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Universidade da Madeira Mestrado em Actividade Fsica e Desporto - 2Clico Percepo Aco Bruno Freitas

Sistemas Dinmicos no Futebol - Perspectiva Ecolgica Vs Jos Mourinho

A diferena em 10 pontos(Jornal Record, pg. 24 e 25, 18 de Fevereiro de 2006)

IDEIA

A DIFERENA EM 10 PONTOS: 2.1) MODELO, BOLA E PRESSING 2.2) MTODODOS ARCAICOS 2.3) TRABALHO FSICO 2.4) O PESO DOS JOGADORES 2.5) INTENSIDADE, VOLUME E TEMPO 2.6) TREINOS DE CONJUNTO 2.7) TREINO INDIVIDUALIZADO 2.8) OS ADVERSRIOS 2.9) PERIODIZAO TCTICA 2.10) A CINCIA

2.1) MODELO, BOLA E PRESSINGO mais importante numa equipa ter um modelo de jogo, um conjunto de princpios que dem organizao equipa. Por isso a minha ateno para ai dirigida desde o primeiro dia A minha ideia tctica principal passa por termos a noo clara da coisa mais importante no futebol moderno para l de marcar golos: ter a bola Outro principio que facilmente se identifica nas minhas equipas o pressing alto zonal. O pressing no mais do que um meio para se recuperar a bola e s faz sentido se depois a equipa souber fazer uso dessa pose (in, Jornal Record, 2006) REFLEXO Posso considerar que, Mourinho utiliza uma metodologia de treino completamente subordinada ao modelo de jogo, ou seja, a importncia de definir um modelo de jogo para a equipa e a pertinncia de treinar sempre em funo desse modelo.

2.1) MODELO, BOLA E PRESSINGComo ser este modelo numa perspectiva ecolgica e fractal do jogo de futebol?2 seguintes ideias:

a. Tem de ser visto como um sistema dinmico no-linear e composto de muitas peas em interaco (por exemplo, jogadores, bola, rbitros, dimenses do campo), capazes de constantemente mudar o seu estado de organizao (Keith Davids, Duarte Arajo, Rick Shuttleworth) e tal pressuposto altamente verificado nas constantes interaces entre os jogadores de um equipa. b. A natureza dinmica do contacto com a bola, dinamiza o sentido do jogo, logo, o que fundamental / decisivo num jogo, no se encontra na capacidade de ter a bola (pose de bola), mas sim como utiliza-la, ou seja, as interaces / coordenaes iniciais e finais. Deste ponto de vista, o jogo pode ser caracterizado pelas transies de ordem / desordem, onde as aces individuais podem desestabilizar ou (re) estabilizar o sistema. (Keith Davids, Duarte Arajo, Rick Shuttleworth)

2.2) MTODOS ARCAICOSQuando vejo referencias s pr-pocas e me mostram imagens de atletas a correr e a trabalhar num espao que no um campo de futebol, da praia ao campo de golfe, dou comigo a pensar que so mtodos ultrapassados, para no dizer arcaicos. (in, Jornal Record, 2006)

Abordagem Sistmica

Considera

estrutura corporal (altura, peso) + funo / capacidade (fora, velocidade resistncia)

Isto, significa treinar sob a forma de melhorar certas capacidades funcionais margem de uma evoluo tctica / tcnica do jogador.

2.2) MTODOS ARCAICOSO que se pretende defender: Abordagem Eco-SistmicaConsidera

estrutura + funo + psicolgico + + global no respectivo envolvimento

O importante que o treinador tenha uma viso global, que no se trate apenas de identificar o individuo e as suas principais caractersticas estruturais, mas sim identific-lo com o contexto / envolvimento. A Noo O ecossistema tem de ser uma unidade de anlise no treino

2.3) TRABALHO FSICOPara mim, um jogador um todo, () com caractersticas fsicas, tcnicas e psicolgicas que tenho de desenvolver como um todo. No consigo separar. Eu no fao trabalho fsico. No acredito, no futebol de hoje, em equipas bem fisicamente e outras mal (). H equipas adaptadas, ou no, forma de jogar do seu treinador. O que ns procuramos que a equipa se consiga adaptar ao tipo de esforo que a nossa forma de jogar exige Testes fsicos? uma crena. Eu no acredito (in, Jornal Record, 2006) ECOSSISTEMA

O jogador / equipa resultam de um processo de integrao no ecossistema. No interessa gastar tempo com o tradicional trabalho fsico (seces de ginsio, piscina,). A capacidade fsica de um jogador / equipa, acaba por se manifestar segundo a aptido que o jogador / equipa tem para se adaptar ao tipo de esforos que a forma de jogar exige.

2.3) TRABALHO FSICO Parece-me ento, que a forma desportiva no s fsica, muito mais do que isso Normalmente defende-se Alternativa

Treino das funes / capacidades de forma separada.

Exercitar o jogador numa constante interdependncia com o envolvimento .

2.4) PESO DOS JOGADORESDentro de campo sentem-se confortveis, como consequncia do trabalho que fazemos. Eles no me adoram, gostam de trabalhar comigo Mais importante do que ter um grande jogador ou dois jogar como equipa. Para mim isto muito claro: a melhor equipa no a que tem melhores jogadores mas aquela que joga como equipa (in, Jornal Record, 2006)

GLOBALPara alm de um grande jogador, ele ter de saber interagir com a sua equipa e o envolvimento, nas diversas aces de jogo. O objectivo passa, ento, por treinar de forma a adquirir uma certa organizao de jogo.

