Freakonomics Levitt Steven Levitt e Stephen Dubner

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MARÇO 2013 Freakonomics O Estranho Mundo da Economia Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner Este livro é considerado uma obra de referência na área da Gestão, pois oferece-nos todos os insights e algumas curiosidades sobre o mundo da Economia, tendo por objetivo mostrar ao leitor como é que esta pode afetar o comportamento da sociedade de forma profunda. Os estudos encabeçados pelos autores levam-nos a viajar por entre os maiores segredos da economia norte-americana que vai obviamente ter um impacto a nível mundial , passando pela História, Finanças e outras áreas de relevo. Steven D. Levitt - Formado em Economia pela Universidade de Harvard, fez carreira enquanto professor na Universidade de Chicago. CRÍTICA LITERÁRIA AYR Consulting, Trends & Innovation | Lisboa | Madrid | São Paulo | Miami Stephen J. Dubner - É colaborador regular do “New York Times” e o “The New Yorker”. Documento licenciado a Luis Rasquilha com o email [email protected]

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MARÇO 2013

Freakonomics

O Estranho Mundo da Economia

Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner

Este livro é considerado uma obra de referência na área da Gestão, pois oferece-nos todos

os insights e algumas curiosidades sobre o mundo da Economia, tendo por objetivo

mostrar ao leitor como é que esta pode afetar o comportamento da sociedade de forma

profunda. Os estudos encabeçados pelos autores levam-nos a viajar por entre os maiores

segredos da economia norte-americana – que vai obviamente ter um impacto a nível

mundial –, passando pela História, Finanças e outras áreas de relevo.

Steven D. Levitt - Formado em Economia pela

Universidade de Harvard, fez carreira enquanto

professor na Universidade de Chicago.

CRÍTICA LITERÁRIA

AYR Consulting, Trends & Innovation | Lisboa | Madrid | São Paulo | Miami

Stephen J. Dubner - É colaborador regular do “New

York Times” e o “The New Yorker”.

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Freakonomics

LEVITT, Steven D. e DUBNER, Stephen J. Editorial Presença © 2006

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Freakonomics

O Estranho Mundo da Economia O Lado Escondido de Todas as Coisas – 6ª EDIÇÃO

LEVITT, Steven D. e DUBNER, Stephen J.

Editorial Presença © 2006, 262 páginas

Categoria: Gestão/Estratégia

1. A forma como a Economia pode ser aplicada à sociedade.

2. A forma como as estatísticas e os números podem ajudar na procura da verdade.

3. O que é e de que maneira se expande a lógica do senso comum pela sociedade.

4. Como é que determinados acontecimentos históricos podem influenciar o pensamento contemporâneo de um país.

5. O que é um especialista e de que maneira pode este exercer poder simplesmente através de conhecimento.

6. Várias formas de discriminação e de que forma é que estas se manifestam em diferentes ambientes e estruturas sociais.

7. O que são incentivos e de que maneira podem afetar a nossa perceção das coisas.

O que irá aprender:

Principais Ideias

1. Um especialista é aquele que se encontra em vantagem por possuir mais informação sobre determinado tema ou assunto.

2. Todos nós somos conduzidos através de incentivos e na maior parte das vezes, fazemo-lo em benefício próprio.

3. Existem três tipos de incentivos: morais, sociais e económicos.

4. Todo o ser humano age em sociedade em virtude da perceção que os outros têm de si. Ou seja, a opinião e visão de terceiros importa e tem um grande peso na forma como cada um de nós se comporta.

5. As estatísticas e teorias da Economia são capazes de refutar as teorias de senso comum, muitas vezes tomadas como verdade absoluta, mas que acabam por não ter qualquer fundamento.

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Introdução 3

Revisão de Conteúdos 4

Capítulo 1 - O que é que os professores e os lutadores de sumo têm em comum? 5

Capítulo 2 – O que é que o Ku Klux Klan e um grupo de agentes imobiliários têm em comum?

8

Capítulo 3 - Porque é que os traficantes de droga ainda vivem em casa dos pais? 11

Capítulo 4 - O que é feito de todos os criminosos? 14

Capítulo 5 - O que faz os pais perfeitos? 16

Capítulo 6 - Pais perfeitos, Parte II; ou: será que uma Roshanda pareceria tão doce se tivesse outro nome?

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Impacto 21

Principais Conclusões 22

Bibliografia 23

Índice

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Freakonomics é considerada uma obra de referência na área da Gestão. Foi escrita

por Stephen J. Dubner, jornalista do New York Times, e por Steven Levitt, economista

e professor na Universidade de Chicago.

A obra oferece-nos todos os insights e algumas curiosidades sobre o mundo da

Economia, tendo por objetivo mostrar ao leitor como é que esta pode afetar o

comportamento da sociedade de forma profunda. Os estudos encabeçados pelos

autores levam-nos a viajar por entre os maiores segredos da economia norte-

americana – que vai obviamente ter um impacto a nível mundial –, passando pela

História, Finanças e outras áreas de relevo.

Pode até dizer-se que Freakonomics explora tudo o que existe, baseando-se na

economia e nos números para tentar arranjar soluções e respostas para algumas

questões, debruçando-se sobre temas que podem parecer mesmo descabidos ao

leitor, mas que têm uma boa razão para serem abordados, pois remetem-nos para

outras questões de maior importância. Para os autores, “a Economia é, acima de tudo,

uma ciência de medida. Compreende um conjunto extraordinariamente poderoso e

flexível de ferramentas que permitem avaliar com fiabilidade um vasto conjunto de

informação para determinar o efeito de um qualquer fator ou até mesmo, o efeito

global”1.

Em nota introdutória, Levitt e Dubner advertem para a necessidade de abertura de

espírito e mentalidade para saber interpretar este livro corretamente, pois não se trata

de uma obra convencional, que corresponda às regras normativas daquilo que um livro

sobre economia deve conter. Baseia-se em conceitos e teorias económicas para

explicar fenómenos aparentemente inexplicáveis, que costumam ser respondidas pela

via do senso comum – conceito igualmente explicado durante a obra.

Recentemente foi realizado um filme documental com base na obra do jornalista e do

economista, que trata os mesmos assuntos, mas escolheu alguns especialistas de

diversas áreas para participarem no documentário. Freakonomics: The Movie foi

realizado em 2010, por Heidi Ewing, Alex Gibney, Seth Gordon, Rachel Grady, Eugene

Jarecki e Morgan Spurlock2.

1 In LEVITT, Steven D. e DUBNER, Stephen J. – Freakonomics. Lisboa: ed. Presença, 2006, p. 28.

2 Para visionamento do trailer e mais informações sobre Freakonomics: The Movie, consultar

http://www.imdb.com/title/tt1152822/.

