Fundamentos de Finanças com Casos Práticos Resolvidos e ... · FinançasIntrodução às António...
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Introdução às
Finanças
António Gomes Mota
Clementina Barroso
Helena Soares
Luís Laureano
Fundamentos de Finanças
com Casos Práticos
Resolvidos e Propostos
Este livro pretende explicar a reso-
lução de uma série de casos prá-
ticos que abrangem as principais
matérias de finanças, desde a aná-
lise das empresas e mercados, pas-
sando pelas ferramentas de ava-
liação de novos projetos de investi-
mento, até ao detalhe da mecânica
do cálculo financeiro. As restrições
em termos académicos obrigam a
que os exercícios aqui incluídos
traduzam alguma simplificação da
vida real e possam ser resolvidos
sem grande dispêndio de tempo.
Deste modo, sentimos a necessi-
dade de completar a parte prática
com uma explicação, em cada capí-
tulo, dos princípios financeiros bási-
cos que sustentam a tomada de
decisão nas diversas áreas da vida
financeira. A teoria financeira deve
fugir a certas ideias e conceitos
deformados de ganho que se encon-
tram muito sedimentados no espí-
rito demasiado ganancioso da natu-
reza humana. Pretendemos chamar
a atenção para a verdadeira lógica
financeira e acompanhar os exercí-
cios práticos com uma série de
alertas que complementam e subs-
tanciam as conclusões dos cálculos
efetuados.
ANTÓNIO GOMES MOTA. É Pro-
fessor Catedrático na ISCTE Business
School – Instituto Universitário de
Lisboa. No âmbito da sua atividade
universitária criou e dirigiu diversos
programas de pós graduação e tem
lecionado temas nas áreas das finan-
ças empresariais, investimentos e
gestão de riscos. Foi Diretor da ISCTE Business School e
Presidente do INDEG/ISCTE. Tem desenvolvido em para-
lelo uma extensa atividade empresarial, sendo presen-
temente Presidente da SDC Investimentos, Vice-Presidente
dos CTT, Vogal do Conselho Geral e de Supervisão da
EDP. É ainda Vice-Presidente do Instituto Português de
Corporate Governance. É autor de diversos livros na
área de finanças e colabora regularmente nos meios de
comunicação.
CLEMENTINA DÂMASO DE JESUS
BARROSO. É Professora Associada
Convidada na ISCTE Business School
– Instituto Universitário de Lisboa.
Licenciada em Gestão (ISCTE-IUL), e
Revisor Oficial de Contas (ROC). Tem
lecionado cadeiras na área de finan-
ças em vários programas do 1º e 2º
ciclos. Desempenha atividades de direção e adminis-
tração de empresas. É autora de livros na área de Inves-
timentos Financeiros e Finanças de Empresa. No âmbito
da atividade universitária, foi diretora das licenciaturas
em Gestão e em Finanças do ISCTE-IUL e diretora geral
do INDEG/ISCTE.
HELENA SOARES. Possui licenciatura
em Gestão (ISCTE-IUL), MBA Finanças
(UCP) e parte letiva do Programa de
Doutoramento em Finanças de
Empresa (Universidade Complutense
de Madrid e Universidade Autónoma
de Madrid). É docente convidada da
ISCTE Business School – Instituto
Universitário de Lisboa onde tem lecionado diversas
cadeiras de Finanças, nas licenciaturas, mestrados e
pós-graduações. Desenvolveu atividade laboral na Banca
de Investimentos, por mais de uma década no setor de
Mercados Financeiros, com especial ênfase na gestão
de carteiras de títulos de Fundos de Investimento e
Fundos de Pensões.
LUIS LAUREANO. É Professor Auxiliar
na ISCTE Business School – Instituto
Universitário de Lisboa e investigador
na Business Research Unit (BRU-IUL).
É licenciado em Gestão (ISCTE-IUL),
mestre em Gestão de Sistemas de
Informação (ISCTE-IUL) e doutorado
em Gestão – especialização em Finan-
ças (ISCTE-IUL). Tem lecionado várias cadeiras na área
financeira em várias licenciaturas, pós-graduações e
mestrados. É ainda coautor de um livro sobre Análise
Financeira e coautor de artigos publicados em revistas
científicas nacionais e internacionais.
Introdução às
FinançasEDIÇÕES SÍLABO
Intro
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2ª EdiçãoRevista e atualizada
ISBN 978-972-618-779-0
9 789726 187790
A autora Helena Soares dedica esta obra
à Ana Maria, Margarida e Maria Luísa.
O autor Luís Laureano dedica esta obra
à Nídia, Diana e Daniela.
Agradecimentos:
A parte relativa aos casos práticos contou com o valioso contributo das revisões críticas e partilha de sugestões dos monitores que passaram, ao longo destes últimos cinco anos, pelo lecionamento da cadeira de Intro-dução às Finanças da ISCTE Business School – Instituto Universitário de Lisboa: Susana Sousa, Pedro Ribeiro, Bruno Santos, Ana Carolina Manha, André Miranda, Jorge Correia, Pedro Rosmaninho, Daniel Valbom, Mónica Silva, Hugo Freitas, Sofia Matos, Miguel Morgado, Débora Costa e Fábio Gomes. Queremos também agradecer a todos os alunos das licenciaturas de Economia, Finanças e Contabilidade, Gestão e Gestão de Marketing, com quem ao longo dos anos tivemos o privilégio de interagir e trocar ideias de forma construtiva. Não obstante as contribuições recebidas, naturalmente que quaisquer erros que o documento possa ainda apresentar são da única responsabilidade dos autores.
