FREUD E SCHOPENHAUER: APROXIMAÇÕES ENTRE OS CONCEITOS DE ... · leiga; Moisés e o monoteísmo,...
Embed Size (px)
Transcript of FREUD E SCHOPENHAUER: APROXIMAÇÕES ENTRE OS CONCEITOS DE ... · leiga; Moisés e o monoteísmo,...
113
FREUD E SCHOPENHAUER: APROXIMAES ENTRE OS CONCEITOS DE PULSO E VONTADE
PERSPECTIVA, Erechim. v.37, n.140, p. 113-124, dezembro/2013
FREUD E SCHOPENHAUER: APROXIMAES ENTRE OS
CONCEITOS DE PULSO E VONTADEFreud and Schopenhauer: similarities between the concepts of drive and will
GUIMARES, C.
Recebimento: 04/11/2012 - Aceite: 20/11/2013
RESUMO: Este artigo tem como objetivo realizar uma aproximao entre o conceito de vontade de Schopenhauer e o conceito de pulso de Freud. Para isso, foram utilizadas as seguintes obras para a anlise comparativa: de Schopenhauer, O mundo como vontade e representao; e de Freud: Uma neurose infantil; Alm do princpio de prazer, Psicologia de grupo; O Ego e o Id; Um estudo autobiogrfico, Inibies, sintomas e ansiedade, Anlise leiga; Moiss e o monotesmo, Esboo de psicanlise. Buscou-se os princi-pais pontos de convergncia na obra dos autores, iniciando pela busca do que Freud entende e discute sobre filosofia em geral. e tambm especificamente sobre a obra de Schopenhauer. Alguns trechos em que o prprio psicanalista afirma uma similaridade entre a filosofia e a psicanlise, foram encontrados, principalmente em relao obra de Schopenhauer. Sobre a aproximao de seus conceitos, percebeu-se que eles convergem, embora a vontade de Schopenhauer tenha um aspecto mais amplo do que a pulso de Freud. Mas elas se conectam, principalmente quando tratam de pulso de morte (Freud), sofrimento (Schopenhauer), aprisionamento e libertao e da noo de in-consciente (Freud) e no consciente (Schopenhauer).Palavras-chave: Schopenhauer. Vontade. Pulso. Freud.
ABSTRACT: This article aims to achieve an approximation between Scho-penhauers concept of will and Freuds concept of drive, so that the following works for comparative analysis were used: Schopenhauers The World as Will and Representation and Freuds texts An Infantile Neurosis, Beyond the Pleasure Principle, The Ego and the Id, An Autobiographical Study, The Question of Lay Analysis, Moses and Monotheism, Introduction to Psychoanalysis. We sought the main convergent points between both authors,
114 PERSPECTIVA, Erechim. v.37, n.140, p. 113-124, dezembro/2013
Clara Guimares Santiago
beginning with Freuds understanding and discussion of general philosophy and specifically of Schopenhauers work. We found some passages in which the psychoanalyst himself states the similarity between philosophy and psy-choanalysis, mainly regarding Schopenhauers work. Regarding the relation of their concepts, we noticed that they converge, although Schopenhauers Will shows a broader characteristic than Freud s drive, yet they connect with each other, mainly when dealing with death drive (Freud), suffering (Schopenhauer), imprisonment and Liberation, and the notion of unconscious (Freud) and not conscious (Schopenhauer).Keywords: Schopenhauer. Will. Drive. Freud.
Nesse contexto, Freud afirma que a filosofia sempre se ocupou do problema do inconsciente, mas, apesar disso,
Essas atitudes so oriundas de terem os filsofos julgado o inconsciente sem co-nhecer antes os fenmenos das atividades anmicas inconscientes, e em consequn-cia sem suspeitar da sua extraordinria afinidade com os fenmenos conscientes, nem dos caracteres que deles os diferen-ciam, (FREUD, 1959, p. 208).
Para o autor, a sada para a filosofia seria tornar-se objeto de estudo da psicanlise, pois os sistemas filosficos seriam apenas obras resultantes de indivduos de personalidades marcantes. Nesse sentido, a psicanlise permitiria aos indivduos acessarem suas unidades afetivas, sendo possvel perceber as motivaes subjetivas e individuais das teorias filosficas, assim como seria igual-mente possvel perceber a personalidade dos autores registrada em suas obras artsticas (FREUD, 1959). Freud tambm defende que os filsofos encontraram dificuldade em acreditar na existncia de pensamentos inconscientes, pois isso implicaria em aceitar uma conscincia inconsciente. (FREUD, 1959, p. 393).
