Franz Boas e a Escola Americana
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Franz Boas e a Escola Americana
Silvana Sobreira de Matos
Doutoranda em Antropologia/ PPGA/UFPE
INTRODUÇÃO
O presente ensaio visa fazer uma análise sobre a escola de Cultura e
Personalidade da antropologia. Em meados dos anos 30 um grupo de alunos liderado
por Franz Boas começou a desenvolver monografias que tinham como foco central as
relações entre a Cultura e a Psicologia. Chamados de configuracionistas por acreditarem
que as várias condutas e resultados de conduta que compõem uma cultura são
organizados dentro de um todo padronizado, estes pesquisadores buscavam desta forma
entender o caráter distintivo e pessoal de cada sociedade.
Para tanto, algumas vertentes surgiram dentro da escola americana, como foi o
caso dos estudos de Cultura e Meio - Ambiente liderado por Julian Stweard, Cultura e
Linguagem que tinha como representante principal Edward Sapir, e Cultura e
Personalidade que tinha como expoentes máximos Ruth Benedict, Margaret Mead e
Ralph Linton. Desta forma diante da extensão desta vertente da antropologia,
analisaremos apenas a escola de Cultura e Personalidade.
Num primeiro momento intitulado “Franz Boas e a Escola Americana”,
discutiremos dados biográficos do autor, o cenário intelectual deste quando começa seus
estudos antropológicos, seu caminho teórico e metodológico e o seu relacionamento
mesmo que tímido com a psicologia. A intenção desta parte foi demonstrar a conexão
existente entre Boas e seus principais discípulos observando que como o próprio autor
afirmou os problemas sócio-psicológicos não é de modo algum oposto à abordagem
histórica.
Em seguida na parte “O configuracionismo”, discutiremos as vertentes criadas
dentro da abordagem histórica ou culturalista, dando ênfase a escola de Cultura e
Personalidade. Neste momento trataremos do conceito de cultura, configuracionismo e
personalidade. Por fim no subitem “Ruth Benedict e Margaret Mead” apresentamos
dados biográficos e como os conceitos principais foram usados nas monografias destas
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duas autoras. Falaremos ainda da importância das idéias por elas inauguradas e as
influências de suas análises nos estudos posteriores sobre gênero, sexualidade,
migrações, caráter nacional e racismo. Nas considerações finais, faremos um apanhando
geral das idéias da escola de Cultura e Personalidade, suas principais contribuições e as
críticas levantadas a esta escola.
1. Franz Boas e a Escola Americana
Franz Uri Boas nasceu na Prússia em Minden (Vestfália) em nove de julho de
1858. Filho de comerciantes judeus entrou para a universidade de Heidelberg onde se
graduou em Física. Em 1881 defendeu uma dissertação sobre a absorção da luz pela
água.
Insatisfeito com a carreira de físico, Boas entra em contato com o geógrafo
Theobald Fischer o que o leva a se interessar pelas ciências humanas. Em seguida
conhece o patriarca da antropologia alemã Adolf Bastian fundador do Museum für
Völkerkunde (Museu do Folclore). Segundo Celso de Castro (2004) nesta época Boas
começa seus estudos de técnicas de medições da antropologia física.com o anatomista
Rudolf Virchow. Contudo foi em 1883 que Boas começou o longo processo de
passagem da geografia para a antropologia. Financiado por um jornal de Berlim, Boas
parte para ilha de Baffin no Canadá numa expedição entre os esquimós que dura um
ano.
Foi nesta época que começou a surgir o germe das concepções de Boas e
podemos observar no texto citado abaixo por Celso de Castro (2004) os primeiros
lampejos do relativismo cultural que vai marcar a virada nos estudos antropológicos.
Boas afirma que; Frequentemente me pergunto que vantagens nossa “boa sociedade” possui sobre aquela dos “selvagens” e descubro, quanto mais vejo de seus costumes, que não temos o direito de olha-los de cima para baixo. Onde, em nosso povo, poder-se-ia encontrar hospitalidade tão verdadeira quanto aqui?... Nós “pessoas altamente educadas”, somos muito piores, relativamente falando. ... Creio que, se esta viagem tem pra mim (como ser pensante) uma influência valiosa, ela reside no fortalecimento do ponto de vista da relatividade de toda formação [Bildung], e que a maldade, bem como o valor de uma pessoa, residem na formação do coração [Herzensbildung], que eu encontro, ou não, tanto aqui quanto entre nós. (CASTRO, 2004:9)
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Quando Boas entra no cenário da antropologia, esta ciência estava ainda atrelada
aos conceitos de evolução e progresso, era a época do Evolucionismo Vitoriano. Em
1858 Charles Darwin havia lançado “A origem das espécies” enquanto Hebert Spencer
num ensaio intitulado “A hipótese do desenvolvimento” observava que “o mais simples
e o mais pobre é sempre o mais antigo que o complexo e o mais rico”. (BERNADI,
1974:172).
