FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

81
OTÁVIO LUCIANO CAMARGO SALES DE MAGALHÃES Freguesias esquecidas: “cidades” do século XIX que nunca se tornaram cidades a mudança da concepção da unidade básica da federação Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal do ABC Paulista UFABC para obtenção do título de especialista em Ciência e Tecnologia. Área de Concentração: O Mundo e suas Representações. Orientador: Prof. Dr. Anderson Orsari Santo André 2015

Transcript of FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

Page 1: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

1

OTÁVIO LUCIANO CAMARGO SALES DE MAGALHÃES

Freguesias esquecidas: “cidades” do século XIX que nunca se tornaram cidades – a mudança da concepção da unidade básica da federação

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal do ABC Paulista –

UFABC para obtenção do título de especialista em Ciência e Tecnologia.

Área de Concentração: O Mundo e suas Representações.

Orientador: Prof. Dr. Anderson Orsari

Santo André 2015

Page 2: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

2

RESUMO

Trata-se do estudo de três localidades no Sul de Minas Gerais: Douradinho, Córrego

do Ouro e Barranco Alto, que possuíam status de unidade básica do estado de Minas Gerais no século XIX, os distritos, mas, jamais chegaram a tornar-se distritos.

Trata-se de uma pesquisa que inicialmente explica o status de Município e depois o status de Distrito, e, após isso descreve as três localidades, servindo de ponto inicial para indagações sobre os motivos que essas localidades jamais se tornaram

municípios. Palavras Chave: Distrito, Município, Minas Gerais, Genealogia dos Municípios,

Almanaque Sul Mineiro, Douradinho, Córrego do Ouro, Barranco Alto.

Page 3: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

3

ABSTRACT

It is the study of three locations in the South of Minas Gerais: Douradinho, Gold

Stream and Barranco Alto, who had basic unit status of the state of Minas Gerais in the nineteenth century, the districts, but never got to become districts . It is a search

that initially explains the municipality of status and then the District status, and after that describes the three locations, serving as a starting point for inquiries on the grounds that these locations would never have become municipalities.

Keywords: State, County, Texas, Genealogy municipalities, South Almanac Miner, Douradinho, Gold Stream, Barranco Alto.

Page 4: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

4

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................6

1.1 Objetivo ...........................................................................................................................7

1.2 Objetivos Específicos....................................................................................................7

1.3 Objeto de Estudo ...........................................................................................................8

1.4 Justificativa .....................................................................................................................8

1.5 Hipóteses do trabalho ...................................................................................................9

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 10

2.1 Definição de Distrito e Município hoje ..................................................................... 10

2.2 O Distrito como unidade Básica de Minas Gerais e as Câmaras Municipais

como instituições poderosas ........................................................................................... 14

2.3 As criações de municípios e distritos em Minas Gerais ....................................... 16

2.4 O Contexto Regional .................................................................................................. 17

2.5 Algumas questões regionais sobre criação de municípios e distritos ............... 20

3 METODOLOGIA ............................................................................................................ 23

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 25

4.1 Douradinho ontem e hoje .......................................................................................... 27

4.2 Córrego do Ouro ontem e hoje................................................................................. 33

4.3 Barranco Alto ontem e hoje ...................................................................................... 38

5 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 46

6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 47

ANEXO I - ALMANACH SUL-MINEIRO PARA 1874 (EXCERTOS) ........................ 48

ANEXO II - ALMANACH SUL-MINEIRO PARA 1884 (EXCERTOS) ....................... 55

ANEXO III - OUTRAS INFORMAÇÕES DO ALMANACH.......................................... 67

ANEXO IV - POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS, BAIRROS E DISTRITOS DO SUL

DE MINAS .......................................................................................................................... 72

Page 5: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

5

Page 6: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

6

1. INTRODUÇÃO

A unidade básica da província de Minas Gerais não era o município, mas sim

a freguesia, ou o distrito, que quase sempre eram as mesmas unidades (freguesia

era a sede de uma paróquia, e distrito de um juizado de passa).

As freguesias e distritos possuíam um certo status na composição dos

estados, sendo que os municípios eram apenas sedes administrativas, onde havia

uma Câmara Municipal.

Analisando o Sul de Minas Gerais, quase todas as freguesias do século XIX

se tornaram municípios independentes, porém, isso não é regra. No Sudoeste de

Minas, as localidades de Douradinho, Córrego do Ouro, Barranco Alto e Babilônia,

nunca se tornaram municípios, enquanto outras localidades, como Itaú de Minas,

Juruaia e Bandeira do Sul, que sequer existiam como povoação, hoje são municípios

independentes.

O distrito não independente mais antigo de Minas Gerais é Cachoeira do

Campo, mais importante distrito de Ouro Preto, criado como paróquia (freguesia) em

16 de fevereiro de 1724 e distrito em 3 de abril de 1840, porém, é compreensível a

manutenção deste local como distrito, pois é parte importante do turismo em Ouro

Preto.

Douradinho já existia em 1813 como curato, e, em 1840 se fala em

transferência da paróquia de Douradinho para Carmo da Escaramuça (Paraguaçu),

sem falar em anterior criação, e, finalmente, sendo criada a paróquia em Douradinho

em 30 de novembro de 1842.

O que nos estranha é que Douradinho foi criado como distrito em 1842, já

sendo povoado em 1813. Bandeira do Sul foi criada como distrito em 27 de

dezembro de 1948, mais de 106 anos depois, e, se tornou independente como

município em 1962! E ser distrito em 1842 era muito mais “forte” do que ser distrito

em 1948, quando essa categoria já havia sido banalizada. Qual seria a explicação

para tal fenômeno? Não sabemos e não vamos conseguir responder, mas, o

fechamento das linhas ferroviárias e o alagamento da Represa de Furnas podem

nos dar luzes para as respostas, mas, não é isso que esse trabalho pretende

responder.

Esse trabalho apenas pretende analisar três localidades: Douradinho, Córrego

do Ouro e Barranco Alto, localidades que já eram distritos de paz e freguesia no

século XIX e jamais se tornaram municípios independentes.

Os porquês precisavam ser analisados em outros trabalhos de nível bastante

superior ao presente.

Hoje são três localidades simples, sem acesso asfáltico e com poucas

perspectivas de crescimento, porém, não dá para esquecer o papel importante que

já tiveram na história mineira.

Page 7: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

7

Mapa gerado no site http://www.der.mg.gov.br/mapa-rodoviario

1.1 Objetivo

Analisar, com base em estatísticas e documentação, três unidades básicas do

estado como freguesias e distritos estabelecidos no século XIX que não se tornaram

municípios após a ressignificação do sentido de distrito e município na década de 30

no século XX.

1.2 Objetivos Específicos

- Estudar o status do distrito e do município no decorrer do tempo, do Brasil Colônia

aos dias de Hoje.

- Analisar a criação das freguesias e distritos no Sudoeste de Minas até os anos 30

do século XX.

- Analisar a história das localidades de Douradinho, Córrego do Ouro e Barranco

Alto, criados como distritos no século XIX.

Page 8: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

8

1.3 Objeto de Estudo

O estudo tratará do distrito como unidade básica do Estado durante o Império,

abarcando a criação de Douradinho, Córrego do Ouro e Barranco Alto e verificará

por quais motivos essas unidades jamais se tornaram municípios.

1.4 Justificativa

No Império e na República Velha os municípios eram grandes extensões

territoriais comandadas por uma Câmara Municipal. A sede do município era uma

cidade ou uma vila, que eram status diferenciados para a mesma sede municipal.

Esses municípios possuíam várias freguesias (paróquias) e distritos, e esses eram a

unidade básica do Estado, pois, muitas vezes a vila que era sede municipal era

menos populosa que esses distritos e era comum serem transferidas as sedes dos

municípios de um distrito para o outro.

Por isso, a data inicial da criação de uma cidade fundada o século XIX e início

do século XX deveria ser quando essa se tornou um distrito e não quando se

emancipou, pois, os conceitos de emancipação variaram muito no tempo.

Douradinho, Córrego do Ouro e Barranco Alto, no início do século XX já eram

freguesias antigas, possuíam juízo de paz, vigário, eleitores membros dos colégios e

toda estrutura dos demais distritos, inclusive constando de forma autônoma nos

almanaques da época. Porém, esses nunca se tornaram municípios, hoje sendo

meros distritos de Machado, Campos Gerais e Alfenas, respectivamente.

Num universo de quase oitenta municípios do Sul de Minas esses três são

casos únicos, e, os motivos que fizeram essas localidades jamais se tornarem

municípios. Isso cabe uma investigação.

Aliás, tal investigação permitirá aos pesquisadores compreender a presença

dessas localidades naqueles almanaques, documentos oficiais, em jornais e na

legislação mineira sem maiores embaraços.

Page 9: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

9

1.5 Hipóteses do trabalho

A hipótese de trabalho é de que os motivos de que essas freguesias jamais

se tornaram municípios deve-se aos condicionantes políticos, geográficos e de

interesses econômicos, tanto dessas localidades quanto de outros municípios dos

quais essas eram jurisdicionadas.

Não comprovaremos e nem tentaremos buscar as explicações, mas, o fim das

Ferrovias e o alagamento do Rio Sapucaí e afluentes para formação da Represa de

Furnas podem dar luzes para o não crescimento das localidades.

Page 10: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

10

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Definição de Distrito e Município hoje

A palavra “município” aparece 239 vezes na Constituição Federal de 1988,

sem que seja feita qualquer definição formal, porém, do Art. 18, deduz-se que é um

ente autônomo que faz parte da federação: “A organização político-administrativa da

República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e

os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.”

A Constituição Federal cita apenas uma vez sobre os distritos em seu corpo.

No Art. 30, da competência dos municípios, consta no inciso IV: “criar, organizar e

suprimir distritos, observada a legislação estadual”.

Sobre municípios, diz a Wikipédia (acessada em 12.10.2015, 21h33):

Um município é uma subdivisão administrativa de uso geral, ao

contrário de um distrito, que tem fins especiais. O termo é

derivado do francês municipalité e do latim municipium, antiga

designação romana. É um território dotado de personalidade

jurídica e de certa autonomia, constituído por órgãos

administrativos e políticos. Quando o território é designado pelo

termo municipalidade, muitas vezes se implica que ele não tem,

de fato, personalidade jurídica.

Mais detalhadamente, a mesma enciclopédia nos dá luzes sobre o que seria

um município e suas subdivisões, os distritos, no decorrer do tempo:

No Brasil, o município é a menor unidade político-

administrativa existente, sendo todo o território nacional dividido

em municípios, à exceção do Distrito Federal e do arquipélago

de Fernando de Noronha, que é um distrito estadual de

Pernambuco.

(...)

No caso do Brasil, o município é formado pela Prefeitura

(órgão executivo) e pela Câmara municipal (órgão legislativo),

sendo considerado um terceiro ente federativo; (...) Já entre os

antigos romanos, era a cidade que tinha o privilégio de governar-

se segundo as suas próprias leis, porém, nem todos os

habitantes possuíam os mesmos direitos.

É o município quem cuida diretamente de vários aspectos

práticos da vida da população, como registro de imóveis, de

Page 11: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

11

logradouros públicos menos importantes (ruas), asfaltamento

das vias locais, a fiscalização do trânsito nos logradouros sob

sua jurisdição, embora a legislação do trânsito seja federal.

Provê também o ensino básico em suas escolas. Mantém postos

de saúde para a sua população. Controla e fiscaliza o transporte

público municipal (táxis, ônibus urbanos e outros meios de

transporte coletivo). Provê e/ou fiscaliza a coleta de lixo

domiciliar. Controla e fiscaliza as feiras livres.