Nota:
Os autores optaram por utilizar neste livro a pontuação numérica pelo sistema norte-americano (0,000.00). A principal razão prende-se com o facto de atualmente no mundo profissional das Finanças existir uma convergên-cia para tal, assim como também para a utilização de muitos termos na língua Inglesa. Desta forma os leitores encontrarão uma maior coerência entre a leitura deste documento e o que possam encontrar num qualquer meio de comunicação financeiro.
Introdução às Finanças
Fundamentos de Finanças com Casos Práticos Resolvidos e Propostos
ANTÓNIO GOMES MOTA
CLEMENTINA BARROSO
HELENA SOARES
LUÍS LAUREANO
EDIÇÕES SÍLABO
É expressamente proibido reproduzir, no todo ou em parte, sob qualquer
forma ou meio, NOMEADAMENTE FOTOCÓPIA, esta obra. As transgressões
serão passíveis das penalizações previstas na legislação em vigor.
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Editor: Manuel Robalo
FICHA TÉCNICA:
Título: Introdução às Finanças – Fundamentos de Finanças com Casos Práticos Resolvidos e Propostos Autores: António Gomes Mota, Clementina Barroso, Helena Soares, Luís Laureano © Edições Sílabo, Lda. Capa: Pedro Mota
1ª Edição – Lisboa, janeiro de 2013 2ª Edição – Lisboa, dezembro de 2014 Impressão e acabamentos: Cafilesa – Soluções Gráficas, Lda. Depósito Legal: 384911/14 ISBN: 978-972-618-779-0
EDIÇÕES SÍLABO, LDA.
R. Cidade de Manchester, 2 1170-100 Lisboa Tel.: 218130345 Fax: 218166719 e-mail: [email protected] www.silabo.pt
Índice
Introdução 9
Capítulo 1
VALOR FINANCEIRO DO TEMPO
Teoria 15 Capitalizar e Valor Acumulado 15 Custo de oportunidade 16 Regime de Juro Simples 16
Tomada de Decisão 17 Taxa Efetiva 17 Atualizar e Valor Atual 18
Regime de Juro Composto 18 Tomada de Decisão 20 Taxa Efetiva 20 Atualizar e Valor Atual 20
Taxa Nominal versus Taxa Efetiva 21 Rendas 23 TAEG 25
Formulário 27 Casos resolvidos 29 Casos propostos 79
Capítulo 2
MERCADOS FINANCEIROS
Teoria 87 Participantes e tipo de participação nos mercados financeiros 87 Mercado Monetário 88 Mercado Cambial 89 Mercado de Capitais 90
Ações 91 Obrigações 92 Características comuns aos dois mercados, ações e obrigações 92
Formas de participar nos mercados 96
Formulário 99 Casos resolvidos 101 Casos propostos 131
Capítulo 3
RENDIBILIDADE E EQUILÍBRIO DA EMPRESA
Teoria 141 Rendibilidade 141
Os diferentes tipos de Resultados na Empresa – Resultado Operacional 142 Rendibilidade do Negócio 144 O Balanço da Empresa para o analista 145 Componentes da Rendibilidade do Negócio 146 Os diferentes tipos de Resultados na Empresa – Resultado Total, Líquido ou Financeiro 147 Return on Equity (ROE) – Rendibilidade do Capital Próprio 148 Desagregação do ROE 150
Equilíbrio Financeiro 151 Estudo do Balanço 152
Capitais Permanentes (CP) 153 Fundo de Maneio (FM) 153 Working Capital (WC) 153 Tesouraria (T) 154
Transformar os Resultados em Fluxos Monetários – Meios Libertos de Exploração (MLE) 155
Formulário 157 Casos resolvidos 159 Casos propostos 195
Capítulo 4
INVESTIMENTOS REAIS
Teoria 205 Cash Flows do Projeto 206
Fluxos monetários 206 Prever o futuro e olhar apenas o futuro 207
Avaliar o Projeto 208 Net Present Value (NPV) ou Valor Atual Líquido (VAL) 208 Internal Rate of Return (IRR) ou Taxa Interna de Rendibilidade (TIR) 209 Discounted Payback Period (DPP) ou Prazo de Recuperação do Investimento (PRI) 210 Profitability Index (PI) ou Índice de Rendibilidade do Projeto (IRP) 210
Visão prática para pequenos projetos de índole familiar 211
Formulário 213 Casos resolvidos 215 Casos propostos 243
Introdução
Comecemos esta introdução com uma pergunta, à qual poderá responder esco-
lhendo uma das hipóteses de resposta apresentadas.
Pergunta: «Na renovação de uma aplicação financeira, tipo Depósito a Prazo, de
25 mil euros, o seu Banco compromete-se a creditar-lhe a conta em 500 euros de
juros, ao fim de um ano. Aceita a renovação da aplicação nestas condições?»
Respostas:
a) Não aceito porque tenho outro montante igual num Fundo de Ações em que
no último ano consegui uma mais-valia de 1,100 euros;
b) Aceito porque, nos tempos de crise que vivemos, 500 euros é um montante
que não se deve desperdiçar;
c) Aceito porque esta aplicação rendeu 990 euros de juros no último ano e,
fazendo a média com os 500 euros, obtenho, por ano, um juro maior do que o
banco concorrente está a oferecer;
d) Aceito porque tenho todas as minhas aplicações neste banco e a nossa rela-
ção é de bastante confiança mútua;
e) Não aceito porque o Banco tem de oferecer, no mínimo, o mesmo juro do
último ano.