Mas no temam os senhores que isso nos precipite nas profundezas da mais obscu-ra filosofia. Nosso inconsciente no de modo algum idntico ao dos filsofos, e
Introduo
A filosofia sempre esteve presente, enquanto campo epistemolgico, desde os primrdios da psicologia (SCHULTZ; SCHULTZ, 1992, p. 18). Entretanto, neste artigo trataremos especificamente da rela-o entre a filosofia e a psicanlise, que um campo de conhecimento da psicologia. Nossa proposta a de estudar, mais espe-cificamente, a relao entre a filosofia de Schopenhauer e a psicanlise freudiana. Nesse sentido, segundo Fonseca (2009), o conceito de Pulso (Trieb) um dos pontos de partida iniciais para discutir a relao entre filosofia e psicanlise, e ns partiremos da. Mas apesar deste conceito ter sido esmiu-ado por vrios filsofos (LOPARIC, 2006; SAFATLE e MANZI FILHO, 2008; PISANI, 2006), aps o advento da psicanlise, Freud (1959) fez severas crticas filosofia em toda sua obra. Em uma de suas afirmaes, por exemplo, diz que a filosofia deveria ser um campo de conhecimento da psicanlise. Dessa forma, podemos dizer que a filosofia entendida por Freud como um campo do conhecimento que se afasta da cincia, pois os filsofos registraram em seus escritos seus pensamentos e experincias reais (FREUD, 2006e), vinculando-se a uma demanda afeti-va inconsciente e se transformando em objeto de sua prpria personalidade pulsional.
115
FREUD E SCHOPENHAUER: APROXIMAES ENTRE OS CONCEITOS DE PULSO E VONTADE
PERSPECTIVA, Erechim. v.37, n.140, p. 113-124, dezembro/2013
alm disso, a maioria destes nada quer saber sobre algo psquico inconsciente. (FREUD, 2006, p.165).
Apesar de criticar a filosofia, Freud realiza uma espcie de contraponto entre a filosofia e a psicanlise, comparando sempre os dois campos do conhecimento. Segundo Fonseca, essa relao se d por Freud ter Schopenhauer como uma espcie de mediador entre a filo-sofia e a psicanlise, e nesse sentido, afirma: [...] inclusive a crtica freudiana filosofia, [...] praticamente um sumrio das opinies de Schopenhauer a respeito da filosofia uni-versitria e do consciencialismo filosfico. (FONSECA, 2009, p. 23). Para corroborar essa afirmao, o autor aponta uma aproxi-mao entre os conceitos de pulso de Freud (trieb) e de vontade (will) de Schopenhauer. Contudo, apesar da resistncia de Freud em assegurar seu distanciamento da filosofia, ao afirmar que, mesmo quando se afastou da clnica e se concentrou em teorizaes, evitou [...] cuidadosamente qualquer contato com a filosofia propriamente dita[...] (FREUD, 2006h, p. 37), Fonseca conclui que no h como negar a similaridade entre a psicanlise freudiana e a filosofia, mais especificamente, a filosofia schopenhauriana.
Sobre Schopenhauer, Freud (2006h, p. 37) afirma no Estudo autobiogrfico de 1925-1926, que:
O alto grau em que a psicanlise coincide com a filosofia de Schopenhauer ele no somente afirma o domnio das emoes e a suprema importncia da sexualidade, mas tambm estava at mesmo cnscio do mecanismo da represso no deve ser remetida minha familiaridade com seus ensinamentos. Li Schopenhauer muito tarde em minha vida. Nietzsche, outro filsofo cujas conjecturas e intui-es amide concordam, da forma mais surpreendente, com os laboriosos achados da psicanlise, por muito tempo foi evitado por mim, justamente por isso mesmo; eu
estava menos preocupado com a questo da prioridade do que em manter minha mente desimpedida.
Esta afirmao demonstra que, apesar de reconhecer certa similaridade entre ambos os campos do conhecimento, o psicanalista tenta delimitar e separar-se da filosofia. De acordo com Fonseca (2009, p. 29), uma distino se-melhante tambm foi feita por Schopenhauer no texto Sobre a vontade da Natureza, em 1835, no qual o filsofo faz uma distino entre a filosofia e outras cincias. O objeti-vo desse escrito seria a doutrina da vontade pelas descobertas das cincias naturais, e a chancela a posteriori das cincias serviria como resposta ao descrdito desferido por Schopenhauer aos filsofos de profisso.
O conceito freudiano de Pulso
Para lidarmos com o conceito de pulso, necessrio antes debater a teoria psicanaltica de Freud, mais especificamente, a teoria da personalidade, que constituda por trs ins-tncias: Id, Ego e Superego. Podemos dizer que o Id seria formado pelos impulsos inatos e pelas energias (pulses) que compem o indivduo: [...] o id no socializado, no respeita convenes, e as energias que o cons-tituem buscam a satisfao incondicional do organismo. (CUNHA, 2000, p. 14). Sendo assim, o Id inato, pois nasce com o sujeito, e nele que podemos encontram as pulses (CUNHA, 2000, p. 14). O Ego, por sua vez, se desenvolve durante a vida do sujeito; ele o self do indivduo, seria responsvel por estabelecer contato dos seres com o ambiente em que vivem, e por meio dele que conse-guimos viver de acordo com as regras sociais. Essa instncia estaria situada na ponta do iceberg1, aquilo que est mais visvel no ser humano.
a esse ego que a conscincia se acha liga-da: o ego controla as abordagens motili-
116 PERSPECTIVA, Erechim. v.37, n.140, p. 113-124, dezembro/2013
Clara Guimares Santiago
dade isto , descarga de excitaes para o mundo externo. Ele a instncia mental que supervisiona todos os seus prprios processos constituintes e que vai dormir noite, embora ainda exera a censura sobre os sonhos (FREUD, 2006g, p. 10).
