Franquias de idiomas crescem com eventos

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Franquia & Negócios | ABF DEZ/JAN 2013 | www.franquiaenegocios.com.br 68 NICHO A Olímpiada de Londres terminou e agora o mundo volta os olhos para o Brasil, que sediará a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016. Para a competição de futebol, esperam-se cerca de 600 mil visitantes e para os Jogos Olím- picos e Paraolímpicos, a expectativa é de que 380 mil estrangeiros visitem o País, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur). Para além dos eventos internacionais, o ano de 2014 deve receber ao todo 7,2 mi- lhões de estrangeiros e 7,9 milhões devem desembarcar no Brasil em 2016. Os dados revelam expectativa de crescimento nas vi- sitas, uma vez que, em 2011, o número de desembarques internacionais foi de cerca de 6 milhões. O impacto dos megaeventos não se re- sume ao mercado de turismo. A entrada de mais estrangeiros cria uma nova demanda: a de pessoas que querem aproveitar o perío- do para conseguir crescer na carreira. Diante desse cenário, franquias de idiomas redese- nham a estrutura para atender ao crescimen- to desse mercado e atrair mais alunos. As novas estratégias contemplam desde a abertura de unidades nas cidades-sede à Para inglês ver e entender Redes de franquias de idiomas aproveitam o aquecimento para a Copa e a Olímpiada e se reestruturam esperando crescimento na demanda POR CAMILA MENDONÇA franqabf#46_montagem.indd 68 28/11/2012 19:24:38

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Revista Franquia & Negócios

Transcript of Franquias de idiomas crescem com eventos

Franquia & Negócios | AbF DEZ/JAN 2013 | www.franquiaenegocios.com.br68

NICHO

A Olímpiada de Londres terminou e agora o mundo volta os olhos para o Brasil, que sediará a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016. Para a competição de futebol, esperam-se cerca de 600 mil visitantes e para os Jogos Olím-picos e Paraolímpicos, a expectativa é de que 380 mil estrangeiros visitem o País, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur).

Para além dos eventos internacionais, o ano de 2014 deve receber ao todo 7,2 mi-lhões de estrangeiros e 7,9 milhões devem desembarcar no Brasil em 2016. Os dados

revelam expectativa de crescimento nas vi-sitas, uma vez que, em 2011, o número de desembarques internacionais foi de cerca de 6 milhões.

O impacto dos megaeventos não se re-sume ao mercado de turismo. A entrada de mais estrangeiros cria uma nova demanda: a de pessoas que querem aproveitar o perío-do para conseguir crescer na carreira. Diante desse cenário, franquias de idiomas redese-nham a estrutura para atender ao crescimen-to desse mercado e atrair mais alunos.

As novas estratégias contemplam desde a abertura de unidades nas cidades-sede à

Para inglês ver e entender

Redes de franquias de idiomas aproveitam o aquecimento para a Copa e a Olímpiada e se reestruturam esperando crescimento na demandaPOR CAmILA meNDONçA

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criação de cursos específicos, vol-tados, principalmente, a quem irá lidar com estrangeiros no tra-balho, como motoristas de táxi, atendentes de hotel e vendedores.

“As pessoas querem se capaci-tar para conversar com o público que deve desembarcar no Bra-sil com a intenção de conquistar melhores oportunidades profissio-nais”, afirma André Friedheim, sócio da Francap, consultoria es-pecializada em franquias.

Para o período de 2010 a 2014, espera-se que cerca de 2 milhões de empregos formais e informais sejam criados somente por conta da Copa.

A demanda pelos cursos deve ser alta também porque o Brasil ainda não é um país que fala in-glês, segundo o Índice de Profi-ciência em Inglês, calculado pela EF (Education First) com cerca de 2 milhões de adultos, de 42 paí-

ses. Os dados mostram que o Bra-sil tem nível baixo de proficiên-cia, figurando na 31ª posição do ranking, com pontuação de 47,27.

A EF calcula que o setor pri-vado de ensino de inglês seja um segmento de US$ 50 bilhões nos próximos anos e estima que, em uma década, mais de dois bilhões de pessoas procurarão um curso de inglês.

MudançasNas principais redes de fran-

quias de idiomas do País, as ex-pectativas de aumento da deman-da já se tornam realidade.

“Começamos a sentir no ano pas-sado, quando tivemos um aumento de 25% na procura por nossos cur-sos”, afirma Leonardo Cirino, diretor

“Até 2016, queremos

crescer de 40% a 50% ano a ano”

Flavio Gonzaga, gerente de marketing

do curso Yes!

de marketing da rede CNA, que tem hoje cerca de 600 mil alunos.