O evolucionismo cultural era portanto a escola que estava no auge. Estudos
como “Cultura Primitiva” (1871) de E. B. Tylor, “Sociedade Antiga” (1878) de L.
Morgan e “O Ramo de Ouro” (1890) de J. Frazer traziam o referencial teórico e
metodológico desta escola. Dentre as principais características desta escola podemos
destacar a amplitude do objeto de estudo que abrangia o fenômeno da cultura como
fenômeno próprio da espécie humana. Como acreditavam na unidade psíquica do
homem era fácil catalogar em estágios distintos a evolução e progresso de todas as
sociedades que culminaria assim na civilização, ou no modelo sócio - cultural no qual
estavam inseridos estes pesquisadores. Esta análise por sua vez era diacrônica o que
levou de certa forma os evolucionistas a criarem um tempo novo, ou seja, o tempo
cultural. “De fato o que importava não era o estágio de cultura vivido pelo povo em
questão. Daí se pode dizer que para os evolucionistas os níveis de cultura determinavam
o tempo e não este os níveis de cultura.” (MELLO, 1986:210).
Além das características acima citadas, os evolucionistas adotaram ainda método
comparativo em suas pesquisas. Sem a utilização do trabalho de campo, estes teóricos
se voltaram para a análise de pesquisas de segunda mão e desta forma produziram
vastos volumes com uma infinidade de excentricidades que estes comparavam sem
muito rigor científico.
Desta forma em 1896, seis anos após a publicação do livro de James Frazer “O
Ramo de Ouro”, Boas escreve “As limitações do método comparativo”. Este texto
célebre da antropologia produziu uma revolução nesta ciência por levantar críticas aos
evolucionistas e ao seu método comparativo e ainda propor novas questões teóricas e
metodológicas para a antropologia. Lido pela primeira vez em um encontro da
American Association for the Advancement (AAA), Celso de Castro afirma que;
A crítica de Boas, no entanto, não era contra a teoria da evolução quanto com relação ao seu método. Para ele,
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antes de supor que os fenômenos aparentemente semelhantes pudessem ser atribuídos as mesmas causas – o que não ficava de modo algum provado -, era preciso perguntar, para cada caso, se eles não teriam sido transmitidos de um povo a outro. Ao contrário do método dedutivo dos evolucionistas, Boas defendia o método de indução empírica, evitando amarrar os fenômenos em uma camisa - de – força teórica. O novo “método histórico”, por ele defendido em oposição ao comparativo, exigia que se limitasse a comparação a um território restrito e bem definido. A precondição para leis gerais seria, portanto, o estudo de culturas tomadas individualmente e de regiões culturais delimitadas.” (CASTRO, 2004:16)
Textos como “Os métodos da etnologia” (1920) “Alguns problemas de
metodologia nas ciências sociais” (1930) e “Os objetivos da pesquisa antropológica”
(1932), contribuíram para o melhor entendimento das idéias de Boas e ainda reiteravam
suas críticas aos evolucionistas. Boas também endereçou criticas veementes aos
difusionistas que acreditavam que a diversidade cultural humana se dava
exclusivamente pela difusão. “Embora Boas reconhecesse a importância geral do
fenômeno da difusão, ele limitava sua pertinência explicativa apenas a áreas
relativamente próximas, onde se pudesse reconstituir com razoável segurança a história
das transmissões culturais.” (CASTRO, 2004:16).
Para além do seu interesse em áreas afins da antropologia como a história, a
geografia e a lingüística, Boas foi responsável por introduzir nesta ciência elementos da
psicologia que foram de fundamental importância nos estudos sobre raça e cultura e
posteriormente no desenvolvimento da Escola Configuracionista de Cultura e
Personalidade. Esta preocupação com a psicologia vai ficar clara no seu texto de 1911
intitulado “Problemas psicológicos na antropologia”. Neste texto, Boas vai dissertar
sobre as leis psicológicas que governam o homem como membro individual da
sociedade, afirmando que,
O problema fundamental de toda pesquisa antropológica diz respeito ao equipamento mental das várias raças do homem. Serão todas as raças igualmente dotadas no que diz respeito à mente ou existem diferenças materiais? A resposta final a essa questão não foi dada, mas observações anatômicas das várias raças sugerem que as diferenças na forma do sistema nervoso, são presumivelmente acompanhadas por diferenças de função, ou, em termos psicológicos, que os traços mentais que caracterizam indivíduos diferentes são
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distribuídos de maneira variável entre as diferentes raças. Assim, o quadro composto pelas características mentais de uma raça presumivelmente não coincidiria com o quadro composto pelas características mentais de outra raça. No entanto, as evidências apresentadas não justificam afirmar que as características de uma raça seriam mais avançadas que as de outra, embora sejam diferentes. (STOCKING, JR, 2004:294)
Desta forma quando Boas fazia uso da psicologia era na tentativa de mostrar que
vários casos de fenômenos diversos são baseados em processos psíquicos semelhantes
que oferecem ao investigador uma linha de estudo promissora para a antropologia.
