de tomada de decisão política que funcionam como transformadores da realidade.

Contudo, o foco principal da proposta de for-mação é o Projeto de Interação Socioambiental, uma intervenção educacional com o objetivo de alcançar as pessoas em seu ambiente cotidiano, despertando a conscientização em relação às questões ambientais. Refere-se a um processo de planejamento e execução de ações de Educação

O Cardápio de Aprendizagem – e os itens que o compõe – é um jeito diferente de pensar a formação de Educadores Ambientais Popula-res dentro da proposta dos Coletivos Educa-dores.Nesta matéria, os Coletivos CE Mantiqueira, COEDUCA, CE Zona Norte de São Paulo, Cescar e CE do Baixo Tietê, descrevem suas experiên-cia na elaboração do seu Cardápio de Apren-dizagem.

Construindo os cardápios

Agentes socioambientais em processo de formação – Sala Verde Pindorama – Bragança Paulista (25-03-2008).

Educação Ambiental do Comitê PCJ, e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente em São Paulo.

Formação de Agentes Socioambientais

Tendo em vista as características regionais, o Co-letivo Mantiqueira adotou a estratégia de atingir um grande número de pessoas que percebam o seu papel como agente de transformação do seu ambiente, e com poder de influência nas políticas públicas.

Para isso, fará a formação de 500 agentes so-cioambientais em seu território de atuação. Serão realizados cerca de 20 processos de formação – no mínimo um por município. Com a carga horária inicial de 145 horas, envolve metodologias parti-cipativas, vivenciais e conceituais, além da execu-ção de um projeto de interação socioambiental na comunidade que pertence.

A Construção Coletiva

Antes de iniciar o trabalho com os agentes so-cioambientais (PAP3), concluiu-se que seria in-teressante que os parceiros das instituições que planejaram todo o processo pedagógico (PAP2), analisassem e redesenhas-sem o Curso, para perceber potencialidades e proble-mas. Foi através deste olhar crítico que cada módulo foi vivenciado.

O Cardápio de Aprendizagem

Com o conteúdo formado por alguns pratos conside-rados obrigatórios: o nosso

“feijão” - constituído pelos módulos presenciais (com metodologias participati-vas e vivenciais), e o nosso

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e econômica foi fundamental para que a elabora-ção do Cardápio de Aprendizagem atenda aos prin-cípios da proposta e, com isto, os temas relevantes para a formação dos educadores ambientais e das comunidades de aprendizagem (os Coletivos Lo-cais de Ação Sócio-Educativa) emergissem a partir das especificidades de Campinas.

A formação dos Educadores Ambientais de Cam-pinas foi estruturada em 3 fases nas quais os itens de cardápio foram organizados em:

• Itens de Cardápio Básicos (obrigatórios e considerados essenciais na formação de todos os coeducandos para a formação e consolida-ção das comunidades de aprendizagem);

• Itens de Cardápio Opcionais (escolhidos por cada um dos participantes de acordo com as suas necessidades para atender as demandas dos projetos a serem construídos com as co-munidades onde atuam) e

• Itens de Cardápio Específicos (elaborados a partir das necessidades específicas para a cada ação sócio-educativa do Coletivos Locais).

Numa idéia inicialmente proposta, foram defi-nidos 13 itens de cardápio básicos (obrigatórios), propostos pelas instituições parceiras (PAPs2), e que procuravam atender às especificidades para formação de educadores ambientais, segundo uma idéia que priorizava as concepções dos PAP2 sobre formação de educadores ambientais.

Porém, ao perceber a inconsistência desta pro-posta inicial (uma estrutura pesada e fortemente direcionadora de conteúdos e metodologias) com a radicalidade proposta e desejada pelo COEDUCA de, em primeiro lugar, estimular a formação de Comunidades Interpretativas e de Aprendizagem espalhadas pelo território de Campinas (os Coleti-vos Locais), reelaborou-se todo o seu Cardápio de Aprendizagem decidindo-se por apenas 4 itens de cardápio básicos que tiveram por objetivo a apro-ximação dialógica entre os participantes PAP3, dos Coletivos Locais em formação, os princípios e con-ceitos do ProFEA (Programa de Formação de Educa-dores Ambientais do MMA) e, ao mesmo tempo, às

Ambiental que estarão integradas aos processos educacionais do Coletivo Educador local.

A primeira turma de Bragança Paulista teve iní-cio no dia 25 de março, com aproximadamente 85 futuros agentes socioambientais. A diversidade é a maior riqueza do grupo. A troca de experiências na construção do conhecimento e o aumento do potencial de capilaridade permitem que a discus-são ambiental alcance os mais variados segmen-tos da sociedade.

Perspectivas do projeto

Recentemente, tivemos um projeto aprovado pela FEHIDRO (Fundo Estadual de Recursos Hídri-cos - SP) para ações que fortaleçam e consolidem o Coletivo Mantiqueira, cuja execução deverá ser iniciada em meados de junho deste ano.

Saba mais… www.coletivomantiqueira.org.br; E-mail: [email protected] Fone: (11) 4539-7776

idéias do Coletivo PAP2.Estes Itens Básicos constituíram aquilo que foi

considerado o mínimo que um Educador Ambien-tal que atuará em Campinas deveria ter contato para, a partir daí construir seus próprio caminho de formação individual e coletivo. São eles:

• “Re-Conhecendo Campinas”: a ampliação doconhecimento in loco do espaço territorial do município de Campinas, sua história, seus pro-cessos de apropriação e transformação e seus mais diversos grupos de expressão cultural;

• “Caminhos”:umaampliaçãodapercepçãodo“eu” como um ser sensível que percebe o am-biente e interage com o mesmo passando a criar e expressar suas necessidades como indi-víduo e coletivo; um mergulho nas diferentes possibilidades de percepção e expressão do indivíduo no mundo, por meio de diferentes experiências artísticas;

• “Relatos de Aprendizagem”: trocas de saberesentre os participantes reconhecendo em cada um deles um fundamental ator/agente de trans-formação de sua própria história e território;

• “Pessoas que aprendem participando”: dis-cussão ampla sobre alguns dos conceitos fundamentais deste processo: comunidades interpretativa de aprendizagem e pesquisa-ação participante, além de diversos conceitos básicos sobre os quais estes se fundamentam: alteridade, pertencimento e potência de ação.

O item “Caminhos”, por se propor a estimular as diferentes formas de percepção do indivíduo e do seu ambiente, por meio da arte como forma de percepção e expressão, acabou sendo definido como um item que perpassa por todas as fases do processo formativo.

Estes 04 Itens foram vivenciados por todos os co-educandos que constituíram os 21 Coletivos Locais de Ação Sócio-Educativa (comunidades de apren-dizagem), distribuídos pelo território de Campinas.

Na segunda fase, Cardápio de Aprendizagem bastante diversificado, com 25 itens optativos, para que os coeducandos escolhessem aqueles que

COEDUCA Coletivo Educador Ambiental de Campinas

A proposta do Coletivo Educador Ambiental de Campinas – CoEduCa – tem como meta a forma-ção de Coletivos Locais (envolvendo 150 Educa-dores Ambientais no município), que formarão outros Educadores Ambientais Populares nos seus bairros e nas suas comunidades.

Desde o ano de 2005, o CoEduCa vem refletindo e discutindo a elaboração do Cardápio de Aprendi-zagem que, levando em consideração as especifi-cidades de cada local, região e, principalmente, de cada indivíduo, questiona a lógica cristalizada dos currículos universais que subentendem que todos necessitamos de um mesmo conhecimento, apre-sentado de um mesmo modo.

Por exemplo, conhecer o território campineiro e sua diversidade sócio-ambiental, cultural, política

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atendessem às suas necessidades de formação, e as do coletivo local de que fazem parte, objetivando a elaboração da proposta de atuação sócio-ambien-tal com a comunidade. Além da vivência dos itens foram realizados encontros, chamados de “imer-são”, nos quais houve aprofundamento conceitual e reflexão sobre a metodologia de trabalho.

Na fase 3 (atual), os temas dos 21 itens opta-tivos foram sugeridos pelos coeducandos (PAP3) de acordo com as necessidades de formação para a execução da proposta de ação sócio-educativa. Estes foram elaborados com a colaboração de PAPs3, que passaram, também, a ser formadores do processo que estão vivenciando. Da mesma forma, a partir da sugestão dos coeducandos, os

a uma entre - o COEDUCA (PAP2) e as instituições nas quais os PAP3 têm seus empregos. As reuniões dos Coletivos Locais e as ações sócio-educativas estão sendo realizadas aos finais de semana e em horários noturnos durante a semana. O processo todo de formação, entre a vivência de Itens de Car-dápio, imersões, Simpósios e Ação Sócio-Educativa totalizarão mais de 500 horas.

O Projeto Coletivo Educador da Região Norte da Cidade de São Paulo, executado mediante o convê-nio entre o Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura de São Paulo – IBECC e o Fundo Nacional do Meio Ambiente – MMA, vem desenvolvendo desde junho deste ano sua proposta metodoló-gica, fundamentada na proposição de atividades pedagógico-educativas, inicialmente voltadas aos professores das escolas públicas, agentes comuni-tários de saúde e outras lideranças comunitárias. Visa produzir a reflexividade sobre os processos de socialização aos quais foram submetidos os

PAPs4 interessados estão vivenciando os itens de cardápio junto com os PAPs3, fortalecendo os co-letivos locais de ação sócio-educativa e reforçando a idéia de que todos somos educandos e educado-res ambientais populares.

No decorrer do processo formativo, cada fase é finalizada com o Simpósio do CoEduCa no qual todos os Coletivos Locais apresentam os seus tra-balhos de ação sócio-educativa.

Em termos de dedicação de tempo, os Itens de Cardápio estão sendo oferecidos durante 03 se-mestres, a partir de março de 2007, num total de 8 horas semanais, às 5ª e 6ª pela manhã (turma da manhã) ou 5ª e 6ª à tarde (turma da tarde). As dis-pensas de trabalho foram sendo articuladas - uma

Reunião com professores da Diretoria de Ensino Norte 2 (22/11/2007) Oficina com professores da Diretoria de Ensino Norte 1 (17/10/2007)

Saiba mais… Coordenador: Sandro TonsoE-mail: [email protected]: (19) 4141-0655 e (19) 8204-3277

participantes, de modo a propiciar a intensifica-ção da capacidade de pensamento e a emissão de juízos críticos originais sobre o socioambiente, condição essencial para uma intervenção lúcida sobre o mesmo. A macro-estratégia do trabalho é a de organização dos espaços urbanos na região, constituindo-os em micro-territórios delimitados em torno das escolas públicas e sediados por elas. E a partir destas escolas, objetiva-se implementar programas, ações e iniciativas capazes de promo-ver a abertura de um espaço de livre interlocução e o aprofundamento das análises sobre as questões

socioambientais, mediante a produção e o com-partilhamento do conhecimento do meio físico, biológico, técnico, econômico, social, político e ge-ográfico da micro-região delimitada (“pedaço”).

Parte essencial da estratégia proposta é o pla-nejamento participativo destes programas, ações e iniciativas; neste sentido, esta primeira etapa do projeto vem se estruturando sobre três ações organizadas a partir de quatro Grupos de Trabalho (GT’s) constituídos no âmbito do Coletivo Educa-dor: no plano teórico conceitual, encontra-se em desenvolvimento um mapeamento geo-físico e

CE da Região Norte da Cidade de São Paulo

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CESCAR Coletivo Educador de São Carlos, Araraquara, Jaboticabal e Região

No correr do ano de 2005, o levantamento e a organização dos dados de oficinas, cursos, espa-ços e equipamentos ofertados pelas instituições parceiras do Coletivo, resultou num primeiro es-boço de Cardápio do CESCAR. A constituição do CESCAR e desta primeira versão de cardápio teve como importante subsídio a experiência de ação em rede que já existia no município de São Carlos, construída no contexto da REA-SC – Rede de EA de São Carlos, lançada em junho de 1996. Desde 2000 um grupo de instituições promove encontros de EA no município, que no ano de 2003 teve como tema “Por um Programa Municipal de EA”, quando se começou a estruturar tanto as ofertas quanto as demandas por EA, em diferentes setores. No EA-2004 foi organizado um Painel, contando com a participação de 11 diferentes instituições/organi-zações, que promovem uma diversidade de ações em EA na cidade. Já nesse processo iniciava-se a perspectiva de ações conjuntas em EA, ainda que nessa fase, em âmbito municipal.

Com a ampliação da abrangência territorial para 12 municípios, a partir da constituição do Coletivo Educador, intensificou-se esse processo, e um rol de itens de cardápio que já eram oferecidos por 19 instituições desses municípios foi inserido no projeto ViU - “Viabilizando a utopia”, enviado em novembro de 2005 ao FNMA para financiamento (Edital no.5/2005). No projeto foram propostos 2 cursos de formação de educadoras/es ambientais, tanto para contemplar pessoas sem formação su-perior (extensão universitária), quanto pessoas com curso superior (especialização).

Para a organização do programa de formação desses cursos, depois do Projeto aprovado, partiu-se de duas questões fundamentais que nortearam várias edições da dinâmica “brain storm” – ou “toró de idéias”, com o sotaque típico do nosso interior paulista: “O que já temos para oferecer” e “Qual a

formação em EA que desejamos proporcionar”?. No início, a sensação de “caos” era grande… Mas, aos poucos, chegamos a uma primeira versão do Cardápio do CESCAR, e por meio de experiências e limitações, vislumbrou-se o modelo do curso em EA que gostaríamos de desenvolver.

