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  • 8/18/2019 Fragmentos Ateus

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    “Penso que só há um caminho para a ciência ou para a filosofia: encontrar um problema,ver a sua beleza e apaixonar-se por ele; casar e viver feliz com ele até que a morte vossepare a n!o ser que encontrem outro problema ain"a mais fascinante, ou,evi"entemente, a n!o ser que obtenham uma solu#!o$ %as, mesmo que obtenham uma

    solu#!o, po"er!o ent!o "escobrir, para vosso "eleite, a existência "e to"a uma fam&lia "e problemas-filhos, encanta"ores ain"a que talvez "if&ceis, para cu'o bem-estar po"er!otrabalhar, com um senti"o, até ao fim "os vossos "ias$( Karl Popper

     “) problema mais *ritante "e sistemas absolutistas, como os +ez %an"amentos, é que,quan"o há mais "e uma re*ra absoluta, torna-se poss&vel o sur*imento "e conflitos entreelas$ ssim, po"er-se-ia per*untar se é al*o apropria"o assassinar para prevenir umroubo$ permiti"o roubar para prevenir um assassinato. +ever&amos mentir setivéssemos uma boa raz!o para acre"itar que a ver"a"e faria com que o in"iv&"uomorresse "e ataque car"&aco. apropria"o mentir para evitar ser assassina"o. l&citoquebrar o sába"o santo para salvar a vi"a "e al*uém. /eria correto roubarmos um carro

    se soubéssemos que isso evitaria que seu "ono trabalhasse no sába"o santo ou matasseal*uém. +ever&amos honrar a vonta"e "e nossos pais se eles nos pe"issem para quebrar al*um "os outros man"amentos. +ever&amos roubar nossos pais se, ao fazê-lo, talvezestivéssemos prevenin"o um assassinato. 0o"os tipos "e "ilema como esses s!o

     poss&veis$ 1$$$2 3sso "emonstra que n!o po"emos viver basea"os em princ&pios absolutose abstratos$ Precisamos relacioná-los 4 vi"a e 4s necessi"a"es humanas$( Frederick Edword 

    “%as e quanto ao imperativo "ar5iniano "e sobreviver e repro"uzir-se. 6o queconcerne ao comportamento coti"iano, n!o existe esse imperativo$ 7á quem ficaassistin"o a um filme porno*ráfico quan"o po"eria estar procuran"o um parceiro, quemabre m!o "e comi"a para comprar hero&na, quem poster*a a *esta#!o "os filhos parafazer carreira na empresa, quem come tanto que acaba in"o mais ce"o para o t8mulo$ )v&cio humano é prova "e que a a"apta#!o bioló*ica, na acep#!o ri*orosa "o termo, écoisa "o passa"o$ 6ossa mente é a"apta"a para os pequenos ban"os coletores "ealimentos nos quais nossa fam&lia passou 99 "e sua existência, e n!o para as"esor"ena"as contin*ências por nós cria"as "es"e as revolu#es a*r&cola e in"ustrial$ntes "a foto*rafia, era a"aptativo receber ima*ens visuais "e membros atraentes "osexo oposto, pois essas ima*ens ori*inavam-se apenas "a luz refletin"o-se "e corposférteis$ ntes "os narcóticos em serin*as, eles eram sintetiza"os no cérebro comoanal*ésicos naturais$ ntes "e haver filmes "e cinema, era a"aptativo observar as lutas

    emocionais "as pessoas, pois as 8nicas lutas que você po"ia testemunhar eram entre pessoas que você precisava psicanalizar to"o "ia$ ntes "e haver a contracep#!o, osfilhos eram ina"iáveis, e status e riqueza po"iam ser converti"os em filhos maisnumerosos e mais sau"áveis$ ntes "e haver a#ucareiro, saleiro e mantei*ueira em ca"amesa, e quan"o as épocas "e vacas ma*ras 'amais estavam lon*e, nunca era "emaisin*erir to"o o a#8car, sal e alimentos *or"urosos que se pu"esse obter$ s pessoas n!oa"ivinham o que é a"aptativo para elas ou para seus *enes$ história universal?: mastambém foi somente um minuto$ Passa"os poucos f@le*os "a natureza con*elou-se o

