Fundamentos Sobre Saneamento Do Meio

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A . L U C A S R O D R I G U E S FUNDAMENTOS DE SANEAMENTO DO MEIO 1. Resenha histórica sobre saneamento do meio Com o sedentarismo surgiram os primeiros aglomerados populacionais que cresceram e aperfeiçoaram-se a medida da melhoria das condições de vida e de um consequente aumento progressivo da necessidade em bens e serviços, que motivaram a divisão geral do trabalho. As exigências cada vez mais crescentes obrigaram o homem a retirar cada vez mais da natureza o que dela necessitava para a sobrevivência e comodidade – derrubou árvores para suprir as suas necessidades em matéria-prima, desflorestou grandes extensões com o objectivo de obter terrenos para agricultura e construção de cidades tendo impermeabilizado vastas áreas com o crescimento urbanístico. O crescimento e desenvolvimento foram se constituindo em factores de desequilíbrio ambiental, agravados com os despejos dos resíduos resultantes da actividade humana. A constante degradação do meio exigiu do homem a tomada de consciência, obrigando-o a pensar nas formas de o sanear (meio urbano e rural), construindo infra-estruturas para o efeito, por isso a questão do saneamento do meio é, desde os tempos mais remotos, principalmente com o surgimento da revolução industrial, preocupação constante do ser humano para melhoria da sua qualidade de vida. Uma rápida retrospectiva na antiguidade dá conta que os Homens, já naquela época, estavam preocupados com a evacuação dos dejectos. Elaborado por: António Lucas Rodrigues 1

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LUCAS RODRIGUES

FUNDAMENTOS DE SANEAMENTO DO MEIO

1. Resenha histórica sobre saneamento do meio

Com o sedentarismo surgiram os primeiros aglomerados populacionais que cresceram e

aperfeiçoaram-se a medida da melhoria das condições de vida e de um consequente

aumento progressivo da necessidade em bens e serviços, que motivaram a divisão geral

do trabalho.

As exigências cada vez mais crescentes obrigaram o homem a retirar cada vez mais da

natureza o que dela necessitava para a sobrevivência e comodidade – derrubou árvores

para suprir as suas necessidades em matéria-prima, desflorestou grandes extensões

com o objectivo de obter terrenos para agricultura e construção de cidades tendo

impermeabilizado vastas áreas com o crescimento urbanístico.

O crescimento e desenvolvimento foram se constituindo em factores de desequilíbrio

ambiental, agravados com os despejos dos resíduos resultantes da actividade humana.

A constante degradação do meio exigiu do homem a tomada de consciência, obrigando-

o a pensar nas formas de o sanear (meio urbano e rural), construindo infra-estruturas

para o efeito, por isso a questão do saneamento do meio é, desde os tempos mais

remotos, principalmente com o surgimento da revolução industrial, preocupação

constante do ser humano para melhoria da sua qualidade de vida.

Uma rápida retrospectiva na antiguidade dá conta que os Homens, já naquela época,

estavam preocupados com a evacuação dos dejectos.

Por esta razão surgiu na Roma antiga, a famosa “cloaca máxima”, um canal dos mais

antigos no mundo, para a evacuação dos esgotos, construída nos finais do século VI

a.C. pelos últimos reis de Roma, iniciada por Tarquínio Prisco e concluída por Tarquínio,

o Soberbo, que usufruíram da experiência desenvolvida pela engenharia etrusca,

relativo a Etrúria antiga província italiana, actual Toscana, para drenar as águas

residuais e o lixo de uma das populosas cidades do mundo para o rio Tibre, que

atravessa a cidade em direcção ao Mar Tirreno, a alguns quilómetros a Oeste.

Por ter sido construída por etapas, ela tinha troços onde a inclinação era insuficiente, o

que resultava em um lento escoamento dos esgotos provocando deposição de lamas.

Isto obrigava que a mesma fosse limpa de tempos em tempos, trabalho que era

realizado pelos prisioneiros de guerra.

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Uma descrição de Paris do século XII, válida para todas as sociedades europeias

daquela época, refere que as estradas eram de terra batida, não planas, lamacentas,

cobertas de lixo e dejectos por inexistência de estruturas para o escoamento das águas

usadas e recolha dos resíduos que se misturavam formando lamaçal fedorento. Estas

eram dificilmente transitáveis e os animais domésticos circulavam livremente a procura

de alimentação.

No século XIV em Paris, como em quase todos países da Europa, as águas sujas ainda

eram lançadas das janelas, sendo necessário com antecipação gritar – “gare l’eau “ (aí

vai água) – para não se molhar o passante.