No entanto, percebemos que a tarefa de conci-liar todos os itens do cardápio não seria fácil, pois vimos que algumas temáticas apresentam uma ampla oferta de itens e com a ausência de oferta de outros, considerados como ‘nutrientes essen-ciais’. Nesse processo, definimos então um ‘cardá-pio mínimo’ para ser oferecido às/aos PAP3.

O programa do curso foi sendo construído cole-tivamente e de forma gradativa, a partir da defini-ção do tema de cada encontro e de quais institui-ções parceiras seriam responsáveis pela sua oferta. Assim, fomos distinguindo a diferença entre o Cardápio do CESCAR e os ‘pratos especiais’, que são construídos para cada encontro quinzenal. De-finimos primeiro os temas dos 8 encontros gerais (EG) do primeiro semestre de 2007, e após dife-rentes estratégias de avaliação do andamento da proposta, incluindo aí a perspectiva das/os PAP3, os temas dos 9 EG do segundo semestre foram desenhados. Os últimos 3 EG foram definidos so-mente em 2008.

Conhecendo, então, o potencial existente e es-tando conscientes de que nem todos os temas do curso poderiam ser desenvolvidos, a busca de no-vas parcerias passou a ser meta importante para o CESCAR. Esse movimento resultou na adesão de mais 19 instituições e atualmente o CESCAR conta com 38 parcerias que acrescentaram ‘mais sabor’ ao nosso cardápio, ainda que o grau de envolvi-mento e compromisso não seja o mesmo entre todas/os as/os participantes. Ainda assim, em alguns encontros temos convidado outras pessoas das instituições parceiras que não estão direta-mente envolvidas com o CESCAR ou instituições que não são parcerias, mas que têm competência em áreas consideradas importantes para compar-tilhar no processo formativo que estamos (nos) proporcionando.

social, incluindo o reconhecimento dos espaços de centralidade e das redes de comunicação operantes no território; no plano etnográfico, utilizando-se o método da pesquisa-ação participante, os esforços têm sido dirigidos para o reconhecimento e arti-culação das diferentes dimensões socioambientais da região, através das parcerias estabelecidas com instituições vinculadas ao atendimento à saúde, particularmente com a Secretaria Municipal do Ver-de e Meio Ambiente e com a Secretaria Municipal da Saúde, através do Núcleo de Gestão Ambiental Descentralizado da Zona Norte e da Coordenação Geral de Saúde da Zona Norte. E, noutra frente, com a rede escolar municipal através do Centro Educacio-nal Unificado da Vila Brasilândia (CEU Paz) e com a rede escolar estadual, através das Diretorias de Ensi-no Norte 1 e Norte 2.

Neste momento, articula-se com o CEU Paz a rea-lização de atividades pedagógico-educativas dirigi-das à comunidade, potencialmente precursoras da instalação de um coletivo educador naquele micro-território. O trabalho com os professores estaduais

– iniciado a partir de “oficinas” organizadas para o diálogo sobre as questões socioambientais – tem convergido para a montagem de coletivos educa-dores no âmbito territorial das Diretorias de Ensino, e para o planejamento participativo de um curso de formação em Educação Ambiental, vinculado ao projeto pedagógico vigente até o fim de 2008 nas escolas públicas estaduais, cujo eixo temático é a questão ambiental. Para as próximas etapas do projeto, espera-se que o fortalecimento dos víncu-los de colaboração com as instituições das áreas da saúde e do meio ambiente venham a propiciar a in-tegração estratégica destas iniciativas da educação, promovendo a mobilização dos cidadãos da Região Norte da Cidade de São Paulo para a participação direta no debate sobre as questões ambientais.

Contato: Sandra Maria Patricio RibeiroE-mail: [email protected] Coordenadora: Eda Tassara E-mail: [email protected]: (11) 3032-5772

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O Cardápio do CESCAR está organizado em: His-tórico e Correntes da EA; Fundamentos e Princípios da EA; Metodologias em EA; Temas Sócio-am-bientais. Entendemos que os itens desse cardápio deverão ser divulgados e estarão disponíveis, po-dendo ser acessados por qualquer pessoa interes-sada, dentro das possibilidades de cada instituição parceira. Já os cursos, com tempo definido de du-ração (no âmbito do projeto “Viabilizando a uto-pia”), está organizado em 3 Módulos: Percepção/Compreensão (oferta de conteúdos conceituais/procedimentais/atitudinais em 20 encontros); Es-truturante (formação de comunidades interpreta-tivas e de aprendizagem, acompanhada de tutoria PAP2/PAP3 e da oferta de itens de cardápio opcio-nais) e Interação Educativa (projetos de interação educativa realizados por cada PAP3, que também envolve a oferta de itens de cardápio do CESCAR!).

Temos procurado assumir as dificuldades como desafio, os erros e acertos como partes impres-cindíveis no nosso processo de aprendizagem e a continuidade e sustentação das ações de cada PAP como objetivo a ser buscado nos desdobramentos futuros do CESCAR.

Buritama, Alto Alegre, Avanhandava, Araçatuba, Promissão, Penápolis e Ubarana). Estiveram pre-sentes cerca de 200 pessoas, entre elas prefeitos, entidades interessadas em educação ambiental e munícipes interessados no curso de formação.

O processo de formação está acontecendo por meio de oficinas/ aulas/ visitas técnicas que acon-tecem em diversos locais, dependendo do tema abordado e em função dos cardápios levantados. Para cada tipo de atividade ou tema são utilizados múltiplos espaços disponibilizados pelos diferen-tes parceiros, como CEA – Centro de Educação Ambiental de Penápolis; Prefeituras municipais da região; Escola Técnica Agrícola João Jorge Gerais-sate – Penápolis, entre tantos outros.

No dia 10 de Novembro de 2007 na Fundação Educacional de Penápolis - FUNEPE, aconteceu o primeiro seminário para os inscritos no curso de Educadores Ambientais Populares para conhe-cerem um pouco mais sobre o projeto Coletivos Educadores. Os participantes expuseram suas ex-pectativas quanto ao curso, dando uma prévia do possível projeto de intervenção que eles desenvol-verão em suas comunidades locais.

Com a expectativa para o início do processo de formação, o grupo encontrou-se novamente no dia 24 de Novembro na cidade de Araçatuba na UNITOLEDO com o Profº. Dr Carlos Roberto do Espí-rito Santo, que explanou sobre o tema “Reflexões

Saba mais… Email: [email protected] Fones : (16) 3351-8771; (16) 3373-9772(com Bel P. Domínguez ou Silvia M. dos Santos)Coordenação: Haydée Torres de Oliveira – UFSCar

sobre a questão ambiental no século XXI”; e no dia 08 de Dezembro em Penápolis, na Escola Técnica Agrícola, com o tema “O paradoxo regional: produ-ção de biocombustível X impactos sócio-ambiental do ciclo da cana na Região da Bacia Hidrográfica do Baixo Tietê”.

Depois de uma aula interessante na Usina Hi-drelétrica Mário Lopes Leão em Promissão minis-trada pelo biólogo Cruz e com uma troca de infor-mações com funcionários da AES Tietê. O Coletivo Educador do Baixo Tietê dando continuidade aos estudos foi para Barbosa, onde ocorreu a aula

“Compreensão do território – O desenvolvimento urbano e seu impacto ambiental”, ministrada pelo arquiteto Carlos Alberto Bachiega no dia 09 de Fe-vereiro de 2008.

O Coletivo Educador do Baixo Tietê é um am-biente de muito estudo, reflexão e discussão, com aulas sempre descontraídas e com uma intera-ção surpreendente dos participantes que trocam constantemente experiências ambientais. Para estimular ainda mais essa reflexão e mais troca de informações entre os participantes, uma dinâmica de grupo foi proposta pelo orientador – “O que caracteriza um território” – com o objetivo de di-mensionar o território de intervenção dos futuros educadores. A atividade foi lançada e os grupos ti-veram que desenhar os ASPECTOS FÍSICOS, ASPEC-TOS HISTÓRICOS, ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS e

Coletivo do Baixo Tietê na Usina Hidrelétrica Mario Lopes Leão.

CE do Baixo Tietê

No mês de setembro de 2007 a equipe gestora do projeto “Coletivos Educadores Ambientais do Baixo Tiete” iniciou o trabalho de divulgação do curso de Formação de Educadores Ambientais Populares, que inicialmente tinha o objetivo de formar 50 educadores de 10 municípios pertencentes do pro-jeto. Foram realizadas 11 reuniões de apresentação do curso em cidades que compõe a Bacia Hidrográ-fica do Baixo Tietê. (Braúna, Barbosa, Birigui, Bilac,

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a questionamentos sobre nossa prática diária, nossa postura e forma de participação na sociedade. Ali-ás, neste ponto gostaria de ressaltar o trabalho do professor Sandro Tonso no nosso último encontro do Coletivo, que levou-nos a uma reflexão sobre nossa forma de participação dentro e fora do Coletivo.

Na Associação do Grupamento Ambientalista - AGA, ONG que participamos, temos realizado al-gumas ações voltadas à educação ambiental com crianças, arborização, experiências com agro-flo-resta, e estas ações são valorizadas e enriquecidas com essas experiências vivenciadas no Coletivo. No entanto, precisamos ir mais adiante. Há muito para ser feito, este é apenas o início do nosso caminhar. Lourdes Conceição Sandriago Rabal (partici-pante do processo de formação).

ASPECTOS CULTURAIS de seu território.O conhecimento de cada território é importante

para uma educação ambiental sensibilizadora efi-caz, sendo que cada território tem suas particulari-dades. Um programa de educação ambiental para ser efetivo deve promover simultaneamente o de-senvolvimento de conhecimento, de atitudes e de habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade ambiental.

“O Coletivo tem sido um mecanismo de construção comunitária de conceitos, práticas e ações de edu-cação ambiental muito interessante! Tem quebrado paradigmas, pré-conceitos e teorias. Tem mostrado que não existe modelo padrão ou receita comum para agir diretamente na comunidade. O processo de construção de intervenção nas comunidades deve considerar e contemplar as vontades e anseios dos atores (populares). O respeito à comunidade e a garantia de participação dos envolvidos nas ações tem mostrado que é a base para o sucesso nas ações de educação ambiental”. Jefferson dos Santos Rabal (participante do processo de formação)

Troca de Experiências com Cescar e COEDUCA.

O dia 15 de Março no Centro de Educação Am-biental o Coletivo Educador do Baixo Tietê recebeu uma importante contribuição para o processo de formação; Haydée Torres de Oliveira e Bel P.

Dominguez do Coletivo Educador de São Carlos – CESCAR abordaram o tema “Fundamentos da Educação Ambiental” e ministraram uma aula de maneira descontraída, interativa e com valiosas trocas de vivências entre o CESCAR e o COLETIVO DO BAIXO TIETÊ.

Em meio a um cenário de extrema mobilização popular - VIII Fórum de Saneamento e Meio Am-biente em Penápolis – Sandro Tonso representan-te do Coletivo Educador de Campinas – COEDUCA, deu sua contribuição para formação de 62 pessoas que participam do processo de formação com aula

“Mobilização de comunidades para questões socio-ambientais”.

Têm sido muito rico os encontros que temos nos Coletivos. São momentos únicos, onde pessoas de diferentes áreas, cada qual com seu conhecimen-to, suas idéias e propostas, têm a oportunidade de aprender ao mesmo tempo em que também ensina. Há sempre alguma novidade. E, é nesta troca, que percebemos o universo em que vivemos e o que cada um pode contribuir. Assim vamos conhecendo melhor nossa Bacia Hidrográfica e as peculiarida-des de cada cidade que a compõe, graças aos relatos dos participantes. Descobrimos ações interessantes que podemos aplicar em nossa comunidade, talvez coisas simples, mas até então não pensadas.

As abordagens feitas pelos palestrantes, além de ampliar nosso leque de informações, nos conduzem Jefferson dos Santos Rabal e Lourdes Conceição Sandriago Rabal.

Vamos saber um pouco mais como estão

os demais Coletivos do estado?

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CE de Ribeirão Preto e Região – Ipê Roxo

2007 foi um ano de fortalecimento do Coletivo Ipê Roxo. Direcionamos nossas atenções às reu-niões de estudo, planejamento, reflexões, par-ticipação em eventos de Educação Ambiental e de encontros dos coletivos do Estado e trocas de experiências.

Temos envidado esforços, nos últimos meses, para construir uma metodologia para o mapea-mento socioambiental de Ribeirão Preto. Preten-demos que esta etapa seja desenvolvida de forma participativa e que possua caráter formativo. Ini-ciamos um mapeamento prévio, que nos indica inúmeras e diversas ações, publicações, pessoas, instituições, processos em Educação Ambiental acontecendo, ao mesmo tempo, neste território. A mesma diversidade se expressa sob a forma de cada grupo compreender as questões socioam-bientais do município. Por isso, almejamos des-vendar e revelar, em tal mapeamento, as origens e os interesses (de diversas naturezas) que estão imbricados aos problemas e conflitos socioam-bientais.

Com o intuito de iniciar nossos trabalhos no rumo de mapear o município, pautados na pers-pectiva socioambiental, organizamos e execu-tamos o seminário “Olhar Socioambiental sobre um Território”, em novembro de 2007. Para isso, contamos com a apresentação de algumas expe-riências de diagnóstico e/ou mapeamento social, ambiental ou socioambiental realizados aqui no município, tais como: • AorganizaçãodaCartaAmbientaldeRibeirão

Preto, elaborada pelo Departamento de Ges-tão Ambiental da Prefeitura Municipal;

• AconstruçãodoAtlasEscolarHistórico,Geográ-fico e Ambiental de Ribeirão Preto, pelo Grupo de Estudos da Localidade (ELO) do Laboratório Interdisciplinar de Formação do Educador (L@ife), da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP);

• O estudo de caso do Jardim Progresso, loca-

lizado na periferia da cidade. Estudo este or-ganizado por docentes da área de sociologia da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que gerou o livro “A cidade e seus limites”;

• Experiências do Centro de Formação Sócio-agrícola de Ribeirão Preto com metodologias participativas em assentamentos rurais da re-gião, dentre outras.