J o Superego responsvel pela acu-mulao das regras sociais. Por meio dele, o sujeito assimila todas as normas que lhe so ensinadas, inicialmente, pela famlia e pos-teriormente, pela sociedade. Freud (2006g, p. 20) afirma:
O superego, contudo, no simplesmente um resduo das primitivas escolhas ob-jetais do id; ele tambm representa uma formao reativa enrgica contra essas escolhas. Segundo o autor, devemos entender que [...] se considerarmos mais uma vez a origem do superego, tal como a descrevemos, reconheceremos que ele o resultado de dois fatores altamente impor-tantes, um de natureza biolgica e outro de natureza histrica (FREUD, 2006g, p. 20).
A psicanlise freudiana discute o percurso dos impulsos gerados no Id e das restries que o Superego lhes impe. Muitas vezes, as informaes que so geradas no Id no che-gam ao Ego, sendo contidas pelo Superego, que agiria como uma espcie de protetor do Ego, assegurando que as pulses liberadas pelo Id no atrapalhem a vida dos sujeitos em suas relaes sociais. Sendo assim, podemos dizer que o Superego certifica que o indivduo cumpra todas as regras sociais estabelecidas pela sociedade. Dessa forma, as pulses ge-radas no Id no so conscientes para o ego. O sujeito viveria alheio existncia do Id e de suas pulses, pois no inconsciente que esto as informaes que o Ego no consegue aces-sar. A represso das pulses tem o objetivo de assegurar o cumprimento das normas sociais internalizadas pelo sujeito. Dessa forma, o autor demonstra a fragilidade do ser humano diante de si mesmo. (CUNHA, 2000, p. 15).
A pulso, segundo Garcia-Roza (1986), seria fundamental para perverso do instin-to, que tem como finalidade mais bsica a autopreservao (assegurar a vida). Nesse sentido, o papel da perverso seria modificar a sua natureza e afast-lo daquilo que o im-pele: a morte. A pulso, em contraposio ao instinto, possui uma caracterstica biolgica, inserindo-se no psiquismo do sujeito por meio de estmulos lanados por rgos ou algumas regies do corpo , conectando-se, assim, com a psique humana. Como ela no buscaria a preservao da vida, seria sempre uma pulso de morte, um esforo do homem para voltar ao seu estado inicial, biolgico e inanimado. E buscaria sempre a satisfao de seus desejos, pois necessita reviver a satisfao original obtida em uma espcie de pr-vida (vivncia anterior ao ato de se tornar humano). Essa necessidade gerou mecanismos pulsionais criados para despistar o Superego e conectar-se com o Ego. Fun-cionaria, ento, por meio de falhas ocorridas no Superego ou em estados de sublimao (GARCIA-ROZA, 1986).
Freud (1959) apresenta o conceito de re-petio para incrementar a teoria de pulso. Nesse sentido, diz que a repetio consiste em reviver os recalques vividos anteriormente, pois o sujeito no recorda ou no tem acesso a situaes que lhe causem sofrimento. Para o autor, existe uma diferena entre a repetio e a recordao. A repetio no consciente, seria uma forma de resistncia e funciona por meio da reproduo de experincias anterio-res, muitas vezes, arcaicas ou infantis. Sendo assim, a pulso de morte pode ser explicada por meio da repetio e demonstra a necessi-dade do indivduo de retornar ao seu estgio inicial repetio a caracterstica prpria da pulso , nesse sentido, viver caminhar para a morte. J a pulso de vida ao contr-rio da pulso de morte trabalha para evitar que o sujeito interrompa sua vida antes do
117
FREUD E SCHOPENHAUER: APROXIMAES ENTRE OS CONCEITOS DE PULSO E VONTADE
PERSPECTIVA, Erechim. v.37, n.140, p. 113-124, dezembro/2013
momento ideal (de acordo com a natureza), para que possa morrer por causas naturais. (GARCIA-ROZA, 1986, p. 25).
A definio de vontade schopenhauriana
Assim como Freud (1959), Schope-nhauer (2001) tambm apresenta a noo de inconsciente2. Para ele, o ser humano no responsvel por seus atos, pois est sempre sujeito subjetivao da vontade. Segundo o autor, fora da vontade e da representao no existe a possibilidade de formulao do pensamento. Nesse sentido, quando tentamos atribuir uma realidade ao mundo, fazemos uso da representao; assim, ao analisar com distanciamento as aes dos indivduos, percebe-se que elas so um ato da vontade. O homem possui racionalidade, todavia, ela est aprisionada sua constituio biolgica. A essncia do homem ou vontade a prpria vontade e, nesse sentido, fundamental que ele aprenda a identific-la, com o intuito de diferenciar a vontade de outras subjetivaes. (SCHOPENHAUER, 2001).
