François Nars Editorial – Vogue BR December 2015 low-res

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Dezembro 2015 www.vogue.com.br VOGUE Nº 448 GISELE 100% TIM-TIM Os melhores momentos e as mais bem-vestidas de 2015 Do look ao drinque, um guia completo para brilhar no fim do ano DOMINADO CARGA TRIBUTÁRIA FEDERAL APROXIMADA 4,65% No 448 DEZEMBRO R$ 18,00

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VOGUE

448

GISELE100%

TIM-TIM

Os melhoresmomentos

e as maisbem-vestidas

de 2015

Do look ao drinque,um guia completo

para brilharno fim do ano

DOMINADO

CARGA TRIBUTÁRIA FEDERAL APROXIMADA 4,65%

No 448DEZEMBRO

R$ 18,00

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VOGUE

448 No 448DEZEMBRO

R$ 18,00

GISELEDOMINADO100%

TIM-TIMDo look ao drinque,um guia completo

para brilharno fim do ano

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O LIVRO20 ANOS DE CARREIRA

FOTOS

FRANÇOIS NARS

GISELEA ÜBERMODEL CONVERSA COM GIOVANNI BIANCO SOBRE OS BASTIDORES

DO LIVRO QUE CELEBRA SEUS 20 ANOS DE CARREIRA

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Gisele usa jaqueta de tweed (a partirde R$ 25.550) combinada a calçajeans (a partir de R$ 8.150) e bijouxde metal, acrílico, pedras, pérolas ecristais (a partir de R$ 2.520). Todasas peças do ensaio são da coleçãoresort 2016 da Chanel

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Gisele usa, na pele, base Perfection Lumière epó finalizador Les Beiges; nos olhos, máscara

Le Volume Waterproof, sombra cremosaIllusion D’Ombre na cor Illusoire, sombras

em pó Ombre Essentielle nas cores Infini eBlack Star e lápis Le Crayon Khôl Noir; na

sobrancelha, kit Le Sourcil; nos lábios, lápis deboca Le Crayon Lèvres na cor Rouge Profond

e batom Rouge Allure na cor Passion; nasunhas, esmalte Le Vernis na cor Pirate. Todos

os produtos são da linha de beleza da Chanel

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Jaqueta com flores bordadas usadasobre maiô (a partir de R$ 3.690) ecombinada com óculos enfeitadoscom pérolas (a partir de R$ 4.200)e bijoux de metal, acrílico, pedras,pérolas e cristais (a partir de R$ 3.040)

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ENTREVISTA

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GISELE Quando decidi fazer um livro, logo pensei noseu nome – porque você me conhece desde o inícioda carreira, achei que você conseguiria enxergarquemeu sou, alémde ser omais talentoso. Como foipara você fazer esse trabalho?

GIOVANNI Também já tinha na cabeça um livro sobrevocê. E fiquei muito feliz ao saber do projeto e quevocê queria fazer comigo. Tem uma história muitoengraçada, que talvez você não se lembre, da épocaem que nos conhecemos. Trabalhamos juntos logono início da sua carreira, e achei que nuncafaríamos mais nada justo por causa desse episódio.E sei que você é uma pessoa que não esquece ascoisas. A gente estava fazendo um catálogo daDaslu com um fotógrafo internacional...

GISELE Um fotógrafo italiano...

GIOVANNI Isso. E a maquiadora era a Fulvia Farolfi,que trabalhou com o Helmut Newton. No set,estavam você e a Isabella Fiorentino. A Fulviadisse: “Essa menina vai longe”. Já o fotógrafoestava encantado com a Isabella, mas você nãoestava nem aí, seguiu fazendo seu trabalho. E falounum tom de brincadeira: “Vou ser a modelonúmero 1 do mundo”. Você era muito jovem, e eudisse: “Ah, tá! Talvez a número 1 comercial”.Percebi que você fechou a cara. Depois, vocêinsistiu que não só seria a comercial, mas tambéma maior modelo fashion do mundo. Sempre fuipolêmico e complicado porque tenho dislexia efalo mais rápido do que penso, falo mais do quedeveria falar. E achei que você tinha guardado umamágoa dessa história. Ah, naquele mesmo dia eutambém disse brincando que você seria a número 1de calcinha e sutiã. Tenho até vontade de chorarquando penso nisso. E aí os anos se passaram, vocêexplodiu. Quando assinou o contrato com aVictoria’s Secret, pensei: tá vendo? Sou visionário.Tudo bem, você também foi visionária, mas eu nãoestava errado. E aí a gente começou a fazer váriostrabalhos de novo, e percebi que a mágoa nãoexistia. Quando você me convidou para o livro,senti um orgulho enorme. Ele não foi feito por

mim, mas a quatro mãos. Na verdade, a 500 mãosporque contou com as mãos dos meus assistentes;da Patricia, sua irmã; das suas outras irmãs. Fiz opapel de maestro, mas, como numa orquestra,precisava dos músicos. E o principal: precisava damúsica – e você era a música. O melhor foramnossas reuniões no meu estúdio, as grandesdiscussões sobre o que entraria ou não no livro.Nesse processo, descobri outra Gisele à qual nãotinha acesso – não a modelo, mas a amiga queganhei. O livro é só um objeto – lindo, mas que vaificar numa estante. Ter conhecido essa outra Giselefoi meu melhor presente. E ela chora... (Gisele seemociona).