As subdivisões administrativas do município, os distritos,

são circunscrições submetidas ao poder da Prefeitura. Em

muitos municípios, estes possuem pouca importância, e às

vezes, nem mesmo existem. Normalmente um município só se

subdivide em distritos quando dentro dele existem povoamentos

expressivos em termos populacionais, mas que estão afastados

da área urbana principal. Em geral, estes distritos, enquanto não

forem integrados pelo crescimento natural da cidade, tendem a

querer se transformar em novos municípios. Os bairros são

subdivisões praticamente universais, e muito embora possam

ser considerados análogos às freguesias portuguesas, quase

sempre têm papel cultural e de localização geográfica, sendo

politicamente nulos. Em todo caso, seja como for efetuada a

administração municipal, o poder político executivo é

exclusivamente do prefeito, sendo todos os outros auxiliares de

sua indicação (cargos de confiança).

No Brasil, o município teve por base jurídica as

Ordenações reinóis durante o período colonial. Sabe-se que o

poder local na colônia portuguesa fazia-se representar através

de Câmaras Municipais eleitas pela sociedade, embora fossem

notavelmente influenciadas pelos interesses das elites fundiárias

e, obviamente, não conheciam a moderna divisão dos poderes,

visto que as mesmas autoridades exerciam funções de qualquer

natureza.

Embora a Constituição Imperial de 1824 tivesse

reconhecido com muito apreço o poder local, ao instituir as

Câmaras Municipais em todas as cidades e vilas existentes, bem

como as que se criassem no futuro, segundo dispunha o seu

artigo 167, pôde-se verificar que o mesmo não foi contemplado

pela Lei Regulamentar promulgada em 1º de outubro de 1828.

Tal norma estabeleceu uma certa tutela sobre os municípios e

não somente os esvaziou politicamente, como limitou as funções

de suas Câmaras. Com o Ato Adicional de 12 de agosto de

Page 12: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

12

1834, as velhas Câmaras passaram a se subordinar às

Assembleias Provinciais.

Todavia, durante o centralizador período imperial, o Brasil,

a exemplo de Portugal, conheceu um tipo organização infra-

municipal – as Freguesias. Também denominadas Paróquias,

tais entidades estavam intimamente ligadas à estrutura

eclesiástica (na época o Brasil tinha o catolicismo como religião

oficial) e de alguma maneira representavam as inúmeras

comunidades espalhadas pelos municípios.

A primeira Constituição Republicana de 1891 foi omissa

quanto à autonomia do poder local, pois caberia às constituições

estaduais cuidarem do assunto. Surgiu com isso o centralismo

político dos governadores estaduais, os quais costumavam

intervir nas eleições municipais e até mesmo indicar quem

exerceria o cargo de prefeito, prevalecendo-se muitas das vezes

da penúria orçamentária e do uso da força policial.

A Constituição brasileira de 1934 conferiu à autonomia

municipal amplitude e firmeza. O seu artigo 13 contemplou a

defesa do "peculiar interesse" local, a eletividade dos prefeitos e

vereadores, a decretação dos seus impostos e a organização

dos seus serviços. Porém, sabe-se que a durabilidade da

segunda Carta republicana não foi suficiente para se avaliar

quais seriam os resultados das mudanças introduzidas. O golpe

de 10 de novembro de 1937 implantou um sistema de

centralismo político nacional que, inevitavelmente, feriu de

maneira frontal a autonomia dos Municípios e cassou a

eletividade dos prefeitos. O Decreto Lei n.º 1.202 de 8 de abril de

1939, em seu artigo 5º, estabeleceu a tutela administrativa

através da criação de um departamento específico para "assistir"

os Estados e Municípios e, sobretudo, exercer o rígido controle

sobre os seus atos.

Com a redemocratização do país após o fim da Segunda

Guerra Mundial, as aspirações municipalistas foram

contempladas pela Constituição de 1946. A autonomia local foi

então restaurada e fortalecida, já que houve uma equitativa

distribuição dos poderes e a descentralização política, de modo

a não comprometer a Federação, nem ferir a autonomia estadual

e municipal.

Após o Golpe de 1964, a Constituição de 1967 e a sua

Emenda de 1969, embora tivessem mantido o regime federativo,

foram indiscutivelmente centralizadoras. Os prefeitos das

Page 13: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

13

capitais e estâncias hidrominerais eram nomeados pelos seus

respectivos governadores ou, nos municípios declarados de

interesse da soberania nacional, indicados diretamente pelo

Presidente da República, o qual era indiretamente eleito.

Somente os vereadores das capitais e de cidades com

população acima de 100 mil habitantes é que podiam ser

remunerados.

Já na Constituição promulgada em 5 de outubro de 1988,

o município alcançou finalmente o patamar de terceiro ente da

federação e teve a sua autonomia ampliada sob os aspectos

político, administrativo e financeiro, segundo ficou estabelecido

nos artigos 29 a 31, 156, 158 e 159.

Além de ser um marco no desenvolvimento histórico

nacional, o município brasileiro atual, segundo a concepção de

alguns juristas, tem as características mais progressistas sob o

aspecto institucional. Isto porque talvez não se encontre em

outro lugar do mundo uma instituição com as mesmas

características do que o município brasileiro que tornou-se o

terceiro ente federativo, embora até hoje dependente do repasse

de recursos estaduais e federais.

Atualmente, o Brasil possui 5 570 municípios em 27

unidades da Federação. Segundo estimativa realizada pelo

IBGE para 1º de julho de 2014, o menos populoso é Serra da

Saudade, no estado de Minas Gerais, com 822 habitantes e o

mais populoso é São Paulo, no estado de São Paulo, com

11.895.893 habitantes.

Mas nem sempre foi assim, e, cada estado possuía uma espécie diferente de

divisão em município e distritos – não havia padrão.

Nos Estados Unidos, por exemplo, não existe padrão. Dos 50 estados, 48 são

divididos em condados (county), mas outros dois, o Alasca, é dividido em distritos

(boroughs), e a Louisiania é dividida em paróquias (parishes). Em alguns estados os

condados são divididos em municipalidades, e há casos onde uma única cidade é

composta de vários condados (o caso de Nova Iorque).

Page 14: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

14

2.2 O Distrito como unidade Básica de Minas Gerais e as Câmaras Municipais

como instituições poderosas

Até 1938 a divisão essencial do estado de Minas Gerais não era em

municípios, mas em distritos. Vários distritos se organizavam em estruturas

superpoderosas chamadas Câmaras Municipais, que tinham atribuições inclusive de

nomear o juiz, realizar prisões, criar impostos, realizar eleições e realizar confiscos.

O distrito era uma divisão cível, e, para cada distrito se instalava uma paróquia (ou

freguesia), sendo que esta possuía várias atribuições governamentais.

A Lei Estadual 2, de 14 de setembro de 1891, declarou que o “distrito” é a

base a organização administrativa do Estado. Até então existe uma dificuldade da

separação de distrito e freguesia, que, quase eram a mesma estrutura.

O IBGE divulga até hoje informações equivocadas sobre as leis de criação de

distritos, confundindo a lei que criou o distrito e a lei que criou a freguesia/paróquia.

As dificuldades com nomenclaturas como Termo, categoria de vila e cidade, etc,

fizeram com que muitas informações incorretas prosperassem. Nossa tabela pode

ter muitos erros.

As Câmaras Municipais eram instaladas nos distritos que eram elevados à

categoria de Vila. Isso era uma particularidade mineira. Em alguns estados era

exigido que se elevasse à categoria de Cidade. Era denominado Município um

conjunto de distritos autônomos. A Câmara Municipal era o órgão jurisdicional que

exercia autoridade política como poder executivo, legislativo e judiciário. Até 1930 as

Câmaras Municipais possuíam essa tríplice competência, tendo as competências

judiciárias progressivamente reduzidas das Câmaras Municipais.

É importante destacar que a Câmara Municipal entre 1824 e 1930 não eram

as mesmas frágeis Câmaras Municipais de hoje, que, apesar de tudo, mantém

nomenclaturas similares. A Câmara Municipal era uma instituição que hoje se

equipara à Prefeitura Municipal.

Os distritos eram administrados por um Juiz de Paz, que, até 1938 possuíam

um poder muito grande, na solução de pequenas lides na realização de partilhas e

inventários, no registro civil, em certas autorizações, etc. Também possuía uma

atribuição de convocar o efetivo da Guarda Nacional para defender os interesses

dos distritos, o que, poucas vezes aconteceu, tendo em vista que a Guarda Nacional

era composta de pessoas ricas, em geral fidalgos.

As Câmaras Municipais administravam os municípios, e estes poderiam ter

categoria de Vila ou de Cidade. Caso tivessem categoria de Vila, a cidade não teria

um Juiz de Direito, apenas um Juiz Municipal e de Órfãos. Ser cidade não obrigava

a ser Comarca, mas implicava em ser um Termo (uma circunscrição eleitoral de

hierarquia inferior a Comarca). A partir de 1892, se fosse sede de Comarca

Page 15: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

15

automaticamente era elevada à categoria de cidade. Em 1925 toda sede de

município passou a automaticamente ter categoria de cidade, e, os distritos,

categoria de vila.

As circunscrições administrativas eram chamadas de Municípios, as

circunscrições judiciárias tinham outros nomes, de Termo e de Comarca. Em geral,

Comarca era um conjunto de municípios, e, tinha nome diferente do seu município

sede. Muitas vezes a comarca tinha um nome arbitrário ou o nome de um município

que a compunha e não era sua sede. Termo Judiciário ou simplesmente Termo era

uma circunscrição judiciária, mas, em Minas Gerais, os termos passaram em pouco

tempo corresponder a uma única comarca. O uso Termo era utilizado praticamente

como sinônimo de Território, tendo em vista que pouco era utilizado o nome

Município, que, em geral era entendido como o órgão que administrava um conjunto

de distritos.

Elevar a categoria de cidade, na prática, especialmente antes de 1892, só

mudava no número de funcionários públicos que o município tinha direito de nomear.

A vila nomeava menos funcionários que a cidade. Em 1892, se fosse Comarca se

tornava automaticamente cidade.

A partir de 1938, vila passou a ser a área urbana central do distrito, e cidade

passou a ser a área urbana central do distrito sede do município. Em geral falamos

que o distrito é a vila. Ex: dizemos que São Bartolomeu é um distrito de Cabo Verde,

e pensamos em São Bartolomeu apenas naquela região urbana, e não nas fazendas

ao redor, como, por exemplo, o Cambuí. O bairro Cambuí, do município de Cabo

Verde, faz parte do distrito de São Bartolomeu. O distrito de São Bartolomeu inclui

zona urbana e zona rural. Isso é assim em qualquer distrito.

Importante ressaltar que em 1925 com a Lei 893, toda sede de município

tornou-se automaticamente cidade, passando a não mais fazer sentido falar em

categoria de cidade.

Todos municípios do país, a partir de 1938, com exceção da capital paulista,

possuem um distrito sede homônimo. Então existe um distrito chamado Muzambinho

e outro chamado Cabo Verde, sendo distrito sedes, são chamados de cidade. Era

comum até 1938 ser utilizado o nome “distrito da cidade”, mas também houve

“distrito da vila”.

Em 1938 os distritos perderam sua força e atribuição, e a unidade básica

passou a ser o município. Em 1988 o município foi elevado à categoria de Unidade

da Federação de forma que se tornou muito difícil criar um município.

Page 16: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

16

2.3 As criações de municípios e distritos em Minas Gerais

No passado cada estado e cada época davam aos municípios ou aos estados

a competência de criar um distrito. Entre 1901 e 1962 a competência de criar

distritos era estadual, em lei periódica (antes de 10 em 10 anos, depois de 5 em 5

anos). A partir de 1988 a competência de criar distritos, muito simplificada, foi

transferida aos municípios, criando aberrações, como a recente criação do

Moçambo como distrito de Muzambinho – por sinal o menor distrito entre todos os

que estudaremos nesse artigo, e que serviu para desmoralizar mais ainda o conceito

de distrito (o Moçambo possui apenas 2 ruas, cada uma com cerca de 100 metros).