A vontade est diretamente relacionada s representaes do mundo e tambm pode ser entendida como o princpio da individuao3, que pode ser definido como a diviso entre homem e objeto. Assim, a razo do homem est dominada por princpios embutidos a priori e sua conscincia est condicionada s noes de tempo, causalidade e espao. Essas noes permitem-lhe interagir e conhecer o mundo que o rodeia. Outro mecanismo da vontade a matria, que consiste nos movi-mentos4 cotidianos que resultam na plurali-dade das aes, podendo ser percebidos por meio da relao entre o tempo e o espao.
Para entender e perceber o mundo, o homem necessita da causalidade, que d ao sujeito a possibilidade de construir metforas e entender o mundo. A causalidade uma fun-
o fisiolgica do corpo humano, controlada pelo crebro (SCHOPENHAUER, 2001, p. 137). Sendo assim, podemos dizer que:
Poder-se-ia continuar at o infinito com es-tas experincias sobre a mesma matria, e ver-se-iam as foras naturais, ora uma, ora outra, apoderar-se dela e invadi-la para a manifestar a sua essncia. A determinao deste direito que a fora oculta tem sobre a matria, o ponto do tempo e do espao em que ela o faz valor, o que a lei da causa-lidade nos d; mas a explicao fundada nela s pode ir at a (SCHOPENHAUER, 2001, p. 144).
Ao apresentar concepes acerca das relaes entre tempo, espao e causalidade, Schopenhauer permite que o homem construa a sua subjetividade quando afirma que este possui representaes intuitivas e abstratas. Essa caracterstica permite que o homem elabore conceitos e crie uma noo de pseu-doliberdade5.
O conhecimento que tenho da minha vontade, embora imediato, inseparvel do conhecimento que tenho do meu cor-po. No conheo minha vontade na sua totalidade; no a conheo na sua unidade mais do que a conheo perfeitamente na sua essncia; ela apenas me aparece nos seus atos isolados, por consequncia no tempo, que a forma fenomenal do meu corpo, como de todo objeto: alm disso, o meu corpo a condio do conhecimento da minha vontade (SCHOPENHAUER, 2001, p. 111).
A vontade inerente ao ser, entretanto, no fcil para o sujeito perceber-se en-quanto vontade. Assim, pode-se possuir, ao mesmo tempo, abstrao e objetivao. Nesse sentido, Asdurian (2010, p. 90) diz que existe [...] uma atuao recproca entre a vontade e o intelecto. O intelecto regula a ao (ob-jetivao) e atua de acordo com a vontade;
118 PERSPECTIVA, Erechim. v.37, n.140, p. 113-124, dezembro/2013
Clara Guimares Santiago
por meio dele, justificam-se as aes postu-ladas pela razo. Dessa forma, Schopenhauer afirma que as justificativas so desculpas da razo para encobrir a vontade, pois quando h ausncia delas e, por conseguinte, da atuao do intelecto, encontra-se a atuao livre da vontade, que pode ser chamada de delrio ou loucura (SCHOPENHAUER, 2001).
Schopenhauer e Freud: Aproximaes entre os conceitos de vontade e pulso.
Neste entrettulo pretendemos relacionar a obra de Freud e Schopenhauer no que tange aos conceitos de pulso e verdade. Para rela-cionar suas obras, iniciaremos pela vontade, pois Schopenhauer discute as dificuldades do ser em perceber-se enquanto vontade, traando um dilogo com o problema do querer e da dependncia do indivduo na subjetividade, facilitando, assim, o entendi-mento da questo da percepo de si mesmo. Para o autor, o mundo se relaciona com o ser humano pelos sentidos que interpretam os sinais da representao. Assim, o mundo seria representao e vontade, ou seja, tudo o que est vivo agiria por um ato da vontade. Dessa forma, podemos dizer que:
O conceito de vontade [...] um elemento metafsico que preenche plenamente a relao causa-efeito, se deus for excludo como causa primeira para todas as coisas e tambm para a vida (ASDURIAN, 2010, p. 87).
A vontade antecede a necessidade de se fazer representar por meio de um objeto. Nesse nterim, surge a construo de uma individualidade humana, que seria a objetiva-o da vontade. Nesse contexto, o conceito de vontade em Schopenhauer pode ser entendido como uma no conscincia, ou at como o inconsciente que no acessado pelo sujeito;
para tanto, o filsofo tece a noo de conser-vao, que consiste na necessidade de manter a individualidade do indivduo. O conceito de inconsciente de Freud e o de no cons-ciente de Schopenhauer convergem quando entendem que o homem regido pela vontade ou pela pulso, pois o homem constri uma racionalidade irreal, que opera em sua regio de conforto emocional, que Freud chama de Eu racional. (DAMASCENO, 2005; FREUD, 2006a; SCHOPENHAUER, 2001).
