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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL DESEMPENHO DE CULTIVARES DE GIRASSOL EM CONDIÇÕES DE SAFRA E SAFRINHA NO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS ARISTOTELES CAPONE ENGENHEIRO AGRONOMO GURUPI - TO 2010

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI

MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE GIRASSOL EM CONDIÇÕES DE

SAFRA E SAFRINHA NO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS

ARISTOTELES CAPONE

ENGENHEIRO AGRONOMO

GURUPI - TO

2010

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI

MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE GIRASSOL EM CONDIÇÕES DE

SAFRA E SAFRINHA NO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS

ARISTOTELES CAPONE

ENGENHEIRO AGRONOMO

GURUPI

TOCANTINS - BRASIL

2010

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ARISTOTELES CAPONE

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE GIRASSOL EM CONDIÇÕES DE

SAFRA, SAFRINHA E ENTRESSAFRA NO SUL DO ESTADO DO

TOCANTINS

Dissertação apresentada a Universidade

Federal do Tocantins como parte das

exigências do Programa de Pós-

Graduação em Produção Vegetal para a

obtenção do título de Mestre em Produção

Vegetal. Área de Concentração:

Fitotecnia.

GURUPI

TOCANTINS – BRASIL

2010

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI

MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL

ARISTOTELES CAPONE

ENGENHEIRO AGRÔNOMO

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE GIRASSOL EM CONDIÇÕES DE

SAFRA E SAFRINHA NO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS

Dissertação aprovada em 29 de julho de

2010 na Universidade Federal do

Tocantins como parte das exigências do

Programa de Pós-Graduação em Produção

Vegetal para a obtenção do título de

Mestre em Produção Vegetal. Área de

Concentração: Fitotecnia.

________________________________

Prof. Dsc. Helio Bandeira Barros

Orientador

_________________________________

Prof. Dsc. Rodrigo Ribeiro Fidelis

Examinador

________________________________

Prof. Dsc. Manoel Mota dos Santos

Examinador

______________________________

Prof. Dsc. Jacinto Pereira Santos

Examinador

i

A Deus, pela vida confiada a mim.

Aos meus pais Adevaldo e Iracema.

Aos meus irmãos Claudio, Angelo e Adelaine.

Aos meus afilhados Claudio Jr, Otto e Carla.

A minha namorada Hellen D. R. Mota.

Ao grandíssimo orientador Helio B. Barros.

E a gloriosa equipe de pesquisa.

Deus ilumine sempre a todos.

DEDICO.

ii

AGRADECIMENTOS

A Deus primeiramente por ter deixado ao homem a inestimável beleza da

natureza, que todas as manhãs ao nascer do sol podemos desfrutar de sua exuberância e

sentir sua graça em nossos corações. Aos meus pais que lutaram sem medir esforços na

criação e desenvolvimento da família, sempre apoiaram e incentivaram os estudos aos

filhos, sempre estiveram ao lado dos filhos nos momentos felizes ou tristes dando apoio

e segurança, sendo o chão que sustenta a planta, a água que a faz crescer, e os nutrientes

que dão vida, cor e bons frutos, um grande abraço aos meus pais que sempre foram, são

e serão um exemplo a serem seguidos. Aos meus irmãos, Claudio, Angelo e Adelaine

por me levarem quando criança ao caminho do conhecimento, me socorrerem de vez em

quando das minhas traquinagens, serem bons comigo, me ajudarem nas tarefas do

colégio e por me darem bons conselhos que até hoje carrego comigo na vida. Aos meus

três afilhados, por serem crianças e renovarem todos os dias as esperanças dos mais

velhos da família, por darem alegria a nossas vidas com suas traquinagens, por serem

aquilo de mais puro que existe neste mundo, um grande beijo as nossas crianças. A

minha namorada por estar comigo nos bons momentos, festas, viagens e também nos

ruins, nas dificuldades e aflições, um grande beijo a você minha companheira de três

anos. Ao grandíssimo orientador Helio Bandeira Barros, por sempre estar à frente das

pesquisas como um pesquisador dedicado, por ser uma pessoa simples, calma, de

grande espiritualidade, que trata a todos com igualdade e que nunca deixou sua equipe

sem amparo. A gloriosa equipe de pesquisa formada pelos grandes amigos, Elonha,

Emerson, Felipe, Wembles e Juára, que nestes dois anos trabalharam muito na condução

das pesquisas, sempre com uma ótima convivência fortalecendo a cada dia a amizade

entre o grupo, e pelos bons finais de semana que passamos unidos, trabalhando e

algumas vezes festejando. A Universidade Federal do Tocantins pelas instalações e

serviços prestados nas conduções das pesquisas. A Secretaria de Ciência e Tecnologia

do Estado do Tocantins pela bolsa de mestrado concedida a partir do Programa de

Apoio a Pos-Graduação.

FELICIDADES A TODOS!

iii

SUMÁRIO

RESUMO DA DISSERTAÇÃO ..................................................................................... 1

ABSTRACT ...................................................................................................................... 2

INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................. 3

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 9

CAPITULO I: EFEITO DE ÉPOCAS DE SEMEADURA NO DESEMPENHO

AGRONOMICO DE CULTIVARES DE GIRASSOL NO CERRADO

TOCANTINENSE.........................................................................................................11

RESUMO ........................................................................................................................ 11

ABSTRACT .................................................................................................................... 12

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13

MATERIAL E METODOS ............................................................................................. 14

RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 17

CONCLUSÕES ............................................................................................................... 23

AGRADECIMENTOS .................................................................................................... 23

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 24

ANEXOS ......................................................................................................................... 28

CAPITULO II: EFEITO DE EPOCAS DE SEMEADURA DIRETA NO

DESEMPENHO AGRONOMICO DE GIRASSOL SAFRINHA, EM SUCESSÃO

AO GIRASSOL, NO CERRADO TOCANTINENSE ..............................................32

RESUMO ........................................................................................................................ 32

ABSTRACT .................................................................................................................... 33

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 34

MATERIAL E METODOS ............................................................................................. 36

RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 38

CONCLUSÕES ............................................................................................................... 44

AGRADECIMENTOS .................................................................................................... 44

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 45

iv

CAPITULO III: EFEITO DE EPOCAS DE SEMEADURA DIRETA NO

DESEMPENHO AGRONOMICO DE GIRASSOL SAFRINHA, EM SUCESSÃO

AO MILHO, NO CERRADO TOCANTINENSE......................................................48

RESUMO ........................................................................................................................ 48

ABSTRACT .................................................................................................................... 49

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 50

MATERIAL E METODOS ............................................................................................. 52

RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 54

CONCLUSÕES ............................................................................................................... 60

AGRADECIMENTOS .................................................................................................... 60

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 61

CAPITULO IV: EFEITO DE EPOCAS DE SEMEADURA DIRETA NO

DESEMPENHO AGRONOMICO DE GIRASSOL SAFRINHA, EM SUCESSÃO

A SOJA, NO CERRADO TOCANTINENSE.............................................................64

RESUMO ........................................................................................................................ 64

ABSTRACT .................................................................................................................... 65

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 66

MATERIAL E METODOS ............................................................................................. 68

RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 70

CONCLUSÕES ............................................................................................................... 76

AGRADECIMENTOS .................................................................................................... 76

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 77

1

RESUMO DA DISSERTAÇÃO

CAPONE, Aristoteles. Fundação Universidade Federal do Tocantins, Desempenho de

cultivares de girassol em condições de safra e safrinha no sul do Estado do

Tocantins, Orientador: Helio Bandeira Barros. Avaliadores: Rodrigo Ribeiro Fidelis,

Manoel Mota dos Santos, Jacinto Pereira dos Santos.

O girassol é cultivado em todos os continentes, possui ampla adaptabilidade e

características agronômicas importantes, como tolerância à seca, ao frio e calor. Seu

óleo é uma importante fonte de acido linoléico além de ter alto teor de proteína nos

aquênios. No Brasil a cultura ocupa área restrita, na região norte há falta de informações

sobre interações genótipos x ambientes, zoneamento agroecológico, doenças, rotação e

sucessão com culturas produzidas na região. Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa

foi avaliar o desempenho de cultivares de girassol em diferentes épocas de semeadura

em condições de safra e safrinha no Sul do Estado do Tocantins. Foram implantadas

quatro épocas de semeadura, safra 2008/2009 e quatro épocas de semeadura direta,

safrinha 2009, sobre palhadas de girassol, milho e soja. Cultivares avaliados foram:

H250, H251, H358, H360 e H884. Características avaliadas foram: florescimento, altura

de planta, diâmetro de capitulo, porcentagem de aquênios normais, massa de mil

aquênios, peso hectolitro e produtividade de aquênios. Na safra houve influência

negativa para todas as características avaliadas à medida que as semeaduras foram

retardadas, em decorrência do patógeno alternaria helianthi. Produtividades próximas a

3000 kg. ha-1

foram obtidas na EP1, cultivar mais produtivo foi o H251. Na safrinha,

sobre palhada de girassol a EP2 obteve as maiores produtividades, Sobre palhada de

milho as EP1 e EP3, sobre palhada de soja a EP1. Verificou-se para os três tipos de

palhadas redução nas variáveis avaliadas com retardamento da semeadura, o cultivar

H884 obteve melhor desempenho para a maioria das variáveis analisadas.

Palavras chave: Helianthus annuus, adaptação, patogeno, semeadura direta, e

produtividade.

2

ABSTRACT OF DISSERTATION

CAPONE, Aristoteles. Federal University Fundation of Tocantins, Performance of

sunflower cultivars in harvest conditions and safrinha in the south of the State of

Tocantins, Leader: Helio Bandeira Barros. Examiners: Rodrigo Ribeiro Fidelis, Manoel

Mota dos Santos, Jacinto Pereira dos Santos.

The sunflower is cultivated in all the continents, possess wide adaptability and

important agronomic characteristics, as tolerance to drought, cold and heat. Its oil is an

important source of linoleic acid besides having high protein tenor in the achenes. In

Brazil the culture occupies restricted area, in the northern region there is lack of

information on genotype x environment interactions, ecological zoning, diseases,

rotation and succession of crops produced in the region. In this context, the objective of

this research was to evaluate the performance of sunflower cultivars in different sowing

times in conditions of harvest and safrinha in the south of the State of Tocantins. Four

sowing times were implanted, harvest 2008/2009 and four times of direct sowing,

safrinha 2009, on straws of sunflower, maize and soybean. Cultivars were evaluated:

H250, H251, H358, H360 and H884. Characteristics were evaluated: flowering, plant height, head diameter,

percentage of normal achenes, weight of thousand achenes, hectolitre weight and productivity of achenes. In the

harvest there was negative influence for all the evaluated characteristics as the sowings

were delayed, in consequence of pathogen alternaria helianthi. Productivity close to

3000 kg. ha-1

was obtained in EP1, the most productive cultivar was the H251. In the

safrinha, on sunflower straw the EP2 had the highest productivities, on maize straw the

EP1 and EP3, on soybean straw the EP1. Reduction in variables with delay of sowing

was verified for the three types of straws, the cultivar H884 obtained the best

performance for most of the analyzed variables.

Key words: Helianthus annuus L, adaptation, pathogen, direct sowing and productivity.

3

INTRODUÇAÕ GERAL

O consumo mundial de óleos e gorduras passou de 32 para 86 milhões de

toneladas nas últimas décadas, deste total, atualmente 80% é óleo de origem vegetal. Os

fatores que determinam o consumo de gorduras são: crescimento populacional,

consumo per capita, situação econômica, tendências nos preços dos óleos vegetais e

desenvolvimento industrial (CASTIGLIONI e OLIVEIRA, 2005). Aproximadamente

70% da produção mundial de oleaginosas são composta por soja, dendê, girassol e

canola, destes o girassol e a canola destacam-se pela qualidade do óleo para o consumo

humano.

O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual da família

Compositae, originária do continente Norte Americano. É cultivado em todos os

continentes, em área que atinge aproximadamente 18 milhões de hectares. Destaca-se

como a quarta oleaginosa em produção de grãos e a quinta em área cultivada no mundo.

É uma oleaginosa que apresenta características agronômicas importantes, como maior

resistência à seca, ao frio e ao calor que a maioria das espécies normalmente cultivadas

no Brasil. Apresenta ampla adaptabilidade às diferentes condições edafoclimáticas e seu

rendimento é pouco influenciado pela latitude, altitude e pelo fotoperiodo (EMBRAPA,

2003).

O óleo de girassol possui características culinárias e nutricionais valiosas como

sabor suave e aroma neutro, ideais para uso em saladas, margarina, maionese e frituras. É

uma excelente fonte de ácido linoléico, que é ácido graxo essencial, e apresenta baixo

teor de ácido linolênico, o que lhe confere maior estabilidade e permite conservar o sabor

original durante o processamento ou em situações adversas de armazenamento. É

recomendado para prevenir as doenças do coração, em razão da sua composição geral:

ácidos graxos poliinsaturados (65,3%), monoinsaturados (23,1%) e saturados (11,6%).

Por meio do melhoramento genético, há cultivares com alto teor de ácido oléico (80%).

O girassol constitui-se, também, numa importante fonte de proteínas. Pode ser utilizado

na alimentação animal de forma direta, como silagem, ou na composição de rações

(CASTIGLIONI e OLIVEIRA, 2005).

A utilização de óleos e gorduras na indústria varia em torno de 10,6 milhões de

toneladas e, na alimentação animal, de 5,7 milhões de toneladas, totalizando, portanto,

16,3 milhões de toneladas/ano. Entretanto, há forte tendência mundial de aumento do

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consumo, ressaltando-se que até o momento, as gorduras de origem vegetal tiveram

velocidade de crescimento três vezes maior que a de origem animal (CASTIGLIONI e

OLIVEIRA, 2005).

Mesmo com essa ampla adaptabilidade, no Brasil a cultura do girassol ocupa

área de cultivo restrita, sendo que dos 75.000 hectares cultivados na safra 2008/2009

aproximadamente 71.500 hectares foram cultivados no Centro Sul e apenas 3.500

hectares cultivados nas regiões Norte/Nordeste (CONAB, 2010). Até o ano de 2005, o

cultivo do girassol atendia basicamente a três objetivos: produção de aquênios para

alimentação de pássaros; produção de óleo comestível e ração para animais. Entretanto, a

cultura tem despertado o interesse de agricultores, técnicos e empresas devido à

possibilidade de utilizar o óleo derivado desta na fabricação de biodiesel (BACKES et

al., 2008). Tal demanda está contribuindo para forte expansão na área de cultivo de

girassol, observando-se uma expansão em área plantada de aproximadamente 90% nos

últimos três anos, sendo a cultura apontada como nova alternativa econômica em

sistemas de rotação/sucessão de culturas de grãos. Além disso, está inserido no programa

nacional de produção e uso de biodiesel (UNGARO, 2006).

Em 2006, e, sobretudo, a partir de 2007, houve fomento à cultura em várias

regiões do Brasil. Pode-se afirmar que em várias regiões o fomento à cultura ocorre sem

a devida comprovação de viabilidade técnica e econômica. Em parte, isto pode estar

ocorrendo devido o girassol ser considerada uma espécie mais tolerante à seca, ao frio e

ao calor do que as demais espécies cultivadas no Brasil (LEITE, 2005). Entretanto,

sabe-se que ocorre interação entre genótipos e ambientes, havendo variação do

comportamento de cultivares em função da região e época de plantio (PORTO et al.,

2007).

O biodiesel é um potencial substituto do diesel, de combustão limpa, feito a

partir do aproveitamento de óleos vegetais “in natura”. Ferrari et al (2004) afirmam que

o biocombustível possui vantagens sobre os combustíveis derivados do petróleo, como

contribuir principalmente nos centros urbanos, com a redução dos níveis de poluição

ambiental na busca por um desenvolvimento sustentável. A substituição do diesel pelo

biodiesel se torna mais promissora a partir do momento em que se comprovem

benefícios econômicos e ambientais na realização da mesma (SANTOS e JESUS,

2006).

5

O girassol constitui-se, também, numa importante fonte de proteínas. Pode ser

utilizado na alimentação animal de forma direta, como silagem, ou na composição de

rações. No beneficiamento de uma tonelada de grãos, obtem-se em média, 300 kg de

torta com 48-50% de proteína, que pode ser utilizada para alimentação de aves, suínos e

bovinos (CASTIGLIONI e OLIVEIRA, 2005).

A composição química do grão de girassol depende do genótipo da planta,

tratos culturais, condições climáticas e outros fatores do ambiente (REYES et al., 1985;

SAEED e CHERYAN, 1988; CARRÃO-PANIZZI e MANDARINHO, 1994). Além do

óleo de girassol, as proteínas têm despertado interesse para utilização na formulação de

alimentos para consumo humano devido, principalmente, às suas propriedades

funcionais do que pelo seu valor nutritivo (SAEED e CHERYAN, 1988; VENKTESH e

PRAKASH, 1993).

No entanto, há a necessidade de adequá-lo aos diferentes sistemas de produção

das principais culturas de grãos do Brasil, sendo necessários esforços dos programas de

melhoramento genético para o desenvolvimento de genótipos que apresentem,

concomitantemente, alto teor de óleo, ciclo precoce, porte reduzido, resistência a fatores

bióticos e abióticos, além de alto potencial produtivo (OLIVEIRA et al., 2005).