Apesar de existirem algumas exceções (como criação de algumas estâncias

turísticas e a resolução do problema de conflito de divisas com o Espírito Santo), os

municípios e distritos entres 1901 e 1962 foram pelas seguintes leis:

Norma Legal Distritos Criados Municípios Criados

Lei 319, de 16 de

setembro de 1901

- 12

Lei 556, de 30 de agosto

de 1911

65 40

Lei 843, de 7 de

setembro de 1923

97 36

Decreto-Lei 148, de 7 de

dezembro de 1938

67 71

Decreto-Lei 1.058, de 31

de dezembro de 1943

39 28

Lei 336, de 27 de

dezembro de 1948

118 72

Lei 1.039, de 12 de

dezembro de 1953

113 97

Lei 2.763, de 30 de

dezembro de 1962

133 237

Tabela adaptada de Costa (1970)

Além de serem criados os municípios, eles precisavam ser instalados, com a

nomeação da primeira Câmara Municipal eleita. A partir de 1948 os municípios eram

instalados após a realização da próxima eleição municipal realizada em todo o país,

no dia da posse dos eleitos. Antes, cada município definia a data daqueles que se

Page 17: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

17

desmembrava do seu território, chegando a gastar 10 anos para realização da

instalação dos municípios.

As Câmaras Municipais até 1930 eram compostas de vereadores, sendo pelo

menos um de cada distrito (chamados vereadores especiais, e os outros, vereadores

gerais). Também possuíam outras figuras como o Secretário (que era o oficial

responsável pela administração), o Procurador (uma espécie de tesoureiro) e

funcionários de hierarquia inferior, como Fiscais, Delegados, Alinhadores (manter as

ruas da forma correta), Zeladores de Água ou Cemitérios, Porteiros-Contínuos,

Arquivista, Almoxarife, etc. Um dos vereadores, eleito Presidente da Câmara, em

geral era o Agente Executivo Municipal, porém, por um tempo foi permitido que eles

nomeassem outra pessoa para o cargo Executivo. Por um tempo o cargo de Juiz

Municipal também era nomeado pela Câmara (em Muzambinho, o primeiro juiz foi

Cesário Coimbra, que era chefe do legislativo e executivo também).

É incorreto dizer que as Câmaras Municipais eram “parlamentaristas”, pois,

não há qualquer paralelo com aquela estrutura. Era um esquema rígido demais para

essa comparação.

Durante um curto período de tempo também existiram os Conselhos Distritais,

em cada distrito, com um Agente Executivo Distrital, o que, em pouco tempo foi

abolido.

2.4 O Contexto Regional

A região estudada é o Sul de Minas Gerais, especificamente uma região

pertencente ao Entorno do Lago de Furnas.

A Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago de Furnas, nomeada pelo IGAM

como GD3 possui uma área de 16.507 km2, composta de 84 municípios, com

população de 842.260, que equivale a 3% da população da Grande São Paulo.

Escolhemos o critério da Bacia de Furnas para localizar os distritos

estudados, mas poderíamos utilizar de outros critérios, como as microrregiões do

IBGE ou as divisões de planejamento do estado de Minas Gerais.

Sobre a região, descrevemos o que o site do IGAM nos diz:

Esta unidade compreende uma área de aproximadamente

16.507 km2, composta por 48 municípios com uma população

estimada de 842.260 de habitantes (IBGE – 2009). Apenas 21

deles encontram-se integralmente inseridos nos limites

territoriais da unidade o restante participa de mais de um comitê

de bacia.

Page 18: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

18

A Unidade de Gestão GD3 consiste em uma sub-bacia do

Rio Grande, abrangendo praticamente todo o reservatório da

Usina Hidroelétrica de Furnas (UHE FURNAS). Desta forma, a

hidrografia desta unidade de gestão é composta pelo

reservatório, abastecido por rios de maior porte, como o Rio

Grande, Rio Sapucaí, Rio do Jacaré e Rio Verde, que não fazem

parte da unidade de gestão e diversos rios de pequeno e médio

porte integralmente localizados nos limites da unidade,

configurando a rede de drenagem.

Municípios que compõem a Bacia Hidrográfica do Entorno

do lago de Furnas: Aguanil; Alfenas; Alpinópolis; Alterosa;

Areado; Boa Esperança; Botelhos; Cabo Verde; Camacho;

Campestre; Campo Belo; Campo do Meio; Campos Gerais;

Cana Verde; Candeias; Capitólio; Carmo do Rio Claro;

Conceição da Aparecida; Congonhal; Coqueiral; Córrego Fundo;

Cristais; Divisa Nova; Espírito Santo do Dourado; Fama;

Formiga; Guapé; Guaxupé; Ilicínea; Ipuiúna; Itapecerica;

Juruaia; Machado; Monte Belo; Muzambinho; Nepomuceno;

Nova Resende; Paraguaçu; Perdões; Pimenta; Poço Fundo;

Santa Rita de Caldas; Santana da Vargem; São João da Mata;

São José da Barra; São Pedro da União; Serrania; Três Pontas;

Vargem Bonita.

Características ambientais: A região da Unidade de

Gestão GD3 compreende uma complexa associação de rochas

cristalinas com idades de formação distintas e intensamente

deformadas por eventos tectônicos que ao longo do tempo foram

arrasados e recobertos por depósitos aluvionares.

Observam-se quatro unidades geomorfológicas regionais:

Planalto Centro Sul Mineiro a Nordeste, Planalto Alto Rio Grande

a Sudeste, Planalto de Poços de Caldas a Sul e Serra da

Canastra a Noroeste (IBGE, 2006). A configuração tectônica

regional, sustentada por rochas metamórficas de diversas

gêneses, implica em forte controle estrutural do relevo. Com

altitudes variando entre 1.479 e 748 m.

O clima predominante é o tropical de altitude, que se

caracteriza por ser mesotérmico, úmido, com chuvas torrenciais.

Esse clima também apresenta como característica importante

temperaturas amenas com poucas variações, além de chuvas no

verão e seca no inverno. As temperaturas médias anuais

oscilam entre 21 e 23ºC. O verão e a primavera são os períodos

Page 19: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

19

mais quentes, quando as máximas diárias variam em torno de

28 e 30ºC.

A Unidade de Gestão GD3 constitui uma importante área

polimetálica e de minerais industriais, possuindo também

importantes mananciais de água. Estão cadastradas 739

ocorrências minerais, totalizando 37 bens minerais que podem

ser classificados em: metais ferrosos; rochas e minerais

industriais; agrominerais; gemas; metais nobres; metais-base

(DNPM/ CPRM 2009).

A área em questão se insere na faixa de transição entre

os Chapadões Tropicais Interiores com Cerrados e Florestas-

Galeria e o Domínio de Mares de Morros Florestados. Ocorrem

três Domínios Fitogeográficos: Domínio Atlântico, Domínio do

Cerrado e Domínio da Caatinga. Os Remanescentes Florestais

encontrados na área da Unidade de Gestão GD3 consistem em

formações florestais (primárias e secundárias) de Floresta

Estacional Semidecidual Montana, Campo, Campo Rupestre e

Campo Cerrado encontrados nos Domínios Atlântico e Cerrado.

Foram registradas 141 espécies de vertebrados terrestres.

Características socioeconômicas: É importante destacar

que a participação percentual dos setores econômicos varia

entre os municípios. Dos 48 municípios que formam a bacia

hidrográfica, 15 (31,3%) tem nas atividades agropecuárias sua

principal fonte de riqueza, nos restantes 33 municípios a

principal atividade econômica é o setor serviço. As atividades

desenvolvidas por este setor estão estreitamente relacionadas

com as atividades agropecuárias.

Fonte: PLANO DIRETOR DA BACIA HIDROGRÁFICA DO

ENTORNO DO LAGO DE FURNAS – DIAGNÓSTICO DA

UNIDADE DE GESTÃO GD3 – Fundação de Pesquisa e

Assessoramento à Indústria – FUPAI/ Centro de Excelência em

Eficiência Energética – EXCEN – 2009.

Page 20: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

20

Mapa adaptado de http://comites.igam.mg.gov.br/comites-estaduais/bacia-do-rio-

grande/gd3-cbh-do-entorno-do-reservatorio-de-furnas

2.5 Algumas questões regionais sobre criação de municípios e distritos

Note que até 1938 os distritos eram a unidade básica do estado. Alguns

distritos criados antes dessa data perderam muito de sua força por não conseguirem

se tornar municípios, como Barranco Alto, Douradinho e Córrego do Ouro, que

possuíam um status de subdivisão de Minas Gerais, e hoje são meros distritos

(como o pequenino Moçambo, criado em 2015 no município de Muzambinho, cidade

onde vive o autor desse trabalho).

Na região escolhida, que corresponde a 30% do Sul de Minas, apenas seis

distritos foram criados na vigência da Constituição Federal de 1988 (incluindo

Moçambo), mas esse número deve aumentar com a flexibilização dos critérios

utilizados para ser distrito no estado de Minas Gerais.

Já a criação do município, cada vez mais dura, após 1962 apenas dois

municípios foram criados, em 1987, Itaú de Minas, e em 1995, São José da Barra. O

primeiro se tornou município pelo crescimento da gigantesca fábrica de cimentos

Itaú – uma das mais importantes do país na área, do grupo Votorantim, naquela

Page 21: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

21

cidade; o segundo, por ser o distrito onde se localiza a principal barragem da Usina

de Furnas, e onde fica o principal acampamento dessa empresa, fornecedora de

30% da energia elétrica brasileira.

Algumas distorções são curiosas. Douradinho se tornou um distrito, com juiz

de paz e tudo mais, em 1846. Teve Conselho Distrital e tudo mais. Até hoje é um

mero distrito de Machado. Córrego do Ouro (1868), Barranco Alto (1873) e Babilônia

(1876), sob as mesmas condições (ainda que com outras denominações), até hoje

são distritos respectivamente de Campos Gerais, Alfenas e Delfinópolis. Bandeira do

Sul (1948), Itaú de Minas (1943) e São Bento Abade (1938) se tornaram distritos

muito tempo depois e já são municípios.

Note que entre a criação do distrito de Douradinho (1846) e Bandeira do Sul

(1948) foram 102 anos.

Outra coisa importante era que existiam distritos não contíguos, distritos cuja

sede ficava no território de outro e outras aberrações, sendo que essas citadas não

em nossa região, mas existiam.

Também aconteceram inversões territoriais, como por exemplo, o atual distrito

da Barrânia, que era distrito do município de Cabo Verde e hoje é do município de

Caconde (SP), e ainda, o povoado de São Benedito das Areias, que era um bairro

rural de Monte Santo de Minas, e hoje é um distrito de Mococa (MG).

Também eram suprimidos municípios já existentes (chamadas transferência

de sede), onde a Câmara Municipal saía de um município e ia para outo. Aconteceu

com Cabo Verde e Caldas. A Câmara de Caldas foi transferida para Cabo Verde, e

Caldas deixou de ser sede municipal (o município de Caldas foi suprimido, dizem).

Pouco tempo depois, a Câmara voltou para Caldas, tendo em vista, que jamais

chegou a ser instalada em Cabo Verde. Por isso, tanto Cabo Verde quando Caldas

possuem duas datas de emancipação. Cabo Verde comemora a segunda, e Caldas

comemora a primeira.

Jacuí também foi suprimido, mudando a Câmara lá instalada para São

Sebastião do Paraíso. Isso aconteceu de fato. Houve então, duas emancipações de

Jacuí.