Para enriquecer o debate buscamos e tivemos também a participação de profissionais/atores de diferentes entidades e instituições locais que trouxeram seus pontos-de-vista sobre como se manifestam os problemas e os conflitos socioam-bientais em nosso município.

Inspirado por estes encontros e trocas de ex-periências e, orientado no MAPPEA (documento disponibilizado pelo Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente - que nos provoca em seu formato), o Coletivo Ipê Roxo está compondo, neste momento, caminhos de composição do mapeamento socioambiental, na perspectiva de articular o que já reverbera em Ri-beirão Preto e Região. Também buscamos maior apoio institucional da Universidade de São Paulo na ancoragem do Coletivo, por meio da efetivação de um acordo de cooperação com o MMA e a apro-vação de uma bolsa para uma graduanda apoiar e se formar junto ao Coletivo Educador.

Notícias da Sala Verde e do Coletivo Jovem de Ribeirão Preto:

A Sala Verde em Ribeirão Preto está sediada na Casa da Ciência Galileu Galilei da Secretaria Muni-cipal de Educação e localizada no Parque

Municipal do Morro do São Bento, uma unidade de conservação municipal gerenciada pela Secretaria Municipal de Planejamento e Gestão Ambiental. O Coletivo Jovem de Ribeirão Preto se reúne nos terceiros sábados de cada mês e conta atualmente com 70 escolares. As atividades do Coletivo Jovem - oficinas, exposições e debates - integram o Pro-grama de Educação Ambiental da Casa da Ciência e do Parque Municipal do Morro do São Bento.

Sobre o 3º Encontro Estadual dos Coletivos Edu-cadores, Salas Verdes, Municípios Educadores Sus-tentáveis e demais parceiros estaduais - Programa de Formação de Educadores Ambientais do De-partamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente realizado nos dias 06 e 07 de novembro de 2007.

O Encontro foi enriquecedor pelas reflexões que gerou. Na oficina Coletivo Educador, facilitada pela Profª Eda Tassara, desenvolveu-se uma dinâmica que trouxe à tona vários questionamentos e re-flexões para o grupo, como ‘qual o papel de um coletivo educador’? Para nós do Coletivo Ipê Roxo, reforçou a idéia de que um coletivo educador não é um grupo que recebe demandas e resolve pro-blemas de ordem socioambiental de um território. Seu papel está em contribuir na formação de edu-cadores e educadoras e estes, por sua vez, podem interferir em seus espaços de atuação e vivência. Essa discussão tem ajudado o Coletivo Educador de Ribeirão Preto – Ipê Roxo a nortear suas reflexões e ações.

Tabebuia avellanedae.

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CESLim, nossos passos, nosso caminho

A cidade de Limeira, casa do CESLim, Coletivo Educador Sustentável de Limeira, está localizada na região de Campinas, na bacia dos Rios Piraci-caba-Capivari-Jundiaí (bacia do PCJ), possui uma área de 581 Km2, em 2006, possuia por volta de 280 mil habitantes. Faz fronteira com as cidades de Cordeirópolis, Araras, Artur Nogueira, Engenheiro Coelho, Cosmópolis, Americana, Santa Barbara D’Oeste, Iracemápolis e Piracicaba. A cidade, que por muito foi conhecida como capital da Laranja, hoje se destaca pela sua numerosa, e ecologica-mente inadequada, produção de jóias folheadas.

O CESLim, desde o início de suas atividades, em Janeiro de 2007, tem se organizado em cole-tivos locais e coletivo articulador. As reuniões dos coletivos aconteceram paralalelamente, sendo desenvolvidas atividades localmente, que, atra-vés do coletivo articulador, dialogavam entre sí. Além dos encontros de cada coletivo, aconteceram também encontros gerais, ao todo quatro, que ti-nham como objetivo ampliar e fortalecer o grupo, elaborar atividades de formação, trocar vivências entre os grupos e apresentar a proposta a novos participantes.

Duas oficinas foram realizadas durante o ano que passou. A primeira, entitulada “Limeira a pé”, colocou os participantes, em contato com outras visões sobre a cidade, que em muitas vezes, sob diversos pontos de vista, passa despercebida aos olhos dos que nela vivem. Foi feita uma visita ao centro histórico da cidade, acompanhada de uma exposição de fatos e histórias sobre personagens e localidades da cidade. A segunda, focada na pro-

Coletivo Educador Sustentável de Limeira – CESLim

dução de resíduos e na agroecologia, tentou elu-cidar algumas dúvidas sobre a compostagem de resíduos orgânicos. A oficina sobre compostagem, que aconteceu na zona rural de Limeira, teve, em sua maioria, a participação de pessoas da região do coletivo rural.

No final do ano, foi apresentada uma proposta para a realização de um encontro de encerramento e planejamento. A idéia era um grande almoço co-letivo. Entretanto, por motivos ainda sem maior en-tendimento, o almoço não aconteceu, trazendo uma série de dúvidas e questionamentos aos grupos.

Essa última atividade planejada, que não ocor-reu, nos parece um reflexo de uma situação que vem se fortalecendo dentro do coletivo: A desar-ticulação das atividades e pessoas. Situação essa que teve seu momento de maior intensidade du-rante o período de férias letivas.

Porém, gradativamente, o grupo vem se reor-ganizando e reavaliando a sua atuação no ano de 2007. Um dos motivos apontados é a “pessoalida-de” dos contatos realizados pelo grupo. De modo geral, desde o início da formação do coletivo, os contatos realizados foram todos feitos através de convites. Ou seja, foram contatos restritos ao cír-culo de contatos das pessoas que se dispunham a articular os grupos. Ora através das secretarias da cidade, ora através da prefeitura, ora através da universidade, em suma, sempre dependendo de quem fazia o convite.

O período que entra é de rearticular e fortalecer os grupos, além de ampliá-los. Entretanto, pre-tendemos agora, afim de “impessoalizar” nossos contatos, utilizar a mídia, de cartazes, panfletos e todas as formas que não dependam de convites

pessoais para entrar em contato com os possíveis interessados. Qualquer pessoa que, por afinidade, sinta interesse em participar, possa o fazer, mesmo sem conhecer ninguém que já tenha contato com o coletivo.

Outro objetivo do grupo que articula o coletivo é de fomentar o surgimento de propostas de ativida-des e ações educativas dentro dos coletivos locais, além de ele próprio sugerir algumas. Acreditamos que um dos motivos que afastou algumas pessoas foi a dificuldade que tivemos em atrair a atenção dos mais aflitos por ações diretas.

Muito embora a situação do coletivo não seja confortável, aprendemos muito no ano que pas-sou. O grupo atual teve a possibilidade de se aproximar da proposta de trabalhar em coletivos e entender melhor essa dinâmica.

Entendemos que há muito a ser feito na cidade e acreditamos no potêncial de ação da população limeirense.

De modo geral, o coletivo articulador precisa se fortalecer, enquanto grupo e enquanto facilitador e potencializador de ações, para assim, ter mais condições de apoiar o trabalho realizado nos co-letivos locais.

Pode ser interessante para o CESLim, estreitar laços com outros coletivos e com as redes existen-tes, ampliando sua participação em espaços que possibilitem esse contato com outros coletivos.

Autores: Thiago Alexandre Moraes, André da Silva Cruz, Sheila Medeiros e Sandro Tonso.

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CE Pirá Sykauá Metamorfose de um Coletivo Educador

Assim como uma lagarta sai do casulo e se transforma numa linda borboleta, o Coletivo Edu-cador da Bacia do Ribeirão Piracicamirim está se transformando no Coletivo Educador “Pirá Sykauá” – Território das Bacias Hidrográficas do Município de Piracicaba, voando mais alto e buscando novos parceiros para se reproduzir…

A história de nosso coletivo começou em se-tembro de 2006, formado por pessoas e institui-ções atuantes na bacia do ribeirão Piracicamirim, abrangendo um território com 93.000 habitantes e tendo um grupo articulado há mais de 5 anos através de iniciativas do Projeto Pisca. Em 2007

COE Mantivale

O bairro do Quilombo, localizado no município de São Bento do Sapucaí, é uma comunidade de pessoas que tem muita história para contar e sa-bedoria para compartilhar.

A comunidade sobrevive do artesanato, cuja matéria prima é a folha da bananeira. A cidade

na retomada de nossas atividades, sentimos a necessidade de ampliar nosso território devido às sugestões do DEA/MMA e a abrangência das ações de nossos parceiros em outras áreas do município. Com a ampliação de nosso território, envolveremos 35 sub e micro bacias do município de Piracicaba e o n° de habitantes passou para cerca de 400.000 habitantes.

Nosso objetivo principal é ampliar e efetivar ações conjuntas que possibilitem sinergia de re-cursos e competências pessoais e institucionais voltadas para a sustentabilidade das bacias do município de Piracicaba.

Estamos no momento de reestruturação e divul-gação de nosso coletivo, trabalhando na oficializa-ção do novo proponente junto ao DEA/MMA e na metodologia de acolhimento de novos parceiros, buscando a ampliação de nosso “PAP2”. Muitos dos trabalhos realizados durante o ano de 2006, ainda no Coletivo Pisca, servirão de base para nossa rees-truturação, principalmente em relação ao processo de reformulação do PPP, contemplando os marcos conceitual, situacional e operacional, e do proces-so de formulação dos cardápios.

Enfim… estamos a procura de parceiros que possam com a gente, reproduzir idéias, metodo-logias e processos de formação de educadores ambientais. Vamos fazer com que essa espécie de educadores “super-povoe” o planeta…

Se você desenvolve alguma atividade de edu-cação ambiental em Piracicaba, participe do Co-letivo Pirá Sykauá. Você tem muito a colaborar, fortalecendo suas idéias, projetos e estruturas em trabalhos de educação ambiental. Entre em conta-

to através do e-mail: [email protected] ou pelo telefone (19) 3429-4436 ramal 235.

Ah! Por que “Pirá Sykauá”?“Pirá Sykauá” foi o nome dado pelos primeiros

habitantes de Piracicaba - os índios de raízes tupi-paiaguás que viveram às margens do rio, próximo ao salto do Rio Piracicaba e significa “Lugar que, por acidente natural no leito dos rios (salto), impe-de a passagem dos peixes, favorecendo a pesca” e, consequentemente, o estabelecimento da tribo.

Dessa forma, escolhemos esse nome pelo fato do rio Piracicaba estar localizado na região central da cidade. Através dele muitas atividades se for-maram e se transformaram e, como nosso coletivo representa educadores que atuam nesta bacia, acreditamos que, assim como essa força com que o rio exerce na vida dos piracicabanos, também nós do Coletivo possamos transformar idéias em ações. Quem já está envolvido?Projeto PISCA - ESALQ-USP;NACE / PTECA - ESALQ-USP;PET Ecologia - ESALQ-USPCALQ - Centro Acadêmico ”Luiz de Queiróz”USP RECICLA – ESALQ-USPCentro Ecológico Flora Guimarães Guidotti / FEALQInstituto Terra MaterEscola Técnica Agropecuária José Coury de Rio das Pedras.PM Piracicaba / SEDEMA - Núcleo de Educação Ambiental;Secretaria do Estado do Meio Ambiente / CETESB PiracicabaMMA - Ministério do Meio Ambiente / DEA

vem passando por uma série de transformações positivas. A cooperativa local ganhou força, o fluxo turístico aumentou e a população demonstra inte-resse em despoluir o Ribeirão, que corta o bairro.

O primeiro passo já foi dado: a construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). O Inves-timento feito pela Sabesp e FEHIDRO no valor de 650 mil, trouxe como beneficio melhorias na saú-

de e até na auto-estima dos moradores que agora se sentem privilegiados em morar num bairro que tem 100% do esgoto doméstico coletado.

Visitamos a recém inaugurada ETE do bairro do Quilombo em São Bento do Sapucaí.

A estação tem capacidade de receber duzentas ligações, assim as 168 necessárias já estão sendo realizadas, um pouco atrasadas por conta da falta

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estão abertas à participação de outras pessoas. Ao discutirem formas e processos para formação do Coletivo, acabam refletindo sobre a própria postu-ra educadora. Com a chegada de cada novo inte-grante e parceiro, existe a preocupação de “ensinar a língua do PAP”, a arquitetura de capilaridade e os conceitos do proNEA que referenciarão o Progra-ma de Formação de Educadores Ambientais Populares. Somos ‘pessoas que aprendem ao participar’ e, temos participado dialogando, fa-lando, ou seja, ao mesmo tempo em que o grupo PAP2 vai falando ao novo PAP2 o que é o Coletivo, vai pensando e desenvolvendo conceitos, incor-porando novos elementos aos discursos.