O girassol é uma oleaginosa de ampla adaptabilidade às diferentes condições

edafoclimáticas, cujo rendimento agrícola é pouco influenciado pela latitude, altitude e

fotoperíodo (CASTRO et al., 1993), seu cultivo é estratégico para rotação com culturas

de verão e inverno nas latitudes maiores. É tolerante à seca, no entanto, a

disponibilidade de água é determinante no rendimento agrícola desta cultura

(SCHEINER e LAVADO, 1999).

A obtenção de informações por meio da pesquisa tem sido decisiva para dar

suporte tecnológico ao desenvolvimento da cultura, garantindo melhores produtividades

e retornos econômicos competitivos. Entre as várias tecnologias desenvolvidas para a

produção de girassol, a escolha adequada de cultivares constitui um dos principais

componentes do sistema de produção da cultura.

Diante da existência de interação genótipos x ambientes, são necessárias

avaliações contínuas, em redes de ensaios, a fim de determinar o comportamento

agronômico dos genótipos e sua adaptação às diferentes condições locais.

6

Há poucas informações disponíveis sobre cultivares adaptadas para as

diferentes regiões. Entretanto, as variações edafoclimáticas, em especial a

disponibilidade hídrica, térmica, a umidade relativa do ar e luminosidade são fatores de

forte influência na produtividade. Esta interferência ocorre de forma direta sobre o

potencial produtivo e de forma indireta, por exemplo, via doenças como a mancha de

Alternaria, uma das principais doenças, ocorrendo em praticamente todas as regiões e

em todas as épocas de semeadura. O potencial aumento da área cultivada com girassol

pode ser limitado pela ocorrência da mancha de Alternaria, causada por Alternaria

helianthi (Hansf.) Tubaki & Nishihara, os danos causados pela doença podem ser

atribuídos a diminuição da área fotossintética da planta, devido a morte de células

causando necroses foliares e desfolha precoce; plantas severamente afetadas apresentam

a maturação antecipado (LEITE, 2005).

O Brasil apresenta vantagens naturais para a agricultura energética como ampla

disponibilidade de terras férteis, elevada insolação e boa distribuição de chuvas. A nova

orientação da agricultura energética é no sentido de produzir matérias primas para o

biodiesel, ou seja, a substituição do diesel importado, que ao mesmo tempo representa

uma grande oportunidade para a economia do País (PLÁ, 2006). Entretanto, o preço

do biodiesel no Brasil ainda não é competitivo. Diante disso o governo oferece linhas de

créditos e isenção de impostos para que a incipiente indústria do biodiesel nacional se

firme, ganhando assim competitividade. Também são necessários investimentos em

novas tecnologias, para ter-se um produto de qualidade com rentabilidade.

A principal fonte de óleos vegetais no Brasil é a soja, que vem ocupando áreas

maiores ano após ano. Em segundo lugar encontramos o dendê (palma), junto a outras

oleaginosas anuais como girassol, mamona, canola, algodão e amendoim. Outras

espécies apresentam importantes potencialidades para o futuro, algumas anuais, como o

nabo forrageiro, outras perenes como macaúba ou pinhão manso (PLÁ, 2006).

A produção agrícola destinada a produzir energia deverá apresentar elevado

grau de eficiência para ser competitiva. A quantidade de óleo por hectare plantado é a

variável que mais flui na determinação da competitividade. Rendimentos baixos

exigiriam elevada despesa de energia só para colher o grão, consumindo qualquer saldo

de energia eventualmente produzido (PLÁ, 2006). Os indicadores para produção de

energia a partir de biomassa, como o desenvolvimento econômico, social e ambiental

7

implica em gerar emprego e renda localizados, gerando inclusão social. Já a geração de

emprego e renda implica em mecanismos de fortalecimento da produção de oleaginosas

para agricultura familiar e extrativismo (SGANDERLA e MORET, 2006).

Mesmo com os incentivos à cultura de girassol no Brasil, há carência de

informações de pesquisa sobre viabilidade técnica do cultivo desta espécie, em condições

de cerrado, na região norte do País. No Sudeste, o cultivo do girassol em sucessão a

grandes culturas, tem-se mostrado boa alternativa para o agricultor, permitindo o

aproveitamento de áreas irrigadas ou não, na entressafra, e de reforma de canavial, na

safra, ou mesmo áreas tradicionais (GOMES et al., 2003). A entressafra e safrinha de

girassol vem como ótimas opções de grãos para produção de óleo, tendo como atrativo

um valor de mercado mais alto quando comparado ao óleo de soja para alimentação

humana, além de diminuir ociosidade das indústrias beneficiadoras e otimizar a

utilização da terra, máquinas e mão-de-obra, desta forma o setor sócio econômico é

beneficiado com o aumento do numero de empregos e com circulação de capital na

região produtora.

O Governo Federal assumiu o compromisso da viabilização do biodiesel,

tomando iniciativas de organização das cadeias de produção, sem esquecer os estímulos

para a pequena agricultura. O Congresso Nacional aprovou a Lei 11097, de 13.01.2005,

que estabelece a obrigatoriedade do uso das misturas diesel-biodiesel, sendo que a partir

de janeiro de 2008 será obrigatório utilizar misturas de 2% (B2) e a partir de 2013 será

obrigatório o uso de misturas de 5% (B5) (HOCEVAR, 2006).

A Universidade Federal do Tocantins – Campus Universitário de Gurupi é uma

das Instituições que acredita na utilização de espécies oleaginosas, dentre elas o girassol

como potencial alternativa para a produção de Biodiesel, e vem se dedicando para a

realização de estudos científicos que possam subsidiar a prática dessa atividade nas

condições do ecossistema cerrado. Nesse sentindo, propõe estratégias à viabilização do

cultivo desta espécie visando à introdução e consolidação de uma cultura altamente

promissora para as condições do estado. Tendo em vista que, a Região Norte ainda não

possui áreas expressivas cultivadas com girassol, porém existe a necessidade premente

de introduzir alternativas aos agricultores tocantinenses e do Norte País.

8

REFERENCIAS

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o programa nacional de produção e uso de biodiesel. In: CAMARA, G. M.; HEIFFIG,

L. S. Agronegocio de plantas oleaginosas: matérias-primas para o biodiesel.

Piracicaba: ESALQ, 2006. p. 57-80.

VENKTESH, A; PRAKASH, V. Functional properties of the total proteins of sunflower

(Helianthus annuus L.) seed-effect of physical and chemical treatments. Journal Of

Agricultural And Food Chemistry, Easton, v.41, p.18-23, 1993.

11

CAPITULO I

EFEITO DE ÉPOCAS DE SEMEADURA NO DESEMPENHO AGRONOMICO

DE CULTIVARES DE GIRASSOL NO CERRADO TOCANTINENSE

RESUMO

A cultura do girassol (Helianthus annuus L.) pode ser conduzida em diferentes épocas

de semeadura durante o ano agrícola, destacando-se entre as culturas viáveis a serem

exploradas no Estado do Tocantins, nas regiões de cerrado. Entretanto, os cultivares

podem apresentar diferenças de adaptação e desenvolvimento, dependendo da

localidade e época de semeadura. Nesse contexto, objetivou-se com este trabalho avaliar

o desempenho de cultivares de girassol em diferentes épocas de semeadura no Sul do

Estado do Tocantins. O experimento foi instalado em Gurupi-TO, safra 2008/2009 em

quatro épocas de semeadura. O delineamento experimental utilizado foi em blocos

casualizados, com 20 tratamentos e três repetições. Os tratamentos foram dispostos num

esquema fatorial 4 x 5, constituído por quatro épocas de semeadura EP1 (24/11/2008),

EP2 (01/12/2008), EP3 (18/12/2008) e EP4 (30/12/2008) e cinco cultivares H250,

H251, H358, H360, e H884. Verificou-se interação significativa entre épocas de

semeadura e cultivares para as características: florescimento, altura de planta,

porcentagem de aquênios normais, peso hectolitro e produtividade de aquênios. Houve

influência negativa para todas as características avaliadas à medida que as semeaduras

foram retardadas, em decorrência, provavelmente, da incidência do patógeno alternaria

helianthi. Produtividade próxima a 3000 kg. ha-1

foi obtida quando a semeadura foi

antecipada para o inicio do período chuvoso (EP1) e o cultivar mais produtivo foi o

H251, quando cultivado nas EP1, EP3 e EP4.

Palavras chave: Helianthus annuus L, produtividade, patógeno, adaptação.

12

EFFECT OF SWING TIMES IN THE AGRONOMIC PERFORMANCE OF

SUNFLOWER CULTIVARS IN CERRADO TOCANTINENSE

ABSTRACT

The cultivation of sunflower (Helianthus annuus L.) can be conducted at different

sowing times during the crop year, standing out among the viable crops to be explored

in the state of Tocantins, in the cerrado regions. However, cultivars may show

adaptation and development differently depending on the location and sowing time. The

experiment was installed in Gurupi-TO, harvest 2008/2009 in four sowing times. The

experimental design was randomized blocks with 20 treatments and three repetitions.

The treatments were disposed in a 4 x 5 factorial, constituted by four sowing times EP1

(24/11/2008), EP2 (01/12/2008), EP3 (18/12/2008) and EP4 (30/12/2008) and five

cultivars H250, H251, H358, H360, and H884. Significant interaction was verified

between sowing times and cultivars for characteristics: flowering, plant height,

porcentage normal achene, hectolitre weight and productivity of achenes. There was

negative influence for all avaluated characteristics as the sowings were delayed, in

consequence, probably, of the incidence of pathogen alternaria helianthi. Productivity

close to 3000 kg. ha-1

was obtained when sowing was anticipated for the beginning of

the rainy season (EP1) and the cultivar more productive was the H251 when grown in

EP1, EP3 and EP4.

Key words: Helianthus annuus L, productivity, pathogen, adaptation

13

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) é tradicionalmente considerado como uma

cultura de grande plasticidade, desenvolvendo-se bem em regiões de clima temperado,

subtropical e tropical (BARNI et al., 1995). Apresenta características agronômicas

importantes, como maior tolerância à seca, ao frio e ao calor, quando comparado com a

maioria das espécies cultivadas no Brasil. Suas sementes podem ser utilizadas para a

fabricação de ração animal e para a extração de óleo, que é de alta qualidade para

consumo humano, ou, como matéria-prima para a produção de biodiesel (LEITE et al.,

2005).

Seu óleo possui características culinárias e nutricionais valiosas, é uma

excelente fonte de ácido linoléico (CASTIGLIONI e OLIVEIRA, 2005). Servindo

como alimento funcional tanto para humanos, quanto ruminantes, suínos e aves, além

disso, pode ser utilizada para silagem como opção forrageira. Também está despertando

grande interesse a nível mundial, pois representa uma alternativa de mercado na

produção de matéria-prima para obtenção de bicombustíveis (VILLALBA, 2008).

No mundo, o girassol destaca-se como a quinta oleaginosa em produção de

grãos, quarta em produção de farelo e terceira em produção de óleo. Os maiores

produtores são: Rússia, Ucrânia, União Européia e Argentina (LAZZAROTTO et al.,

2005). Essa cultura responde por cerca de 13% de todo óleo vegetal produzido no

mundo e vem apresentando índices crescentes de produção e área plantada a nível

mundial (SMIDERLE et al., 2005).

No Brasil o girassol apresenta-se como cultura promissora, por causa de sua

ampla adaptação e excelente qualidade do óleo. Além de estar inserido no programa

nacional de produção e uso de biodiesel (UNGARO, 2006). A cultura ocupa área de

cultivo restrita, sendo que dos 75.000 hectares cultivados na safra 2008/2009

aproximadamente 71.500 hectares foram cultivados no Centro Sul e apenas 3.500

hectares cultivados nas regiões Norte/Nordeste (CONAB, 2010). Um dos fatores que

contribuem para esse baixo cultivo de girassol são as poucas informações disponíveis

sobre cultivares adaptados e épocas de semeadura apropriadas para as diferentes regiões

do país. Época de semeadura é considerada um dos principais fatores de sucesso da

cultura do girassol, para Castro et al. (1997) a época ideal é aquela em que as exigências

das plantas são atendidas, nas diferentes fases de desenvolvimento, reduzindo os riscos

14

ocasionados por flutuações climáticas, principalmente por uma distribuição irregular das

chuvas, os conhecidos veranicos e o aparecimento de doenças, especialmente após o

florescimento assegurando assim uma boa produtividade. No Brasil grande parte

territorial é considerada apta para o cultivo do girassol, por apresentar condições

climáticas favoráveis ao seu desenvolvimento.

A escolha da época de plantio para cada região de cultivo é uma estratégia

fundamental para reduzir o risco de prejuízo causados por doenças, em áreas de clima

subtropical úmido, condição predominante nas regiões de cultivo de girassol no Brasil.

A mancha de Alternaria é uma das principais doenças, ocorrendo em praticamente todas

as regiões e em todas as épocas de semeadura, o potencial aumento da área cultivada

com girassol pode ser limitado pela ocorrência da mancha de Alternaria, causada pelo

fungo Alternaria helianthi (Hansf.) Tubaki & Nishihara, os danos causados pela doença

podem ser atribuídos a diminuição da área fotossintética da planta, devido a morte de

células provocando necroses foliares e desfolha precoce; plantas severamente afetadas

apresentam a maturação antecipada (LEITE et al., 2005).

O Tocantins apresenta localização estratégica, facilidade de escoamento,

disponibilidade hídrica e de terras agricultáveis, o que o classifica como um dos futuros

celeiros agrícola do Brasil, entretanto ainda não existe zoneamento agroclimático para a

cultura do girassol no Estado, bem como informações sobre cultivares adaptados e

épocas de semeadura apropriadas para a região. Pensado nesta carência de informações

para o norte do país, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de

cultivares de girassol em diferentes épocas de semeadura no sul do Estado do Tocantins.

MATERIAL E METODOS

O experimento foi conduzido no ano agrícola 2008/2009, na Universidade

Federal do Tocantins, Campus Universitário de Gurupi, Estado do Tocantins, localizada

a 11° 43’ de latitude Sul e 49° 04’de longitude Oeste e altitude de 280 m, solo é do tipo

Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico (EMBRAPA, 1999).

As análises químicas e físicas do solo foram realizadas no laboratório de solos

do Departamento de Solos da Universidade Federal do Tocantins e apresentaram as

seguintes características: pH-H2O = 5,4; Al +H = 5.2 cmolc dm-3

; Ca2+

+ Mg2+

= 2,5

15

cmolc dm-3

; K+ = 18.6 ppm; P = 10.2 ppm; SB = 2,5 cmolc dm

-3; CTC(T) = 7.2 cmolc

dm-3

; matéria orgânica: 1,5 %; areia = 60,2 %; silte = 5,2 %; argila = 34.6 %.

O clima, segundo o método de Thornthwaite, é do tipo Aw, (clima úmido com

moderada deficiência hídrica), a temperatura média anual varia de 22 ºC a 32 ºC, com

umidade relativa média do ar em torno de 76% e precipitação anual média de 1.400 mm

(SEPLAN, 2003). Durante o ciclo da cultura os dados climáticos foram coletados da

Estação Meteorológica do Campus Universitário de Gurupi - TO, com distância

aproximada de 90 m da área experimental, Figura 1.

O experimento foi implantado sob sistema de plantio convencional. A calagem

foi de 1000 Kg ha-1

de calcário dolomítico com PRNT de 95%, a adubação de base

aplicada no sulco de semeadura foi de 60 Kg ha-1

de P2O5, 60 Kg ha-1

de K2O e 20 Kg

ha-1

de N, aos 30 dias após emergência (DAE) foi realizada a adubação de cobertura na

dose de 60 Kg ha-1

de N, o Boro foi aplicado via foliar aos 40 e 50 (DAE) na dosagem

de 0,5 Kg + 0,5 Kg ha-1

(CASTRO e OLIVIERA, 2005).

O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados em esquema

fatorial 4x5 (quatro épocas de semeadura x cinco cultivares de girassol), totalizando 20

tratamentos, com três repetições. Cada parcela foi constituída por 4 linhas de 5,0 m de

comprimento, e espaçadas de 0,80 m entre linhas. Somente as duas linhas centrais

foram consideradas como parcelas úteis para as avaliações.

O ensaio foi instalado em quatro épocas de semeadura: EP1 (24/11/2008), EP2

(01/12/2008), EP3 (18/12/2008) e EP4 (30/12/2008) e cinco cultivares de girassol:

Hélio 250 (H 250), Hélio 251 (H 251), Hélio 358 (H 358), Hélio 360 (H 360), e Hélio

884 (H 884).

O desbaste foi realizado aos quinze DAE, deixando-se 5 plantas por metro

linear. A área foi mantida livre de invasoras durante todo o período crítico da cultura,

por meio de capinas manuais. Para o controle da mancha de alternaria (Alternaria

helianthi (Hansf.) Tubaki & Nishihara) foi utilizado o fungicida Difenoconazol na

dosagem de 0,6 L ha-1

.

Os dados meteorológicos referentes a temperatura, umidade relativa do ar e

precipitação pluvial durante a execução do experimento encontram-se na Figura 1.

16

Figura 1 – Valores médios diários de temperaturas (ºC) e umidade relativa do ar (%) e

total diário de precipitação pluvial (mm) ocorridas durante o período de 24 de novembro

de 2008 a 19 de abril de 2009, Gurupi - TO.