O Centro Britânico traçou uma meta de crescimento de 10% no número de alunos até 2013 e de até 25% durante os eventos, de acordo com o diretor de marke-ting da rede, Luiz Otávio Gagliar-di. Apesar disso, ele acredita que o número de alunos aumentaria, mesmo sem os eventos.

“Haverá um boom e os jogos de-vem impulsionar esse cenário. Mas o inglês vem ganhando espaço e o Brasil já tem inúmeras marcas de idiomas”, acredita o executivo.

A expectativa de crescimento no número de alunos da Funda-ção Fisk, detentora das marcas Fisk e PBF Idiomas, é de 15% em 2013. A rede, hoje com 500 mil alunos, registrou crescimento na casa dos dois dígitos nos últimos cinco anos, segundo o diretor da Fundação Fisk, Christian Ambros.

Na UNS Idiomas, o aumento foi de 20% na procura de empresas interessadas em oferecer o curso aos funcionários e de 15% na pro-cura de pessoas físicas, de acor-do com o gerente de franquias da rede, Carlos Coelho.

“O processo Copa e Olimpíada é a

ponta do iceberg”

Leonardo Cirino, diretor de

marketing da rede CNA

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O gerente de marketing do cur-so Yes!, Flavio Gonzaga, espera aumento de 20% no número de alunos em 2012. “Até 2016, quere-mos crescer de 40% a 50% ano a ano”, diz. A rede hoje tem 30 mil alunos, com forte presença no Rio de Janeiro.

Até pouco tempo, o cresci-mento da Number One era de, em média, 15%. Mas, em 2012, o número de alunos já cresceu 20%, segundo o presidente da empresa, Marcio Mascarenhas. “Ainda não temos muita noção do aumento por conta dos jogos, mas esse cres-cimento que já verificamos não era esperado”, afirma. Ao todo, a rede conta hoje com 135 mil alu-nos e 132 unidades.

Com 210 mil alunos, o CCAA não tem grandes expectativas em relação aos eventos, segundo o di-

retor de marketing da rede, Adol-fo Souza. “70% da nossa receita vem dos cursos voltados a adoles-centes e por mais que a demanda cresça devido aos jogos, ela não terá impacto muito significativo nos negócios”, afirma.

Apesar disso, o CCAA criou em 2011 o “Welcome Visitors”, cur-so direcionado às empresas, com foco na comunicação oral. A ideia é treinar funcionários das áreas de transportes, hotelaria, gastro-nomia e comércio para conversar com estrangeiros. A companhia não abre números referentes à procura do novo produto, mas Souza afirma que estuda lançar cursos semelhantes direcionados às pessoas físicas.

Assim como o CCAA, as demais redes aproveitam o novo cenário para crescer. E parte do cresci-mento advém de produtos lança-dos especificamente para atender a demanda esperada por conta dos jogos.

O Grupo Multi, por exemplo, criou no início de 2012 o kit Bra-sil Bilingue, composto por livro e caneta leitora, que atende pessoas que vão recepcionar os estrangei-ros ou realizar viagens ao exterior. Colocada sobre o texto desse livro, a caneta emite a pronúncia da pa-lavra em inglês. “Para este produto, juntamos dois elementos: a solicita-ção interna das redes por um curso rápido e a demanda do público”, afirma a diretora pedagógica do Grupo Multi, Marcia Gherardi.

“Haverá um boom e os jogos devem impulsionar esse cenário. Mas o inglês vem ganhando espaço e o Brasil já tem inúmeras marcas de idiomas”Luiz Otávio Gagliardi, diretor de marketing do Centro Britânico

“Com os jogos, o inglês tornou-se uma necessidade

mais urgente”Christian Ambros, diretor

da Fundação Fisk

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A executiva não revela o volu-me de vendas, mas diz que as ex-pectativas foram superadas. “Esse lançamento agregou valor às franquias da rede e, com a maior conscientização do mercado de idiomas, a procura de candidatos a franqueados aumentou”, disse, ao notar mudança no perfil dos interessados na rede. “Antes, ha-via mais um interesse pedagógico e agora há mais uma visão empre-sarial.”

Com mais de duas mil escolas e cerca de um milhão de alunos por ano, o Grupo Multi prevê crescer 30% em 2013, tanto em fa-turamento quanto em número de alunos, em função do aumento do leque de produtos, o que dobra-rá o ritmo de expansão que vem sendo verificada nos últimos anos.

