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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL ALTERAÇÕES DE ATRIBUTOS QUÍMICOS E FÍSICOS DE UM LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO EM FUNÇÃO DE DOSES DE LODO DE ESGOTO FABIANA CARVALHO VILELA MAIA GURUPI-TO 2012

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI

MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL

ALTERAÇÕES DE ATRIBUTOS QUÍMICOS E FÍSICOS DE UM LATOSSOLO

VERMELHO-AMARELO EM FUNÇÃO DE DOSES DE LODO DE ESGOTO

FABIANA CARVALHO VILELA MAIA

GURUPI-TO

2012

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FABIANA CARVALHO VILELA MAIA

ALTERAÇÕES DE ATRIBUTOS QUÍMICOS E FÍSICOS DE UM LATOSSOLO

VERMELHO-AMARELO EM FUNÇÃO DE DOSES DE LODO DE ESGOTO

Dissertação apresentada ao Mestrado em

Produção Vegetal da Fundação Universidade

Federal do Tocantins, como parte das exigências

para obtenção do título de “Mestre” em Produção

Vegetal.

GURUPI-TO

2012

3

Trabalho realizado no curso de Mestrado em Produção Vegetal da

Universidade Federal do Tocantins, sob a orientação do Profº DSc. Saulo

de Oliveira Lima.

Banca examinadora:

_______________________________________________

Profº DSc. Saulo de Oliveira Lima

Professor da Universidade Federal do Tocantins

(Orientador)

________________________________________________

Profº DSc. Antônio José Peron

Professor da Universidade Federal do Tocantins

(Avaliador)

________________________________________________

PNPD Joedna Silva

Universidade Federal do Tocantins

(Avaliadora)

__________________________________________________

Profª DSc. Viviane Fernandes Moreira

Universidade Federal do Tocantins

(Avaliadora)

4

“A Vontade de Deus nunca irá levá-lo aonde a Graça de Deus não possa

protegê-lo.”

Chico Xavier

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Dedico

A Deus, fonte da vida e Senhor da minha existência;

A minha família, em especial aos meus pais Ariomar

Rezende Vilela e Sebastiana Lêda Carvalho Vilela,

pelo amor, apoio e incentivo ao longo da minha vida;

Ao meu amado esposo, Virgílio de Sousa Maia, pelo

apoio incondicional ao longo desses anos;

As minhas queridas filhas, Lavínia e Isadora, razão de

grandes alegrias na minha vida.

ii

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AGRADECIMENTOS

A Deus, Senhor da minha vida, que me guia pelo caminho que devo andar.

Aos meus pais Ariomar Rezende Vilela e Sebastiana Lêda Carvalho Vilela, que

sempre me orientam e apóiam em todas as circunstâncias.

Ao meu marido, Virgílio de Sousa Maia, pelo apoio em todos os momentos. Por

sempre estar ao meu lado, valorizando cada passo dado, por menor que seja,

e proporcionando a grandeza de todos eles. Você é muito especial. Te amo.

As minhas adoradas filhas, Lavínia e Isadora, que são a razão dos meus

esforços mais árduos e das alegrias mais puras.

Aos meus sogros, Vagner Maia Leite e Gercina de Sousa Maia, pelo incentivo

que sempre deram para o meu crescimento.

As minhas irmãs, cunhados e sobrinhos pelo estímulo para que eu continue

estudando sempre.

Ao professor Dr. Saulo de Oliveira Lima, pela orientação, ensinamentos,

paciência e exemplo de profissionalismo e amizade nesse período de

convivência.

Aos amigos Josimar e Luiz Paulo pela ajuda indispensável para realização

desse trabalho.

A Universidade Federal do Tocantins, pela oportunidade de realizar esse curso.

Aos professores do mestrado em produção vegetal, pelos conhecimentos

transmitidos durante as disciplinas ministradas.

A Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Tocantins, pela concessão

da bolsa de estudos.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................02

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................................04

2.1- Produção de biossólido na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de

Gurupi-TO..........................................................................................................05

2.2- Efeitos do lodo de esgoto na fertilidade do solo.........................................06

2.3- Efeitos da utilização do lodo de esgoto nas propriedades físicas de

solos...................................................................................................................12

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……...........………………………………….16

CAPÍTULO I - EFEITO DA UTILIZAÇÃO DE DOSES CRESCENTES DE

LODO DE ESGOTO EM PROPRIEDADES QUÍMICAS DE UM LATOSSOLO

VERMELHO.......................................................................................................25

RESUMO...........................................................................................................25

ABSTRACT........................................................................................................25

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................26

2. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................28

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................32

4. CONCLUSÕES..................................................................................................50

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................51

CAPÍTULO II - EFEITO DA UTILIZAÇÃO DE DOSES CRESCENTES DE

LODO DE ESGOTO EM PROPRIEDADES FÍSICAS DE UM LATOSSOLO

VERMELHO.......................................................................................................59

RESUMO...........................................................................................................59

ABSTRACT........................................................................................................59

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................60

2. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................62

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................64

4. CONCLUSÃO....................................................................................................72

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………….73

2

1. INTRODUÇÃO

O ser humano é gerador permanente de resíduos, tanto daqueles

decorrentes de seu próprio metabolismo quanto inerentes à atividade

agroindustrial, que aumentam em decorrência do crescimento populacional

(MELO & MARQUES, 2000).

Atualmente, em grande parte do planeta, observa-se uma grande

deterioração da qualidade das águas. As causas primárias dessa deterioração

estão vinculadas ao crescimento populacional nas últimas décadas,

notadamente nos meios urbanos, juntamente com o incremento da produção

nas mais diversas atividades de produção agroindustriais. Como consequência

da produção em larga escala de bens de consumo decorre a geração de

grande quantidade de resíduos sólidos, líquidos e gasosos.

O lançamento de diversos resíduos nos corpos d’água naturais conduz

ao estabelecimento de processos poluidores fortemente prejudiciais aos

sistemas aquáticos e comprometedores dos usos aos quais aquele recurso

hídrico estava destinado (VON SPERLING, 1997).

A produção de diversos resíduos, que muitas vezes, são acumulados no

ambiente sem o adequado tratamento, ou utilização, que possibilite sua

reciclagem.

Dentre esses resíduos, pode-se destacar o lodo de esgoto, ou

biossólido, resultante do tratamento das águas servidas, que apresenta

potencialidades para utilização agrícola. Este resíduo contém considerável

percentual de matéria orgânica e de elementos essenciais para as plantas,

podendo substituir, ainda que parcialmente, os fertilizantes minerais. Graças a

essas características, o lodo de esgoto pode desempenhar importante papel na

produção agrícola e na manutenção da fertilidade do solo (NASCIMENTO, et

al., 2004).

O lodo de esgoto é o resíduo que se obtém após o tratamento das águas

servidas com a finalidade de torná-las menos poluídas possível, de modo a

permitir seu retorno ao ambiente sem que haja agentes de poluição. Quando

devidamente higienizado, estabilizado e seco, o lodo de esgoto recebe o nome

de biossólido (MELO & MARQUES, 2000).

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O biossólido, acumula-se nos pátios das Estações de Tratamento de

Esgoto (ETEs), localizadas em áreas urbanas, ocupando espaço, nem sempre

disponível, e elevando o custo de operação dessas unidades pelo

armazenamento do material. Além disso, por ação da chuva, o material

acumulado pode escorrer para os cursos de água, causando sua poluição e

anulando o efeito inicial pretendido pelo tratamento dos esgotos urbanos. Por

todos estes motivos surge a necessidade de encontrar alternativas viáveis do

ponto de vista social, econômico e ambiental para sua reciclagem, tornando-o

um produto útil à sociedade (SILVA et al., 2002).

A utilização agrícola e florestal do esgoto doméstico é uma das formas

para se elimina uma fonte potencial de contaminação das águas subterrâneas

e / ou superficiais e manter a sua qualidade para outros fins. Além disso, a

agricultura ao utilizar maior quantidade de água pode tolerar águas de

qualidade inferior que a indústria e o uso doméstico, contudo, é inevitável,

portanto, que exista uma crescente tendência para se encontrar, na agricultura,

a solução para os problemas relacionados à eliminação de efluentes. Além

disso, o uso agrícola e florestal do lodo de esgoto deve ser cuidadosamente

planejado para controlar, a longo prazo, os efeitos de salinidade, sodicidade,

oligoelementos, contaminação microbiológica, metais pesados e outras sobre o

solo e as culturas (GARCIA et al., 2009).

A alternativa da reciclagem agrícola, segundo Andreoli & Pegorini (2000)

tem o grande benefício de transformar o lodo de esgoto como um importante

insumo agrícola, o qual fornece matéria orgânica e nutrientes ao solo e

vantagens indiretas ao homem e ao ambiente, reduzindo os efeitos adversos à

saúde causados pela incineração e diminuindo a dependência de fertilizantes

químicos.

Em pesquisas realizadas no país, verificou-se que o lodo de esgoto foi

um produto que revela uma perspectiva animadora, no que diz respeito à sua

utilização no solo para a produção de plantas.

Para a cultura do milho, Silva et al. (2000) e Galdos et al. (2004)

comprovaram que o lodo de esgoto possui potencial para substituição dos

fertilizantes minerais. Resultados semelhantes foram obtidos por Vega et al.

(2004) para pupunha. Melo e Marques (2000) demonstraram o fornecimento de

nutrientes pelo lodo de esgoto para as culturas de cana-de-açúcar, milho, sorgo

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e azevém. Existem informações sobre aproveitamento do lodo para arroz,

aveia, trigo, pastagens, feijão, soja, girassol, café e pêssego, entre outras

culturas (BETTIOL e CAMARGO, 2000). O lodo de esgoto também vem sendo

utilizado com sucesso em espécies florestais, em especial no cultivo de

eucalipto, conforme relatado por GONÇALVES et al. (2000).

Com o grande crescimento populacional, surgiu a necessidade da

ocupação dos Cerrados para fins de produção agrícola (FERNANDES &

MURAOKA, 2002), em virtude de sua localização estratégica e das

características físicas dos solos, que facilitaram a mecanização. Entretanto, a

degradação tem sido observada em decorrência de manejos inadequados,

oriundos de atividades antrópicas (construção de estradas, hidrelétricas,

atividades de mineração, etc.), especialmente as praticadas nas áreas

agrícolas. O denominador comum dessas áreas degradadas é a remoção do

horizonte superficial juntamente com a matéria orgânica, causando sérios

problemas físicos, químicos e biológicos ao solo (DUDA et al., 1999).

A história do uso do solo mostra que a alteração no ambiente nem

sempre dá lugar a um novo sistema ecológico sustentável, seja de lavouras ou

de pastagens. Com isso, solos utilizados intensamente e de forma inadequada,

são levados à degradação.

A recuperação de áreas degradadas é um processo lento e, como tal,

composto por várias etapas, que devem ser realizadas em sequência, visando

restabelecer o seu potencial de produção (SANTOS et al., 2001). Uma das

alternativas para o destino de resíduos orgânicos pode ser sua incorporação ao

solo, que, servindo como meio depurador, poderia elevar a produtividade de

culturas agrícolas por meio da melhoria da fertilidade, com maior ou menor

intensidade, dependendo das características do resíduo adicionado

(MODESTO et al., 2009).

Com este trabalho objetivou-se avaliar a utilização do lodo de esgoto na

alteração de atributos físicos e químicos de um Latossolo Vermelho-amarelo no

sul do Tocantins.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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2.1 – Produção de biossólido na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE)

de Gurupi

A adição de várias fontes de matéria orgânica tem sido utilizada com o

objetivo de melhorar as propriedades do solo. No caso em questão, a área

degradada será testada com a utilização de lodo de esgoto oriundo da Estação

de Tratamento de Esgoto (ETE) de Gurupi, a fim de melhorar suas

características físicas e químicas.

A ETE de Gurupi opera com uma eficiência de aproximadamente 80%.

O processo de formação do lodo se dá na etapa do tratamento secundário, no

reator anaeróbio de fluxo ascendente, conhecido por reator anaeróbio de

manta de lodo e pela sigla UASB. É gerado no interior do reator uma manta de

lodo formado pelos resíduos da digestão anaeróbia e pela biomassa anaeróbia

ativa que permanece crescendo. O excesso de lodo formado no interior do

reator deve ser periodicamente descartado e encaminhado para desidratação

(Ministério do Meio Ambiente – MMA, 2009).

O lodo que chega no leito de secagem, passa por um adensamento, que

é uma concentração de sólidos que visam reduzir sua umidade e, em

decorrência, seu volume. Após este processo, este resíduo tem sua

estabilização, que visa atenuar o inconveniente de maus odores no

processamento e na disposição do lodo (Ministério do Meio Ambiente – MMA,

2009).

Também no leito de secagem ocorre a desidratação que objetiva

remover água e reduzir ainda mais o volume, produzindo lodo com

comportamento mecânico próximo ao dos sólidos. A desidratação tem impacto

importante nos custos de transporte e destino final, além de influenciar de

maneira decisiva o manuseio do lodo, já que o comportamento mecânico deste

varia com o ter de umidade (Ministério do Meio Ambiente – MMA, 2009).

Em função da origem e do processo de obtenção utilizado, o lodo de

esgoto apresenta composição química muito variável, sendo um material rico

em matéria orgânica (40-60%), em nitrogênio e alguns micronutrientes (MELO

& MARQUES, 2000).

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2.2- Efeitos do lodo de esgoto na fertilidade do solo

Em um planejamento de recuperação de área degradada, o grande

desafio a ser alcançado é o estabelecimento de um horizonte A, para que, a

partir daí, o processo seja catalisado pela biosfera, podendo surgir outros

horizontes, conforme o condicionamento natural. Desse modo, interfere-se em

um ou mais fatores de formação do solo, numa tentativa de acelerar sua

gênese. Portanto, em trabalho de recuperação, a primeira atividade

compreende a identificação e caracterização dos processos de degradação

atuantes e a análise de suas consequências ambientais. Para isso, é

necessário o uso de indicadores que traduzam quantitativa ou qualitativamente

o grau da degradação existente e, ainda, permitam estimar a dimensão dos

esforços técnicos e econômicos que deverão ser alocados na recuperação

(BITAR, 1997).

Stenberg et al., (1999) enfatizou que nenhum indicador individualmente

conseguirá descrever e quantificar todos os aspectos de qualidade do solo.

Nem mesmo uma única qualidade do solo pode ser avaliada, já que deve haver

relação entre todas as suas propriedades. Assim, um número mínimo de

propriedades devem ser selecionadas.