2.5) INTENSIDADE, VOLUME E TEMPONo consigo dissociar a intensidade da concentrao (). Em Portugal treina-se de mais quando se perde A maioria dos treinadores no precisa do tempo que diz precisar para ter sucesso. Essa a maior mentira do futebol, serve unicamente para se protegerem. Quer dizer, se calhar precisaporque se perde tempo com questes que no a organizao do jogo (in, Jornal Record, 2006)

COMPLEXIDADE O volume, intensidade, densidade, na minha opinio so fundamentalmente factores de treino que servem para controlar / orientar a sesso de treino. O que realmente provoca adaptaes fundamentais no jogador e na organizao da equipa treinar em complexidade.

2.6) TREINOS DE CONJUNTONo fao, porque no acredito nisso. Para mim, treinar treinar em especificidade, criar exerccios que me permitem exacerbar os meus princpios de jogo. E os treinos de conjunto pouco ou nada tm de especifico. So treinos generalistas (in, Jornal Record, 2006)

Especificidade e / ou Complexidade? EspecificidadeS existe especificidade quando existir uma constante relao entre as componentes tctico tcnicas individuais e colectivas, psicogonitivas, fsicas e coordenativas, em correlao permanente com o MODELO DE JOGO adoptado pelo treinador e respectivos PRINCPIOS que lhe do corpo. (in, Doc. Mourinho Periodizao Tctica)

2.6) TREINOS DE CONJUNTOComplexidade Preparar o jogador a conviver com a incerteza, num jogo que se movimenta entre o equilbrio/desequilbrio. Criando exerccios de treino com as particulares que compem o tecido da complexidade: diversidade, irrepetvel, variabilidade, imprevisvel, .

As caractersticas essenciais de tais sistemas so: I. No-Linearidade II. Interdepncia III.Emergncia = a qualquer momento uma aco desencadeia um resultado IV. Atractores repelores = conhecidos - desconhecido + ou - inesperados

MASComo ser treinar um sistema complexo segundo uma perspectiva tctica ecolgica do jogo de futebol?

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Comportamentos dos Jogadores

Ideia de jogo do Treinador

Uma forma de Jogar Fractal Individual Princpios e sub-principios Fractal Colectivo Fases de jogo Coordenao + Interaco

MODELO DE TREINO

Deve o processo de treinar o futebol integrar uma aproximao complexa, ecolgica e fractal? Como que dever ser esta forma de treinar?

Exacerbar

COMPORTAMENTOS

Conjunto de comportamentos que deseja que a equipa manifeste com regularidade em campo.

2.7) TREINO INDIVIDUALIZADOCusta-me entender a evoluo de um jogador margem da evoluo da equipa (in, Jornal Record, 2006)

REFLEXO Considerando o jogo um ecossistema global, numa permanente interaco de jogadores / equipa numa dimenso prpria, onde, l encontrado inevitavelmente caractersticas diferentes e originais em cada jogador, na sua funo de jogador, na sua tarefa e constrangimentos ambientais (Newell, 1986, in, J. Mateus), no faz muito sentido individualizar o exerccio de treino no futebol.

2.8) OS ADVERSRIOSQuando estudo o adversrio e identifico os seus comportamentos padro, constato que muitas vezes, o desenvolvimento dessa dinmica de jogo, no tanto uma dinmica, mas um automatismo mecnico (in, Jornal Record, 2006) Identifica-se que utilizam um comportamento padro / mecnico, ou seja, um tipo de comportamento cognitivista, onde pr-estabelecido um conjunto de aces que vo originar a forma dessa equipa jogar.

As caractersticas essenciais de tais sistemas so: - Muito empenhamento motor; - Muito tempo em repeties; - Reproduo de modelos; - Aumento de estratgias de processamento de informao.

2.9) PERIODIZAO TCTICAExiste o treino tradicional, analtico; existe o treino integrado, que o tal treino com bola, mas onde as preocupaes fundamentais no so muito diferentes do treino tradicional; existe a minha forma de treinar, a que podemos chamar periodizao tctica, que nada tem a ver com as outras duas. (in, Jornal Record, 2006)

a. Como explica Hernandez-Moreno (1994), durante muito tempo, a tcnica foi considerada o elemento fundamental e bsico no desenvolvimento da aco de jogo nos desportos de equipa. b. A aco tem mais de tctica do que tcnica, ou seja, um bom executante , antes de mais, aquele que capaz de seleccionar as tcnicas mais adequadas para responder s sucessivas configuraes do jogo. Numa dimenso ecolgica, o importante percepcionar o momento, e quem ensina a aproveitar o momento so as estratgias e as tcticas.

2.10) A CINCIAAinda que isso gere equvocos, verdade que o futebol tem muito de cincia ao nvel da construo de uma forma de jogar. E quando digo construo quero dizer inveno e operacionalizao de um modelo de jogo. (in, Jornal Record, 2006)

REFLEXO

A cincia pode passar por esta anlise, contudo, seguramente mais do que o que foi aqui apresentado.

BIBLIOGRAFIA

- Bruno Oliveira, Nuno Amieiro, Nuno Resende e Ricardo Barreto, Mourinho: Porque Tantas Vitrias? 100 - 249 - Doc. Mourinho Periodizao Tctica Das Teorias Generalistas ESPECIFICIDADE do treino em futebol Programao e Periodizao do Treino em Futebol - Duarte Arajo, Keith Davids, Rick Shuttleworth, Applications of Dynamical Systems Theory to Football - Jornal Record, Sbado, 18 de Fevereiro de 2006, pg. 24, 25 - J. Mateus, In pursuit of an ecological and fractal approach to football coaching - Jlio Garganta, Competncias no ensino e treino de jovens futebolistas, Revista Digital - Buenos Aires - Ao 8 - N 45 - Febrero de 2002. - Jlio Garganta, Paulo Cunha e Silva, O jogo de futebol: entre o caos e a regra, Artigo publicado, em 2000, na Revista Horizonte, XVI (91): 5-8