O Eu racional, para Freud, seria respon-svel pela manuteno da integridade do indivduo, um mediador entre os atos e os interesses constitudos pela pulso (DAMAS-CENO, 2005). Em contrapartida, a noo de conservao de Schopenhauer protegeria a individualidade do homem, seria ela man-tida pelo que Freud chamaria de Superego. Esta relao estabelecida pelo consciente citada por Freud (1959), no captulo Me-tapsicologia, ao dizer que: Chamaremos, pois, consciente, representao que se acha presente em nossa conscincia e objeto de nossa percepo. J o inconsciente, o autor o define como [...] aquelas representaes latentes que nos do algum fundamento para suspeitarmos que se acham contidas na vida anmica, como acontecia na memria. (FREUD, 1959, p. 391-392). Nesse sentido, diz que a existncia do inconsciente in-contestvel, pois ela baseada em provas e indcios concretos. Sendo assim, para com-preender essas etapas de provas e indcios, seria necessrio, ento, assimilar as ideias de consciente, pr-consciente e inconsciente. O pr-consciente consiste nas ideias latentes que conseguem alcanar a conscincia. J aquelas que no conseguem so chamadas de inconsciente (FREUD, 1959, p. 394-396). O pr-consciente o quase consciente, aquele que intermedeia as foras do Id para o Ego, estando mais prximo dele do que do Id. O Superego, por sua vez, auxilia na represso das pulses, pois [...] as pulses,
119
FREUD E SCHOPENHAUER: APROXIMAES ENTRE OS CONCEITOS DE PULSO E VONTADE
PERSPECTIVA, Erechim. v.37, n.140, p. 113-124, dezembro/2013
precisamente por serem energias, continuam a pressionar o superego para chegar ao nvel consciente[...] (CUNHA, 2000, p. 15). Da tentativa de manifestao do Id e da repres-so do Superego surgem alguns fenmenos da vida psquica, tais como: os sonhos, atos falhos, sublimao e as neuroses.
O sonho seria o resultado da luta entre o Id e o Superego, trazendo baila todos os dese-jos reprimidos. Sendo assim, podemos dizer que sonhar realizar os desejos reprimidos. Contudo, a atmosfera onrica dos sonhos nos impede de entender com clareza os desejos inconscientes, e esse mecanismo uma ao de conteno realizada pelo Superego. Com o objetivo de aliviar a tenso, negocia um acor-do com o Id para aliviar a presso causada pelas pulses. Dessa forma, o Id conquista pequenas realizaes, sem comprometer a conscincia. O ato falho uma delas, pois funciona de modo semelhante ao sonho e um processo no qual escapam indicaes de desejos reprimidos, satisfaes escondidas em pequenos lapsos momentneos (CUNHA, 2000; FREUD, 2006a).
J a neurose a maior forma de alvio do Id, e consiste em um fenmeno que se ma-nifesta por meio do sofrimento. O sujeito at sabe que existe algo de errado com ele, mas no consegue identificar o que , pois a ener-gia reprimida no Id inatingvel. O sujeito se sente angustiado e tem pensamentos ou atos recorrentes, pois a neurose funciona como uma espcie de tentativa de fuga das energias do Id, uma falha, um desequilbrio que se manifestaria na vida do indivduo (CUNHA, 2000). A neurose, assim como outros dese-quilbrios psquicos, assume tanto para Freud quanto para Schopenhauer o carter de libertao da vontade ou da pulso. Con-tudo, Freud (1959) entende a neurose como uma falha que gera a liberao de pulses, ao passo que Schopenhauer percebe a loucura como uma libertao da vontade.
Para Schopenhauer (2001), a vontade domina o indivduo, por meio da atuao do querer, causando muito sofrimento. J na loucura, no existe a possibilidade do sofri-mento, pois o sujeito guiado pela vontade, ele se liberta. Um dos pontos centrais da obra do autor est na constatao de que viver sofrer, e por essa afirmao tido por muitos autores como pessimista, pois defende a con-cepo de que [...] todo ser brota da carncia, da insuficincia e do sofrer (ASDURIAN, 2010, p. 93).
Segundo o autor, o indivduo estaria em uma constante busca, sempre desejando algo novo. Todavia, no existe no mundo nada que possa preench-lo completamente, resultando em uma busca constante e sem fim. Assim, a procura incessante pelo sentido da vida tornaria viver um verdadeiro sofrimento. O ser humano seria, ento, um escravo de sua prpria vontade. Vontade essa geradora do querer e do egosmo, ambos responsveis pelo sofrimento.
O egosmo, de acordo com sua natureza, sem limites: o homem quer conservar incondicionalmente sua existncia, a quer incondicionalmente livre da dor qual tambm pertence toda penria e privao, quer a maior soma possvel de bem-estar, quer todo gozo de que capaz e procura, ainda, desenvolver em si outras aptides de gozo. Tudo o que se ope ao esforo de seu egosmo excita sua m vontade, ira e dio; procurar aniquil-lo como a seu inimigo. Quer, o quanto possvel, desfrutar tudo, ter tudo. Porm, como isto impossvel, quer, pelo menos, dominar tudo. Tudo para mim e nada para o ou-tro sua palavra de ordem. O egosmo colossal, ele comanda o mundo. Se fosse dado pois a um indivduo escolher entre a sua prpria aniquilao e a do mundo, nem preciso dizer para onde a maioria se inclinaria. De acordo com isso, cada qual se toma pelo centro do mundo, relaciona
120 PERSPECTIVA, Erechim. v.37, n.140, p. 113-124, dezembro/2013
Clara Guimares Santiago
tudo a si prprio e relacionar aquilo que acontece por exemplo, as grandes mudanas no destino dos povos afinal ao seu interesse e pensar antes de tudo nele, por pequeno e mediato que seja (SCHOPENHAUER 2001, p. 121, apud BARBOSA, 2008, p. 121).