Os critérios para seleção de indicadores relacionam-se, principalmente,

com sua utilidade em definir os processos do ecossistema. Estes integram as

propriedades físicas, químicas e biológicas, além da sensibilidade ao manejo e

variações climáticas (DORAN, 1997).

Os solos degradados são, na sua maioria, pobres em nutrientes e as

condições de clima tropical e subtropical com muita umidade e temperaturas

elevadas são fatores que aceleram o processo de degradação da matéria

orgânica; por esta razão o manejo inadequado do solo agrícola pode reduzir a

capacidade produtiva dos solos; e a adição de matéria orgânica é importante

para a manutenção e até melhoria do potencial produtivo desses solos

(BISCAIA & MIRANDA, 1996).

Desta forma, o uso agrícola do lodo de esgoto como adubo orgânico é

considerado hoje como a alternativa mais promissora de disposição final deste

resíduo, devido a sua sustentabilidade e seu efeito pode ser potencializado,

aliando-se a utilização agrícola e recuperação de áreas degradadas. Devido às

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suas propriedades físico-químicas, o lodo de esgoto pode ser utilizado em

áreas degradadas a fim de recuperar as características necessárias para o

desenvolvimento da vegetação (CASTRO et al., 2002).

Quanto aos aspectos químicos, a aplicação de lodo ao solo tem

propiciado elevação dos teores de fósforo (SILVA et al., 2002), de carbono

orgânico, da fração humina da matéria orgânica, do pH, da condutividade

elétrica e da capacidade de troca de cátions (OLIVEIRA et al., 2002).

Guedes & Poggiani (2003) estudaram, em condições de campo, o efeito

do biossólido produzido na estação de tratamento de esgoto (ETE) de Barueri

(SP), onde o lodo é tratado/estabilizado com cal e cloreto férrico sobre a

ciclagem de nutrientes, e verificaram alterações significativas nos teores de

nutrientes nas folhas das árvores de eucalipto que receberam o produto. No

mesmo experimento, Vaz & Gonçalves (2002) observaram significativas

alterações na fertilidade do solo devido à aplicação do biossólido.

No trabalho de Melo et al. (2001), citou que outros autores, trabalhando

com diferentes biossólidos, em diferentes condições e culturas, também

detectaram efeito da aplicação do lodo sobre a fertilidade de solos e nutrição

de plantas.

Nascimento et al., (2004) observaram expressivos aumentos nos teores

de matéria orgânica dos solos com aplicações de doses mais altas de lodo de

esgoto (60 Mg ha-1). Os teores de matéria orgânica apresentaram aumentos de

53 % (Espodossolo) e 62 % (Argissolo).

Guedes et al., (2006) confirmaram que, de maneira geral, o solo que

recebeu biossólido apresentou maiores valores de pH, Ca2+, SB e V %, assim

como menores valores de Al3+ e de H + Al.

Vários trabalhos confirmam o efeito de biossólidos alcalinos no aumento

do pH e diminuição do Al3+ e da acidez potencial (CHRISTIE et al., 2001,

OLIVEIRA et al., 2002). Tal efeito deve-se, provavelmente, à alcalinidade

intrínseca a esse tipo de material (pH em média > 10), função da adição de

elevadas quantidades de cal virgem (CaO) durante a fase de condicionamento

químico nas estações de tratamento de esgotos (OLIVEIRA et al., 2002).

Em diversos trabalhos, tem sido relatado a eficiência do lodo em

aumentar o pH do solo (MELO & MARQUES, 2000; OLIVEIRA et al., 2002) em

razão da alcalinidade dos materiais utilizados, visto que, no processo de

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tratamento do lodo utilizado nestes ensaios, são adicionadas CaO ou cal

hidratada (Ca(OH)2), objetivando a eliminação de patógenos e estabilização do

resíduo (FERNANDES, 2000).

Nascimento et al., (2004) encontraram comportamento crescente da

capacidade de troca de cátions (CTC) com a aplicação das doses de lodo de

esgoto nos solos. Contudo, deve-se ponderar as considerações feitas por

Oliveira et al. (2002), onde relataram que a CTC foi avaliada pela soma de

bases, o que pode levar, dependendo da taxa de aplicação, a valores

superestimados graças às elevadas concentrações de cálcio que,

freqüentemente, ocorrem no lodo de esgoto.

O lodo de esgoto tem apresentado bons resultados como fertilizante

para diversas culturas, dentre elas soja e trigo (BROWN et al., 1997), milho

(SILVA et al., 1997), feijão e girassol (DESCHAMPS & FAVARETTO, 1997),

sendo, portanto, um fertilizante potencial em diversas condições de solo e

clima.

Barros et al. (2002) verificaram a ocorrência de aumento dos teores de

nitrogênio em plantas, que foram proporcionais ao aumento das doses de lodo

de esgoto adicionadas, enquanto Silva et al. (2002) comprovaram que o

biossólido utilizado obteve eficiência 25% superior à do superfosfato triplo

como fonte de fósforo (P) para o milho. O potássio, em virtude da baixa

concentração em lodo, advinda de sua alta solubilidade em água, tem sido o

elemento de maior necessidade de suplementação com fertilizantes minerais

quando da utilização do lodo para adubação (MELO et al., 1997).

Vários autores também detectaram que a aplicação de biossólido foi

capaz de aumentar o P extraível no solo (SUI & THOMPSON, 2000;

BRAMRYD, 2001; SIMONETE, 2003). É provável que esse efeito seja devido

à menor área de contato do biossólido com o solo que recebeu aplicação

superficial, daí a menor adsorção do nutriente (GUEDES et al., 2006).

Apesar de vários benefícios que o uso de biossólidos pode proporcionar

na agricultura conforme o exposto, a presença de metais pesados constitui

uma das principais limitações ao uso do lodo na agricultura.

De modo geral, as concentrações de metais encontradas no lodo são

muito maiores que as naturalmente encontradas em solos, por isso a

necessidade de avaliação dos riscos associados ao aumento desses

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elementos no ambiente em decorrência da aplicação desse resíduo. Esses

riscos dependem de características do solo, tais como: conteúdo original do

metal, textura, teor de matéria orgânica, tipo de argila, pH e capacidade de

troca catiônica (CTC).

Segundo Andreoli & Pegorini (2000), o uso agrícola do lodo de esgoto foi

exaustivamente pesquisado em todo o mundo, não havendo registro de

nenhum efeito adverso sobre o ambiente, por exemplo, poluição com metais

pesados, quando o mesmo foi utilizado seguindo qualquer uma das diferentes

regulamentações existentes (TABELAS 1, 2, 3 e 4).

Tabela 1 – Diretriz da Comunidade Européia (1986) para presença de metais no lodo e no solo agrícola que recebe valores máximos permitidos em bases secas

Metais No Solo1 (mg kg-1)

No Lodo (mg kg-1)

Aplicação Anual2 (kg ha-1 ano-1)

Cádmio 1 - 3 20 – 40 0,15 Cobre 50 - 140 1000 – 1750 12,0 Níquel 30 - 75 300 – 400 3,0

Chumbo 50 - 300 750 – 1200 15,0 Zinco 150 - 300 2500 – 4000 30,0

Mercúrio 1 – 1,5 16 – 25 0,1 Fonte: adaptado de Matthews (1995) ¹ Faixa de valores válidos para pH do solo entre 6 e 7. Para metais Cu, Ni e Zn esses limites podem ser aumentados em 50%, caso o pH do solo seja maior que 7. ² Média, anual, para um período de 10 anos, podendo a aplicação se dar de uma só vez.

A longo prazo, entretanto, o aumento da concentração de metais no

solo resultante da aplicação do lodo torna-se uma preocupação justificada,

pois, se não adequadamente controlado, pode ameaçar a cadeia trófica (HUE,

1995).

A presença de metais pesados no lodo depende do tipo de efluente que

chega à ETE. Quando a origem do efluente é essencialmente de rejeitos

domésticos, o lodo contém, geralmente, pequenas concentrações de metais

pesados. Entretanto, se o esgoto receber contribuição industrial, o lodo gerado

na ETE pode conter altas concentrações de metais pesados, material que pode

apresentar risco potencial ao solo, plantas e ao homem, quando usado na

agricultura (SANEPAR, 1997).

A presença de elementos potencialmente tóxicos, em níveis excessivos,

estaria relacionada com o lançamento de águas residuárias industriais nas

redes municipais de esgotos. Esse fato parece ser um problema mundial e, no

10

Brasil, é muito comum nas médias e grandes cidades. As atividades de

galvanoplastia são as mais problemáticas, na medida em que lançam águas

contendo altas concentrações de sais de diversos metais utilizados nos

processos industriais. Essas indústrias basicamente promovem o recobrimento

de proteção de metais com outros metais mais nobres (galvanização,

cromação, cobreamento, prateação, niquelação, etc.). Porém outras indústrias,

notadamente as do ramo metalúrgico, curtumes etc., podem contribuir nesses

lançamentos (MALTA, 2001).

Tabela 2 – Concentrações máximas admissíveis de poluentes no lodo e nos solos que recebem lodo, no EUA.

POLUENTES Concentração

Máxima no Lodo (mg/kg)¹

Limites de acumulação

no solo (kg ha-1)²

Limites de aplicação

anual no solo (kg ha-1)²

Conc. Média (mg kg-1)¹

Arsênio 75 41 2,00 41 Cádmio 85 39 1,90 39 Cromo 3.000 3.000 150,00 1.200 Cobre 4.300 1.500 75,00 1.500

Chumbo 840 300 15,00 300 Mercúrio 57 17 0,85 17

Molibdênio 75 18 0,90 18 Níquel 420 420 21,00 420 Selênio 100 100 5,00 36 Zinco 7.500 2.800 140,00 2.800

Fonte: adaptado de USEPA (1993) ¹ Em mg do poluente por kg de lodo (em bases secas). ² Em kg de poluente por ha de solo (em bases secas).

Tabela 3 – Valores limites de concentração de metais pesados em lodo de esgoto para reciclagem agrícola – aplicação no solo do Paraná

ELEMENTO VALOR LIMITE (mg kg-1 na matéria seca)

Cádmio 20 Cobre 1.000 Níquel 300

Chumbo 750 Zinco 2.500

Mercúrio 16 Cromo 1.000

Fonte: SANEPAR, 1999

Dependendo do processo e dos parâmetros de operação do tratamento

a que for submetido o lodo, o mesmo será caracterizado como classe “A” ou

“B”. Para que seja permitida a aplicação em áreas agrícolas o lodo deverá ser

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tratado de modo a ser classificado como classe “A”, por meio de processos de

higienização e/ou desinfecção (MALTA, 2001).

O lodo de esgoto em estudo, coletado na ETE de Gurupi, é

essencialmente doméstico, portanto a presença de metais pesados ficou

abaixo do nível permitido para aplicação em solo, pelas principais agências de

fiscalização ambiental, conforme consta na análise do lodo.

Para ser utilizado no solo, o lodo de esgoto deve passar por processos

de higienização e estabilização, dentre os quais, está a calagem que é um

processo de estabilização, desinfecção química do lodo e consiste na adição e

mistura de cal ao lodo em doses altas para a alcalinização brusca do meio.

Com isso inativa-se e destrói-se a maior parte dos patógenos presentes no

lodo (GARCIA, et. al., 2009).

Tabela 4 – Parâmetros de valores de concentração máxima permitidas de metais pesados estabelecidos pela CETESB e USEPA

METAL PESADO (1) Unidade (2) CETESB USEPA

Arsênio mg kg-1 ND 75,0 41,0

Cádmio mg kg-1 1,6 85,0 39,0

Chumbo mg kg-1 28,7 840,0 300,0

Cromo Total mg kg-1 20,4 __ 1.200,0

Mercúrio mg kg-1 ND 57,0 17

Níquel mg kg-1 18,1 420 420

Selênio mg kg-1 ND 100 36

Sódio mg kg-1 1.255,0 __ -- (1)

Método empregado para metais SW3051, USEPA, determinação por ICP-AES; (2)

Valores de

concentração com base na matéria seca e o de sólidos voláteis, com relação ao total de

sólidos. CETESB: Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (CETESB, 1999).

USEPA: Norma 40 CFR Part 503 (USEPA, 1993) com limites para lodo de qualidade

excepcional. ND: não detectado. –: Não analisado.

Comparando-se as concentrações de metais pesados no lodo da ETE

de Gurupi com os limites de concentração máxima de metal no lodo dos

padrões da CETESB e EPA (Environmental Protection Agency) dos Estados

Unidos (Tabela 4), observa-se que segundo tais padrões este lodo pode ser

considerado como de boa qualidade, podendo ser utilizado na agricultura.

12

Como já comentado tal utilização é de interesse por contribuir para a

minimização da disposição irregular de lodo no ambiente, para a reciclagem de

nutrientes, para a redução do uso de fertilizantes minerais e também por

fornecer matéria orgânica para o condicionamento físico do solo.

A utilização de resíduos urbanos na agricultura deve prever um

monitoramento constante para evitar contaminação tanto do solo como do

aquífero, principalmente quando o material contiver teores de um ou mais

elementos tóxicos próximos aos limites máximos (GARCIA et al., 2009).

Na Tabela 5 encontram-se os resultados referentes à análise de

macronutrientes do lodo da ETE de Gurupi em comparação com a composição

de alguns materiais orgânicos utilizados como adubo (esterco bovino, esterco

de galinha, vinhaça e composto de lixo).

Tabela 5- Teor de macronutrientes no lodo da ETE de Gurupi em comparação com outros materiais orgânicos

Fonte: Kiehl (1985)

2.3- Efeitos da utilização do lodo de esgoto nas propriedades físicas de

solos

Áreas com manejos incorretos apresentam degradações físicas,

provocando compactações, tendo como consequência aumento da densidade

do solo e diminuição da porosidade total, sobretudo da macroporosidade e

consequências drásticas na resistência a penetração do solo.

O solo submetido a um manejo inadequado tende a perder a estrutura

original, pelo fracionamento dos agregados em unidades menores, com

Adubos Orgânicos

Elemento - % em peso seco

N P K Ca Mg S

Lodo da ETE de Gurupi 2,16 1,70 0,20 3,30 0,20 0,30

Esterco bovino1 1,50 1,20 0,70 2,00 0,60 0,20

Esterco de galinha1 1,40 0,80 2,10 2,30 0,50 0,20

Vinhaça1 0,06 0,01 0,30 0,10 0,04 0,05

Composto de lixo urbano1 0,60 0,20 0,30 1,10 0,10 0,20

13

consequente redução no volume de macroporos e aumento no volume de

microporos e na densidade do solo, processo que resulta na degradação de

suas propriedades físicas (DE MARIA et al., 2007).