Já no ano de 1697 (Século XVII) o Administrador Municipal de Paris queixou-se dos

moradores que lançavam lixos e águas sujas para as ruas pelas janelas.

A canalização de esgotos surgiu pela primeira vez em Paris, somente em meados do

século XIX, com objectivo de tornar o meio urbano mais salubre na perspectiva do

saneamento do meio como processo de afastamento responsável de todos os resíduos

e vectores patogénicos de forma a salvaguardar e proteger os valores sanitários,

ambientais, estéticos culturais ou mesmo funcionais.

2. Definição do conceito de saneamento básico e suas

componentes

Definição Lata e Clássica de Saneamento.

Conjunto de medidas que visa modificar e melhorar as condições do meio com a

finalidade de prevenir doenças e promover a saúde.

Estas modificações e melhoramento actuam indirectamente através de unidades de

preservação ou recuperação do melhor equilíbrio ecológico possível.

Nota: (a definição restrita e técnica de “ saneamento” significa apenas drenagem de

esgotos).

Componentes do saneamento Básico

O saneamento básico é a restrição do conceito de ”saneamento” na sua definição lata

e clássica e abrange intervenções no âmbito da engenharia sanitária, ou seja, das obras

de engenharia que visam a defesa da saúde pública na comunidade.

O saneamento básico abarca três (3) tipos de intervenções ou componentes:

1. Tratamento e distribuição de água;

2. Drenagem e tratamento de esgotos;

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3. Limpeza e destino final dos resíduos sólidos urbanos.

2.1. Tratamento e distribuição de água

2.1.1.Ciclo hidrológico

A água não é um recurso inesgotável tendo em conta o aumento constante do seu

consumo já que a sua existência é vital para a terra.

Estima-se em cerca de 1,3 biliões de km³ a quantidade de água existente na terra, como

único planeta solar com água em abundância, dos quais:

97,5% é constituído de água salgada dos oceanos.

1,8% encontra-se em forma de gelo nos Pólos.

0,65% está nos rios, lagos e lençóis de água.

A água é um recurso imprescindível para existência da vida na terra e tem como artérias

de transporte os ribeiros, rios e os lençóis freáticos que são muitas vezes interceptados

para serem utilizados na produção de energia, irrigação, e indústria, podendo também

ser poluída e tornar-se imprópria para o consumo. Tudo isso torna-a um recurso cada

vez mais difícil de encontrar na quantidade e qualidade que o homem necessita.

Ciclo Hidrológico

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A circulação que se realiza entre os oceanos, atmosfera e os continentes (águas

superficiais) ocorre por acção da energia solar. Esta inicia pela evaporação da água do

mar, da superfície terrestre e da evapotranspiração das plantas para a atmosfera e é

deslocada devido às correntes de ar. Parte da água evaporada condensa-se e se

precipita em forma de chuva, granizo ou neve.

Tal como a água da chuva, a neve e o granizo, após fusão, correm para os oceanos e

rios enquanto a outra parte infiltra-se no solo ou volta a evaporar-se. A água infiltrada,

por sua vez, ou é absorvida pelas plantas, ou alimenta as águas subterrâneas ou corre

em direcção aos rios, lagos e riachos através das fissuras das rochas.

A neve por seu turno, pode manter-se durante séculos, mas acaba por fundir e

evaporar-se.

2.1.2.Origem da água e sua importância

A água consumida pelo homem e utilizada para outros fins à sobrevivência dos seres

vivos tem a sua origem de:

Águas superficiais ou continentais – rios, nascentes, etc.

Águas subterrâneas.

Água do mar.

Para o consumo humano, ela deve ser tratada até a potabilidade ideal. Em regiões

marítimas isoladas e de muito baixa pluviosidade o recurso a água salgada, através da

dessalinização, costuma ser a solução mais viável. Os custos para este tipo de

tratamento são elevados em equipamentos e energia, não sendo possível a

implementação de projectos do género pelos municípios, sem a participação financeira

dos governos provinciais ou centrais, dadas as exiguidades orçamentais dos mesmos.

Quanto as origens da água doce, a do subsolo – águas subterrâneas – são em geral de

boa qualidade mas em quantidades limitadas.

Nas captações de superfície é possível dispor de maiores reservas através de

construção de barragens. Neste caso a qualidade é menor e não se dispensa um

tratamento completo e tecnicamente exigente. Por razões de ordem sanitária as

captações superficiais não devem ser feitas à jusante de captações de quaisquer fontes

de poluição ou contaminação.