Introdução

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Atualmente, as obras dedicadas ao estudo da Economia são transformadas em algo

por vezes aborrecido e integralmente técnico, pelo que, acaba por cansar o leitor e no

final não permite que este pense sobre os assuntos, fornecendo-lhe a teoria sem que

depois este consiga colocá-la em prática por falta de exemplos ilustrativos ou qualquer

tipo de relação das informações dadas com a realidade experienciada.

Assim, entende-se que Freakonomics é tida como uma obra de “vanguarda”, pois

mostra-nos formas novas e mais criativas de aplicarmos teorias da Economia no dia-a-

dia e por vezes, nas situações mais impensáveis mas que revelam fazer bastante

sentido, quando corretamente contextualizadas e enquadradas. Um dos mais

importantes parâmetros a ter em conta ao ler Freakonomics é que é necessário

esquecer tudo aquilo que conhecemos através do senso comum.

Ainda em nota introdutória, os autores dizem-nos que a obra se centra na ideia dos

incentivos e na forma como o comportamento de cada um de nós se altera de acordo

com a quantidade ou importância dos incentivos que vislumbramos. Um dos casos

mais interessantes que é focado é o de Norma McCorvey, uma adolescente

toxicodependente que já havia dado dois filhos para adoção e estava novamente

grávida. Corria o ano de 1970 e o aborto era uma prática ilegal nos Estados Unidos –

e altamente censurável no estado do Texas, de onde era oriunda esta rapariga.

Acabou por se tornar num dos temas mais mediáticos da altura por lutar pela

legalização do aborto. A sua luta acabou por não dar os resultados pretendidos, mas

pelo menos conseguiu atrair a atenção de milhões de pessoas, que a apoiaram

veementemente, bem como à sua causa. Esta foi uma das principais causas para a

diminuição da taxa de criminalidade nos EUA, e não todas aquelas justificações em

que o senso comum3 (também conhecido por opinião geral da sociedade) acreditava –

mais policiamento nas ruas, aumento das medidas de prevenção de crimes, etc..

Esta e outras curiosas conclusões dos autores vão ser abordadas com mais

profundidade ao longo desta crítica para percebermos que a Economia pode contribuir

para melhorar o quotidiano de cada um de nós das mais diversas formas.

3 “Apesar de ter um objetivo concreto, traduz um conjunto incompleto de atos de conhecimento”. Definição

contida em http://www.knoow.net/ciencsociaishuman/filosofia/sensocomum.htm.

Revisão de Conteúdos

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O que é que os professores e os lutadores de sumo têm em comum?

A obra começa com alguns exemplos sobre como é que previsões e lógicas do senso

comum podem conduzir a resultados errados. É-nos mostrado como é que as multas

em infantários não surtem efeito ou como é que um negócio pode resultar, sem que se

tenha que monitorizar o pagamento dos serviços. Denominado O que é que os

professores e os lutadores de sumo têm em comum?, este capítulo fala sobre como é

que as situações de burla ou crimes de colarinho branco se processam, sem que

ninguém repare nisso. Aqui, explora-se a ideia de que todos nós – indivíduos inseridos

numa sociedade – acabamos sempre por cometer algum tipo de crime (por menor que

este seja) ao longo da nossa vida. Os autores escolheram dois estudos que

comprovaram que tanto professores de escolas básicas nos Estados Unidos, como

lutadores de sumo4 no Japão forjam os resultados finais das provas.

Uma das mais irrefutáveis realidades da sociedade mundial é a de que, todos nós,

somos movidos pela força do incentivo, ou seja, pelas coisas que deverão resultar

melhor para o nosso lado, que nos vão beneficiar. Ainda que seja socialmente

inadmissível que um lutador de sumo se esforce para perder pontos para o seu

adversário, tal acontece inúmeras vezes, principalmente devido a combinações entre

os jogadores, em que fica acordado que de uma vez ganha um e da próxima ganhará

o outro: tudo em benefício de cada um. O que se quer dizer com isto é que o

comportamento humano depende, em grande parte das vezes, das vantagens e do

peso das consequências que os resultados finais podem ter na vida de cada um.

Imagine o leitor que tem uma consulta médica e que já está bastante atrasado. Ao

chegar com o carro ao local, não encontra um lugar disponível para o estacionar que

não seja pago. Não tem muito dinheiro para despender, mas fá-lo porque “valores

mais altos se levantam” – a consulta médica. Como esta situação existem milhares e o

mais importante acaba por ser o valor e a importância dos resultados, não importando

muitas vezes quais os meios que utilizamos para os atingir.

Ao longo desta crítica, vão dissecar-se algumas das razões que levam a que as

pessoas mintam e enganem os outros, mesmo que seja através de ações quase

insignificantes.

A resposta para a pergunta colocada no título deste capítulo é simples: ambos os

professores e os lutadores de sumo enganam os outros para seu próprio benefício. O

fenómeno relativo aos professores das escolas básicas dos EUA também já acontece

4 Sumo é um desporto com origem no Japão e que tem semelhanças com algumas artes marciais. É tido

como um jogo de honra e muitos acreditam que tem uma forte carga religiosa.

Capítulo I

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em Portugal. Estes são anualmente avaliados com base nos resultados que os seus

alunos tiveram nas provas globais que fazem anualmente. As sanções para os

professores cujas turmas tiverem más notas são bastante fortes, podendo estes ser

mesmo despedidos ou transferidos de escola. Por isso mesmo, os professores

encarregam-se de alterar os resultados finais das provas dos seus alunos para

obterem uma boa avaliação. Tal os lutadores de sumo, também neste caso é

socialmente inadmissível que os professores alterem os resultados dos seus alunos

para seu próprio proveito, mas está provado que acontece, pois o grau de incentivo é

bastante elevado: “Houve vinte estados que recompensaram individualmente escolas

devido aos bons resultados obtidos pelos seus alunos nos testes ou pela melhoria

significativa desses resultados; trinta e dois estados aplicaram sanções às escolas que

tiveram maus resultados”5.

Outro dos exemplos é o de Paul Feldman, funcionário de uma grande empresa nos

EUA. Levava bolos caseiros para o local de trabalho e estes começaram a ser

bastante cobiçados pelos seus colegas, até que decidiu despedir-se e abrir o seu

próprio negócio, que consistia na venda desses bolos (que são hoje conhecidos como

bagels) a empresas. O pagamento fazia-se da seguinte forma: Feldman entregava os

bolos numa empresa, juntamente com uma caixa aberta onde deveria ser posto o

dinheiro que os funcionários pagavam pelo serviço. Embora Feldman acreditasse que

a taxa de pagamento era de 95 por cento, a verdade não era essa. Grande parte das

pessoas retirava os bolos e não pagava, mas o pioneiro dos bagels não conseguia

monitorizar este comportamento, pois não estava presente em todas as empresas

onde fazia as entregas, no ato do (suposto) pagamento.

