FUNDAÇÃO CARLOS GOMES INSTITUTO ESTADUAL CARLOS … APOSTILA prof. Isaque Séri… · Plenamente...
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IECG – Núcleo de Teoria, Solfejo e Percepção Ano 2020
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FUNDAÇÃO CARLOS GOMES
INSTITUTO ESTADUAL CARLOS GOMES
DEPARTAMENTO DE TEORIA MUSICAL
STP – TEORIA, SOLFEJO E PERCEPÇÃO
SÉRIE 24 : Módulo VII
PROFESSOR: ÉDSON DE LIMA FERREIRA
1 TONS VIZINHOS
Tons vizinhos são os tons que têm a mesma armadura do tom principal (relativo) ou diferem dele
por um acidente a mais ou a menos.
Cada tom tem cinco tons vizinhos. Três são tons vizinhos diretos e dois indiretos.
Tons vizinhos diretos:
1) Tom relativo.
2) Tom do mesmo modo, encontrado uma 5ª Justa acima (na Dominante).
3) Tom do mesmo modo, encontrado uma 5ª Justa abaixo (na Subdominante).
Tons vizinhos indiretos:
1) Tom relativo do tom da Dominante.
2) Tom relativo do tom da Subdominante.
Obs.: O tom homônimo do principal, cuja armadura difere por três alterações, não é considerado
tom vizinho e sim tom próximo dada a grande afinidade entre suas notas.
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Dó Maior – tom principal
dó menor – tom próximo
Tons afastados são aqueles que não pertencem ao grupo de tons vizinhos. Diferem do tom
Principal por dois ou mais acidentes na armadura.
Dó Maior – tom principal (0 acidente)
Lá Maior – tom afastado (3# na armadura)
Lá M está há 3♯ de distância do tom de Dó M
Afinidade tonal
Comparando dois tons entre si, podem ser identificadas as notas que se encontram nos dois tons e as
notas que se encontram somente num deles.
Notas comuns são notas iguais encontradas nos dois tons.
Notas diferenciais ou notas características são notas que, ao comparar dois tons diferentes,
existem num e não existem no outro.
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Exercício
1) O que são tons vizinhos?
2) Quais são os vizinhos diretos de uma tonalidade?
3) Quais são os vizinhos indiretos de uma tonalidade?
4) Escrever o nome dos tons próximos. Conforme o modelo:
Ré Maior – ré menor
a) sol menor b) Mi Maior c) fá♯ menor
5) Escrever os tons vizinhos das tonalidades abaixo.
a) Lá Maior b) Mi Maior c) fá menor
6) Escrever um exemplo de tom afastado de cada tonalidade a seguir.
a) Ré Maior b) lá menor c) Mi♭ Maior
7) Indicar as notas comuns e características, como no exemplo.
ré menor – forma primitiva e si♭ menor – forma primitiva
Notas comuns: fá – si♭ - dó
Notas diferenciais: ré (ré♭) – mi (mi♭) – sol (sol♭) – lá (lá♭)
a) Lá Maior – forma primitiva e mi menor – forma melódica ascendente.
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b) lá menor – forma harmônica e ré menor – forma primitiva.
c) Dó Maior – forma melódica descendente e Mi♭ Maior – forma primitiva.
2 MODULAÇÃO
Modulação ou tonulação é a passagem de um tom para outro. É utilizada na composição musical para
marcar diferenças entre trechos de uma mesma peça (que pode ser feita de mais de uma música) ou
para atender exigências técnicas de tessitura e instrumentação. A troca de tonalidade acontece através
da mudança de função de um acorde.
A modulação obedece a certos princípios que são estudados em harmonia. Há três tipos fundamentais
e modulação: modulação por preparação, modulação por salto e modulação por acorde comum (pivô).
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Modulação por acorde pivô
No exemplo acima o acorde usado como modulante foi Am, que no tom de Dó Maior é VI grau e
em Sol Maior é II.