2.2. Drenagem e tratamento de esgotos

2.2.1.Definição de esgotos

Elaborado por: António Lucas Rodrigues

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A água depois de utilizada pode provir de instalações sanitárias, cozinhas, zonas de

lavagem de roupa, de indústrias, etc. A estas águas dá-se o nome de esgotos.

O conceito porém, alargou-se até as águas pluviais ainda que estas apresentem menor

quantidade de matérias poluentes em certos casos. Por esta razão define-se esgotos

como “águas física, química e biologicamente modificadas após utilização ou

passagem em espaços e superfícies que alterem significativamente as suas

características”.

Nota: As águas resultantes da precipitação atmosférica muitas vezes já vêm

carregadas de poluentes atmosféricos antes de atingirem a superfície terrestre.

Estes poluentes resultam da utilização de combustíveis fósseis, como o carvão,

petróleo e gás natural que liberta para atmosfera grande quantidade de dióxido de

carbono, podendo também libertar nitrogénio e enxofre.

Estas substâncias combinadas com a água da chuva dão origem a formação de

ácido carbónico, ácido nítrico e ácido sulfúrico, sendo os dois últimos mais

corrosivos e poluentes que o ácido carbónico.

2.2.2.Tipo de esgotos e de sistemas

Os esgotos dividem-se em três tipos, consoante a sua origem:

1. Esgotos domésticos ou águas residuais domésticas são os que provêm das

habitações e similares que por sua vez se subdividem em águas negras e

servidas (águas saponárias).

2. Esgotos industriais ou águas residuais industriais derivam da actividade industrial

– processo de produção.

3. Esgotos pluviais ou águas pluviais resultam da precipitação atmosférica e nestes

estão englobados as águas de lavagem de arruamentos, da rega de espaços

verdes, de refrigeração, etc.

Com base no que acima foi enunciado, há a considerar duas categorias fundamentais

de sistemas de escoamento dos esgotos:

1 – Sistema separativo

Este é constituído por duas redes distintas de colectores, uma para águas

residuais domésticas e industriais (tendo as últimas um pré-tratamento na origem)

e outra para águas pluviais.

2 – Sistema unitário

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Neste caso existe uma única rede de colectores que escoam as águas residuais

domésticas, industriais e pluviais.

Porém, podem ainda existir sistemas mistos constituídos uma parte por rede

separativa e na restante (jusante) por rede unitária.

2.2.3.Sistema convencional de drenagem

No sistema convencional existem três grandes grupos: as canalizações, os órgãos do

sistema e os elementos acessórios das redes.

Nas canalizações consideram-se os colectores, interceptores emissários e suas

componentes:

Colectores – correspondem as canalizações onde ligam os ramais domiciliares e

outros.

Interceptores – Interceptam ou recolhem os esgotos dos colectores – não

recebem directamente os esgotos dos ramais domésticos salvo em situações

especiais.

Emissários – Conduzem os esgotos para um destino que podem ser estações de

tratamento de águas residuais (ETAR) ou corpos de água (mar, rios, etc.) no caso

de esgotos pluviais. Nestes não ligam nem ramais nem colectores sendo o

funcionamento, nestes 3 tipos de tubagem, gravítico.

Valas de drenagem – Valas de drenagem a céu aberto, com ou sem

revestimento são construídas para escoarem grandes quantidades de águas

pluviais quando há chuvas intensas, elevações acentuadas e quando as

urbanizações estão situadas a um nível inferior de forma a evitar inundações e

outras catástrofes.

Estas devem ser limpas, desassoreadas e reperfiladas, quando não revestidas,

principalmente após cada época chuvosa ou sempre que necessário.

Os órgãos ou componentes do sistema são:

Estações elevatórias – Funcionam em pressão e elevam os esgotos sempre que

as condições locais não permitem o escoamento gravítico.

Estações de tratamento de águas residuais (ETAR) – Locais onde os esgotos

são tratados antes de serem encaminhados para um curso de água.

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As estações de tratamento são os órgãos fundamentais do sistema, e englobam

também outras pequenas instalações complementares como: estações

elevatórias, bacias de retenção, desarenadores, etc.

Nos elementos acessórios das redes há:

As caixas de visitas, como elementos principais, permitem o acesso aos

colectores, interceptores e emissários para inspecção e limpeza. Estas são

construídas:

1. Na ligação entre os colectores, interceptores e emissários.

2. Nos pontos de mudança de direcção, de inclinação ou de diâmetros dos

colectores, interceptores e emissários.

3. Nas quedas (diferença acentuada de cotas).

4. Nos alinhamentos rectos, com afastamento máximo de 30 a 60 metros em

colectores ou 100 metros em interceptores e emissários visitáveis.