Transferências de distritos de um município para o outro também era comum,

principalmente em emancipações. Muzambinho quando foi emancipado de Cabo

Verde, incorporou as freguesias de Guaxupé e Guaranésia (com outros nomes), que

eram distritos de São Sebastião do Paraíso. Quando Muzambinho perdeu Guaxupé,

para compensar a perda, o distrito de Monte Belo, que pertencia a Cabo Verde, foi

transferido para Muzambinho.

Page 22: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

22

Cabo Verde por um curto tempo foi distrito de Jacuí (e não de Caldas, como

foi a maior parte do tempo). Alguns distritos chegaram a participar de vários

municípios.

Quando se fala em comarca a situação se complica. Algumas comarcas

foram suprimidas e reestabelecidas de formas sucessivas, alterando-se de formas

algumas vezes aleatórias. Existe até hoje em Minas Gerais Comarcas entre

municípios não-contíguos.

No caso de Muzambinho, é um raro caso que desde que a Comarca foi

instalada nunca deixou de ser. Primeiramente fazia parte da Comarca de

Muzambinho os termos de Muzambinho e São Sebastião do Paraíso (ou seja,

aquela grande e importante cidade estava vinculada à Muzambinho).

Posteriormente, fazia parte da Comarca de Muzambinho, Cabo Verde. Depois, Nova

Resende e seus distritos de Alpinópolis e Bom Jesus da Penha. Depois, os distritos

emancipados de Muzambinho (Monte Belo e Juruaia).

Page 23: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

23

3 METODOLOGIA

Inicialmente se pretendia visitar os cartórios de paz ainda existentes nas três

localidades e entrevistar moradores, porém, as três localidades estudadas:

Douradinho, Barranco Alto e Córrego do Ouro, não possuem acesso asfáltico, e,

para acessarmos Barranco Alto precisamos atravessar a represa de Furnas de

Balsa.

A pesquisa foi feita com base em Revisão Bibliográfica analisada de forma

crítica, investigando informações disponibilizadas em bancos de dados confiáveis.

A compreensão do significado de distrito e município se baseia na extensa

pesquisa de Joaquim Ribeiro da Costa, considerada a mais conceituada obra de

genealogia municipal do estado de Minas Gerais. São desta obra que retiramos os

dados estatísticos e geográficos, bem como as referências à legislação.

O livro de Costa foi adquirido pelo autor pela Internet em sua versão original

de 1972, o possuindo na íntegra.

Todas as leis citadas por Joaquim Ribeiro da Costa foram verificadas no

portal da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

As informações sobre como era Barranco Alto, Córrego do Ouro e Douradinho

na atualidade se basearam em bancos de dados oficiais do IGA, IBGE, entre outras

fontes governamentais e não-governamentais.

Já as informações do passado se basearam nas obras de Bernardino

Saturnino da Veiga, erudito autor do Almanach Sul Mineiro, publicado em 1874 e

depois em 1884. Veiga era bibliotecário da Biblioteca Pública do município de

Campanha, o que na época era posição de extremo prestígio.

Também extraímos informações do Almanak Administrativo Civil e Industrial

da Província de Minas Gerais de autoria de Antônio de Assis Martins, sendo essa

obra menos detalhada e mais esparsa.

A íntegra dos livros de Veiga encontramos na Hemeroteca Digital Brasileira,

da Biblioteca Nacional. Já os livros de Martins estão disponível nos livros de domínio

público do Google Books em banco de dados organizado nos Estados Unidos.

As transcrições, com exceção dos nomes próprios, foram atualizados para

Ortografia adotada a partir de 1971. Os nomes próprios foram conservados e não

atualizados segundo a onomástica por opção do autor.

Page 24: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

24

Quanto ao conceito de História, pautamos em concepções modernas,

baseada nos Annales, e na História Nova (inspirando-se em idéias de Ferdinand

Braudel), mesclando com algumas idéias da história cultural de Carlo Ginzburg,

especialmente no trato da micro-história.

Page 25: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

25

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

No Almanach de Veiga de 1874, p.41, Douradinho e Córrego do Ouro já

constam como distritos na divisão do estado de Minas Gerais. Todos os outros

distritos do Sul de Minas que constavam da mesma lista se tornaram municípios

independentes, e, diversos na época sequer eram distritos, mas meros arraiais (e

hoje são localidades com prefeito, Câmara Municipal, etc).

Sobre Córrego do Ouro consta a informação de que a freguesia havia sido

criada por Lei Municipal em 1873, mas ainda não instalada, situação idêntica à de

outras freguesias como Luminárias, Santa Bárbara das Canoas (Guaranésia), etc.

Veja:

São Joaquim da Serra Negra é a atual Alterosa, Carmo da Escaramuça,

Paraguaçú, Carmo do Campo Grande é Campos Gerais e Machadinho é

Carvalhópolis.

Note que hoje Douradinho é distrito de Machado, mas na época, ambos eram

distritos de Alfenas, onde havia a Câmara Municipal. Igualmente Córrego do Ouro,

na época distrito de Três Pontas tão como Campos Gerais, hoje cidade a qual

“pertence”.

Douradinho também aparece na Comarca Eclesiástica de Alfenas, p. 43.

Todas cidades da lista abaixo se tornaram independentes, exceto Douradinho, e,

note que, todas elas eram consideradas como se iguais fossem.

Page 26: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

26

As eleições para deputados eram indiretas (época pré-Lei Saraiva), e o

Colégio Eleitoral de Alfenas (p.46) possuía 40 eleitores, sendo 8 de Douradinho, um

número expressivo para uma localidade que nunca se tornara uma cidade.

Do Colégio de Alfenas, Machado tinha 5 votos, São Joaquim (Alterosa) tinha

9 votos, Douradinho tinha 8 votos e Carmo da Escaramuça (Paraguaçu) tinha 4

votos. Note que hoje Douradinho é distrito de Machado, mas na época possuía mais

eleitores para escolha dos políticos representantes do que a cidade a qual hoje está

vinculada. (Aliás, a mesma quantidade de votantes que Varginha).

O Almanaque de 1884, na página 65, já apresenta os três distritos que

estudamos como freguesias, sendo Douradinho vinculado à Machado, S. João do

Barranco Alto vinculado à Alfenas e Córrego do Ouro vinculado à Três Pontas.

O mesmo almanaque já apresenta as eleições em distritos diferenciados dos

anteriores, pois, fora implantada as eleições diretas, extinguindo os colégios

eleitorais. O 13º distrito, com sede em Campanha constava Douradinho com 37

eleitores, Barranco Alto, 15 eleitores, Córrego do Ouro 22 eleitores.

Para título de comparação, Campanha tinha 170 eleitores, Três Corações, 72

eleitores, Machado, 59 eleitores, Carvalhópolis (então Machadinho), 83 eleitores,

Varginha, 66 eleitores, Alfenas, 108 eleitores e Lavras 198 eleitores era a cidade

com maior número de eleitores.

Page 27: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

27

4.1 Douradinho ontem e hoje

Colocada no centro de uma ridente colina, cercada de

outras não menos aprazíveis porém menores ondulações de

terra, - esta povoação, situada assim em um belo local e

embalsamada sempre pelas virações das verdejantes e floridas

campinas que a circundam, desperta todavia no espírito de

quem a vê melancólicas cismas e desalentadoras cogitações.

O silêncio que a envolve como se fora uma gélida

mortalha, a quietação quase tumular em que jazem imersas

suas habitações, cujo aspecto sombrio não se casa com a

natureza ridente do sítio, tudo leva no ânimo de quem a

contempla a convicção de que semelhante estado anuncia

ausência de vida e progresso, vida e progressos que a erguerão

certamente um dia à altura da civilização e de seus destinos.

Vendo banhar-lhe as plantas um grande rio, artéria de

comércio importantíssima, tendo em seu seio terras ubérrimas e

possuindo uma população morigerada, de ótima índole, gênio

hospitaleiro e sentimentos patrióticos e piedosos, - nada por

certo consola a freguesia de São João Batista do Douradinho de

seu atual e melancólico estado, senão uma bem fundada

esperança de que o futuro saberá aproveitar os elementos de

prosperidade que a mão dadivosa da Providência por aí

espalhou, e que até hoje tem sido desgraçadamente tão

descurados e esquecidos pelos homens. (Veiga, 1874).

Page 28: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

28

Gerada pelo http://licht.io.inf.br/mg_mapas/mapa/cgi/iga_comeco1024.htm

Reza a tradição que os mais antigos povoadores de Douradinho eram Maria

Leite e seus irmãos, que após a morte de seu pai, Silvestre Leite, afogado no rio

Sapucaí, mandaram enterrá-lo no local onde hoje está a Igreja Matriz, assinalando o

lugar com uma cruz. Após construírem algumas habitações e planejarem a

povoação doaram o patrimônio para construção da vila.

Veiga (1874) afirma que não se sabe quando a povoação ocorreu, pois não

há informações: “Em que ano, porém, isto ocorreu, não o diz a tradição nem nos

informarão aqueles à quem consultados, como os mais conhecedores da origem e

história do lugar”.

Em 19 de outubro de 1813, ainda na colônia, foi criado por Alvará, o Curato

de S. João Batista de Douradinho Em 15 de março de 1840, pela Lei 168 foi

transferida a paróquia para N. S. do Carmo da Escaramuça (e não se fala da criação

da paróquia anteriormente). A Lei 239, de 30 de novembro de 1842 elevou o curato

à freguesia (paróquia), pertencendo ao termo de Campanha. A Lei 1206, de 9 de

agosto de 1864, transferiu a paróquia para Alfenas. A Lei 2084, de 24 de dezembro

Page 29: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

29

de 1874 passou novamente para o município de Campanha, onde foi retirada pela

Lei 2684, de 30 de novembro de 1880, quando criou-se o município de Machado,

anexando-se Douradinho como sua freguesia. O nome era Santo João Batista do

Douradinho até a Lei 843, de 7 de setembro de 1923, quando o nome foi alterado

para Douradinho apenas.

Em Veiga (1874) descreve-se: “A ½ légua desta passa o rio Sapucahy, cujas

margens são cobertas de excelentes matas de cultura. Há também muitos e ótimos

campos para a criação de gados, que é feita em não pequena escala. Cultiva-se na

freguesia a cana de açúcar, o café e o fumo. Alguma quantidade deste, os porcos,

carneiros e bois constituem a exportação do lugar”, mostrando que havia pecuária e

agricultura no local desde remoto tempo, mas, em seguida diz que estão ausentes

na localidade água potável e estradas.

Sobre a falta de estradas, Veiga (1874) ainda afirma que é algo comum em

todo o sul de Minas, dizendo que estradas seriam importantes para tirar a freguesia

da quase segregação que vive do resto do mundo, alegando ser essa a causa

principal do seu longo estacionamento e marasmo.

O Almanaque de 1874 ainda mostra que não havia nenhum filho de

Douradinho cursando estudos superiores. Havia no local uma escola pública de

primeiras letras para o sexo masculino, sendo única aula paga pela província no

local, com média de 50 alunos. Já o Almanaque de 1884 diz que a aula pública de

instrução primária encontrava-se vaga, e havia uma escola particular para meninas

dirigida pela professora Emerenciana Pereira.

Segundo o Almanaque de 1874 havia 8 eleitores no Colégio de Alfenas, 5º

distrito eleitoral, sendo 355 votantes. O correio passava de 6 em 6 dias, na linha que

vai de Campanha até Alfenas. Já o almanaque de 1874 afirma que o estafeta que

vai de Machado até Alfenas, de quatro em quatro dias, nem sempre passa por

Douradinho.