Uma outra realidade que veio a ser comprovada aquando do estudo deste curioso

caso, é que, quanto maior era a empresa, menos pessoas cometiam o roubo de bolos,

pois havia mais gente presente para testemunhar o “crime”. Nas mais pequenas isto

era mais frequente, mas mesmo assim, conseguiu contradizer-se a lógica de que

todos nós mentimos sempre que temos uma oportunidade para tal. Na maioria dos

casos, tal não se verifica, embora acabe por depender em grande parte, dos valores

morais de cada indivíduo – que espantosamente se encontram relativamente

equilibrados em termos coletivos.

Em suma, sabemos viver em sociedade e comportamo-nos como seres humanos

civilizados, embora às vezes tenhamos pequenos “desvios criminosos”, por mais

pequenos que estes sejam. Mas porque é que isto acontece? Porque é que algumas

vezes sentimos necessidade de o fazer e outras não? Serão apenas as ocasiões que

dão aso a que os nossos comportamentos se tornem moralmente puníveis ou será

que depende apenas e somente da natureza de cada um?

5 In LEVITT, Steven D. e DUBNER, Stephen J. – Freakonomics. Lisboa: ed. Presença, 2006, p. 42.

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A resposta reside em ambos os argumentos acima referidos: muitas vezes depende

da situação em que nos encontramos – se não tivermos rodeados de pessoas e se a

hipótese de haver testemunhas e pessoas que condenem os nossos atos for diminuta

– mas ao mesmo tempo, depende muitas vezes dos nossos valores morais e daquilo

que simplesmente encaramos como errado, tanto relativamente a ações

desencadeadas por outras pessoas, como por nós próprios – sendo a pior das

consequências, nestes casos, a chamada “consciência pesada”.

Capítulo I – Ideias

1. O ser humano comporta-se de acordo com incentivos, que normalmente devem funcionar para seu próprio benefício.

2. Neste livro, “incentivo” entende-se como sendo a principal força que nos move para sermos melhores pessoas – ou pelo menos, menos más.

3. Existem três tipos de incentivos: económicos, morais e sociais, sendo os morais e sociais vastamente mais eficientes do que o primeiro.

4. Tal como professores e lutadores de sumo, também os restantes membros da sociedade mentem para chegar aos resultados que pretendem, muitas vezes não olhando a meios para atingir os seus fins.

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O que é que o Ku Klux Klan e um grupo de agentes imobiliários têm em comum?

Anteriormente abordámos a forma como muitas vezes mentimos e forjamos resultados

em nosso próprio benefício. Vamos agora então ver como é que os autores

descortinaram a lógica da mentira. Ou seja, porquê e como é que isto se processa? Já

sabemos que geralmente é em benefício próprio, mas este capítulo mostra-nos como

é que, em alguns casos, existem outros parâmetros envolvidos e que também são

socialmente relevantes.

Já foi dito que esta obra aborda a sociedade de uma perspetiva económica, encarando

resultados matemáticos e estatísticos para determinar e dar sentido a alguns

comportamentos da sociedade ao longo dos tempos. Começa com o grupo de

segregação racial Ku Klux Klan, verificando-se, que na verdade, a maioria daquilo que

se diz sobre este grupo é mentira. Foram informações enfoladas pelo senso comum,

conclusões tiradas a partir de números muito pouco fiáveis. Ao analisarmos as

estatísticas sobre os linchamentos nos EUA durante as primeiras duas décadas do

século XX, podemos ver que têm decresceram significativamente e que em nada

estão relacionados com o KKK. Assim, podemos concluir que este grupo não passou

da teoria para a prática em grande parte das situações. O que fez com que a

sociedade os receasse foram as suas investidas verbais e a forma como funcionavam

enquanto grupo. A sua dinâmica coletiva assustava a população norte-americana por

não saberem com quem estavam a lidar e qual o nível das suas ameaças. Foi de

facto, um grupo com bastante expressão (negativa) e que deixou a sua marca na

história dos EUA, mas não foi certamente devido a crimes contra outros seres

humanos, pelo que a maioria das suas atividades consistia na vandalização de

habitações e lojas, passeios a cavalo por zonas rurais e de toda uma criação de

rituais. Enfim, encaravam-se a si próprios como um pequeno grupo secreto que

aterrorizava todos os restantes grupos raciais não caucasianos.

O que o KKK tem em comum com os agentes imobiliários, bem como com os

médicos, é o princípio inconsciente pelo qual regem a sua atividade. Claro que um

médico segue o princípio de curar doentes e um agente imobiliário, de vender casas,

mas a verdade é que todos eles levam vantagem por causa do medo, pois será difícil

admitir que vamos desconfiar do diagnóstico de um médico ou recusar fazer os

exames que nos prescreveu. Freakonomics diz-nos que tudo isto tem uma mesma

base: a informação. O poder que o conteúdo informacional exerce pode ser

estrondoso e ter resultados nefastos – como aconteceu com o KKK – ou simplesmente

fazer com que cada um minta e não seja descoberto. Porquê? Porque enquanto

Capítulo II

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leigos, somos levados a acreditar que tudo aquilo que um especialista afirme, é

verdade; encaramos o que dizem como verdades absolutas, quando nem sempre

assim o é. Parece não fazer sentido, mas se cruzarmos estas premissas com as do

primeiro capítulo, percebemos o que acontece. Se todos nós agimos em benefício

próprio na maior parte das vezes, então terá lógica que queiramos que os outros se

encontrem em desvantagem relativamente a nós: “A informação é uma baliza, um

sinal, um varapau, um ramo de oliveira ou um dissuasor, dependendo de quem a

esgrime e da forma como o faz. A informação é tão poderosa que a assunção da

informação, até mesmo se a informação realmente não existe, pode ter um efeito

tranquilizador”6.

Um importante conceito que se encontra na obra aqui em análise, é o de assimetria da

informação, que simboliza a distância de capacidades de conhecimentos que existe

entre uma pessoa e outra – entre um especialista/vendedor e um mero consumidor,

por exemplo. Embora a Internet tenha minorado essa distância (pois as pessoas

podem adquirir mais informações a partir desta poderosa fonte), ela continua a existir

e vai sempre existir, em grande parte devido ao poder da manipulação da informação.

Por outras palavras, pode dizer-se que as noções que adquirimos das pessoas e a

credibilidade que lhes imputamos é, em grande medida, consequência direta da forma

como percecionamos essas mesmas pessoas e as situações que as envolvem.