ACORDES EM DÓ MAIOR C Dm Em F G Am Bdim
ACORDES EM SOL MAIOR G Am Bm C D Em F♯dim
GRAU DA ESCALA I II III IV V VI VII
Veja agora uma modulação definitiva por preparação, tendo como tom de partida Dó Maior,
modulando para Re Maior e terminando em Mi Maior.
G/D D7 G
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Observe que antes de chegar em Mi Maior ocorre uma modulação passageira em Ré Maior, que vai
do terceiro tempo do compasso 9 até o segundo tempo do compasso 17. Isso se fez necessário, visto
que não tem acordes comuns entre Dó Maior e Mi Maior. Vide tabela abaixo.
ACORDES EM DÓ MAIOR C Dm Em F G Am Bdim
ACORDES EM RÉ MAIOR D Em F♯m G A Bm C♯dim
ACORDES EM MI MAIOR E F♯m G♯m A B C♯m D♯dim
GRAU DA ESCALA I II III IV V VI VII
Dessa forma concluímos que para a modulação acontecer de forma “suave”, a mesma deve ser feita
entre os tons vizinhos, por conter um maior número de acordes comuns. Caso seja necessário ir para
um tom mais afastado, modula-se primeiramente para um tom intermediário.
Exercício
1) Quais os 3 tipos de modulação?
2) Analise os trechos abaixo indicando as partes do processo de modulação por acorde pivô com as
cifragens cordal, gradual e funcional.
Modelo:
I
T
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a)
b)
3 ESCALAS ARTIFICIAIS
Escala artificial (cromática), é uma sucessão de doze semitons consecutivos.
A escala artificial contém 12 notas: 7 diatônicas e 5 cromáticas que formam 12 semitons 7
diatônicos e 5 cromáticos.
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Obs.:
1) Para facilitar a aprendizagem, todas as notas diatônicas serão grafadas brancas (como semibreve)
e as notas cromáticas pretas (como semínima sem haste).
2) A décima terceira nota é a repetição da primeira e por isso classifica-se esta escala como de 12
notas (diferentes).
3) A palavra “cromática” se origina na palavra grega chroma que significa “cor”. Enquanto as notas
diatônicas representam a base da tonalidade, as notas cromáticas são elementos de “coloração”.
4) O segundo tetracorde da escala menor – forma melódica já se encontra cromatizado.
No sistema temperado (sistema de afinação que possibilita dividir o intervalo de oitava em doze
semitons iguais) existe, aparentemente, só uma escala cromática que varia conforme a primeira
nota.
3.1 ESCALAS CROMÁTICAS
1 Escala cromática clássica – as notas cromáticas devem pertencer aos tons vizinhos da escala
diatônica que lhe corresponde.
Escala cromática clássica Maior - Dó Maior
Tons vizinhos de Dó Maior: lá menor, Sol M, Fá M, mim m, ré m e dó m (dada a proximidade com
o tom principal).
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As notas cromáticas pertencem aos seguintes tons vizinhos:
a) ascendente:
dó# = sensível de ré menor – forma harmônica
ré# = sensível de mim menor – forma harmônica
fá# = sensível de Sol Maior
sol# = sensível de lá menor – forma harmônica
sib = grau IV de Fá Maior
b) descendente:
sib = grau IV de Fá Maior
láb = grau VI de dó menor – forma primitiva
fá# = sensível de Sol Maior
mib = grau III de dó m
réb = não pertence a nenhum tom vizinho
Conclusão: Na parte ascendente elevam-se todos os graus diatônicos com exceção do grau VI:
abaixa-se o grau VII; na parte descendente abaixam-se todos os graus diatônicos com exceção do
grau V: eleva-se o grau IV.
Atenção: não se alteram os graus diatônicos que já formam semitons com o grau diatônico vizinho.
Exemplo de formação da escala: Ré Maior
1) Grafar a escala diatônica de Ré Maior e marcar os semitons já existentes na escala:
2) Grafar os semitons “exceção”:
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3) Completar as notas cromáticas, elevando as notas cromáticas na parte ascendente e abaixando-as
na parte descendente.