Assim, a estabilidade dos agregados pode ser utilizada como indicador

físico da degradação ou da recuperação da qualidade do solo.

Este parâmetro caracteriza a resistência que os agregados oferecem à

ruptura causada por agentes externos, ou seja, ação mecânica ou ação hídrica,

sendo a agregação do solo de grande importância para produção agrícola, uma

vez que está relacionado com a aeração do solo, desenvolvimento radicular,

suprimento de nutrientes, resistência mecânica do solo à penetração, retenção

e armazenamento de água. Solos com agregados mais estáveis estão menos

sujeitos à compactação e à erosão (DE MARIA et al., 2007).

Várias fontes de matéria orgânica, entre elas o lodo de esgoto, também

têm sido utilizadas para favorecer a formação de agregados, facilitando a

penetração das raízes e a vida microbiana, além de aumentar a resistência do

solo à erosão, por estabilizar a estrutura do solo e aumentar a capacidade de

retenção de água, tornando as culturas mais resistentes à seca, e fornecer

nutrientes para as plantas, propiciando maior rendimento de matéria verde e

seca e a aeração do solo (TSUTIYA, 2001).

Alguns trabalhos têm demonstrado que a aplicação de lodo de esgoto

pode resultar em aumento da matéria orgânica do solo e da estabilidade dos

agregados do solo.

Garcia-Orenes et al. (2005) observaram aumento de carbono orgânico e

da porcentagem de agregados estáveis com aplicação de lodo de esgoto em

solos salinos e não salinos.

Tsadilas et al. (2005), aplicando de 0 a 50 t ha-1 de lodo, verificaram

aumento da matéria orgânica e da estabilidade de agregados, além de

melhoria de outras propriedades físicas do solo, influenciando positivamente a

produção de algodão.

Outro efeito que o lodo de esgoto pode proporcionar nas propriedades

físicas do solo é a resistência a penetração do solo.

A compactação está relacionada com a resistência do solo à penetração

das raízes; valores elevados de pressão de pré-compactação apresentam

maior probabilidade de reduzir o crescimento das raízes. Considerando que a

14

compactação e a resistência do solo à penetração variam em função da

umidade e que existe relação significativa, positiva e linear entre as duas

variáveis, pode-se afirmar que uma pode ser estimada a partir da outra, por

meio de modelos matemáticos (LIMA & SILVA, 2006).

A resistência do solo à penetração é influenciada pela densidade e

umidade do solo, e pode ser afetada pelas práticas de preparo e manejo do

solo (WANTANABE et al., 2002; BORGES et al., 1999).

Autores que utilizaram o lodo de esgoto concluíram que a resistência do

solo à penetração diminuiu em função do aumento da porosidade e agregação

do solo (AGGELIDES; LONDRA, 2000), melhorando o desenvolvimento de

raízes (BOTTEGA; NASCIMENTO, 1999) e proporcionando maiores

produtividades.

A plasticidade do solo e a capacidade de retenção de água são outras

características físicas modificadas com a adição de matéria orgânica. Para

Castro Filho et al., (1998) o aumento da matéria orgânica no solo reduz a

plasticidade e aumenta a capacidade de retenção de água, além disso melhora

a aeração e diminui a resistência do solo à penetração de raízes (LETEY,

1985). Nessa linha, fazem-se necessárias pesquisas mais aprofundadas em

solos tropicais que receberam doses de lodo de esgoto.

Essas propriedades também foram afirmadas por Melo & Marques,

(2000), em que citaram que o aproveitamento agrícola de lodo de esgoto

apresenta-se como uma das alternativas mais viáveis para disposição final

deste resíduo, em vista dos inegáveis benefícios que podem proporcionar ao

solo. Em razão de sua constituição predominantemente orgânica, quando

incorporado ao solo, há melhoria no estado de agregação das partículas,

redução da densidade e aumento em macroporosidade, o que possibilita maior

aeração, e capacidade de retenção de água. Além disso, proporciona aumento

na CTC, no pH, redução nas concentrações de Al trocável, além de ser fonte

de macro e micronutrientes para as culturas e aumentar a população

microbiana benéfica do solo.

De Maria et al. (2007) verificaram em solos que receberam lodo,

aumento gradativo no diâmetro dos agregados, de acordo com a quantidade

aplicada. Além disso, os autores observaram que a estabilidade dos agregados

em água foi maior em solos que receberam lodo, pois estes ficaram mais

15

resistentes às ações hídricas, devido aos componentes e benefícios do lodo de

esgoto.

Um dos principais efeitos da matéria orgânica nos atributos físicos do

solo está associado ao aumento da agregação do solo à redução da densidade

do solo (BARBOSA et al., 2002; MELO & MARQUES, 2000) e ao aumento da

porosidade total do solo (BARBOSA et al., 2007). Segundo Rezende (2003),

solos com teores mais elevados de matéria orgânica apresentam densidades

menores, conseqüentemente estes possuem maior capacidade de retenção de

água. Alguns autores relatam que o aumento da matéria orgânica e a redução

da densidade do solo deve-se, principalmente, aos cátions presentes no lodo

(Ca2+ e Al3+), que promovem a agregação das partículas do solo e determinam

aumento no volume do mesmo (BARBOSA et al., 2002; MELO & MARQUES,

2000; FIEST et al., 1998).

Pesquisas demonstram que a aplicação de lodo de esgoto em solos

tropicais resulta em aumento da macroporosidade (MELO et al. (2004) e

diminuição da resistência do solo à penetração (BARBOSA et al., 2002).

Boeira et al. (2007), obtiveram diminuição linear da densidade do solo

com o aumento das doses de lodo de esgoto, após três aplicações deste

resíduo, sendo que na dosagem de 80 Mg ha-1, foi a que apresentou menor

densidade.

Assim, melhorias imediatas nas propriedades físicas dos solos têm sido

freqüentemente relacionadas à aplicação de lodo de esgoto, embora sejam

observadas apenas com aplicação de doses muito elevadas, como os

aumentos de C citados por Cegarra (1983), com aplicações na ordem de

90.000 kg ha-1. Quantidades dessa ordem de grandeza não são, em geral,

tecnicamente recomendadas para uso agrícola ambientalmente seguro, em

especial devido ao risco de alta geração de nitrato durante sua decomposição

(DYNIA et al., 2006) e ao acúmulo de metais pesados no solo (SILVA et al.,

2001, 2006). O potencial poluente de grandes quantidades de lodo de esgoto

deve-se também à presença de agentes patogênicos (bactérias, fungos, vírus,

protozoários e helmintos); ao seu potencial de acidificação e de aumento da

condutividade elétrica de solos agrícolas; e à presença de compostos

orgânicos (voláteis ou não, dioxinas, furanos, PCBs, PAS, etc.) (CEGARRA,

1983; TSUTIYA, 2001), alguns potencialmente carcinogênicos, genotóxicos ou

16

mutagênicos para o ser humano (PEREIRA NETTO et al., 2000) e, ou, com alto

percentual de distribuição em plantas (PARAÍBA & SAITO, 2005).

3- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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25

CAPÍTULO I

EFEITO DA UTILIZAÇÃO DE DOSES CRESCENTES DE LODO DE ESGOTO

EM PROPRIEDADES QUÍMICAS DE UM LATOSSOLO VERMELHO-

AMARELO

RESUMO

A utilização incorreta dos solos vem causando alterações neles, tornando-os

cada vez menos produtivos, aumentando as áreas com solos degradados. O

presente trabalho teve por objetivo avaliar a utilização do lodo de esgoto na

recuperação de solos degradados, e suas ações sobre os atributos químicos

(macronutrientes, micronutrientes, matéria orgânica, CTC, pH e saturação por

base) de um Latossolo Vermelho-amarelo em Gurupi-TO. O delineamento

experimental utilizado foi o de blocos casualizados com seis tratamentos e

quatro repetições. Os tratamentos consistiram de seis doses crescentes de

lodo de esgoto, aplicadas em uma única vez. O aumento das doses aplicadas

(0, 10, 20, 40, 60 e 80 Mg ha-1) do lodo da Estação de Tratamento de Esgoto

de Gurupi-TO, de origem urbana, aumentou significativamente para os

nutrientes Ca, P, Zn e para o atributo de saturação por bases. Doses

crescentes do lodo de esgoto não afetaram os estoques de matéria orgânica e

o pH permaneceu praticamente o mesmo em todos os tratamentos. A utilização

de 80 Mg ha-1 foi a dose que teve maiores índices.

Palavras chave: biossólido; fertilidade; matéria orgânica

ABSTRACT

Incorrect use of land has caused changes in them, making them less

productive, increasing the areas with degraded soils. This study aimed to

evaluate the use of sewage sludge in the recovery of degraded soils, and their

actions on the chemical attributes (macronutrients, micronutrients, organic

matter, CEC, pH and base saturation) of an Oxisol in Gurupi-TO . The

26

experimental design was randomized blocks with six treatments and four

repetitions. The six treatments consisted of increasing doses of sewage sludge,

applied only once. Increasing doses (0, 10, 20, 40, 60 and 80 Mg ha-1) of the

sludge from the Sewage Treatment Plant of Gurupi-TO, urban origin, caused

significant effects for Ca, P, Zn and the attribute of saturation. Increasing doses

of sewage sludge did not affect the stocks of organic matter and pH remained

almost the same in all treatments. Treatment 5 (80 Mg ha-1) was reached that

the best rates.

Key words: biosolids; fertility, organic matter

1- INTRODUÇÃO

O lodo de esgoto vem sendo usado largamente na agricultura por

apresentar características químicas e físicas favoráveis para condução tanto de

pastagens como culturas de anuais ou perenes.

Pelas características do lodo de esgoto e partindo-se do conhecimento

de alguns de seus efeitos benéficos sobre as propriedades do solo, acredita-se

que o seu aproveitamento em solos agrícolas constitua-se numa oportunidade

de reciclagem dos nutrientes neles contidos e, ao mesmo tempo, em solução

do problema de sua acumulação em alta escala nas estações de tratamento.

A aplicação de lodo de esgoto ao solo, assim como de outros resíduos

ricos em matéria orgânica (MO), vem sendo estudada com o fim de otimizar a

produção de alimentos, minimizando a poluição ambiental e podendo melhorar

a qualidade do solo, se as quantidades aplicadas forem adequadas.

Simultaneamente, a preocupação ambiental crescente originou nos países

desenvolvidos a necessidade de estabelecimento de critérios de uso para

esses resíduos, como aqueles explicitados na norma americana para uso de

lodo de esgoto (USEPA, 1993), em razão do seu potencial poluidor (BOEIRA &

SOUZA, 2007).

Este é um resíduo de grandes utilidades para fins agrícolas, quer como

condicionante das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, em

virtude de seu conteúdo de material orgânico, quer como fonte de nutrientes

27

para as plantas cultivadas, em virtude de sua composição química (MELO et

al., 1994).

Segundo Marciano (1999), o descarte de resíduos urbanos em solos tem

diversas limitações químicas; contudo, pode ser prática agrícola viável no

Brasil, desde que se disponha de informações básicas sobre as propriedades

adquiridas pelo solo ao interagir com os resíduos, principalmente em condições

tropicais, em que os estudos ainda são escassos.

Em função da origem e do processo de obtenção utilizado, o lodo de

esgoto apresenta composição química muito variável, sendo um material rico

em matéria orgânica (40-60%), em nitrogênio e alguns micronutrientes (MELO

& MARQUES, 2000).

A matéria orgânica do solo tem como uma das funções mais importantes

o fornecimento de nutrientes aos vegetais, principalmente em relação ao

fósforo (P), elemento mais limitante ao desenvolvimento das culturas em solos

altamente intemperizados (BUSATO et al., 2005).

O fósforo se apresenta na forma orgânica e inorgânica, tanto na fase

sólida como na solução do solo, existindo equilíbrio entre o P adsorvido e o P

em solução (PAVINATO & ROSOLEM, 2008), a elevação dos valores do pH

reduz a atividade do H + Al e aumenta a disponibilidade de nutrientes como o

fósforo (FERNANDES et al., 2003).

O aumento na disponibilidade de fósforo no solo com a adição de

resíduos vegetais também vem sendo observada, tanto pela quantidade

presente nos resíduos, como por competição de compostos orgânicos dos

resíduos pelos sítios de troca no solo (SILVEIRA et al., 2010). Sendo a inibição

competitiva considerada o principal mecanismo de ação da matéria orgânica na

disponibilização de fósforo (PAVINATO & ROSOLEM, 2008).

As regiões de cerrado apresentam características físicas favoráveis com

boa topografia, porém com sérias limitações de fertilidade, pelos baixos valores

de pH, elevados teores de alumínio trocável e baixo teores de nutrientes, o que

torna importante a correção dessas limitações para obtenção de níveis

satisfatórios de produção de forragem e demais culturas (LIMA et al., 2007).

A baixa reserva mineral está associada à baixa capacidade de troca

catiônica (CTC) dos solos arenosos que estão predisposotos ao processo de

lixiviação de íons, sendo que a maior parte da CTC está associada à matéria

28

orgânica que normalmente é baixa em condições naturais e/ou de manejo

convencional do solo pela alta taxa de oxidação em condições tropicais

(REINERT et al., 2006).

Os solos podem ser ácidos devido à própria pobreza em bases do

material de origem, ou a processos de formação que favorecem a remoção ou

lavagem dessas bases como potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), sódio

(Na) e outros, sendo a origem da acidez do solo causada principalmente pela

lavagem do Ca e Mg pela água da chuva ou irrigação e remoção dos

nutrientes pelas colheitas (OLIVEIRA et al., 2005).

No solo a faixa de pH entre 5,8 e 6,2 é a que apresenta maior

disponibilidade da maioria dos nutrientes essenciais disponíveis para as

culturas e pastagens (OLIVEIRA et al., 2005). A adição de resíduos vegetais ou

outras fontes de matéria orgânica podem promover a elevação do pH

(SILVEIRA et al., 2010), resultado decorrente da complexação dos íons H+ e

Al3+ livres com compostos orgânicos aniônicos dos resíduos vegetais e do

aumento da saturação da CTC do solo pelos Ca, Mg e K adicionados via

resíduo vegetal, o que reduziria a acidez potencial, sendo que o aumento nas

camadas superficiais do Ca, Mg e K são uma provável resposta a quantidade

presente no resíduo e não ao aumento da disponibilidade do nutriente

preexistente no solo (PAVINATO & ROSOLEM, 2008).

Com esse trabalho objetivou-se avaliar o efeito de dosagens de lodo de

esgoto em propriedades químicas de um Latossolo Vermelho-amarelo sob uma

pastagem degradada.

2- MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado na fazenda experimental da Universidade Federal

do Tocantins, campus de Gurupi, com altitude média de 280 m, latitude 11º43'

sul e a longitude 49º04' oeste. O clima da região pela classificação de Köppen

(1948) é do tipo mesotérmico com chuvas de verão e inverno seco. Os dados

referentes à precipitação pluviométrica do período de estudo são apresentados

na Figura 1.

29

Fonte: INMET

Figura 1. Precipitação pluviométrica de janeiro a dezembro de 2011 na estação

automática: Gurupi (TO)

O solo foi classificado como Latossolo Vermelho Amarelo distrófico

(EMBRAPA, 2006) apresentando textura franco arenosa, sem presença de

pedregosidade e rochosidade, sendo acentuadamente drenado e de relevo

plano. A área estava cultivada com pastagem de Brachiaria brizhanta.

Antes da implantação do experimento foram realizadas amostragens na

área para verificação de características e composição granulométrica do solo

(Tabela 1).

30

Tabela 1- Caracterização química e granulométrica da área experimental,

antes da implantação do experimento. Caracterísitcas Valores

pH (CaCl2) 3,98

pH (H20) 4,43

Cálcio (cmolc dm-³) 0,44

Magnésio (cmolc dm-³) 1,00 Cálcio + Magnésio (cmolc dm-³) 1,44

Potássio (cmolc dm-³) 0,06

H+Al (cmolc dm-³) 7,54

Alumínio (cmolc dm-³) 0,54 Fósforo (mg kg-1) 0,70 SB (cmolc dm-³) 1,50

Capacidade de troca de cátions Total (cmolc dm-³) 9,05 Capacidade de Troca de Cátions efetiva (cmolc dm-³) 2,04

V (%) 16,64 m (%) 26,41

Matéria Orgânica (%) 1,81 Areia (%) 63,50 Silte (%) 2,39

Argila (%) 34,09

Para realização deste experimento, utilizou-se lodo de esgoto coletado

da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Gurupi-TO.

Este lodo encontrava-se em leito de secagem por aproximadamente 60

dias, quando então foi coletado 1680 kg do mesmo. Em seguida o mesmo foi

deixado em repouso próximo à área escolhida por quinze dias. No primeiro dia

de repouso, incorporou-se a este esgoto cal virgem na proporção de 15% em

peso seco do lodo (250 kg), a fim de eliminar patógenos (GARCIA, 2009).

As análises foram realizadas na Solocria Laboratório Agropecuário, na

cidade de Goiânia-GO e as concentrações dos elementos N, P, Ca, Mg, K, Fe,

Al, Mn, Mo, Cu, Zn, Ni, Cr, Pb e Cd e pH se encontram na Tabela 2.

31

Tabela 2. Caracterização química da amostra de lodo de esgoto da Estação de

Tratamento (ETE) - Saneatins de Gurupi utilizada no experimento, Laboratório Solocria (2011)

Característica Valor

pH (água 1:2:5) 4,68

N – total (g / Kg) 21,60

P (g / Kg) 17,00

K (g / Kg) 2,00

Ca (g / Kg) 33,00

Mg (g / Kg) 2,00

S (g/Kg) 3,00

Cu (mg/Kg) 10,00

Zn (mg/Kg) 800,0

Mn (mg/Kg) 160,0

Pb (mg/Kg) 0,10

Fe (mg/Kg) 36000

Fl (mg/Kg) 200

Cadmio (mg/Kg) 1,00

Cromo (mg/Kg) 7,10

Níquel (mg/Kg) 3,00

O experimento foi instalado em janeiro de 2011. O delineamento

experimental adotado foi o de blocos casualizados, com seis tratamentos

(doses de lodo de esgoto: 0, 10, 20, 40, 60 e 80 Mg ha-1) e quatro repetições,

totalizando 24 parcelas. Cada parcela ocupou uma área de 20 m² (5 m x 4 m),

sendo um total de 80 m² por tratamento e 480 m² no total. De acordo com o

tratamento, o lodo foi distribuído a lanço nas parcelas e em seguida realizou-se

duas gradagens a fim de incorporá-lo no solo.

Após a incorporação do lodo, aos 210 dias aproximadamente, foram

coletadas em cada parcela, amostras de solo na profundidade de 0-20 cm.

Estas amostras foram conduzidas ao Laboratório de Solos da UFT para a

determinação da granulometria, do pH em CaCl2; dos teores de cálcio (Ca),

magnésio (Mg) e alumínio (Al); fósforo (P) e potássio (K); acidez potencial

(H+Al); e matéria orgânica segundo métodos descritos no Manual de Análises

Químicas de Solos, Plantas e Fertilizantes (EMBRAPA, 1999).

32

Os metais pesados, Ni, Cr, Pb e Cd, não foram analisados pois seus

valores ficaram inferiores aos limites (Tabela 2) estabelecidos pelas principais

agências de fiscalização ambiental, tendo em vista sua origem de efluentes

domésticos.

Os micronutrientes S, Cu, Fe Mn, Zn, Na e B também foram analisados

pelo Laboratório Solocria Agropecuário.

Os dados do experimento foram submetidos a análise de variância

adotando-se o teste F. As variáveis cujo o “teste F” foram significativas

(p≤0,05), foram submetidas à análise de regressão simples para a escolha do

modelo matemático mais ajustável às observações. Os critérios utilizados para

a escolha do modelo matemático foram a expectativa biológica, a não

significância do desvio de regressão, o maior ajuste do modelo aos dados (r2) e

a significância dos parâmetros do modelo.

O programa estatístico utilizado para a realização das análises foi o

SISVAR versão 4.3, da Universidade Federal de Lavras.

3- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando os resultados apresentados na Tabela 3, observou-se que o

tratamento 5 foi superior aos demais, apesar de não apresentar diferenças

significativas em relação a maioria dos nutrientes analisados e nem nos valores

de CTC, matéria orgânica (MO) e pH.

Observa-se também que a testemunha (dosagem de 0 Mg ha-1),

apresentou médias menores na maioria dos parâmetros avaliados em relação

aos demais tratamentos, apesar de ficar com média superior em alguns

resultados, como em relação ao fósforo (P) que ficou mais alto que em relação

à dosagem de 20 Mg ha-1, apesar de não ser estatisticamente diferente (p≤5).

O elemento Mn apresentou média maior na testemunha em relação aos demais

tratamentos. Por ser um elemento competitivo com o magnésio e este estar

com média menor na testemunha e maior nos demais tratamentos, pode ser

uma explicação para o Mn ter apresentado uma concentração superior no

tratamento testemunha. Conforme CFSEMG (1999), na interpretação dos

resultados da análise de solo incorporados com lodo de esgoto, o teor de Mn

33

na dosagem de 0 Mg ha-1 é bom, já nas dosagens de 10, 20 e 30 Mg ha-1é

médio.

O Al foi outro elemento que teve maior média na testemunha, sendo nulo

seu valor nos demais tratamentos. Esse resultado pode ser explicado pelo fato

do lodo de esgoto ter sido tratado com cal virgem, aumentando a quantidade

de Ca nos tratamentos e consequentemente diminuindo o Al da solução do

solo.

A dosagem de 10 Mg ha-1, também apresentou, na maioria dos casos,

médias menores em relação as demais dosagens.

O efeito da aplicação das doses crescentes de lodo de esgoto no solo

degradado afetou significativamente os valores de fósforo, sódio, cálcio,

alumínio, ferro, zinco e saturação de bases (Tabela 3).

Resultados de pesquisas indicam que o lodo de esgoto é rico em

nitrogênio, fósforo e micronutrientes, apresenta teores de umidade variável e

alta concentração de matéria orgânica. A quantidade de fósforo adicionado ao

solo pela aplicação de lodo de esgoto, normalmente não tem sido excessiva.

Todavia, aumento nos teores de fósforo em solos com a aplicação de lodo

esgoto tem sido comuns e relatados por vários autores (SUI & THOMPSON,

2000; BRAMRYD, 2001; SIMONETE et al., 2003; GUEDES et al. 2006), tanto

em sistemas agrícolas, pastagens e florestas.

A concentração de micronutrientes no solo é variável, dependendo de

fatores como o material de origem, estado de intemperismo, clima, conteúdo de

matéria orgânica, textura do solo, potencial de oxi-redução e pH (NEVES et al.,

1994).

34

Tabela 3: Análise descritiva dos atributos químicos do solo em relação aos tratamentos 1 (10 Mg ha-1

), 2 (20 Mg ha-1

), 3 (40 Mg ha-1

),

4 (60 Mg ha-1

), 5 (80 Mg ha-1

) e 6 ( 0 Mg ha-1

).

Letras maiúsculas na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey a 5%. CTC: capacidade de troca de cátios total; V: saturação por bases; MO: matéria orgânica.

Trat.

(Mg ha-1

)

ATRIBUTOS

Ca Mg Al K P S Cu Fe Mn Zn B CTC V MO pH

___cmolC dm-3______

_____________________mg dm-3

___________________ cmolC dm-3 ____%____ H2O

0 1,65 B 0,50 A 0,182 B 8,96 A 3,11 B 2,70 A 1,27 A 104,5 A 10,0 A 1,8 AB 0,22 A 5,87 A 35,54 B 1,49 A 5,60 A

10 1,50 B 0,84 A 0,007 A 9,19 A 4,25 B 6,10 A 1,22 A 98,0 A 7,7 A 1,3 B 0,20 A 5,57 A 42,20 AB 1,62 A 5,57 A

20 2,19 AB 1,34 A 0,000 A 9,51 A 2,95 B 5,30 A 1,32 A 107,6 A 8,0 A 2,7 AB 0,25 A 6,82 A 51,97 AB 1,56 A 5,57 A

40 2,12 AB 1,30 A 0,045 A 10,96 A 4,47 AB 6,40 A 1,32 A 116,6 A 8,0 A 3,3 AB 0,27 A 5,77 A 59,41 AB 1,48 A 5,70 A

60 2,59 AB 1,18A 0,000 A 10,42 A 7,11 AB 12,0 A 1,75 A 124,1 A 9,0 A 5,6 AB 0,28 A 5,84 A 66,15 AB 1,55 A 5,57 A

80 3,34 A 1,56 A 0,000 A 9,68 A 9,81 A 14,5 A 1,60 A 142,6 A 9,7 A 6,0 A 0,27 A 6,68 A 73,12 A 1,62 A 5,60 A

35

Fósforo:

Segundo Melo et al. (1997), ainda existem dúvidas quanto ao potencial

do lodo em aumentar a disponibilidade de fósforo no solo, no entanto, neste

trabalho detectou-se um aumento no teor de P com o aumento da dosagem do

lodo, obtendo um melhor resultado na dosagem mais elevada de 80 Mg ha-1,

conforme pode ser observado na Figura 2.

Observa-se também que há um ligeiro decréscimo de P na dosagem de

20 Mg ha-1, e a partir desse ponto observa-se um crescimento proporcional ao

aumento das dosagens de lodo de esgoto aplicadas.

O lodo de esgoto da ETE de Gurupi (Tabela 2) apresenta bons índices

de teores de P, que é um elemento de baixa mobilidade no solo, o que explica

as quantidades desse nutriente encontrado nas análises dos tratamentos. As

reservas naturais de P no solo, considerando sua textura (34% de argila) eram

muito baixas, conforme consta na Tabela 1, portanto ao adicionar o lodo, os

valores elevaram significativamente, nas dosagens de 30, 60 e 80 Mg ha-1,

apesar de continuar na classificação muito baixa, de acordo com a CFSEMG,

(1999).

Segundo Novais et al., (2007) uma das maneiras de alterar a

concentração de P na solução do solo é o uso de fontes orgânicas. À

semelhança do que ocorre com as fontes minerais, as fontes orgânicas

poderão ser fonte (aumentar) ou ser dreno (diminuir) do P-solução. Com a

mineralização de resíduos de cultivos, ou mesmo da matéria orgânica

humificada do solo, o P liberado da biomassa contribuirá para o maior conteúdo

de P-solução. Portanto, como a matéria orgânica utilizada no experimento (lodo

de esgoto) foi uma fonte rica em P, ela colaborou para houvesse aumento do

nutriente na solução do solo.

Além de ser fonte de P, o lodo pode atuar diminuindo a adsorção do

elemento em solos, graças ao elevado teor de matéria orgânica, que poderá

fornecer íons orgânicos que competem com o fosfato pelos sítios de adsorção,

(HUE 1995), aumentando a disponibilidade do elemento.

Modesto et al, (2009), observaram aumento significativo de P nos

tratamentos com lodo de esgoto, em virtude da presença de elevados teores

desse elemento.

Houve aumento considerável na concentração de fósforo no solo, com o

36

aumento das doses de lodo de esgoto caleado adicionadas (Figura 2). Esses

valores podem estar acima da quantidade real de P disponível no solo, uma

vez que foi utilizado Mehlich-1 como extrator. Segundo Novais & Smyth (1999),

com o uso do extrator Mehlich-1, valores superestimados do fósforo disponível

são verificados em solos com domínio de P-Ca, o que pode ser decorrente de

sua gênese ou da alteração das condições do meio com a aplicação de

corretivos de acidez.

Com o uso de extratores ácidos quantifica-se como disponível a forma

de fósforo ligado ao cálcio, sabidamente uma forma não-lábil (FIA et al., 2005).

Figura 2- Concentração média de P em um Latossolo Vermelho-amarelo em

função da aplicação de doses crescentes de lodo de esgoto

Potássio:

Em geral os lodos de esgoto são desbalanceados quanto aos teores de

nutrientes, necessitando muitas vezes de uma suplementação na adubação

com fontes minerais. São geralmente pobres em potássio devido ao processo

de obtenção, há a perda desse nutriente em solução no esgoto tratado. Tal fato

pode ser observado em dados anteriores já apresentados, como as fontes

descritas por Kiehl (1985), em que a concentração de K de vários materiais

y = -2E-06x3 + 0,0012x2 - 0,0056x + 3,3732R² = 0,96

0

2

4

6

8

10

12

0 20 40 60 80

Co

nce

ntr

ação

de

P (

mg

dm

3 )

Doses de lodo de esgoto (Mg ha-1)

P

Polinômio (P)

37

orgânicos aparecem superiores aos analisados no lodo de esgoto da ETE de

Gurupi.