As características avaliadas foram: florescimento (FLOR, em DAE): anotado

quando 50% das plantas da parcela útil encontravam-se no estádio fenológico R4

(CONNOR e HALL, 1997); altura da planta (AP, em cm): medida da base solo até a

inserção do capítulo, em cinco plantas competitivas da parcela útil; diâmetro do capítulo

(DC, em cm): média de cinco capítulos das parcelas útil; aquênios normais (AN, em %):

obtida a partir da contagem do número de aquênios normais e chochos de cinco

capítulos de cada parcela útil; massa de mil aquênios (P1000, em g): obtido pela

contagem direta de 1000 aquênios, pesado posteriormente em balança de precisão, Peso

Hectolitro (PH, em Kg.100L-1

): relação massa volume, com base em 100 litros, e

produtividade de aquênios (PROD, em kg. ha-1

), foi considerado todas as plantas da

parcela útil (duas linha centrais), corrigida a 11% de umidade.

Os dados experimentais foram submetidos à análise individual e conjunta de

variância, com aplicação do teste F (Tabela 1). A analise conjunta foi realizada sob

condições de homogenidade das variâncias residuais. Para as comparações entre médias

de tratamentos, foi utilizado o teste de Tukey (P ≤ 0,05), em todos foi utilizado o

aplicativo computacional em genética e estatística - GENES (CRUZ, 2006).

17

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se interação significativa a 1 e 5% pelo teste F para as características

florescimento, altura de planta, aquênios normais, peso hectolitro e produtividade de

aquênios (Tabela 1), isso indica que as épocas influenciam de forma diferenciada nos

cultivares, revelando a diversidade existente entre as mesmas. Desta forma, realizou-se o

desdobramento da interação para verificar o efeito das épocas nos cultivares. Para a

característica diâmetro de capitulo e massa de mil aquênios, a interação não foi

significativa, apontando que os ambientes não interferiram de forma diferenciada nos

cultivares, sendo, então, realizado o estudo dos fatores isoladamente.

Tabela 1 – Resumo da análise de variância conjunta, das características: FLOR – florescimento; AP –

altura de planta; DC - diâmetro de capítulo; AN – aquênios normais (%); P1000 – massa de mil aquênios;

PH – peso hectolitro e PROD – produtividade de aquênios, de cinco cultivares de girassol em Gurupi-TO

(Safra2008/2009)

F.V. GL Quadrado Médio

FLOR AP DC AN P1000 PH PROD

Bloco/Ep. 8 1,7 84,8 2,5 12,3 29,5 6,0 15305,3

Cultivares 4 11,6ns

773,8**

7,3**

21,1ns

53,2* 8,8

ns 197013,6

ns

Épocas 3 153,9**

13281,0**

61,8**

2539,7**

887,7**

558,4**

7606115,8**

C x E 9 4,4**

125,0**

0,8ns

64,1**

10,7ns

10,9* 119651,3

**

Resíduo 32 1,3 36,4 0,9 13,2 13,1 3,7 9098,0

Média 53,1 164,0 15,8 76,9 35,7 26,5 1754,5

C.V. 2,1 3,6 6,0 4,7 10,1 7,3 5,4

*,** significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. ns

Não significativa.

Os Coeficientes de variação variaram de 2,1% a 10,1%, indicando bom

controle das causas de variação de ordem sistemática nas épocas de semeadura, para

caracteres quantitativos (Tabela 1). Comparando as épocas dentro de cada cultivar, para

a característica número de dias para o florescimento (Tabela 2), observou-se que a

medida que retardou-se as épocas de semeadura dos cultivares, houve encurtamento do

ciclo, para todos os cultivares avaliados. Menores médias foram obtidas na EP4, sendo

significativamente mais precoce que as demais épocas, exceto para o cultivar H250 que

desenvolveu ciclo semelhante entre as EP3 e EP4.

Com relação aos cultivares dentro de cada época, observou-se que o cultivar

H884 mostrou-se mais tardio, visto que obteve maiores médias para essa característica,

nas EP1, EP2 e EP3 sendo significativamente de maior ciclo que outros cultivares

avaliados, exceto para a EP4, em que não houve diferença significativa entre os

cultivares testados. De acordo com Oliveira et al., (2005) os programas de

18

melhoramento genético brasileiros buscam selecionar cultivares precoces, visando

aproveitar a entressafra das grandes culturas. Dentre os cultivares avaliados, verificou-

se tendência semelhante, visto que, não foram observadas diferenças significativas com

relação ao número de dias para o florescimento entre quatro dos cinco cultivares

testados em todas as épocas, ressaltando que há uma tendência em selecionar-se

genótipos mais precoces.

Tabela 2 – Médias estimadas do número de dias para o florescimento de cinco cultivares

de girassol em quatro épocas de semeadura, safra 2008/2009, Gurupi-TO* Cultivares Época 1 Época 2 Época 3 Época 4 Médias

H250 54,0 Ab 55,0 Ab 51,6 Bb 49,6 Ba 52,6 H251 54,6 Ab 55,0 Ab 52,0 Bab 47,6 Ca 52,3 H358 55,6 Ab 55,0 Ab 52,0 Bab 49,6 Ca 53,1 H360 54,6 Ab 55,0 Ab 52,3 Bab 49,3 Ca 52,9 H884 58,0 Aa 59,0 Aa 54,0 Ba 48,3 Ca 54,8

Média 55,4 55,8 52,4 48,9

* Medias seguidas pelas mesmas letras maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem

significativamente entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Para a variável altura de plantas (Tabela 3), em relação às épocas verificou-se

menores plantas quando a semeadura foi realizada na EP4, para todos os cultivares

testados, sendo 31,4%, 32,0%, e 35,1% inferiores comparado as médias das EP1, EP2, e

EP3 respectivamente. Tal fato pode ter ocorrido, em decorrência da menor

disponibilidade hídrica ocorrida no período vegetativo da cultura e um veranico após a

semeadura nesta época (Figura 1).

Comparando os híbridos dentro de cada época (Tabela 3), verificou-se que o

cultivar H884 foi significativamente mais alto, em relação aos demais cultivares na EP1,

e em todas as outras épocas esteve entre os cultivares mais altos. Plantas com menor

altura foram observadas na EP4 em Gurupi, sendo o cultivar H251 o de menor altura,

contudo sem diferir dos cultivares H250 e H360. Segundo Carvalho, (2004) e Mello et

al., (2006), a altura média de plantas de girassol observadas em cultivares de ciclo tardio

varia entre 160 cm e 179 cm, respectivamente. Nas condições do cerrado tocantinense, o

cultivar H884 mostrou-se tardio (Tabela 2), e plantas com altura superior a 190 cm

quando semeado na EP2 e EP3 (Tabela 3), observa-se uma relação direta entre ciclo

tardio e plantas mais altas.

19

Tabela 3 – Medias estimadas da altura de plantas de cinco cultivares de girassol em

quatro épocas de semeadura, safra 2008/2009, Gurupi-TO* Cultivares Época 1 Época 2 Época 3 Época 4 Médias

H250 172,8 ABb 159,9 Bc 177,4 Ab 113,0 Cb 155,8 H251 171,2 Bb 169,3 Bc 191,6 Aa 108,6 Cb 160,2 H358 172,8 ABb 186,0 Aab 186,1 Aab 128,0 Ba 168,2 H360 169,0 Ab 172,1 Abc 176,2 Ab 121,2 Bab 159,6 H884 188,3 Aa 194,1 Aa 192,6 Aa 128,0 Ba 175,8

Média 174,8 176,3 184,8 119,8

* Medias seguidas pelas mesmas letras maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem

significativamente entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Com relação ao diâmetro de capítulo (Tabela 4), a maior média foi obtida na

EP1, diferindo significativamente das médias obtidas nas EP2, EP3 e EP4. Entre os

cultivares, não foram verificadas diferenças significativas. De acordo com Smiderle et

al., (2005) e Mello et al., (2006), o diâmetro de capítulos de cultivares comerciais de

girassol varia entre 12,9 cm a 20,0 cm. Deste modo, os valores do diâmetro de capitulo

obtidos neste experimento estão plenamente inseridos nos padrões de normalidade

(Tabela 4).

Tabela 4 – Médias estimadas do diâmetro de capítulo de cinco cultivares de girassol em

quatro épocas de semeadura, safra 2008/2009, Gurupi-TO* Cultivares Época 1 Época 2 Época 3 Época 4 Médias

H250 18,0 15,5 15,0 13,4 15,5 a H251 18,8 17,1 17,1 13,9 16,7 a H358 18,0 15,4 16,3 12,8 15,6 a H360 19,9 16,2 15,7 13,9 16,4 a H884 17,0 14,5 14,8 12,7 14,8 a

Média 18,3 A 15,7 B 15,8 B 13,4 C

* Medias seguidas pelas mesmas letras maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem

significativamente entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Para a variável porcentagem de aquênios normais (Tabela 5), verificou-se

superioridade significativa na EP1, em relação a todas as outras épocas, o cultivar H251

EP1 mostrou-se inferior aos demais cultivares para esta variável na EP1. Dentre os

cultivares avaliados na EP1, observou-se porcentagens de aquênios normais elevadas,

superiores a 90%, em 80% dos cultivares avaliados. Nas demais épocas (Tabela 5), a

porcentagem de aquênios normais reduziu significativamente. Tal redução pode ter

ocorrido em decorrência da alta incidência de patógenos, com destaque para Alternaria

helianthi, que infestou a cultura principalmente na fase reprodutiva.

20

De acordo com Castro e Farias, (2005), 400 mm a 500 mm de água, bem

distribuídos ao longo do ciclo, resultam em rendimentos próximos ao potencial

máximo; desta forma os dados pluviométricos (Figura 1) obtidos em Gurupi indicam

condições climáticas ótimas para a cultura, quando somado a precipitação acumulada

em cada época de semeadura aos 40 DAP (dias após plantio) e 80 DAP chega-se as

seguintes somas: EP1: 310 e 721 mm, EP2: 341 e 749 mm, EP3: 317 e 700 mm e EP4:

306 e 741 mm. Considerando o volume de água acumulada na fase vegetativa e

reprodutiva, pode-se deduzir que em tais condições ambientais, não houve limitação

hídrica para enchimento de aquênios. Segundo Amorim et al., (2008), em condições de

déficit hídrico, a porcentagem de aquênios normais pode atingir índices próximos a

75%.

Tabela 5 – Medias estimadas da porcentagem de aquênios normais de cinco cultivares

de girassol em quatro épocas de semeadura, safra 2008/2009, Gurupi-TO* Cultivares Época 1 Época 2 Época 3 Época 4 Médias

H250 92,6 Aab 81,0 Ba 70,4 Ca 68,7 Cab 78,2 H251 85,7 Ab 81,3 Aba 67,3 Ca 73,4 BCa 76,9 H358 95,6 Aa 87,7 Aa 62,5 Bab 62,9 Bb 77,2 H360 90,9 Aab 87,0 Aa 69,6 Ba 62,6 Bb 77,5 H884 93,5 Aab 83,0 Ba 58,7 Cb 63,5 Cb 74,7

Média 91,7 84,0 65,7 66,2

* Medias seguidas pelas mesmas letras maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem

significativamente entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Para massa de mil aquênios (Tabela 6), verificou-se que a maior média foi

obtida na EP1, diferindo significativamente de todas as outras épocas. Em todos os

cultivares testados não foram verificadas diferenças significativas entre as médias.

De acordo com Castro e Farias, (2005) e Alkio et al., (2003) capítulos bem

desenvolvidos tendem a ter maior proporção de aquênios grandes e mais pesados, e

esses aquênios têm mais tempo para o enchimento, possibilitando maior aporte de

nutrientes. Com base no diâmetro de capítulo (Tabela 5), há coerência dos dados

obtidos com as informações apresentados pelos autores acima citados, visto que, quando

o girassol semeado na primeira época favoreceu o desenvolvimento de capítulos e

houve maior acúmulo de massa nos aquênios (Tabela 6).

Obteve-se na EP1(Tabela 6), para todos os cultivares avaliados massa de 1000

aquênios maior ao relatado por Silva et al., (2007b) que obteve massa média de 1000

21

aquênios de 41,15 gramas, em Lavras, MG. Em nossas condições, foi obtido médias de

massa de aquênios 12,45% maior para EP1, 18,1% menor para EP2, 26,12% menor para

EP3 e 23,45% menor para EP4.

Tabela 6 – Médias estimadas da massa (gramas) de mil aquênios de cinco cultivares de

girassol em quatro épocas de semeadura, safra 2008/2009, Gurupi-TO* Cultivares Época 1 Época 2 Época 3 Época 4 Médias

H250 43,6 28,8 28,2 28,1 32,2 a H251 45,8 36,7 30,5 33,9 36,7 a H358 46,1 35,2 31,1 29,1 35,4 a H360 47,7 34,3 31,3 31,4 36,2 a H884 51,7 33,4 30,7 35,0 37,7 a

Média 47,0 A 33,7 B 30,4 B 31,5 B

* Medias seguidas pelas mesmas letras maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem

significativamente entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Para peso hectolitro (Tabela 7), verificou-se maiores pesos para todos os

cultivares avaliados na EP1, diferindo significativamente das outras épocas. Com

relação aos cultivares dentro de cada época, verificou-se pesos significativamente

maiores para o cultivar H884 na EP1, nas EP2, EP3 e EP4 não houve destaque entre os

cultivares.

Os valores observados para a característica peso hectolitro na EP1 assemelhou-

se com o resultado obtido por Amorim et al., (2008) com valores médios de 39 kg.100L-

1, entretanto nas épocas EP2, EP3, e EP4 as médias foram inferior ao valor encontrado

por estes autores.

Tabela 7 – Médias estimadas do peso hectolitro (kg.100L-1

) de cinco cultivares de

girassol em quatro épocas de semeadura, safra 2008/2009, Gurupi-TO* Cultivares Época 1 Época 2 Época 3 Época 4 Médias

H250 34,1 Ab 22,1 Bb 22,8 Bab 22,9 Ba 25,5 H251 33,9 Ab 25,1 Bab 21,9 Bab 23,6 Ba 26,1 H358 35,1 Ab 27,7 Ba 24,7 BCa 23,8 Ca 27,8 H360 35,2 Ab 24,6 Bab 21,9 Bab 23,5 Ba 26,3 H884 39,2 Aa 24,4 Bab 20,7 Cb 22,1 BCa 26,6

Média 35,5 24,8 22,4 23,2

* Medias seguidas pelas mesmas letras maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem

significativamente entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

Para produtividade de aquênios (Tabela 8), verificou-se superioridade

significativa na EP1 em relação às demais épocas avaliadas. Verificou-se que as

22

produtividades de aquênios reduziram significativamente com o retardamento da

semeadura, sendo a EP4 a que apresentou os piores resultados, indicando que para as

condições climáticas observadas durante o desenvolvimento da pesquisa, que a

antecipação da semeadura pode ser usada como uma estratégia para favorecer a cultura

do girassol.

O retardamento da semeadura causou redução na produtividade de aquênios

(Tabela 8), possivelmente pela ocorrência de alternaria helianthi, que infestou a cultura

em diferentes fases de desenvolvimento. Na EP1 os sintomas da doença foram

detectados no estádio R9, na EP2 nos estádios R7 a R8, na EP3 nos estádios R5 a R6 e

na EP4 detectou-se os sintomas da doença ainda no estádio R4 (Anexos: 1, 2, 3, 4, 5, 6,

7, e 8), neste contexto, na EP1 os danos em decorrência dos sintomas da doença foram

mínimos. Entretanto, nas três últimos épocas os sintomas foram detectados em estádios

de desenvolvimento da cultura menos avançados, o que provavelmente, pode ter

prejudicado o enchimento de aquênios.

De acordo com Gomes et al., (2004) os períodos críticos para a produtividades

de grãos são a formação do botão floral e enchimento de aquênios, os quais associados a

desfolha prematura, apodrecimento do caule, e absorção dos fotoassimilados pelo

fungo, são responsáveis por reduções drásticas de produtividade. Amabile et al., (2002)

estudando a severidade da mancha de alternaria em cultivares de girassol no Distrito

Federal, concluiu que a época de semeadura e os fatores climáticos, principalmente a

umidade relativa do ar e a precipitação, afetam o aparecimento e a severidade da

mancha de alternaria, e em outro estudo feito por Leite e Amorim, (2002), estudando

influência da temperatura e do molhamento foliar no monociclo da mancha de

Alternaria em girassol, verificaram que a temperatura influenciou a densidade relativa

das lesões e severidade da mancha de Alternaria em girassol, o aumento da temperatura

provocou incremento na severidade da doença até aproximadamente 30 °C, a mancha de

Alternaria foi maior com o aumento da duração do período de molhamento foliar. Em

Gurupi observou-se que a umidade relativa situou-se na faixa de 80%, a temperatura

média de 24 a 29 ºC, e altos índices pluviométricos, combinações estas perfeitas para

incidência e severidades da Alternaria (Figura 1).

Ao comparar os resultados obtidos nesta pesquisa aos de Silva et al., (2007a)

com produtividade de aquênios média de 2860 kg.ha-1

, verificou-se que a produtividade

23

média de aquênios na EP1 ficou próxima os autores acima, enquanto nas outras épocas

foram todas menores, podendo ser explicado pelo período de convivência crescente com

a alternaria de uma época para outra.

Entre os cultivares não houve variação significativa nas EP2 e EP4 (Tabela 8).

Os cultivares H251 e H358 foram significativamente mais produtivos, em relação aos

demais na EP3, na EP1 verificou-se as maiores produtividades para os cultivares H251

e H250, entretanto o H250 não diferiu significativamente do H358 e H884.