Alguns pensadores da atualidade são referen-ciados nos estudos do GAO. Ao nos reencontrarmos com estes autores na formação do Coletivo Educa-dor, reavivamos e reacendemos nossa “utopia” de mudar o mundo para melhor. “Os sete saberes para uma educação do futuro” de Edgar Morin, “Caminhos e Encontros da Educação Ambiental” (DEA/MMA), “Pedagogia da Práxis” de Moacir Ga-dotti e “Extensão ou Comunicação” de Paulo Freire se alternam na práxis, conforme a necessidade. Nosso cardápio básico nos últimos momentos tem sido o proNEA. E já encontram indicadores de ampliação de conceitos, transformações de vi-

O Coletivo Educador Rio Mojiguaçu

O Coletivo Educador Rio Mojiguaçu iniciou seu processo de constituição e formação de PAP’s 2 em 2006, já na elaboração do projeto que atenderia ao Edital do MMA, formalizando e norteando a parceria entre ONGs do município de Mogi Guaçu e Estiva – Gerbi que já vinham atuando juntas no enfrentamento da problemática socioambiental. Logo de início, agregaram-se outras instituições, inclusive secretarias municipais. O grupo tem aprendido participando no dialogismo, ensinando, fazendo, escutando e falando durante encontros presenciais e virtuais, reuniões semanais, Encon-tros Municipais com PAP’s 2, 3 e 4 e nos Encontros com outros coletivos do estado de São Paulo. O CE Moji Guaçu encontrou no COEDUCA (CE de Campi-nas), seu coletivo mais próximo, apoio e referên-cias para o trabalho de formação.

Reuniões semanais e formação dos PAPS 2 de formação: GAO

Os representantes de algumas das instituições que inicialmente se propuseram a constituir o CE Rio Mojiguaçu para educar socioambientalmente os educadores ambientais populares, constituíram o GAO – Grupo Articulador Operacional. Uma vez por semana estes 10 PAPs 2 fazem reuniões que

de mão-de-obra que atrapalhou o serviço. O funcionamento é automático. Além da ETE, são

mais três estações elevatórias em toda a cidade, que compõem o processo de afastamento do esgoto.

Após a instalação da estação, grande parte da população ficou “orgulhosa” em residir num bairro pioneiro no tratamento de esgoto.

O que nos chamou a atenção foi a consciência desenvolvida pela população de que se tem que

“despoluir o ribeirão”, compreendendo que é im-portante manter o corpo d’água saudável para que todos tenham uma melhor qualidade de vida.

O potencial turístico do bairro aumentou nos últimos anos, graças ao empenho da população que se uniu para montar a cooperativa dos artesãos e também as políticas públicas adotadas na região.

A cooperativa “Arte no Quilombo” se tornou o centro da comunidade, onde se encontram os ar-tesãos (sãs). As matérias primas de parte dos arte-sanatos são a folha de bananeira e revistas usadas, que se transformam em lindas peças decorativas. Outra grande atração é o atelier do escultor Diti-nho Joana conhecido por suas “botinas” esculpi-das em madeira.

O poder público municipal, também investiu no bairro. A Inauguração do Complexo Turístico, em maio de 2007, deu o passo necessário para a consolidação cultural e turística. Foram realizadas várias obras. Uma que merece atenção é a cons-trução do centro de lazer com uma quadra poli esportiva e uma charmosa praça com lixeiras para coleta seletiva do lixo.

O bairro é um exemplo de desenvolvimento, com respeito à natureza e às pessoas, que se tor-nam cada dia mais consciente através da cultura regional.

sões, abordagens, atitudes e posturas nas quais a educação ambiental acaba sendo reconhecida de maneira transversal nas mais diversas atividades profissionais do território.

Reuniões – grupos de discussões

Os encontros não são apenas semanais, mas contínuos, pois formamos um grupo de discussão do GAO entre PAPs 2, na rede mundial de compu-tadores, o que possibilita operacionalizar não só as ações e decisões, mas também a troca de informa-ções e sugestões de sites. Muitas vezes, é espaço de relatos de impressões, reflexão da ação do gru-po ou seja, de auto-avaliação da própria educação = transformação pessoal. Além deste grupo na

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Baixada Santista rumo ao Coletivo Educador

bases de ação e o poder de intervenção dos elos da REABS solidificam. Assim a rede se consolida como espaço de participação legítimo na formulação e implementação de políticas públicas de EA.

O CE Serra do Mar está estabelecendo seu chão. Em tempos de alta rigidez burocrática e sistemá-ticas positivistas, construir estruturas orgânicas é remar contra a maré. Daí vêm dificuldades que o grupo efrenta durante o amadurecimento.• Faltaderecursos• Regiãoextensa,dificuldadesdemobilidade• NovidadedapropostadeColetivosEducadores

em relação hierarquia padrão• NecessidadedequalificaçãodaEAedealinha-

mento teórico• Relaçãosignificado-significanteentreCESerra

do Mar e REABS• Desestímulopelocaminharlento

Demandas globais e caminhos

Conhecer-se e qualificar-se são as primeiras de-mandas do coletivo. O III Encontro de EA da Baixada Santista – “Rumo ao Coletivo Educador”, realizado em maio de 2007 pela REABS em parceria com a Coordenadoria de EA da Prefeitura de Itanhaém, foi uma primeira resposta do grupo à demanda.

Teve apoio da Ecosurfi – Entidade Ecológica dos Surfistas, Camará – Centro de Pesquisa e Apoio à Criança e Adolescência, ONG Vida – Vivências, In-tegrações e Dinâmicas Ambientais, ONG Salva Sel-va, Horto Municipal de São Vicente, Coordenadoria de EA de Praia Grande, Secretaria de Educação de Santos e do CJ Caiçara/REJUMA.

O encontro mapeou instituições e grupos que fa-zem EA e têm potencial para a formar o Educador Ambiental Popular da ragião. E promoveu troca de

net, há outras listas: por uma, dialogamos e nos formamos PAPs 2 e potenciais PAPs3. Por outras, com os CEs do Estado de São Paulo. Criamos numa página de relacionamentos a oportunidade de in-tegrar nossas discussões, dúvidas e anseios.

Encontros Municipais de Potenciais PAP’s 3:

O Coletivo realizou 3 encontros para a identifica-ção de potenciais educadores populares.

O primeiro encontro aconteceu em outubro, com os objetivos de seduzir novos parceiros, identificar as instituições, indivíduos e a diversidade de sa-beres acadêmicos e populares no território e que nortearão o processo de capilaridade (saber quem serão PAPs 2, 3 e 4); iniciar um mapeamento de cardápios; levantar os atores, os recursos e as for-ças que temos juntos; iniciar a construção do con-ceito de PAP’s - Pesquisa-Ação-Participante.

O segundo Encontro aconteceu em dezembro com reflexões conceituais sobre o que são cole-

Contribuições: Grupo GestorTexto: Bruno Pinheiro (CJ Caiçara | REJUMA)Com o CE Serra do Mar a REABS – Rede de Educa-

ção Ambiental da Baixada Santista – visa enraizar a PNEA – Política Nacional de Educação Ambiental no território e se fortalecer. Com o constante apri-moramento da EA e a capilarização do processo, as

tivos, educação ambiental crítica e pesquisa–ação- participante, processo de capilaridade; revimos os objetivos e metas do projeto Coletivo Educador Riomojiguaçu; Demos continuidade com a participação de todos à pesquisa e ma-peamento das experiências de enfrentamento da problemática sócio-ambiental-econômica do

recorte territorial. O 3º realizado em janeiro de 2008 objetivou

referenciar a construção do Marco Conceitual. Abrimos o encontro com a Carta da Terra, numa apresentação digital de Leonardo Boff no Centro Cultural TUPEC - Tudo pela Cultura. Realizamos uma trilha em ônibus para apreciar e descrever a paisagem natural, urbana, rural e industrial, finali-zando com a visita na cobertura do Paço Municipal para uma vista panorâmica.

O grupo tem se formado aprendendo na práxis: no processo de construção do Coletivo e de seu Projeto Político Pedagógico que vai nortear o Pro-grama de Formação de Educadores Populares.

Coletivo Educador do Rio Mojiguaçu Chamada Pública 2006

Recorte Territorial: Municípios de Mogi Guaçu e Estiva Gerbi, já com alguns elos em Mogi Mi-rim, Itapira, Socorro, Águas de Lindóia, Espírito Santo do Pinhal, onde pretende formar núcleos coletivos. Instituição proponente e articuladora: Comuni-dade Cooper 3R Rio Mogi GuaçuContatos: /GAO: Bia - Cooper 3R:(19) 81124824 /38610282/38413016; ONG OCA Dodô Teixeira: 97679812; Rita Moreli: ONG TUPEC e Divisão de Cultura: 38311844; Co-munidade Interativa: Cláudia – 38610282; Már-cio Antonio Ferreira: SAAMA 38617901; Cristiana Ferraz, Cida Mendes e Márcio Butrico: Sec Saúde, 38611256; Andéia Duda Sec Educação: 38319766. E-mail: [email protected]

Pano de fundoNum território de nove municípios (Bertioga, Guarujá, Santos, Cubatão. São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe), o CE Serra do Mar se desafia a abraçar 1,7 milhões de habitantes. Com grandes diversidades na sociocultura e nos potenciais econômicos, a convivência constrói cotidianamente a confli-tuosa relação humano/Mata Atlântica/zonas costeiras.

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COLETIVO EDUCADOR DO LAGAMARTecendo ações no Vale do Ribeira: a experiência do Coletivo Educador Ambiental do Lagamar

O Coletivo Educador do Lagamar nasce em 2006 através da necessidade de um grupo de pessoas e instituições governamentais e não-governa-mentais dos municípios de Cananéia, Iguape, Ilha Comprida e Pariquera-Açu em superar lacunas, dificuldades e problemas socioambientais, bem como, potencializar as capacidades de seus parti-cipantes, visando promover articulação de políti-cas públicas e desenvolver processos formativos de educação ambiental na região do Vale do Ribeira, extremo sul de São Paulo.

O Coletivo desenvolve suas ações a partir da pesquisa-ação-participante, que é um procedi-mento democrático e participativo de diagnosticar e interpretar a realidade, sonhar sua transforma-ção, planejar intervenções educacionais, imple-mentá-las e avaliá-las.

O objetivo do Coletivo é fortalecer relações de cumplicidade (comunicação) e estabelecer novos contatos (busca) entre pessoas e instituições da região de forma participativa e solidária, promo-

vendo a instrumentalização, articulação e con-tinuidade em projetos e ações para formação de educadores socioambientais.

Encontros periódicos na forma de rodízio entre os municípios são realizados para debates e apro-fundamento conceitual, bem como para a siste-matização das experiências que são desenvolvidas pelos participantes e suas instituições. O Coletivo busca também o envolvimento de outras institui-ções para suporte logístico e financeiro, através da articulação político-institucional e trabalha na elaboração e implementação de um projeto político-pedagógico.

Desta forma, criou-se uma agenda de trabalho que tem como foco a mobilização da população do Lagamar para o conhecimento e enfrentamento de alguns problemas socioambientais que vêm ocorrendo na região, através da participação em estruturas e espaços educadores, bem como foros e outros coletivos. Resultado dessa mobilização é a participação intensa na Campanha em Defesa

do Rio Ribeira de Iguape, que luta em defesa do último rio de grande porte do Estado de São Paulo que corre livre desde a nascente até a foz, mas que infelizmente está ameaçado por uma barragem e a construção da Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto, empreendimento que visa o fornecimento de energia para uma única empresa, a CBA (Compa-nhia Brasileira de Alumínio) do grupo Votorantim. Outras atuações importantes do Coletivo foram: organização do Plano de Limpeza das Praias do litoral sul de São Paulo, parceria com a Campanha Cílios do Ribeira, que visa reconstituir as matas ciliares dos principais rios do Vale do Ribeira, re-alização do Natal Renovado na Ilha Comprida, quer prevê a reutilização de diversos materiais recicláveis e a geração renda para a comunidade local e a execução do projeto “Em Cena… Ação! Educomunicação para construção da Agenda 21 do município de Cananéia”.

O processo de formação de educadores so-cioambientais, pautado nos eixos pedagógicos: cardápios de aprendizagem, comunidades inter-pretativas de aprendizagem e intervenções educa-cionais, ainda não foi implementado, mas está em discussão e será conduzido prioritariamente em

informações e experiências sobre o Tratado de EA para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, Carta da Terra e Agendas 21.

Já em outubro de 2007, uma Oficina PAP (Pes-quisa-Ação-Participante) com a enraizadora do DEA/MMA Semiramis Biasoli, injetou novo gás no grupo. Os parceiros foram a Secretaria de Meio Ambiente do Guarujá e a UNAERP – Universidade de Ribeirão Preto Campus Guarujá.

Este ano o CE Serra do Mar visa descentralizar a atuação e superar dificuldades como as de mobili-dade, envolver mais atores e aprofundar o conhe-cimento sobre si próprio. A proposta será encami-nhada por meio de seminários locais.

Juventude na cena

Desde o princípio do CE Serra do Mar a juven-tude tem participação ativa no processo. Através das ONGs Camará, Ecosurfi e Elementos da Natu-reza, da empresa Nação Ecológica e do CJ Caiçara/REJUMA, empreendimento que articula estas or-ganizações de/com/para jovens, todo o processo é permeado pelo mútuo fortalecimento das trocas intergeracionais.

A atuação do CJ Caiçara no CE Conexão Braço de Orion – CJ Caipira, com as atividades descentrali-zadas e localmente autogeridas do Programa de EA – Projeto Braço de Orion 001, enraíza no ter-

ritório uma dinâmica juvenil de enraizamento de políticas públicas de juventude e meio ambiente. Agrega esforços com o empoderamento de jovens para a percolagem da PNEA na Baixada Santista.

Contatos!

Peruíbe - [email protected]á - [email protected]ém - [email protected] - [email protected]ão Vicente - [email protected]

A região do Lagamar foi declarada como Re-serva da Biosfera da Mata Atlântica e Patri-mônio Natural da Humanidade pela UNESCO.

O Vale do Ribeira concentra a maior extensão contínua de remanescentes de Mata Atlântica do País.