De acordo com Ernani et al., (2007), diferentemente de outros nutrientes,

como o N e P, o teor de K na matéria orgânica do solo é extremamente

pequeno, pois se restringe ao K na fração orgânica viva. O K não faz parte de

nenhuma fração orgânica abiótica do solo, pois não integra nenhum composto

orgânico estável. Esses dados foram confirmados no presente trabalho, pois as

concentrações de K no lodo de esgoto (Tabela 2) foram muito baixas de acordo

com a classificação apresentada pela CFSEMG (1999). Ainda, confirmando a

linha de Ernani et al. (2007), a decomposição das frações orgânicas mais

estáveis do solo, constituídas pelas substâncias húmicas e pelos resíduos

parcialmente decompostos, não contribui de modo importante para o

suprimento de K às plantas.

O aumento pouco expressivo no teor de potássio no solo em função das

doses de lodo de esgoto aplicadas (Figura 3) estão de acordo com os

resultados obtidos por Hue, (1995) e Nascimento et al. (2004). Segundo esses

autores os resultados devem-se aos teores relativamente baixos de potássio no

lodo.

Figura 3- Concentração média de K em um Latossolo Vermelho-amarelo em função da aplicação de doses crescentes de lodo de esgoto

y = -6E-06x3 - 0,0002x2 + 0,0623x + 8,7916R² = 0,77

0

2

4

6

8

10

12

0 20 40 60 80

Co

nce

ntr

ação

de

K (

mg

dm

3 )

Doses de lodo de esgoto (Mg ha-1)

K

Polinômio (K)

38

O K, comparando-se com a análise de solo realizada antes da

implantação do experimento, conforme Tabela 1 está abaixo do valor inicial.

Essa redução, bem como o comportamento próximo a média dos teores de

potássio no solo em função das dosagens de lodo de esgoto pode decorrer,

além da lixiviação do elemento, com sua competição com o cálcio, que resulta

no deslocamento deste nutriente do complexo de troca do solo. Este resultado

está de acordo com os obtidos por Andreoli (1999).

Guedes et al., (2006) observou deficiência de K, cujos sintomas visuais

foram observados quatro meses após o plantio, no crescimento de eucalipto,

os quais foram conduzidos com a aplicação de lodo de esgoto. Esse fato

corrobora na relação da baixa quantidade de K na composição do lodo de

esgoto.

A maior concentração de Ca aparece na dosagem mais elevada de lodo

de esgoto (Tabela 3), e observando a Figura 3, na faixa de dosagem de lodo

entre 60 e 80 Mg ha-1, houve uma ligeira queda do K. Esse dado pode ser

resultante da competição com o elemento Ca.

Cálcio:

O solo em estudo, apesar de uma topografia favorável à mecanização

apresentou propriedades químicas inadequadas, de acordo com os resultados

apresentados na Tabela 1, notadamente no que se refere a acidez do solo.

Conforme classificação da CFSEMG (1999) apresentou baixo teor de

Ca. Não obstante alguns autores apresentarem o lodo de esgoto com potencial

para acidificar o solo (SUI & THOMPSON, 2001, SIMONETE al., 2003), o

material utilizado no experimento é rico em Ca (Tabela 2). Além de possuir boa

quantidade de Ca, ele passou pelo processo de caleação (adição de cal),

conforme descrito na metodologia, o que contribui ainda mais para aumentar os

teores de Ca no lodo.

Os resultados encontrados neste experimento estão em concordância

com os observados em outros trabalhos (SIMONETE et al., 2003;

NASCIMENTO et al., 2004).

39

Portanto, analisando a Figura 4, observa-se aumento significativo dos

teores de Ca e Mg com a elevação das dosagens de lodo de esgoto, partindo

de aproximadamente 2 cmolc dm3 e chegando na faixa de 5 cmolc dm3.

Conforme a classificação da CFSEMG (1999) essa faixa, para a soma de

bases está entre média e boa e a maior contribuição para a elevação da soma

de bases foi do Ca e Mg, tendo em vista que os teores de K ficaram reduzidos.

Favaretto et al. (1997), também observaram que os teores de Ca+Mg do

solo aumentam em função de doses crescentes de lodo, atribuindo este

comportamento ao material corretivo adicionado ao lodo de esgoto, o qual

apresentava teores de Ca e Mg equivalentes a 10% e 6%, respectivamente, em

base seca.

Figura 4 – Concentração média de Ca e Mg em um Latossolo Vermelho-amarelo em função da aplicação de doses crescentes de lodo de esgoto

Magnésio:

A literatura ressalta que solos que recebem lodo de esgoto,

notadamente os florestais e pastagens, somente apresentam resultados

visíveis quanto ao teor de magnésio quando ocorrem aplicações por longos

períodos. Isso indica que a aplicação do lodo tratado com cal, provavelmente,

diminua a concentração deste nutriente no solo, pois há uma competição por

y = 0,0002x2 + 0,0077x + 1,6362R² = 0,91

y = -0,0002x2 + 0,0243x + 0,6321R² = 0,74

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

0 20 40 60 80

Co

nce

ntr

açõ

es d

e C

a e

Mg

(cm

ol c

dm

-3)

Doses de lodo de esgoto (Mg ha-1)

Ca

Mg

Polinômio (Ca)

Polinômio (Mg)

40

sítios de absorção exercida por outros cátions existentes no lodo em teores

mais elevados que o magnésio (GUEDES & POGGIANI, 2003).

Em diversos trabalhos têm sido relatado efeitos contrários da aplicação

de lodo de esgoto e a concentração de magnésio no solo. Silva et al. (1995),

Barbosa et al. (2002) verificaram que o aumento nos teores de cálcio e

magnésio em função da aplicação no solo de lodo de esgoto não tratado com

cal.

Alumínio:

A adição de lodo caleado proporcionou redução nas quantidades de Al

trocável no solo, devido à sua precipitação como hidróxidos e, desta forma,

reduzindo sua fitotoxicidade. Antes da incorporação do lodo ao solo, conforme

classificação CFSEMG (1999), a área apresentava baixos teores de Al3+

(Tabela 1) e após a incorporação, os teores de Al3+ praticamente reduziram

para zero na solução do solo.

A diminuição dos valores de alumínio trocáveis no solo em função das

doses de lodo de esgoto aplicadas pode ser decorrente do aumento dos

valores do pH. Na análise realizada antes da implantação do experimento o

valor do pH (Tabela 1) estava com acidez elevada, conforme CFSEMG, 1999.

Após a incorporação do lodo houve acréscimo dos valores de pH ficando com

uma acidez média (CFSEMG, 1999). Portanto, o aumento do pH do solo pode

estar diretamente relacionado com a cal virgem misturada ao lodo, gerando um

produto alcalino, com efeito residual (RAIJ, 1991). Resultados semelhantes

foram obtidos por Andreoli (1999); Melo et al. (1994); Silva et al., (1998); Berton

et al. (1999) os quais constataram que o lodo adicionado ao solo agiu como

corretivo de acidez, reduziu o teor de alumínio trocável e melhorou as

condições de absorção e nutrientes pelas plantas.

Segundo Fia et al., (2005), no tratamento em que não houve adição de

lodo de esgoto caleado ao solo, a saturação do complexo de troca por Al

atingiu 33%, reduzindo a produção de matéria seca, pois, a saturação máxima

de Al tolerada pela cultura do milho é 15%. No experimento em estudo também

houve um leve aumento do Al na testemunha.

Enxofre:

41

A incorporação de doses crescentes de lodo de esgoto proporcionou

aumento dos teores de enxofre (Figura 5), apesar do lodo de esgoto da ETE de

Gurupi não apresentar grandes quantidades desse nutriente em sua

composição. Mas como o S é um elemento dependente de vários outros

fatores para estar disponível na solução do solo, pode ser que, ao incorporar o

lodo de esgoto no solo, algumas reações com outros elementos, como Fe e Zn

podem ter ocorrido e proporcionou uma maior concentração de S no solo,

conforme observa-se na Figura 5.

Figura 5 - Concentração média de S em um Latossolo Vermelho-amarelo em função da aplicação de doses crescentes de lodo de esgoto

Alguns autores, Sígolo et al., (2010), estudando a composição do lodo

de esgoto, encontraram-no com altas concentrações de enxofre, ao contrário

do que foi detectado na ETE de Gurupi.

A presença de enxofre em lodos de esgoto encontra parte de sua origem

creditada à vinculação com fezes, fonte de compostos de proteínas, como a

tiamina, que produz, em condições redutoras, gás sulfídrico (H2S) (BETTIOL, et

al. 2004).

y = 0,138x + 2,984R² = 0,91

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Co

nce

ntr

ação

de

S (m

g d

m-3

)

Doses de lodo de esgoto (Mg ha-1)

S

Linear (S)

42

Micronutrientes:

Dentre os micronutrientes, a maior amplitude de variação foi o Zn

seguida pelo Fe.

O teor de Zn apresentou tendência de aumento em suas concentrações

trocáveis no solo, devido à presença desses no lodo (Figura 6). Em trabalho

realizado por Fia et al., (2005), também encontraram resultados semelhantes,

com aumento de Zn e Cu, contudo, essas concentrações tenderam a decrescer

no maior valor alcançado de pH no solo, o que possivelmente esteja associado

à formação de precipitados não solúveis a partir da dose de aplicação de lodo

caleado de 101,0 Mg ha-1, a qual correspondeu a um valor de pH de 6,3.

Figura 6- Concentração média de Zn em um Latossolo Vermelho-amarelo em função da aplicação de doses crescentes de lodo de esgoto

Ao contrário desse trabalho, Lourenço et al., (1999), encontraram

diminuição dos teores de Zn com o aumento das doses de lodo aplicadas.

Imputaram tal comportamento a uma possível solubilização do elemento com

consequente perdas por lavagem.

Conforme interpretação da CFSEMG (1999), a média de Zn obtida na

dosagem de lodo de esgoto de 10 Mg ha-1 fica na classe média, a dosagem de

0 Mg ha-1 está com o valor bom e as demais dosagens de lodo ficaram com

valores altos. Esse fato decorre do alto conteúdo de Zn no lodo (Tabela 2).

y = 0,0612x + 1,3095R² = 0,93

0

1

2

3

4

5

6

7

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Co

nce

ntr

ação

de

Zn (

mg

dm

-3)

Doses de lodo de esgoto (Mg ha-1)

Zn

Linear (Zn)

43

O Zn foi o elemento que apresentou maior incremento de absorção com

o aumento das doses de lodo aplicada, sendo significativo pelo teste de Tukey

a 5%. Conforme observa-se na Figura 6, a dose de 80 Mg ha-1, foi a que

obteve maior concentração de Zn. Esse dado corrobora com os obtidos por

Nascimento et al., (2004).

Apesar do potencial de toxidez do Zn, o mesmo esteve abaixo do teor

considerado fitotóxico (500 mg kg-1) (Chaney & Ryan, 1993).

Os teores de nutrientes com potencial de contaminação adicionados aos

solos pelas mais altas dose de lodo, para Zn e Cu, foram muito menores que

os limites preconizados pela Comunidade Européia (HUE, 1995) e pela

Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA, 1993), portanto

dentro dos limites toleráveis de impacto ambiental.

King & Moris (1972) constataram que os níveis de Mn solúvel em água e

trocável aumentam mais em função da redução do pH, ocasionado pela

aplicação do lodo, do que pelas grandes quantidades de Mn fornecido pelo

lodo.

Mesmo que o Mn tenha se apresentado com valores acima da média,

esse fato provavelmente não irá causar toxidez, pois conforme Meurer (2007)

de maneira geral, o pH do solo na faixa de 5,5 a 6,5 é favorável ao crescimento

da maioria das plantas. Em valores de pH abaixo de 5,5 podem ocorrer danos

ao crescimento em razão de elevadas concentrações de elementos

potencialmente tóxicos, como o Al e Mn. Como neste trabalho a faixa de pH

ficou entorno de 5,5 – 5,7 (Tabela 3), então espera-se que o Mn não traga risco

de toxidade para culturas a serem instaladas no local.

Guedes et al., (2006) verificaram que o teor de Mn diminuiu com o

aumento das doses de biossólido e com o aumento do pH. Esse fato decorre

da inibição do Mn em faixas de pH mais elevados. Como no presente trabalho

não houve grandes variações de pH, a faixa do Mn também manteve sem

diferenças significativas.

Outros autores também relataram a deficiência de Mn em plantas e, ou,

diminuição do teor de Mn trocável em solos fertilizados com biossólido,

associada à elevação do pH na terra que recebeu o resíduo (Christie et al.,

2001; Guedes & Poggiani, 2003).

44

Os teores totais de Fe foram aumentando com o acréscimo das

dosagens de lodo aplicado (Figura 7). O lodo de esgoto da ETE de Gurupi

apresentou grande quantidade de Fe (Tabela 2), motivo que fez com que as

médias desse micronutriente ficassem com valores elevados. Conforme

interpretação da CFSEMG, 1999, todos os tratamentos ficaram com níveis

altos de Fe.

Figura 7 - Concentração média de Fe em um Latossolo Vermelho-amarelo em

função da aplicação de doses crescentes de lodo de esgoto

Embora este comportamento esteja estatisticamente comprovado em

termos de concentração, seus valores expressam diferenças de ordem de

grandeza irrelevantes para o ambiente solo. Segundo Lindsay (1979), a

variação comum do teor de Fe no solo é de 7 a 550 g.kg-1. Volkoff et al. (1989),

trabalhando com Cambissolo podzólico, encontraram valores entre 28 e 58 g

kg-1 de Fe total. Assim, os teores encontrados neste trabalho encaixam-se na

variação comumente encontrada.

O Fe, apesar de ser o metal em maior concentração no lodo (Tabela 2),

apresentou aumento relativamente pequeno de disponibilidade no solo,

indicando encontrar-se no resíduo em formas de baixa disponibilidade, como,

por exemplo, óxidos de ferro (NASCIMENTO et. al, 2004).

y = 0,501x + 98,02R² = 0,91

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Co

nce

tra

ção

de

Fe

(m

g d

m-3

)

Doses de lodo de esgoto (Mg ha-1)

Fe

Linear (Fe)

45

pH:

Quanto ao pH, praticamente não houve alteração nos valores entre os

tratamentos utilizados, contudo, se comparado com a análise realizada antes

da implantação do experimento (Tabela 1) nota-se que houve um aumento do

pH, passando de uma acidez elevada para uma acidez média, conforme

CFSEMG, 1999.

O aumento do valor do pH (em relação ao pH antes de receber lodo de

esgoto) se deve pelo tratamento efetuado do lodo de esgoto com cal virgem

por um período de 15 dias antes de ser utilizado na montagem do experimento.

Este resultado corrobora com os realizados por Garcia et. al., (2009), que

também detectaram o aumento de pH pelo tratamento do lodo de esgoto com

cal virgem.