Tabela 8 – Médias estimadas de produtividade de aquênios de cinco cultivares de

girassol em quatro épocas de semeadura, safra 2008/2009, Gurupi-TO* Cultivares Época 1 Época 2 Época 3 Época 4 Médias

H250 2834,1 Aab 1771,8 Ba 1346,2 Cb 1013,8 Da 1741,5

H251 2997,6 Aa 1751,7 Ba 1813,9 Ba 1163,9 Ca 1931,8

H358 2673,0 Ab 1870,0 Ba 1803,7 Ba 964,6 Ca 1827,8

H360 2371,1 Ac 1791,3 Ba 1233,9 Cbc 1085,3 Ca 1620,4

H884 2710,0 Ab 1843,6 Ba 1026,9 Cc 1023,5 Ca 1651,0

Média 2717,2 1805,7 1444,9 1050,2

* Medias seguidas pelas mesmas letras maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem

significativamente entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.

CONCLUSÕES

À medida que retarda-se a semeadura do girassol, há redução das

características agronômicas (altura de planta, diâmetro de capitulo, porcentagem de

aquênios normais, massa de aquênios e peso hectolitro), reduzindo a produtividade;

Produtividade próxima a 3000 kg. ha-1

foi obtida quando a semeadura foi

antecipada para o inicio do período chuvoso (EP1);

O cultivar H251 esteve sempre entre os mais produtivos, em todas as épocas de

semeadura.

AGRADECIMENTOS

A Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Tocantins, pela concessão

de bolsa auxilio mestrado do Programa de Ajuda a Pos-Graduação (PAPG).

24

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do solo) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.

28

ANEXOS:

Anexo 1: Época 1, Gurupi – TO.

Anexo 2: Época 1, Gurupi – TO.

29

Anexo 3: Época 2, Gurupi – TO.

Anexo 4: Época 2, Gurupi – TO.

30

Anexo 5: Época3, Gurupi – TO.

Anexo 6: Época 3, Gurupi – TO.

31

Anexo 7: Época 4, Gurupi – TO.

Anexo 8: Época 4, Gurupi – TO.

32

CAPITULO II

EFEITO DE EPOCAS DE SEMEADURA DIRETA NO DESEMPENHO

AGRONOMICO DE GIRASSOL SAFRINHA, EM SUCESSÃO AO GIRASSOL,

NO CERRADO TOCANTINENSE

RESUMO

O girassol (Helianthus annuus L.) é tradicionalmente considerado como uma cultura de

grande plasticidade, apresenta características agronômicas importantes, como tolerância

à seca, ao frio e ao calor. Nesse contexto a cultura torna-se favorável as safrinhas,

juntamente com o uso da semeadura direta na conservação do solo, além de ser ótima

opção de grãos para produção de óleo, valor de mercado mais alto comparado ao óleo

de soja para alimentação humana, diminui ociosidade das indústrias beneficiadoras,

otimiza o uso da terra, máquinas e mão-de-obra, favorece o setor sócio-econômico com

empregos e circulação de capital na região produtora. Com isso, o objetivo deste

trabalho foi avaliar o desempenho de cultivares de girassol em quatro épocas de

semeadura direta sobre palhada de girassol na safrinha 2009, no Sul do Estado do

Tocantins. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, com 20

tratamentos e três repetições. Os tratamentos foram dispostos num esquema fatorial 4 x

5, quatro épocas: EP1 (15/03/2009), EP2 (28/03/2009), EP3 (09/04/2009) e EP4

(01/05/2009) com cinco cultivares: H250, H251, H358, H360, e H884, sobre palhada de

Girassol. Verificou-se interação significativa das épocas com os cultivares para todas as

características avaliadas. Houve redução em todas as variáveis avaliadas com

retardamento da semeadura. Maiores produtividades de aquênios foram obtidas quando

o girassol foi cultivado na segunda época de semeadura e o cultivar H884 teve o melhor

desempenho para a maioria das variáveis analisadas.

Palavras chave: Helianthus annuus L, cultivares, produtividade, palhada.

33

EFFECT OF TIMES OF DIRECT SOWING ON SUNFLOWER SAFRINHA

AGRONOMIC PERFORMANCE, IN SUCCESSION THE SUNFLOWER, IN

THE CERRADO TOCANTINENSE

ABSTRACT

The sunflower (Helianthus annuus L.) is traditionally considered as a culture of great

plasticity. It presents important agronomic characteristics, like tolerance to drought, to

cold and heat. In that context the culture becomes favorable to the safrinha, together

with the use of the direct sowing in the conservation of the soil, besides being great

option of grains for oil production, higher market value compared to the soybean oil for

human feeding. It reduces idleness of the treatment industries, optimizes the use of the

earth, machines and labour, favors the socioeconomic section with jobs and capital

circulation in the producing region. With this, the objective of this study was to evaluate

the performance of sunflower cultivars in four times of sowing direct on sunflower

straw in safrinha 2009, in the South part of the State of Tocantins. The experimental

design was randomized blocks with 20 treatments and three repetitions. Treatments

were arranged in a 4 x 5 factorial, four times: EP1 (03/15/2009), EP2 (28/3/2009), EP3

(04/09/2009) and EP4 (01/05/2009) with five cultivars, H250, H251, H358, H360 and

H884, on straw Sunflower. Significant interaction of the times with the cultivars for all

the evaluated characteristics was observed. There was reduction in all the evaluated

characteristics with retardation of the sowing. Highest productivity was obtained when

sunflower was grown in the second sowing time. The cultivar H884 had the best

performance for most of the analyzed variables.

Keywords: Helianthus annuus L, cultivars, productivity and straw.

34

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) apresenta características agronômicas

importantes, como maior tolerância à seca, ao frio e ao calor, quando comparado com a

maioria das espécies cultivadas no Brasil, suas sementes podem ser utilizadas para a

fabricação de ração animal e para a extração de óleo de alta qualidade para consumo

humano ou como matéria-prima para a produção de biodiesel (LEITE et al., 2005). Seu

óleo possui características culinárias e nutricionais valiosas, sendo uma excelente fonte

de ácido linoléico (CASTIGLIONI e OLIVEIRA, 2005). Serve como alimento

funcional tanto para humanos, quanto ruminantes, suínos e aves, além disso, pode ser

utilizado para silagem como opção forrageira. Atualmente, está despertando grande

interesse a nível mundial, pois representa uma alternativa de mercado para a produção

de matéria-prima para obtenção de bicombustíveis (VILLALBA, 2008).

No mundo, o girassol destaca-se como a quinta oleaginosa em produção de

grãos, quarta em produção de farelo e terceira em produção de óleo. Os maiores

produtores são: Rússia, Ucrânia, União Européia e Argentina (LAZZAROTTO et al.,

2005). Essa cultura responde por cerca de 13% de todo óleo vegetal produzido no

mundo e vem apresentando índices crescentes de produção e área plantada a nível

mundial (SMIDERLE et al., 2005).

No Brasil, o girassol apresenta-se como cultura promissora, devido sua ampla

adaptação e excelente qualidade do óleo. Além de estar inserido no programa nacional

de produção e uso de biodiesel (UNGARO, 2006). A cultura ocupa área de cultivo

restrita, sendo que dos 75.000 hectares cultivados na safra 2008/2009 aproximadamente

71.500 hectares cultivados no Centro Sul e apenas 3.500 hectares cultivados nas regiões

Norte/Nordeste (CONAB, 2010).

Sabe-se que na cultura do girassol ocorre interação entre genótipos e

ambientes, havendo variação do comportamento de cultivares em função da região e

época de plantio (PORTO et al., 2007), estes fatores podem ser responsáveis pelo

insucesso da cultura, pois a carência de informações disponíveis sobre cultivares

adaptados e épocas de semeadura apropriadas para as diferentes regiões do país, faz

com que os produtores busquem outras alternativas. Mas a partir de 2005 a cultura tem

despertado o interesse de agricultores, técnicos e empresas devido à possibilidade de

utilizar o óleo derivado desta na fabricação de biodiesel, esta demanda crescente

35

possibilita forte expansão na área de cultivo de girassol, sendo a cultura apontada como

uma nova alternativa econômica em sistemas de rotação/sucessão de culturas de grãos

(BACKES et al., 2008).

No Sudeste, o cultivo do girassol em sucessão a grandes culturas, tem-se

mostrado boa alternativa para o agricultor, permitindo o aproveitamento de áreas

irrigadas ou não, na entressafra, e de reforma de canavial, na safra, ou mesmo áreas

tradicionais (GOMES et al., 2004). A safrinha de girassol vem como ótima opção de

grãos para produção de óleo, tendo como atrativo um valor de mercado mais alto

quando comparado ao óleo de soja para alimentação humana, alem de diminuir

ociosidade das indústrias beneficiadoras, otimizar a utilização da terra, máquinas e mão-

de-obra, favorecendo o setor sócio econômico com aumento do numero de empregos, e

circulação de capital na região produtora.

Outro fator importante para as safrinhas é a utilização da semeadura direta, que

tem como fundamentos a ausência de preparo do solo e permanência de cobertura

através da rotação e sucessão de culturas, com isso aumenta o teor de matéria orgânica e

qualidade do solo, melhora a conservação de água no solo, eleva a disponibilidade e

prolongamento de água ao longo do ciclo da cultura, diminuindo os efeitos prejudiciais

da estiagem no cultivo de safrinhas, fatores importantíssimo para o cerrado

tocantinense.

Apesar de não apresentar zoneamento agroclimático para a cultura do girassol,

o Estado do Tocantins por apresentar localização estratégica, facilidade de escoamento,

disponibilidade hídrica e de terras agricultáveis será um dos futuros celeiros agrícola do

Brasil, entretanto, não existe para o Estado, informações sobre cultivares adaptados e

épocas de semeadura apropriadas para a região e suas problemáticas da interação

genótipo x ambiente, principalmente em condições de safrinha.

Há poucas informações disponíveis sobre cultivares adaptadas e épocas de

semeadura apropriadas para as diferentes regiões (COSTA et al., 2000), sabe-se que o

rendimento obtido pelo girassol depende da cultivar assim como das condições

ambientais a que for submetida (ABREU et al., 2001), pensado nesta carência de

informações para o norte do país, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o

desempenho de cultivares de girassol em quatro épocas com semeadura direta sobre

palha de girassol na safrinha 2009, no Sul do Estado do Tocantins.

36

MATERIAL E METODOS

O experimento foi conduzido no ano agrícola 2008/2009, na Universidade

Federal do Tocantins, Campus Universitário de Gurupi, Estado do Tocantins, localizada

a 11° 43’ de latitude Sul e 49° 04’de longitude Oeste e altitude de 280 m, a temperatura

média anual varia de 22 ºC a 32 ºC, com umidade relativa média do ar em torno de 76%

e precipitação anual média de 1.400 mm, e solo do tipo Latossolo Vermelho Amarelo

Distrófico (EMBRAPA, 1999).

As análises químicas e físicas do solo foram realizadas no laboratório de solos

do Departamento de Solos da Universidade Federal do Tocantins e apresentaram as

seguintes características: pH-H2O = 5,4; Al +H = 5.2 cmolc dm-3

; Ca2+

+ Mg2+

= 2,5

cmolc dm-3

; K+ = 18.6 ppm; P = 10.2 ppm; SB = 2,5 cmolc dm

-3; CTC(T) = 7.2 cmolc

dm-3

; matéria orgânica: 1,5 %; areia = 60,2 %; silte = 5,2 %; argila = 34.6 %.

O clima, Segundo o método de Thornthwaite, é do tipo Aw, (clima úmido com

moderada deficiência hídrica) (SEPLAN, 2003). Durante o ciclo da cultura os dados

climáticos foram coletados da Estação Meteorológica do Campus Universitário de

Gurupi - TO, com distância aproximada de 90 m da área experimental, Figura 1.

O experimento foi implantado sob sistema de semeadura direta. A calagem foi

de 1000 kg ha-1

de calcário dolomítico com PRNT de 95%, para a cultura principal. A

adubação de base aplicada no sulco de semeadura foi de 400 kg ha-1

da formulação 5-

25-15 (NPK). Aos 30 dias após emergência (DAE), foi realizada a adubação de

cobertura na dose de 60 kg ha-1

de N, o Boro foi aplicado via foliar aos 40 e 50 (DAE),

na dosagem de 0,5 Kg + 0,5 Kg.ha-1

(CASTRO e OLIVIERA, 2005).

Antes da semeadura, procedeu-se o rebaixamento dos restos culturais do

cultivo anterior (girassol) utilizando-se o implemento agrícola “Triton”. A palhada de

girassol é considerado de boa qualidade por promover a ciclagem de nutrientes, esta

fragmentação dos restos culturais antecipa a disponibilização dos nutrientes reciclados

para a próxima cultura, logo após procedeu-se a semeadura direta com subseqüente

dessecação de plantas invasoras, utilizando-se o herbicida Gliphosate na dosagem de 2

L ha-1

.

O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados em esquema

fatorial 4x5 (quatro épocas de semeadura x cinco cultivares de girassol), totalizando 20

tratamentos, com três repetições. Cada parcela foi constituída por 4 linhas de 5,0 m de

37

comprimento, e espaçadas de 0,80 m entre linhas, total de 16 m². Somente as duas

linhas centrais foram consideradas como parcelas úteis para as avaliações.

As quatro épocas de semeadura foram: EP1 (15/03/2009), EP2 (28/03/2009),

EP3 (09/04/2009) e EP4 (01/05/2009) e cinco cultivares de girassol: Hélio 250 (H 250),

Hélio 251(H 251), Hélio 358 (H 358), Hélio 360 (H 360) e Hélio 884 (H 884).

O desbaste foi realizado aos 15 DAE, deixou-se 5 plantas por metro linear. A

área foi mantida livre de invasoras durante todo o período crítico da cultura, por meio de

capinas manuais. Para o controle da mancha de alternaria (Alternaria helianthi (Hansf.)

Tubaki & Nishihara) foi utilizado o fungicida Difenoconazol na dosagem de 0,6 L ha-1

.

Os dados meteorológicos de temperatura, umidade relativa do ar e precipitação

pluvial durante a execução do experimento encontram-se na Figura 1.

Figura 1 – Valores médios diários de temperaturas (ºC) e umidade relativa do ar (%) e

total diário de precipitação pluvial (mm) ocorridas durante o período de 15 de março a

31 de julho de 2009, Gurupi, TO.

As características avaliadas foram: florescimento (FLOR, em DAE): anotado

quando 50% das plantas da parcela útil encontravam-se no estádio fenológico R4

(CONNOR e HALL, 1997); Altura da planta (AP, em cm): medida da base solo até a

inserção do capítulo, em cinco plantas competitivas da parcela útil; Diâmetro do

38

capítulo (DC, em cm): média de cinco capítulos de cada parcela útil; Aquênios normais

(AN, em %): obtida a partir da contagem do número de aquênios normais e chochos de

cinco capítulos de cada parcela útil; Massa de mil aquênios (P1000, em g): obtido pela

contagem direta de 1000 aquênios, pesado posteriormente em balança de precisão, Peso

Hectolitro (PH, em Kg.100L-1

): quantificação da massa em volume conhecido com

posterior extrapolação para 100 litros, e Produtividade de Aquênios (PROD, em kg. ha-

1

): massa de aquênios considerando-se todas as plantas da parcela útil (duas linha

centrais), corrigida a 11% de umidade.

Os dados experimentais foram submetidos à análise individual e conjunta de

variância, com aplicação do teste F (Tabela 1). A analise conjunta foi realizada sob

condições de homogenidade das variâncias residuais. Para as comparações entre médias

de tratamentos, foi utilizado o teste de Tukey (P ≤ 0,05), em todos foi utilizado o

aplicativo computacional em genética e estatística - GENES (CRUZ, 2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se interação significativa a 1 e 5% pelo teste F para todas as

características avaliadas (Tabela 1). Tal interação significativa indica que os ambientes

influenciam de forma diferenciada o comportamento dos cultivares, desta forma,

realizou-se o desdobramento.

Tabela 1 – Resumo da Análise de Variância conjunta, das características FLOR – florescimento; AP –

altura de plantas; DC - diâmetro de capítulo; AN – aquênios normais (%); P1000 – massa de mil

aquênios; PH – peso hectolitro e PROD – produtividade de aquênios, de cinco cultivares de girassol em

quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de girassol, safrinha 2009

Girassol cultivado sobre palhada de girassol

F.V. G.L Quadrado Médio

FLOR AP DC NA P1000 PH PROD

Bloco/Ep. 8 0,150 25,709 0,135 35,308 2,371 2,172 3421,952

Cultivar (C) 4 10,625ns 614,851** 3,333ns 217,770ns 126,429* 39,503** 1 62712,375ns

Época (E) 3 49,866** 7454,907**

91,110**

3905,065**

1409,198**

609,499**

3425959,761**

C x E 12 3,325* 94,033** 2,594** 656,119** 35,702** 6,281* 62183,891**

Resíduo 32 1,525 22,667 0,530 8,52 2,990 2,451 2801,862

Média 51,0 82,31 8,73 70,03 34,43 33,19 690,16

C.V. 2,42 5,78 8,34 4,16 5,02 4,71 7,66

*,** - Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. ns – Não significativo

39

Os Coeficientes de variação ficaram entre 2,42% e 8,34%, indicando bom

controle das causas de variação de ordem sistemática nos ambientes experimentais, para

caracteres quantitativos, que são influenciados pelo ambiente.