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Coletivo Educador Conexão Braço de Orion – CJ Caipira Braço de Orion sustenta o Entremundos, da parentada mapeada.

Trabalhar com a natureza, não contra ela, exige de nós apoio mútuo e interação para a resistên-cia de autonomias locais frente às instabilidades econômicas e sociais das organizações envolvidas. Graças à cooperação temos muito mais força para reconhecer a conexão entre todas as formas de organização da Vida, desenvolvendo novas estru-turas aptas à intervenção na realidade.

Dando início ao Programa de Educação Ambiental – Projeto Braço de Orion 001, o encontro realizado com apoio da Prefeitura Municipal e da ONG Taipal reuniu cerca de 70 jovens que atuarão voluntaria-mente como facilitadores locais das COM-VIDAS em 30 cidades do Estado, com financiamento do Ministério da Educação através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

A estratégia da Vida na Terra é de gerar multi-plicidade e complexidade e é o que pretendemos também no fortalecimento de núcleos de Coleti-vos Jovens em todo o Estado.

Se tivermos problemas, neles estão as soluções. As dificuldades podem se tornar problemas de-pendendo do ponto de vista da análise e a mul-tifuncionalidade destas pessoas que aprendem participando auxilia no intercâmbio virtual de conhecimentos para a resolução de problemas in loco, sem a necessidade de gastos energéticos maiores do que os produzidos.

Premissas

Flexibilidade, inovação e princípios ecológicos são fatores chaves da proposta, um trabalho regio-

Uma forma de abordagem da realidade que não nega a racionalidade científica e emula princípios ecológicos para a gestão de coletividades de educa-ção e prática.

Constata-se a cada censo que no Brasil ampliam-se o número de jovens entre 15 e 29 anos que não completaram o ensino fundamental ou médio e são alvos da violência pela falta de escolaridade, emprego e políticas públicas específicas, sem al-ternativas sociais de autonomia e expressão.

A carência de espaços de participação e engaja-mento dificulta as ações práticas e o cumprimento de caminhos de integração globalmente delinea-dos pela união e reflexão de boas almas. Há esfor-ços de todos os lados, sem medidas, confrontando o sistema produtivo e ilusório de consumo, descar-te e pobreza.

Vila Élvio, Piedade. Cenário construído por imi-grantes italianos repletos de casinhas brancas, pouquíssimos muros e ruralidade intensa. Na in-terdependência das interações locais entre mora-dores e visitantes construiu-se o nosso Encontro de Formadores (PAP 02): “Entremundos – Mapeando a Parentada”.

O Coletivo Educador Conexão Braço de Orion – CJ Caipira conta, sem mediações, com a atuação direta dos CJ´s Caiçaras e Metropolitanos em seu território e com a integração de programas e es-paços de articulação suportados em parceria com a sociedade civil pelos Ministérios da Educação e do Meio Ambiente e outras instâncias do Governo Federal.

2008, junto com a coordenação da Câmara Técnica de Educação Ambiental do Conselho da Área de Proteção Ambiental de Cananéia, Iguape e Peruí-be – CONAPA e uma possível parceria no programa de educação ambiental do Mosaico de Unidades de Conservação da Juréia.

Saiba mais... Coletivo Educador Ambiental do Lagamar, Rua Pero Lobo, 74 – Centro, CEP 11.990-000, Cananéia, SP www.biologus.nafoto.net; www.redecananeia.org.br Contatos: Cananéia: [email protected]; Iguape: [email protected]; Ilha Comprida: [email protected]; Pariquera-Açu: [email protected]

nal orientado ao local – enraizamento de melho-res práticas de EA e Políticas Públicas de Juventude e Meio Ambiente em nossas cidades.

Os eixos gerenciais são construídos de acordo com a realidade, tema e prática adquirida pelas experiências dos jovens anticorpos de Gaia. A descentralização dos focos decisórios dá a possi-bilidade coletiva e individual de atuação direta na matéria e possibilitam o fortalecimento das redes informais de comunicação: as relações entre os elos da rede.

As premissas básicas recolhidas e sintetizadas - com o apoio da Constelação de Comunicação - do contato direto em Encontros e visitas presenciais com os CJ´s paulistas e elos da REJUMA de outros Estados são:

1 Visão Global da cidade – Uma essencial con-cepção integral do ambiente construído;

2 Direito à vida em GAIA - Cooperação e respeito à vida e a diversidade;

3 Direito Insurgente Ambiental - Novos direitos e atores intervêm na institucionalização de processos sociais autônomos de controle da ação estatal visando revisitar a função social e ambiental da propriedade;

4 Construção de uma esfera pública politicamen-te ativa - A Democracia pressupõe diferentes formas de participação e articula participação popular e debate da relação (anti política dico-tômica);

5 Publicização da gestão - Dimensão pública dos serviços e atividades, ampliando o acesso

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Coletivo CUESTA Educador

O início da caminhada do nosso coletivo se deu em 2005, quando um grupo de diferentes ins-tituições se reúne para organizar-se entorno da sua construção. Mas somente em 2007, quando o número de entidades é ampliado, ocorre a sua formação oficial, momento em que passa a ser de-nominado Coletivo Cuesta Educador, em homena-gem à formação geológica das cuestas basálticas ocorrida na região, única no Brasil.

Região de abrangência: Localizada no Centro-Sul do Estado de São Paulo, a região delimitada inicialmente para o Projeto está nos municípios de Pardinho, Botucatu, Areiópolis, São Manuel, Pratâ-nia, Itatinga Anhembi, Conchas, Bofete, Pereiras, Porangaba, Torre de Pedra.

É importante ressaltar que a região formada pelo CCE está sobre áreas de recarga do Aqüífero Guarani, o segundo maior reservatório de água

doce do planeta, e que, algumas destas áreas de recarga estão situadas em solos muito susceptíveis a processos erosivos em áreas vulneráveis a conta-minação do Aqüífer

A gestão do grupo tem se pautado em decisões coletivizadas, especialmente nos encontros pre-senciais. Sempre se colocam em consulta e vota-ção as discussões e idéias que envolvem os vários pontos do trabalho do Coletivo, objetivando em todo o processo a gestão compartilhada.Eventos relacionados ao CCE realizados no 2º se-mestre de 2007:

Programa de Formação do PAP 2, com um curso de extensão de 40 hs; Divulgação das articulações do CCE em veículos de comunicação local/regional; Participação dos integrantes em vários eventos e espaços e fóruns coletivos da região; Reuniões de planejamento de trabalhos e elaboração do PPP, a

partir da segunda quinzena de setembro; Mapea-mento socioambiental – ampliação e organização dos dados; Formalização das parcerias; Elaboração do PPP.O tipo de metodologia desenvolvido pelo CCE segue padrões parecidos àquele sugerido pelos Coletivos, ou seja, ações participativas e in-tegradas, com objetivos de transformações socio-ambientais.

Exemplos dessas ações ficam evidentes em projetos executados pelas instituições do CCE. Podemos destacar dentre àquelas consideradas significativas:

Ensino formal: “Geografia ao Vivo”, método de ensino que utiliza da aula de campo e do re-curso audiovisual para a realização de pesquisas socioambientais (Diretoria de Ensino-Região de Botucatu); Curso de Especialização em Educação Ambiental (UNESP de Botucatu);

Ensino não-formal: “Expedição Lavapés”, cujo objetivo está calcado na revitalização de um dos principais rios do município (Secretaria Municipal de Meio Ambiente); “Projeto Tanquinho”, propos-ta de despoluição e manutenção do manancial, com introdução de mata ciliar (ONG SOS Cuesta de Botucatu); “A Escola vai à mata”, onde são re-alizadas visitas em reservas de florestas residuais de Mata Atlântica e Cerrado (Instituto Floravida); “Escola do Meio Ambiente” que é um projeto da Secretaria Municipal da Educação de Botucatu e, desde abril de 2005, recebe diariamente crianças e adolescentes da rede municipal, estadual e par-

irrestrito ao conhecimento, num resgate e re-forço à criação e concepção de um novo para-digma.

6 Ruptura Político Cultural - Anti autoritarismos e domínios hierárquicos nas bases dos direitos e da cidadania reencantada.

Em suma, estas premissas expressam a necessi-dade de se constituir um sujeito coletivo de uma

alternativa popular agroecológica para a Socieda-de Brasileira.

Entre a horizontalidade e forças tarefas em plena ação há um oceano de novos aprendizados e reação às conseqüências. Sempre sistêmico e espontâneo encontramos nas experiências de outros coletivos educadores energia para caminhar tranquilamente.

A Flecha está lançada, o arco, firme. Solo fértil

é a base de um trabalho que começa pequenino e que merece trato, zelo.

Simbora Nação Estrela!

Visite:www.flechadeluz.org e www.rejuma.org.br Autores: GRUPO GAIA

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Coletivo Educador Dedos Verdes

Quem somos:O Coletivo Educador “Dedos Verdes” nasceu em

2007, integrando 08 municípios situados na re-gião da Bacia hidrográfica do Pontal do Paranapa-nema, integrados principalmente por meio da co-munidade estudantil e com o principal propósito de articular junto aos jovens da região do Pontal, ações coletivas de cidadania e sustentabilidade socioambiental nas comunidades locais.

Quem faz parte: O CE “Dedos Verdes” tem tido como parceiros

efetivos as seguintes instituições:a) Diretoria Regional de Ensino de Mirante do

Paranapanema, na qual as unidades de ensino dos 08 municípios participantes são jurisdicio-nados

b) Prefeitura Municipal de Teodoro Sampaioc) Divisão Municipal de Meio Ambiented) Departamento Municipal de Educaçãoe) Comunidade Ecológica Ribeirão Bonito –

CERBf) Viveiro AlvoradaParcerias estas viabilizadas por meio do “Progra-

ma de educação Ambiental Um Pontal Bom Para Todos” desenvolvido pelo IPÊ-Instituto de Pesqui-sas Ecológicas, Diretoria Regional de Ensino de Mi-rante do Paranapanema e Prefeitura Municipal de Teodoro Sampaio.

Processos educacionais trabalhados para a formação das pessoas:

Em 2007 foram quatro os principais momentos de ação coletiva regional onde a proposta originá-ria do CE “Dedos Verdes” foi apresentada de forma a facilitar os processos iniciais deste CE na região do Pontal:

1 O Curso regional de EA para professores, ocorrido em setembro de 2007, com a parti-cipação de 39 professores e o Encontro re-gional de gestores de ensino (diretores e professores coordenadores, assistente técnico pedagógico e supervisor de ensino) realizado em outubro de 2007, com a participação de 41 gestores regionais, constituíram, dois dos principais eventos junto à comunidade estu-dantil. Estas ações contemplaram no total 08 municípios que compõem o CE Dedos Verdes

(Teodoro Sampaio, Mirante do Paranapane-ma, Euclides da Cunha, Rosana, Sandovalina, Estrela do Norte, Tarabai e Narandiba). Dentre as ações produzidas coletivamente durante o curso, destacam-se o diagnóstico sobre a práti-ca da EA desenvolvida pelas escolas estaduais, municipais, privadas e filantrópicas (creche e apae) na Bacia Hidrográfica do Pontal do Pa-ranapanema como estratégia de comunicação para os CE Dedos Verdes.

2 Formação Socioambiental de Jovens da comunidade local: por meio do Projeto “Jo-vens Econscientes”, desenvolvido em parceria pelo IPÊ e o Instituto Elektro em Teodoro Sam-paio, 10 jovens estudantes da área urbana e da área de assentamento de reforma agrária, participaram de um processo participativo de “potencialização das capacidades individuais” para o planejamento e desenvolvimento de ações coletivas de sustentabilidade ambiental para a região do Pontal. Para a realização das vivências coletivas oferecidas ao grupo, insti-tuições como a Sabesp, a Polícia Militar Am-

ticular de ensino; “ Florestas Sociais: Semeando o futuro” é um projeto de extensão universitária que recebe, no viveiro de mudas da Faculdade de Ciên-cias Agronômicas da UNESP de Botucatu, crian-ças de escolas públicas para promover atividades lúdicas no campo da Educação Ambiental, além do desenvolvimento de práticas de produção de mudas visando à formação da consciência crítica e cidadania dos envolvidos.

Evento agendado para o 1° Semestre de 2008

Após vários encontros do CCE, ficou agendada para o início de 2008 a realização do I SERCOCE – SEMINÁRIO REGIONAL DO COLETIVO CUESTA EDUCADOR, onde será aberta oficialmente às ins-crições para o curso de formação do PAP 3.

Contatos: E-mail: [email protected] Fone: (14) 3882-5051 – ramal 225

Atividades a serem realizadas no I SERCOCE

1 Oficinas, vídeos-clipe alusivo aos problemas ambientais ocorridos mundialmente, lembrando que o ano de 2008 será dedicado ao Planeta Terra e exposição de painéis;

2 Abertura oficial com a presença do Diretor da DEA/MMA3 Palestra (tema a ser definido)4 Apresentação do CCE e seus integrantes e relatos de ação desenvolvida5 Lançamento do PPP do Coletivo Cuesta EducadorObs:

1 Cada instituição terá um espaço reservado para expor seu portifólio e materiais produzidos a partir da temática ambiental;

2 O evento deve ter caráter rotativo, acontecendo em todos os municípios incluídos no CCE, para que não haja privilégio às instituições que se localizam em Botucatu. Ex: 01 dia da semana do mês de abril em Botucatu, sendo complementando nos demais municípios nas semanas subseqüentes.