Se caiu na rasteira de escolher uma das hipóteses apresentadas para responder
à pergunta, sugerimos que prossiga a leitura para os próximos capítulos deste livro.
Na verdade, todas aquelas respostas estão erradas. Nenhuma delas serve para
responder à questão colocada no início e, mais, nenhuma serve para responder
corretamente numa situação de tomada de decisão de um qualquer investimento.
Não se trata apenas de os números não serem os adequados ou da resposta ser
inapropriada para o tipo de investimento em causa. Não, todas as respostas contra-
riam pelo menos um princípio básico da teoria financeira e, como tal, as corretas
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decisões financeiras não podem ser tomadas de acordo com aqueles tipos de abor-
dagem.
Vejamos então quais são esses princípios básicos da teoria financeira que esta-
rão presentes, ainda que em muitos casos passem despercebidos, nos tópicos teóri-
cos e nos variados casos práticos que apresentamos ao longo dos 4 capítulos
seguintes em que se desenrola o livro.
Risco vs. Rendibilidade
Se suportarmos um risco mais elevado num determinado investimento, exigire-
mos uma maior rendibilidade no mesmo para compensar esse risco adicional. De
igual modo, se optarmos por um investimento mais seguro, não poderemos exigir um
nível de rendibilidade própria de investimentos mais arriscados. A este propósito
trabalharemos com os prémios de risco no capítulo 4 de Análise de Projetos de
Investimento.
Perfis de Risco
De acordo com as suas possibilidades financeiras e contexto pessoal e profissio-
nal, cada investidor possui um determinado perfil de risco. Normalmente aconselha-
mos os investimentos mais arriscados, de que as Ações de empresas são o exemplo
mais tradicional, aos investidores que têm a possibilidade de disponibilizar montan-
tes elevados por períodos de tempo alargados (longo prazo: mais de cinco anos).
Assim, para decidir sobre determinado investimento, o investidor deve apenas fazer
comparações dentro do leque de possibilidades que respeitam a sua propensão ao
risco. O primeiro critério de escolha tem que ser o risco e não a rendibilidade, ao
contrário do que sucede na realidade com muita frequência. A ganância, própria do
ser humano, ofusca a sua racionalidade no processo de tomada de decisão. No
capítulo 1 de Valor Financeiro do Tempo trabalharemos com os custos de oportuni-
dade próprios de cada tipo de investimento que analisamos.
Custos de Oportunidade
Todo o investimento tem um custo de oportunidade. Quer se trate de uma aplica-
ção financeira, ativos dos mercados (Ações, Obrigações), ativos investidos nas
empresas (Fixos e de Exploração) ou um investimento num projeto específico, todos
eles terão de gerar uma rendibilidade que será, no mínimo, idêntica à que puder ser
gerada por um investimento alternativo (de igual risco e maturidade). No contexto
empresarial, somos muitas vezes levados a esquecer este princípio. Ou porque nos
I N T R O D U Ç Ã O 11
contentamos em que a empresa simplesmente dê lucros, ou porque olhando apenas
para a maximização desse mesmo lucro, nos esquecemos que isso pode ter impli-
cações graves ao nível do equilíbrio financeiro da empresa, colocando em risco a
sua própria solvabilidade. É mais esta forma de analisar a rendibilidade vs. risco que
trataremos de abordar no capítulo 3 do Estudo da Rendibilidade e do Equilíbrio da
Empresa.
Devemos esquecer o Passado
O que distingue a teoria financeira da teoria contabilística encontra-se no objetivo
de cada uma. Enquanto esta última serve para relatar e concluir sobre a atividade
passada, a teoria financeira tem por objetivo ajudar na tomada de decisão sobre
investimentos e, consequentemente, influenciar o futuro. Nenhum acontecimento
passado, seja rendimento ou gasto, deverá ser considerado na hora de decidir sobre
determinado investimento. Apenas os rendimentos e gastos que sejam consequên-
cia do investimento que se pensa levar a cabo, são relevantes para aferir da perti-
nência de se efetuar ou não o desembolso de capital. É sobre este ponto de vista
que iremos ignorar os chamados custos afundados na análise de projetos de inves-
timento do capítulo 4.
Diversificação
Apesar de não dedicarmos nenhum capítulo deste livro à gestão de carteiras
completas de investimentos, onde esta questão assume grande importância, quere-
mos salientar que a diversificação aparece como uma das ferramentas mais úteis
para a correta tomada de decisão financeira porque, por ser quase sempre bastante
simples de implementar, tem como consequência podermos obter de forma fácil a
mesma rendibilidade esperada, assumindo um menor nível de risco.
Existem dois tipos principais de risco: crédito e preço. Assim, sempre que não se
revelar demasiado dispendioso, os investidores devem alocar os seus investimentos
por diferentes emitentes e diferentes tipos de ativos. Para além de resultar numa
menor volatilidade dos valores patrimoniais, possibilita a disponibilidade de fluxos em
diferentes momentos no tempo, o que ajuda numa boa gestão da liquidez financeira.
Explicitaremos a variedade de ativos que podemos encontrar nos mercados financei-
ros no capítulo 2 de Mercados Financeiros.
12 I N T R O D U Ç Ã O À S F I N A N Ç A S
O futuro não é um espelho do passado
Apesar de ser este o princípio que desde sempre tem despoletado mais estudos
na teoria das Finanças, foi, na prática, o mais ignorado em toda a década de flores-
cimento da engenharia financeira que culminou na grande crise de 2008 em diante.