Para característica número de dias para o florescimento (Tabela 2), obteve-se

maiores médias na EP3, para a maioria dos cultivares. Backes et al. (2008) ao avaliar

genótipos de girassol em diferentes épocas de semeadura obteve florescimento médio de

64,6 dias. De acordo com Castro e Farias (2005) temperaturas baixas, baixa

luminosidade e alta umidade prolongam o ciclo da cultura, atrasando a floração e a

maturação fisiológica. Nas condições ambientais em que foram conduzidos os

experimentos, temperatura, umidade relativa e luminosidade favoreceram a diminuição

do ciclo da cultura, visto que houve redução média de aproximadamente 15 dias no

florescimento, quando comparados com os resultados divulgados por Backes et al.

(2008).

Comparando os cultivares dentro de cada época (Tabela 2), observou-se que o

cultivar H884 esteve entro os mais tardios nasEP1, EP2 e EP4 enquanto o H251 foi ou

esteve entre mais precoce em todas as épocas. Valores semelhantes aos obtidos neste

trabalho foram verificados por Silva et al., (2007) que obtiveram florescimento aos 52

DAE.

Tabela 2 – Médias estimadas do numero de dias para o florescimento de cinco cultivares

de girassol em quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de girassol, safrinha

2009

Cultivar Épocas de semeadura Média

EP1 EP2 EP3 EP4

H250 50,6 ABab 48,3 Bb 53,0 Ab 50,6 ABab 50,6

H251 49,0 Bb 48,3 Bb 52,6 Ab 49,0 Bb 49,7

H358 51,0 Bab 48,6 Bb 56,0 Aa 51,0 Bab 51,6

H360 50,0 Bab 49,3 Bab 53,6 Aab 50,0 Bab 50,7

H884 52,0 Aa 52,0 Aa 52,6 Ab 52,0 Aa 52,1

50,5 49,3 53,6 50,5

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para a característica altura de plantas (Tabela 3), obteve-se nas EP1 e EP2

superioridade significativa para todos os cultivares, exceto para o cultivar H884 na EP2.

Comparando os cultivares dentro de cada época, observou-se maior altura para o

cultivar H884 em todas as épocas, entretanto, na EP2 não houve significância entre os

40

cultivares, na EP3 não diferiu do H360 e na EP4 não diferiu dos cultivares H251, H358

e H360.

Silva et al. (2009) estudando redução de espaçamento na entre linha em

híbridos de girassol em Rio Verde - GO obteve altura média de 92,6 cm, comparado

com os valores obtidos neste trabalho (Tabela 03), verifica-se que nas épocas EP1 e EP2

apenas o H250 esta abaixo da média obtida pelo autor citado acima, nas épocas EP3 e

EP4 todos os resultados obtidos estão abaixo, este menores valores podem ser

explicados pelo maior numero de veranicos e intensidade da estiagem ocorrido.

Tabela 3 – Médias estimadas da altura de plantas de cinco cultivares de girassol em

quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de girassol, safrinha 2009

Cultivar Épocas de semeadura Média EP1 EP2 EP3 EP4

H250 90,8 Ac 88,4 Aa 54,8 Bbc 60,5 Bb 73,63

H251 106,6 Ab 98,5 Aa 49,1 Cc 71,0 Bab 81,30

H358 103,2 Ab 99,2 Aa 47,3 Cc 68,8 Bab 79,63

H360 105,2 Ab 95,6 Aa 63,4 Bab 70,1 Bab 83,58

H884 121,1 Aa 99,4 Ba 73,2 Ca 79,4 Ca 93,28

105,38 96,23 57,56 69,96

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para a característica diâmetro de capítulos (Tabela 4), observa-se quando

compara-se as épocas de semeadura em cada cultivar, obteve-se as maiores médias

quando os cultivares foram cultivados nas épocas EP1 e EP2, sendo significativamente

as demais épocas.

Comparando os cultivares dentro de cada época (Tabela 4), observou-se que o

cultivar H884 obteve diâmetro de capítulo significativamente superior aos demais

cultivares na época EP1, EP3 e EP4, sendo que nas duas ultimas épocas não verificou-

se diferenças entres os cultivares H360 e H884. Tomich et al. (2003) obteve em

condições de safrinha, capítulos com 17,3 cm de diâmetro, superiores aos valores

obtidos neste trabalho. Tal fato pode ter ocorrido em função da ocorrência de alternaria

helianthi durante a fase de desenvolvimento do capítulo, seguido de déficit hídrico

durante enchimento de aquênios (Figura 1).

41

Tabela 4 – Médias estimadas do diâmetro do capítulo de cinco cultivares de girassol em

quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de girassol, safrinha 2009

Cultivar Épocas de Semeadura Média EP1 EP2 EP3 EP4

H250 10.3 Ab 10.40 Aa 6.6 Ba 6.8 Bb 8.53

H251 10.4 Ab 10.96 Aa 5.3 Cbc 7.0 Bb 8.42

H358 10.5 Ab 10.73 Aa 4.6 Cc 6.9 Bb 8.18

H360 11.0 Ab 9.93 Aa 7.2 Ba 7.3 Bab 8.86

H884 12.8 Aa 10.86 Aa 6.3 Dab 8.3 Ca 9.57

11.0 10.58 6.0 7.26

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para a característica porcentagem de aquênios normais (Tabela 5), quando

compara-se as épocas de semeadura dentro de cada cultivar, observou-se menores

porcentagens de aquênios normais quando os genótipos foram cultivados na época EP4

para os cultivares H250, H358, H360 e H884. Segundo Amorim et al. (2008) para

condições de safrinha a porcentagem de aquênios normais é próxima de 75%. Neste

trabalho, como pode ser observado na Tabela 5, a porcentagem de aquênios normais

oscilou em torno deste valor.

Quanto às médias dos cultivares (Tabela 05), observou-se que o cultivar H251

obteve os maiores resultados nas EP1 e EP4, não diferindo significativamente nas duas

ocasiões do cultivar H360. Os cultivares H358, H360 e H884 obtiveram os maiores

resultados na EP2, ficando todos acima de 85% de aquênios normais e o H250 diferiu

significativamente de todos os outros com 92% de aquênios normais na EP4. Verificou-

se variabilidade entre os cultivares, em todas as épocas, evidenciando que os cultivares

testados apresentam elevada variabilidade genética para esta característica, constatada

pelo elevado efeito ambiental na manifestação da característica.

42

Tabela 5 – Médias estimadas da porcentagem de aquênios normais de cinco cultivares

de girassol em quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de girassol, safrinha

2009

Cultivar Épocas de semeadura Média EP1 EP2 EP3 EP4

H250 50,8 Cc 89,07 Ba 92,0 Aa 38,5 Dc 67,59

H251 89,1 Aa 71,75 Cb 79,7 Bb 56,7 Ba 74,31

H358 60,5 Bb 92,75 Aa 54,6 Bc 45,9 Cb 63,44

H360 85,4 Aa 90,35 Aa 61,2 Bc 55,8 Da 73,19

H884 65,3 Cb 88,94 Aa 80,1 Bb 43,5 Dbc 69,46

70,22 86,57 73,52 48,08

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para a variável massa de mil aquênios (Tabela 6), obteve-se os maiores

resultados na EP2, seguido da EP1, diferenciando significativamente das EP3 e EP4.

Silva, et al. (2009) obteve média 59,7g para massa de 1000 aquênios, a qual foi 22,85%

maior comparado com a melhor média obtida pela EP2, tal fato pode ter ocorrido em

decorrência da pouca disponibilidade hídrica ocorrida no período de enchimento de

aquênios, conforme pode ser observado na figura 1.

Quanto aos cultivares dentro de cada época, o H884 obteve os maiores

resultados nas épocas EP1 e EP4, o H358 na EP2 e o H360 na EP3. Amorim et al.

(2008) ao estudar correlações e análise de trilha em girassol em condições de safra,

obteve média para massa de mil aquênios de 34,41 g, comparado com as maiores

médias obtidas pelos cultivares acima, verifica-se que o H884 e H358 tem médias

maiores nas EP1 e EP2, evidenciaram possuir potencial para produzir aquênios mais

densos, quando as condições ambientais forem favoráveis.

Tabela 6 – Médias estimadas da massa de 1000 aquênios de cinco cultivares de girassol

em quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de girassol, safrinha 2009

Cultivar Épocas de semeadura Média

EP1 EP2 EP3 EP4

H250 32,5 Bd 39,1 Ac 23,1 Cb 22,3 Cc 29,25

H251 35,5 Bcd 48,2 Aab 25,5 Cb 23,9 Cbc 33,28

H358 41,1 Bb 49,9 Aa 24,6 Cb 27,4 Cab 35,75

H360 37,1 Bbc 48,0 Aab 33,1 Ca 27,2 Db 36,35

H884 47,2 Aa 45,1 Ab 25,8 Cb 31,4 Ba 37,38

38,68 46,06 26,42 26,44

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

43

Para a característica peso hectolitro quando compara-se as épocas de

semeadura em cada cultivar (Tabela 7), aquênios mais pesados foram obtidos nas

épocas EP1 e EP2, sendo, portanto significativamente melhores as demais épocas.

Valores semelhantes de peso hectolitro foram obtidos por Amorim et al., (2008).

Com relação aos cultivares dentro de cada época (Tabela 7), observou-se que o

cultivar H250 destacou-se negativamente, ou seja, desenvolveu aquênios

significativamente inferior em densidade comparado aos demais cultivares, em todas as

épocas, exceto na EP2, em que não houve diferenças significativas entre os cultivares

(Tabela 7).

Tabela 7 – Médias estimadas peso hectolitro de cinco cultivares de girassol em quatro

épocas de semeadura direta, sobre palhada de girassol, safrinha 2009

Cultivar Épocas de semeadura Média

EP1 EP2 EP3 EP4

H250 31,9 Ab 34,9 Ab 32,0 Aa 21,2 Bb 30,0

H251 36,8 ABa 39,6 Aa 34,9 Ba 24,5 Cab 33,9

H358 37,0 ABa 38,4 Aab 34,8 Ba 24,6 Cab 33,7

H360 39,1 Aa 41,4 Aa 32,1 Ba 26,0 Ca 34,6

H884 37,6 Aa 40,0 Aa 31,5 Ba 25,1 Ca 33,5

36,4 38,89 33,0 24,3

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para produtividade de aquênios (Tabela 8), obteve-se maiores produtividades

na época EP2, seguido da EP1, as duas diferiram significativamente das demais épocas

de semeadura. Ressalta-se que à medida que a semeadura da cultura principal foi

atrasada, houve tendência a redução na produtividade da cultura produzida como

safrinha. Esta tendência pode ser explicada, possivelmente, pela redução gradativa da

disponibilidade hídrica, o que possivelmente desfavoreceu os cultivares nas duas

ultimas épocas de semeadura (Figura 1). Produtividade de 1861 Kg.ha-1

foi obtida por

Backes, et al. (2008) também em condições de safrinha.

Quanto aos cultivares dentro de cada época de semeadura (Tabela 8), verificou-

se que o cultivar H884 obteve as maiores produtividades nas EP1, EP2, e EP4, e o

cultivar H360 na EP3.

44

Tabela 8 – Médias estimadas da produtividade de aquênios de cinco cultivares de

girassol em quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de girassol, safrinha 2009

Cultivar Épocas de semeadura Média

EP1 EP2 EP3 EP4

H250 444,8 Bc 1305,0 Ac 321,9 Cb 316,7 Cc 597,1

H251 465,6 Bc 1470,2 Aab 165,0 Dc 302,6 Cc 600,8

H358 529,6 Bc 1384,9 Abc 255,1 Dbc 381,7 Cbc 637,8

H360 721,3 Bb 1192,4 Ad 591,7 Ca 482,2 Db 746,9

H884 931,1 Ba 1571,8 Aa 356,2 Db 613,0 Ca 868,0

618,5 1384,8 337,9 419,2

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

CONCLUSÕES

Houve redução em todas as variáveis avaliadas com retardamento da

semeadura;

Maiores produtividades de aquênios foram obtidas quando o girassol foi

cultivado na segunda época de semeadura;

O cultivar H884 teve o melhor desempenho para a maioria das variáveis

analisadas.

AGRADECIMENTOS

A Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Tocantins, pela concessão

de bolsa auxilio mestrado do Programa de Ajuda a Pos-Graduação (PAPG).

45

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48

CAPITULO III

EFEITO DE EPOCAS DE SEMEADURA DIRETA NO DESEMPENHO

AGRONOMICO DE GIRASSOL SAFRINHA, EM SUCESSÃO AO MILHO, NO

CERRADO TOCANTINENSE

RESUMO

O girassol (Helianthus annuus L.) é tradicionalmente considerado como uma cultura de

grande plasticidade, apresenta características agronômicas importantes, como tolerância

à seca, ao frio e ao calor, nesse contexto a cultura torna-se favorável as safrinhas,

juntamente com o uso da semeadura direta na conservação do solo, além de ser ótima

opção de grãos para produção de óleo, valor de mercado mais alto comparado ao óleo

de soja para alimentação humana, diminui ociosidade das indústrias beneficiadoras,

otimiza o uso da terra, máquinas e mão-de-obra, favorece o setor sócio-econômico com

empregos e circulação de capital na região produtora. Com isso, o objetivo deste

trabalho foi avaliar o desempenho de cultivares de girassol em quatro épocas de

semeadura direta sobre palhada de milho na safrinha 2009, no Sul do Estado do

Tocantins. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, com 20

tratamentos e três repetições. Os tratamentos foram dispostos num esquema fatorial 4 x

5, quatro épocas: EP1 (15/03/2009), EP2 (28/03/2009), EP3 (09/04/2009) e EP4

(01/05/2009) com cinco cultivares: H250, H251, H358, H360, e H884, sobre palhada de

Milho. Verificou-se interação significativa das épocas com os cultivares para todas as

características avaliadas, exceto para florescimento. Houve redução em todas as

variáveis avaliadas com retardamento da semeadura, exceto para peso hectolitro.

Maiores produtividades de aquênios foram obtidas nas EP1 e EP3. O cultivar H884 teve

o melhor desempenho para a maioria das variáveis analisadas.

Palavras chave: Helianthus annuus L, cultivares, produtividade, palhada.

49

EFFECT OF TIMES OF DIRECT SOWING ON SUNFLOWER SAFRINHA

AGRONOMIC PERFORMANCE, IN SUCCESSION THE MAIZE, IN THE

CERRADO TOCANTINENSE

ABSTRACT

The sunflower (Helianthus annuus L.) is traditionally considered as a culture of great

plasticity. It presents important agronomic characteristics, like tolerance to drought, to

cold and heat. In that context the culture becomes favorable to the safrinha, together

with the use of the direct sowing in the conservation of the soil, besides being great

option of grains for oil production, higher market value compared to the soybean oil for

human feeding. It reduces idleness of the treatment industries, optimizes the use of the

earth, machines and labour, favors the socioeconomic section with jobs and capital

circulation in the producing region. With this, the objective of this study was to evaluate

the performance of sunflower cultivars in four times of sowing direct on sunflower

straw in safrinha 2009, in the South part of the State of Tocantins. The experimental

design was randomized blocks with 20 treatments and three repetitions. Treatments

were arranged in a 4 x 5 factorial, four times: EP1 (03/15/2009), EP2 (28/3/2009), EP3

(04/09/2009) and EP4 (01/05/2009) with five cultivars, H250, H251, H358, H360 and

H884, on straw maize. Significant interaction of the times with the cultivars for all the

evaluated characteristics was observed, except for flowering. There was reduction in all

the evaluated characteristics with retardation of the sowing, except for hectolitre weight.

highest productivity was obtained in the EP1 and EP3. The cultivar H884 had the best

performance for most of the analyzed variables.

Keywords: Helianthus annuus L, cultivars, productivity and straw.

50

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) apresenta características agronômicas

importantes, como maior tolerância à seca, ao frio e ao calor, quando comparado com a

maioria das espécies cultivadas no Brasil, suas sementes podem ser utilizadas para a

fabricação de ração animal e para a extração de óleo de alta qualidade para consumo

humano ou como matéria-prima para a produção de biodiesel (LEITE et al., 2005). Seu

óleo possui características culinárias e nutricionais valiosas, sendo uma excelente fonte

de ácido linoléico (CASTIGLIONI e OLIVEIRA, 2005). Serve como alimento

funcional tanto para humanos, quanto ruminantes, suínos e aves, além disso, pode ser

utilizado para silagem como opção forrageira. Atualmente, está despertando grande

interesse a nível mundial, pois representa uma alternativa de mercado para a produção

de matéria-prima para obtenção de bicombustíveis (VILLALBA, 2008).

No mundo, o girassol destaca-se como a quinta oleaginosa em produção de

grãos, quarta em produção de farelo e terceira em produção de óleo. Os maiores

produtores são: Rússia, Ucrânia, União Européia e Argentina (LAZZAROTTO et al.,

2005). Essa cultura responde por cerca de 13% de todo óleo vegetal produzido no

mundo e vem apresentando índices crescentes de produção e área plantada a nível

mundial (SMIDERLE et al., 2005).

No Brasil, o girassol apresenta-se como cultura promissora, devido sua ampla

adaptação e excelente qualidade do óleo. Além de estar inserido no programa nacional

de produção e uso de biodiesel (UNGARO, 2006). A cultura ocupa área de cultivo

restrita, sendo que dos 75.000 hectares cultivados na safra 2008/2009 aproximadamente

71.500 hectares cultivados no Centro Sul e apenas 3.500 hectares cultivados nas regiões

Norte/Nordeste (CONAB, 2010).