A distância de afastamento entre caixas de visita depende do diâmetro do

colector, interceptor e emissário quando não são visitáveis.

Sarjetas e sumidouros – para recolha das águas pluviais.

Entrada lateral – sarjeta

Entrada superior – sumidouro

Descarregadores – utilizadas nas redes unitárias para descarga de caudais

excessivos em relação a capacidade da tubagem ou dos órgãos de tratamento.

2.2.4.Tratamento de esgotos

Estações de tratamento de águas residuais – ETAR

Como já se fez referência, as ETAR´s são infra-estruturas construídas para tratamento

de águas residuais domésticas e industriais antes de serem descarregadas para um

curso de água.

Uma estação de tratamento ou depuração pôde diminuir de 70% a 95% os agentes

poluentes, sendo o resto lançado em correntes de água de débito elevado por

considerar-se que o meio natural pode encarregar-se de depurar.

As estações de tratamento são divididos em:

1- Tratamento primário

- Separação dos detritos volumosos (plásticos, folhas, etc.).

- Decantação das partículas em suspensão. Estas são chamadas lamas primárias

e as quantidades de matéria orgânica são reduzidos em 40%.

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2- Tratamento secundário

- Utilização de discos rotativos, turbinas com hélice, escovas rotativas, insuflação

de ar, etc., para oxigenar o meio, fornecendo às bactérias o oxigénio que

necessitam para sua multiplicação e decomporem a matéria orgânica em matéria

mineral.

Fossas sépticas e órgãos complementares

As fossas sépticas são unidades estanques onde as águas residuais são objecto de um

tratamento físico (sedimentação e flotação) e biológico (digestão anaeróbia).

A reduzida velocidade conduz à sedimentação de matéria sólidas formando uma

camada de lamas no fundo da fossa e à flotação das matérias menos densas para a

superfície formando escuma (acção física).

A acção biológica consiste na transformação da matéria orgânica em material mineral

estável através da acção de bactérias anaeróbias, reduzindo o volume das lamas em

cerca de 75% com libertação de gases.

Os microrganismos (bactérias) retiram o oxigénio do ar ou das substâncias orgânicas

existentes nos esgotos e decompõem-na numa acção de oxidação.

As fossas devem ser implantadas a distâncias que não afectem as estruturas das

residências ou edifícios. Elas e os seus órgãos devem estar suficientemente afastadas

de fontes de água para prevenir riscos de contaminação.

Os órgãos complementares das fossas são:

1- Trincheira de infiltração

São valas que abertas em terrenos permeáveis nas quais são instaladas tubos

perfurados ou com juntas abertas e envolto em material drenante e depois aterradas.

Características dos terrenos onde são abertas as trincheiras:

- Boa permeabilidade à superfície

- Pequenas inclinações

- Impermeáveis em profundidade

2- Poço absorvente (poço roto)

Tal como a trincheira de infiltração o poço absorvente também utiliza o terreno como

destino final das águas residuais.

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É constituído por escavação cilíndrica que atravessa camadas permeáveis, sendo as

paredes laterais construídas em alvenaria de tijolo ou pedra com juntas abertas ou anéis

de betão perfurado.

Características do terreno:

- Nível freático baixo

- Permeabilidade razoável ou grande

- Inexistência de captações de água nas proximidades

Estes apresentam maiores riscos sanitários na medida que a eficiência da filtração

biológica é menor e a carga hidráulica superior. Contudo constituem uma solução mais

económica.

2.2.5.Soluções locais

As soluções locais são as consideradas para deposição e tratamento de esgotos ali

onde não existe implantada rede pública de colectores.

As soluções encontradas nestes casos são as latrinas que podem ser:

1- Latrina com fossa seca ou latrina seca

2- Latrina com fossa de compostagem

3- Latrina com fossa absorvente ou latrina melhorada

As latrinas são constituídas de poço aberto no terreno com ventilação encimada por uma

instalação sanitária composta por bacia de retrete ou descarga directa não sinfonada.

A existência de ventilação permite o controlo dos cheiros e moscas. Estes constituem os

inconvenientes tradicionais das fossas não ventiladas. O tubo de ventilação

recomendado é no geral não inferior a 150 mm e a sua instalação deverá ser do lado de

maior exposição solar criando uma corrente ascendente de sucção por aquecimento do

ar interno. A porta ou a janela deverá ser orientada para o lado do vento dominante para

permitir a ventilação e a iluminação natural mas não a entrada directa da luz solar. O

tubo deve ultrapassar a cobertura em pelo menos 50 cm e a extremidade deve ser

coberta com rede milimétrica.