Pensar que factos do passado se irão repetir no futuro, é ignorar completamente
toda a aleatoriedade dos acontecimentos vindouros e das alterações contextuais e
conjunturais da nossa existência. São tantos os exemplos de «nada é como dantes».
Veja-se o caso do 11 de setembro: um ataque terrorista que alterou a perceção do
nível de risco do mundo inteiro; e os casos de falências (bancos e países) na crise
do subprime: que puseram em causa o conceito que temos de taxa de juro sem
risco. Basear decisões de investimento em comportamentos passados torna-se mais
arriscado do que fazê-lo com base em perspetivas futuras. Nem na vida real o pas-
sado determina o futuro, quanto mais em Finanças.
Capítulo 1
VALOR FINANCEIRO DO TEMPO
Teoria
Voltando à questão colocada no início do capítulo da introdução, com uma ligeira
alteração, será que devemos abdicar de 25,000 euros agora, isto é, renovar a apli-
cação no Banco, para poder ter daqui a dois anos 26,000 euros?
Capitalizar e Valor Acumulado
Antes mesmo de respondermos à questão, existe um facto acerca do qual não
temos quaisquer dúvidas: o valor a receber no futuro terá que ser sempre superior
ao valor atual que abdicamos de consumir. Caso contrário, que sentido faria sepa-
rarmo-nos dos nossos valores ao entrega-los a uma determinada entidade, tanto
mais que, ela própria, os colocará a render? Oferecer esta oportunidade de lucro
merece uma recompensa em troca: o juro.
Assim, ao falarmos de um determinado capital, sabemos que o mesmo vai
tomando valores diferentes à medida que o tempo vai passando. Mais tempo impli-
cará mais juro e, consequentemente, um maior valor acumulado. É aqui que reside a
base do cálculo financeiro: capitalizar, que significa acrescentar juro a um capital
com o passar do tempo.
Na nossa questão, nunca iríamos aceitar receber os 25,000 euros depois de ter-
mos aplicado esse mesmo montante num depósito a prazo por dois anos. O valor
que para nós equivale a estes 25,000 euros, mas dois anos mais tarde, será um
valor diferente porque terá que ser suficientemente maior para incluir um juro justo.
Quão suficiente? Qual o montante de juro adequado?
A resposta a estas últimas questões acabará por ser, também, a resposta à
questão do início.
16 I N T R O D U Ç Ã O À S F I N A N Ç A S
Custo de oportunidade
Para podermos acrescentar juro a um capital será necessário, antes de mais,
identificar o nível de taxa de juro adequado para a operação em causa. Na questão
que pretendemos responder no início deste capítulo, a taxa de juro a considerar
deve cumprir os seguintes requisitos: ser no mínimo a praticada pelas instituições
bancárias, de igual nível de risco de crédito do Banco onde está a ser renovada a
aplicação, para o mesmo prazo (neste caso 2 anos).
Para outro tipo de aplicação financeira, ou de financiamento, manter-se-ia o
mesmo raciocínio na identificação da taxa de juro adequada: procuramos, respeti-
vamente, a mais elevada ou a mais baixa rendibilidade ou custo, consoante o caso,
das alternativas de igual risco e maturidade.
Esta taxa encontrada será a nossa taxa de capitalização ou, como veremos
adiante, também poderá funcionar como taxa de atualização. Será aquilo a que
poderíamos chamar de taxa «justa» para a operação que estivermos a avaliar.
A taxa que efetivamente é praticada pela instituição financeira numa operação
concreta poderá diferir da taxa que identificámos como a do custo de oportunidade,
acima descrita. É da comparação entre as duas, ou dos diferentes valores que
ambas geram, que podemos concluir se devemos ou não aceitar intervir em deter-
minada operação financeira.
Depois de identificar a taxa em concreto, teremos que calcular o juro propria-
mente dito. Existem duas formas, ou regimes, de apurar o juro numa operação
financeira: Regime de Juro Simples e Regime de Juro Composto.
Regime de Juro Simples
As características principais deste regime sintetizam-se nas seguintes:
• Maioritariamente utilizado em operações de curto prazo (até um ano);
• O juro, para cada período de tempo, é sempre calculado com base no capital
inicial (Capital Principal);
• O juro, apurado num período, não vence juros nos períodos seguintes;
• O juro é sempre proporcional ao tempo decorrido (capital inicial × taxa de juro
para determinado período de tempo × número de unidades desse período de
tempo);
V A L O R F I N A N C E I R O D O T E M P O – T E O R I A 17
• Sendo C o capital inicial, r a taxa de juro anual1 e n o numero de anos, o valor
futuro, ou acumulado, M, será dado por: M C C n r= + × × ou, simplificando,
( )1M C n r= × + × .
Imaginemos que na questão do início do capítulo se chega à conclusão de que a
taxa de juro correspondente ao custo de oportunidade é de 2.5% ao ano. No regime
de juro simples, o valor que o Banco deve devolver no final de dois anos é de 26,250
euros ( 25, 000 25, 000 2 2.5%M = + × × ).
Tomada de Decisão
Neste momento já podemos responder à questão que iniciou este capítulo. Com-
parando o valor «justo» com o valor prometido pelo Banco, chegamos à conclusão
de que este último é insuficiente. Assim, rejeitaríamos a proposta deste Banco e
iríamos efetuar a renovação da aplicação no Banco alternativo que nos oferece os
2.5% anuais.