Já o Almanaque de 1884, Veiga alega que metade do território de Douradinho

foi passado para o de Retiro, e, a Igreja passa dificuldades, precisando o pároco

receber de suas “ovelhas” 800$ anuais, sendo que a província pela última vez

ajudou a paróquia há 25 anos, com 1.000$ para as obras da Matriz. O autor também

diz que falta a construção de um dos muros do Cemitério, que está fechado com

cerca de madeira em uma das faces. Também estima que 2.000$ resolveria o

problema da água potável. Estima-se a área da freguesia em 40 alqueiras e

importação anual de 20:000$000. O almanaque ainda apresenta preços das matas,

campos, madeiras, do trabalho dos agricultores, tecidos, ovos, leite, lenha, pedra,

cal de Lavras, frangos, carneiros, etc.

Alguns dados são apresentados em 1884, como a presença de uma banda de

música, 40 casas (sendo 10 construídas nos últimos anos) com aluguel de 5$ a 6$

mensais. Afirma-se existirem no local dois ou três “morféticos” (leprosos).

Page 30: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

30

O almanaque de 1884 também cita como poeta da cidade Joaquim Theophilo

da Trindade, considerado:

“o cantor das Tardes de Primavera, o poeta da Vargem,

produções de esplendidas belezas, publicadas no Monitor Sul-

Mineiro1 e transcritas por numerosos jornais no império, inclusive

o Jornal do Comércio da Corte; talentoso peregrino, imaginação

distintíssima, que passou em tristes e penosos sofrimentos na

curta existência, cerrando os olhos ao mundo, que para ele foi

tão cruel, em 19 de fevereiro de 1878, em casa do prestante

tenente-coronel Flávio Secundo de Salles, que o tratou com

carinho de pai” (VEIGA, 1884)

Afirma Veiga (1884) que as barcas que navegam o Sapucahy que vêm de

Itajubá gastam 12 a 20 dias de viagem, fazendo comércio de sal.

Douradinho Hoje

Douradinho, segundo o IBGE 2010 tinha 1.693 habitantes, sendo 1.083 na

zona urbana e 610 na zona rural. O distrito sede do município de Machado, por sua

vez possuí 30.985 habitantes na zona urbana e apenas 6.010 na zona rural.

O distrito possui o Centro de Educação Infantil Municipal Vovó Guiomar, na

Praça Belo Horizonte, atendendo 47 crianças na Creche e 28 na Pré-Escola em

2015, todos em Tempo Integral (mais de 7 horas de duração); já a EE de

Douradinho tem 84 alunos nos anos iniciais do Ensino Fundamental e 93 nos anos

finais, e mais 40 alunos no Ensino Médio, segundo dados do INEP/Dataescolabrasil.

O distrito fica a 30 km da sede do município em Machado, e está mais

próximo de Cordislândia e de Carvalhópolis do que de Machado.

1 Influente jornal sul-mineiro, editado em Campanha.

Page 31: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

31

Foto do Facebook Distrito de Douradinho Machado / MG (autor desconhecido)

Centro Educacional Vovó Guiomar. Foto: Facebook Distrito de Douradinho Machado

/ MG

Page 32: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

32

EE de Douradinho. Foto: Facebook Distrito de Douradinho Machado / MG

Ponte Cordislândia/Douradinho. Foto: Facebook Distrito de Douradinho Machado /

MG

Page 33: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

33

Cena da Praça Central. Foto: Facebook Distrito de Douradinho Machado / MG

4.2 Córrego do Ouro ontem e hoje

Situado em uma aprasível colina, cercado de ubérrimas

terras e possuindo uma população laboriosa e pacífica, o

Córrego do Ouro promete prosperar em futuro bem próximo.

(VEIGA, 1874)

Page 34: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

34

Gerada pelo http://licht.io.inf.br/mg_mapas/mapa/cgi/iga_comeco1024.htm

O Almanaque de 1874 oferece poucas informações sobre o Córrego do Ouro,

que na época era distrito de Três Pontas (hoje é distrito de Campos Gerais), dizendo

localizar-se a 5 e meia léguas de Três Pontas, “risonho e florecente lugar”.

O distrito foi criado pela Lei 1473, de 9 de junho de 1868, e a freguesia pela

Lei 2.002, de 1º de outubro de 1873, no município de Três Pontas. Foi incorporada

ao município de Campos Gerais em 16 de setembro de 1901, pela Lei 319.

A doação do patrimônio da localidade, considerada no Almanaque de 1884

como “insignificante patrimônio”, foi doada por Job Alves de Figueiredo, que

inclusive auxiliava a construção de casas em suas posses não doadas, cuja

padroeira era Nossa Senhora do Rosário.

Na localidade, já em 1884 existia uma Igreja com duas torres, 60 casas

espalhadas por três ruas e duas praças (da matriz e da cadeia). A localidade se

localizava em local elevado o que na época (1884) dificultava o abastecimento de

água.

Page 35: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

35

Outra figura de destaque na localidade era Miguel Corrêa Lourenço, falecido

em 1880, o já citado alferes Job Alves de Figueiredo (com 72 anos em 1884),

Manoel Thomaz de Oliveira, Joaquim Antônio de Souza Paiva e Antônio Aves de

Figueiredo, este último, que iniciou a construção de uma cadeia cujos alicerces já

estavam prontos na época do almanaque de 1884, contando essa cadeia com

auxílio da Câmara Municipal de Três Pontas em 100$.

O primeiro vigário foi Manoel Esteves Balanzuela Lyra, ficando lá três anos,

sucedido por José Correa de Carvalho, esse último responsável pela conservação

“decente” do cemitério.

Em 1884 haviam duas escolas primárias para ambos os sexos, sendo 26

alunos na escola masculina e 20 alunas na escola feminina. Não havia em 1884

linha de correio. Havia apenas uma pessoa que foi vítima de “morphéa” (lepra) no

local, sem epidemias assoladas.

O relevo é montanhoso, na época do Almanaque de 1884 quase todo coberto

de matas “em sua maior parte estregadas”, o que dificultava a extração de madeiras

pra construção. A principal cultura na época era a cana, mas existia um começo de

plantação de café em 30.000 pés em excelentes condições, e também fumo e

algodão. Além de gado de corte, queijos, pedra de sabão, etc. Além da fábrica de

vinho do português Luciano Veiga da Silva.

Parte da freguesia era dividida pelo rio Sapucaí e pelo riacho Araras com 10

metros de largura e meio metro de profundidade. Hoje tudo se tornou Represa de

Furnas. Na época tais rios ficavam varzeados e chegavam a subir até 6 metros. Pelo

Rio Sapucaí, em terras de Córrego do Ouro, passavam barcas conduzindo sal de

Varginha até Carmo do Rio Claro.

Nas proximidades da localidade havia o bairro de Coqueiros com 30 casas,

com pequenos lavradores, e uma aula particular de instrução primária com mais de

20 alunos regido pelo professor João da Costa Lima.

Córrego do Ouro Hoje

Córrego do Ouro, segundo o IBGE, em 2010 totalizava 3.794 habitantes, e

tinha 2.464 habitantes na zona urbana (mais populoso que muito município) e 1.330

na zona rural. O município sede do distrito, Campos Gerais, possui 16.692

habitantes na zona urbana e 7.114 na zona rural. Veja que o distrito representa alto

percentual em relação à sua sede.

Indica o Dataescolabrasil, no Censo Escolar de 2015, que a Creche Municipal

Dona Maria Carmo Coelho Vieira, possui 97 crianças em tempo integral (mais de 7

Page 36: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

36

horas de educação); que a EM Pedro Júlio, possui 86 alunos na Pré-Escola e 47 nos

anos iniciais do ensino fundamental; e a EE Pe. Antônio Vieira possui 258 alunos

nos anos iniciais, 328 alunos nos anos finais e 154 no ensino médio.

Vista aérea de Córrego do Ouro. Foto da Prefeitura Muncipal.

Córrego do Ouro. Uma das ruas. Foto da Prefeitura Municipal.

Page 37: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

37

Vista Parcial do distrito. Foto da Prefeitura Municipal.

Segundo o site oficial da Prefeitura Municipal de Campos Gerais, publicado

em 9 de janeiro de 2014, o distrito possuía limpeza pública permanente (inclusive

nos terrenos baldios), coleta de lixo três vezes por semana, canalização da rede de

esgoto em 110 metros de rede, projetos sociais, Telecentro comunitário,

equipamento, pontes novas sobre os ribeirões Santo Antônio e Araras. Também

havia sido contratado um médico geriatra e um fisioterapeuta para a localidade, além

de transporte diário de pacientes para Alfenas. Além da construção de uma Creche

do Pró-Infância orçada em R$ 1.573.687,25.

Creche Pró-Infância em fase de finalização em 2014.

Page 38: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

38

4.3 Barranco Alto ontem e hoje

A povoação está colocada no declive de uma formosa

colina, mas é edificada com lamentável desordem. Tem um

cemitério em mal estado, e conta 50 casas de telhas e vinte e

tantas de sapé. Nenhuma aula pública existe para instrução da

mocidade. Há, porém, uma escola particular com a frequência

de 9 alunos. Um ribeirão que passa perto da localidade é que a

abastece d’água, pois na povoação não há fontes.

A freguesia não é muito tranquila, pois, infelizmente são

nela frequentes os distúrbios, não sendo em pequeno número os

assassinatos cometidos aí nos últimos dez anos. Talvez por

estar habituado à desordem, armou-se o povo turbulento em

Agosto de 1882, e procurou criminosamente impedir os

trabalhos da junta do alistamento militar, não trazendo felizmente

consequências deploráveis esse condenável procedimento.

(VEIGA, 1884)

Gerada pelo http://licht.io.inf.br/mg_mapas/mapa/cgi/iga_comeco1024.htm

Page 39: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

39

Por cerca de 1840 começou a fundação do Barranco Ato nas terras de Anna

Joaquina Marques, viúva de José Marques, edificadas as primeiras construções por

José Marques e João Marques filhos destes primeiros. Estes construíram a pequena

capela para São João Batista.

A localidade não crescia pois não havia nenhum terreno público até que D.

Anna Quitéria do Nascimento doou alguns terrenos para edificações. Em seguida

outros proprietários também doaram terrenos para as edificações, com destaque de

Antônio da Silva Ferraz, Antônio Aleixo da Silva e João Alves de Lima.

O nome Barranco Alto se dá às elevadas barrancas do rio Sapucahy, no porto

da freguesia, que, segundo o Almanaque de 1884, estava a ¼ de légua de distância.

O Almanaque de 1884 também diz que a localidade estava em progressiva

decadência, porém, há 10 anos, começou a reerguer-se. O cidadão João Alves de

Lima levou para a cidade o padre Antônio Rocha que ficou por lá por 2 anos, sendo

substituído por Paschoal de Luna que ficou lá 5 anos. Em seguida, por 2 anos, Luiz

Cândido de Souza.

Se tornou distrito em 1º de dezembro de 1873, pela Le 2.042. Em 24 de

dezembro de 1874, pela Lei 2.087, São João do Retiro do Barranco Alto foi elevado

à paróquia, pertencente à comarca eclesiástica de Alfenas. Passou a chamar

Barranco Alto apenas em 9 de novembro de 1924, pela Lei 860.

Não havia abastecimento de água na cidade, mas, um ribeirão límpido que

passava próximo do povoado antes de desaguar no Sapucaí. Não havendo auxílio

do governo o aluguel das casas da povoação girava em 60% por ano, tendo a

população aumentado em 10 ou 12 morféticos (leprosos) segundo Veiga (1884). O

patrimônio do local era de 20 alqueires, havendo bastante terra devoluta.

A freguesia importava 20:000$, e a arroba era paga por 4$. Fazia divisa com

os rios Sapucaí, Cabo Verde e outros córregos, atualmente alagados pela Represa

de Furnas. O Cabo Verde desaguava em Barranco Alto com todas as águas deste e

de seus afluentes para o Sapucaí.

Em 1884 havia produção de alimentos e pouca produção de cana, café e

algodão. Hoje o café é produzido em larga escala na localidade, que ainda pertence

ao município de Alfenas, e dele é separada pela Represa de Furnas sem ligações

terrestres.