As fossas têm em geral um tempo de vida útil que vai de 8 a 10 anos em média quando

dimensionadas com valores na ordem de 0,06 m³/(hab. x ano);

Volume da fossa = n.º Hab. x contr. m³/(hab. x ano) x n.º Ano

N.º Hab. – número de habitantes;

Contr. m³/(hab. x ano) – contribuição por habitante ano em m³ (0,06);

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N.º Ano – número de anos;

O poço deve situar-se no mínimo 1,5 m acima do nível freático e afastado de fontes de

água para consumo.

1. Latrina com fossa seca ou com fossa de compostagem

A necessidade de revestir a parede ou não dependerá das condições litológicas locais

(solos de formação rochosa). Findo a vida útil deve ser esvaziada para reutilização (ter

muito cuidado nesta operação sob o ponto de vista sanitário) ou posta fora de serviço

através da sua cobertura com camada de terra.

Estas também podem ser utilizadas para produção de compostos orgânicos mediante

mistura dos excretas com outros resíduos domésticos (palha, folhas, ervas, lixo

doméstico orgânico, etc.). O período da formação do composto varia de 1 a 6 meses em

função das condições climáticas mas não se aconselha a sua retirada em períodos de

menos de 12 meses. Devido a temperatura atingida na compostagem (50 a 60C) o

composto pode considerar-se inofensivo do ponto de vista sanitário.

Nestes casos torna-se necessário a duplicação da fossa para permitir a alternância

enquanto se processa a compostagem.

2. Latrina com fossa absorvente

Em locais onde exista disponibilidade de água e poucos riscos de contaminação das

águas subterrâneas a solução pontual alternativa é a latrina com fossa absorvente

também designado popularmente como poço roto. Nestas instalações pode haver

dispositivos de descarga e bacias com fecho hídrico (sifão hidráulico) para evitar que os

cheiros provenientes da fossa não entrem para o interior da caseta.

Nestas fossas as paredes devem ser revestidas com intervalos nas juntas entre as

pedras ou alvenaria (tijolo ou bloco de cimento).

Os tubos de ventilação utilizados são de menor diâmetro comparativamente à latrina

com fossa seca.

Estas também são designadas como latrinas melhoradas. A metodologia de construção

é a mesma descrita na introdução do subcapítulo.

2.3. Limpeza e Destino Final dos Resíduos Sólidos Urbanos

A importância dos serviços de limpeza reside no facto de observar-se com rigor

necessário os efeitos maléficos que o lixo poder provocar através dos:

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1- Aspectos sanitários

Agentes físicos

Neste caso refere-se o facto do lixo acumulado nos espaços baldios e ruas, nas

margens dos cursos de água, canais de drenagem e em encostas acabar por provocar

aspectos desagradáveis com todos os riscos que estes representam, como perigo de

incêndios, assoreamento e o deslizamento dos taludes, respectivamente.

Agentes químicos

A poluição atmosférica causada pela queima do lixo a céu aberto e a contaminação da

água por substâncias químicas presentes na massa de resíduos são exemplos típicos

desta acção sobre a saúde das pessoas e ambiente.

Agentes biológicos

O lixo mal acondicionado ou depositado a céu aberto constitui-se em foco de

proliferação de vectores transmissores de doenças (ratos, baratas, moscas, etc.).

2- Aspectos estéticos e de bem-estar

A exposição indevida do lixo gera incómodos à população, tanto pelo seu mau odor

quanto pela poluição visual e degradação do espaço onde é lançado.

3- Aspecto económico – financeiro

O lixo, uma vez aproveitado, pode ter custos reduzidos em termos da sua recolha e

deposição final.

O seu aproveitamento é feito através da reciclagem de materiais recuperáveis (papel,

plástico, metal, vidro, etc.), da fabricação de composto orgânico ou ainda, do

aproveitamento do gás metano produzido durante a sua decomposição na ausência de

oxigénio.

4- Aspecto social

É comum, nas lixeiras e até mesmo nas ruas, a existência de um considerável número

de pessoas que buscam na separação e comercialização de materiais reutilizáveis e

recicláveis como uma alternativa para o seu sustento e da sua família. Isto se dá em

condições sub-humanas.

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Entretanto, é possível manter esta actividade económica em condições adequadas de

trabalho. É necessário para o efeito, a criação de unidades que trabalhem na

beneficiação do lixo, ou seja, aquelas que trabalham no sentido de lhe darem um

aproveitamento económico através da elaboração de programas de recolha selectiva.