Desta conclusão, de que a taxa de juro oferecida pelo Banco em causa é inferior
à do custo de oportunidade, podem surgir duas perguntas:
• Qual o nível da taxa de juro que está efetivamente a ser oferecida pelo Banco?
• Qual o valor máximo que estaremos dispostos a aplicar no início se o Banco
apenas oferece 26,000 euros no final de dois anos?
Taxa Efetiva
A resposta à primeira destas questões conduz-nos ao conceito de taxa efetiva e,
mais concretamente naquele caso, de taxa anual efetiva.
Se iniciamos um determinado período de tempo com um capital A e, em virtude
de determinada operação financeira, terminamos esse mesmo período com um valor
acumulado B, a taxa efetiva ou a que efetivamente o capital esteve aplicado ou,
ainda, a taxa «verdadeira» da operação naquele período de tempo, facilmente se
calcula utilizando a equação de capitalização acima descrita. Neste caso virá
1B A A r= + × × , sendo A e B os valores conhecidos dos capitais inicial e acumu-
lado, respetivamente, e r a nossa incógnita: a taxa efetiva para um determinado
período de tempo que, nesta operação, se limitou a ser apenas de um (ano).
(1) O período de referência em termos financeiros é o período anual. Veremos mais adiante como
tratar as taxas que se referem a períodos diferentes.
18 I N T R O D U Ç Ã O À S F I N A N Ç A S
Vamos agora responder o mesmo mas para a questão concreta do início: o
Banco oferece 26,000 euros, no final de dois anos, se renovarmos a aplicação em
25,000 euros. Qual a taxa anual efetiva que está a oferecer? Resposta:
( )26, 000 25, 000 1 2 2%r r= × + × ⇔ = . Ao ano, anual, a taxa oferecida é de
2%. Repare-se que se considerarmos que o período da taxa é de dois anos, a taxa
de juro oferecida seria de 4% (neste caso n = 1) e confirmamos a proporcionalidade
do juro face ao tempo que caracteriza este regime de juros.
Atualizar e Valor Atual
A segunda daquelas questões leva-nos a fazer o cálculo oposto ao da capitaliza-
ção. Na verdade, agora não procuramos saber o valor acumulado equivalente, no
futuro, a um determinado capital presente. O que pretendemos saber aqui é qual
será o valor que estamos dispostos a considerar no presente, para a renovação da
operação financeira, em face de um valor concreto que nos está a ser oferecido para
um momento futuro. Queremos encontrar o valor atual e necessitaremos de atuali-
zar.
Não podemos deixar de utilizar a mesma equação de capitalização definida ante-
riormente, uma vez que só esta considera a inclusão do juro «justo» pelo passar de
determinado período de tempo, mas no entanto a nossa incógnita é agora o capital
presente, atual, e não o valor futuro, acumulado.
Considerando os mesmos dados que temos utilizado para a questão do início do capítulo, o valor que estamos dispostos a renovar na aplicação a prazo é de 24,761.90 euros em face de 26,000 euros que nos estão a ser oferecidos para daqui a
dois anos. O resultado foi obtido de 26,000 2 2.5%C C= + × × ou 26,000
1 2 2.5%C =
+ ×.
Aplicando, no máximo, os 24,761.90 euros conseguiremos obter, no mínimo, os 2.5% anuais de rendibilidade que constituem, neste exemplo, o nosso custo de oportunidade. Se aplicarmos os 25,000 euros, já sabemos que apenas iremos obter 2% ao ano.
Regime de Juro Composto
Embora a designação deste regime, quando comparada com a do anterior,
sugira uma maior complexidade ou dificuldade de cálculo, tal não é verdade e, para
certas operações, nomeadamente com muitos fluxos financeiros, este é o regime que
se revela de mais simples aplicação. Para além disso, e como veremos pelas suas
características principais, este é o regime de juro que inclui na sua forma de cálculo
V A L O R F I N A N C E I R O D O T E M P O – T E O R I A 19
o apuramento de juro para todos os fluxos gerados numa operação, sem exceção.
Por estes motivos, não é de admirar que se verifique uma clara preferência pela
utilização deste regime de juro por parte dos intervenientes nos mercados financei-
ros e na avaliação de investimentos em geral.
Apesar das diferenças entre ambos, os dois regimes seguem forçosamente a
mesma metodologia de base, pois têm que respeitar o princípio do custo de oportu-
nidade.
As características principais deste regime sintetizam-se nas seguintes:
• Maioritariamente utilizado em operações de médio e de longo prazo (mais de
um ano e mais de cinco anos, respetivamente);
• O juro, para cada período de tempo, é sempre calculado com base no capital
existente no momento do início do período em causa (com juros acumulados
dos períodos anteriores);
• O juro, apurado num período, vence juros nos períodos seguintes;
• O juro não é proporcional ao tempo decorrido;
• Sendo C o capital inicial, r a taxa de juro anual1 e n o numero de anos, o valor
futuro, ou acumulado, M, será dado por: ( )1 nM C r= × + que resulta da
simplificação de ( ) ( ) ( )
1 1 .... 1
n vezes
M C r r r= × + × + × × + .
Também neste regime de juro vamos considerar, para responder à questão con-
creta do início do capítulo, que a taxa de juro correspondente ao custo de oportuni-
dade é de 2.5% ao ano. Assim, em regime de juro composto, o valor que o Banco
deve devolver no final de dois anos é de 26,265.63 euros, porque
( )225, 000 1 2.5%M = × + .