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biental, voluntários e as instituições parceiras do CE Dedos Verdes participaram efetivamente trazendo contribuições diversas na construção coletiva dos saberes e práticas dos jovens par-ticipantes. A idéia principal é que a partir de junho de 2008, este jovens sejam os articula-dores das ações propostas pelo CE Dedos Ver-des nos demais municípios inseridos no CE do Pontal do Paranapanema.

3 Voluntariado ambiental: um grupo de vo-luntários constituídos por estudantes de cur-sos técnicos, de graduação e jovens estudantes do ensino médio, vêm sendo estimulados con-tinuamente a participarem das diversas ações de educação ambiental do programa do IPÊ, visando fortalecer o espírito coletivo do volun-tariado na região. A idéia é que os voluntários possam conhecer o cenário real de potenciais e conflitos no campo da conservação socioam-

biental que caracterizam a região do Pontal do Paranapanema para gradativamente irem se integrando e atuando junto às propostas do CE Dedos Verdes do Pontal.

4 Ações de educação ambiental, cidadania e conservação ambiental: comunitária rea-lizadas no município de Teodoro Sampaio in-tegrando profissionais das instituições públi-cas, privadas, filantrópicas (apae), grupos de jovens e a comunidade local. Foram realizados dois mutirões ecológicos, sendo um de limpe-za na área de lazer municipal (Balneário) e um de plantio de árvores nativas na área pública próxima a pista de skate, ambos no município de Teodoro Sampaio.

Essas foram as principais ações que caracteri-zam os processos educacionais trabalhados para a formação das pessoas das comunidades aborda-das pelo CE Dedos Verdes na região do Pontal do

Paranapanema.Observa-se que há um quadro favorável para o

fortalecimento do CE Dedos Verdes no Pontal, en-tretanto o CE encontra-se ainda em início, quando observado ao que se propõem os CE como um todo, na formação dos educadores ambientais com base nas diretrizes do ProFEA (Programa de formação de Educadoras e Educadores Ambientais), imple-mentado pela Diretoria de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (DEA/MMA).

Estamos aprendendo a lidar com os desafios en-frentados e nossa meta para 2008 é consolidar a proposta do CE Dedos Verdes de forma frutífera e saudável a todos os envolvidos!

Contato: Maria das Graças de Souza [email protected]

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Contatos

Beto FrancineE-mail – [email protected]ço - Rua Acre, 404, Sumaré - Ubatuba

Novas instalações, nova coordenação e novos caminhos compõém o clima da SV no litoral norte de São Paulo. Em 2008 a documentação e o envolvimento de projetos de educação am-biental das escolas municipais são prioridades. A infra-estrutura, com ampla sala e espaço ao ar livre para atividades, servirá para divulgação de projetos pró-sustentabilidade da região. O intuito é incentivar a articulação entre organi-zações do município e o diálogo delas com as ações em curso nas escolas.

Sala Verde Ubatuba renovando!

Contatos

Contatos Endereço: Biblioteca Pública Amadeu Amaral, Rua 13 de Maio, 2000, Centro Fone: (16) 3374-4144E-mail: [email protected]

São Carlos CRIA - Centro de Referência em (In)formação Ambiental é uma importante estrutura da EA na cidade. As/os participantes da Atividade Curricular de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSCar realizam seus projetos de pesquisa e interação educativa na SV. Oferece oficina para os/as participantes dos cursos de especialização e extensão em EA, promove atividades em escolas municipais e realiza oficinas específicas, como de construção e uso de maquetes de bacias hidrográficas e mata ciliar. Além disso, este atua para articular esforços para realizar as Conferências nas esco-las da III CIJMA.

Integrar programas, universidade e comunidade é CRIA em São Carlos

Contatos

Endereço: Rua Altino Vaz de Mello, 3200, PenápolisFone: (18) 3652-5309E-mail: [email protected]: www.daep.com.br/cea

A Sala Verde Vitória Régia aumentou consi-deravelmente o acervo do Centro de Educação Ambiental do DAEP – Departamento Autôno-mo de Água e Esgoto de Penápolis e hoje tem quase mil títulos. As buscas regulares na inter-net também agrega livros gratuitos à SV, que disponibilizou a lista do acervo aos professores da rede municipal junto com um kit de EA. O CEA abriga também o Coletivo Educador do Baixo Tietê, integrando projetos como o A3P (Ag21 para setor público) no DAEP e escolas municipais, o Intinerário do Saneamento Bá-sico, Cidadania e Qualidade de Vida no Meio Rural, entre outros.

Buscas na internet e kit para professores em Penápolis

Contatos

Telefone – (16) 3636-2715Endereço – Bosque Municipal “Dr. Fábio Bar-reto”, na rua Liberdade, s/n

A Sala Verde em Ribeirão Preto fica na Casa da Ciência Galileu Galilei, no Parque Municipal do Morro do São Bento. A Casa abriga inúmeros projetos, que têm na SV um biblioteca especia-lizada em temas ambientais. O Coletivo Jovem de Ribeirão Preto, com 70 escolares, se reúne no local todos terceiros sábados do mês. As ati-vidades do CJ - oficinas, exposições e debates - integram o Programa de EA da Casa da Ciência e do Pq. Municipal.

Integração de projetos em Ribeirão Preto

Sala Verde Penápolis

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Contatos

Magda Carmo dos Santos e Débora DiogoEndereço: Av. José Caballero, 143, centro, Santo André - SPFones: (11) 4433-9990/4433-9696/4433- 9794E-mail: [email protected]

Criado para atender à demanda por informa-ções ambientais, o Centro de Referência em Sa-neamento Ambiental de Santo André (SEMA-SA) é Sala Verde desde 2005. Com política de permuta e doação de material bibliográfico e integração com o Programa Nacional do Livro e da Leitura, tem no acervo milhares de livros, ví-deos, artigos, cd-rom’s, folhetos, monografias, normas e catálogos técnicos. O auditório é usa-do por grupos organizados para reuniões e ati-vidades. A comunidade é envolvida no contato com escolas e universidades que desenvolvem trabalhos na área ambiental. Os eventos peri-ódicos – exibição de vídeos, palestras, debates, sarau, exposições e mostras, entre outros – são os mais relevantes da Sala Verde, que busca consolidação e reconhecimento na região.

Acervo gigante em Santo André

Contatos

Cássia de FreitasEndereço: Praça das Palmeiras, S/N, Bairro de Caruara - AC, Santos - SPSite: www.parcel.org.br

Com o patrocínio da Petrobras, através do programa REMAR e da SABESP, a Sala Verde Ca-ruara Parcel inaugurará sua sede própria 5 de junho. Além de bibiloteca ambiental, o espaço funcionará como Receptivo Turístico Educativo da área Continental de Santos. Situada numa área rica em Mata Atlântica, a SV Caruara tem no ecoturismo um importante eixo de EA. Ofe-rece pacotes ecoturísticos a escolas da região que são guiados por jovens da comunidade participantes do projeto Aprendiz de Turismo e do Programa de EA e Gerenciamento Ambien-tal Marinho. Há 12 aprendizes formados e este ano serão formados mais dois guias de turismo regional.

InFormação, ecoturismo e EA em Santos

Contatos

Fones: (19) 3465-2761 / 3465-3404Endereço: Av. José Ferreira Coelho, 815, Praia dos Namorados, AmericanaE-mail: [email protected]

Além dos projetos já desenvolvidos pela Associação Barco Escola nas escolas, a SV pos-sibilitou o uso do espaço para apoio a estudos e pesquisas e realização de atividades como palestras, envolvendo a comunidade. A meta da SV Barco Escola para os próximos meses é atender todas as escolas estaduais e municipais da região.

Sala Verde envolve a comunidade em Americana

Contatos

[email protected]@yahoo.com

A Sala Verde Aroeira, em Ubarana, através da articulação com programas como o Agente Jo-vem e disseminação de informações ambientais estimula os jovens da comunidade a adotar um lugar para atuar ativamente. Criada para apro-ximar e concentrar esforços com o poder público local, em 2008 busca consolidar parcerias para desenvolver mais projetos locais de EA.

Fortalecendo a juventude em Ubarana

Sala Verde Vitória Régia

Sala Verde Aroeira

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Espaço… Espaço… Para abrir e encontrar. Será que abrimos?

Foi com satisfação que recebemos a proposta de produzir o III Encontro Estadual dos Coletivos Edu-cadores de São Paulo, que aconteceu em um mo-mento inesperado para o grupo, mas bem vindo para o processo que estava germinando enquanto atuação do Coletivo Educador na Região Norte de São Paulo. Tal situação exigiu uma organização emergencial que se mostrou profícua, na medida em que pudemos nos dedicar para recepcionar outros grupos com suas respectivas propostas de atuação na construção desta Política Pública. Por-tanto, este texto pretende ser uma exposição do processo de construção do evento e, ao mesmo tempo, uma explicitação de nossa impressão do ponto de vista de quem o organizou.

“Construindo a Educação Ambiental no Estado de São Paulo” foi o título do encontro que propôs que se tratasse de temas relevantes à proposta dos Coletivos Educadores e cujo processo não exauriu as demandas de trocas e de aprofundamento das questões que norteiam as ações dos grupos no Estado. Os temas propostos para a discussão das intervenções necessárias nas ações de cada grupo foram: Arte Educação, Educomunicação e a propos-ta Coletivos Educadores. Estes temas apareceram como demanda da enraizadora do Ministério do Meio Ambiente em São Paulo, Semíramis Biasoli, mediante o acompanhamento que tem feito aos grupos em questão. Neste sentido, suas orienta-ções foram a base para que a execução do evento acontecesse nesta configuração.

A proposta de ação do LAPSI/IBECC é pautada por uma compreensão profunda acerca da crise ambiental e de seus modos de enfrentamento a partir da crítica ao processo civilizatório. Esta prerrogativa nos orienta a questionamentos que

demandam um tempo superior ao que foi possí-vel disponibilizar no evento devido a necessidade de aprofundar o entendimento das práticas inter-ventivas e de suas repercussões no socioambiente. Desta forma, com a limitação de tempo, acredi-tamos que nossa contribuição tenha sido apenas pontual e tenha contribuído para iniciar as refle-xões acerca desta temática.

As dificuldades de infra-estrutura e até mesmo na condução das atividades foram enfrentadas pelo grupo que se propôs a organizar o encontro e foi reconfortante perceber a cooperação de todos e ouvir os retornos positivos na avaliação do evento/encontro.

O que pautou nossa condução na produção do evento foi o interesse de abertura para receber o(s) outro(s) e de trocar as idéias e experiências acerca da problemática ambiental e de seus possíveis en-frentamentos.

Vejam um pouco do que rolou no III Encontro estadual dos CEs, Salas Ver-des, MES e demais parceiros que aconteceu dias 06 e 07 de novembro de 2007 na USP/SP!

“Considerando o encontro como um ato poético, poderíamos defini-lo como a experiência de sen-timentos que o encontro pode revelar a uma alma suficientemente aberta para vivê-lo.” Contudo, no mundo contemporâneo, percebemos que é neces-sário criar situações que promovam tal abertura para, então, produzir um encontro político que propicie a poesia do estar junto na construção de novos horizontes para a sociedade em que vive-mos. Se, a cada encontro, conseguirmos abrir uma “brechinha” (por menor que seja), com o tempo, conseguiremos vislumbrar a construção de um espaço público que se efetive enquanto tal. Será que abrimos?

Coletivo Educador da Região Norte da cidade de São Paulo

“Estou aqui para encontrar meus amigos e participar do processo de reencanta-mento humano.”

Aline (Guarujá)

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• Qual a relação entre educomunicação e educação ambiental? Ou como uma pode con-tribuir com e para a outra?

• A educação ambiental pode ser pensada de diferentes maneiras, segundo as expectativas que se tem quanto aos resultados da formação que se pretende oferecer e, especialmente, do pretendido envolvimento das pessoas nos projetos de defesa e preservação do meio ambiente, ou, ainda, de pro-moção de ecossistemas adequados à vida humana e ao equilíbrio da natureza em que a comunidade em questão esteja inserida. A educomunicação existe, pois, em função de uma determinada pos-tura frente ao próprio processo educativo. Seu ob-jetivo é garantir um espaço de intensa participação dos protagonistas da ação educativa (instrutores ou educadores ambientais, de um lado, e público atendido, de outro), convertendo a todos em pro-dutores de informaçção e parceiros na tomada de decisões. No caso, a educomunicação defende o uso democrático e participativo das tecnologias da informação disponíveis na comunidade, das mais simples às mais complexas, dependendo, sempre, das condições de infra-estrutura e das habilidades que os membros da comunidade manifestam pos-suir quanto ao uso destes mesmos recursos.

• Durante palestra no III Encontro Paulista de Coletivos Educadores, o senhor tratou dos CEs como “ecossistemas comunicativos”. Consi-derando que a Rede de CEs ao articular esses

diversificados grupo forma um “bioma comu-nicativo”, qual função a educomunicação pode exercer na relação destes sistemas sociais?

• O conceito de “ecossitema” é a contribuição que a área do meio ambiente está oferecendo para o entendimento do conceito da educomunicação. Todos sabemos que existe um número quase in-finito de “ecossistemas”, alguns muito favoráveis à vida humana (como o ecossistema sub-tropical) e outros inóspitos e de difícil aproveitamento (como um deserto ou uma dada região do semi-árido). Nesse campo, inúmeras perguntas podem ser fei-tas, entre as quais: - O que faz um ecossistema ser mais aprazível que outro? - O que pode converter um ecossistema hostil em ecossistema favorável a um grande número de pessoas? - Qual tem sido a contribuição do homem para a transformação dos ecossistemas? Podemos transpor estas perguntas para a relação do homem com o meio ambiente, considerando-se ele próprio parte deste espaço: - O que faria um processo de comunicação ser mais agradável e mais envolvente que outro? - O que pode converter um processo comunicativo desa-gradável, agressivo e autoritário em uma comuni-cação favorável a um grande número de pessoas? - Qual tem sido a contribuição do homem para a transformação dos processos de comunicação? No meu entender, os coletivos educadores podem converter-se em ecossistemas comunicativos ati-vos e criativos, em condições de expandir suas in-fluências sobre o entorno.