Para Schopenhauer (2001), a vontade a causa de todo o sofrimento no homem, pois o querer infinito e provoca uma insatisfao profunda no indivduo. Dessa forma, a dor e o sofrimento so constantes, e a felicidade momentnea. Acerca do sofrimento, o fil-sofo discorre:
Mas o que descobrimos na natureza des-provida de inteligncia, fora de ateno penetrante e concentrada, salta-nos aos olhos, no mundo dos seres inteligentes, no reino animal, onde fcil ver que a dor no se interrompe. Todavia, no nos demoremos nesses graus intermedirios: cheguemos a essa altura em que tudo se ilumina com a luz da inteligncia mais perfeita, ao homem. Porque, medida que a vontade reveste uma forma fenomenal mais conseguida, tambm o sofrimento se torna mais evidente. Nas plantas, ainda no h sensibilidade: por conseguinte, no h dor; nos animais mais nfimos, os infusrios e os radirios, apenas um fraco comeo de sofrimento, mesmo nos insetos, a faculdade de receber impresses e de sofr-las ainda muito limitada. preciso chegar aos vertebrados, com o seu sistema nervoso completo, para v-lo aumentar ao mesmo passo da inteligncia. Assim, conforme o conhecimento se ilumina, a conscincia se eleva, a desgraa tambm vai crescendo; no homem que ela atin-ge o seu mais alto grau, e a tambm se eleva tanto mais quanto o indivduo tem uma viso mais clara e mais inteligente: aquele em que o gnio reside que mais sofre (SCHOPENHAUER, 2001, p.325).
Assim, podemos dizer que o sofrimento inerente ao homem, e a nica coisa que pode mudar nesse trajeto de vida o grau desse sofrimento, que varia de acordo com a objetivao consciente no indivduo. A cons-cincia da vida e da morte aumenta a angstia e o sofrimento, pois o homem vive espera da morte, por isso, viver oscilar entre esses dois polos: sofrimento e tdio. A representa-o social dessa contraposio est nos dias da semana (trabalho/descanso sofrimento/tdio) e o domingo6 ou na oposio entre o cu e o inferno , pois todo o sofrimento foi destinado ao inferno e a felicidade ao cu.
E, alis, de onde Dante tirou os elementos do seu Inferno, seno deste mundo real? Na verdade, fez dele um Inferno bastante apresentvel. Mas quando se tratou de fazer um Cu, de lhe descrever as alegrias, ento a dificuldade foi insupervel: o nosso mundo no lhe fornece nenhum ma-terial (SCHOPENHAUER, 2001, p. 341).
O reconhecimento do sofrimento e da relao da vida e da morte mais um ponto de convergncia entre Freud e Schopenhauer, pois o psicanalista diz que a pulso de morte o objetivo da vida. Nesse sentido, viver signi-fica convergir para a morte. J Schopenhauer defende que viver esperar a morte, pois ela a nica possibilidade de alvio do sofrimento. Freud (1959), assim como o filsofo, tambm discorre sobre o sofrimento quando retrata a compulso pela repetio, a represso do Id pelo Superego e as enfermidades da psique humana.
A forma que Schopenhauer encontrou de definir o inconsciente est na sua submisso vontade coisa em si. Por isso no po-demos dizer que o inconsciente para Freud e Schopenhauer tem o mesmo significado pois a vontade no possui o mesmo tipo de conscincia apontada na obra de Freud. Podemos dizer, ento, que ambos os concei-tos de inconsciente tm similaridade. Dessa
121
FREUD E SCHOPENHAUER: APROXIMAES ENTRE OS CONCEITOS DE PULSO E VONTADE
PERSPECTIVA, Erechim. v.37, n.140, p. 113-124, dezembro/2013
forma, podemos entender a vontade e sua representao (objetivao da vontade) como a no conscincia do indivduo em sua vida ou papel social que representa.
Em relao ao inconsciente, Schopenhauer diz:
[...] na realidade o processo de nossos pensamentos interiores no to simples como na sua teoria, pois a muitas coisas esto imbricadas. Para que tenhamos uma ideia disso, comparemos nossa conscincia com uma gua de alguma profundidade: os pensamentos claramente conscientes constituem a superfcie; a massa da gua, pelo contrrio, formada pelos pensamen-tos confusos, os sentimentos, os ecos da intuio e das experincias, perpassados pela disposio de nossa vontade que o ncleo de nosso ser (SCHOPENHAUER, 1993, VII, p.175 apud SAFATLE; MANZI FILHO, 2008, p. 119).
Para Schopenhauer, a metfora sobre a gua demonstra a relao entre o cons-ciente e o inconsciente como fenmenos da vontade. Tanto Freud quanto Schopenhauer debruam-se sobre a questo do inconsciente, aproximam-se, principalmente, quando afir-mam que a vida um direcionamento para a morte (Freud e a pulso de morte) ou que o sofrimento s seria aliviado com a morte do sujeito. A filosofia de Schopenhauer bem mais ampla do que a psicanlise de Freud; a metafsica da vontade seria um inconsciente do mundo, de todos os seres vivos e no, unicamente, dos seres humanos. Ao contrrio de Freud, que parece se preocupar demais em tornar a psicanlise uma cincia.