Escala cromática clássica menor – lá menor:
Tons vizinhos de lá menor: Dó M, mi m, ré m, Sol M, Fá M e Lá M (tom próximo).
As notas cromáticas pertencem aos seguintes tons vizinhos:
sib = grau VI de ré menor – forma primitiva
dó# = sensível de ré menor – forma harmônica
ré# = sensível mi menor – forma harmônica
fá# = grau VI da própria escala de lá menor – forma melódica
sol# = sensível da própria escala – forma harmônica
Conclusão: Na parte ascendente elevam-se todos os graus diatônicos com exceção do grau I:
abaixa-se o II. A parte descendente é idêntica à parte ascendente.
Exemplo de formação da escala: Si♭ menor.
1) Grafar a escala de si♭ menor – forma primitiva e marcar os semitons já existentes na escala.
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2) Grafar os semitons “exceção”.
3) Completar as notas cromáticas, elevando as notas diatônicas na parte ascendente.
4) Copiar as mesmas notas da parte ascendente na parte descendente.
Exercício
1) Formar a escala cromática clássica Maior com 3# e com 4b .
2) Formar a escala cromática clássica menor com 2# e com 3b.
2 Escala cromática atual – as notas cromáticas não precisam ser necessariamente as notas
pertencentes aos tons vizinhos da escala diatônica que dá origem à escala cromática.
Escala cromática atual – Dó Maior:
Na parte ascendente elevam-se, sem exceção, todos os graus diatônicos (menos os que já formam o
semitom diatônico com o grau seguinte): na parte descendente abaixam-se, sem exceção, todos os
graus diatônicos.
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Escala cromática atual menor – lá menor:
Na parte ascendente elevam-se, sem exceção, todos os graus diatônicos.
A parte descendente pode ter duas formas:
a) Na parte descendente conservam-se todas as notas da forma ascendente, com exceção do
semitom entre os graus II e I. Em vez de o grau I ser elevado, o grau II é abaixado.
b) Na parte descendente conservam-se as notas cromáticas típicas da escala menor – forma
harmônica e melódica (entre os graus I – VII e VII – VI). Os outros graus diatônicos se abaixam.
Exercício
1) Formar a escala cromática atual Maior com 3♭ e com 1♯.
2) Formar a escala cromática atual menor com 2♯ na “forma descendente a” e com 3♭ na “forma
descendente b”.
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3 Escala cromática enarmônica – apresenta duas opções para cada nota cromática.
As notas cromáticas são formadas na parte ascendente elevando o grau mais grave e abaixando o
grau mais agudo. Na parte descendente abaixando o grau mais agudo e elevando o grau mais grave.
Exercício
1) Formar a escala cromática enarmônica Maior e menor com 2♭ e 3♯.
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4 Escala cromática atonal – é formada por notas naturais e cromática deduzidas das naturais.
Exemplo da escala a partir da nota mi:
Na parte ascendente as notas naturais são elevadas e na parte descendente são abaixadas. Não
possui armadura nem tom maior ou menor. Não se usa as notas mi♯, fá♭, si♯ e dó♭.
Exercício
1) Formar a escala cromática a partir das notas fá♯, ré e si♭
3.2 ESCALAS ALTERADAS
Plenamente explorada no século XIX, a escala alterada apresenta as notas indicadas para formação
de acordes alterados.
Escala alterada Maior – Dó Maior:
Alteram-se todos os graus, exceto os graus I – III – V. O grau II, além de diatônico, é elevado e
abaixado. Entre os graus VI e VII existem as duas opções (duas notas enarmônicas).
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Escala alterada menor – lá menor:
Alteram-se todos os graus menos os graus I – III – V. O grau IV, além de diatônico, existe elevado
e abaixado. Entre os graus VI – VII e VII – I conservam-se as notas da escala menor – forma
melódica (graus VI e VII elevados).
Escalas alteradas (maior e menor) tem a parte descendente igual a ascendente.