Portanto a influência de Boas é ainda hoje bastante forte. Suas concepções de
cultura, raça, suas análises sobre lingüística e o fenômeno da migração e a diligência em
tornar a antropologia menos etnocêntrica ainda reverbera na antropologia dos dias
atuais. Para além de suas inovações no campo da antropologia, Boas ainda foi
responsável pela primeira geração de antropólogos como Kroeber, Lowie, Sapir,
Herskovitz, Linton, R. Benedict e M. Mead. Segundo George Stocking Jr. “é possível
distinguir fases temporais de desenvolvimento e distinguir também o que poderíamos
chamar de boasianos “estritos” (Spier, Lowie, Herskovits), boasianos “evoluídos” (R.
Benedict e M. Mead) e boasianos “rebeldes” (kroeber, Radin e Sapir)” (STOCKING,
2004:35)
Após esse breve passeio pela Escola Americana inaugurada por Boas iremos
agora analisar o desenvolvimento desta escola que culminou na escola
Configuracionista de Cultura e Personalidade.
1.2 O Configuracionismo.
Podemos afirmar que o configuracionismo é um prolongamento do difusionismo
americano de Boas porque representa ainda uma abordagem de culturas particulares.
Segundo Luis Melo (1986) o enfoque configuracionista já existia no historicismo de
Boas, embora não com tanto realce. Na introdução do livro de Ruth Benedict, “Patterns
of Culture” (1960), Boas diz textualmente: “Nós devemos entender o indivíduo como
vivendo em sua cultura; e a cultura como vivida pelos indivíduos. O interesse por estes
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problemas sócio-psicológicos não é de modo algum oposto à abordagem histórica”.
(BOAS apud MELO, 1986:236).
Desta forma o configuracionismo tentou encontrar explicação para a
individualidade ou especificidade das culturas particulares. Partindo do pressuposto que
um mesmo traço cultural tomado de empréstimo por duas culturas distintas pode sofrer
transformações neste fenômeno de adoção é que Boas e alguns configuracionistas a
exemplo de R. Benedict e E. Sapir desenvolveram suas idéias. Os Configuracionistas
acreditavam que cada cultura é particular como um indivíduo e esta individualidade de
cada cultura seria a sua configuração.
No grupo dos configuracionistas várias vertentes foram criadas. Uma delas
Cultura e Linguagem, que tinha como principal representante Edward Sapir,
desenvolveu-se a partir de caminhos que mesclavam a antropologia com uma outra
ciência, - a lingüística. Esta vertente foi responsável pelo o posterior avanço nos estudos
de sociolingüística e etnolinguística, ou seja, ambas as disciplinas tem o projeto de fazer
a junção entre língua, por um lado, e cultura, grupo étnico ou sociedade por outro. Em
linhas gerais esta vertente tentou demonstrar que,
a estrutura própria de uma língua qualquer é, para aqueles que a falam, o fator determinante que organiza sua visão de mundo que os cerca. A língua substanciaria a realidade e, para eles, modelaria a ordem cultural. É a língua, como um véu que faz a mediação entre a cultura e o mundo da realidade. (ROCHA, 1984:53)
Um segundo grupo liderado por Julien Steward buscou relacionar Cultura e
Meio – Ambiente. Em linhas gerais, a idéia desta vertente recai na noção de que o
ambiente é o fator determinante que restringe as opções culturais. A cultura passa a ser
como uma resposta possível e adequada ao meio ambiente onde se estabelece. Portanto, Existe uma interação onde elementos de ordem ecológica constrangem, tornam-se precondição, para a ordem cultural. Os elementos culturais terão nos ecológicos, no ambiente, no meio, o seu determinante fundamental para a mudança, numa espécie de jogo de readaptações e respostas. (ROCHA, 1984:55).
A importância deste grupo é de ter colocado questões de equilíbrio, preservação
e mútua dependência entre as culturas e destas com o ambiente onde se erigem. A
terceira é última vertente na qual nos deteremos com mais afinco neste ensaio, é a
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chamada Cultura e Personalidade que vai relacionar mentalidade, a psicologia dos
indivíduos com a cultura por eles vivida.
Esta escola foi responsável por levar ao público não acadêmico livros de
qualidade que se tornam best-sellers da antropologia. Os números impressionam: dois
milhões de cópias para “Padrões de cultura” e 350 mil para “O crisântemo e a espada”.