Concluso
Conclui-se que existe uma proximidade entre as obras de Schopenhauer e de Freud, pois ambos tratam do inconsciente. Todavia,
Schopenhauer descreve a vontade como um fenmeno amplo, ao passo que Freud limita sua pulso aos seres humanos. O in-consciente para Freud , comparativamente, uma pequena centelha perto da abrangncia da metafsica da vontade de Schopenhauer, pois um se debrua sobre o indivduo e o outro expande sua metafsica para o univer-so. Os autores se aproximam quando tratam da pulso de morte e do sofrimento causado pela vontade; apontam a inevitabilidade da solido do indivduo e negam a possibilidade de um ser humano racional. Ambos entendem que existe uma espcie de aprisionamento na pulso e na vontade, tanto que essa luta constante de controlar o homem causa esse sofrimento citado acima, que pode ser en-contrado na pulso que controlada pelo Superego e na vontade gerada pelo querer. Os autores convergem quando entendem que existe libertao na pulso e na vontade, no descontrole que Schopenhauer chama de loucura, pois entende que livres so aqueles que vivem sem o sofrimento causado pelo querer; entregam sua existncia merc da prpria vontade. A questo da morte outra similaridade na obra dos autores, pois Schopenhauer afirma que vivemos espera da morte e que ao tomar conscincia dessa morte geramos sofrimento. J Freud entende que na pulso de morte o objetivo da vida morrer. Ento, ambos defendem que a morte tem um papel primordial na vida, pois ela o fim ltimo de nossa existncia.
Percebe-se, pelo exposto, uma possibi-lidade real de dilogo entre a filosofia e a psicanlise, talvez at maior do que com outras abordagens da psicologia. Talvez seja por isso que encontramos constantemente co-mentrios sobre a filosofia na obra de Freud, tanto crticas, quanto elucidaes. Tambm percebemos que Freud cita o termo filoso-fia, pelo menos, 81 vezes em sua obra, o que demonstra que o prprio autor se preocupa com esse campo do conhecimento, embora o
122 PERSPECTIVA, Erechim. v.37, n.140, p. 113-124, dezembro/2013
Clara Guimares Santiago
critique muitas vezes. Em nosso entendimen-to, essas crticas fazem parte da delimitao do que uma cincia, que seria dizer tudo aquilo que ela no . A preocupao de Freud em afirmar a psicanlise como uma cincia pungente em sua obra, logo, coube ao autor demonstrar as diferenas entre a filosofia e a psicanlise, como no trecho abaixo.
Pode parecer que essa disputa entre Psica-nlise e Filosofia fosse apenas uma frvola questo de definio se o nome ps-quico deve ser aplicado a uma ou outra sequncia de fenmenos. Na realidade, porm, este passo tornou-se da mais alta significao. Enquanto a psicologia da conscincia nunca foi alm das sequncias rompidas que eram obviamente depen-dentes de algo mais, a outra viso, que sustenta que o psquico inconsciente em si mesmo, capacitou a Psicologia a assumir seu lugar entre as cincias naturais como uma cincia (FREUD, 2006i, p.99).
Este trecho demonstra a necessidade do autor de afirmar a psicanlise enquanto cincia e coloca a filosofia e a psicanlise em disputa, mostrando, mais uma vez, a delimitao do campo cientfico. O dilogo entre a obra dos autores abriu precedente para inmeros outros dilogos posteriores, so filsofos que tratam de questes psica-nalticas e psicanalistas que trazem baila questes filosficas para corroborar suas teorias. Damasceno (2005) diz que Freud citou em sua obra quinze vezes as teorias de Schopenhauer, o que ocasionou algumas acusaes de plgio realizadas por alguns
epistemlogos. Para o autor, a semelhana entre alguns conceitos deixa claro que Freud entrou em contato com o livro O mundo como vontade e representao. Essa similaridade fica clara, principalmente, quando Freud afirma [...] o alto grau em que a psicanlise coincide com a filosofia de Schopenhauer. (FREUD, 2006h, p. 37). No trecho seguinte, o autor afirma que leu o filsofo tarde em sua vida, mas apesar disso, podemos encontrar trechos em que o psicanalista comenta a obra de Schopenhauer, como quando discorre so-bre a morte ou quando diz que [...]o instinto sexual a corporificao da vontade de viver fazendo uma referncia direta ao filsofo (FREUD, 2006f, p.13).
E por fim, Freud (2006e, p. 89) reconhece que a psicanlise no foi a primeira a tomar contato com o inconsciente que, inclusive, Schopenhauer foi um desses precursores, pois sua [...] vontade inconsciente equivale aos instintos mentais da psicanlise. Essa similaridade reconhecida pelo prprio psi-canalista, e ns concordamos com ela, pois pode ser facilmente percebida. Entretanto, o que tentamos aqui foi demonstrar em quais pontos podemos aproximar os conceitos de pulso freudiana e vontade schopenhauriana, e, tambm, problematizar de que forma Freud citou a obra de Schopenhauer. Nesse sentido, talvez, no importem as crticas feitas ao psi-canalista sobre o uso da obra do filsofo, pois a obra de Freud tem sua notvel importncia e podemos tomar contato com ela em conjun-to com a obra de Schopenhauer, debatendo questes e problematizando as demandas que possam surgir.