Exercício
1) Formar as escalas alteradas Maior e menor com 2# e com 3b (só a parte ascendente).
4 CIFRAGEM
Cifragem é um sistema de notação musical (letras, números e sinais) usado para representar os
acordes.
CIFRA A B C D E F G
NOTA CORRESPONDENTE Lá Si Dó Ré Mi Fá So
Atualmente, são utilizados três sistemas de análise e entendimento da harmonia – análise gradual,
análise funcional e análise cordal. Os três princípios são úteis e se completam, visto que nenhum
deles explica o processo harmônico em seu todo.
TIPO DE CIFRAGEM EXEMPLO
CIFRA CORDAL C/E
CIFRA GRADUAL I6
CIFRA FUNCIONAL T3
Cifra cordal – apresenta os sons que constituem o acorde. Esta cifra, porém não diz a que escala o
acorde pertence nem sua função no contexto harmônico.
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Cifra gradual – mostra em que grau da escala o acorde é formado, mas não sabemos de que acorde
se trata, a que escala pertence e nem a sua função.
Cifra funcional – esclarece qual é a função do acorde, mas não esclarece qual é o acorde, nem a
sua origem escalar.
Como nenhum dos três sistemas de cifras utiliza os mesmos símbolos, serão apresentadas as cifras
mais utilizadas de cada sistema.
Geralmente, letras ou numerais romanos em maiúsculas indicam acordes com a terça maior.
Numerais romanos ou letras minúsculas indicam acordes com a terça menor. Se a quinta não é
indicada, deve ser justa.
Acordes Maiores são cifrados utilizando apenas a letra que corresponde a sua fundamental. Para
acordes menores adiciona-se um “m” ao lado direito da cifra principal.
C (dó maior) Cm (dó menor)
I (primeiro grau maior) i (primeiro grau menor)
T (tônica maior) t (tônica menor)
Os intervalos quinta diminuta e aumentada geralmente são indicados, à direita da cifra principal
(que indica o acorde, o grau ou a função), por meio dos seguintes sinais, à direita ou à esquerda do
número 5:
♭ = alteração descendente; ♯ = alteração ascendente
- = alteração descendente; + = alteração ascendente
º (somente para a quinta diminuta)
Assim, a tríade aumentada sobre a fundamental dó pode ser indicada:
C+, C+5, C5+, C♯5 ou C5♯
III+, III+5, III5+, III♯5 ou III5♯
Na cifra funcional, os sinais mais utilizados para indicar alterações ascendentes ou descendentes
são: < = alteração ascendente; > = alteração descendente.
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C5< = acorde de dó com a quinta aumentada
As cifras da sétima tem por base o acorde de sétima da dominante. Por essa razão, a sétima menor é
indicada com o numeral 7.
C7 = acorde de dó Maior com a sétima menor
A sétima maior pode ser indicada das seguintes maneiras:
7M, 7+, +7, MA7, maj7, ♯7, 7♯ ou ∆.
A sétima diminuta sempre ocorre juntamente com a quinta diminuta (acorde de sétima diminuta), o
símbolo para a sétima diminuta é o mesmo que o de quinta diminuta (para diferenciar do acorde de
sétima, na cifra cordal, pode-se cifrar da seguinte maneira: Bm(♭5) ou Bm(5♭)).
B⁰ = acorde de Si diminuto (si-ré-fá-lá♭)
Vii⁰7 = acorde diminuto sobre o sétimo grau da escala.
Quando a quinta é diminuta e a sétima é menor (acorde meio diminuto), corta-se o sinal utilizado
para o acorde diminuto com uma linha diagonal “Ø”:
BØ = acorde de Si meio diminuto (si-ré-fá-lá)
viiØ7 = acorde meio diminuto sobre o sétimo grau da escala.
A inversão de acordes é indicada de formas diferentes em cada sistema de cifras.
Abaixo, está uma tabela com o método mais utilizado em cada sistema para indicar as inversões dos
acordes de Sol Maior e Sol Maior com sétima (na tonalidade de Dó Maior).