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    astro, e os animais inteli*entes tiveram "e morrer$ ssim po"eria al*uém inventar umafábula e nem por isso teria ilustra"o suficientemente qu!o lamentável, qu!ofantasma*órico e fu*az, qu!o sem finali"a"e e *ratuito fica o intelecto humano "entro"a natureza$ 7ouve eterni"a"es em que ele n!o estava; quan"o "e novo ele tiver 

     passa"o, na"a terá aconteci"o$ Pois n!o há para aquele intelecto nenhuma miss!o mais

    vasta que con"uzisse além "a vi"a humana$ o contrário, ele é humano, e somente seu possui"or e *enitor o toma t!o pateticamente, como se os *onzos "o mun"o *irassemnele$ %as se pu"éssemos enten"er-nos com a mosca, perceber&amos ent!o que tambémela bóia no ar com esse páthos e sente em si o centro voante "este mun"o$ 6!o há na"at!o "esprez&vel e mesquinho na natureza que, com um pequeno sopro "aquela for#a "oconhecimento, n!o transbor"asse lo*o um o"re; e como to"o transporta"or "e car*aquer ter seu a"mira"or, mesmo o mais or*ulhoso "os homens, o filósofo, pensa ver por to"os os la"os os olhos "o universo telescopicamente em mira sobre seu a*ir e pensar$(Nietzsche 

    “ velha no#!o antropomórfica "e que to"o o universo se centraliza no homem "e que

    a existência humana é a suprema express!o "o processo cósmico parece *alopar ale*remente para o balaio "as iluses per"i"as$ ) fato é que a vi"a "o homem, quantomais estu"a"a 4 luz "a biolo*ia *eral, parece ca"a vez mais vazia "e si*nifica"o$ ) que,no passa"o, "eu a impress!o "e ser a principal preocupa#!o e obra-prima "os "euses, aespécie humana come#a a*ora a apresentar o aspecto "e um subpro"uto aci"ental "asmaquina#es vastas, inescrutáveis e provavelmente sem senti"o "esses mesmos "euses(Mencken 

    “/e um +eus bon"oso e infinitamente po"eroso *overna este mun"o, como po"emos 'ustificar os ciclones, os terremotos, a pestilência e a fome. Aomo po"emos 'ustificar ocBncer, os micróbios, a "ifteria e milhares "e outras "oen#as que atacam "urante ainfBncia. Aomo po"emos 'ustificar as bestas selva*ens que "evoram seres humanos e asserpentes cu'as mor"i"as s!o letais. Aomo po"emos 'ustificar um mun"o on"e a vi"aalimenta-se "a vi"a. /erá que os bicos, *arras, "entes e presas foram inventa"os e

     pro"uzi"os pela infinita misericór"ia. bon"a"e infinita "eu asas 4s á*uias para quesuas presas fu*azes pu"essem ser arrebata"as. bon"a"e infinita criou os animais "erapina com a inten#!o "e que eles "evorassem os fracos e os "esampara"os. bon"a"einfinita criou as inumeráveis criaturas in8teis que se repro"uzem "entro "e outros serese se alimentam "e sua carne. sabe"oria infinita pro"uziu intencionalmente os seresmicroscópicos que se alimentam "o nervo óptico. Pense na i"éia "e ce*ar um homem

     para satisfazer o apetite "e um micróbioC Pense na vi"a alimentan"o-se "a própria vi"aC

    Pense nas v&timasC Pense no 6iá*ara "e san*ue "erraman"o-se no precip&cio "acruel"a"eC( Robert G. Ingersoll 

    “ compreens!o humana n!o é um exame "esinteressa"o, mas recebe infuses "avonta"e e "os afetos; "isso se ori*inam ciências que po"em ser chama"as >ciênciasconforme a nossa vonta"e?$ Pois um homem acre"ita mais facilmente no que *ostariaque fosse ver"a"e$ ssim, ele re'eita coisas "if&ceis pela impaciência "e pesquisar;coisas sensatas, porque "iminuem a esperan#a; as coisas mais profun"as "a natureza,

     por supersti#!o; a luz "a experiência, por arro*Bncia e or*ulho; coisas que n!o s!ocomumente aceitas, por "eferência 4 opini!o "o vul*o$