Freakonomics fala sobre um estudo7 que foi feito ao conhecido concurso televisivo O

Elo Mais Fraco. O objetivo era apurar se haveria discriminação entre os concorrentes,

tendo-se concluído que sim. Primeiro, considera-se importante apurar o que é que se

entende por discriminação, de acordo com os economistas: “O primeiro tipo é

designado de discriminação baseada no gosto e significa que uma pessoa adota uma

atitude discriminatória simplesmente porque prefere não interagir com um determinado

tipo de pessoa. No segundo tipo, conhecido como discriminação baseada na

informação, as pessoas acreditam que um outro tipo de pessoa tem fracas

capacidades e age em conformidade”8. Debrucemo-nos então sobre os resultados

obtidos no estudo supramencionado. Normalmente, os grupos mais discriminados

socialmente são a raça negra e as mulheres, mas não foi isso que se verificou neste

caso. Os concorrentes negros ou de sexo feminino raramente eram votados para sair

pelos restantes. Naturalmente, pensaríamos que não existe então discriminação, mas

no final, apurou-se que “(...) a discriminação de certos grupos passou a ser uma

atitude tão anacrónica que, à exceção das pessoas mais insensíveis, todos fazem o

maior esforço para, pelo menos em público, parecerem pessoas bem-pensantes”9. Ou

seja, a sociedade está cada vez mais educada no sentido de ser politicamente correta

6 In LEVITT, Steven D. e DUBNER, Stephen J. – Freakonomics. Lisboa: ed. Presença, 2006, p. 82.

7 Estudo patente em LEVITT, Steven D., “Testing Theories of Discrimination: Evidence from the Weakest

Link”, Journal of Law and Economics, ed. outubro 2004, pp. 431-452. 8 In LEVITT, Steven D. e DUBNER, Stephen J. – Freakonomics. Lisboa: ed. Presença, 2006, p. 96.

9 Idem, ibidem.

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e não dizer grande parte daquilo que pensa. Ao invés de segregar negros e mulheres,

agora a sociedade mudou o foco da descriminação para os hispânicos e os idosos. A

razão é simples: não é tão evidente e não foram alvo de fortes campanhas em prol da

inserção social como os grupos anteriores.

O que interessa concluir depois de feito este estudo com O Elo Mais Fraco é que as

pessoas se importam realmente com o que os outros pensam de si, com a forma como

os outros as percecionam e isto acontece em quase todas as situações, obrigando a

que ajam de acordo com os parâmetros social e moralmente aceites – o que vem

então dar sentido à lógica dos três tipos de sanções (morais, sociais e económicas).

Em suma, este capítulo mostra-nos exemplos que corroboram que “a diferença entre a

informação que proclamamos publicamente e a informação que sabemos ser

verdadeira é, frequentemente, muito grande”10.

Nesta crítica, vamos ainda falar de algumas outras situações focadas no livro de Levitt

e Dubner e mostrar ao leitor alguns curiosos factos acerca dos comportamentos de

cada um em sociedade, passando pela forma como esta acaba por ser a principal

“moldura” que determina as linhas da nossa vivência e pela qual estamos

constantemente a ser questionados, avaliados e julgados por terceiros. Esta é a ordem

natural dos acontecimentos, mas muitas vezes, chegamos a conclusões que acabam

por se revelar erradas, pois fomos conduzidos pelo senso comum e é aqui que entram

os autores da obra em análise. Mais do que aplicar teorias da economia ao estudo da

sociedade contemporânea, propõem desmistificar alguns dos maiores mitos relativos

ao Mundo em que vivemos.

10

In LEVITT, Steven D. e DUBNER, Stephen J. – Freakonomics. Lisboa: ed. Presença, 2006, p. 102.

Capítulo II – Ideias

1. A informação é das “armas” mais poderosas e pode ser usada para os mais diversos fins, sendo o interesse próprio o mais frequente.

2. Essa informação parece ganhar valor extra quando transmitida de especialistas (vendedores) para pessoas leigas na matéria (consumidores).

3. Os economistas definem dois tipos de discriminação: por gosto e por informação. 4. A característica comum entre o Ku Klux Klan e aos agentes imobiliários é que ambos

funcionam pela força do medo, ferramenta que move grande parte da sociedade e que permitiu ao KKK permanecer tanto tempo enquanto força anti racial nos Estados Unidos.

5. A sociedade está cada vez mais direcionada para conter as suas opiniões e vontades mais básicas, centrando-se na ideologia de se ser “politicamente correto”.

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Porque é que os traficantes de droga ainda vivem em casa dos pais?

O leitor é agora conduzido para os problemas que podem advir do “senso comum”.

Este termo foi introduzido por John Kenneth Galbraith11, autor de várias obras sobre

economia. Galbraith criou a expressão conventional wisdom e definiu-a como a

associação da verdade com conveniência. Ou seja, o ser humano tende a encarar

factos aparentemente lógicos como verdades absolutas, quando nem sempre é assim.

É sobre isso mesmo que Levitt e Dubner falam neste terceiro momento do seu livro.

Duas das ferramentas que melhor promovem a expansão do senso comum são os

media e a publicidade. Hoje em dia, nada passa para a opinião pública sem que

primeiro seja filtrado e noticiado pelos media ou trabalhado por uma agência de

publicidade. Temos novamente a informação enquanto motor agregador da sociedade,

mas desta vez de uma perspetiva de adulteração dos factos. Melhor dizendo, não se

trata de alterar os factos, mas sim de os mostrar de uma perspetiva própria: a de cada

jornalista, de cada agente publicitário, de cada empresário. A promoção de

determinado produto ou marca é inteiramente dependente da forma como este é

colocado no mercado, comunicado, publicitado e, por sua vez, percecionado pelo

consumidor12.

O mesmo se verifica com os acontecimentos chamados de mediáticos – aqueles que

se encontram na esfera central de importância dos meios de comunicação. Exemplo

disso são as guerras do Iraque ou o recente casamento real entre o Príncipe William e

Kate Middleton. Estes eventos foram catapultados de tal forma, que a população já só

os encara de uma determinada perspetiva, tudo devido à abordagem escolhida pelos

media, que foi anteriormente delineada pelos órgãos de informação de poderosas

instituições (sendo nestes casos, a Casa Branca e a Família Real Britânica

respetivamente).

Esta questão do mediatismo noticioso tem sido vastamente estudada por vários

teóricos por todo o Mundo, sendo que se focam principalmente na problemática do

enquadramento13. Este conceito foi teorizado por Erving Goffman14 e tornou-se

11

John Kenneth Galbraith (1908-2006). O economista criticou veementemente as políticas económicas

dos EUA nas suas obras, tendo tido uma forte influência enquanto contra-poder e voz sonante no mundo contemporâneo. Para mais informações sobre o autor, consultar http://www.johnkennethgalbraith.com/. 12

Veja o exemplo do Listerine em LEVITT, Steven D. e DUBNER, Stephen J. – Freakonomics. Lisboa:

ed. Presença, 2006, p. 109. 13

Por enquadramento (ou framing), entenda-se o uso de imagens, palavras ou contextualizações que

modelem o conteúdo noticioso, de forma a destacar alguns aspetos e ocultar outros.