Tanto Ruth Benedict como Margaret Mead, venderam milhares de livros nos Estados
Unidos fazendo uma comparação da sociedade americana com outras sociedades.
O diálogo com a psicologia foi o ponto marcante desta vertente. A idéia central
desta escola foi estabelecer uma relação entre cultura e as personalidade individuais, ou
seja, é como se cultura fizesse a escolha daquilo que iria minimizar, acentuar ou ignorar
nas vidas humanas. Algumas características dos indivíduos, da sua personalidade teriam
um “valor” para a cultura que o incentivaria ou o reprimiria. Assim, “a cultura, vai ser
definida pelo o padrão de características sistematicamente impressas nas personalidades
individuais”. O conjunto das personalidades assim marcadas dá o “tom”, a “coloração”,
o “feitio” que a cultura vai adquirir. “(ROCHA, 1984:49)”. Esta escola desenvolveu-se
a partir do interesse de Boas pelo o “gênio de um povo” e resultou na década de 1930,
em estudos de aculturação, de padrão de cultura e de cultura e personalidade.
Segundo Laburthe Tolra e Warneir (1997),
“estes antropólogos começaram a explorar as dimensões inconscientes da civilização, a produção da personalidade individual em função das práticas do corpo e das normas de comportamento recebidas, a definição cultural de masculinidade e da feminilidade, os papéis sociais a eles associados, o caráter nacional, a relação entre civilização e as formas assumidas pela patologia mental e sua cura.” (Tolra & Wainer,1997:62)
Na verdade não podemos deixar de citar que esta escola foi uma reação clara as
análises de Freud sobre a civilização, personalidade, religião, totemismo e etc., ou seja,
questões que a antropologia debatia desde seus primórdios. Para exemplificar esta
premissa vejamos o que Freud diz sobre a formação da sociedade ou civilização; Em Totem e Tabu, tentei demonstrar o caminho que vai dessa família à etapa subseqüente, a da vida comunal, sob forma de grupos de irmãos. Sobrepujando o pai, os filhos descobriram que uma combinação pode ser mais forte do que um indivíduo isolado. A cultura totêmica baseja-se nas restrições que os filhos tiveram de impor-se mutuamente, a fim de conservar esse novo estado de
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coisas. Os preceitos do tabu constituíram o primeiro “direito” ou “lei”. A vida comunitária dos seres humanos teve, portanto, um fundamento duplo: a compulsão para o trabalho, criada pela necessidade externa, o poder do amor, que fez o homem relutar em privar-se de seu objeto sexual – a mulher – e a mulher, em privar-se daquela parte de si própria que ela fora separada – seu filho. Eros e Ananke [Amor e Necessidade] se tornaram os pais também da civilização. (FREUD, 1997:55)
Desta forma Freud acreditava que o interdito ou o tabu do incesto foi uma
escolha que nem sempre foi vista com bons olhos pelo o grupo comunal, na verdade ele
afirma que a fase totêmica traz com ela a “proibição de uma escolha incestuosa de
objeto, o que constitui, talvez, a mutilação mais drástica que a vida erótica do homem
em qualquer época já experimentou” (FREUD, 1997:59).
Os configuracionistas por sua vez, reagiram a obra de Freud criticando suas
concepções sexistas, o evolucionismo psíquico, os instintos biológicos, diminuíram a
importância do sexo, rejeitaram algumas teorias de cunho antropológico e investiram
por sua vez em alguns casos clínicos de Freud.
Na verdade boa parte das críticas levantadas a Freud por esta escola diz respeito
à força que este dava aos instintos em detrimento da cultura. Ralph Linton diz,
Até tempos bem recentes os próprios psicólogos não haviam conseguido dar-se conta de que todos os seres humanos, eles próprios incluídos, se desenvolvem e funcionam em um meio ambiente que é, na maior parte, culturalmente determinado. Enquanto limitaram suas investigações a indivíduos criados dentro da moldura de uma única cultura, não puderam deixar de chegar a conceitos sobre a natureza humana que estavam longe da verdade. Até mesmo um mestre da qualidade de Freud frequentemente se valeu dos instintos para explicar as reações que agora vemos que estão diretamente relacionados com o condicionamento cultural. (LINTON, 1979:129)
Mas então deveríamos nos perguntar como esta escola entendia o conceito de
cultura? Segundo Ralph Linton no seu livro “Cultura e Personalidade” escrito em 1945,
a mudança processada na pesquisa científica com relação à cultura teve importância
fundamental quando se deu a passagem do colecionamento de curiosidades para a
concepção de que mais importante do que as diferenças são as similitudes entre as
culturas. Desta forma o fato de que todas as sociedades possuem alguma espécie de
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organização de parentesco e familiar tem portanto maior significado do que o fato como
observa Linton que as mulheres tibetanas possuem vários maridos.