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    “ humani"a"e só saiu "a barbárie mental primitiva quan"o se eva"iu "o caos "as suasvelhas len"as e n!o temeu mais o po"er "os taumatur*os, "os oráculos e "os feiticeiros$)s ocultistas "e to"os os séculos n!o "escobriram nenhuma ver"a"e i*nora"a, ao passoque os méto"os cient&ficos fizeram sur*ir "o na"a um mun"o "e maravilhas$ban"onemos 4s ima*ina#es mórbi"as essa le*i!o "e larvas, "e esp&ritos, "e fantasmas

    e "e filhos "a noite e que, no futuro, uma luz suficiente os "issipe para sempre$(G!stave "e on 

    “%uitos in"iv&"uos orto"oxos "!o a enten"er que é papel "os céticos refutar os "o*masapresenta"os em vez "e os "o*máticos terem "e prová-los$

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    “/ó confie numa testemunha quan"o ela fala "e questes em que n!o se achamenvolvi"os nem o seu interesse próprio, nem as suas paixes, nem os seus preconceitos,nem o amor pelo maravilhoso$ 6o caso "e haver esse envolvimento, requeira evi"ênciacorroborativa em propor#!o exata 4 viola#!o "a probabili"a"e evoca"a pelo seutestemunho$( $ho#as %!&le' 

    “=oste vós que, primeiramente, afirmastes a existência "e +eus; "eveis, pois, ser os primeiros a p@r "e parte vossas afirma#es$ /onharia eu, al*uma vez, com ne*ar aexistência "e +eus, se vós n!o tivésseis come#a"o a afirmá-la. < se, quan"o eu eracrian#a, n!o me tivessem imposto a necessi"a"e "e acre"itar nele. < se, quan"o a"ulto,n!o tivesse ouvi"o afirma#es nesse senti"o. < se, quan"o homem, os meus olhos n!otivessem constantemente contempla"o os templos eleva"os a esse +eus. =oram asvossas afirma#es que provocaram as minhas ne*a#es$ Aessai "e afirmar que eucessarei "e ne*ar$( Sebasti(n Fa!re 

    “a palavra "e +eus? é um insulto

    a +eus$ Ahamar aquele livro "e um *uia moral é uma afronta 4 "ecência e "i*ni"a"e "os povos$ Ahamá-lo "e *uia para a vi"a é fazer uma pia"a "e nossa existência$ < preten"er que ela se'a a ver"a"e absoluta é ri"icularizar e subestimar o intelecto humano$( “6ocristianismo, nem a moral nem a reli*i!o têm qualquer ponto "e conta"o com areali"a"e$ /!o ofereci"as causas puramente ima*inárias 1>+eus?, >alma?, >eu?, >esp&rito?,>livre arb&trio? ou mesmo o >n!o-livre?2 e efeitos puramente ima*inários 1>peca"o?,>salva#!o?, >*ra#a?, >puni#!o?, >remiss!o "os peca"os?2$ Im intercurso entre seresima*inários 1>+eus?, >esp&ritos?, >almas?2; uma história natural ima*inária1antropocêntrica; uma ne*a#!o total "o conceito "e causas naturais2; uma psicolo*iaima*inária 1mal-enten"i"os sobre si, interpreta#es equivoca"as "e sentimentos *eraisa*ra"áveis ou "esa*ra"áveis, por exemplo, os esta"os "o nervus sJmpathicus com aa'u"a "a lin*ua*em simbólica "a i"iossincrasia moral-reli*iosa >arrepen"imento?,>peso na consciência?, >tenta#!o "o "em@nio?, >a presen#a "e +eus?2; uma teleolo*iaima*inária 1o >reino "e +eus?, >o 'u&zo final?, a >vi"a eterna?2$ natureza? ter si"o usa"o como oposto ao conceito "e >+eus?, a palavra>natural? for#osamente tomou o si*nifica"o "e >abominável? to"o esse mun"o fict&ciotem sua ori*em no ó"io contra o natural 1 a reali"a"eC 2, é evi"ência "e um profun"omal-estar com a efetivi"a"e$$$ 3sso explica tu"o$ Fuem tem motivos para fu*ir "areali"a"e. Fuem sofre com ela$ %as sofrer com a reali"a"e si*nifica uma existência

    malo*ra"a$$$ prepon"erBncia "o sofrimento sobre o prazer é a causa "essa moral ereli*i!o fict&cias: mas tal prepon"erBncia, no entanto, também fornece a fórmula para a"eca"ência$$$( Nietzsche 