Em diversos trabalhos, tem sido relatado este efeito, ou seja, a eficiência

do lodo em aumentar o pH do solo (MELO & MARQUES, 2000; OLIVEIRA et

al., 2002; NASCIMENTO et al. 2004) em razão da alcalinidade dos materiais

utilizados, visto que, no processo de tratamento do lodo utilizado nestes

ensaios, também foram adicionadas cal virgem ou cal hidratada, objetivando

também, a eliminação de patógenos e estabilização do resíduo (FERNANDES,

2000).

Fia et al., (2005), afirmam que a cal presente no lodo atuou no solo de

forma a promover a elevação de seu pH, tal como corretivo da acidez, o que é

um ponto favorável à disposição do lodo caleado no solo, pois, os solos

brasileiros são geralmente ácidos, necessitando dessa condição.

O solo ácido (pH 4,4) utilizado no experimento, teve seu pH elevado até

5,6 com a aplicação de lodo de esgoto doméstico caleado. O aumento de pH

do solo para a faixa entre 5,5-5,6, é desejável, por proporcionar a

disponibilização de muitos macronutrientes (P, Ca, S, N e K) e micronutrientes

(B, Mo, Cl e outros), e reduzir, no caso de problemas de excesso, a

disponibilidade de Cu, Fe, Mn, Zn e Al, os quais poderiam trazer efeitos tóxicos

às plantas.

Considerando-se a correção do pH até 5,5, a aplicação da dose mais

baixa (10 Mg ha-1), já foi suficiente para diminuir a acidez do solo até condições

adequadas de cultivo agrícola.

46

Matéria Orgânica:

Os valores da matéria orgânica no solo tiveram um discreto aumento em

função das doses crescentes de lodo de esgoto aplicado no solo, contudo não

apresentaram diferença significativa pelo Teste de Tukey ao nível de 5%

(Tabela 3).

Muitos trabalhos têm relatado efeitos positivos de incremento de matéria

orgânica com adição do lodo de esgoto.

De acordo com Oliveira et al., 2002, foram observados expressivos

aumentos nos teores de matéria orgânica dos solos. Segundo os autores, para

a dose mais alta utilizada (60 Mg ha-1), os teores de matéria orgânica

apresentaram aumentos de 53% (Espodossolo) e 62% (Argissolo); este aporte

proporcionado é especialmente importante para os solos da região Nordeste,

que, naturalmente, apresentam teores baixos de matéria orgânica, o que

coloca o lodo de esgoto como mais uma alternativa para elevação dos teores

de matéria orgânica desses solos. No entanto, a manutenção de altos teores

de matéria orgânica pela adição de lodo dependerá de aplicações sucessivas

do resíduo, visto que os efeitos sobre os teores de carbono orgânico podem ser

temporários (MELO et al., 1994), em decorrência da decomposição da matéria

orgânica.

Pesquisas brasileiras relatam que os efeitos da adição de lodo de esgoto

sobre a matéria orgânica foram temporários em solos tropicais. Melo et al.

(1994), aplicando até 32.000 kg ha-1 de lodo, e Ros (1993), aplicando até

12.800 kg ha-1, observaram que, mesmo com o aumento do teor de C, o seu

tempo de residência no solo foi muito curto, em razão da rápida decomposição.

Martins (2001), aplicando até 80 Mg ha-1 ao solo, também não observou

efeitos do lodo nos teores de matéria orgânica do solo após quatro anos. Silva

et al. (2001) constataram que os efeitos positivos sobre a fertilidade do solo –

os quais em geral estão associados ao aumento do teor de matéria orgânica –

perduraram por apenas um ano agrícola ao aplicar 20 ou 40 Mg ha-1 de lodo de

esgoto no sulco de plantio de cana-de-açúcar. Por outro lado, a reaplicação

contínua de doses crescentes de lodo de esgoto numa mesma área agrícola

pode originar um processo acumulativo, com efeitos ainda pouco estudados

nos solos tropicais. Assim, Oliveira et al. (2002) verificaram que doses elevadas

de lodo da Estação de Tratamento de Esgotos de Barueri (33, 66 e 99 Mg ha-1)

47

promoveram a manutenção dos incrementos iniciais obtidos no teor de matéria

orgânica do solo. Seus dados mostram que duas aplicações sucessivas de

doses elevadas desse lodo de esgoto no cultivo de cana-de-açúcar

promoveram aumentos imediatos nos teores de C orgânico, com decréscimo

do elemento no decorrer de dois anos agrícolas; por ocasião da segunda

aplicação de lodo, houve redução na taxa de decréscimo, evidenciando o

acúmulo relativo de C orgânico no solo, decorrente das aplicações sucessivas

do resíduo.

No experimento, pode ter ocorrido uma decomposição rápida da matéria

orgânica, influenciadas pelo clima quente e úmido do Estado do Tocantins. As

coletas de solo para as análises laboratoriais foram realizadas 210 dias após a

incorporação do lodo, portanto esse período prolongado pode ter colaborado

para sua decomposição. Confirmando a constatação de Marques (1996), que

empregou até 160 Mg ha-1 do resíduo, base úmida, e também não observou

aumento do teor de matéria orgânica. Camilotti et al., (2006) também

confirmaram esse resultado e explicaram que tal fato, é decorrente

primariamente pela aplicação anual de doses moderadas de lodo de esgoto

( 15 Mg ha-1) que apresentou teores relativamente baixos de carbono orgânico

(cerca de 115 g kg-1). Acredita-se, também, que o tempo decorrido entre a

aplicação de lodo de esgoto e a retirada das amostras de solo (em torno de um

ano) tenha sido suficiente para a decomposição da matéria orgânica

possivelmente formada. Abrahão (1992) observou que o teor de matéria

orgânica aumentou com a aplicação de lodo de esgoto, mas foi diminuindo

progressivamente com o tempo (170 dias). Por outro lado, incrementos no teor

de matéria orgânica têm sido obtidos após longo período de aplicações

repetidas de lodo de esgoto (MELO et al., 2004) ou após curto período de

aplicação de quantidade extremamente elevada do resíduo (NAVAS et al.,

1998).

CTC:

Com relação a CTC do solo, não houve um incremento significativo entre

os tratamentos adotados, variando os valores entre eles. Os que apresentaram

maiores valores foram no tratamento 2 (20 Mg ha-1) e tratamento 5 (80 Mg ha-1)

com CTC de 6,81 e 6,67 respectivamente (Tabela 3). Essa faixa está na

48

classificação média de CTC, conforme interpretação da CFSEMG, 1999. Os

valores de CTC podem não ter dado significativo e mais elevados, pois a

acidez potencial (H+Al) nas parcelas diminuíram com a incorporação do lodo

de esgoto.

O aumento dos valores da CTC total, efetiva e bem como da soma de

bases são devidos, em parte, pelo aumento da disponibilidade de potássio,

magnésio, cálcio e matéria orgânica. Silva et al. (1995) verificaram que o

aumento dos teores de matéria orgânica do solo em decorrência da aplicação

de lodo de esgoto doméstico contribui para o aumento da CTC, mediante

geração de cargas negativas devido a alta concentração de matéria orgânica

que o lodo possui. Além disso, foi obtido também aumento nos teores de cálcio

e magnésio contribuindo para o aumento da saturação por bases. Resultados

semelhantes foram obtidos por Mello et al. (1994); Favaretto et al. (1997) e

Oliveira et al. (2002). Esses fatos não ocorreram no experimento,

provavelmente, pela rápida degradação da matéria orgânica, apesar do

aumento nos teores de cálcio, o qual provavelmente foi pela adição de cal no

tratamento do lodo.

É necessário considerar as ponderações feitas por Oliveira et al. (2002)

de que a estimativa da CTC pela soma de bases, como feita neste e em outros

trabalhos, pode ocasionar superestimação dessa característica por causa dos

teores de Ca e Mg presentes no lodo. Estes autores concluíram que as

alterações na CTC podem ser mais bem explicadas pela variação do pH do

que pelos acréscimos de carbono orgânico decorrentes da incorporação do

lodo ao solo. De qualquer modo, o aumento da retenção de cátions pela carga

orgânica fornecida pelo lodo torna-se extremamente importante para solos de

baixa CTC e pobres em matéria orgânica, condição prevalecente nas regiões

de clima tropical.

Tendo em vista que os valores de pH observados nos tratamentos com

lodo de esgoto variaram, na maior parte do período experimental, de 5,5 a 5,7

(Tabela 3), conclui-se que a estimativa de incrementos para CTC não foi

observada no solo em nenhum momento. Portanto, considerando que a CTC a

pH 7,0 do lodo de esgoto é devida essencialmente à sua carga orgânica, é

possível que esta não seja a principal responsável pelas alterações

determinadas na CTC a pH atual do solo (OLIVEIRA et al., 2002).

49

De maneira geral, os resultados observados no presente trabalho não

são concordantes com os verificados por Cavallaro et al. (1993). Esses autores

encontraram um comportamento crescente da CTC com a aplicação de lodo de

esgoto em doses que variaram de 0 a 240 Mg ha-1 (base seca). Em todos

esses trabalhos consultados, o comportamento da CTC foi atribuído aos

acréscimos de C-orgânico nos solos proporcionados pelas aplicações do

resíduo.

Saturação por bases:

A saturação por bases foi proporcional ao aumento das dosagens de

aplicação de lodo de esgoto e significativo pelo Teste de Tukey a 5%. O

tratamento 5 (80 Mg ha-1) foi superior as demais e o tratamento 6 (testemunha)

foi inferior (Tabela 3). Na dose de 80 Mg ha-1 a saturação por bases chegou a

73%, considerado na faixa bom, na classificação de acordo com CFSEMG,

1999.

Os demais tratamentos também tiveram incremento (Figura 8) com a

incorporação do lodo de esgoto ficando na faixa de médio a bom conforme

classificação do CFSEMG, 1999.

A saturação por bases foi a variável mais marcante nos tratamentos com

doses crescentes de lodo de esgoto, apresentando resultados significativos

(Figura 8). Nenhuma outra variável obteve maior influência do que a V% nos

resultados finais. Esse resultado reflete os incrementos que o lodo de esgoto

proporcionou nos elementos como Ca e Mg bem como na neutralização da

acidez (precipitação do Al3+) e consequente aumento do pH em relação ao solo

antes da incorporação do lodo.

50

Figura 8- Concentração média de V(%) em um Latossolo Vermelho-amarelo

em função da aplicação de doses crescentes de lodo de esgoto

4- CONCLUSÕES

O aumento dos níveis da dose de lodo, aumentou os níveis de Ca, Mg,

P, S, Fe, Zn e diminuiu o teor de Al trocável no solo.

Doses crescentes do lodo de esgoto não afetam os estoques de matéria

orgânica e o pH do solo.

Doses crescentes de lodo de esgoto promovem elevação da saturação

por bases no solo.

O tratamento com a dosagem de 80 Mg ha-1 promove maiores índices

de fertilidade.

O lodo de esgoto utilizado, nas doses testadas, não apresenta perigo ao

ambiente, devido os teores dos metais Zn, Cu, Mn e Fe estarem abaixo dos

limites estabelecidos para utilização agrícola.

y = -0,003x2 + 0,737x + 36,08R² = 0,98

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 20 40 60 80

Co

nce

ntr

ação

de

V%

Doses de lodo de esgoto (Mg ha-1)

SB

Polinômio (SB)

51

5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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59

CAPÍTULO II

EFEITO DA UTILIZAÇÃO DE DOSES CRESCENTES DE LODO DE ESGOTO EM

PROPRIEDADES FÍSICAS DE UM LATOSSOLO VERMELHO.

RESUMO

O elevado conteúdo de matéria orgânica de lodo de esgoto é uma das

motivações para sua disposição no ambiente como condicionador do solo. Com

este trabalho objetivou-se avaliar a utilização do lodo de esgoto na recuperação

de solos degradados, e suas ações sobre os atributos físicos (densidade

aparente, porosidade total, macroporosidade, microporosidade e resistência do

solo à penetração) de um Latossolo Vermelho em Gurupi-TO. As avaliações

foram feitas em três profundidades do solo (0-10, 10-20 e 20-30 cm) em

experimento realizado no ano de 2011. Os tratamentos consistiram de seis

doses crescentes de lodo de esgoto, aplicadas em uma única vez. O aumento

das doses aplicadas (0, 10, 20, 40, 60 e 80 Mg ha-1) do lodo da Estação de

Tratamento de Esgoto de Gurupi-TO, de origem urbana, causou efeitos

significativos na microporosidade, porosidade total e densidade do solo na

camada superficial nas duas épocas de avaliação (aos 60 e 120 dias após a

incorporação do lodo). Na macroporosidade não houve diferença significativa

pelo teste de Tukey a 5% nas duas épocas de avaliação. Em relação à

resistência a penetração do solo a adição de lodo de esgoto não causou efeitos

significativos.

Palavras chaves: biossólido; física do solo; degradação

ABSTRACT

The high organic matter content of sewage sludge is one of the motivations for

their disposal in the environment as a soil conditioner. The objective of this

study was to evaluate the use of sewage sludge in the recovery of degraded

soils, and their actions on the physical attributes (density, total porosity,

macroporosity, microporosity and soil resistance to penetration) of a oxisol in

Gurupi-TO . Assessments were made at three soil depths (0 - 0.1, 0.1-0.2 and

60

0.2 - 03 m) in an experiment conducted in 2011. The six treatments consisted of

increasing doses of sewage sludge, applied only once. Increasing doses (0, 10,

20, 40, 60 and 80 Mg ha-1) of the sludge from the Sewage Treatment Plant of

Gurupi-TO, urban origin, caused significant effects on microporosity, total

porosity and density soil surface layer in the two periods (at 60 and 120 days

after incorporation of the sludge). The macroporosity was no significant

difference by Tukey test at 5% in both evaluation periods. Regarding the

resistance to penetration of the soil there was no difference between treatment

and control.

Key words: sewage sludge, soil physics, decay

1- INTRODUÇÃO

O lodo de esgoto é um “resíduo” que altera as propriedades físicas do

solo, melhorando sua densidade, sua porosidade e sua capacidade de

retenção de água, propriedades estas que condicionam o solo para um melhor

desenvolvimento das plantas.