Sabe-se que na cultura do girassol ocorre interação entre genótipos e

ambientes, havendo variação do comportamento de cultivares em função da região e

época de plantio (PORTO et al., 2007), estes fatores podem ser responsáveis pelo

insucesso da cultura, pois a carência de informações disponíveis sobre cultivares

adaptados e épocas de semeadura apropriadas para as diferentes regiões do país, faz

com que os produtores busquem outras alternativas. Mas a partir de 2005 a cultura tem

despertado o interesse de agricultores, técnicos e empresas devido à possibilidade de

utilizar o óleo derivado desta na fabricação de biodiesel, esta demanda crescente

51

possibilita forte expansão na área de cultivo de girassol, sendo a cultura apontada como

uma nova alternativa econômica em sistemas de rotação/sucessão de culturas de grãos

(BACKES et al., 2008).

No Sudeste, o cultivo do girassol em sucessão a grandes culturas, tem-se

mostrado boa alternativa para o agricultor, permitindo o aproveitamento de áreas

irrigadas ou não, na entressafra, e de reforma de canavial, na safra, ou mesmo áreas

tradicionais (GOMES et al., 2004). A safrinha de girassol vem como ótima opção de

grãos para produção de óleo, tendo como atrativo um valor de mercado mais alto

quando comparado ao óleo de soja para alimentação humana, alem de diminuir

ociosidade das indústrias beneficiadoras, otimizar a utilização da terra, máquinas e mão-

de-obra, favorecendo o setor sócio econômico com aumento do numero de empregos, e

circulação de capital na região produtora.

Outro fator importante para as safrinhas é a utilização da semeadura direta, que

tem como fundamentos a ausência de preparo do solo e permanência de cobertura

através da rotação e sucessão de culturas, com isso aumenta o teor de matéria orgânica e

qualidade do solo, melhora a conservação de água no solo, eleva a disponibilidade e

prolongamento de água durante o ciclo da cultura, diminuindo os efeitos prejudiciais da

estiagem no cultivo de safrinhas, fatores importantíssimo para o cerrado tocantinense.

Apesar de não apresentar zoneamento agroclimático para a cultura do girassol,

o Estado do Tocantins por apresentar localização estratégica, facilidade de escoamento,

disponibilidade hídrica e de terras agricultáveis será um dos futuros celeiros agrícola do

Brasil, entretanto, não existe para o Estado, informações sobre cultivares adaptados e

épocas de semeadura apropriadas para a região e suas problemáticas da interação

genótipo x ambiente, principalmente em condições de safrinha.

Há poucas informações disponíveis sobre cultivares adaptadas e épocas de

semeadura apropriadas para as diferentes regiões (COSTA et al., 2000), sabe-se que o

rendimento obtido pelo girassol depende da cultivar assim como das condições

ambientais a que for submetida (ABREU et al., 2001), pensado nesta carência de

informações para o norte do país, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o

desempenho de cultivares de girassol em quatro épocas com semeadura direta sobres

palhada de milho na safrinha 2009, no Sul do Estado do Tocantins.

52

MATERIAL E METODOS

O experimento foi conduzido no ano agrícola 2008/2009, na Universidade

Federal do Tocantins, Campus Universitário de Gurupi, Estado do Tocantins, localizada

a 11° 43’ de latitude Sul e 49° 04’de longitude Oeste e altitude de 280 m, a temperatura

média anual varia de 22 ºC a 32 ºC, com umidade relativa média do ar em torno de 76%

e precipitação anual média de 1.400 mm, e solo do tipo Latossolo Vermelho Amarelo

Distrófico (EMBRAPA, 1999).

As análises químicas e físicas do solo foram realizadas no laboratório de solos

do Departamento de Solos da Universidade Federal do Tocantins e apresentaram as

seguintes características: pH-H2O = 5,4; Al +H = 5.2 cmolc dm-3

; Ca2+

+ Mg2+

= 2,5

cmolc dm-3

; K+ = 18.6 ppm; P = 10.2 ppm; SB = 2,5 cmolc dm

-3; CTC(T) = 7.2 cmolc

dm-3

; matéria orgânica: 1,5 %; areia = 60,2 %; silte = 5,2 %; argila = 34.6 %.

O clima, Segundo o método de Thornthwaite, é do tipo Aw, (clima úmido com

moderada deficiência hídrica) (SEPLAN, 2003). Durante o ciclo da cultura os dados

climáticos foram coletados da Estação Meteorológica do Campus Universitário de

Gurupi - TO, com distância aproximada de 90 m da área experimental, Figura 1.

O experimento foi implantado sob sistema de semeadura direta. A calagem foi

de 1000 kg ha-1

de calcário dolomítico com PRNT de 95%, para a cultura principal. A

adubação de base aplicada no sulco de semeadura foi de 400 kg ha-1

da formulação 5-

25-15 (NPK). Aos 30 dias após emergência (DAE), foi realizada a adubação de

cobertura na dose de 60 kg ha-1

de N, o Boro foi aplicado via foliar aos 40 e 50 (DAE),

na dosagem de 0,5 Kg + 0,5 Kg.ha-1

(CASTRO e OLIVIERA, 2005).

A cobertura morta foi produzida após passagem do implemento agrícola rolo

triturador (Triton), rebaixando os restos culturais da cultura de milho, que é considerado

de boa qualidade pela proteção e cobertura do solo, reduzindo a perda de água por

evaporação. A fragmentação dos restos culturais antecipa a disponibilização dos

nutrientes reciclados para a próxima cultura, logo após fez-se o plantio com sistema de

semeadura direta e aplicou como dessecante na área o herbicida Gliphosate na dosagem

de 2 L ha-1

(OLIVEIRA et al. 2005).

O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados em esquema

fatorial 4x5 (quatro épocas de semeadura x cinco cultivares de girassol), totalizando 20

tratamentos, com três repetições. Cada parcela foi constituída por 4 linhas de 5,0 m de

53

comprimento, e espaçadas de 0,80 m entre linhas, total de 16 m². Somente as duas

linhas centrais foram consideradas como parcelas úteis para as avaliações.

As quatro épocas de semeadura foram: EP1 (15/03/2009), EP2 (28/03/2009),

EP3 (09/04/2009) e EP4 (01/05/2009) e cinco cultivares de girassol: Hélio 250 (H 250),

Hélio 251(H 251), Hélio 358 (H 358), Hélio 360 (H 360) e Hélio 884 (H 884).

O desbaste foi realizado aos 15 DAE, deixou-se 5 plantas por metro linear. A

área foi mantida livre de invasoras durante todo o período crítico da cultura, por meio de

capinas manuais. Para o controle da mancha de alternaria (Alternaria helianthi (Hansf.)

Tubaki & Nishihara) foi utilizado o fungicida Difenoconazol na dosagem de 0,6 L ha-1

.

Os dados meteorológicos de temperatura, umidade relativa do ar e precipitação

pluvial durante a execução do experimento encontram-se na Figura 1.

Figura 1 – Valores médios diários de temperaturas (ºC) e umidade relativa do ar (%) e

total diário de precipitação pluvial (mm) ocorridas durante o período de 15 de março a

31 de julho de 2009, Gurupi, TO.

As características avaliadas foram: florescimento (FLOR, em DAE): anotado

quando 50% das plantas da parcela útil encontravam-se no estádio fenológico R4

(CONNOR e HALL, 1997); Altura da planta (AP, em cm): medida da base solo até a

inserção do capítulo, em cinco plantas competitivas da parcela útil; Diâmetro do

54

capítulo (DC, em cm): média de cinco capítulos de cada parcela útil; Aquênios normais

(AN, em %): obtida a partir da contagem do número de aquênios normais e chochos de

cinco capítulos de cada parcela útil; Massa de mil aquênios (P1000, em g): obtido pela

contagem direta de 1000 aquênios, pesado posteriormente em balança de precisão, Peso

Hectolitro (PH, em Kg.100L-1

): quantificação da massa em volume conhecido com

posterior extrapolação para 100 litros, e Produtividade de Aquênios (PROD, em kg. ha-

1

): massa de aquênios considerando-se todas as plantas da parcela útil (duas linha

centrais), corrigida a 11% de umidade.

Os dados experimentais foram submetidos à análise individual e conjunta de

variância, com aplicação do teste F (Tabela 1). A analise conjunta foi realizada sob

condições de homogenidade das variâncias residuais. Para as comparações entre médias

de tratamentos, foi utilizado o teste de Tukey (P ≤ 0,05), em todos foi utilizado o

aplicativo computacional em genética e estatística - GENES (CRUZ, 2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se interação significativa a 1 e 5% pelo teste F para todas as

características avaliadas, exceto para a característica número de dias para o

florescimento (Tabela 1). Tal interação significativa indica que os ambientes

influenciam de forma diferenciada o comportamento dos cultivares, desta forma,

realizou-se o desdobramento. Para a característica florescimento foi realizado o estudo

dos fatores isoladamente.

Tabela 1 – Resumo da Análise de Variância conjunta, das características FLOR – florescimento; AP –

altura de plantas; DC - diâmetro de capítulo; AN – aquênios normais (%); P1000 – massa de mil

aquênios; PH – peso hectolitro e PROD – produtividade de aquênios, de cinco cultivares de girassol em

quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de milho, safrinha 2009

Girassol cultivado sobre palhada de milho

F.V. G.L Quadrado Médio

FLOR AP DC NA P1000 PH PROD

Bloco/Amb 8 1,900 72,781 0,195 28,046 2,680 1,930 4012,462

Cultivar (C) 4 32,391** 1532,034*

*

0,823ns 630,043ns 121,316ns 11,678ns 338960,470ns

Época (E) 3 40,327** 8268,059*

*

27,318*

*

998,641** 396,462** 189,719*

*

1035505,182*

* C x E 12 1,647ns 189,314** 3,325** 372,240** 60,177** 17,713** 312339,756**

Resíduo 32 0,920 43,695 0,281 31,802 4,394 4,886 4125,305

Média 50,48 98,98 10,13 73,30 33,69 34,13 814,35

C.V. 1,90 6,67 5,23 7,69 6,22 6,47 7,88

*,** - Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. ns

– Não significativo

55

Os Coeficientes de variação (Tabela 1) variou de 1,9% a 7,88%, indicando

bom controle das causas de variação de ordem sistemática nos ambientes experimentais,

para caracteres quantitativos, que são influenciados pelo ambiente.

Para a característica número de dias para o florescimento (Tabela 2), verificou-

se maior número de dias para o florescimento dos cultivares nas EP2 e EP4, sendo mais

tardias que as EP1 e EP3. Backes et al. (2008) ao avaliar genótipos de girassol em

diferentes épocas de semeadura obteve florescimento médio de 64,6 dias. De acordo

com Castro e Farias (2005) temperaturas baixas, baixa luminosidade e alta umidade

prolongam o ciclo da cultura, atrasando a floração e a maturação fisiológica. Nas

condições ambientais em que foram conduzidos os experimentos, temperatura, umidade

relativa e luminosidade favoreceram a diminuição do ciclo da cultura, visto que houve

redução média de aproximadamente 15 dias no florescimento, quando comparados com

os resultados divulgados por Backes et al. (2008).

Quanto aos cultivares dentro das épocas (Tabela 2), observou-se maior número

de dias para o florescimento no cultivar H884. Valores semelhantes aos obtidos neste

trabalho foram verificados por Silva et al., (2007) que obtiveram florescimento aos 52

DAE.

Tabela 2 – Médias estimadas do numero de dias para o florescimento de cinco cultivares

de girassol em quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de milho, safrinha

2009

Cultivar Épocas de semeadura Média EP1 EP2 EP3 EP4

H250 47,0 52,0 48,3 50,0 49,3 b

H251 48,0 50,6 49,0 51,3 49,7 b

H358 48,0 52,3 49,0 52,3 50,4 b

H360 47,6 50,6 48,0 51,3 49,5 b

H884 52,6 54,3 52,6 53,6 53,3 a

48,6 B 52,0 A 49,5 B 51,7 A

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Comparando as épocas de semeadura em cada cultivar, para a característica

altura de plantas (Tabela 3), observou-se na época EP1 os maiores valores, entretanto,

sem diferir significativamente dos valores obtidos na época EP3 para os cultivares

H250, H251 e H360.

56

Quanto aos cultivares dentro de cada época (Tabela 3), verificou-se maior

altura no cultivar H884, em todas as épocas de semeadura. Entretanto, não diferiu

significativamente dos cultivares H251 e H360 nas EP2 e EP3 e dos cultivares H250, e

H251 na EP4, a partir destes resultados observa-se que nas condições de cerrado, o

cultivar H884 que teve o comportamento mais tardio entre os cultivares avaliados

(Tabela 2) também foi o que teve as maiores altura de planta (Tabela 3).

Silva et al. (2009) estudando redução de espaçamento na entre linha em

híbridos de girassol em Rio Verde - GO obteve altura média de 92,6 cm, comparado

com os valores obtidos (Tabela 03), verifica-se que nas épocas EP1 e EP3 todos os

cultivares estão acima da média obtida pelo autor citado acima, na EP2 três dos cinco

cultivares estão acima e na EP4 todos as alturas médias estão abaixo, estes menores

valores da EP4 podem ser explicados pelo maior numero de veranicos e intensidade da

estiagem ocorrido durante o ciclo desta época (Figura 1).

Tabela 3 – Médias estimadas da altura de plantas de cinco cultivares de cinco cultivares

de girassol em quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de milho, safrinha

2009

Cultivar Épocas de semeadura Média EP1 EP2 EP3 EP4

H250 106,9 Ac 81,8 BCb 96,0 ABb 70,2 Cab 88,75

H251 124,0 Ab 105,4 Ba 120,8 Aa 66,9 Cab 104,28

H358 113,7 Abc 83,8 Bb 95,1 Bb 64,2 Cb 89,21

H360 116,4 Abc 100,6 Ba 114,2 Aab 56,8 Cb 97,01

H884 151,0 Aa 108,5 Ba 122,8 Ba 80,3 Ca 115,67

122,42 96,04 109,78 67,7

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para a característica diâmetro de capítulo (Tabela 4), obteve-se os maiores

resultados nas épocas EP2 e EP3, exceto para o cultivar H884, que desenvolveu maiores

capítulos quando cultivado na EP1. Também observou-se que os menores diâmetros de

capitulo para esta característica, foram obtidos na EP4.

Comparando os cultivares dentro de cada época de semeadura, observou-se que

o cultivar H884 foi significativamente melhor aos demais cultivares quando cultivado

na EP1, os cultivares H360 e H251 mostraram-se superiores na EP2, não ocorreu

diferenças significativas entre os cultivares na EP3. Os cultivares H250 e H358

57

obtiveram os maiores resultados na EP4. Tomich et al. (2003) obteve em condições de

safrinha, capítulos com 17,3 cm de diâmetro, superiores aos valores obtidos neste

trabalho. Tal fato pode ter ocorrido em função da ocorrência de alternaria helianthi

anterior e durante a fase de desenvolvimento do capítulo.

Tabela 4 – Médias estimadas do diâmetro do capítulo de cinco cultivares de girassol em

quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de milho, safrinha 2009

Cultivar Épocas de Semeadura Média EP1 EP2 EP3 EP4

H250 9.93 Bb 11.33 Aab 10.56 Aba 9.93 Ba 10.44

H251 9.93 Bb 11.66 Aa 10.90 Aba 8.06 Cbc 10.14

H358 10.00 Ab 10.23 Ab 10.26 Aa 8.73 Bab 9.80

H360 10.13 Bb 11.73 Aa 11.26 Aba 6.66 Cd 9.95

H884 12.56 Aa 10.40 Bb 11.06 Ba 7.30 Ccd 10,33

10,51 11,07 10,81 8,14

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para a característica porcentagem de aquênios normais (Tabela 5), foram

obtidos os melhores resultados na época EP3, sem, contudo diferir da época EP4 para os

cultivares H250, H358 e H884 e da EP1 para os cultivares H251 e H884. Segundo

Amorim et al., (2008) para condições de safrinha a porcentagem de aquênios normais é

próxima de 75%. Neste trabalho, como pode ser observado (Tabela 5) a porcentagem de

aquênios normal oscilou em torno deste valor.

Quanto aos cultivares dentro de cada época (Tabela 5), o cultivar H358 obteve

maiores médias nas épocas EP2 e EP4 e o H884 na EP1, sendo significativamente

superior. Verificou-se heterogeneidade entre os resultados obtidos pelos cultivares e

épocas de semeadura, evidenciando que os cultivares testados não apresentam

previsibilidade de comportamento para as condições ambientais impostas.

58

Tabela 5 – Médias estimadas da porcentagem de aquênios normais de cinco cultivares

de girassol em quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de milho, safrinha

2009

Cultivar Épocas de semeadura Média EP1 EP2 EP3 EP4

H250 62,99 Bc 64,85 Bb 88,27 Aa 81,14 Ab 74,31

H251 71,01 Abc 52,30 Bc 70,48 Ab 59,60 Bc 63,35

H358 75,22 Bb 83,14 Aba 83,98 Aba 92,57 Aa 83,73

H360 64,32 Bc 67,19 Bb 83,98 Aa 73,82 Bb 72,33

H884 86,38 Aa 45,51 Bc 81,69 Aa 77,56 Ab 72,79

71,98 62,60 81,68 76,94

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para a variável massa de mil aquênios (Tabela 6), os maiores valores foram

obtidos na época EP3, exceto para os cultivares H360 e H884 que obtiveram os maiores

valores também na EP2, Tal fato pode ter ocorrido, provavelmente, pelo melhor

controle do fungo alternaria helianthi devido às condições climáticas favoráveis ao

longo do desenvolvimento das plantas (Figura 1). Associado a esse fato, pode-se citar

também, que a palhada de milho por possuir larga relação C/N permanece no solo por

mais tempo e com isso conserva e disponibiliza maiores quantidades de água para a

cultura.