NOTAS1 A pequena poro que aparece acima da superfcie da gua consiste do consciente nosso pensamento
corrente e do pr-consciente, todas as informaes que no momento no esto em nossa mente, mas que poderamos trazer conscincia se assim quisssemos (por exemplo, o nome do presidente dos Estados Unidos). A massa muito maior do iceberg abaixo dgua representa o inconsciente, um
123
FREUD E SCHOPENHAUER: APROXIMAES ENTRE OS CONCEITOS DE PULSO E VONTADE
PERSPECTIVA, Erechim. v.37, n.140, p. 113-124, dezembro/2013
depsito de impulsos, desejos e memrias inacessveis que afetam nossos pensamentos e comporta-mento. (ATKINSON et al., 2002, p. 476).
2 O conceito de inconsciente de Schopenhauer anterior a Freud.3 Os termos espao e tempo dariam origem pluralidade, sendo tambm chamados de princpio
de individuao.4 Mudanas que percebemos em nosso cotidiano.5 O homem percebe-se livre pseudolivre quando age contrariando as impresses momentneas.6 Dia em que no trabalhamos, manifestam-se, principalmente, a angstia e o tdio.
AUTOR
Clara Guimares Santiago - Mestrado em andamento em Ensino, Histria, Filosofia da Cincia e Matemtica pela UFABC. - E-mail: [email protected]
REFERNCIAS
ASDURIAN, V. A dicotomia da vontade para a vida em Arthur Schopenhauer. Revista inquietude: Goinia, v. 1, n. 1, p. 86-97, 2010.
ATKINSON, R. L.et al. Introduo psicologia de Hilgard. Porto Alegre: Artmed, 2002.
BARBOSA, J. Uma terapia para ser menos infeliz no inferno: sabedoria de vida e prudncia em Scho-penhauer. Revista Adverbum. p. 119-124 , 2008.
CUNHA, M.V. Psicologia da educao. Rio de Janeiro: DP &A Editora, 2000.
DAMASCENO, M. H. A noo de no consciente dos filsofos e o inconsciente freudiano. Rev. Mal-Estar Subj., Fortaleza, v. 5, n. 1, 2005.
FONSECA, E. R. Psiquismo e vida: o conceito de impulso nas obras de Freud, Schopenhauer e Niet-zsche. 2009. Tese (Doutorado em Filosofia) Universidade de So Paulo, So Paulo, 2009.
FREUD, S. Obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Delta, 10 v., 1959.
______. Edio standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, Edio Eletrnica, 23 v., 2006a.
______. A interpretao de sonhos II e Sobre os sonhos. In: Edio standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, Edio Eletrnica vol. 5, 2006b.
______. Um caso de histeria, Trs ensaios sobre sexualidade e outros trabalhos. In: Edio standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud, Rio de Janeiro: Imago, Edio Eletrnica, v. 7, 2006c.
_____. Duas histrias clnicas: O Pequeno Hans e o Homem dos ratos. In: Edio standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, Edio Eletrnica, v. 10, 2006d.
______. Uma neurose infantil e outros trabalhos. In: Edio standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, Edio Eletrnica, v. 17, 2006e.
124 PERSPECTIVA, Erechim. v.37, n.140, p. 113-124, dezembro/2013
Clara Guimares Santiago
______. Alm do princpio de prazer, Psicologia de grupo e outros trabalhos. In: Edio standard brasi-leira das obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, Edio Eletrnica, v. 18, 2006f.
______. O Ego e o Id e outros trabalhos. In: Edio standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, Edio Eletrnica, v. 19, 2006g.
______. Um estudo autobiogrfico, Inibies, sintomas e ansiedade, Anlise leiga e outros trabalhos. In: Edio standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, Edio Eletrnica, v. 20, 2006h.
______. Moiss e o monotesmo, Esboo de psicanlise e outros trabalhos. In: Edio standard brasi-leira das obras completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, Edio Eletrnica, v. 23, 2006i.
GARCIA-ROZA, L. A. Acaso e repetio em psicanlise. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.
LOPARIC, Z. De Freud a Winnicott: aspectos de uma mudana paradigmtica. Winnicott e-prints, v. 1, n. 1, p. 1-29, 2006.
PISANI, M. M. Utopia e psicanlise em Herbert Marcuse. Trans/Form/Ao, v. 29, n. 2, p. 203-217, 2006.
SAFATLE, V.; MANZI FILHO, R. (Orgs.). A filosofia aps Freud. So Paulo: Humanitas, 2008.
SCHOPENHAUER, A. O mundo como vontade e representao. Rio de Janeiro: Contraponto, 2001.
SCHULTZ, D.; SCHULTZ, S. E. Histria da psicologia moderna. 5. ed. So Paulo: Cultrix, 1992.