Capítulo III

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bastante popular, principalmente no que toca a determinados acontecimentos, como

os acima referidos. Freakonomics fala mesmo da mais recente Guerra do Iraque que,

tal como acontece com a ‘guerra do senso comum’, um dos extremos acaba sempre

por vencer e, neste caso, a sociedade foi levada a acreditar que os iraquianos tinham

efetivamente armas de destruição maciça em sua posse e que os norte-americanos

seriam os “heróis” que deveriam salvar o Mundo dos “vilões”. Essa imagem foi

transmitida para o público geral através do enquadramento feito pelos media dos EUA.

Este exemplo explica a capacidade da palavra e da informação quando queremos

transmitir determinada ideia ou teoria. Tal como a guerra do Iraque, também muitos

outros acontecimentos são alvo de um enquadramento do género, sedo que, muitos

desses framings são desconhecidos à maioria da população que acaba por acreditar

naquilo que os (aparentes) especialistas proclamam.

Um dos temas mais discutidos na obra aqui em análise é o crime. Porquê? Porque tal

como os médicos ou os agentes imobiliários, também os criminosos respondem a

incentivos. Estudar grupos de tráfico de droga e de delinquentes juvenis em bairros

sociais dos EUA é uma tarefa bastante perigosa e complicada, que exige muito

trabalho de campo, algo que poucos conseguem fazer. Um estudante indiano que

estava a fazer a sua tese de doutoramento decidiu saber mais sobre a pobreza em

bairros difíceis de Chicago, mas depressa chegou à conclusão de que era impossível

fazer a sua investigação se se baseasse somente nos métodos investigativos

académicos. Sudhir Venkatesh decidiu inserir-se no seio de um grupo de traficantes

de crack do sul de Chicago. Entretanto conheceu o jornalista Levitt e juntos publicaram

os dados que constavam nos minuciosos relatórios de grupo.

Depois de analisados os relatórios, concluíram que o chefe desse grupo, T. J., era o

mais poderoso e mais temido de todos os membros. Tal como numa empresa

multinacional, também aqui a hierarquia era respeitada e levada a sério. Com o tempo,

Venkatesh descobriu que não existia apenas o grupo de T.J. mas sim que este

pertencia a uma imensa rede de outros pequenos grupos de tráfico espalhados pela

cidade. O que interessa retirar dos resultados obtidos pelos investigadores é que, na

verdade, as estruturas hierárquicas funcionam todas a partir de uma premissa

principal: o mais poderoso assim o é porque conquistou o seu lugar e esforçou-se para

chegar até lá, mas ainda mais curioso é descobrir que estes são sempre vistos como

os mais sábios, os mais temidos. Segundo os autores, “Para conquistar um lugar

melhor na competição, é preciso provar, não apenas que se está ao nível da média,

14

Erving Goffman (1922-1982). Sociólogo canadiano reconhecido pelas suas análises sobre a interação

humana. Escreveu sobre assuntos que vão desde a forma como as pessoas se comportam em público até às diferentes "formas" de conversa, sempre do ponto de vista de que todas as facetas do comportamento humano são significativas na estratégia e nas táticas de luta social.

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mas que se é espetacular”15. Tal como os lutadores de sumo do Japão ou os altos

membros do Ku Klux Klan, também T.J. era a entidade mais “espetacular”.

15

In LEVITT, Steven D. e DUBNER, Stephen J. – Freakonomics. Lisboa: ed. Presença, 2006, p. 125.

Capítulo III – Ideias

1. Tanto os media como as marcas (através da comunicação e da publicidade) usam a informação para seu benefício e “moldam-na” de acordo com aquilo que querem que o público percecione – e que nem sempre é a verdade.

2. Esses dois poderes são quem mais expande a lógica do senso comum e faz com quem este perdure.

3. O poder conquista-se e para que isso aconteça é preciso que estejamos sempre a provar que somos merecedores o suficiente.

4. Os grandes grupos de tráfico de droga nos EUA funcionam com a mesma estrutura de qualquer empresa de renome: através de uma hierarquia na qual os “empregados” têm funções muito bem definidas.

5. Considera-se que um “especialista” o é quando detém vantagem sobre uma pessoa menos informada sobre determinado assunto.

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O que é feito de todos os criminosos?

Taxas de criminalidade e de aborto. Que relação pode existir entre estas duas

variáveis? Levitt mostra-nos como é que a lógica pode ter influenciado fortemente a

forma como as pessoas percecionam e pensam em determinados assuntos. A taxa de

criminalidade desceu significativamente nos anos 90, se compararmos com a década

de 80. As pessoas estavam indignadas e não percebiam a causa desta descida. Por

isso, tiraram-se elações e construíram-se supostas justificações com sentido, entre as

quais o aumento do número de agentes policiais nas ruas e estratégias inovadoras,

maior rigor no recurso à prisão ou o envelhecimento da população. Todas parecem

fazer aparente sentido, mas os resultados são diferentes quando olhamos para os

números.

Grande parte das causas apontadas não tiveram em nada que ver com a diminuição

da taxa de criminalidade, mas como são logicamente aceitáveis, as pessoas preferem

admiti-las como corretas e não as refutar. Assim se processa a construção do senso

comum, partindo de presunções que acabam por não ter qualquer fundamento de

facto.

Na verdade, a diminuição da criminalidade nos EUA está relacionada com a

legalização do aborto no país. A explicação dos autores é que a grande maioria das

mulheres a quem não era permitido abortar, acabavam por ter os bebés que

consequentemente cresciam em ambientes pouco produtivos, tanto em termos de

riqueza económica como a nível educacional e cultural. Assim, tornavam-se

adolescentes enraivecidos e com uma grande propensão para “embarcarem” no

mundo do crime, juntando-se a clãs violentos, a gangues de tráfico de droga e outros

grupos pouco recomendáveis. As mães destes jovens eram muitas vezes

irresponsáveis e despreocupadas relativamente à sua educação e negligenciavam-

nos.

Este capítulo envolve vários dados estatísticos que comprovam a ligação entre a

legalização do aborto e a criminalidade nos Estados Unidos, mas o que interessa

saber é que se trata de mais um exemplo de como “temos tendência para ligar a

relação de causalidade a coisas que podemos tocar ou que podemos sentir e não a

um fenómeno distante ou difícil de entender. Principalmente acreditamos nas causas

próximas ou de efeito rápido (...)”16. Considera-se que o mais importante a reter pelo

leitor nesta fase da obra é que o conhecimento que advém do senso comum é

raramente o correto e não deve por isso ser encarado como verdade absoluta, pois

16

In LEVITT, Steven D. e DUBNER, Stephen J. – Freakonomics. Lisboa: ed. Presença, 2006, p. 161.