Quanto aos cultivares dentro de cada época (Tabela 6), o cultivar H884 obteve

as maiores médias nas épocas EP1, EP2 e EP4, na EP4 não houve diferenças

significativas entre os cultivares. Silva, et al. (2009) obteve media de 59,7g para massa

de 1000 aquênios sendo 27% superior a maior média obtida pelo cultivar H358 na

época EP3.

Tabela 6 – Médias estimadas da massa de 1000 aquênios de cinco cultivares de girassol

em quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de milho, safrinha 2009

Cultivar Épocas de semeadura Média

EP1 EP2 EP3 EP4

H250 28,41 Bb 27,37 Bd 39,34 Abc 29,46 Ba 31,14

H251 28,19 Bb 32,54 Bc 38,13 Abc 30,03 Ba 32,22

H358 27,95 Bb 26,40 Bd 46,93 Aa 28,98 Ba 32,56

H360 28,43 Bb 38,08 Ab 36,68 Ac 30,16 Ba 33,34

H884 36,89 Ba 46,34 Aa 42,93 Aab 30,66 Ca 39,20

29,97 34,15 40,80 29,86

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

59

Para peso hectolitro (Tabela 7), os maiores pesos foram obtidos quando o

cultivo ocorreu na EP4, exceto para o cultivar H884, que desenvolveu aquênios com

peso semelhantes entre as épocas EP2, EP3 e EP4. Tal tendência pode ser explicada,

possivelmente pela ocorrência de déficit hídrico (Figura 1) mais intenso nesta época de

semeadura. Com isso, as plantas priorizaram menor diâmetro de capitulo (Tabela 4),

aquênios de menor volume, mas de maior densidade. Valores semelhantes de peso

hectolitro foram obtidos por Amorim et al., (2008).

Com relação aos cultivares dentro de cada época (Tabela 7), observou-se que o

cultivar H358 obteve os maiores resultados nas épocas EP1, EP3 e EP4, na EP1 não

houve diferença significativa entre os cultivares.

Tabela 7 – Médias estimadas peso hectolitro de cinco cultivares de girassol em quatro

épocas de semeadura direta, sobre palhada de milho, safrinha 2009

Cultivar Épocas de semeadura Média

EP1 EP2 EP3 EP4

H250 31,95 Ba 31,51 Bab 34,72 ABabc 38,61 Aab 34,20

H251 30,20 Ba 29,60 Bb 32,18 Bc 40,02 Aab 33,00

H358 32,76 Ba 28,79 Bb 38,34 Aa 41,61 Aa 35,37

H360 30,52 Ba 32,46 Bab 32,48 Bbc 37,85 Aab 33,32

H884 30,13 Ba 35,59 Aa 37,67 Aab 35,74 Ab 34,78

31,11 31,59 35,08 38,76

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Comparando as épocas de semeadura em cada cultivar para produtividade de

aquênios (Tabela 8), observou-se certa heterogeneidade no desempenho dos cultivares

nas épocas analisadas, em que, os cultivares H251 e H358 obtiveram as maiores médias.

Na época EP2 o cultivar H360 destacou-se e na época EP3 os destaques foram para os

cultivares H250, H251 e H884. Nas épocas EP1 e EP2 as plantas foram mais afetadas

pela doença mancha de alternaria causada pelo fungo alternaria helianthi, enquanto que

na época EP3 o impacto da doença foi minimizado em virtude da freqüência de

aplicações de fungicidas, o que, possivelmente, reduziu a intensidade da infestação da

doença. Já na época EP4 os piores resultados obtidos podem ter ocorridos,

provavelmente, em virtude da pouca disponibilidade hídrica acentuada no final da

condução dos ensaios (Figura 1). Produtividade de 1861 Kg.ha-1

foi obtida por Backes,

et al. (2008) também em condições de safrinha.

60

Quanto aos cultivares dentro de cada época de semeadura (Tabela 8), verificou-

se que os cultivares H251, H358 e H884 foram significativamente superiores, na época

EP1. Na época EP2 o destaque foi para o cultivar H360, na época EP3 o cultivar H884

foi superior aos demais. No verificou-se tendência de superioridade entre os cultivares

nas épocas analisadas, o que evidencia heterogeneidade entre os cultivares. Entretanto,

quando as condições ambientais foram favoráveis (EP1 e EP3), o cultivar H884 foi

significativamente superior, indicando, possivelmente, que esse cultivar apresenta

responsividade ao estímulo ambiental.

Tabela 8 – Médias estimadas da produtividade de aquênios de cinco cultivares de

girassol em quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de milho, safrinha 2009

Cultivar Épocas de semeadura Média

EP1 EP2 EP3 EP4

H250 483,0 Cc 512,8BCc 858,2 Ac 637,2 Bb 622,82

H251 1059,7 Aa 907,9 Bb 1157,8 Ab 796,4 Ba 980,50

H358 1072,3 Aa 367,8 Cc 680,2 Bd 494,6 Cb 653,76

H360 666,7 Bb 1316,3 Aa 1208,7 Ab 225,6 Cc 854,37

H884 1172,3 Ba 762,0 Cb 1654,8 Aa 251,9 Dc 960,32

890,83 773,42 1111,98 481,19

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

CONCLUSÕES

Houve redução em todas as variáveis avaliadas com retardamento da

semeadura, exceto para peso hectolitro;

Maiores produtividades de aquênios foram obtidas nas EP1 e EP3;

O cultivar H884 teve o melhor desempenho para altura de plantas, massa de

1000 aquênios, peso hectolitro e produtividade de aquênios, em condições ambientais

favoráveis (EP1 e EP3).

AGRADECIMENTOS

A Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Tocantins, pela concessão

de bolsa auxilio mestrado do Programa de Ajuda a Pos-Graduação (PAPG).

61

REFERENCIAS

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64

CAPITULO IV

EFEITO DE EPOCAS DE SEMEADURA DIRETA NO DESEMPENHO

AGRONOMICO DE GIRASSOL SAFRINHA, EM SUCESSÃO A SOJA, NO

CERRADO TOCANTINENSE

RESUMO

O girassol (Helianthus annuus L.) é tradicionalmente considerado como uma cultura de

grande plasticidade, apresenta características agronômicas importantes, como tolerância

à seca, ao frio e ao calor, nesse contexto a cultura torna-se favorável as safrinhas,

juntamente com o uso da semeadura direta na conservação do solo, além de ser ótima

opção de grãos para produção de óleo, valor de mercado mais alto comparado ao óleo

de soja para alimentação humana, diminui ociosidade das indústrias beneficiadoras,

otimiza o uso da terra, máquinas e mão-de-obra, favorece o setor sócio-econômico com

empregos e circulação de capital na região produtora. Com isso, o objetivo deste

trabalho foi avaliar o desempenho de cultivares de girassol em quatro épocas de

semeadura direta sobre palhada de soja na safrinha 2009, no Sul do Estado do

Tocantins. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, com 20

tratamentos e três repetições. Os tratamentos foram dispostos num esquema fatorial 4 x

5, quatro épocas: EP1 (15/03/2009), EP2 (28/03/2009), EP3 (09/04/2009) e EP4

(01/05/2009) com cinco cultivares: H250, H251, H358, H360, e H884, sobre palhada de

soja. Verificou-se interação significativa das épocas com os cultivares para todas as

características avaliadas. Houve redução em todas as variáveis avaliadas com

retardamento da semeadura, exceto para peso hectolitro. Maiores produtividades de

aquênios foram obtidas na EP1. O cultivar H884 teve o melhor desempenho para a

maioria das variáveis analisadas.

Palavras chave: Helianthus annuus L, cultivares, produtividade, palhada.

65

EFFECT OF TIMES OF DIRECT SOWING ON SUNFLOWER SAFRINHA

AGRONOMIC PERFORMANCE, IN SUCCESSION THE SOYBEAN, IN THE

CERRADO TOCANTINENSE

ABSTRACT

The sunflower (Helianthus annuus L.) is traditionally considered as a culture of great

plasticity. It presents important agronomic characteristics, like tolerance to drought, to

cold and heat. In that context the culture becomes favorable to the safrinha, together

with the use of the direct sowing in the conservation of the soil, besides being great

option of grains for oil production, higher market value compared to the soybean oil for

human feeding. It reduces idleness of the treatment industries, optimizes the use of the

earth, machines and labour, favors the socioeconomic section with jobs and capital

circulation in the producing region. With this, the objective of this study was to evaluate

the performance of sunflower cultivars in four times of sowing direct on sunflower

straw in safrinha 2009, in the South part of the State of Tocantins. The experimental

design was randomized blocks with 20 treatments and three repetitions. Treatments

were arranged in a 4 x 5 factorial, four times: EP1 (03/15/2009), EP2 (28/3/2009), EP3

(04/09/2009) and EP4 (01/05/2009) with five cultivars, H250, H251, H358, H360 and

H884, on straw Soybean. Significant interaction of the times with the cultivars for all

the evaluated characteristics was observed. There was reduction in all the evaluated

characteristics with retardation of the sowing, except for hectolitre weight. Highest

productivity was obtained in the EP1. The cultivar H884 had the best performance for

most of the analyzed variables.

Keywords: Helianthus annuus L, cultivars, productivity and straw.

66

INTRODUÇÃO

O girassol (Helianthus annuus L.) apresenta características agronômicas

importantes, como maior tolerância à seca, ao frio e ao calor, quando comparado com a

maioria das espécies cultivadas no Brasil, suas sementes podem ser utilizadas para a

fabricação de ração animal e para a extração de óleo de alta qualidade para consumo

humano ou como matéria-prima para a produção de biodiesel (LEITE et al., 2005). Seu

óleo possui características culinárias e nutricionais valiosas, sendo uma excelente fonte

de ácido linoléico (CASTIGLIONI e OLIVEIRA, 2005). Serve como alimento

funcional tanto para humanos, quanto ruminantes, suínos e aves, além disso, pode ser

utilizado para silagem como opção forrageira. Atualmente, está despertando grande

interesse a nível mundial, pois representa uma alternativa de mercado para a produção

de matéria-prima para obtenção de bicombustíveis (VILLALBA, 2008).

No mundo, o girassol destaca-se como a quinta oleaginosa em produção de

grãos, quarta em produção de farelo e terceira em produção de óleo. Os maiores

produtores são: Rússia, Ucrânia, União Européia e Argentina (LAZZAROTTO et al.,

2005). Essa cultura responde por cerca de 13% de todo óleo vegetal produzido no

mundo e vem apresentando índices crescentes de produção e área plantada a nível

mundial (SMIDERLE et al., 2005).

No Brasil, o girassol apresenta-se como cultura promissora, devido sua ampla

adaptação e excelente qualidade do óleo. Além de estar inserido no programa nacional

de produção e uso de biodiesel (UNGARO, 2006). A cultura ocupa área de cultivo

restrita, sendo que dos 75.000 hectares cultivados na safra 2008/2009 aproximadamente

71.500 hectares cultivados no Centro Sul e apenas 3.500 hectares cultivados nas regiões

Norte/Nordeste (CONAB, 2010).

Sabe-se que na cultura do girassol ocorre interação entre genótipos e

ambientes, havendo variação do comportamento de cultivares em função da região e

época de plantio (PORTO et al., 2007), estes fatores podem ser responsáveis pelo

insucesso da cultura, pois a carência de informações disponíveis sobre cultivares

adaptados e épocas de semeadura apropriadas para as diferentes regiões do país, faz

com que os produtores busquem outras alternativas. Mas a partir de 2005 a cultura tem

despertado o interesse de agricultores, técnicos e empresas devido à possibilidade de

utilizar o óleo derivado desta na fabricação de biodiesel, esta demanda crescente

67

possibilita forte expansão na área de cultivo de girassol, sendo a cultura apontada como

uma nova alternativa econômica em sistemas de rotação/sucessão de culturas de grãos

(BACKES et al., 2008).

No Sudeste, o cultivo do girassol em sucessão a grandes culturas, tem-se

mostrado boa alternativa para o agricultor, permitindo o aproveitamento de áreas

irrigadas ou não, na entressafra, e de reforma de canavial, na safra, ou mesmo áreas

tradicionais (GOMES et al., 2004). A safrinha de girassol vem como ótima opção de

grãos para produção de óleo, tendo como atrativo um valor de mercado mais alto

quando comparado ao óleo de soja para alimentação humana, alem de diminuir

ociosidade das indústrias beneficiadoras, otimizar a utilização da terra, máquinas e mão-

de-obra, favorecendo o setor sócio econômico com aumento do numero de empregos, e

circulação de capital na região produtora.

Outro fator importante para as safrinhas é a utilização da semeadura direta, que

tem como fundamentos a ausência de preparo do solo e permanência de cobertura

através da rotação e sucessão de culturas, com isso aumenta o teor de matéria orgânica e

qualidade do solo, melhora a conservação de água no solo, eleva a disponibilidade e

prolongamento de água durante o ciclo da cultura, diminuindo os efeitos prejudiciais da

estiagem no cultivo de safrinhas, fatores importantíssimo para o cerrado tocantinense.

Apesar de não apresentar zoneamento agroclimático para a cultura do girassol,

o Estado do Tocantins por apresentar localização estratégica, facilidade de escoamento,

disponibilidade hídrica e de terras agricultáveis será um dos futuros celeiros agrícola do

Brasil, entretanto, não existe para o Estado, informações sobre cultivares adaptados e

épocas de semeadura apropriadas para a região e suas problemáticas da interação

genótipo x ambiente, principalmente em condições de safrinha.

Há poucas informações disponíveis sobre cultivares adaptadas e épocas de

semeadura apropriadas para as diferentes regiões (COSTA et al., 2000), sabe-se que o

rendimento obtido pelo girassol depende da cultivar assim como das condições

ambientais a que for submetida (ABREU et al., 2001), pensado nesta carência de

informações para o norte do país, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o

desempenho de cultivares de girassol em quatro épocas com semeadura direta sobre

palhada de soja na safrinha 2009, no Sul do Estado do Tocantins.

68

MATERIAL E METODOS

O experimento foi conduzido no ano agrícola 2008/2009, na Universidade

Federal do Tocantins, Campus Universitário de Gurupi, Estado do Tocantins, localizada

a 11° 43’ de latitude Sul e 49° 04’de longitude Oeste e altitude de 280 m, a temperatura

média anual varia de 22 ºC a 32 ºC, com umidade relativa média do ar em torno de 76%

e precipitação anual média de 1.400 mm, e solo do tipo Latossolo Vermelho Amarelo

Distrófico (EMBRAPA, 1999).

As análises químicas e físicas do solo foram realizadas no laboratório de solos

do Departamento de Solos da Universidade Federal do Tocantins e apresentaram as

seguintes características: pH-H2O = 5,4; Al +H = 5.2 cmolc dm-3

; Ca2+

+ Mg2+

= 2,5

cmolc dm-3

; K+ = 18.6 ppm; P = 10.2 ppm; SB = 2,5 cmolc dm

-3; CTC(T) = 7.2 cmolc

dm-3

; matéria orgânica: 1,5 %; areia = 60,2 %; silte = 5,2 %; argila = 34.6 %.

O clima, Segundo o método de Thornthwaite, é do tipo Aw, (clima úmido com

moderada deficiência hídrica) (SEPLAN, 2003). Durante o ciclo da cultura os dados

climáticos foram coletados da Estação Meteorológica do Campus Universitário de

Gurupi - TO, com distância aproximada de 90 m da área experimental, Figura 1.

O experimento foi implantado sob sistema de semeadura direta. A calagem foi

de 1000 kg ha-1

de calcário dolomítico com PRNT de 95%, para a cultura principal. A

adubação de base aplicada no sulco de semeadura foi de 400 kg ha-1

da formulação 5-

25-15 (NPK). Aos 30 dias após emergência (DAE), foi realizada a adubação de

cobertura na dose de 60 kg ha-1

de N, o Boro foi aplicado via foliar aos 40 e 50 (DAE),

na dosagem de 0,5 Kg + 0,5 Kg.ha-1

(CASTRO e OLIVIERA, 2005).

A cobertura morta foi produzida após passagem do implemento agrícola

Triton, o qual triturou os restos da cultura principal de soja, que é considerado de boa

qualidade por ser leguminosa, com isso deixa nitrogênio fixado que é retornado ao solo

e também pela adubação residual aplicada na soja, reduzindo os custos das safrinhas. A

fragmentação dos restos culturais antecipa a disponibilização dos nutrientes reciclados

para a próxima cultura, logo após fez-se o plantio com sistema de semeadura direta e

aplicou como dessecante na área o herbicida Gliphosate na dosagem de 2 L ha-1

(OLIVEIRA et al. 2005).

O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados em esquema

fatorial 4x5 (quatro épocas de semeadura x cinco cultivares de girassol), totalizando 20

69

tratamentos, com três repetições. Cada parcela foi constituída por 4 linhas de 5,0 m de

comprimento, e espaçadas de 0,80 m entre linhas, total de 16 m². Somente as duas

linhas centrais foram consideradas como parcelas úteis para as avaliações.

As quatro épocas de semeadura foram: EP1 (15/03/2009), EP2 (28/03/2009),

EP3 (09/04/2009) e EP4 (01/05/2009) e cinco cultivares de girassol: Hélio 250 (H 250),

Hélio 251(H 251), Hélio 358 (H 358), Hélio 360 (H 360) e Hélio 884 (H 884).