GISELE Sou canceriana.

GIOVANNI Fiquei impressionado com a quantidadede fotos que vi. As pessoas não sabem, mas a gentedeixou quase 30 mil imagens de fora! Todo mundopensa só no glamour e no conto de fadas, mas, nosprimeiros 15 anos de carreira, imagino que vocêtenha feito dois trabalhos por dia, não descansavanos fins de semana. Como arranjava tempo paranamorar, estudar, conversar com a família?

GISELE Dos meus 15 até os 25 anos, eu não tenhomemória. Para mim, esses dez anos parecem umsó. Sábados e domingos nunca existiram na minhacabeça. Trabalhava, basicamente, os 365 dias do ano.Mas graças a Deus que eu tinha a (cachorrinha)Vida, que era minha companheira, estava semprecomigo, senão me sentiria muito sozinha. Vivianuma correria, passava dois dias em Paris, três emLondres, dois em Nova York. Minha vida foi assim,nomínimo, durante uns dez anos. Eram umas duassemanas livres ao todo por ano. E não sabia o queera feriado porque para mim eles não existiam. Sefosse Thanksgiving nos Estados Unidos, estava emLondres trabalhando; se fosse feriado em algumpaís, eu estava em outro país trabalhando. Mas euera muito feliz. Sempre me senti meio estranha,acho que isso vem da minha infância, por eu tersofrido muito bullying na escola, ser a Olivia Palito.Eu nunca achei que fosse...

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GIOVANNI Ter tudo isso?

GISELE Isso! Ter essa oportunidade. Então, quandoa oportunidade surgiu, não conseguia dizer não.Também não sabia que podia dizer não – pensavaque não iam mais querer trabalhar comigo, tinhamedo. Eu via tantas meninas nesse processo, quefaziam vários trabalhos e, depois de dois anos,sumiam. Eu não tinha ideia de quanto tempo issoiria durar. Então, só o que eu queria era abraçar asoportunidades porque não sabia quando elas iamacabar. Sentia muita gratidão. Eu fui indo, indo.

GIOVANNI É interessante contar também o lado árduodo trabalho, porque as pessoas acham que é só ir láe fazer a foto. A modelo acorda de manhã, faz amala, viaja, chega...

GISELE Vai direto para o estúdio...

GIOVANNI Depois, são 500 mãos em cima de você,tiram sua cutícula, enfiam um negócio no seu olho,puxam seu cabelo...

GISELE É queimada por babyliss direto...

GIOVANNI Puxam dali, apertam daqui, mexem noseu peito... Existe uma agressividade.

GISELE Às vezes, parece que estão lidando com umobjeto, né?

GIOVANNI Exatamente! E é preciso trabalhar issobem, como você soube fazer...

GISELE Eu acho que foi importante para mim teressa enorme sensação de gratidão por estar ali.Porque eu me achava o Patinho Feio com 13, 14anos. E, quando começaram a me bookar paratrabalhos como modelo, eu não acreditei. E éengraçado porque, de certa forma, me sinto assimaté hoje, 20 anos depois.

GIOVANNI Num dia em que a gente encontrou oMario Testino, ele olhou a foto antiga de um teste e

falou: “Você deveria ir à igreja acender algumasvelas. Quem diria que você iria se tornar a supertop model Gisele Bündchen!”. Mas, no fundo, vocêsabia que iria ser aquilo!

GISELE Olha, eu não sabia. Mas sabia o que queria.Porque não foi fácil sair de casa, deixar minhasirmãs, estar longe da minha família aos 14 anos eembarcar nessa jornada. Eu morria de medo doescuro e estava sozinha, vivendo em apartamentosonde algumas meninas usavam drogas. Era difícil,eu não sentia que pertencia àquele mundo. Eu nãoentendia nada demoda. Estava com frio, mas comonão tinha dinheiro para comprar uma bota,colocava meia com uma sandália mesmo. Eu iapara os castings assim. Não tinha bolsa ou roupa demarca, e nem me importava com isso. Mas nuncafoquei nas dificuldades, que com certeza sempreexistiram. Porque tem gente falando na sua cara, atoda hora, que você não é boa o suficiente.

GIOVANNI É, nem todo mundo, mas temmuita genteassim...

GISELE Nem todo mundo, mas eu diria que muitagente. Acho que nem todos conseguem enxergar oser humano dentro do corpo da modelo. Algumasvezes, é como se você fosse um objeto, semsentimentos, e está ali simplesmente para fazeraquilo. Acho que isso é uma coisa que não é nemconsciente, sabe? Você tem um determinadotempo para fazer a foto funcionar. A pessoa entrae, talvez, nunca mais vá ver você na vida. No início,não existe a intimidade, carinho, respeito. É umacoisa meio rápida.

GIOVANNI Mas a gratidão fez você superar toda aquestão da dor.