A segunda transformação diz respeito segundo o autor acima mencionado, a
verificação de que há muitos problemas que só podem ser resolvidos pelo estudo do
modo de vida de sociedades particulares como um todo. Assim, embora os indivíduos
possam reagir a situações particulares de modos particulares, suas personalidades são
plasmadas pela sua experiência com o modo de vida de sua sociedade como um todo.
Linton então vai afirmar que o termo cultura refere-se, ... ao modo de vida total de qualquer sociedade, não simplesmente àquelas partes desse modo, que a sociedade encara como mais altas ou desejáveis. Assim a cultura, quando aplicada ao nosso próprio modo de vida, nada tem a ver com tocar piano ou ler Browing. Para o cientista social tais atividades são simplesmente elementos dentro da totalidade de nossa cultura. Essa totalidade também inclui atividades mundanas, tais como lavar pratos ou dirigir um automóvel e, para os propósitos dos estudos culturais, ficam elas de par com “as mais belas coisas da vida”. Segue-se que para o cientista social não há sociedades incultas ou mesmo indivíduos. Cada sociedade tem uma cultura, não importa quão simples essa cultura possa ser, e cada ser humano é culto, no sentido de participar de uma ou outra cultura. (LINTON, 1979:42)
Mais adiante Linton acrescenta dizendo que o trabalho do cientista social deve
começar pela investigação de culturas, e dos modos de vida que são característicos de
sociedades particulares. Cultura representaria, portanto uma generalização baseada na
observação e comparação de uma série de culturas. Mais outro questionamento se
impõe. E o que seria uma configuração? Linton resolve esta questão afirmando que para
os interesses especiais dos estudiosos da personalidade “uma cultura seria a
configuração de conduta aprendida e resultados de conduta cujos elementos
componentes são partilhados e transmitidos pelos membros de uma sociedade
particular” (LINTON, 1979:43) e o termo configuração “implica que as várias condutas
e resultados de conduta que compõem uma cultura são organizados dentro de um todo
padronizado” (LINTON, 1979: 43).
Passo a Passo Linton vai explicar melhor o que ele entende por conduta
aprendida, resultado de conduta, partilha e transmissão da mesma. Vejamos.
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Esta “conduta apreendida” limita as atividades que devem ser classificadas como
parte da configuração de qualquer dada cultura àquelas cujas formas tem sido
modificadas pelo processo de aprender. Linton então afirma que nem a conduta
instintiva, nem as necessidades básicas ou tensões que fornecem as derradeiras
motivações da conduta no indivíduo jamais foram encaradas como partes da cultura, a
despeito de sua evidente influência sobre a cultura. Para ele o termo conduta deve ser
entendido no seu sentido mais amplo, incluindo todas as atividades do indivíduo, quer
públicas ou privadas, físicas ou psicológicas. Já a expressão “resultado de conduta”
... refere-se a fenômenos de duas ordens completamente diferentes, psicológicos e materiais. Aqueles incluem os resultados de conduta representados no indivíduo por estados psicológicos. Assim, atitudes, sistemas de valor e conhecimento seriam todos incluídos nessa categoria. (LINTON, 1979:44)
A inclusão de resultados materiais de conduta nos fenômenos abrangidos pelo
conceito de cultura não deve ser descartado pelos antropólogos apesar das objeções
como ele afirma de certos sociólogos. Ele frisa que os objetos habitualmente feitos e
utilizados pelos os membros de qualquer sociedade sempre foram conhecidos
coletivamente como sua cultura material e olhados como parte integral da configuração
cultural. Desta forma a eliminação da cultura material constituiria mais uma perda que
um ganho.
Já o termo “partilha” deve ser tomado no sentido de que um padrão particular de
cultura, atitude ou parte de conhecimentos é comum a dois ou mais membros de uma
sociedade. Linton faz uma ressalva a este termo dizendo que:
Não se deve crer que implique que elementos, que devem ser encarados como parte de uma configuração cultural, tenham de ser partilhados por todos os membros de uma sociedade, durante toda a duração dessa sociedade. As culturas mudam e crescem, descartando-se de certos elementos e adquirindo novos, no curso de sua história. (LINTON, 1979:47)
A “transmissão” por sua vez seria a co-participação de elementos de conduta,
dependendo, portanto de sua transmissão de um indivíduo para outro por meio de
instrução ou imitação.