Repare-se que o valor acumulado ao fim de dois períodos de tempo em que a
taxa está definida, neste caso dois períodos de um ano, é maior no regime de juro
composto do que no simples (26,265.63 euros contra 26,250 euros), uma vez que
naquele efetuamos o apuramento de juro sobre juro a partir da segunda capitaliza-
ção.
(1) O período de referência em termos financeiros é o período anual. Veremos mais adiante como
tratar as taxas que se referem a períodos diferentes.
20 I N T R O D U Ç Ã O À S F I N A N Ç A S
Tomada de Decisão
Já podemos responder à questão que iniciou este capítulo neste outro regime de
juro. Comparando o valor «justo» com o valor prometido pelo Banco, também aqui
chegamos à conclusão de que este último é insuficiente. Assim, rejeitaríamos a
proposta deste Banco e iríamos efetuar a renovação da aplicação no Banco alterna-
tivo que nos oferece os 2.5% anuais.
As mesmas questões adicionais poderão também ser colocadas neste caso:
• Qual o nível da taxa de juro que está efetivamente a ser oferecida pelo Banco?
• Qual o valor máximo que estaremos dispostos a aplicar no início se o Banco
apenas oferece 26,000 euros no final de dois anos?
Taxa Efetiva
Também aqui, a resposta à primeira destas questões conduz-nos ao conceito de
taxa anual efetiva, só que agora calculada em regime de juro composto.
Da mesma forma que procedemos para o regime de juro simples, neste regime
composto vamos utilizar a equação de capitalização que lhe é própria, sendo que a
incógnita, nessa equação, será a taxa efetiva que queremos encontrar.
No caso concreto da questão colocada no início: o Banco oferece 26,000 euros,
no final de dois anos, se renovarmos a aplicação em 25,000 euros. Qual a taxa
anual efetiva que está a oferecer? Resposta: ( )226, 000 25, 000 1 r= × + ⇔
1.9804%r⇔ = . Ao ano, anual, a taxa oferecida em regime de juro composto é de
1.9804%. Repare-se que se considerarmos que o período da taxa é de dois anos, a
taxa de juro oferecida seria de 4% (neste caso n = 1) e confirmamos a não-propor-
cionalidade do juro face ao tempo, característica inconfundível deste regime de juros.
Resta chamar a atenção para o facto da taxa anual ser, neste caso, inferior à
apurada no regime de juro simples (1.9804% contra 2%). Isto deve-se ao facto de
estarmos perante uma operação a dois anos em que, no caso do regime de juro
composto, conseguimos obter um acréscimo no juro na segunda capitalização (pela
via do juro sobre o juro do primeiro ano), pelo que a taxa não necessita ser tão ele-
vada para chegarmos ao mesmo valor acumulado no final.
Atualizar e Valor Atual
Mais uma vez a segunda daquelas questões leva-nos a fazer o cálculo oposto ao
da capitalização: necessitamos atualizar. Pretendemos, também neste regime, saber
qual será o valor que estamos dispostos a considerar no presente, o valor atual, para
V A L O R F I N A N C E I R O D O T E M P O – T E O R I A 21
a renovação da operação financeira, em face de um valor concreto que nos está a
ser oferecido para um momento futuro.
Em regime de juro composto, utilizando necessariamente a respetiva equação de capitalização, o valor que estamos dispostos a renovar na aplicação a prazo do exemplo que temos seguido é de 24,747.17 euros, em face de 26,000 euros que nos estão a ser oferecidos para daqui a dois anos. O resultado foi obtido de
( )226, 000 1 2.5%C= × + ou ( )2
26, 000
1 2.5%C =
+. Aplicando no máximo os
24,747.17 euros, conseguiremos obter, no mínimo, os 2.5% anuais de rendibilidade que constituem, neste exemplo, o nosso custo de oportunidade. Se aplicarmos os 25,000 euros, já sabemos que apenas iremos obter 1.9804% ao ano.
Taxa Nominal versus Taxa Efetiva
Pensemos agora numa questão um pouco diferente da que temos tratado desde
o início do capítulo. Vamos supor que renovamos a aplicação financeira pelos
25,000 euros, por dois anos, mas agora o Banco vai calcular os juros todos os
meses.
Se a taxa de juro anual declarada pelo Banco para esta operação for de 2%,
para calcularmos o juro, em cada mês, teremos que dividir aquela taxa por 12,
obtendo uma taxa mensal de 0.1667%. Repare-se que fazer o cálculo dos juros mês
a mês, ainda que pelos 12 meses no ano, resulta num juro acumulado diferente, ao
fim de um ano, do que se obtém do cálculo único anual. E isto porque, independen-
temente dos juros serem ou não efetivamente pagos, ao calcularmos os juros num
mês estamos a possibilitar uma de duas vias:
• Que esse juro, se pago, possa ser posto a render juros numa nova aplicação;
• Que esse juro, se não pago e continuando na própria aplicação, renda juros
nos meses seguintes.
Assim, se calculássemos o juro anual de uma só vez com aquela taxa, iríamos
obter um valor acumulado inferior ao que obtemos quando calculamos o juro mais do
que uma vez no ano, neste caso 12 vezes. Isto leva-nos a uma aparente inconsis-
tência entre a taxa anual de 2% apresentada pelo Banco e a taxa anual efetiva que
resultará do verdadeiro juro que se consegue obter ao fim de um ano por calcular-
mos o juro, capitalizarmos, mais do que uma vez nesse período. Aquela taxa apre-
sentada pela instituição financeira consiste numa taxa nominal (facial, aparente) por
contraponto à taxa efetiva que reflete o verdadeiro juro acumulado no mesmo
22 I N T R O D U Ç Ã O À S F I N A N Ç A S
período. Esta taxa efetiva teremos nós que a calcular, incluindo o efeito dos juros
sobre juros.