Relata-se no mesmo almanaque que no período de chuvas o Sapucaí erguia

16 palmos e parecia que Barranco Alto era “uma ilha em meio de grande lago” (uma

península, na verdade). Esse fato dificultava o trânsito.

Page 40: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

40

Interessante notar que o Almanaque de 1884, após narrar a dificuldade de

trânsito com a cheia, diz que Barranco Alto estava no centro da estrada de São

Joaquim (Alterosa) para Três Pontas, de Alfenas para Passos e Carmo do Rio Claro.

Hoje tais estradas inexistem, pois foram alagadas pela Represa de Furnas. Aliás,

por sinal, não existe nenhum acesso asfáltico para a localidade.

O almanaque explica que é necessário construir uma ponte sobre o Sapucaí

no porto da povoação e “Os viajantes para transporem o rio são forçados a se

utilizarem de uma velha barca, pagando 200 réis pela passagem de cada animal”.

Até hoje atravessar o Rio (atualmente Represa de Furnas), é necessário utilizar-se

de Balsas pagas, e, alguns estudantes são transportados até a sede do município

com lanchas escolares.

O correio do local está no trecho Alfenas-Passos, e passa de 8 em 8 dias.

Fala-se no bairro Manda Saia, com 50 casas espalhadas e distância de ¾ de légua.

Tal bairro existe até hoje, e lá havia uma escola rural administrada pelo mesmo

dirigente da atual escola do bairro Barranco Alto.

Barranco Alto Hoje

Anos depois da fundação de Alfenas os mineiros

fundaram nas Barrancas do rio Sapucaí, a 43 quilômetros da

cidade do Vieiras, o Retiro de São João Batista, que nos idos de

1888 passou a ser denominado de Barranco Alto. O local,

agradável, de ótimo clima e de boa água, tornou-se distrito de

Alfenas e na década de 1940 desenvolveu-se, chegando a

contar com Agência dos Correios, com Agência do Banco

Financial da Produção SA, e com vários estabelecimentos

comerciais, além de uma fábrica de laticínios, orgulho do prefeito

Romeu Vieira, um dos descendentes mais politizados do

fundador de Alfenas.

O transporte de mercadorias para Barranco Alto que

fervilhava de gente era feito por via fluvial, através dos vapores

que cortavam o Sapucaí, majestoso e sereno e também por

carros de boi. Os passageiros usavam a velha jardineira do

Batista que fazia a Linha de Alfenas a Carmo do Rio Claro,

passando pelo povoado de Barranco Alto. Onde o Padre

Clodomiro de Mesquita Reis inovava os costumes da Igreja,

usando auto-falante, no templo cristão, para divulgar as notícias,

as músicas cantadas por Chico Viola, Carlos Galhardo, Vicente

Celestino e também os hinos patrióticos.

Page 41: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

41

Com o passar dos anos o povoado de Barranco Alto foi

decaindo com a passagem da monocultura do café para a

criação de gado. “Onde entrava o pé do boi saia o pé do

homem”. Com a saída do ruralista do campo o povoado sofreu

as consequências. Os comerciantes encerraram suas atividades

por falta de consumidores e o Banco Financial fechou a sua

agência. O mesmo aconteceu com o Correio e Barranco Alto foi

rapidamente se transformando em um local abandonado.

Quando represaram e rio e fizeram a represa de Furnas,

muitos perderam terras, casas e resolveram ir para Alfenas.

Atualmente Barranco Alto tem posto de saúde, igrejas,

cartório, posto do correio, mercearias, padarias, bares,

restaurante e escola que atende a Educação Infantil, Ensino

Fundamental completo e Ensino Médio. O local é tranquilo e as

pessoas que ali residem são hospitaleiras e muito atenciosas.

De: http://alfenasnossahistoria.xpg.uol.com.br/barrancoalto.html

Foto de “Alfenas Nossa História”

Page 42: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

42

Foto de “Alfenas Nossa História”

Foto de “Alfenas Nossa História”

Page 43: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

43

Foto de “Alfenas Nossa História”

Barranco Alto, segundo o IBGE em 2010 tinha 1.157 habitantes, sendo 382

na zona urbana e 775 na zona rural, um número bastante inferior aos dados do

século XIX. Já o distrito sede de Alfenas possuía 68.794 habitantes na zona urbana

e 3.823 na zona rural, sendo portanto, Barranco Alto, isolado geograficamente e com

pouca força política devido ao baixo porcentual populacional em relação ao

município sede. A força política precária fez com que o distrito fosse asfaltado

apenas em 2012, e apenas em parte da cidade. Imaginem uma povoação antiga e

povoada sem pavimentação em qualquer uma de suas ruas em pleno século XXI!

A região é turística e o Barranco Alto se tornou uma verdadeira península, por

se encontrar no antigo entroncamento dos Rios Cabo Verde e Rio Sapucaí, sendo

alagados pelo Lago de Furnas. Hoje os estudantes da localidade são servidos por

lanchas escolares.

Segundo o Dataescolabrasil, no Censo Escolar de 2015, a EM Abrão Adolpho

Engel, possuía 20 alunos na Pré-Escola, 47 alunos nos Anos Iniciais do Ensino

Fundamental e 86 nos anos finais, além de atender três classes de Ensino Médio,

anexas da EE Judith Vianna, localizada no distrito sede.

Page 44: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

44

Vista Aérea de Barranco Alto. Fonte: Alfenasnossahistoria

Vista Aérea de Barranco Alto. Fonte: Minasacontece

Page 45: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

45

Mapa do Distrito - Google

Page 46: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

46

5 CONCLUSÃO

Esse trabalho apenas apresentou a evolução da concepção de unidade

básica do estado de Minas Gerais, apresentando Douradinho, Córrego do Ouro e

Barranco Alto, com seus contextos históricos e a atual situação de cada localidade

no presente ano de 2015.

É notável que tratavam-se de unidades importantes de Minas Gerais, mas

hoje são apenas pequeninos distritos, sem importância no contexto estadual, por

não terem prefeito, Câmara Municipal, e sequer via asfáltica.

Vimos que algumas localidades como Douradinho e Córrego do Ouro são

bastante populosos, mais do que o comum para um distrito, e, Barranco Alto, pouco

populoso, é importante geograficamente.

As hipóteses sobre a não transformação dessas unidades em municípios,

como ocorreu com localidades formadas mais de um século depois, podem ter

várias explicações, como o fim da expansão ferroviária, a localização geográfica não

privilegiada de cada distrito e o alagamento da represa de Furnas nos anos 60,

assuntos que devem ser explorados em outras pesquisas.

Page 47: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

47

6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, Joaquim Ribeiro. Toponímia de Minas Gerais com estudo da Divisão

Territorial Administrativa. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado, 1970.

MARTINS, Antonio de Assis; OLIVEIRA, HARQUES Almanak Administrativo Civil

e Industrial da Província de Minas Gerais para o anno de 1865. Ouro Preto:

Província de Minas Gerais, 1864.

MARTINS, Antonio de Assis. Almanak Administrativo Civil e Industrial da

Província de Minas Gerais do ano de 1874 para servir no de 1875. Ouro Preto:

Província de Minas Gerais, 1874

MARTINS, Antonio de Assis. Almanak Administrativo Civil e Industrial da

Província de Minas Gerais do ano de 1872 para servir no de 1873. Ouro Preto:

Província de Minas Gerais, 1873.

VEIGA, Bernardo Saturnino. Almanach Sul-Mineiro para 1874. Campanha: Monitor

Sul-Mineiro: 1874.

VEIGA, Bernardo Saturnino. Almanak Sul-Mineiro para 1884. Campanha: Monitor

Sul-Mineiro: 1884.

Page 48: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

48

ANEXO I - ALMANACH SUL-MINEIRO PARA 1874 (EXCERTOS)

Excertos de Veiga (1874):

Page 49: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

49

Page 50: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

50

Page 51: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

51

Page 52: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

52

Page 53: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

53

Page 54: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

54

Page 55: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

55

ANEXO II - ALMANACH SUL-MINEIRO PARA 1884 (EXCERTOS)

Page 56: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

56

Page 57: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

57

Page 58: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

58

Page 59: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

59

Page 60: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

60

Page 61: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

61

Page 62: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

62

Page 63: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

63

Page 64: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

64

Page 65: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

65

Page 66: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

66

Page 67: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

67

ANEXO III - OUTRAS INFORMAÇÕES DO ALMANACH

Lista de Assinantes do Almanach de 1884

Em Barranco Alto havia um único assinante João Alves de Lima. Em Douradinho

eram assinantes José de Arimathéa Moraes e Manoel Alves Pereira. Em Córrego do

Ouro eram assinantes o Alferes Job Alves de Figueiredo, o Vigário José Corrêa de

Carvalho, Luciano Veiga da Silva e Zeferino José de Moraes.

Listagem de Eleitores em 1884

Page 68: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

68

Page 69: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

69

População em 1874. Censo de 1º de agosto de 1873, com as 72 freguesias do Sul

de Minas, e total de 383.393 habitantes.

Campanha 7.546

Águas Virtuosas (Lambari) 2.823

Lambary (Jesuânia) 2.408

Mutuca (Elói Mendes) 4.513

Rio Verde (Três Corações) 3.154

S. Gonçalo (do Sapucaí) 7.077

Machadinho (Carvalhópolis) 3.216

Santa Rita do Sapucahy 5.391

Três Pontas 10.770

Campo Grande (Campos Gerais) 6.171

Varginha 7.195

Cachoeira (Carmo da Cachoeira) 5.410

Boa Esperança 10.456

Coqueiros (Coqueiral) 3.614

Agua-pé (Guapé) 6.407

Lavras 11.327

S. João Nepomuceno (Nepomuceno) 6.413

Perdões 8.660

Alfenas 4.600

S. Joaquim (Alterosa) 6.809

Areado 4.057

Conceição da Boa Vista (Divisa Nova) 2.876

Machado 3.950

Carmo da Escaramuça (Paraguaçu) 2.800

Page 70: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

70

Douradinho 3.089

Carmo do Rio Claro 5.715

Santa Rita de Cássia (Santa Rita de

Caldas)

2.893

Campestre 4.550

S. Sebastião do Jaguary (Andradas) 3.139

Cabo Verde 4.806

Santa Rita do Rio Claro (Nova Resende) 3.762

Muzambinho 4.919

Guaxupé 4.451

Passos 7.653

Ventania (Alpinópolis) 4.188

Santa Rita de Cássia de Passos

(Cássia)

2.051

São Sebastião do Paraíso 7.616

Monte Santo 7.361

Jaguary (Camanducaia) 3.368

Cambuhy 2.264

Campo Mystico (Bueno Brandão) 5.058

S. José de Tolledo (Toledo) 1.564

Santa Rita da Extrema (Extrema) 3.394

Ouro Fino 9.197

Jacotinga 4.351

Pouso Alegre 7.339

Borda da Matta 5.563

Estiva 4.967

Sant’Anna do Sapucahy (Silvianópolis) 9.698

Page 71: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

71

Itajubá 4.740

Vargem Grande (Brasópolis) 4.946

Soledade de Itajubá (Soledade de

Minas)

5.181

Pirangussú 3.003

S. José do Paraíso (Paraisópolis) 10.176

Capivary (Consolação) 3.411

S. João Baptista das Cachoeiras

(Cachoeira de Minas)

7.948

Christina 5.104

Virgínia 3.872

Carmo do Rio Verde (Carmo de Minas) 5.488

Santa Catharina (Natércia) 4.959

S. Sebastião da Pedra Branca

(Pedralva)