Já o CNA criou o “CNA Fast”, curso de 15 meses para adultos, e o “CNA Hello”, de seis meses, voltado a quem atenderá turistas. Lançados há menos de um ano, os cursos já representam 2% e 5% da

base de alunos, respectivamente. O Centro Britânico apostou no

“Hello, Brasil”, curso de dez meses cujo objetivo é ajudar atendentes de hotel e de restaurantes e taxis-tas a se comunicarem. A marca já tem contratos com a Companhia de Engenharia e Tráfego (CET) e com a Polícia Militar (PM).

Na Fundação Fisk, o curso “May I help you?”, também criado para atender a um público espe-cífico, já representa 10% do nú-mero de alunos da rede. O curso, formatado em dois módulos, dura um ano e dois meses. A ideia, se-

gundo Ambros, é preparar os pro-fissionais para lidar com situações relacionadas aos turistas.

Ao contrário da maioria das redes, a UNS Idiomas investe na captação de empresas. Ainda as-sim, deve lançar curso específico para pessoa física no primeiro se-mestre de 2013, com duração de 12 meses.

No final de setembro de 2011, o curso Yes! lançou o “Speedy”, curso de três meses com foco na comunicação básica. “A ideia é fazer com que os alunos se matri-culem e permaneçam no curso”,

Vamos aproveitar os jogos, que é um momento em que o Brasil ficará mais visível, para fazermos a captação de investidores”

Carlos Coelho, gerente de franquias da UNS Idiomas

“Antes, havia mais um interesse pedagógico e agora há mais

uma visão empresarial.”Marcia Gherardi, diretora pedagógica do Grupo Multi

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explica Gonzaga. Foram inves-tidos cerca de R$ 500 mil para a criação do novo curso e o exe-cutivo espera retorno até o final do próximo ano, com meta de ter cerca de dois mil alunos até feve-reiro de 2013.

A Number One também lançou curso mais rápido que o regular para profissionais que têm de lidar com estrangeiros. Criado em 2011, o “Essential” já conta com três mil alunos e é a aposta da rede para atrair quem tem planos profissio-nais durante os eventos. “É para pessoas que querem aprender o inglês de atendimento. É um inglês de sobrevivência”, avalia Mascarenhas.

Na onda dos eventos interna-cionais, as marcas também pro-jetam crescimento no número de candidatos a franqueados. “O empresário local tem percebido o quão vale a pena investir nes-se mercado agora. E verificamos um crescimento médio anual de

20% nessa procura desde 2009”, afirma Cirino, do CNA. A marca tem um projeto de expansão para até 2018, com crescimento, princi-palmente, nas regiões Nordeste e Sul. A ideia, segundo o diretor de marketing, é ter mil unidades em operação. Hoje, a marca tem 512 em funcionamento.

“Está havendo um maior inte-resse dos empresários de investir em escolas de língua e a rede está sentindo esse movimento”, afirma Gagliardi, do Centro Britânico. A rede, que verifica um crescimento médio anual de 18%, deve encer-rar 2012 com 12 novas unidades.

Até 2013, a UNS pretende abrir 100 unidades, 40 além das atuais 60. “Essa abertura ocorrerá prin-cipalmente nas cidades-sede”, afirma Coelho. No período, o executivo projeta um incremen-

to de cerca de R$ 30 milhões no faturamento. “Esse crescimento é natural e sustentável e queremos ter entre 300 e 400 unidades até 2016”, afirma.

Esta também é a meta do curso Yes!. Hoje, a marca tem 128 unida-des e quer alcançar 250 até 2014 e 400 até 2016. A ideia, explica Gonzaga, gerente de marketing da marca, é focar em unidades menores, com até 500 alunos. “A tendência é de não existir mais megaunidades, com mil ou dois mil alunos. A realidade da rede é de unidades menores e isso não reduz o rendimento do franquea-do”, afirma.

O foco de expansão da Yes!, que tem o Rio de Janeiro como principal mercado, é São Paulo. “Eu não tenho mais bons pontos no Rio de Janeiro e ainda há espa-ço em São Paulo, principalmente no interior”, acredita o executivo. A marca deve encerrar 2012 com 45 novas franquias. Somente em São Paulo, a ideia é fechar com 20 novas unidades, frente às nove abertas em 2011.

Até janeiro de 2013, a Num-ber One quer abrir 15 unidades. Ao todo, a marca espera ter 20 unidades em 2013 e crescer 20% em faturamento. “A cada dia nós vemos aumento na procura de in-vestidores, mas não posso crescer mais que 20% em um ano, senão minha qualidade de atendimento pode ser prejudicada”, avalia Mas-carenhas. Para atender à procura de franqueados, a marca passou a comercializar microfranquias, di-recionadas aos profissionais com proficiência em inglês, que que-rem montar um curso.

“A cada dia nós vemos aumento na procura de

investidores”Marcio Mascarenhas,

presidente da Number One

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