Capítulo IV

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como vimos no exemplo anterior, as justificações dadas pelos media como causas da

diminuição da taxa de criminalidade estavam incorretas e não se basearam em dados

precisos, apenas em lógicas de causalidade sem fundamento.

Tudo isto nos remete para a ideia de que devemos estar mais atentos aos dados antes

de chegarmos a conclusões precipitadas, baseadas em pensamentos que parecem

fazer sentido. Esta premissa pode fazer com que o leitor comece a tornar-se cético em

relação a tudo aquilo que os outros dizem, fazem e pensam, mas não é isso que

Freakonomics pretende. A ideia é fazer com que o leitor pense em assuntos

problemáticos e emergentes e coloque o senso comum para segundo plano, pensando

de uma forma mais aberta e pesando todos os argumentos, de forma a arranjar

justificações que podem até parecer não fazer sentido.

Capítulo IV – Ideias

1. O senso comum impera sobre todos os outros tipos de conhecimento, pois é mais fácil e faz-nos chegar a conclusões que parecem mais lógicas.

2. O senso comum não se baseia em matéria de facto. 3. A legalização do aborto é tida pelos autores como uma das principais causas para a

diminuição da taxa de criminalidade nos EUA nos anos 90, mas só foi possível chegar a esta conclusão, pesando muitos outros parâmetros sociais e fazendo um mapa cronológico de acontecimentos no país.

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O que faz os pais perfeitos?

Anteriormente, Levitt e Dubner tentaram provar que algumas coisas que assumimos

como verdades absolutas, afinal não são assim tão verdadeiras. Aliás, algumas são

mesmo falsas e fundamentadas em justificações ilógicas. Já com a noção da diferença

entre senso comum e especialistas, vamos abordar um outro assunto que tem que ver

(ainda que indiretamente) com a problemática da criminalidade entre os jovens: a

escolaridade e a “arte de educar”, a chamada parentalidade.

Quase tida como uma ciência, tem sido uma problemática abordada por milhares de

investigadores e de especialistas sobre a área. Um pouco como a teoria de que a

Terra era quadrada, também as teorias sobre educação são constantemente refutadas

e substituídas por outras mais recentes – e supostamente mais certas. Se se tratasse

de qualquer outra área do saber, o primeiro passo seria comprovar determinada teoria

até que não restassem dúvidas de que estava correta mas, neste caso específico,

existe um grande obstáculo que impede que isto aconteça: os pais e o desejo de fazer

tudo de melhor pelos seus filhos. Assim, adotam todas as teorias que são

presentemente as mais corretas e assumem-nas como verdades absolutas sem

hesitar, tudo pelo bem dos seus filhos. Isto faz com que cada pai ou mãe acabe a

educar os seus filhos de forma diferente, havendo um grande fosso entre a maneira

como uma e outra criança foram educadas – seja a forma de amamentar, a posição

mais acertada para dormirem, entre muitas outras coisas. Têm-se criado as mais

diversas teorias sobre como melhor educar as crianças e é aqui que surge novamente

o medo, aquela grande e poderosa ferramenta. No que toca à educação (desde o

primeiro ano de vida) das crianças, esta funciona mesmo como a mais poderosa

ferramenta de todas, sendo a morte (do filho) o maior dos medos dos pais: “(...) o

medo prospera no tempo presente. É por isso que os peritos confiam nele; num

mundo cada vez mais impaciente com os processos de longo prazo, o medo é um jogo

poderoso de curto prazo”17.

Os autores embarcam então numa explicação para a complicada pergunta: será que

os pais têm uma influência assim tão marcada no futuro dos seus filhos e na forma

como serão mais tarde quando crescerem? Através de alguns exemplos, concluem

que não existe uma influência direta efetiva, embora as suas escolhas possam

obviamente ter algum peso. A obra torna-se interessante pelos exemplos que utiliza

para explicar a lógica que quer transmitir ao leitor. Para nos mostrar que muitas vezes

17

In LEVITT, Steven D. e DUBNER, Stephen J. – Freakonomics. Lisboa: ed. Presença, 2006, p. 172.

Capítulo V

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os pais agem sem pensar nos números, mas sim com base na lógica do senso

comum, costumam preferir que os filhos brinquem na piscina de uns amigos, do que

deixá-los brincar em casa de um amigo cujos pais sejam portadores de uma arma de

fogo. Na verdade, por ano, morrem mais crianças afogadas em piscinas do que

atingidas por uma arma de fogo (cerca de 1 a cada 11 000, em comparação com 1 a

cada 1 milhão de crianças, respetivamente).

Neste capítulo, os autores usam estudos feitos em escolas secundárias de Chicago

para fundamentarem a premissa de que os pais não exercem qualquer influência

direta na personalidade ou percurso dos seus filhos, nem tão pouco o faz o tipo de

escola para que vão, ou seja, a escola que escolhem para os seus filhos. Em Chicago,

os jovens podem escolher a escola onde pretendem estudar e isso deveria significar

que o seu desempenho iria depender disso mesmo e que os resultados das suas

avaliações e o seu sucesso escolar estariam em consonância com a qualidade de

ensino da escola onde estudam. Na realidade, tal não se verificou, tendo Levitt e

Dubner concluído que, na maior parte das vezes, os alunos que escolheram as

melhores escolas não tiveram melhores resultados escolares do que aqueles que

acabaram por ficar em escolas piores.

Outro facto curioso realçado no livro é o de que as pessoas estão muito mais atentas e

os seus níveis de preocupação e de alarme são muito maiores, quanto mais

desconhecidos e distantes forem os perigos que enfrentam. Vejamos os seguintes

exemplos: existem muito mais pessoas com medo de andar de avião do que com

medo de andar de automóvel, embora a taxa de mortes provocadas por estes dois

transportes seja quase a mesma; criou-se um ambiente de alarme à escala mundial

relativa à doença das vacas loucas, mas é raro preocuparmo-nos com as bactérias

que estão constantemente presentes no lava-louças ou nos alimentos da nossa

cozinha. Porque é que estas coisas acontecem deste modo? Precisamente porque

tanto a nossa cozinha, como a condução do automóvel são coisas que podemos

controlar em primeira mão – somos nós que limpamos a nossa bancada, que

desinfetamos e cozinhamos os alimentos que comemos e somos nós que conduzimos

o nosso próprio carro e por isso mesmo sentimos que podemos comandar essas

ações, que temos controlo sobre elas.