O desbaste foi realizado aos 15 DAE, deixou-se 5 plantas por metro linear. A

área foi mantida livre de invasoras durante todo o período crítico da cultura, por meio de

capinas manuais. Para o controle da mancha de alternaria (Alternaria helianthi (Hansf.)

Tubaki & Nishihara) foi utilizado o fungicida Difenoconazol na dosagem de 0,6 L ha-1

.

Os dados meteorológicos de temperatura, umidade relativa do ar e precipitação

pluvial durante a execução do experimento encontram-se na Figura 1.

Figura 1 – Valores médios diários de temperaturas (ºC) e umidade relativa do ar (%) e

total diário de precipitação pluvial (mm) ocorridas durante o período de 15 de março a

31 de julho de 2009, Gurupi, TO.

As características avaliadas foram: florescimento (FLOR, em DAE): anotado

quando 50% das plantas da parcela útil encontravam-se no estádio fenológico R4

(CONNOR e HALL, 1997); Altura da planta (AP, em cm): medida da base solo até a

70

inserção do capítulo, em cinco plantas competitivas da parcela útil; Diâmetro do

capítulo (DC, em cm): média de cinco capítulos de cada parcela útil; Aquênios normais

(AN, em %): obtida a partir da contagem do número de aquênios normais e chochos de

cinco capítulos de cada parcela útil; Massa de mil aquênios (P1000, em g): obtido pela

contagem direta de 1000 aquênios, pesado posteriormente em balança de precisão, Peso

Hectolitro (PH, em Kg.100L-1

): quantificação da massa em volume conhecido com

posterior extrapolação para 100 litros, e Produtividade de Aquênios (PROD, em kg. ha-

1

): massa de aquênios considerando-se todas as plantas da parcela útil (duas linha

centrais), corrigida a 11% de umidade.

Os dados experimentais foram submetidos à análise individual e conjunta de

variância, com aplicação do teste F (Tabela 1). A analise conjunta foi realizada sob

condições de homogenidade das variâncias residuais. Para as comparações entre médias

de tratamentos, foi utilizado o teste de Tukey (P ≤ 0,05), em todos foi utilizado o

aplicativo computacional em genética e estatística - GENES (CRUZ, 2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se interação significativa a 1 e 5% pelo teste F para todas as

características avaliadas (Tabela 1). Tal interação significativa indica que os ambientes

influenciam de forma diferenciada no comportamento dos cultivares, desta forma,

realizou-se o desdobramento.

Tabela 1 – Resumo da Análise de Variância conjunta, das características FLOR – florescimento; AP –

altura de plantas; DC - diâmetro de capítulo; AN – aquênios normais (%); P1000 – massa de mil

aquênios; PH – peso hectolitro e PROD – produtividade de aquênios, de cinco cultivares de girassol em

quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de soja, safrinha 2009

Girassol cultivado sobre palhada de soja

F.V. G.L Quadrado Médio

FLOR AP DC NA P1000 PH PROD

Bloco/Amb 8 1,162 75,350 0,733 16,605 3,132 2,929 2507,042

Cultivar (C) 4 17,483* 610,474ns 4,192ns 212,661ns 125,186ns 29,872ns 226969,789ns

Época (E) 3 63,104** 9320,914** 71,808** 570,872** 734,859** 793,916** 1135640,773**

C x E 12 4,500* 238,822** 3,431** 383,729** 72,264** 24,203** 131291,433**

Resíduo 32 1,808 34,945 0,195 15,012 2,739 2,541 2125,154

Média 51,42 86,261 9,20 72,29 34,62 35,845 633,53

C.V. 2,61 6,85 4,79 5,35 4,77 4,44 7,27

*,** - Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. ns

– Não significativo

71

Os Coeficientes de variação (Tabela 1) variaram de 2,61% a 7,27%, indicando

bom controle das causas de variação de ordem sistemática nos ambientes experimentais,

para caracteres quantitativos, que são influenciados pelo ambiente.

Para a característica número de dias para o florescimento (Tabela 2), observou-

se que o florescimento foi mais tardio na época EP4, exceto para o cultivar H884 que

não diferenciou significativamente entre as épocas EP1, EP2 e EP4. Backes et al. (2008)

ao avaliar genótipos de girassol em diferentes épocas de semeadura obteve

florescimento médio de 64,6 dias. De acordo com Castro e Farias (2005) temperaturas

baixas, baixa luminosidade e alta umidade prolongam o ciclo da cultura, atrasando a

floração e a maturação fisiológica. Nas condições ambientais em que foram conduzidos

os experimentos, temperatura, umidade relativa e luminosidade favoreceram a

diminuição do ciclo da cultura, visto que houve redução média de aproximadamente 15

dias no florescimento, quando comparados com os resultados divulgados por Backes et

al. (2008).

Quanto aos cultivares dentro das épocas (Tabela 2), observou-se maior número

de dias para o florescimento com o cultivar H884 na EP1 e EP2, sem diferir

significativamente do H360 na EP1, não verificou-se diferenças significativas entre os

cultivares nas épocas EP3 e EP4. Valores semelhantes aos obtidos neste trabalho foram

verificados por Silva et al., (2007) que obtiveram florescimento aos 52 DAE.

Tabela 2 – Médias estimadas do numero de dias para o florescimento de cinco cultivares

de girassol em quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de soja, safrinha 2009

Cultivar Épocas de semeadura Média EP1 EP2 EP3 EP4

H250 49,5 Bb 49,0 Bb 49,0 Ba 53,3 Aa 50,2

H251 50,6 Bb 50,3 Bb 49,3 Ba 54,6 Aa 51,2

H358 50,6 Bb 49,3 Bb 48,3 Ba 55,0 Aa 50,8

H360 51,3 Bab 49,3 Bb 50,0 Ba 55,0 Aa 51,4

H884 54,0 Aa 54,6 Aa 51,3 Ba 53,6 Aa 53,4

51,2 50,5 49,6 54,3

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para a característica altura de plantas, quando se copara as épocas de

semeadura dentro de cada cultivar (Tabela 3), verificou-se que plantas com maior altura

nas épocas EP1 e EP2, para todos os cultivares, exceto para o cultivar H358 que foi

72

significativamente inferior na época EP1. Plantas significativamente mais baixas foram

obtidas na época EP4, em todos os cultivares.

Comparando os cultivares dentro de cada época (Tabela 3), observa-se maior

altura de plantas para o cultivar H884 nas EP1, EP2 e EP4, Entretanto, não diferiu

significativamente dos cultivares H251, H358 e H360 na EP2 e dos cultivares H250 e

H251 na EP4. A partir destes resultados observa-se que nas condições de cerrado, o

cultivar H884 que teve o comportamento mais tardio entre os cultivares avaliados nas

três primeiras épocas (Tabela 2) também foi o que teve as maiores altura de plantas nas

mesma épocas (Tabela 3).

Silva et al. (2009) estudando redução de espaçamento na entre linha em

híbridos de girassol em Rio Verde - GO obteve altura média de 92,6 cm, comparado

com os valores obtidos (Tabela 03), verifica-se que nas EP2 todos os cultivares estão

acima da média obtida pelo autor citado, na EP1 três dos cinco cultivares estão acima e

na EP4 todos as alturas médias estão abaixo.

Plantas mais baixas verificadas na EP4 podem ser explicados, possivelmente,

pelo maior numero de veranicos e intensidade da estiagem ocorrido durante o ciclo da

cultura nesta época (Figura 1), outro fator importante, provavelmente, foi a palhada de

utilizada, pois por ter uma relação C/N estreita, as plantas de soja possuem rápida

degradação, resultando no descobrimento do solo e a não conservação de

disponibilização de água para a cultura ao longo do ciclo.

Tabela 3 – Médias estimadas da altura de plantas de cinco cultivares de girassol em

quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de soja, safrinha 2009

Cultivar Épocas de semeadura Média EP1 EP2 EP3 EP4

H250 88,6 Ac 98,0 Ab 70,8 Bb 56,9 Ca 78,60

H251 97,6 ABbc 107,6 Aab 91,0 Ba 57,3 Ca 88,40

H358 87,5 Bc 105,8 Aab 92,0 Ba 39,0 Cb 81,08

H360 108,3 Ab 105,8 Aab 89,1 Ba 41,8 Cb 86,30

H884 124,5 Aa 113,3 Aa 89,8 Ba 59,9 Ca 96,91

101,32 106,13 86,58 51,01

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para a característica diâmetro de capítulo, quando compara-se as épocas de

semeadura em cada cultivar (Tabela 4), observou-se capítulos com maiores diâmetros

73

médios na EP1 com os cultivares H251, H360 e H884, seguido da EP2 com os

cultivares H358, sendo observado, portanto, os menores valores na EP4, para todos os

cultivares.

Comparando os cultivares dentro de cada época (Tabela 4), observou-se que o

cultivar H884 desenvolveu maior diâmetro de capitulo nas EP1 e EP2, sem, contudo

diferir significativamente dos cultivares H251 e H360 na EP1 e dos cultivares H251,

H358 e H360 na EP2. Tomich et al. (2003) obteve em condições de safrinha, capítulos

com 17,3 cm de diâmetro, superiores aos valores obtidos neste trabalho. Tal fato pode

ter ocorrido em função da ocorrência de alternaria helianthi anterior e durante a fase de

desenvolvimento do capítulo.

Tabela 4 – Médias estimadas do diâmetro do capítulo de cinco cultivares de girassol em

quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de soja, safrinha 2009

Cultivar Épocas de Semeadura Média EP1 EP2 EP3 EP4

H250 9,63 Ab 9,66 Ab 9,26 Ab 7,73 Ba 9,07

H251 11,43 Aa 10,06 Bab 10,70 ABa 7,40 Ca 9,90

H358 8,93 Bb 10,06 Aab 9,73 ABab 4,53 Cb 8,31

H360 11,73 Aa 10,40 Bab 9,66 Bab 4,90 Cb 9,17

H884 12,33 Aa 10,93 Ba 9,53 Cb 5,33 Db 9,53

10,81 10,22 9,78 5,98

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para a característica porcentagem de aquênios normais (Tabela 5), obteve-se

maiores medias na época EP1 para os cultivares H250, H251, H360 e H884. Na época

EP3 com o cultivar H884 e na EP4 com os cultivares H358 e H360. Segundo Amorim et

al., (2008) para condições de safrinha a porcentagem de aquênios normais é próxima de

75%. Neste trabalho, como pode ser observado na Tabela 5, a porcentagem de aquênios

normais oscilou em torno deste valor.

Quanto aos cultivares dentro de cada época (Tabela 5), observa-se que na

época EP1 os cultivares H250, H251, H360 e H884 foram superiores ao cultivar H358,

entretanto, não houve diferenças significativas entre os cultivares H358, H360 e H884.

Na época EP2 o cultivar H884 obteve medias da porcentagem de aquênios normais

significativamente inferiores. Verificou-se heterogeneidade entre os cultivares, em todas

74

as épocas, evidenciando que os cultivares testados não apresentam previsibilidade de

comportamento para as condições ambientais impostas.

Tabela 5 – Médias estimadas da porcentagem de aquênios normais de cinco cultivares

de girassol em quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de soja, safrinha 2009

Cultivar Épocas de semeadura Média EP1 EP2 EP3 EP4

H250 80,70 Aa 68,84 Ba 71,05 Bbc 57,14 Cc 69,43

H251 83,50 Aa 69,32 Ba 62,39 Bcd 80,53 Aab 73,93

H358 71,11 Bb 70,82 Ba 83,50 Aa 87,84 Aa 78,32

H360 80,18 Aab 70,88 Ba 55,69 Cd 82,57 Aa 72,33

H884 75,83 Aab 42,41 Bb 79,59 Aab 71,86 Ab 67,42

78,26 64,45 70,44 75,99

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para a variável massa de mil aquênios (Tabela 6), os maiores valores foram

obtidos na época EP3, exceto para os cultivares H360 e H884 que não diferiram

significativamente da EP2. Silva, et al. (2009) obteve uma media 59,7g para massa de

1000 aquênios sendo 26,18% maior a média da EP3, tal fato pode ter ocorrido,

possivelmente em decorrência de veranicos e pouca disponibilidade hídrica ocorrida no

período de enchimento de aquênios, conforme pode ser observado na figura 1.

Quanto aos cultivares em cada época de semeadura (Tabela 6), observa-se que

o cultivar H884 obteve as maiores médias de massa de 1000 aquênios nas épocas EP1 e

EP2, sendo significativamente superior aos demais cultivares. Nas épocas EP3 e EP4 o

cultivar H250 obteve as maiores médias para massa de mil aquênios, sem, contudo,

diferir significativamente do cultivar H358 na época EP3 e do H251 na EP4.

Tabela 6 – Médias estimadas da massa de 1000 aquênios de cinco cultivares de girassol

em quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de soja, safrinha 2009

Cultivar Épocas de semeadura Média

EP1 EP2 EP3 EP4

H250 26,74 Cc 30,29 BCc 51,77 Aa 33,06 Ba 35,46

H251 32,10 Bb 32,70 Bbc 39,18 Ac 31,16 Bab 33,78

H358 32,57 Bb 34,48 Bb 47,88 Aab 23,65 Cc 34,65

H360 31,83 Bb 32,67ABbc 35,91 Ac 20,09 Cc 30,12

H884 38,59 Ba 43,36 Aa 45,60 Ab 28,86 Cb 39,10

32,36 34,70 44,07 27,36

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

75

Para peso hectolitro, quando compara-se as épocas de semeadura em cada

cultivar (Tabela 7), aquênios mais pesados foram observados na época EP4, sendo

significativamente superior as demais épocas de semeadura, para todos os cultivares.

Tal tendência pode ser explicada, possivelmente pela ocorrência de déficit hídrico

(Figura 1) mais intenso nesta época de semeadura. Com isso, as plantas priorizaram,

provavelmente, menor diâmetro de capitulo (Tabela 4), aquênios de menor volume, mas

de maior densidade. Valores semelhantes de peso hectolitro foram obtidos por Amorim

et al., (2008).

Com relação aos cultivares dentro de cada época (Tabela 7), observou-se que o

cultivar H360 quando cultivado na EP4 destacou-se com o maior peso hectolitro, não

houve variações significativas entre os cultivares nas épocas EP1 e EP2. Na época EP3

o cultivar H251 obteve o pior resultado, ou seja, a menor média.

Tabela 7 – Médias estimadas peso hectolitro de cinco cultivares de girassol em quatro

épocas de semeadura direta, sobre palhada de soja, safrinha 2009

Cultivar Épocas de semeadura Média

EP1 EP2 EP3 EP4

H250 31,27 Ca 29,92 Ca 36,46 Ba 41,66 Ac 34,83

H251 29,38 BCa 31,28 Ba 27,08 Cb 46,81 Ab 33,64

H358 33,06 Ca 32,80 Ca 37,43 Ba 46,93 Ab 37,55

H360 31,02 BCa 30,00 Ca 34,22 Ba 51,40 Aa 36,66

H884 30,70 Ca 32,70 Ca 36,96 Ba 45,78 Ab 36,53

31,08 31,34 34,43 46,51

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para produtividade de aquênios, quando compara-se as épocas de semeadura

em cada cultivar (Tabela 8), observou-se maiores médias na época EP1, para todos os

cultivares, exceto para o cultivar H358 que não diferiu da média obtida na época EP3.

Ressalta-se que à medida que a semeadura da cultura principal foi atrasada, houve

tendência a redução na produtividade da cultura produzida como safrinha. Esta

tendência pode ser explicada, possivelmente, pela redução gradativa da disponibilidade

hídrica, o que possivelmente desfavoreceu os cultivares nas ultimas épocas de

semeadura (Figura 1). Como referencia de produtividade em condições de safrinha,

Backes, et al. (2008) obteve 1861 Kg.ha-1

de produtividade média, valor este 81,3%

superior a média obtida na primeira época de semeadura.

76

Quanto aos cultivares dentro de cada época de semeadura (Tabela 8), o cultivar

H884 obteve as maiores produtividades nas épocas EP1, EP2 e EP3, sem, contudo,

diferir significativamente do cultivar H360 na época EP2 e do cultivar H358 na época

EP3. O cultivar H251 obteve a maior produtividade de aquênios na EP4, entre os

cultivares avaliados, ou seja, 759 kg ha-1

.

Tabela 8 – Médias estimadas da produtividade de aquênios de cinco cultivares de

girassol em quatro épocas de semeadura direta, sobre palhada de soja, safrinha 2009

Cultivar Épocas de semeadura Média

EP1 EP2 EP3 EP4

H250 837,2 Ac 453,2 Bb 388,8 Bc 408,4 Bb 521,93

H251 1179,5 Ab 485,1 Cb 422,0 Cbc 759,0 Ba 711,44

H358 690,2 Ad 492,8 Bb 693,3 Aa 231,3 Cc 526,95

H360 895,2 Ac 709,0 Ba 517,3 Cb 156,7 Dc 569,60

H884 1530,0 Aa 712,4 Ba 744,5 Ba 363,8 Cb 837,70

1026,45 570,55 553,22 383,88

Médias seguidas por uma mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem

significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

CONCLUSÕES

Houve redução em todas as variáveis avaliadas com retardamento da

semeadura, exceto para peso hectolitro;

Maiores produtividades de aquênios foram obtidas na EP1;

O cultivar H884 teve o melhor desempenho para a maioria das variáveis

analisadas.

AGRADECIMENTOS

A Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Tocantins, pela concessão

de bolsa auxilio mestrado do Programa de Ajuda a Pos-Graduação (PAPG).

77

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