Fundamentos de Conforto Ambiente Aplicados a Cunicultura

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE VETERINRIA

FUNDAMENTOS DE CONFORTO AMBIENTE APLICADOS CUNICULTURA

Luiz Carlos Machado1, Walter Motta Ferreira21

Zootecnista, mestrando em Zootecnia, Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinria, UFMG, Brasil E-mail: [email protected] 2 Professor Adjunto, Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinria, UFMG, Brasil

1. INTRODUO Pouca importncia tem sido dada aos aspectos de ambiente na pesquisa em coelhos. A cunicultura pouco difundida no Brasil se comparada a outras atividades produtivas com animais, mas est em constante crescimento devido a excelente qualidade da carne, facilidades de manejo e alimentao, alta prolificidade dentre outras. Segundo Muller (1982), bioclimatologia o estudo da influencia do clima, na vida animal. O coelho um animal que apresenta grande sensibilidade s condies de meio. Segundo Azevedo et. al. (2001) a temperatura acima de 24C provoca aumento na freqncia respiratria, inapetncia e reduo do consumo de alimento s com conseqente perda de peso. Tal situao deve ser bem entendida no Brasil visto a sazonalidade das estaes, ou seja, um vero quente e um inverno com temperaturas mais amenas. O maior conforto dos animais est relacionado com a maior produo (Camps,2002). De acordo com Zapatero (1979), as modificaes nos sistemas de criao que visam lucro afetaram em muitos aspectos a constituio fisiolgica do coelho, forando-o a se adaptar a um gnero de vida e alimentao muito diferente do que lhe era proporcionado nas condies naturais. Sabemos que a Regio Nordeste do Brasil apresenta um clima semi-rido caracterizado entre outros por temperaturas muito quentes o que se torna muito importante o estudo de medidas adaptativas para amenizar tal problema nesta regio. Visto que h no Brasil a sazonalidade das estaes, torna-se importante considerar as diferenas entre as pocas do ano de acordo com cada regio afim de buscar um melhor conforto dos animais. O presente trabalho tem por objetivo realizar um levantamento bibliogrfico referente ao assunto.1

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2. REVISO DE LITERATURA

2.1. Consideraes iniciais O cunicultor deve procurar um conforto ambiental mximo para conseguir um bom desenvolvimento da atividade e para isso deve proteger os animais das possveis agresses fsicas e biofsicas (Roca 1998). Segundo Duarte e Carvalho (1979) se em regime de liberdade o coelho pode circunstancialmente agrupar-se em pequenos ncleos, pelo contrario, em cativeiro, submetido condio de animal domestico, revela-se avesso a toda a espcie de convvio social. Em comparao com os animais restantes, um ser solitrio, profundamente individualista, esquivando-se por medo de todos e de tudo que lhe estranho. Roca (1998) cita que o coelho um animal vivo, sempre atento, tmido, sempre pronto para fuga, no agressivo e extremamente sensvel aos estmulos externos. De acordo com o mesmo pesquisador, sendo a cecotrofia uma operao importantssima do coelho e que regulada pelas glndulas supra renais, para que essa atividade fundamental se processe necessrio tranqilidade e calma no ambiente. Segundo Duarte e Carvalho (1979), todos os estados de choque se repercutem na glndula supra-renal e como manifestao reacional a sua parte medular segrega adrenalina. Um excesso de produo desse hormnio corresponde, quase de imediato a perturbaes de natureza circulatria, respiratria e tambm digestivas. Esta ltima se expressam por reduo do peristaltismo intestinal e o fenmeno da cecotrofia sofre assim uma queda de continuidade. Camps (2002) cita que o coelho um dos animais mais sensveis ao stress, de desequilbrio etolgico, dentre todos os animais domsticos por seu agregarismo, seu territorialismo, sua recente domesticao, sua vida em baixa intensidade luminosa, sua facilidade para descargas adrenalnicas, dentre outras. Convm, portanto adequar o meio e o manejo a suas necessidades e seus instintos etolgicos e a seu conforto. Segundo os mesmos autores, numa segunda fase a zona cortical da supra-renal, responde segregando corticoesteroides que por sua vez atuando ao nvel da hipfise, vo dominar largas reas de influncia, desde a esfera dos hormnios sexuais ate os que interferem no metabolismo e defesa imunitria do organismo.

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De acordo com a figura abaixo, todos os fatores de meio influenciam a vida econmica do animal.

Figura 1: Os elementos fsicos do meio ambiente que direta (fecha direta) ou indiretamente, atravs das interaes (flecha concntricas), influem na performance dos animais ou sobre o regime de manejo empregado. A largura das flecha indica o grau de influencia. Fonte: Muller (1982)

2.2. Importncia das instalaes Barbosa et al. (1992a) cita que dentre os fatores importantes na criao de coelhos, destacam-se sem dvida as instalaes. O autor considera que nos climas tropicais a temperatura do ar durante todo ano, bastante elevada e percuta-se dar condies de conforto aos coelhos, construindo instalaes que permitam uma boa ventilao, luz suficiente e temperatura mais prxima da zona de conforto. Os pesquisadores ainda destacam que por o coelho ter ausncia de glndulas sudorparas ele apresenta dificuldades em perder calor. Ns (1989) cita que tanto o ganho quanto a perda de calor por conduo dar-se- atravs dos componentes das edificaes, ou seja, pelas paredes, teto e piso. Tais componentes devem ser propcios a favorecer a mais lgica troca de calor para melhor favorecer o conforto animal.3

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Camps (2002), cita que os animais postos no solo, comparando com outros em gaiolas, tm maior mortalidade, pior converso alimentar e menor crescimento dirio. Para manter as condies tcnicas prximas da ideal, necessrio um bom isolamento, sendo, portanto prioritrias a utilizao de material adequado para a construo de paredes e coberturas. Barbosa et al. (1992a) avaliaram o efeito do tipo de instalao e poca do ano, em Maring, sobre coelhos em engorda usando trs tratamentos sendo eles gaiolas ao ar livre sombreadas com tela sombrite permitindo 80% de sombra, galpo em alvenaria totalmente fechado e galpo em alvenaria com tela de arame galvanizado nas laterais, isto durante as pocas de vero e inverno. No foi observada diferena (P>0,05) para o consumo lquido de rao, ganho de peso lquido e bruto e converso alimentar porm houve diferena (P