2.3.1.Definição e tipologia

Na linguagem corrente lixo é basicamente, todo e qualquer resíduo sólido proveniente

das actividades humanas ou gerado pela natureza em aglomerações urbanas e rurais,

como folhas, galhos de árvores, terra e areia espalhados pelo vento, etc.

As necessidades da vida urbana e o desenvolvimento técnico e tecnológico fizeram com

que esta noção fosse alargada e admitida neste vocábulo certos resíduos volumosos e

não só, provenientes das habitações e de outras actividades. Esta extensão não pode

ser feita sem limitações tendo em atenção as possibilidades de recolha e os processos

de tratamento.

Com este alargamento passou-se a chamar resíduos sólidos urbanos (R S U), definidos

como lixos resultantes da actividade humana e classificados de acordo com a sua

origem em várias categorias.

Geralmente, as definições das várias categorias de resíduos sólidos urbanos são

espelhadas em Regulamentos Municipais assim como os respectivos tratamentos a dar

a cada uma das categorias.

Síntese Classificativa

Resíduos Sólidos Urbano

Resíduos domésticos/similares

1. Resíduos comerciais

2. Resíduos de limpeza de espaços públicos

3. Resíduos dos artesãos

4. Restos de poda de árvores

Resíduos Industriais

Resíduos Hospitalares

Resíduos Florestais e Agro-industriais

Resíduos Especiais

Restos de demolições

Sucatas de veículos e outras

Rejeitos de obras

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Resíduos volumoso (monstros)

Lamas de esgotos

Produtos explosivos e radioactivos

2.3.2.Componentes da gestão de resíduos sólidos urbanos

Componentes Fundamentais

1. Remoção

Deposição

Recolha

Transporte

2. Limpeza Pública

Varredura

Capina

Limpeza de feiras

Limpeza das praias

Limpeza de sumidouros e sarjetas

3. Destino Final

Despejo / transferência

Eliminação

Reutilização/reemprego

Tratamento /valorização

A operação de eliminação visa depositar em aterro, incinerar, etc.

O tratamento/valorização visa a reciclagem, a compostagem e o aproveitamento

energético.

1. Organização do sistema de remoção

Dependendo das características do meio urbano ou rural as soluções admitidas para a

deposição são condicionadas, em regra, pela solução adoptada para a recolha do lixo.

No caso de recolha domiciliar ou porta a porta feita por tractores com reboque ou

camiões a deposição é feita em recipientes tais como:

- Recipiente tradicionais

Tambores, baldes, etc. (recipientes recuperáveis).

Desvantagens:

Oferecem poucas garantias do ponto de vista sanitário.

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Exige maior quantidade de mão-de-obra.

Torna a recolha lenta.

- Sacos não recuperáveis

Menores garantias sanitária em relação ao sistema de contentores quando os

sacos não são apropriados.

Os sacos de compras não são adequados porque apresentam inconvenientes

como:

Pequeno tamanho e fácil ruptura, além de aumentar as quantidades de

plástico no destino final.

A recolha pública e domiciliar é uma solução muito utilizada nas grandes cidades e os

recipientes mais utilizados são:

Recipientes especiais para recolha hermética

Contentores domiciliares individuais (capacidade 35 ou 50 litros)

Contentores domiciliares colectivos (capacidade 76 até 150 litros) com

despejos automáticos.

Vantagens

Maiores garantias do ponto de vista sanitário

Desvantagens

Investimentos altos para a implementação do sistema

Recolha pública com despejo automático ou troca de recipiente

Contentores públicos colectivos (capacidade 1.100 litros)

Contentores de grande porte (capacidade 10 á 15 m3) “roll off roll on”

A localização, a capacidade e o número de contentores a colocar devem obedecer um

estudo prévio tendo em atenção, os trajectos a efectuar pelos utentes (beneficiários)

pois eles não devem ultrapassar distâncias superiores á 100 m, tendo em conta as

capitações previstas e as frequências das recolhas.

Dependendo do sistema de remoção adoptado a recolha poderá ser:

Recolha regular ou normal

Recolha especial

Recolha pelos próprios Produtores

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A recolha normal é a efectuada pela autoridade municipal ou autorizada por esta

contratualmente e é executado segundo horário preestabelecido com periodicidade

variáveis entre 1 à 6 vezes por semana.

A recolha dos grandes produtores será feita pelos mesmos ou pelo operador através de

contratos celebrados entre os mesmos.

No caso de recolha por contentores a definição dos circuitos deve ser objecto de

atenção especial de forma a obter a optimização com vista a reduzir os percursos e

consequentemente reduzir as quantidades em combustíveis e os tempos de recolha.