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A escola de cultura e personalidade como dissemos anteriormente é toda baseada
na psicologia e na psicanálise. Para os propósitos de suas pesquisas R. Linton conceitua
personalidade como, O conjunto das qualidades mentais do indivíduo, isto é, a soma total de suas faculdades racionais, percepções, idéias, hábitos e reações emocionais condicionadas. ... O conjunto dessas qualidades forma uma configuração única, cujas partes funcionam todas constantemente relacionadas entre si. (LINTON, 2000:439)
Esta personalidade por sua vez afeta a cultura como a cultura a personalidade. A
personalidade, portanto apresentaria dois aspectos: o de seu conteúdo e o de sua
organização. O conteúdo consistiria nos elementos componentes da personalidade e a
organização na maneira pela qual estes elementos estão relacionados e orientados entre
si e com a configuração total. Esta personalidade por sua vez possui dois níveis de
organização: A superficial – dependente que seria com as orientações das culturas, da
existência de certos interesses dominantes ou de certas finalidades específicas
conscientes, que o indivíduo estabelece por si mesmo, e a – central que dá a
personalidade um caráter distintivo. Linton então vai afirmar que a existência de
semelhanças de organização central em várias personalidades é responsável pelo o que
os psicólogos chamam de “tipos psicológicos” como o introvertido, o extrovertido, o
megalomaníaco e o paranóico.
Assim a cultura é responsável por boa parte do conteúdo da personalidade e de
sua organização superficial. Desta forma Linton se pergunta mesmo afirmando não ter
respostas devido à carência de dados, se a cultura pode atingir ou modificar o núcleo
central da personalidade. Certo para este autor é que ao nascer o indivíduo não possui
uma personalidade e sim a capacidade de desenvolvê-la. O indivíduo entra em cena com
certas qualidades fisiologicamente determinadas como a existência de um cérebro e de
um sistema nervoso que lhe dá potencialidade de pensamento e desta forma ao longo
dos anos, nas suas relações com o meio ambiente e com outros humanos, ou seja, com a
cultura, ele vai formando o que seria a sua personalidade. Linton ainda faz uma ressalva
afirmando que a formação da personalidade não finda, é sim, um processo que está em
constante desenvolvimento e modificação.
Vejamos agora como tais conceitos forma desenvolvidos pelos os componentes
desta escola a exemplo de Ruth Benedict e Margaret Mead.
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1.3 Ruth Benedict e Margaret Mead
No início do século XX, um dos nomes mais importantes da antropologia
culturalista, Franz Boas, e muitos de seus discípulos, entre eles Ruth Benedict,
dedicaram grande parte de suas reflexões e pesquisas para a resolução de problemas
sociais, como o racismo, a suposta superioridade cultural de certos povos e os "perigos
do xenofobismo" que podiam, no limite, levar povos a se odiarem reciprocamente.
No entanto, historicamente, a maior evidência da utilização da antropologia na
América do Norte foi a participação em massa de antropólogos e antropólogas em
agências do governo à época da segunda guerra mundial, atuando principalmente pelo
Office of Strategic Services - OSS -, órgão predecessor da hoje mundialmente conhecida
CIA, criado em 1942 pelo presidente Roosevelt. Entre os principais antropólogos que
atuaram neste período podemos lembrar de Cora Dubois, Anne Fuller, Alexander
Lesser, Alfred Metraux, George Murdock, Gregory Bateson, Ruth Benedict.
Ruth Fulton Benedict foi a primeira mulher americana a assumir as funções de
chefia numa profissão acadêmica. Aos 32 anos que decide recomeçar estudos de
sociologia e antropologia: o êxito que obtém permite-lhe trabalhar com Franz Boas e,
em 1923, doutora-se na prestigiada Universidade de Columbia.
Colaboradora de Boas prossegue uma brilhante carreira onde tem Margaret
Mead como aluna e, tal como ele, defende que os antropólogos devem intervir no
combate ao racismo. Com a morte de Franz Boas, em 1942, assume a liderança na
antropologia americana, ainda que exercendo sempre cargos precários, sujeitos a
contratos temporários.
É com a teoria expressa em “Padrões de Cultura” (1934) que a importância do
seu trabalho é reconhecida. Finalmente, em 1948, pouco antes da sua morte, é nomeada
professora a título definitivo. Contudo o seu livro célebre é sobre o Japão - “O
Crisântemo e a Espada”. O livro apareceu em 1946, portanto, depois de terminada a
guerra, mas retrabalhava uma pesquisa que fora encomendada a Benedict em 1944,
ainda em pleno conflito, pelo serviço de informação americano. A razão é evidente:
como diz a própria autora na versão impressa, tratava-se de vencer uma guerra e,
depois, se tudo corresse bem, de gerir uma longa ocupação diante de uma civilização
sobre a qual os americanos sabiam pouquíssimo. Eles percebiam apenas estar ante uma
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nação militarmente preparada e tecnologicamente bem equipada, mas que não pertencia
à tradição cultural do Ocidente.