• Meio Ambiente, paz e afirmação identitá-ria já se consolidaram como campos de ação política e estão entre os chamados Direitos Humanos de terceira geração, da coletividade. Pode a educomunicação contribuir para estas bandeiras?

• Tanto a trilogia “Meio Ambiente”, “paz” e “afir-mação identitária” quanto a “Comunicação” estão entre os Direitos Humanos de terceira geração. A educomunicação ingressa neste panorama para fazer a gestão comunicativa entre os quatro con-ceitos.

• Falando em afirmação de identidades, difícil não lembrar das juventudes. Quais benefícios a prática educomunicativa oferece à formação deste público?

• A prática educomunicativa é um espaço natu-ral para a juventude. As novas gerações – deno-minadas por vários autores como “geração net” – mostram-se naturalmente vocacionados para o uso da mídia e de suas tecnologias, abertas a cola-borar com projetos voltados para a prática da cida-dania. No caso, a educomunicação permitirá que os jovens descubram modelos alternativos de uso dos recursos da informação, substituindo a visão funcionalista e mercadológica por uma visão mais dialética e mais comprometida com os interesses da coletividade.

• A educomunicação traz consigo diversas bandeiras, como a democratização dos meios de comunicação e a partilha livre de conhe-cimentos. Comente um pouco a respeito, por favor.

• A prática educomunicativa volta-se essencial-mente para o exercício do direito à comunicação e está atenta à ampliação do coeficiente comuni-cativo das ações humanas. Isso significa. a adoção

Professor Ismar fala sobre Educomunicação e EA

Entrevista realizada durante o III Encontro dos Coletivos Edu-cadores, Salas Verdes e demais parceiros do estado de São Paulo. Professor da USP, Ismar de Oliveira Soares é um dos teóricos da educomunicação no Brasil. Saiba o significado do termo e como os coletivos podem utiliza-lo na educação am-biental

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de todo procedimento que favoreça a partilha livre e democrática do conhecimento, substituindo a visão proprietária por uma visão que defende o interesse social do conhecimento capaz de promo-ver mudanças.profundas de mentalidade e de mo-tivação para a ação. Na verdade, é essa vocação da educomunicação para a produção compartilhada do conhecimento que a coloca em confronto com

visões mais duras de transmissão vertical e dirigida de conhecimento, De qualquer forma, a abertura da educomunicação para o novo e o respeito pelo emergente a colocam no limiar entre a certeza e a dúvida, situação própria de quem tem coragem de aventurar-se em busca de novos paradigmas. No caso, a certeza é a necessidade do diálogo social e a dúvida é a pergunta pelo interesse de todos em

participar deste diálogo. Sendo assim, sua princi-pal missão é a sedução: cativar os agentes sociais e os educadores ambientais para a aventura de construir, juntos, novos pressupostos para a ação, mediante o uso democrático dos processos e recur-sos da informação.Entrevista concedida a Bruno Pinheiro - CJ Caiçara SP/REABS/CE SErra do MAr.

• Como você vê a atuação dos Coletivos Edu-

cadores de São Paulo?

• O Coletivo é uma experiência onde as pessoas es-tão incentivadas por uma esperança comum e elas se engajaram porque tem afinidades ideológicas e filosóficas com a proposta. É uma proposição com-plexa, que - na sua filosofia mesmo - não se realiza imediatamente. Ela é uma busca perene, pois de fato essa busca nunca termina... Neste sentido, os diferentes coletivos estão em fases diferentes, mas isto não tem a menor importância, porque a própria busca é uma busca que pressupõe esta gradação na direção de uma coisa que nunca nós vamos atingir perfeitamente. Por isto, seria constituição de rede. Então, eu acho que é uma atitude intelectual, uma atitude ideológica, uma atitude executiva que se apóia na própria articulação entre diferentes cole-tivos existentes no território. E, assim, não tem im-portância o que cada um avalia, qual o coletivo que está mais próximo das suas concepções e qual que não está, porque não é esta a proposta. E tem que caber várias concepções que precisam ser iguais na-quilo que elas buscam, mas não nos caminhos que elas escolhem. Se a gradação é diferente isto não é uma “desavaliação” do programa, mas apenas uma característica da estrutura dele.

Entrevista

Sustentação e Sustentabilidade dos Coletivos

Entrevista realizada com a Profª Drª Eda Terezinha de Olivei-ra Tassara durante o III Encontro Estadual dos Coletivos Edu-cadores do Estado de São Paulo. A profª Eda T. de O. Tassara é docente associada do Depto. de Psicologia Social e do Tra-balho do Instituto de Psicologia da USP e Presidente interina do IBECC/UNESCO.

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• Tem se falado muito na sustentabilidade dos coletivos educadores. Qual a sua opinião a respeito deste assunto?

• Ao ouvir os depoimentos dos integrantes dos coletivos participantes do III EEA-SP, para uma compreensão mais aprofundada, eu acho que nós temos que usar duas palavras e não só sustentabi-lidade para falar sobre a questão do nascimento, vida e não morte do coletivo, que implica na sua propagação ad infinitum, até conseguir sobrevi-vência compacta de educadores ambientais. Isto não significa sustentabilidade do coletivo e sim sustentação. Se ele vai se sustentar, ele precisa primeiro nascer, precisa viver/crescer e se expandir indefinidamente nas redes em que se propõe, fa-lando em termos utópicos. A sustentabilidade é um conceito que se refere à questão sócio-ambiental. Então, se nós utilizar-mos sustentabilidade de forma indiscriminada para significar uma coisa ou outra e como o cole-tivo tem, por objetivo, contribuir para a formação de sociedades sustentáveis, nós vamos ter uma dificuldade analítica de compreensão daquilo que nós estamos apresentando como problema. O ideal de auto-sobrevivência dos coletivos dentro da sua capacidade ad infinitum em expan-são, significa que nós queremos criar uma estraté-gia de sustentação que se transforme em sistemas de transformações... Que se auto-regulem e que se auto-propaguem na direção das constituições destas redes. Nós estamos falando de sustentabilidade e não de desenvolvimento sustentável – o que implica, em primeiro lugar, que nós estamos questionando uma ordem de desenvolvimento, portanto, uma ordem civilizatória. Eu posso dizer que a ação de um indivíduo é sustentável se a intervenção que ele planeja – ao encontrar no seu entorno social – interage com este entorno de forma a produzir resultados de um determinado tipo. Que tipo seria este? Seria um empreendimen-to cuja viabilidade, cuja idéia vocês estão usan-do como sustentabilidade, mas que no fundo é

um aspecto da sustentação. A viabilidade deste empreendimento tem que respeitar o sistema de condições. E que condições são estas para nós aqui? Basicamente duas: justiça social e o respeito à diversidade cultural, que pode ser étnica, sexual, política o que for, correção ecológica. Então, se estas condições são respeitadas como resultado produzido pelo empreendimento huma-no eu posso dizer que ele é sustentável. Então uma sociedade humana seria sustentável, dentro desta concepção ideológica, se ela produzir resultados que tenham para sua sobrevivência conseqüências que respeitem os ideais de justiça social, justiça de igualdade, justiça que dá, a cada um, o direito de ser aquilo que é sempre, respeito à diversida-de cultural, social, política, intersexual, étnica e a correção ecológica pensada nos termos que as diferentes comunidades têm. É muito importante a gente – quando faz aná-lise dos problemas que está encontrando – fazer uma análise não da sustentabilidade que estamos buscando construir, mas da sustentação de nossas ações de intervenção, tendo em vista a busca da construção de sociedades sustentáveis, município sustentável, cidades sustentáveis, planeta susten-tável. Então, esta sustentabilidade é o nosso alvo, ela não é o nosso problema. O problema para che-gar ao alvo precisa ser analisado assim: qual é o problema de sustentação que eu tenho e que está me dificultando e me impedindo de poder me di-rigir ao alvo? O alvo é uma utopia, então eu tenho que ter uma estratégia. O que é esta estratégia? É uma forma de proposição de uma intervenção a um problema, um problema que eu estou vendo como um obstáculo para chegar a uma sociedade sustentável. Sustentabilidade é o nosso alvo, ela é o fim.

• Qual a sua mensagem para os coletivos edu-cadores?

• O que quero deixar de mensagem é que toda vez que vocês usarem o termo sustentabilidade, pensem se querem falar mesmo de sustentabili-dade ou de sustentação. Pensem também que sem

uma teoria vocês não fazem história, ou sem uma terminologia não se faz uma teoria. Uma teoria não significa uma teoria científica, significa um conjunto de fundamentos que vão me orientar nas decisões que eu vou tomar. Eu tenho que ter fundamentos para dizer por que eu vou agir assim ou por que eu vou agir as-sado. E qual é o meu norte? É ficar o mais perto de uma sociedade sustentável. E qual seria segundo nosso viés ideológico? Seria aquele que produz uma interação através de seus empreendimentos, numa relação com o mundo de respeito à correção ecológica, de respeito a pluralidade de saberes, de respeito diversidade cultural, de compromisso com a justiça, igualdade e democracia. Os tropeços que a gente der são oportunidades para a gente aprimorar o nosso trabalho e neste tipo de trabalho a solução é uma construção que não termina nunca. Então nós não podemos ter a expectativa do imediato, nós temos que ter pa-ciência e a competência de suportar os reveses e tentar superar na direção de uma aproximação. Sem as situações contrárias, dificilmente a gente vai aprimorando, porque a nossa atividade do co-letivo é pensar um pouco em algo abstrato, que é o nosso fundamento, e um pouco em algo concreto, que é a nossa ação. Então pensem com bastante critério quais os fundamentos que estão orientando as suas ações e proporcionando o trabalho de vocês. Pensem em sustentação e sustentabilidade, que são dois termos, dois conceitos ou duas noções diferentes – sustentabilidade se refere a um ideal de sociedade e sustentação se refere a uma capacidade de viver, de sobreviver, de existir, de ter condições para existir.

Entrevista concedida a Cintia Guntzel Rissato e Cida Cardoso - COEDUCA.

“Algumas informações são muito úteis, vamos apro-fundando, repensando e reconstruindo conceitos.”

Vânia (Ubatuba)

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• Como a Arte pode contribuir para a Educa-ção Ambiental?

• Participar de atividades artísticas, estudar te-mas artísticos e culturais e conversar sobre arte são atividades que colaboram para o amadureci-mento do ser humano “via desenvolvimento da consciência sensível”. A qualidade estética presente nos “fazeres ar-tísticos” exige harmonia, inteireza e completude. O vivenciar a qualidade estética é uma expe-riência que transborda para todas as áreas do ser e do conhecimento. Neste sentido, a pessoa este-ticamente “afinada” por suas referências pessoais e culturais torna-se mais atenta à percepção de si e do meio. Sabe como dar forma às sensações e idéias. Sabe descriminar, conceber e atuar. Estas são qualidades e valores necessários à consciência sobre o ambiente (natural e cultural) e as necessárias propostas de atuação qualificada.

• Como você vê a participação da Educação Formal nesse processo de integrar a Arte com a Educação Ambiental, na sua visão a escola tradicional já incorporou essa possibilidade?

• Importantíssima. A Educação Formal é um ca-nal socialmente constituído e referendado. Falta só atribuir-lhe o real merecido valor.

Os professores, na sua maioria, são grandes su-jeitos, idealistas e realizadores (micro-realizado-res). No entanto, são imbecilizados pelos sistemas de ensino sendo considerados os grandes culpados por tudo que não funciona nas escolas. “Na verda-de nem são realmente ouvidos e são eternamente “treinados” em nome da “grande idéia da vez”, do modismo “último tipo”. Isso no país de Paulo Frei-re! Vejo professores e alunos muito interessados buscando o que há de melhor, dentre as possibi-lidades, para si, para as comunidades e para o pla-neta. Não é o que vemos na grande mídia, mas, é o que vejo nos professores e nos alunos. Sua real atuação não pode ser mensurada por grandes tes-tagens coletivas. “Viver e deixar viver (e conviver)” é o mínimo que todos almejamos no presente. Educação Am-biental, não é um modismo, e uma premência. To-dos que estão no mundo, com consciência, têm se preocupado e se debruçado seu temas. Interpretei escola tradicional como sinônimo de educação formal, pois não estamos aqui falando sobre diferentes visões sobre processos de ensino/aprendizagem, não é mesmo?

• Poderia citar alguma contribuição pessoal/ projeto no sentido de utilizar Arte e Educação

Ambiental para a construção de um novo sujei-to ambiental?

• Tenho pesquisado a inter-relação entre os co-nhecimentos e práticas das artes e do meio am-biente. Participei do Projeto Chão Verde Terra Firme IV, em 2006, do IPEH/CCSFR (Coletivo Educador Ju-query-Cantareira SP) em Franco da Rocha, Caieiras e municípios vizinhos.

• Quais os desafios para a Arte e Educação Ambiental no futuro?

• Não são diferentes das outras áreas de conheci-mento e atuação: clareza de objetivos, adequação dos métodos aos objetivos, consciência e atuação ética, busca de qualidade estética.

Entrevista concedida a Prof. Adriana Prestes (COE-Mantivale) e Rose Atuali (IAP-Mantivale).