4.989

Pouso Alto 7.062

S. José do Picú (Itamonte) 3.787

Passa Quatro 3.385

Baependy 15.668

S. Thomé (das Letras) 3.932

Conceição do Rio Verde 3.019

Ayuruoca 4.262

Alagôa 2.558

Bocaina 5.167

Livramento (Liberdade) 1.953

Serranos 2.734

Nomes atuais daquelas freguesias de acordo com Costa (1970)

Page 72: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

72

ANEXO IV - POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS, BAIRROS E DISTRITOS DO SUL

DE MINAS

(POPULAÇÃO TOTAL)

Variável = População residente (Pessoas)

Situação do domicílio = Total

Sexo = Total

Idade = Total

Condição no domicílio e o compartilhamento da responsabilidade pelo domicílio = Total

Ano = 2010

Brasil, Município, Distrito, Subdistrito e Bairro

Brasil 190.755.799

Aiuruoca - MG 6.162

Alagoa - MG 2.709

Albertina - MG 2.913

Alfenas - MG 73.774

Alpinópolis - MG 18.488

Alterosa - MG 13.717

Andradas - MG 37.270

Andrelândia - MG 12.173

Arantina - MG 2.823

Arceburgo - MG 9.509

Areado - MG 13.731

Baependi - MG 18.307

Bandeira do Sul - MG 5.338

Boa Esperança - MG 38.516

Bocaina de Minas - MG 5.007

Bom Jardim de Minas - MG 6.501

Bom Jesus da Penha - MG 3.887

Bom Repouso - MG 10.457

Borda da Mata - MG 17.118

Botelhos - MG 14.920

Brazópolis - MG 14.661

Bueno Brandão - MG 10.892

Cabo Verde - MG 13.823

Cachoeira de Minas - MG 11.034

Caldas - MG 13.633

Camanducaia - MG 21.080

Cambuí - MG 26.488

Cambuquira - MG 12.602

Campanha - MG 15.433

Campestre - MG 20.686

Campo do Meio - MG 11.476

Campos Gerais - MG 27.600

Capetinga - MG 7.089

Capitólio - MG 8.183

Careaçu - MG 6.298

Page 73: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

73

Carmo da Cachoeira - MG 11.836

Carmo de Minas - MG 13.750

Carmo do Rio Claro - MG 20.426

Carvalhópolis - MG 3.341

Carvalhos - MG 4.556

Cássia - MG 17.412

Caxambu - MG 21.705

Claraval - MG 4.542

Conceição da Aparecida - MG 9.820

Conceição das Pedras - MG 2.749

Conceição do Rio Verde - MG 12.949

Conceição dos Ouros - MG 10.388

Congonhal - MG 10.468

Consolação - MG 1.727

Coqueiral - MG 9.289

Cordislândia - MG 3.435

Córrego do Bom Jesus - MG 3.730

Cristina - MG 10.210

Cruzília - MG 14.591

Delfim Moreira - MG 7.971

Delfinópolis - MG 6.830

Divisa Nova - MG 5.763

Dom Viçoso - MG 2.994

Elói Mendes - MG 25.220

Espírito Santo do Dourado - MG 4.429

Estiva - MG 10.845

Extrema - MG 28.599

Fama - MG 2.350

Fortaleza de Minas - MG 4.098

Gonçalves - MG 4.220

Guapé - MG 13.872

Guaranésia - MG 18.714

Guaxupé - MG 49.430

Heliodora - MG 6.121

Ibiraci - MG 12.176

Ibitiúra de Minas - MG 3.382

Ilicínea - MG 11.488

Inconfidentes - MG 6.908

Ipuiúna - MG 9.521

Itajubá - MG 90.658

Itamogi - MG 10.349

Itamonte - MG 14.003

Itanhandu - MG 14.175

Itapeva - MG 8.664

Itaú de Minas - MG 14.945

Jacuí - MG 7.502

Jacutinga - MG 22.772

Jesuânia - MG 4.768

Juruaia - MG 9.238

Page 74: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

74

Lambari - MG 19.554

Liberdade - MG 5.346

Machado - MG 38.688

Maria da Fé - MG 14.216

Marmelópolis - MG 2.968

Minduri - MG 3.840

Monsenhor Paulo - MG 8.161

Monte Belo - MG 13.061

Monte Santo de Minas - MG 21.234

Monte Sião - MG 21.203

Munhoz - MG 6.257

Muzambinho - MG 20.430

Natércia - MG 4.658

Nova Resende - MG 15.374

Olímpio Noronha - MG 2.533

Ouro Fino - MG 31.568

Paraguaçu - MG 20.245

Paraisópolis - MG 19.379

Passa Quatro - MG 15.582

Passa-Vinte - MG 2.079

Passos - MG 106.290

Pedralva - MG 11.467

Piranguçu - MG 5.217

Piranguinho - MG 8.016

Poço Fundo - MG 15.959

Poços de Caldas - MG 152.435

Pouso Alegre - MG 130.615

Pouso Alto - MG 6.213

Pratápolis - MG 8.807

Santana da Vargem - MG 7.231

Santa Rita de Caldas - MG 9.027

Santa Rita do Sapucaí - MG 37.754

São Bento Abade - MG 4.577

São Gonçalo do Sapucaí - MG 23.906

São João Batista do Glória - MG 6.887

São João da Mata - MG 2.731

São José da Barra - MG 6.778

São José do Alegre - MG 3.996

São Lourenço - MG 41.657

São Pedro da União - MG 5.040

São Sebastião da Bela Vista - MG 4.948

São Sebastião do Paraíso - MG 64.980

São Sebastião do Rio Verde - MG 2.110

São Tomás de Aquino - MG 7.093

São Thomé das Letras - MG 6.655

São Vicente de Minas - MG 7.008

Sapucaí-Mirim - MG 6.241

Senador Amaral - MG 5.219

Senador José Bento - MG 1.868

Page 75: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

75

Seritinga - MG 1.789

Serrania - MG 7.542

Serranos - MG 1.995

Silvianópolis - MG 6.027

Soledade de Minas - MG 5.676

Tocos do Moji - MG 3.950

Toledo - MG 5.764

Três Corações - MG 72.765

Três Pontas - MG 53.860

Turvolândia - MG 4.658

Varginha - MG 123.081

Virgínia - MG 8.623

Wenceslau Braz - MG 2.553

Aiuruoca - Aiuruoca - MG 6.162

Alagoa - Alagoa - MG 2.709

Albertina - Albertina - MG 2.913

Alfenas - Alfenas - MG 72.617

Barranco Alto - Alfenas - MG 1.157

Alpinópolis - Alpinópolis - MG 18.488

Alterosa - Alterosa - MG 11.394

Divino Espírito Santo - Alterosa - MG 2.323

Andradas - Andradas - MG 34.006

Gramínea - Andradas - MG 2.492

Campestrinho - Andradas - MG 772

Andrelândia - Andrelândia - MG 12.173

Arantina - Arantina - MG 2.823

Arceburgo - Arceburgo - MG 9.509

Areado - Areado - MG 13.731

Baependi - Baependi - MG 18.307

Bandeira do Sul - Bandeira do Sul - MG 5.338

Boa Esperança - Boa Esperança - MG 38.516

Bocaina de Minas - Bocaina de Minas - MG 2.778

Mirantão - Bocaina de Minas - MG 2.229

Bom Jardim de Minas - Bom Jardim de Minas - MG 5.820

Tabuão - Bom Jardim de Minas - MG 681

Bom Jesus da Penha - Bom Jesus da Penha - MG 3.887

Bom Repouso - Bom Repouso - MG 10.457

Borda da Mata - Borda da Mata - MG 13.223

Cervo - Borda da Mata - MG 2.239

Sertãozinho - Borda da Mata - MG 1.656

Botelhos - Botelhos - MG 11.708

Palmeiral - Botelhos - MG 2.318

São Gonçalo de Botelhos - Botelhos - MG 894

Brazópolis - Brazópolis - MG 11.282

Dias - Brazópolis - MG 2.010

Luminosa - Brazópolis - MG 1.369

Bueno Brandão - Bueno Brandão - MG 10.892

Cabo Verde - Cabo Verde - MG 9.407

Serra dos Lemes - Cabo Verde - MG 2.915

Page 76: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

76

São Bartolomeu de Minas - Cabo Verde - MG 1.501

Cachoeira de Minas - Cachoeira de Minas - MG 9.428

Itaim - Cachoeira de Minas - MG 1.606

Caldas - Caldas - MG 9.142

Laranjeiras de Caldas - Caldas - MG 1.267

Santana de Caldas - Caldas - MG 1.075

São Pedro de Caldas - Caldas - MG 2.149

Camanducaia - Camanducaia - MG 15.531

Monte Verde - Camanducaia - MG 4.132

São Mateus de Minas - Camanducaia - MG 1.417

Cambuí - Cambuí - MG 26.488

Cambuquira - Cambuquira - MG 12.602

Campanha - Campanha - MG 15.433

Campestre - Campestre - MG 20.686

Campo do Meio - Campo do Meio - MG 11.476

Campos Gerais - Campos Gerais - MG 23.806

Córrego do Ouro - Campos Gerais - MG 3.794

Capetinga - Capetinga - MG 5.857

Goianases - Capetinga - MG 1.232

Capitólio - Capitólio - MG 8.183

Careaçu - Careaçu - MG 6.298

Carmo da Cachoeira - Carmo da Cachoeira - MG 11.268

Palmital do Cervo - Carmo da Cachoeira - MG 568

Carmo de Minas - Carmo de Minas - MG 13.750

Carmo do Rio Claro - Carmo do Rio Claro - MG 19.205

Itaci - Carmo do Rio Claro - MG 1.221

Carvalhópolis - Carvalhópolis - MG 3.341

Carvalhos - Carvalhos - MG 4.245

Franceses - Carvalhos - MG 311

Cássia - Cássia - MG 17.412

Caxambu - Caxambu - MG 21.705

Claraval - Claraval - MG 4.542

Conceição da Aparecida - Conceição da Aparecida - MG 9.820

Conceição das Pedras - Conceição das Pedras - MG 2.749

Conceição do Rio Verde - Conceição do Rio Verde - MG 12.435

Águas de Contendas - Conceição do Rio Verde - MG 514

Conceição dos Ouros - Conceição dos Ouros - MG 10.388

Congonhal - Congonhal - MG 10.468

Consolação - Consolação - MG 1.727

Coqueiral - Coqueiral - MG 8.296

Frei Eustáquio - Coqueiral - MG 993

Cordislândia - Cordislândia - MG 3.435

Córrego do Bom Jesus - Córrego do Bom Jesus - MG 3.730

Cristina - Cristina - MG 10.210

Cruzília - Cruzília - MG 14.591

Delfim Moreira - Delfim Moreira - MG 7.971

Delfinópolis - Delfinópolis - MG 4.458

Babilônia - Delfinópolis - MG 1.404

Olhos D'Água da Canastra - Delfinópolis - MG 968

Page 77: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

77

Divisa Nova - Divisa Nova - MG 5.763

Dom Viçoso - Dom Viçoso - MG 2.994

Elói Mendes - Elói Mendes - MG 25.220

Espírito Santo do Dourado - Espírito Santo do Dourado - MG 4.429

Estiva - Estiva - MG 9.297

Pântano - Estiva - MG 1.548

Extrema - Extrema - MG 28.599

Fama - Fama - MG 2.350

Fortaleza de Minas - Fortaleza de Minas - MG 4.098

Gonçalves - Gonçalves - MG 4.220

Guapé - Guapé - MG 13.185

Araúna - Guapé - MG 687

Guaranésia - Guaranésia - MG 16.840

Santa Cruz do Prata - Guaranésia - MG 1.874

Guaxupé - Guaxupé - MG 49.430

Heliodora - Heliodora - MG 6.121

Ibiraci - Ibiraci - MG 12.176

Ibitiúra de Minas - Ibitiúra de Minas - MG 3.382

Ilicínea - Ilicínea - MG 11.488