Peter Sandman18 intitula-se como “avaliador de risco de comunicações” e desenvolveu

a teoria de que “Risco = Perigo + Alarme”. Esta equação parece ser o fundamento

correto para todos os exemplos usados em Freakonomics e vem comprovar

precisamente que o ser humano é mais responsivo a teorias do senso comum do que

a outras teorias que parecem não fazer tanto sentido, mas que são na verdade, as

18

Peter Sandman é um dos oradores e consultores proeminentes de comunicação de risco nos Estados

Unidos hoje, tendo também trabalhado extensivamente na Europa e Austrália entre outros lugares. A sua abordagem é única e eficaz para gerenciamento de controvérsias de risco.

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certas. Isto irá sempre acontecer porque existirão sempre “especialistas” que querem

agir em benefício próprio seja o seu incentivo moral, económico ou social – pode até

nem ter que ver com dinheiro, mas somente com o desejo de ver o seu nome

publicado e de ser reconhecido publicamente.

Anteriormente foi dito que os pais não exercem uma influência direta no

desenvolvimento dos seus filhos, mas não deixam por isso de ser cruciais. Segundo

os autores “Grande parte das coisas que são importantes já foram decididas há muito

tempo – quem é, com quem se casou, que tipo de vida tem. Se é inteligente, se é

trabalhador, se tem um nível elevado de habilitações literárias, se tem um bom

ordenado e se é casado com alguém igualmente afortunado, então os seus filhos terão

mais oportunidades de ter sucesso. Não interessa assim tanto como se é como pai,

mas quem se é”19. Esta citação vem precisamente comprovar que os livros escritos

por especialistas sobre parentalidade não têm muita influência na forma como os filhos

se desenvolvem, pois na verdade, tudo depende do desenvolvimento dos respetivos

pais e por sua vez, da pessoa em que se tornaram.

19

In LEVITT, Steven D. e DUBNER, Stephen J. – Freakonomics. Lisboa: ed. Presença, 2006, p. 198.

Capítulo IV – Ideias

1. Os seres humanos são, enquanto pais, os maiores crentes nas teorias do senso comum, pois são os que mais são conduzidos pelo medo – de perder os filhos.

2. O desempenho e futuro das pessoas não dependem diretamente da educação que os seus pais lhes dão, mas sim de si mesmos.

3. A lógica do senso comum parece fazer sempre mais sentido, porque é aquela que molda uma realidade mais próxima de nós.

4. “Risco = Perigo + Alarme” porque o ser humano tem tendência para ter mais receio de coisas que lhe são distantes e menos das coisas que lhe são próximas, porque sente que as pode controlar.

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Pais perfeitos, Parte II; ou: será que uma Roshanda pareceria tão doce se tivesse

outro nome?

Como pode o nosso nome influenciar o nosso percurso de vida? É sobre isso mesmo

que este sexto capítulo se desenvolve: a escolha dos nomes que se dão aos filhos, em

que é que as pessoas se baseiam para o fazer e se existem alguma lógica pertinente

por detrás dessa escolha.

São conhecidos vários casos em que os nomes foram escolhidos de acordo com

perspetivas futuras e o livro dá-nos o exemplo de dois irmãos: Loser (perdedor) e

Winner (vencedor), que ironicamente, não corresponderam corretamente às

expetativas dos seus pais. Quem deveria vencer, perdeu, e quem não deveria vencer,

singrou belamente na vida. Existem várias situações como esta, mas também existem

aqueles casos em que os pais assumem uma posição de tal despreocupação face ao

nascimento de um filho, que não têm especial cuidado na escolha de determinado

nome.

Levitt e Dubner focam alguns outros casos em que os nomes foram dados literalmente

ao acaso, como aconteceu com Amcher, cujo nome surgiu depois da entrada da sua

mãe na clínica para dar à luz, lembrando-se assim que poderia nomear a sua criança

com as iniciais do hospital (Albany Medical Center Hospital Emergency Room).

Também Temptress (sedutora) faz parte deste conjunto. Este tipo de “escolhas

infelizes” parece não influenciar o futuro de ninguém e, nos casos em que tal

acontece, trata-se apenas de uma infeliz coincidência.

Roland Fryer Jr.20 dedicou grande parte da sua vida a estudar um fenómeno parecido

com este: a disparidade entre os nomes dados a crianças negras e os nomes dados a

crianças brancas. Existe efetivamente uma diferença gritante entre os nomes destes

dois grupos raciais, mas as razões sempre foram desconhecidas e pareciam intrigar

este investigador. As suas pesquisas apuraram que as pessoas com nomes

“tipicamente” negros no currículo tinham menos hipóteses de serem chamados para

uma entrevista do que aqueles com um nome “tipicamente” branco. Seria apenas uma

questão de racismo por parte do departamento de recursos humanos das empresas,

ou teria isto que ver com outras questões mais intrincadas?

20

Roland Fryer Gerhard, Jr. (1977- ) é um economista americano e professor de economia na

Universidade de Harvard, onde ingressou em 2003 como um dos mais jovens professores Afro-americanos na história da escola. A sua pesquisa tenta responder à pergunta de por que é que os Africano-americanos são mais afetados pela pobreza do que outros grupos demográficos na América.

Capítulo VI

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No final deste capítulo, o livro esclarece que se trata de uma simbiose entre estes dois

elementos e que o facto de uma pessoa branca singrar na vida e de uma pessoa

negra não, tem principalmente que ver com um outro elemento crucial: a esfera

socioeconómica em que cada um deles nasceu e cresceu. Mais uma vez, os números

dizem-nos que é bastante mais provável que a uma criança nascida num “berço de

ouro”, não seja dado um nome “tipicamente negro” e que a uma criança nascida no

seio de um bairro violento e pobre, não seja dado um nome “tipicamente branco”, até

porque as estatísticas mostram-nos que existe uma maior percentagem de crianças

negras em bairros sociais. Na verdade, não existe qualquer correlação entre o nome e

o percurso de vida: “Se dois rapazes negros, Jake Williams e DeShawn Williams,

tivessem nascido no mesmo bairro e em circunstâncias familiares e económicas

iguais, provavelmente terão trajetórias de vida semelhantes. Mas o tipo de pais que

batiza o filho com o nome Jake não tende a viver no mesmo bairro ou a partilhar as

mesmas circunstâncias económicas com o tipo de pais que batiza os filhos com o

nome de DeShawn. E é por isso que em média, um rapaz a quem foi dado o nome de

Jake tende a ganhar mais dinheiro e a adquirir um nível de educação mais elevado

que um rapaz a quem foi dado o nome de DeShawn”21.