A escolha das viaturas é um dos aspectos importantes da organização de recolha

embora dependa fundamentalmente dos aspectos locais.

Os veículos normalmente indicados para as actividades de recolha são camiões com

carroçarias sem compactação e compactadoras.

As instituições municipais ou governamentais que não tenham condições financeiras

para aquisição e operação de veículos compactadores de recolha podem solucionar o

problema fazendo recurso ao uso de equipamentos menores como:

Camião basculante convencional ou com portinholas laterais de 5 m³ de

capacidade, montados em chassis leves;

Carroças com tracção animal, com capacidade para transportar 1,5 a 3,0 m³

de lixo utilizáveis até em áreas inacessíveis a outros

equipamentos;

Microtractor agrícola com atrelado de madeira pode ser uma

boa opção para áreas de difícil acesso

2. Organização da limpeza pública

A varredura é a principal actividade de limpeza pública.

O serviço de limpeza das vias públicas tem por objectivo evitar:

Problemas sanitários para a comunidade;

Interferências perigosas no trânsito de veículos (ex.: derrapagem);

Riscos de acidentes para pedestres (ex.: escorregar em casca de banana);

Prejuízos ao turismo;

Inundações das ruas pelo entupimento das sarjetas e sumidouros.

O conjunto dos resíduos como areia, folhas arrastadas pelo vento, papéis, pontas de

cigarro, por exemplo, constituem o chamado lixo público, cuja composição em cada local

é função da:

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Arborização existente;

Intensidade do trânsito automóvel;

Revestimento e estado de conservação das estradas, bermas e passeios;

Uso dominante (residencial, comercial, etc.);

Circulação de pedestres.

A capina também é uma actividade muito importante a ser executada pelos serviços de

limpeza pública, não apenas em ruas e passeios sem asfalto, mas também nas margens

de rios e canais.

A limpeza das feiras e praias é tarefa dos serviços de limpeza pública. No caso da

primeira a operação deve ser realizada logo após o término (da feira), pois é preciso

desobstruir tão rápido quanto possível o trânsito na via pública. Quanto ao lixo das

praias, composta basicamente de resíduos descartados pelos banhistas e detritos

trazidos pelas marés com alguma areia a mistura, a operação de limpeza deve ser

regular conforme a intensidade de utilização e efectuada manual ou mecanicamente.

A limpeza de sumidouros e sarjetas é uma actividade que deve ser executada

regularmente com a varredura e tem por objectivo garantir o perfeito escoamento das

águas pluviais e impedir que o material sólido retido, durante as chuvas, seja arrastado

para o ramal e colectores.

Um factor que muito influencia a limpeza de uma cidade é o grau de educação

sanitária da população.

Todos deveriam estar conscientes que mais importante que limpar é não sujar!

3. Destino final

O destino ou deposição final, como o próprio nome sugere, é a última fase de um

sistema de limpeza urbana. Geralmente esta operação é efectuada imediatamente após

a recolha.

Quando o destino final for relativamente afastado dos locais de recolha e as quantidades

de resíduos forem significativas justifica-se postos ou estações de transferências.

Os postos de transferências são infra-estruturas construídas para despejos dos lixos

com finalidade de serem transportados para o destino final. Nestes postos é efectuada

uma compactação adicional.

O destino final dos resíduos sólidos urbanos (RSU) mais utilizado é:

Elaborado por: António Lucas Rodrigues

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Page 17: Fundamentos Sobre Saneamento Do Meio

A.

LUCAS RODRIGUES

Compostagem: Trata-se do método para decomposição do material orgânico existente

no lixo, sob condições adequadas, de forma a se obter um composto orgânico para

utilização na agricultura. A produção de composto só é possível após triagem dos vários

componentes que constituem os RSU e que não entram no processo de fermentação.

Apesar de ser considerado um método de tratamento, a compostagem também pode ser

entendida como um processo de destino final da matéria orgânica presente no lixo. Isto

porque possibilita enorme redução da quantidade de material a ser depositado no aterro

sanitário (somente o que for rejeitado no processamento é depositado no aterro).

Reciclagem: É o processo de recuperação dos materiais existentes no lixo urbano e

tem cada vez maior aceitação no mundo. As vantagens económicas, sociais, sanitárias

e ambientais sobre os outros métodos são evidentes.

Este processo constitui uma forma importante de recuperação energética,

especialmente quando associado a um sistema de compostagem. Apenas alguns

componentes do lixo urbano não podem ser reaproveitados. É o caso de louças e restos

de aparelhos sanitários, que até ao momento, pelo menos, não tem nenhum

aproveitamento económico.