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    quisermos que o pro*resso se'a, em nosso século, um sonho mentiroso, "evemos acabar com a 3*re'a$( Mikhail ak!nin 

    “ humaniza#!o "a natureza "eriva "a necessi"a"e "e p@r fim 4 perplexi"a"e e ao"esamparo "o homem frente a suas for#as tem&veis, "e entrar em rela#!o com elas e,

    finalmente, "e influenciá-las$ 1$$$2 ) homem primitivo n!o tem escolha, n!o "ispe "eoutra maneira "e pensar$ -lhe natural, al*o inato, por assim "izer, pro'etar exteriormente sua existência para o mun"o e encarar to"o acontecimento que observacomo manifesta#!o "e seres que, no fun"o, s!o semelhantes a ele próprio$( Sig#!ndFre!d 

    “0u"o que a humani"a"e sofreu com as *uerras, com a pobreza, com a pestilência, coma fome, com o fo*o e com o "il8vio, to"o o pavor e to"a a "or "e to"as as "oen#as e "eto"as as mortes tu"o isso se re"uz a na"a quan"o posto la"o a la"o com as a*onias quese "estinam 4s almas per"i"as$ o %un"o é +eus?, ou >o %un"o é o %un"o?, "áno mesmo$ Fuan"o partimos "e +eus como se ele fosse o "a"o e o a-ser-explica"o, e"izemos portanto: >+eus é o %un"o?; ent!o numa certa me"i"a exista uma explica#!o,

    ao se recon"uzir i*notum a notius: mas trata-se somente "e uma explica#!o "evocabulário$ Porém, quan"o se parte "o efetivamente "a"o, portanto o mun"o, e seafirma >o %un"o é +eus?, ent!o se torna claro que com isto n!o se "iz na"a, ou aomenos que se explica i*notum per i*notius D) "esconheci"o pelo mais "esconheci"oE$()rth!r Schopenha!er 

    “ i"éia "e que +eus é um *i*ante barbu"o "e pele branca senta"o no céu é ri"&cula$%as se, com esse conceito, você se referir a um con'unto "e leis f&sicas que re*em oIniverso, ent!o claramente existe um +eus$ /ó que o homem "everia ser "e tal ou "e tal mo"oC? reali"a"e nos mostra uma encanta"ora riqueza "e tipos, uma abun"ante profus!o "e 'o*os e mu"an#as "e forma e um miserável servi#al "e um moralista comenta: >6!oC

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    ) homem "everia ser "iferente$? ecce homoC? Deis o homemE$( Nietzsche 

    “ >6!o houve convers!o no leito "e morte?, "isse +ruJan, >6enhum apelo a +eus,

    nenhuma esperan#a sobre uma vi"a pós-morte, nenhuma pretens!o que ele e eu, quefomos inseparáveis por vinte anos, n!o estávamos "izen"o a"eus para sempre?$

    - >/omente uma coisa é necessária?$$$ Fue to"o homem, por possuir uma >almaimortal?, tenha tanto valor quanto qualquer outro homem; que na totali"a"e "os seres a>salva#!o? "e to"o in"iv&"uo um possa reivin"icar uma importBncia eterna; que beatos

    insi*nificantes e "esequilibra"os possam ima*inar que as leis "a natureza s!oconstantemente trans*re"i"as em seu favor n!o há como expressar "esprezo suficiente

     por tamanha intensifica#!o "e to"a espécie "e e*o&smos a" infinitum, até a insolência$o mun"o *ira ao meu re"or?$$$( Nietzsche 

    “)s que n!o pa"ecem "esta neurose 1reli*iosi"a"e2 talvez n!o precisem "e intoxicante para amortecê-la$

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    venera"os por milhes$ 0o"os eram onipotentes, oniscientes e imortais$ < to"os est!omortos$( %. ". Mencken 

    “Para ter certeza que minha blasfêmia está minuciosamente clara, por meio "esta"eclaro minha opini!o que a no#!o "e um "eus é uma supersti#!o básica, que n!o há

    evi"ência para a existência "e nenhum "eus 1es2, que "iabos, "em@nios, an'os e santoss!o mitos, que n!o há vi"a após a morte, para&so nem inferno, que o Papa é um"inossauro me"ieval peri*oso e intolerante, e que o