Várias técnicas têm sido utilizadas com o objetivo de recuperar solos

degradados, e a maioria combina práticas mecânicas, que visam romper

camadas compactadas, com a adição de matéria orgânica (DE MARIA et al.,

1999). Várias fontes de matéria orgânica também têm sido utilizadas, como a

do lodo de esgoto, que favorece a formação de agregados, facilitando a

penetração das raízes e a vida microbiana, aumenta a resistência do solo à

erosão, por estabilizar a estrutura do solo e aumentar a capacidade de

retenção de água, tornando as culturas mais resistentes à seca, além de

fornecer nutrientes para as plantas, proporcionando maior rendimento de

matéria verde e seca (TSUTIYA, 2001).

O impacto do uso do lodo de esgoto na agricultura é primariamente

associado ao solo. Adição de resíduos orgânicos pode resultar em aumento de

matéria orgânica no solo. Com incremento do teor de matéria orgânica, a

agregação do solo aumenta e, como consequência, seus atributos físicos

podem ser alterados (BAYER & MIELNICZUK, 1999).

61

Pesquisas demonstram que a aplicação de lodo de esgoto em solos

tropicais resulta em aumento da macroporosidade (MELO et al. 2004) e

diminuição da resistência do solo à penetração (BARBOSA et al., 2002).

Na literatura, encontram-se vários trabalhos que evidenciam o efeito

benéfico da matéria orgânica na estabilidade de agregados (MARTINEZ-MENA

et al., 1998; BEUTLER et al., 2001; GRANDY et al., 2002; WHALEN & CHANG,

2002) e na resistência do solo à penetração (SMITH et al., 1997). A aplicação

de biossólido, além de aumentar o teor de matéria orgânica, pode aumentar a

agregação e alterar a proporção de agregados estáveis em água (JORGE et

al., 1991). Epstein (1975) verificou maior estabilidade de agregados em solo

que recebeu adição de lodo de esgoto, enquanto Jorge et al. (1991), estudando

a adição de lodo de esgoto em Latossolo Vermelho, verificaram aumento da

agregação do solo em relação à testemunha. Aggelides & Londra (2000)

observaram redução da resistência à penetração com aplicação de lodo de

esgoto e lixo urbano.

O uso agrícola do lodo de esgoto como adubo orgânico é considerado

hoje como a alternativa mais promissora de disposição final desse resíduo,

principalmente na recuperação de áreas degradadas (CAMPOS & ALVES,

2008).

Como fonte alternativa para a adubação orgânica, o lodo de esgoto vem,

de maneira crescente, revelando-se como um importante insumo agrícola, de

interesse na recomposição de solos degradados, bem como na fertilização das

culturas, de preferência aquelas que não são de consumo direto pelos seres

humanos. Sua aplicação em áreas agrícolas, floresta e em áreas degradadas

traz benefícios às propriedades físicas do solo, pois o lodo é um condicionador

que facilita a formação de agregados e melhora a infiltração, a retenção de

água e a aeração do solo (TSUTIYA, 2001).

Estudos realizados por Colodro & Espíndola (2006) e Alves et al. (2007)

mostram que o crescimento de plantas de eucalipto e de espécies nativas de

Cerrado foi maior quando se utilizou lodo de esgoto. Observou se também

melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.

Em trabalho realizado na Fazenda Experimental de Londrina, Paraná,

em um Latossolo Vermelho eutroférrico, verificou-se, após dois anos de

tratamento com lodo de esgoto, que houve tendência na formação de

62

agregados maiores (BARBOSA et al., 2002). Também De Maria et al. (2007)

verificaram, em solos que receberam lodo, aumento gradativo no diâmetro dos

agregados, de acordo com a quantidade aplicada. Os autores ainda

mencionam que a estabilidade dos agregados em água foi maior em solos que

receberam lodo, pois estes ficaram mais resistentes às ações hídricas, devido

aos componentes e benefícios do lodo de esgoto.

Com este trabalho objetivou-se avaliar o efeito de doses do lodo de

esgoto em atributos físicos de um Latossolo Vermelho-Amarelo no Sul do

Tocantins.

2- MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado na fazenda experimental da Universidade

Federal do Tocantins, campus de Gurupi, com altitude média de 280 m, latitude

11º43' sul e a longitude 49º04' oeste. O clima da região pela classificação de

Köppen (1948) é do tipo mesotérmico com chuvas de verão e inverno seco.

O solo foi classificado como Latossolo Vermelho distrófico (EMBRAPA,

2006) apresentando textura franco arenosa, sem presença de pedregosidade e

rochosidade, sendo acentuadamente drenado e de relevo plano. A área estava

cultivada com pastagem de Brachiaria brizhanta.

O experimento foi instalado em janeiro de 2011. O delineamento

experimental adotado foi o de blocos casualizados, com seis tratamentos

(doses de lodo de esgoto: 0, 10, 20, 40, 60 e 80 Mg ha-1) e quatro repetições,

totalizando 24 parcelas. Cada parcela ocupou uma área de 20 m² (5 m x 4 m),

sendo um total de 80 m² por tratamento e 480 m² no total. De acordo com o

tratamento, o lodo foi distribuído a lanço nas parcelas e em seguida realizou-se

duas gradagens a fim de incorporá-lo no solo.

Decorridos 60 e 120 dias da implantação do experimento, foram

realizadas as determinações físicas, através da retirada de amostras

indeformadas de solo com anéis volumétricos.

As determinações físicas das amostras de solo foram realizadas no

laboratório de Solos do Campus de Gurupi/UFT.

63

Foram coletadas amostras indeformadas de solos por meio de anéis

volumétricos utilizando um amostrador apropriado.

Variáveis analisadas:

Densidade do Solo (Ds)

As amostras de solo para a determinação da Densidade do Solo (Ds)

foram retiradas, uma em cada parcela, nas profundidades de 0-10, 10-20 cm e

20-30cm. O método utilizado foi o do anel volumétrico (EMBRAPA, 1997).

Ds = massa de solo seco / volume de solo (g cm-³)

Porosidade total (Pt)

A porosidade total (Pt) percentual do solo foi calculada a partir das

determinações de Densidade do Solo (Ds) e Densidade de Partículas (Dp)

(EMBRAPA, 1997).

Pt (%) = 100 (Dp – Ds) / Dp

Macroporosidade (Macro) e Microporosidade (Micro)

Foram coletadas amostras indeformadas em cada parcela, sendo cada

uma nas profundidades de 0-10, 10-20 e 20-30cm, utilizando anéis

volumétricos com 0,05m de altura e 0,05m de diâmetro. As amostras foram

saturadas em badeja com água por 12h, sendo posteriormente pesadas para

determinação da porosidade total e drenadas a uma tensão de 6Kpa, utilizando

mesa de tensão adaptada, por meio do papel mata-borrão (CAMARGO et

al.,2009) até atingirem peso constante. Em seguida, as amostras foram secas

em estufa a uma temperatura de 105ºC por um período de 48h, para a

determinação da microporosidade do solo. O volume de microporos é

equivalente ao volume de água retido no solo na tensão 6Kpa (CAMARGO et

al., 2009). A macroporosidade foi determinada pela diferença entre porosidade

total e microporosidade.

Resistência do solo à penetração

64

Para a determinação da resistência do solo à penetração, foi utilizado

um penetrômetro de impacto modelo IAA/PLANALSUCAR (STOLF, 1991) com

peso de impacto: 4 kg; curso de queda livre 400 mm; cone ângulo sólido 30º;

área da base 1,28 cm² e o diâmetro da haste que penetra no solo 9,5 mm

(tanto a espessura da haste como as dimensões do cone). As determinações

foram feitas conforme a recomendação da ASAE S 313, mencionado por

Balastreire (1987).

Foram determinados valores em 2 pontos de cada parcela, ao longo da

área e avaliadas até 0,40 m de profundidade, com os valores transformados

em MPa.

A umidade do solo foi determinada, nas mesmas camadas, em amostras

retiradas com anel volumétrico indeformado, as quais foram secas em estufa a

± 105 °C durante 48 h, segundo método da Embrapa (1997).

No cálculo da resistência a penetração foi utilizada a expressão:

RP = (5,6 + 6,89(N/(P-A)10))0,0981

Onde: RP é a resistência do solo a penetração (MPa); N é o número de

impactos para a obtenção da leitura; A e P foram as leituras realizadas na

haste antes e depois dos impactos.

Análises estatísticas

A análise dos dados do experimento foi feita por estatística clássica

empregando análise de variância, teste de médias e análises de regressão em

função dos níveis de lodo de esgoto utilizado a partir das variáveis fisicas:

porosidade total, resistência a penetração e densidade do solo. As variáveis

físicas serão comparadas entre si para cada uma das profundidades (0-10cm,

10-20 cm, 20-30 cm) individualmente. As análises serão efetuadas utilizado o

programa computacional SISVAR 4.3.

3- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Analisando os resultados apresentados para os atributos físicos aos 60

dias após a aplicação do lodo de esgoto (Tabela 1), observa-se que para a

macroporosidade a dose de lodo que proporcionou maior valor foi a de 40 Mg

65

ha-1 com 0,214 m³ m-³, porém não diferiu das demais doses testadas,

mostrando que os tratamentos obtiveram comportamento semelhantes, ou

seja, a aplicação de doses crescentes de lodo de esgoto aos 60 dias não

modificou a macroporosidade do solo (Tabela 1).

Uma possível explicação para estes resultados é que o intervalo entre a

aplicação do biossólido e a primeira avaliação, foi pequeno, assim não houve

tempo suficiente para uma reação do lodo com o solo. Trannin et al. (2008)

encontraram resultados semelhantes, onde a aplicação de biossólidos

industriais em Cambissolo não surtiu efeito sobre a macroporosidade do solo.

Campos et al. (2008) também confirmaram esses resultados, em que a

macroporosidade em todas as profundidades de solo estudadas não houve

diferença significativa entre o contraste do tratamento com vegetação natural

de Cerrado. Já Melo et al. (2004) obtiveram resultados em um Latossolo

Vermelho onde a aplicação de lodo de esgoto em quantidades superiores a

47,5 Mg ha-1 aumentou a macroporosidade do solo na camada de 0-10 cm,

após cinco anos de uso consecutivo de lodo de esgoto na área, sendo

indicativo que com o tempo estes resíduos podem melhorar os atributos físicos

do solo.

Tabela 1 - Valores médios de macroporosidade (CV = 18,26%), microporosidade (CV = 14,99%), porosidade total (CV = 3,54%) e densidade do solo (CV = 3,85%) para os tratamentos estudados nas profundidades de 0–10; 10–20; e 20–30 cm, aos 60 dias da aplicação do lodo.

Prof (cm)

Doses de lodo de esgoto Mg ha-1

0 10 20 40 60 80

Macroporosidade (m³ m-3

) Média

0-10 0,220 aA 0,211 aB 0,194 aA 0,202 aAB 0,172 aA 0,160 aA 0,193 ab 10-20 0,202 abA 0,196 abB 0,190 abA 0,258 bB 0,186 abA 0,181 aA 0,202 b 20-30 0,206 bA 0,116 aA 0,186 abA 0,182 abA 0,186 abA 0,184 abA 0,176 a

Média 0,209 a 0,174 a 0,190 a 0,214 a 0,181 a 0,175 a

Microporosidade (m³ m-3) Média

0-10 0,305 aA 0,321 abA 0,336 abA 0,336 abAB 0,397 abA 0,413 bB 0,351 a 10-20 0,323 abA 0,318 abA 0,336 abA 0,242 aA 0,348 bA 0,357 bAB 0,321 a 20-30 0,277 aA 0,369 aA 0,307 aA 0,318 aB 0,313 aA 0,320 aA 0,317 a

Média 0,301 a 0,336 ab 0,326 ab 0,299 a 0,353 ab 0,363 b

Porosidade Total (m³ m-3) Média

0-10 0,525 aB 0,532 abB 0,530 aB 0,537 abcB 0,569 bcC 0,573 cC 0,544 c 10-20 0,525 aB 0,514 aAB 0,526 aB 0,501 aA 0,534 aB 0,539 aB 0,523 b 20-30 0,482 aA 0,484 aA 0,494 aA 0,500 aA 0,498 aA 0,504 aA 0,494 a

Média 0,511 a 0,510 a 0,517 abc 0,513 ab 0,534 bc 0,538 c

Densidade do solo (kg dm-3) Média

0-10 1,27 cA 1,25 bcA 1,26 cA 1,24 abcA 1,15 abA 1,14 aA 1,22 a 10-20 1,27 aA 1,30 aAB 1,27 aA 1,33 aB 1,25 aB 1,23 aB 1,27 b 20-30 1,38 aB 1,38 aB 1,36 aB 1,34 aB 1,34 aC 1,33 aC 1,35 c

Média 1,31 c 1,31 c 1,29 abc 1,30 bc 1,25 ab 1,23 a Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey a 5%.

66

Quanto à profundidade, a camada de 10-20 cm apresentou maior valor

de macroporosidade, diferindo apenas da camada 20-30 cm, mostrando assim

que o lodo melhora a macroporosidade nas camadas superficiais do solo.

Para a microporosidade não obteve-se diferença entre as profundidades

avaliadas. Quanto as doses de lodo de esgoto testadas, a que apresentou o

menor valor foi a dose de 40 Mg ha-1, diferindo somente da maior dose testada

80 Mg ha-1, que apresentou a maior microporosidade (Tabela 1). Estes

resultados discordam com os observados por Jorge et al. (1991) e Melo et al.

(2004), no que se refere ao uso de lodo de esgoto na recuperação de

propriedades físicas do solo, pois esses autores observaram que quantidades

até 50 t ha-1 não alteram a microporosidade do solo. Trannin et al.,(2008)

encontraram resposta linear da aplicação de biossólidos sobre a

microporosidade do solo, onde este atributo passou de 0,39 para 0,50 m³ m-3

com a aplicação de 24 Mg ha-1.

As doses de lodo de esgoto testadas apresentaram diferença sobre a

porosidade total do solo, onde a melhor dose foi a de 80 Mg ha-¹, seguida da

dose de 60 Mg ha-¹ e diferindo das demais doses (Tabela 1). O volume total de

poros do solo respondeu linearmente a aplicação do lodo, mostrado que este

resíduo tem capacidade de melhorar a estrutura física do solo. A matéria

orgânica acrescida no solo com a aplicação do lodo serve como condicionador

físico, melhorando assim suas propriedades.

Estudando os efeitos do uso da matéria orgânica (MO) na recuperação

de áreas degradadas em zonas subtropicais, Yanez et al., 1999 ressaltaram as

mudanças nas características físicas do solo advindas da sua utilização. Eles

encontraram correlações significativas entre os teores de MO e densidade,

permeabilidade, porosidade total e retenção de água no solo. Navas et al.