A grande pergunta que o leitor deverá estar a fazer é se a vida de DeShawn teria sido

melhor se tivesse alterado o seu nome para Jake. Tendo em conta o caso dos

currículos que vimos acima, esta seria uma premissa com bastante lógica. Na

verdade, isto seria apenas uma suposição, mas curiosamente, os autores não se

baseiam no fator “raça” ou esfera socioeconómica, mas sim no grau de incentivo que o

sujeito possui, dando até o exemplo de que “qualquer pessoa que se desse ao

incómodo de mudar o seu nome tendo em vista o sucesso económico estava (...) pelo

menos, altamente incentivado, e convenhamos que a motivação é, provavelmente, um

indicador de sucesso mais forte do que um nome”22.

21

In LEVITT, Steven D. e DUBNER, Stephen J. – Freakonomics. Lisboa: ed. Presença, 2006, p. 212. 22

Idem, p. 213.

Capítulo IV – Ideias

1. Na verdade, o nome que nos dão quando nascemos, não influencia a forma como nos desenvolvemos pela vida fora – pelo menos não de forma direta.

2. Existem discrepâncias entre o percurso de vida de uma criança com um nome “tipicamente negro” e outra com um nome “tipicamente branco”, mas não devido ao nome que lhes foi dado.

3. O verdadeiro motivo reside no grau de incentivo que essa criança tem para querer singrar na vida e atingir um certo nível socioeconómico.

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A palavra ideal para descrever Freakonomics é: “controverso”. Este é um livro que

vem destronar muitas supostas “verdades absolutas” que, depois de analisadas por

via da Economia, se revelam totalmente falsas e carecem de matéria de facto.

Os autores advertem para que muitas das premissas expressadas no livros “poderão

até causar-lhe algum incómodo, serem impopulares. Reivindicar que o resultado da

legalização do aborto contribuiu largamente para a redução do crime conduzirá

inevitavelmente a reações morais explosivas”23. As lógicas do senso comum são na

maior parte das vezes, impercetíveis, bem como a forma como são expressas pela

sociedade. Um dos melhores exemplos são os conselhos sobre parentalidade, que se

vão alterando quase de ano para ano, o que faz com que uma mãe que tenha tido um

filho no final dos anos 70, siga teorias bastante diferentes daquelas com que vai

educar a filha que nascerá no início dos anos 90.

A ciência vai logicamente avançando e milhares de teorias vão sendo substituídas por

outros milhares de novas premissas, tendo sempre por base as investigações e

resultados mais recentes. Ainda assim, é preciso assumir que nem tudo o que os ditos

“especialistas” nos dizem é verdade porque, tal como tem vindo a ser dito em toda

esta crítica e na obra em si, todos nós temos uma forte tendência para agirmos em

benefício próprio – o que acontece mais demarcadamente quando sentimos que

possuímos mais informação que os outros, ou seja, sentimos que temos o poder sobre

a situação, pois a informação que detemos vale mais do que a das outras pessoas. A

reação de qualquer pessoa será acreditar nos especialistas e Freakonomics faz por

munir o leitor de armas que o alertem em relação áquilo que ouve e comece a

questionar o mundo que o rodeia, baseando-se nos números e nas estatísticas, mais

do que no senso comum – que como pudemos ver, não é tido como positivo.

O livro desmente vários mitos que toda a sociedade tem considerado dogmas, como o

facto de uma pessoa nascida no seio de uma família pobre ter, indubitavelmente,

menos hipóteses de sucesso do que uma que nasça no seio de uma família de classe

alta. Na verdade, tudo depende dos incentivos que cada um tem.

Ao lermos a obra, apercebemo-nos de que existem coisas que fazem manifestamente

mais sentido se as olharmos de uma perspetiva económica e não através do senso

comum. Em suma, o que Levitt e Dubner defendem é que “se a moral representa o

mundo ideal, então a economia representa o mundo real”24.

23

In LEVITT, Steven D. e DUBNER, Stephen J. – Freakonomics. Lisboa: ed. Presença, 2006, p. 230. 24

Idem, ibidem.

Impacto

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Esta crítica apresenta os principais pontos abordados em Freakonomics e em que

medida pode este ter tido impacto na sociedade – e principalmente, no leitor. A forma

como percecionamos a sociedade depende bastante das premissas que conduzem o

nosso percurso de vida e que, por sua vez, afetam a forma como os outros nos

percecionam, isto é, dependente da forma como agimos perante os outros e de um

outro elemento: o incentivo e o grau deste. Como foi dito anteriormente, existem três

tipos de incentivos e todas as pessoas dependem destes e movimentam-se a partir

dos mesmos. Sejam os incentivos de cariz moral, económico ou social, a verdade é

que todos os seres humanos agem em consonância com pelo menos, um destes.

Levitt e Dubner advertem para uma falta de correlação entre os vários temas

abordados na obra, sendo que nesta crítica se entende que acaba por existir um ponto

comum a todos eles: a comprovação de determinadas lógicas com base em

estatísticas destronando, na maior parte das vezes, o senso comum e aquilo que no

geral as pessoas acreditam ser a verdade sobre certos assuntos. Neste livro

descortinam-se problemáticas e descobre-se a raiz de vários problemas, que embora

já tendo sido abordados em teses e outros estudos, confluem neste obra e são

cruzados com interessantes resultados.

Pode entender-se que Freakonomics analisa a sociedade e alguns dos seus mais

profundos e antigos problemas com base na Economia, argumentando e

fundamentando nesse sentido.

Segundo os autores, não se pretende que este seja um livro que tenha um propósito

realmente demarcado e visível, pelo que “o resultado mais provável da leitura deste

livro é muito simples: o leitor pode começar a fazer muitas perguntas a si próprio”25. No

fundo, uma das dádivas do Homem enquanto ser pensante é a possibilidade de nos

ser permitido pensar e consequentemente, duvidar e perguntar, pois só assim

poderemos chegar a conclusões fundamentadas e precisas.

25

In LEVITT, Steven D. e DUBNER, Stephen J. – Freakonomics. Lisboa: ed. Presença, 2006, p. 230.

Principais Conclusões

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2006

LEVITT, Steven D. – Testing Theories of Discrimination: Evidence from the Weakest

Link. Journal of Law and Economics, ed. outubro 2004.

http://biography.jrank.org/pages/2961/Fryer-Roland-G.html

http://people.brandeis.edu/~teuber/goffmanbio.html

http://www.imdb.com/title/tt1152822/

http://www.johnkennethgalbraith.com/

http://www.knoow.net/ciencsociaishuman/filosofia/sensocomum.htm

http://www.psandman.com/

http://www.psandman.com/bio.htm

Todos os sites supramencionados foram consultados entre os dias 20 e 29 de junho

de 2012.

Webgrafia

Bibliografia

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