Entrevista

Maria Christina Rizzi: Arte e a Educação Ambiental

Maria Christina de Souza Lima Rizzi é professora doutora do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da USP, ministrando aulas na graduação e na pós-graduação nas áreas de arte-educação e museologia. Atuou nos seguintes museus: Pinacoteca do Estado, Museu da Casa Brasileira ambos da Secretaria de Estado da Cultura e Museu de Arte Contemporânea, Museu de Arqueologia e Mu-seu de Ciências, unidades de integração da USP.Colabora ,desde 2006, com o projeto Chão Verde Terra Fir-me do IPEH/CCSFR, fazendo relações entre arte-educação e meio-ambiente.

“ Participar do coletivo tem sido uma seqüência de que-bras de paradigmas, o que me deixa muito contente.”

Iuri (Dourado)

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Curtinhas...

PesquisaA pesquisadora Ana Luiza Veltri, da Unesp de Botucatu, está desenvolvendo um projeto na universidade sobre a formação dos educadores ambientais populares, avanços e desafios. Ela solicita aos coletivos que colaborem com a pesquisa respon-dendo um questionário. Solicite um pelo e-mail [email protected].

Na espera

Tietê Jacaré e Tietê Batalha continuam se reunindo para se estruturar como coleti-vos educadores, apesar de não terem enviado matéria – vamos aguardar notícias para a próxima edição!

Encontro17 coletivos educadores do edital 05/2005 se reuniram na II Oficina Nacional realizada no final de março, em Nova Iguaçu (RJ). O Estado de São Paulo foi re-presentado pela turma do Coe-Educa, Cescar, CE Mantiqueira, CE do Baixo Tietê e CE da Zona Norte. Importante momento de imersão dos coletivos para troca de experiências, o encontro ainda teve um aprofundamento conceitual e prático em temas como o processo de articulação do CE, Cardápio de Aprendizagem, comuni-dades interpretativas, intervenção socioambiental, educomunicação e arquitetura de capilaridade. Nosso grupo do Fractais levou também a experiência de comuni-cação coletiva e ajudou a pensar numa proposta de boletim de CEs de todo o país. Aguardem!

Cartilha de EAUma educação ambiental estrtuturante, permanente e continuada. Essa é a pro-posta da cartilha Coletivos Educadores para Territórios Sustentáveis, um material didático que fundamenta a elaboração e implementação da política pública de coletivos educadores, suas bases conceituais, seu funcionamento e papel no terri-tório. A cartilha traz ilustrações e personagens que tornam o contato com a Política de Coletivos Educadores agradável e simples, auxiliando no trabalho do dia-a-dia dos grupos de educadores ambientais interessados na implementação dos coleti-vos em seus territórios. O material pode ser acessado no site www.mma.gov.br/ea (catálogo de publicações do OG-série repertórios). As ilustrações são da nossa querida educadora do Cescar, Edna Kunieda. Parabéns!!!

Pac SaneamentoAtenção, coletivos: foi formado em março o Grupo de Trabalho Interinstitucional de Educação Ambiental e Mobilização Social em Saneamento (GTEAMSS). Partici-pam representantes dos Ministérios das Cidades, do Meio Ambiente, da Educação, da Integração Nacional, da Saúde e da Caixa Econômica Federal. O Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental recomenda que os coletivos educadores, Salas Verdes e demais educadores e educadoras ambientais, procurem interagir com as instituições que vão disponibilizar recursos de sua região para desenvolver uma ação conjunta nos respectivos territórios, e identificar as possibilidades de se candidatarem a conduzir os processos de educação ambiental e mobilização social associados às obras desenvolvidas por empresas de saneamento e poder público local. Serão realizadas oficinas de capacitação em educação ambiental e saneamento em todo o Brasil - em SP será nos dias 29 e 30 de maio. Inscrevam-se pelo site www.cidades.gov.br/peamss. Informações pelo e-mail [email protected].

PEEA SPA Política Estadual de Educação Ambiental de São Paulo, implementada pela lei 12.780/2007, encontra-se em processo de regulamentação. Foi criada Comissão Especial de Educação Ambiental do CONSEMA - SP, em fase de reestruturação, com a incorporação de novas Instituições - tanto do poder público como da sociedade civil. A REPEA - Rede Paulista de Educação Ambiental está presente na comissão e firme no compromisso de continuar promovendo a participação do maior número de educadores na construção da PEEA-SP. Os vetos estão sendo revistos, tanto pela Comissão como pela deputada Rita Passos (PV), responsável por apresentar o pro-jeto de lei à Assembléia Legislativa de São Paulo. Vamos acompanhar este momen-to de afirmação do campo da educação ambiental em nosso estado! Participe da lista de discussão da REPEA, solicitando sua inscrição nos endereços: [email protected] ou http://groups.google.com.br/group/listarepea.

SuspensãoO Coletivo Educador de Mogi das Cruzes - um dos grupos contemplados na chama-da pública MMA 001/2006, tomou a decisão de suspender a assinatura do Acordo de Cooperação com o DEA/MMA. Vamos aguardar um novo momento do grupo!

Juca VivoO coletivo Juquery-Cantareira trouxe uma oficina de arte-educação para os educadores participantes do III Encontro Estadual, dias 06 e 07 de novem-bro na USP. A equipe do coletivo Chão Verde Terra Firme, responsável pelo Programa de Educação e Conservação Ambiental (no vale do Juquery e Serra da Cantareira, na região metropolitana de São Paulo implementou a atividade, com a colaboração da Prof. Dr. Maria Christina de Souza-Lima Rizzi, que ministrou a oficina A atividade, compõe o DVD Arte-Educação Ambiental: construindo uma experiência com arte-educação para a percepção ambiental, e será distribuído para os coletivos educadores, Salas Verdes, Municípios Sustentáveis e coletivos jovens interessados. Informe-se pelos telefones (11) 4442-2012 e 4605-4129, ou pelos sites www.ipeh.org.br e www.ccsfr.org.br. Eles continuam aguardando convênio com o FNMA referente ao Edital 05/2005, tendo sido um dos contemplados.

Blogs

Conheça os espaços de informação e interatividade da EA na internet! Acesse os blogs DEA-MMABlog do SISNEA - Sistema Nacional de Educação Ambiental NOVO! http://sisnea.blogspot.comBlog da Sala Verde http://salasverdes.blogspot.comBlog dos Coletivos Educadores http://coletivoseducadores.blogspot.comBlog dos Coletivos Educadores de São Paulo http://enraizasp.blogspot.com

CE do Médio ParanapanemaO Coletivo Educador do Médio Paranapanema tem como Instituição pro-ponente a Fundação Educacional Miguel Mofarrej “…vimos realizando uma “única” ação em uma Escola Pública Estadual do municí-pio de Ourinhos. Estamos em contato com o MMA para identificar quais requisitos necessitamos cumprir para firmarmos a parceria em relação a Chamada Pública MMA 001\2006, na qual nosso Coletivo foi contemplado. Estamos planejando a Semana do Meio Ambiente vinculada ao calendário de eventos da proponente do Coletivo, entendemos ser essa uma boa oportunidade para divulgarmos o Coletivo na região. Por enquanto é isso… “Contatos: José Marta Filho e Jorge Maia. E-mail: [email protected] e [email protected]

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Fractais Coleciona/SP

Ano 2 - n. 02 - Maio de 2008

GT do Boletim Adriana Prestes (COE-MANTIVALE), Bel P. Domínguez (CESCAR), Cida Cardoso (COEDUCA), Cintia Guntzel Rissato (COEDUCA), Débora Menezes (Jornalista), Edna Costa (CE Ipê Roxo), Rose Atua-li (IAP-Mantivale), Semíramis Biasoli (DEA/MMA), Tatiana Terasin de Lima (APASC/CESCAR).

Edição: Bel P. Domínguez, Bruno Pinheiro, Cida Cardoso, Cintia Guntzel Rissato, Débora Menezes, Semíramis Biasoli.

FAQ: Patricia Rodin e Semíramis Biasoli (DEA/MMA).Desenhos: Cassiana Domingos e Daniela da Silva.Mapa dos CEs São Paulo: Vitor Tavares Gaspar.Produção gráfica: Beto & Guto Sguissardi - [email protected] Agradecimento à Débora Menezes http://educomverde.blogspot.com

Tiragem: 3.000 mil exemplares

Este boletim é uma iniciativa dos Coletivos Educadores do Esta-do de São Paulo. Os textos sem autoria são de responsabilidade de cada coletivo reportado. A reprodução dos conteúdos é livre, desde que as fontes sejam citadas (Copyleft).

Patricia Rodin e Semiramis Biasoli, da equipe dos Cole-tivos Educadores do Departamento de Educação Am-biental do Ministério do Meio Ambiente (DEA-MMA), respondem às principais dúvidas sobre os coletivos para quem é leigo ou está chegando agora neste uni-verso. Acompanhe:

O que é um coletivo educador?

O conceito foi criado pelo Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Trata-se da união de instituições e pessoas, que in-cluem Prefeituras, Universidades e ongs, entre outras, nas áreas de educação ambiental, educação popular e mobilização social. Essas instituições se unem para trabalhar numa proposta integrada de EA no território escolhido pelo próprio coletivo, promovendo articula-ção de políticas públicas, a reflexão critica acerca da problemática socioambiental local, e desenvolvendo processos formativos de educação ambiental em seu território. Cursos em EA e ações que vão de passeatas a intervenções em processos como a votação de uma lei são exemplos de atividades de um coletivo. Em tempo: o papel não é o de criar cursos tradicionais de EA, como especialização, mas sim, formar cidadãos críticos para intervirem em seu território de forma crítica e quali-ficada. E a participação em atos, votação de leis deve estar ligada ao processo de formação dos educadores e ao Projeto Político pedagógico que é construído coleti-vamente pelo grupo.

O coletivo funciona como uma ong?

Não, nem mesmo possui CNPJ. O coletivo é um grupo aberto constituído por diversas instituições, sendo que uma delas funciona como âncora, assumindo compro-missos legais como proponente, representando as demais instituições em um dado projeto, em alguns âmbitos. Este papel de âncora pode ser alternado entre as Instituições que compõem o coletivo (uma ong, uma prefeitura, uma universidade) funcionando como suporte institucional e viabilizando procedimentos burocráticos e legais..

Quantos coletivos existem no Brasil?

Atualmente há 150 coletivos em todos os estados, em estágios diferentes de formação.

O que faz um coletivo para promover a educação ambiental?

O coletivo parte das experiências locais, em especial dos parceiros que o compõem, e a partir destas constrói uma proposta de formação de educadores ambientais, que são atores ativos do processo. As experiências, trabalhos, projetos, ou seja, todas as ações que são desenvolvidas compõem um cardápio de ações formativas – os chama-dos itens de cardápio. A construção desse itens leva em conta as demandas dos educadores e as realidades locais para a realização das intervenções socioambientais locais. Por meio desse processo de formação, o coletivo vai cons-tituindo uma rede de educadores ambientais populares, que devem promover intervenções no território voltadas para a sustentabilidade. Além disso, o coletivo tem uma atuação política na região, contribuindo na construção da política e programas estaduais e municipais de EA e participando de foros e colegiados da região.

Quais são as obrigações de quem participa de um coletivo? O trabalho é voluntário?

Participar de um Coletivo Educador requer basicamen-te compromisso com o grupo e com os processos de formação propostos. O trabalho de cada um deve estar respaldado pela instituição da qual faz parte, cabendo a esta apoiar a participação de seus representantes. Assim, o trabalho no Coletivo não é e não deve ser vo-luntario, ele deve estar inserido no plano de trabalho das instituições parceiras do Coletivo. Por outro lado, também cabe ao Coletivo Educador viabilizar a parti-cipação – trabalho – de indivíduos atuantes e que não fazem parte de instituições parceiras , através de recur-sos próprios ou buscando apoio dos parceiros.

Quem financia o coletivo?

A sustentabilidade financeira pode ser promovida por diferentes formas: primeiramente, a partir de institui-ções parceiras que dão seu apoio com infraestrutura (recursos humanos da instituição, local, equipamentos, bolsas). Outras fontes de recursos são editais públicos e privados e captação de recursos com empresas locais.

Sou professor de escola pública. Há algum estímulo dos coletivos para este setor?

Os coletivos devem trabalhar tanto a partir das escolas como de outros espaços educadores, mas a participa-ção dos professores é estimulada quando o coletivo incorpora entre seus componentes intervenções que podem acontecer a partir da escola.

Por onde eu começo? Com quem entro em contato para participar de um coletivo ou abrir um na mi-nha cidade/região?

Inicialmente procurar fazer contatos com instituições e pessoas que têm atuação na área de meio ambiente e educação ambiental. Caso não haja iniciativa relacio-nada ao Coletivo educador, o contato é diretamente com o DEA/MMA, que poderá também indicar outros grupos próximos que já vêm trabalhando enquanto coletivos educadores para uma primeira aproximação com a proposta.

Como esse grupo inicial participa de um coletivo?

O coletivo é um grupo aberto que recebe sempre novos parceiros, fortalecendo sua atuação. Cada instituição ou pessoa avalia como pode participar, e como pode contribuir na formação, no apoio logístico, no apoio financeiro, e também individualmente, como educador ambiental popular. Qualquer cidadão interessado pelas questões socioambientais pode e deve participar do co-letivo educador de sua região. Para participar, procure as iniciativas de coletivos que estão acontecendo em seu território ou próximo dele, ou faça contato com o DEA/MMA para iniciar uma articulação para a constituição de um Coletivo Educador. Informe-se sobre os coletivos no site www.mma.gov.br/ea/coletivoseducadores.

Questionário básico (quase) tudo sobre coletivos educadores

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