Quem eram os japoneses e como era preciso se comportar diante deles, tentando
entender 'como teriam se comportado os japoneses e não como nos teríamos
comportado no lugar deles, é que R. Benedict vai desenvolver sua pesquisa. Sem poder
percorrer o Japão, lendo obras antropológicas anteriores, aproximando-se da literatura e
do cinema japonês e, sobretudo valendo-se da colaboração de nipo-americanos, Ruth
Benedict conseguiu compor um painel fascinante.
Em “O Crisântemo e a Espada” percebe-se a influência decisiva do filósofo
Friedrich Nietzsche. R. Benedict com fez Nietzsche propôs uma distinção entre culturas
apolíneas e culturas dionisíacas. Desta forma a intenção era demonstrar que em diversas
épocas, assim como diferentes sociedades, podem ser caracterizadas pelo predomínio de
Apolo ou de Dionísio ou pela combinação das duas tendências. Se por um lado Apolo
aparece como o “Deus de todas as faculdades criadoras”, Dionísio é visto como o
Deus da exaltação, do encantamento ou do êxtase.
A conclusão da autora é de que a cultura japonesa é um feixe de contradições,
mas de contradições prodigiosamente integradas. A mão que cultiva o crisântemo
empunha decididamente a espada, que já não é um instrumento de agressão, mas um
símbolo de auto-superação.
Não menos importante no cenário da antropologia americana foi Margaret Mead.
Com seis doutoramentos honoris causa, Mead usou declaradamente a etnografia para
dirigir mensagens aos norte-americanos e produzir novas idéias no que se refere à
construção de gênero e à sexualidade. De acordo com Rita Laura Segato,
Quando nos anos 30, Margaret Mead publicou Sexo e Temperamento em três sociedades melanésias (Mead 1935), inaugurou uma das duas vertentes que, com suas próprias características e apesar de ter sofrido transformações, se mantém até o presente. Trata-se do conjunto de assuntos que chamamos, habitualmente, de “construção cultural de gênero” e tem seu ponto de partida na constatação inicial de que “mulher” e “homem” são entidades diferentes, preenchidas com conteúdos variáveis, através das sociedades. Introduz-se assim o “gênero” como uma questão antropológica, etnograficamente documentável. (SEGATO, 1998:5)
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Outra inovação creditada a Mead foi o uso de fotografia e filmes como parte da
pesquisa científica em antropologia. Desta forma boa parte do material coletado por ela
está no American Museum of Natural History em Nova York, local no qual ela
trabalhou por 50 anos sendo responsável pela secção de etnografia do Pacífico Sul.
De suas pesquisas vários livros foram editados como “Coming of Age in
Samoa”, “Macho e Fêmea”, e “Sexo e Temperamento”. Segundo Alix de Carvalho em
Coming of Age in Samoa, a problemática tratada é a adolescência que é apresentada
como livre da repressão sexual. Este estudo trouxe água ao moinho dos debates em
curso, sobre a educação puritana das moças americanas, contra a qual se levantava o
feminismo em ascensão. Para Carvalho, Mead observa que em Samoa “... as
adolescentes vivem uma sexualidade esfuziante e livre, não notando dificuldades
psicológicas ligadas a repressão sexual”. (Carvalho, 2005:83). Defendendo o
relativismo cultural, Mead assinala que a cultura é um fator determinante dos
comportamentos sociais do ser humano, demonstrando que desde a infância o ser
humano é envolvido pelos padrões culturais.
Entre 1931 e 1935, M. Mead empreende uma nova pesquisa na Oceania que
resultou no livro “Sexo e Temperamento”. Os três grupos estudados são os Arapeshs, os
Mundungumors e os Tchambulis, sociedades que manifestam modos radicalmente
diferentes na diferenciação dos sexos.
Os Arapehs vivem nas montanhas num ambiente natural inóspito e as s relações
entre os sexos são marcadas pela solidariedade e cooperação, o casamento é marcado
pela harmonia e entendimento. Já os Mundungumors possuem uma vida facilitada pela
agricultura propícia, contudo suas relações são marcadas desde a infância pela
frustração, inveja, agressividade e o estupro é a forma costumeira da cópula. Por outro
lado os Tchambulis vivem em um ambiente lacustre no qual se verifica a inversão nos
papéis embora a dominação masculina seja ainda de bom tom. Aqui as mulheres
possuem o poder econômico, são ativas, ponderadas, serenas e dinâmicas. Os homens
por sua vez são competitivos e ferozes no que diz respeito à beleza e ao cerimonial,
estabelecendo relações extremamente tensas e complicadas.