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Como fica na pauta.
Tríades na escala Maior
a) Cifra cordal
b) Cifra gradual
c) Cifra funcional
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Tríades nas três formas da escala menor
a) Cifra cordal
b) Cifra gradual e cifra funcional mais utilizadas
Tétrades
Tipos de tétrades (cifra Cordal)
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Tétrades na escala Maior
a) Cifra cordal
b) Cifra gradual
A sétima Maior existente nos acordes formados sobre os graus I e IV geralmente não são indicadas
na cifra gradual, pois não são alterações da escala; quando se pretende indicar que a sétima é maior,
o melhor é utilizar o símbolo 7M, visto que 7♯ e 7+ geralmente indicam notas alteradas.
c) Cifra funcional
O mesmo dito para a cifra gradual, serve para a cifra funcional quanto à indicação da sétima maior
nós graus I e IV: melhor utilizar o símbolo 7M, já que 7< e 7+ indicam alteração ascendente.
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Tétrades nas três formas da escala menor (natural, harmônica e melódica)
a) Cifra gradual
Os sinais de sustenido sem nenhum número disposto ao lado, encontrados na segunda linha de
cifras, indicam alteração ascendente da terça do acorde. Está é uma prática ainda em uso, derivada
do baixo contínuo.
b) Cifra funcional
A cifra indica apenas a estrutura do acorde, e a mesma pode ser transposta quantas oitavas acima ou
abaixo forem necessárias.
Exercício
1) Analise os acordes abaixo e faça a cifragem nos três sistemas abordados.
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5 HARMONIA FUNCIONAL
Harmonia funcional é o estudo das sensações (emoções) que determinados acordes transmitem para
o ouvinte. Existem na música, acordes que expressam sensações de movimento (instabilidade) e
repouso (estabilidade), damo-lhes o nome de funções. As funções harmônicas são divididas em 3
principais: Tônica, Dominante e Subdominante.
Função Tônica: é a função de sentido conclusivo, ou seja, transmite a idéia de repouso
(estabilidade). Qualquer acorde movimenta-se direta ou indiretamente na sua direção. É a única que
não necessita movimentar-se.
Função Dominante: provoca uma sensação de tensão, passa a impressão de algo não finalizado.
Ela cria a idéia de movimento que “chama” um repouso (Tônica).
Função Subdominante: é o meio termo entre as duas funções anteriores. Gera uma sensação de
preparação, mas com menor intensidade. Dá idéia de movimento, afastamento, podendo caminhar
tanto para a Dominante (intensificando a tensão) quanto para a Tônica (repousando). Todos os
acordes do Campo Harmônico relacionam-se com uma das três funções citadas e passam a sensação
de “repouso” e “movimento”.
Podemos generalizar que, num campo harmônico (conjunto de acordes formados a partir de uma
escala), os graus I, IV e V caracterizam respectivamente as funções Tônica, Subdominante e
Dominante.
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Acordes de função principal
Modo Maior
Modo menor (forma primitiva, forma harmônica e forma melódica)
harm.: forma
harmônica
mel. asc.: forma
melódica – parte
ascendente
Os demais acordes ajustam-se como acordes secundários em uma das três funções já citadas e
podem substituir os principais, que possuam a mesma função harmônica que eles. Esses acordes se
encontram a uma distância de terça, maior ou menor, da função principal. Dividem-se em acordes
vizinhos de terça inferior (acordes “relativos”) e vizinhos de terça superior (acordes “anti-
relativos”).
Consideram-se “relativos” os acordes vizinhos de terça, cujas fundamentais representam o primeiro
grau do tom relativo do acorde da função principal.
Consideram-se “anti-relativos” os acordes vizinhos de terça opostos aos relativos, pois suas
fundamentais não representam o primeiro grau do tom relativo do acorde da função principal
correspondente.
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Modo Maior
*O acorde do grau
vii tem como cifra
funcional D7
(Dominante com
sétima sem
fundamental).