Vamos proceder ao cálculo dessa taxa anual efetiva, para o nosso exemplo con-creto, correspondente a uma taxa anual nominal de 2%, quando o cálculo dos juros é feito mensalmente. Assim, aquela taxa anual efetiva é de 2.0184%, resultante de
122%1 1
12r + = +
e então ( )= + −121 0.1667% 1r . Repare-se que, na reali-
dade, o que estamos a fazer é repetir uma capitalização de juros mensais por 12 meses, no regime que calcula juros sobre juros, o composto.
Para esclarecer as diferenças entre os vários tipos de taxa e suas designações,
vamos de seguida fazer uma síntese das mesmas:
• ( )12r : taxa anual nominal com capitalizações mensais ou, genericamente,
( )mr : taxa anual nominal com m capitalizações no ano. Esta é a taxa decla-
rada pelas instituições financeiras, salvo se indicam expressamente uma taxa
efetiva. Esta taxa nominal não pode ser utilizada como se apresenta, no caso
de ocorrer mais do que uma capitalização no ano. Neste caso tem que ser
dividida pelo número de vezes que se vai calcular juros no período anual;
• 12r : taxa efetiva mensal, isto é, o resultado da divisão da taxa anual nominal
pelo número de capitalizações no ano, neste caso 12, ou, genericamente, mr :
taxa efetiva para o subperíodo que se repete m vezes no ano. Esta é a taxa
que se pode utilizar no cálculo do juro do subperíodo: ( )m
mr
rm
= ;
• r : taxa anual efetiva que resulta de ( )
1 1m
mrr
m
+ = +
ou ( )1 1 m
mr r+ = + .
Se quisermos utilizar esta taxa para cálculo de valores acumulados, só o pode-remos fazer se a utilizarmos de uma vez só no período anual.
Vamos perceber se já estamos à vontade na utilização das várias taxas possí-
veis. Imaginemos que, no nosso exemplo, precisamos saber qual o valor acumulado
da nossa aplicação ao fim de seis meses. O mesmo pode ser obtido das seguintes
maneiras:
• 62%
25, 000 1 25, 251.0412
M = × + =
, utilizando a taxa anual nominal,
forçosamente transformada em efetiva mensal;
• 625, 000 1.001667 25, 251.04M = × = , utilizando logo a taxa efetiva mensal;
• ( )0.525, 000 1 2.0184% 25, 251.04M = × + = , utilizando a taxa anual efetiva
mas para capitalizar apenas por meio ano.
V A L O R F I N A N C E I R O D O T E M P O – T E O R I A 23
E qual será então a taxa efetiva para o período de seis meses? Como não podia
deixar de ser, e pelos cálculos acima, essa taxa pode ser obtida pelas seguintes
vias:
• ( )
612
21 112
rr
+ = +
ou
6
2 22%
1 1 1.0042%12
r r + = + ⇔ =
;
• ( )62 121 1r r+ = + ou 6
2 21 1.001667 1.0042%r r+ = ⇔ = ;
• ( )0.521 1r r+ = + ou ( )0.5
2 21 1 2.0184% 1.0042%r r+ = + ⇔ = .
Logo, ( )25, 000 1 1.0042% 25, 000 1.010042 25, 251.04M = × + = × = , como
não podia deixar de ser. Repare-se que a taxa efetiva semestral está a ser utilizada
uma só vez no semestre, enquanto a efetiva mensal foi utilizada em seis capitaliza-
ções no semestre e a efetiva anual foi utilizada em «meia» capitalização no semes-
tre. A taxa nominal nunca foi utilizada diretamente.
Rendas
Vamos considerar o seguinte exemplo, mais uma variante do caso inicial: faze-
mos a aplicação de 25,000 euros, à taxa anual de 2%, com a intenção de receber
por parte do Banco não apenas um valor acumulado mas sim uma série de recebi-
mentos futuros, neste caso um valor anual constante durante 20 anos. Estamos
perante um caso em que um valor aplicado no presente irá dar origem a múltiplos
recebimentos futuros. À primeira vista parece que esta operação financeira não
encaixa nas equações de capitalização ou atualização que analisámos atrás. Mas na
verdade, se analisarmos melhor, podemos concluir que, no presente, estamos a
fazer não uma aplicação mas sim vinte. A de mais curto prazo durará um ano e a
mais longa terá uma maturidade de 20 anos. A condição que tem de se cumprir é a
de que os recebimentos anuais futuros sejam todos iguais. Deste modo, os vários
valores a aplicar no presente tomarão valores diferentes, já que os montantes de
juros serão forçosamente diferentes para os diferentes prazos. Assim, podemos
estabelecer uma equação única que resulta da soma das várias, neste caso 20,
equações de capitalização/atualização que identificamos na operação em causa.
Sem esta equação única estaríamos perante um número maior de incógnitas do que
o número de equações estabelecidas. Vejamos:
24 I N T R O D U Ç Ã O À S F I N A N Ç A S
Com nA a representar a aplicação, feita hoje, que se vencerá no ano n e R o
recebimento constante anual, temos,
• ( )1 1 2%A R× + = ;
• ( )22 1 2%A R× + = ;
• ...;
• ( )2020 1 2%A R× + = .
ou, utilizando as equações de atualização,
• ( )11 2%
RA =
+;
• ( )
2 21 2%
RA =
+;
• ...;
• ( )
20 201 2%
RA =
+ .