Inconfidentes - Inconfidentes - MG 6.908

Ipuiúna - Ipuiúna - MG 9.521

Itajubá - Itajubá - MG 89.377

Lourenço Velho - Itajubá - MG 1.281

Itamogi - Itamogi - MG 10.349

Itamonte - Itamonte - MG 14.003

Itanhandu - Itanhandu - MG 14.175

Itapeva - Itapeva - MG 8.664

Itaú de Minas - Itaú de Minas - MG 14.945

Jacuí - Jacuí - MG 7.502

Jacutinga - Jacutinga - MG 20.780

São Sebastião dos Robertos - Jacutinga - MG 987

Sapucaí - Jacutinga - MG 1.005

Jesuânia - Jesuânia - MG 4.768

Juruaia - Juruaia - MG 9.238

Lambari - Lambari - MG 19.554

Liberdade - Liberdade - MG 5.346

Machado - Machado - MG 36.995

Douradinho - Machado - MG 1.693

Maria da Fé - Maria da Fé - MG 12.932

Pintos Negreiros - Maria da Fé - MG 1.284

Marmelópolis - Marmelópolis - MG 2.968

Minduri - Minduri - MG 3.840

Monsenhor Paulo - Monsenhor Paulo - MG 8.161

Monte Belo - Monte Belo - MG 10.209

Juréia - Monte Belo - MG 1.689

Santa Cruz da Aparecida - Monte Belo - MG 1.163

Monte Santo de Minas - Monte Santo de Minas - MG 19.101

Milagre - Monte Santo de Minas - MG 2.133

Monte Sião - Monte Sião - MG 21.203

Page 78: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

78

Munhoz - Munhoz - MG 6.257

Muzambinho - Muzambinho - MG 20.430

Natércia - Natércia - MG 4.658

Nova Resende - Nova Resende - MG 13.437

Petúnia - Nova Resende - MG 1.937

Olímpio Noronha - Olímpio Noronha - MG 2.533

Ouro Fino - Ouro Fino - MG 28.377

Crisólia - Ouro Fino - MG 1.770

São José do Mato Dentro - Ouro Fino - MG 1.421

Paraguaçu - Paraguaçu - MG 19.257

Guaipava - Paraguaçu - MG 988

Paraisópolis - Paraisópolis - MG 18.172

Costas - Paraisópolis - MG 1.207

Passa Quatro - Passa Quatro - MG 11.895

Pé do Morro - Passa Quatro - MG 1.642

Pinheirinhos - Passa Quatro - MG 2.045

Passa-Vinte - Passa-Vinte - MG 2.079

Passos - Passos - MG 106.290

Pedralva - Pedralva - MG 11.467

Piranguçu - Piranguçu - MG 5.217

Piranguinho - Piranguinho - MG 4.899

Olegário Maciel - Piranguinho - MG 1.410

Santa Bárbara do Sapucaí - Piranguinho - MG 1.707

Poço Fundo - Poço Fundo - MG 14.564

Paiolinho - Poço Fundo - MG 1.395

Poços de Caldas - Poços de Caldas - MG 152.435

Pouso Alegre - Pouso Alegre - MG 127.854

Sao José do Pântano - Pouso Alegre - MG 2.761

Pouso Alto - Pouso Alto - MG 4.689

Santana do Capivari - Pouso Alto - MG 1.524

Pratápolis - Pratápolis - MG 8.807

Santana da Vargem - Santana da Vargem - MG 7.231

Santa Rita de Caldas - Santa Rita de Caldas - MG 7.159

Pião - Santa Rita de Caldas - MG 629

São Bento de Caldas - Santa Rita de Caldas - MG 1.239

Santa Rita do Sapucaí - Santa Rita do Sapucaí - MG 37.754

São Bento Abade - São Bento Abade - MG 4.577

São Gonçalo do Sapucaí - São Gonçalo do Sapucaí - MG 21.544

Ferreiras - São Gonçalo do Sapucaí - MG 933

Ribeiros - São Gonçalo do Sapucaí - MG 1.429

São João Batista do Glória - São João Batista do Glória - MG 6.887

São João da Mata - São João da Mata - MG 2.731

São José da Barra - São José da Barra - MG 6.778

São José do Alegre - São José do Alegre - MG 3.996

São Lourenço - São Lourenço - MG 41.657

São Pedro da União - São Pedro da União - MG 5.040

São Sebastião da Bela Vista - São Sebastião da Bela Vista - MG 4.948

São Sebastião do Paraíso - São Sebastião do Paraíso - MG 63.051

Guardinha - São Sebastião do Paraíso - MG 1.929

Page 79: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

79

São Sebastião do Rio Verde - São Sebastião do Rio Verde - MG 2.110

São Tomás de Aquino - São Tomás de Aquino - MG 7.093

São Thomé das Letras - São Thomé das Letras - MG 6.655

São Vicente de Minas - São Vicente de Minas - MG 7.008

Sapucaí-Mirim - Sapucaí-Mirim - MG 6.241

Senador Amaral - Senador Amaral - MG 2.960

Ponte Segura - Senador Amaral - MG 2.259

Senador José Bento - Senador José Bento - MG 1.868

Seritinga - Seritinga - MG 1.789

Serrania - Serrania - MG 7.542

Serranos - Serranos - MG 1.995

Silvianópolis - Silvianópolis - MG 6.027

Soledade de Minas - Soledade de Minas - MG 5.676

Tocos do Moji - Tocos do Moji - MG 3.950

Toledo - Toledo - MG 5.764

Três Corações - Três Corações - MG 72.765

Três Pontas - Três Pontas - MG 51.227

Pontalete - Três Pontas - MG 2.633

Turvolândia - Turvolândia - MG 4.658

Varginha - Varginha - MG 123.081

Virgínia - Virgínia - MG 8.623

Wenceslau Braz - Wenceslau Braz - MG 1.956

Itererê - Wenceslau Braz - MG 597

Barra - Delfim Moreira - Delfim Moreira - MG 1.268

1 Subdistrito - Itajubá - Itajubá - MG 52.737

Piedade - Itajubá - Itajubá - MG 13.360

Quadrante Central - Pouso Alegre - Pouso Alegre - MG 4.578

Quadrante Nordeste - Pouso Alegre - Pouso Alegre - MG 30.640

Quadrante Centro-Sul - Pouso Alegre - Pouso Alegre - MG 11.116

Quadrante Sudeste - Pouso Alegre - Pouso Alegre - MG 20.069

Quadrante Sudoeste - Pouso Alegre - Pouso Alegre - MG 12.022

Quadrante Noroeste - Pouso Alegre - Pouso Alegre - MG 40.570

Quadrante Industrial - Pouso Alegre - Pouso Alegre - MG 22

Rosário - Areado - MG 3.292

São Vicente - Areado - MG 1.483

Centro - Passos - MG 5.212

São Francisco - Passos - MG 7.071

Penha - Passos - MG 7.131

Santa Casa - Passos - MG 1.886

Canjeranus - Passos - MG 3.061

São Benedito - Passos - MG 3.159

Belo Horizonte - Passos - MG 6.070

Nossa Senhora das Graças - Passos - MG 2.930

Muarama - Passos - MG 4.270

Universitário - Passos - MG 40

Aeroporto - Passos - MG 127

Cohab - Passos - MG 11.896

Vila São José - Passos - MG 201

Califórnia - Passos - MG 6.436

Page 80: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

80

Coimbras - Passos - MG 7.203

Polivalente - Passos - MG 2.568

Santa Luzia - Passos - MG 8.895

Bela Vista - Passos - MG 6.664

Jardim Colégio de Passos - Passos - MG 2.160

Vila Rica - Passos - MG 4.641

Aclimação - Passos - MG 3.876

Nossa Senhora Aparecida - Passos - MG 3.729

João Paulo II - Passos - MG 1.616

Região Urbana Homogênea I - Poços de Caldas - MG 869

Região Urbana Homogênea II - Poços de Caldas - MG 760

Região Urbana Homogênea III - Poços de Caldas - MG 9.041

Região Urbana Homogênea IV - Poços de Caldas - MG 8.604

Região Urbana Homogênea V - Poços de Caldas - MG 3.115

Região Urbana Homogênea VI - Poços de Caldas - MG 2.050

Região Urbana Homogênea VII - Poços de Caldas - MG 881

Região Urbana Homogênea VIII - Poços de Caldas - MG 7.009

Região Urbana Homogênea IX - Poços de Caldas - MG 3.993

Região Urbana Homogênea X - Poços de Caldas - MG 9.709

Região Urbana Homogênea XI - Poços de Caldas - MG 4.594

Região Urbana Homogênea XII - Poços de Caldas - MG 16.456

Região Urbana Homogênea XIII - Poços de Caldas - MG 11.415

Região Urbana Homogênea XIV - Poços de Caldas - MG 3.373

Região Urbana Homogênea XV - Poços de Caldas - MG 7.647

Região Urbana Homogênea XVI - Poços de Caldas - MG 1.408

Região Urbana Homogênea XVII - Poços de Caldas - MG 6.546

Região Urbana Homogênea XVIII - Poços de Caldas - MG 11.433

Região Urbana Homogênea XIX - Poços de Caldas - MG 7.833

Região Urbana Homogênea XX - Poços de Caldas - MG 2.534

Região Urbana Homogênea XXI - Poços de Caldas - MG 1.448

Região Urbana Homogênea XXII - Poços de Caldas - MG 13.339

Região Urbana Homogênea XXIII - Poços de Caldas - MG 1.468

Região Urbana Homogênea XXIV - Poços de Caldas - MG 5.134

Região Urbana Homogênea XXV - Poços de Caldas - MG 747

Região Urbana Homogênea XXVI - Poços de Caldas - MG 34

Região Urbana Homogênea XXVII - Poços de Caldas - MG 668

Centro - Varginha - MG 4.813

Floresta - Varginha - MG 4.764

Jardim Andere - Varginha - MG 2.475

Vale dos Ipês - Varginha - MG 500

Santa Luíza - Varginha - MG 1.308

Canaã - Varginha - MG 4.151

Fátima - Varginha - MG 5.668

Catanduvas - Varginha - MG 3.587

Vila Pinto - Varginha - MG 1.991

Bela Vista - Varginha - MG 1.470

Boa Vista - Varginha - MG 2.621

Bom Pastor - Varginha - MG 5.753

Campos Elíseos - Varginha - MG 5.167

Page 81: FREGUESIAS ESQUECIDAS: “CIDADES” DO SÉCULO XIX QUE NUNCA SE TORNARAM CIDADES

81

Barcelona - Varginha - MG 7.635

Santa Maria - Varginha - MG 3.766

Vargem - Varginha - MG 2.099

Cidade Nova - Varginha - MG 6.322

Santana - Varginha - MG 5.215

Sion - Varginha - MG 10.977

Padre Vitor - Varginha - MG 2.385

Damasco - Varginha - MG 4.190

Centenário - Varginha - MG 5.098

Rezende - Varginha - MG 2.122

Distrito Industrial Cláudio Galvão Nogueira - Varginha - MG 68

Parque de Exposições - Varginha - MG 1.590

Imaculada Conceição - Varginha - MG 4.408

Urupês - Varginha - MG 1.253

Industrial Miguel de Luca - Varginha - MG 2.147

Industrial JK - Varginha - MG 1.049

Aeroporto - Varginha - MG 71

Condomínio Ilha das Orquídeas - Varginha - MG 254

Parque Mariela - Varginha - MG 942

Jardim Áurea - Varginha - MG 1.096

Área Urbana XXXI - Parque Rinaldo - Varginha - MG 2.121

Área Urbana XXX-Corcetti - Varginha - MG 4.902

Área Urbana XVII - Pinheiros - Varginha - MG 3.867

Condomínio Lagamar - Varginha – MG 27

Fonte: IBGE