GISELE Com certeza. Gente, eu sou de Horizontina,uma cidade bem pequena no interior do RioGrande do Sul. Eu não me esqueço disso. Quandovocê tem uma origem simples, não esquece porqueteve de batalhar por cada coisinha que conquistou.Voltando ao livro, como você chegou ao formato

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final? Quando vi que ele era todo colorido, quasecaí para trás – parecia telepatia.

GIOVANNI O primeiro layout do livro era todo empreto e branco, não sei se você lembra. Trabalhamosao todo quatro anos no livro e por uns oito mesesele foi assim. E, quando a gente se encontrava, vocênunca falava: “Sou eu!”. Dizia que o livro eraelegante – e elegante é uma palavra horrorosa.

GISELE Desculpa! (risos)

GIOVANNI Umdia acordei, fiquei pensandomuito noelegante da Gisele e falei: não sou eu. Ela ébrasileira, eu sou brasileiro, eu sou Carnaval, agente ama cor. Gisele é pura energia. Fui para oestúdio e fiz uma maquete pequenininha com ascores que achava que deveriam ser usadas. E meusassistentes ficaram malucos porque mudeiradicalmente o livro, ele virou uma explosão decores. Aí você viu e falou: “Sou eu!”. Quando agente olha para você, tem coisas que são muitoóbvias: você é linda, sexy, brasileira. Eu tentei fugirde tudo isso no início, mas foi bom ter passado poresse processo. Por isso falei que o livro foi feito portantas mãos, foram muitas idas e vindas. Outracoisa interessante foram nossas brigas. A gente temque falar do seu amigo (fotógrafo) Nino Muñoz...

GISELE Eu queria incluir ummonte de fotos dele.

GIOVANNI Cada foto que você queria tirar dasminhaspreferidas, eu falava: “Morre uma do Nino”. Foiminha moeda de troca, coitado do Nino. Mas elefoi homenageado: uma das minhas imagensprediletas, uma das que abrem o livro, é aquela emque você aparece na areia comum coração. Tambémteve a época emque você cismou que queria incluirtodas as campanhas. E eu falava: “Querida, não éum livro de campanhas”.

GISELE Eu queria a memória...

GIOVANNI Sua irmã Patricia lembra muito bem. Eufalei: “Avisa pra Gisele que o livro que ela quer vai

ter 10 mil páginas. E não existe livro de 10 milpáginas! Você tem que dar um jeito nela, porqueassim não dá”.

GISELE É que eu queria que todo mundo tivesseum espaço.

GIOVANNI E sua memória é inacreditável. Toda vezque eu tirava uma imagem do painel, você olhava,olhava, depois perguntava: “Cadê aquela foto?”.Era impressionante! Algumas delas entraram –não são fotos que eu teria incluído, mas tinhamuma grande importância pra você. E tambémaconteceu o contrário: entraram fotos que eudefendia e você não queria, mas que depoiscompreendeu que, historicamente, existia umarelevância fotográfica. Por isso o livro ficou tãobacana, ele teve o equilíbrio entre esses dois lados.Um detalhe engraçado: toda vez que achava umaimagem importante sua com outra modelo, a fotoacabavano chão.Aúnica que entrou, apesar de vocêter tentado derrubar até o segundo ano dapreparação do livro, foi a com a Malgosia Bela, doRichardAvedon. Eudemorei,mas entendi omotivoda sua resistência: não se reconhece a Gisele ali.Algum tempo depois, você percebeu o quantoaquela foto era importante, a única que fez com oAvedon. Além dessa, teve outra que foi uma vitóriapara mim, porque sei que você não acha que estálinda nela, mas...

GISELE Tem várias em que não estou!

GIOVANNI Foi a do Helmut Newton, que era umafoto importante. Não se preocupar em estar lindaem todas as imagens foi fundamental para o livrosair vitorioso.

GISELE Acho que tem várias fotos assim.Mas a genteteve as nossas conversas, e pensei: todas essaspessoas sou eu! E não interessa se tem umas maisbonitas, outras mais glamorosas. Só não me senticonfortável em me mostrar nua naquelas fotos doMario Sorrenti. Você faria um livro só com elas.(Continua na página 319)

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Top (a partir de R$ 12.480), hotpants (a partir de R$ 5.370) e casacode tweed (a partir de R$ 56.720)usados com bijoux de metal, pedras,pérolas e cristais (a partir de R$ 2.520)e luvas (a partir de R$ 5.300)

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Terno de tweed usado com bijouxde metal, acrílico, pedras, pérolas

e cristais (a partir de R$ 3.560) eluvas (a partir de R$ 5.300)

Digital tech: Quinton JonesAssistentes de fotografia:

David Diesing, Lucas Flores Pirane Kevin Vast

Produção de moda:Taylor Kim e Taryn Shumway

Assistente de cabelo:Taka Shibata

Assistente demaquiagem: William Kahn

Tratamento de imagem:Impact Digital

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STYLINGPATTI WILSON

MAQUIAGEMJAMES KALIARDOS

CABELOPETER GRAY

MANICUREGINA VIVIANO

DIREÇÃO DE ARTEGIOVANNI BIANCO

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