(1998) também obtiveram incremento da porosidade total de 0,38 para 0,49 m3

m-3 em solo tratado com 320 Mg ha-1 de biossólido. Para as profundidades

observadas os maiores valores de porosidade total foram encontrados na

camada mais superficial (0-10 cm) (Tabela 1). Barbosa et al. (2002) também

encontraram resultados onde a aplicação de lodo proporcionou maior

porosidade na camada 0-10 cm, estes autores atribuíram estes resultados a

incorporação do lodo, pois o mesmo foi aplicado e incorporado

superficialmente, não influenciando as camadas mais profundas.

67

Quanto a densidade do solo, os menores valores foram obtidos nos

tratamentos onde ocorreu a aplicação de 80 Mg ha-¹, o valor encontrado neste

tratamento foi de 1,23 kg dm-³, enquanto na testemunha foi de 1,31 kg dm-³

(Tabela 1). Estes resultados correspondem aos de porosidade total, onde o

tratamento com maior porosidade foi o que apresentou a menor densidade do

solo. Quanto menores forem valores de densidade dos sólidos, maior será a

presença de material orgânico (Klein, 2008). Quanto às profundidades, a

camada de 0-10 cm foi a que obteve melhores resultados. Boeira & Souza

(2007) também encontraram resultados onde o aumento da dose de lodo de

esgoto reduziu linearmente a densidade do solo. O incremento de matéria

orgânica através da aplicação de lodo, geralmente, leva ao incremento da

estabilidade de agregados, e da capacidade de retenção de água e, por outro

lado, diminui a densidade do solo.

MELO & MARQUES (2000) demonstraram que a matéria orgânica e os

cátions presentes (Ca2+ e Al3+ dentre outros) no lodo de esgoto influenciam na

agregação de partículas do solo e determinam aumento no seu volume,

causando redução na sua densidade.

WISNIEWSKI et al. (1996) verificaram uma tendência na diminuição da

densidade do solo, devido ao aumento da porosidade total do solo, em estudos

de recuperação de áreas degradadas. MARCIANO (1999), aplicando doses

crescentes de lodo de esgoto, observou aumento na porosidade total de um

Latossolo Vermelho-Amarelo. JORGE et al. (1991), estudando um Latossolo

Vermelho-Escuro argiloso, distrófico, após quatro anos de aplicação de lodo de

esgoto com doses de até 80 Mg ha-1, parceladas (20 t ano-1) ou não,

observaram efeitos sobre a porosidade e densidade do solo.

Outros autores também obtiveram diminuição linear da densidade do

solo de acordo com o conteúdo de matéria orgânica (Wei et al., 1985).

Segundo Cegarra (1983), a aplicação de compostos orgânicos frequentemente

aumenta o conteúdo de C do solo. O incremento deste conteúdo, geralmente,

leva ao incremento da estabilidade de agregados, e da capacidade de retenção

de água e, por outro lado, diminui a densidade do solo.

Após 60 dias da aplicação de lodo de esgoto na área estudada pode-se

notar os efeitos deste sobre os atributos físicos do solo com exceção da

macroporosidade que não foi alterada. A adição do lodo fez com que ocorresse

68

o aumento da microporosidade, porosidade total e densidade do solo, esta

alteração ocorreu em todas as camadas avaliadas, todavia foi mais evidente na

camada 0-10cm.

Atributos físicos aos 120 dias após a aplicação do lodo

Na segunda avaliação aos 120 dias após a aplicação do lodo pode-se

observar que a dose de 10 Mg ha-1 foi a que promoveu a maior

macroporosidade no solo diferindo das doses de 60 e 80 Mg ha-1. Nas

profundidades avaliadas, a maior macroporosidade foi na profundidade de 10-

20 cm, diferindo das demais profundidades avaliadas (Tabela 2). Em relação a

primeira avaliação aos 60 dias, pode-se observar que houve uma reação do

lodo com o solo, mudando a macroporosidade, dado que aos 60 dias não

houve efeito dos tratamentos sobre a macroporosidade. Isso mostra que alguns

atributos físicos do solo necessitam de certo tempo após a adição do resíduo

para que possam ser modificados. Aggelides & Londra (2000) utilizando

composto a base de lodo de esgoto, observaram que melhorou todas as

propriedades físicas do solo em todas as camadas avaliadas.

A maior microporosidade foi observada na dose de 80 Mg ha-¹, seguida

pela dose de 60 Mg ha-¹, ambas diferindo das demais. Essa melhor resposta

as maiores doses testadas, deve-se a melhor agregação das partículas

ocasionada pela matéria orgânica do lodo. A melhor agregação do solo reflete

na densidade e porosidade do solo (KAY & ANGERS, 1999), pois a porosidade

do solo é alterada em função de mudanças no tamanho dos agregados

(MACHADO et al, 1997). Quanto as profundidades avaliadas os valores de

microporosidade foram menores na camada 10-20 e 20-30 cm. Como a

incorporação do lodo ocorre de forma superficial, nas camadas superiores tem-

se um maior teor de matéria orgânica, isso faz com que estas camadas

possuam agregados maiores, conferindo assim a esta região uma maior

macroporosidade. Em camadas inferiores as dosagens de aplicação não

causam diferenças significativas no diâmetro dos agregados (CARVALHO,

2006). Os mesmos autores ainda relatam que independentemente das

dosagens, o diâmetro médio dos agregados fica maior logo após as

69

aplicações; depois de algum tempo este valor diminuiu significativamente,

assim como a porosidade do solo nessa camada, isso ocorre possivelmente

devido à presença de lixiviados com características dispersantes, provenientes

da camada superior.

Tabela 2 - Valores médios de macroporosidade (CV = 14,17%), microporosidade (CV =

13,06%), porosidade total (CV = 3,05%) e densidade do solo (CV = 3,29%) para os tratamentos

estudados nas profundidades de 0–10; 10–20; e 20–30 cm, aos 120 dias da aplicação do lodo.

Prof (cm)

Doses de lodo de esgoto Mg ha-1

0 10 20 40 60 80

Macroporosidade (m³ m-3

) Média

0-10 0,197 abA 0,210 bA 0,199 abA 0,185 abA 0,150 aA 0,160 abA 0,184 a 10-20 0,213 aA 0,239 aA 0,228 aA 0,253 aB 0,196 aA 0,201 aA 0,222 b 20-30 0,205 aA 0,214 aA 0,194 aA 0,194 aA 0,183 aA 0,181 aA 0,195 a

Média 0,205 ab 0,221 b 0,207 ab 0,210 ab 0,176 a 0,181 a

Microporosidade (m³ m-3) Média

0-10 0,330 abA 0,324 aA 0,332 abA 0,356 abcB 0,425 cB 0,417 bcB 0,364 b 10-20 0,302 abA 0,270 abA 0,289 abA 0,247 aA 0,339 bA 0,339 bA 0,297 a 20-30 0,277 aA 0,268 aA 0,298 aA 0,295 aAB 0,311 aA 0,324 aA 0,296 a

Média 0,303 a 0,288 a 0,306 a 0,299 a 0,358 b 0,360 b

Porosidade Total (m³ m-3) Média

0-10 0,528 aB 0,534 bB 0,531 aB 0,541 aB 0,576 bC 0,577 bC 0,548 c 10-20 0,515 abB 0,509 abAB 0,517 abB 0,500 aA 0,535 bB 0,540 bB 0,519 b 20-30 0,482 aA 0,483 aA 0,492 aA 0,490 aA 0,495 aA 0,506 aA 0,491 a

Média 0,508 a 0,508 a 0,513 a 0,510 a 0,535 b 0,541 b

Densidade do solo (kg dm-3) Média

0-10 1,26 aB 1,25 bA 1,25 bA 1,23 bA 1,14 aA 1,13 aA 1,21 a 10-20 1,30 abA 1,31 abAB 1,29 abAB 1,34 bB 1,24 aB 1,23 aB 1,28 b 20-30 1,38 aB 1,38 aB 1,36 aB 1,34 aB 1,35 aC 1,32 aC 1,36 c

Média 1,31 b 1,31 b 1,30 b 1,31 b 1,24 a 1,23 a Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey a 5%

As doses de lodo de esgoto testadas também obtiveram efeito

significativo sobre a porosidade total do solo aos 120 dias, onde os maiores

valores foram 0,535 e 0,541 m³ m-³, para as doses de 60 e 80 Mg ha-¹

respectivamente (Tabela 2). Esse aumento da porosidade total foi ocasionado

pelo aumento dos macroporos que sofreram aumento com a utilização do lodo.

A utilização do lodo acresce matéria orgânica no sistema, ocasionado um maior

espaço poroso no solo, o que melhora condições de aeração e infiltração do

mesmo. A correlação significativa, tanto positiva, quanto negativa, da matéria

orgânica com todos os atributos do solo, evidencia a importância da matéria

orgânica como componente estrutural do solo, sendo considerado um eficiente

indicador de qualidade do solo, pelo fato de ser sensível às alterações do

manejo (RAMOS et al., 2010).

As menores densidades foram verificadas com as doses de 60 e 80 Mg

ha-¹, onde os valores observados foram respectivamente 1,24 e 1,23 m³ m-³,

70

ambos tratamentos diferiram dos demais (Tabela 2). O aumento do volume

total de poros no solo contribui para redução de sua densidade, e isto se deve

ao efeito da matéria orgânica, a qual apresenta densidade substancialmente

menor do que os constituintes minerais do solo. Assim, quanto maior o teor de

carbono orgânico, significando maior teor de matéria orgânica, menor a

densidade global do solo. Isto se relaciona com o efeito integrado dos atributos

físicos e químicos do solo, os quais, em conjunto, atuam na melhoria da

qualidade da estrutura. Isto se reflete, entre outros aspectos, na redução da

densidade, devido à proteção física do carbono orgânico exercida pelos

constituintes minerais, conforme verificado por Amado et al. (2001) e Telles

(2002).

Resistência à Penetração

Analisando a Figura 1 pode ser observado que o lodo de esgoto não

interferiu nos resultados de resistência a penetração, visto que os valores da

testemunha são semelhantes aos valores encontrado no Tratamento 5 (80 Mg

ha-1) com maior dosagem de lodo. Pode ser observado a presença de uma

camada mais compactada de 14 a 20 cm de profundidade concentrando em

torno de 2,5 MPa.

Segundo Pabin et al. (1998), a redução de 40% no comprimento

radicular é crítica à produtividade das plantas em solo arenoso. Cintra &

Mielniczuk (1983) verificaram uma redução de 50% no comprimento radicular

de várias culturas na resistência do solo à penetração (RP) de 1,10 MPa, em

Latossolo Roxo. Mielniczuk et al. (1985) constataram uma redução de 86% no

comprimento radicular da soja, em vasos, quando a RP foi de 2,35 MPa,

porém, não decrescendo a massa de matéria seca da parte aérea, em um

Latossolo Roxo. Rosolem et al. (1994), em vasos, verificaram que na RP de

0,69 MPa houve uma redução de 50% no comprimento radicular da soja, em

Latossolo Vermelho-Escuro. Em geral, tem-se adotado o valor de RP de 2,0

MPa como crítico ao crescimento radicular (TORMENA et al., 1998).

O menor valor de resistência de solo à penetração (Figura 1), foi

observado na camada de 0-14 cm aproximadamente, provavelmente pelo fato

de ter sido revolvida a camada superficial pela gradagem no momento da

71

incorporação do lodo de esgoto ao solo, o qual proporciona uma

descompactação dessa camada. A matéria orgânica não teve efeito, uma vez

que teve a amplitude das variações semelhantes entre os tratamentos e não

alterou significativamente os valores de resistência à penetração.

FIGURA 1. Resistência à penetração de um Latossolo Vermelho

Amarelo em função da aplicação de doses crescentes de lodo de esgoto: T1 – 10 Mg ha-1; T2 – 20 Mg ha-1; T3 – 40 Mg ha-1; T4 – 60 Mg ha-1; T5 – 80 Mg ha-1; TEST – 0 Mg ha-1.

Também em relação à resistência do solo á penetração e umidade do

solo, Souza et al., 2005, não mostraram interação entre as doses de biossólido

e a profundidade em dois solos estudados e a aplicação de até 50,0 Mg ha-1 de

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50

0

4

8

12

16

20

24

28

32

36

40

T1

T2

T3

T4

T5

TE

ST

Resistência à penetração (MPa)

Pro

fun

did

ade

(cm

)

72

biossólido não alterou significativamente a resistência do solo à penetração e a

umidade nos dois solos. Já Aggelides & Londra (2000) verificaram menor

resistência do solo à penetração a partir da aplicação de 78,0 Mg ha -1 ano, de

uma mistura de 62 % de lixo doméstico, 21 % de lodo de esgoto e 17 % de

serragem a 0,15 m de profundidade em um solo argiloso. Neste sentido, Smith

et al. (1997) não observaram diferença nos valores de resistência à

penetração, quando os solos apresentavam mais de 300 g kg-1 de argila de

acordo com a variação de 1,6 a 57,7 g kg-1 do teor de MO, sendo verificada a

influência desta em solos arenosos. Contudo, o presente trabalho, apesar de

apresentar alto ter de areia (63,5%), não apresentou influência quanto à

resistência a penetração do solo com diferentes dosagens de lodo de esgoto

em relação à testemunha.

Tabela 4. Médias dos valores da umidade do solo em (%), dos tratamentos em diferentes doses de lodo de esgoto nas profundidades (0-10, 10-20, 20-30 e 30-40 cm) na Fazenda experimental da UFT

Tratamentos Profundidade (cm)

0 - 10 10 - 20 20 - 30 30 – 40

1 15,45 17,23 16,32 13,61 2 14,49 18,34 13,45 17,45 3 14,00 16,34 16,32 16,13 4 18,01 16,23 17,34 16,23 5 15,32 17,34 16,09 15,34

Test 16,34 15,53 17,23 16,34 Tratamentos: 1: 10 Mg ha

-1; 2: 20 Mg ha

-1; 3: 40 Mg ha

-1; 4: 60 Mg ha

-1; 5: 80 Mg ha

-1; Test – 0

Mg ha-1

.

4- CONCLUSÃO

O lodo de esgoto obteve resultados positivos sobre a microporosidade,

porosidade total e densidade do solo aos 60 e aos 120 dias após a sua

aplicação na camada de 0-10 cm.

A aplicação de lodo de esgoto aumenta a porosidade total do solo

reduzindo assim sua densidade.

As camadas de 0-10 e 10-20 cm sofre maiores alterações nos atributos

avaliados.

73

Os tratamentos que proporcionam melhores resultados foram os

correspondentes a 60 e 80 Mg ha-1.

A aplicação de lodo de esgoto não influi sobre a resistência do solo à

penetração.

5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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