Modo menor (forma primitiva, harmônica e melódica)
*O acorde do grau vii tem como cifra funcional D7 (Dominante com sétima sem fundamental)
A combinação harmônica mais comum é a harmonia a quatro vozes (música para coro, exercícios
de harmonia, quarteto de cordas, etc). A terminologia musical adota a nomenclatura do quarteto
vocal para designar cada nota do acorde (mesmo que a música não seja escrita para voz humana).
Nome das vozes:
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Extensão das vozes:
Nos exercícios de harmonia recomenda-se observar as distâncias
entres as vozes. Mantendo sua ordem natural (Soprano, Contralto,
Tenor e Baixo) para que não haja cruzamento das vozes.
*Cruzamento das vozes é quando a voz mais grave canta mais alto
que a voz mais aguda ou vice versa.
Nomenclatura das notas do acorde
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Como visto no início deste conteúdo, o material a ser usado é o acorde de três sons. Para distribuir
as notas de uma tríade para quatro vozes, faz-se necessário o dobramento de uma das notas do
acorde. Os dobramentos permitidos são; a fundamental (de preferência)ou a quinta, raramente
dobra-se a terça.
Ordem das notas no acorde
1) Ordem direta – as notas do acorde obedecem à disposição original dos intervalos que o formam.
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2) Ordem indireta – as notas do acorde não seguem a ordem original.
Posições das tríades – depende da distribuição das notas do acorde entre as vozes.
Posição cerrada ou
fechada: quando não há
espaço para nenhuma nota
do acorde a ser intercalada
entre Soprano e Contralto ou
entre Contralto e Tenor.
Posição larga ou aberta:
há espaço para notas do
acorde serem intercaladas
entre Soprano e Contralto
ou Contralto e Tenor.
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Posição mista: somente uma nota do mesmo
acorde pode ser intercalada entre as três vozes
superiores.
Posição das notas em relação ao Soprano: é determinada pelo intervalo entre baixo (a nota mais
grave do acorde) e Soprano (a nota mais aguda do acorde).
Obs: essa classificação é usada geralmente nos acordes em estado fundamental. Nas inversões essa
classificação é mais rara.
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Atenção: Nenhuma mudança na ordem ou posição das notas num acorde altera o seu estado.
Porém, mudando o baixo, o estado do acordei muda.
Obs: baixo é a nota mais grave do acorde, fundamental é a nota que dá origem a ele. No exemplo
acima temos como baixo a nota dó (estado fundamental) e a nota mi (1ª inversão), porém, nos dois
casos a nota fundamental é a nota dó.
Classificação dos acordes:
INTERVALO entre as notas – definem o tipo do acorde ( Pf, PF, 5ª Aum ou 5ª sim.)
BAIXO – define o estado do acorde
REPETIÇÃO das notas – define a duplicação
ORDEM das notas – define a ordem (direta ou indireta)
DISTÂNCIA entre as 3 vozes superiores – define a posição (fechada ou aberta)
INTERVALO entre Baixo e Soprano – define a posição do Soprano
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Classificação: acorde Perfeito Maior, estado fundamental, 1ª duplicada, ordem
indireta, posição aberta, posição de 8ª.
Exercício
1) Indentificar a nota do acorde duplicada (fundamental, terça ou quinta).
2) Formar os acordes na tonalidade de Sol Maior duplicando a nota que se pede.
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3) Formar um acorde Perfeito Maior tendo como fundamental a nota mi.
4) Classifique os acordes.
Movimento das vozes
a) Movimento direto: duas ou mais vozes movem-se na mesma direção.
b) Movimento contrário: duas vozes movem-se vem direção oposta.
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c) Movimento oblíquo: uma voz permanece fixa enquanto a outra se move.
Encadeamento dos acordes
Encadeamento é o que permite a passagem de um acorde para o outro.
Existe basicamente dois processos de encadeamento:
Encadeamento Harmônico: consiste em conservar a nota comum entre dois acordes na mesma voz.
Encadeamento Melódico: é quando as vozes superiores movimentam-se em direção contrária ao
baixo.