Alix de carvalho afirma que M. Mead em “Sexo e Temperamento” observa que:
A diferença de temperamento nos sexos é o resultado de uma lenta e tenaz construção social. [Desta forma] a simplicidade das sociedades primitivas permite isolar campos de estudo, tais como as descrições dos
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procedimentos familiares e institucionais, e a análise da construção da personalidade. (CARVALHO, 2005:85)
Na seqüência, em 1949, Margaret Mead publica “Macho e Fêmea”. Esse estudo
comparativo traz dados sobre a Oceania e sobre a sociedade americana do pós-guerra.
De modo geral Mead tenta demonstrar que os estereótipos são maleáveis, e que a
educação contribui largamente para isso.
Apesar das inúmeras contribuições de Margaret Mead com relação a diferenças
sexuais, aos estudos de gênero, o caráter relativizador e a sua grande diligência com a
antropologia e com os estudos feministas, esta autora foi por vezes criticada por
conclusões apressadas ou como a própria autora afirma no prefácio de “Sexo e
Temperamento” (1979) que seus resultados formam um padrão “bonito demais”.
Vejamos o que ela diz:
“...Conforme julgam alguns leitores, meus resultados formam um padrão “bonito demais” Aqui procurando reconhecidamente alguma luz sobre a questão das diferenças sexuais, encontrei três tribos, todas convenientemente situadas dentro de uma área de cem milhas. ... Isso, acharam muitos leitores, era demais. Era demasiado bonito. Eu por certo encontrara o que estava procurando. Mas essa concepção errônea nasce da falta de compreensão do que se deve olhar e ouvir, registrar em espanto e admiração, aquilo que a gente não seria capaz de adivinhar.” (MEAD, 1979:10)
Contudo apesar das críticas abertas a autora, não podemos deixar de frisar o
vigor de suas pesquisas e a sua preocupação com uma antropologia aplicada que até os
dias atuais ainda influencia estudiosos da antropologia no mundo todo. A escola de
cultura e personalidade extrapolou a vertente culturalista e influenciou diversas áreas
das ciências humanas e foi responsável pela interdisciplinaridade juntando a psicologia
e a antropologia como forma de interpretar o social. Tanto R. Linton como R. Benedict
e M. Mead foram responsáveis pela a teorização de conceitos como, personalidade,
padrões culturais, configuração cultural, estilo cultural, procurando sempre a partir da
análise comparativa observar as diferenças e similitudes entre o eu e o outro
empreendendo monografias relativizadoras e clássicas para a antropologia social.
Portanto a nossa intenção maior neste ensaio foi levantar a discussão sobre a
escola americana liderada por Boas e mais especificamente observar como esta escola
se desenvolveu ao longo dos anos e se dividiu em diversas vertentes como a escola de
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cultura e personalidade. Buscamos também entender os principais conceitos desta
escola passeando mesmo que de forma concisa pelas principais monografias dos seus
integrantes, a fim de demonstrar o caráter atual destes autores que foram responsáveis
pelos primeiros passos na direção de estudos sobre sexualidade, gênero, caráter
nacional, migrações, racismo etc.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No percurso deste ensaio, tratamos das principais idéias da Escola Americana e
mais especificamente o desenvolvimento desta que culminou na escola
configuracionista de Cultura e Personalidade. Observamos que o próprio Franz Boas já
via na psicologia um campo frutífero para a antropologia social, o que mais tarde foi
desenvolvido pelos seus discípulos R. Benedict, R. Linton e Margaret Mead.
O debate tratado neste ensaio teve como objetivo fundamental levantar questões
e tentar esclarecer como a antropologia se relacionou com psicologia, partindo da
análise das monografias produzidas por estes autores.
Verificamos que a escola de Cultura e Personalidade pode ser considerada um
prolongamento do culturalismo de Boas por mais uma vez priorizar o particularismo
histórico, ou o estudo de culturas particulares valendo-se, portanto como Boas do
método comparativo.
O diferencial desta escola foi fazer uso de um fator seja ele a personalidade o
meio - ambiente ou a lingüística para entender a partir dele a configuração de uma dada
cultura. Chamados por isto de configuracionistas estes autores foram responsáveis por
estudos que posteriormente consolidaram temas da antropologia como; identidade,
caráter nacional, gênero sexualidade, migrações e racismo.
Contudo não podemos também deixar de destacar as críticas levantadas a esta
escola. A primeira afirma que a escola de Cultura e Personalidade seria reducionista por
tentar entender o todo a partir de um elemento que seria no caso a personalidade. A
outra crítica recai no na dificuldade de trabalhar o complicadíssimo conceito de cultura
ligado ao complicadíssimo conceito de personalidade.
Contudo apesar das críticas a tais autores não podemos deixar de observar a
grande importância que estes tiveram na consolidação da antropologia e principalmente
pelo grande passo na caminhada contra o etnocentrismo.
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18
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