Como sabemos que 1 2 20... 25, 000A A A+ + + = , então,
( ) ( ) ( )2 3
25, 000 ...1 2% 1 2% 1 2%
R R R= + + ++ + +
( ) ( )19 20
...1 2% 1 2%
R R+ ++ +
Ficamos assim com uma equação a uma incógnita para a qual podemos encon-
trar solução.
A este tipo de equação mais abrangente do que a simples equação de capitali-
zação/atualização analisada atrás, damos o nome de equação de equivalência de
capitais. Esta representa o mesmo conceito daquela só que para mais do que um
fluxo de cada natureza: numa operação financeira, o conjunto de fluxos de uma
natureza tem que igualar o conjunto de fluxos de natureza contrária quando todos
estão representados no mesmo momento no tempo. Repare-se que todos os fluxos
naquela equação concreta estão representados no momento presente (os fluxos
futuros estão atualizados para hoje). Se não estivessem representados no mesmo
momento no tempo, a igualdade entre os fluxos de natureza contrária não se podia
estabelecer, pelo efeito dos juros que se vencem com o passar do tempo.
Introdução às
Finanças
António Gomes Mota
Clementina Barroso
Helena Soares
Luís Laureano
Fundamentos de Finanças
com Casos Práticos
Resolvidos e Propostos
Este livro pretende explicar a reso-
lução de uma série de casos prá-
ticos que abrangem as principais
matérias de finanças, desde a aná-
lise das empresas e mercados, pas-
sando pelas ferramentas de ava-
liação de novos projetos de investi-
mento, até ao detalhe da mecânica
do cálculo financeiro. As restrições
em termos académicos obrigam a
que os exercícios aqui incluídos
traduzam alguma simplificação da
vida real e possam ser resolvidos
sem grande dispêndio de tempo.
Deste modo, sentimos a necessi-
dade de completar a parte prática
com uma explicação, em cada capí-
tulo, dos princípios financeiros bási-
cos que sustentam a tomada de
decisão nas diversas áreas da vida
financeira. A teoria financeira deve
fugir a certas ideias e conceitos
deformados de ganho que se encon-
tram muito sedimentados no espí-
rito demasiado ganancioso da natu-
reza humana. Pretendemos chamar
a atenção para a verdadeira lógica
financeira e acompanhar os exercí-
cios práticos com uma série de
alertas que complementam e subs-
tanciam as conclusões dos cálculos
efetuados.
ANTÓNIO GOMES MOTA. É Pro-
fessor Catedrático na ISCTE Business
School – Instituto Universitário de
Lisboa. No âmbito da sua atividade
universitária criou e dirigiu diversos
programas de pós graduação e tem
lecionado temas nas áreas das finan-
ças empresariais, investimentos e
gestão de riscos. Foi Diretor da ISCTE Business School e
Presidente do INDEG/ISCTE. Tem desenvolvido em para-
lelo uma extensa atividade empresarial, sendo presen-
temente Presidente da SDC Investimentos, Vice-Presidente
dos CTT, Vogal do Conselho Geral e de Supervisão da
EDP. É ainda Vice-Presidente do Instituto Português de
Corporate Governance. É autor de diversos livros na
área de finanças e colabora regularmente nos meios de
comunicação.
CLEMENTINA DÂMASO DE JESUS
BARROSO. É Professora Associada
Convidada na ISCTE Business School
– Instituto Universitário de Lisboa.
Licenciada em Gestão (ISCTE-IUL), e
Revisor Oficial de Contas (ROC). Tem
lecionado cadeiras na área de finan-
ças em vários programas do 1º e 2º
ciclos. Desempenha atividades de direção e adminis-
tração de empresas. É autora de livros na área de Inves-
timentos Financeiros e Finanças de Empresa. No âmbito
da atividade universitária, foi diretora das licenciaturas
em Gestão e em Finanças do ISCTE-IUL e diretora geral
do INDEG/ISCTE.
HELENA SOARES. Possui licenciatura
em Gestão (ISCTE-IUL), MBA Finanças
(UCP) e parte letiva do Programa de
Doutoramento em Finanças de
Empresa (Universidade Complutense
de Madrid e Universidade Autónoma
de Madrid). É docente convidada da
ISCTE Business School – Instituto
Universitário de Lisboa onde tem lecionado diversas
cadeiras de Finanças, nas licenciaturas, mestrados e
pós-graduações. Desenvolveu atividade laboral na Banca
de Investimentos, por mais de uma década no setor de
Mercados Financeiros, com especial ênfase na gestão
de carteiras de títulos de Fundos de Investimento e
Fundos de Pensões.
LUIS LAUREANO. É Professor Auxiliar
na ISCTE Business School – Instituto
Universitário de Lisboa e investigador
na Business Research Unit (BRU-IUL).
É licenciado em Gestão (ISCTE-IUL),
mestre em Gestão de Sistemas de
Informação (ISCTE-IUL) e doutorado
em Gestão – especialização em Finan-
ças (ISCTE-IUL). Tem lecionado várias cadeiras na área
financeira em várias licenciaturas, pós-graduações e
mestrados. É ainda coautor de um livro sobre Análise
Financeira e coautor de artigos publicados em revistas
científicas nacionais e internacionais.
Introdução às
FinançasEDIÇÕES SÍLABO
Intro
du
çã
oà
sF
ina
nç
as
452
2ª EdiçãoRevista e atualizada
ISBN 978-972-618-779-0
9 789726 187790