Procedimento:
a) Duplicar a fundamental de ambos os acordes (exceto os acordes diminutos, que devem ser usados
de preferência invertidos).
b) Escrever a progressão do baixo do primeiro para o segundo acorde.
c) Completar o primeiro acorde.
d) Se houver, manter a nota comum a ambos os acordes. Se não tiver nota comum, movimentar as
vozes superiores em movimento contrário ao do baixo.
e) Conduzir as notas restantes do primeiro acorde, pelo caminho mais curto, às notas do segundo
acorde.
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Exercício
1) Faça os encadeamentos.
a) Ré Maior: T - Dr – S – Sr – Dr – T
b) Mi♭ Maior: T – S – D – Dr – Tr – T
c) lá menor: t - s6 – tR – sR – D – t
6 Tétrades
Tétrade é o nome dado ao acorde formado
por 4 notas diferentes (três terças
sobrepostas). A tétrade é também chamada
de acorde de sétima, por causa do intervalo
entre suas notas extremas.
Nome das notas no acorde de sétima:
Os acordes de sétima podem ser diatônicos (formado por notas de uma escala diatônica) ou
alterados (formados por notas de uma escala alterada).
Os acordes de sétima diatônicos são formados pela combinação de terças maiores e menores
sobrepostas. Matematicamente podem ser formadas oito combinações mas somente sete são
usadas. A combinação 3ª M + 3ª M + 3ª M soa enarmonicamente igual ao acorde de quinta
Aumentada, por isso não é usada.
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Dos sete acordes de sétima diatônicos, três formam o intervalo de 7ª Maior entre suas notas
extremas, três formam o intervalo de 7ª menor e um forma o intervalo de 7ª diminuta. Em algumas
línguas cada a ordem de sétima tem um nome próprio, nesta apostila serão classificados através da
descrição da sua formação, por exemplo: PM + 7ªm.
Dentre esses sete acordes vamos destacar três: o acorde de Sétima da Dominante, o acorde de
Sétima da Sensível e o acorde de Sétima Diminuta.
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Acorde de Sétima da Dominante – é o acorde PM + 7ª m. É
encontrado no grau V da escala Maior e no grau V da escala
menor – forma harmônica e melódica ascendente, mas
podemos encontrá-lo também no grau VII da escala menor –
forma primitiva.
Acorde de Sétima da Sensível – é o acorde de 5ª
dim + 7ª m. É encontrado frequentemente no gru
VII da escala Maior, mas pode aparecer também
em outros graus.
Acorde de Sétima Diminuta – é o acorde
formado por uma 5ª D + 7ª m. É encontrado
frequentemente no grau VII da escala menor –
forma harmônica e melódica ascendente.
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Exercício
1) Formar acordes de sétima diatônicos.
2) Classificar os seguintes acordes.
Exemplo de uso de acorde com sétima:
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Inversão dos acordes de sétima
Inverter um acorde consiste em trocar a posição das notas transportando a nota inferior uma oitava
acima.
Estado fundamental (EF) – a nota mais grave (o baixo) é a fundamental do acorde.
Cifragem: 7
As duas notas mais importantes no acorde de sétima são a fundamental e a sétima. A cifragem
informa sobre a posição dessas notas no acorde, indicando o intervalo existente entre o baixo e a
fundamental e entre o baixo e a sétima.
Primeira inversão (1ª inv.) – a nota mais grave é a terça do acorde.
Segunda inversão (2ª inv.) – a nota mais grave é a quinta do acorde.
IECG – Núcleo de Teoria, Solfejo e Percepção Ano 2020
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Obs: A cifragem das notas alteradas é a mesma dos acordes de quinta.
Terceira inversão (3ª inv.) – a nota mais grave é a sétima do acorde.
Cifragem: 2 (fundamental)
Exercício
1) Formar e Classificar os acordes.
2) Inverta os acordes de sétima.
IECG – Núcleo de Teoria, Solfejo e Percepção Ano 2020
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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