Outros são considerados resíduos perigosos, como por exemplo restos de tinta, pilhas e

baterias. Estes devem ser separados para evitar a contaminação do composto.

Dependendo das características regionais, a reciclagem pode representar um factor

importante para redução de custos dentro do sistema de limpeza urbana.

Incineração: O processo de incineração tem como objectivo a mineralização completa

do RSU de modo a tornarem-se substância estáveis e inócuas não só a curto mais

também a longo prazo.

Este processo, realizado em fornos incineradores, reduz os RSU em cerca de 30% do

seu volume inicial.

Nestes fornos as temperaturas variam entre os 300 a 1000 ºC (ou mais) para se

conseguir melhor destruição da matéria orgânica e de gases malcheirosos.

Os resíduos provenientes deste processo também chamado escória é arrefecido com

água para posterior deposição no aterro sanitário podendo fazer--se a prévia recolha de

metais.

O calor da combustão pode ser aproveitado para produção de vapor de água.

Elaborado por: António Lucas Rodrigues

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Page 18: Fundamentos Sobre Saneamento Do Meio

A.

LUCAS RODRIGUES

A incineração exige elevados custos de instalação e montagem. A sua instalação

obedece a um plano integrado de gestão de RSU (recolha, transporte triagem e métodos

de tratamento e deposição final aplicáveis na área em questão)

Aterro (controlado e sanitário): Este é o método de deposição final do lixo no solo que

podem ser amplamente empregues. A rigor, é o único método de deposição final

propriamente dito e a técnica consiste basicamente na utilização dos princípios de

engenharia para:

a) Redução dos resíduos ao menor volume possível através do espalhamento e

compactação em camadas no solo empregando-se, por exemplo, um

compactador de esteira ou “pé de carneiro”;

b) Cobertura e compactação com uma camada de terra ou outro material inerte

no final de cada operação diária;

c) Em conjunto com os ambientalistas adoptar procedimentos para protecção do

ambiente.

Aterros sanitários são locais onde os resíduos sólidos são enterrados de modo que não

resultem danos para o ambiente e deverão estar dotados de:

Infra-estrutura de segurança e outras como:

Acesso ao local e arruamento interiores;

Vedação de rede;

Portaria;

Balança rodoviária;

Sede administrativa, vestiário, sanitário e refeitório;

Sector de oficina de manutenção, recauchutagem e abrigo para os

equipamentos;

Instalação de serviços básicos (água, luz, rede e de esgotos, telefones e vias

de acesso).

Método construtivo do aterro controlado/sanitário e operação

Os aterros podem ser em superfícies, trincheira ou em rampa. Há três factores a

considerar:

1. Topografia da área;

2. Tipo de solo;

Elaborado por: António Lucas Rodrigues

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Page 19: Fundamentos Sobre Saneamento Do Meio

A.

LUCAS RODRIGUES

3. Profundidade do lençol freático.

A análise desses factores determinará o método a empregar dentre as três

possibilidades existentes que são:

1. Trincheira;

Método de trincheira – É a técnica mais apropriada para terrenos que sejam planos ou

poucos inclinados, e onde o lençol freático esteja situado a uma profundidade maior em

relação à superfície.

2. Rampa;

Método da rampa – É o indicado quando a área a ser aterrada é plana, seca e com um

tipo de solo adequado para servir de cobertura. A permeabilidade do solo e a

profundidade do lençol freático confirmarão ou não o uso desta técnica.

3. Área

Método da área – É uma técnica adequada para zonas baixas, onde dificilmente o solo

local pode ser utilizado como cobertura. É necessário retirar o material em locais de

empréstimo que, para economia de transporte, devem estar localizadas o mais próximas

possível do local a ser aterrado.

Eis as regras básicas gerais para operação em aterros sanitários:

1. O espalhamento e a compactação do lixo deverão ser efectuados, sempre que

possível, de baixo para cima, a fim de se obter um melhor resultado;

2. Para uma boa compactação, o espalhamento do lixo deverá ser feito com um

compactador dando três a seis passadas sobre a massa de resíduos, em

camadas não muito espessas de cada vez;

3. A altura da célula deve ser de 2 a 3 metros para que a decomposição do lixo

aterrado ocorra em melhores condições;

4. A camada de solo de cobertura ideal é de 20 a 30 cm para as coberturas

diárias de lixo;

5. Uma nova célula deverá ser instalada no dia seguinte em continuidade à que

foi incluída no dia anterior;

6. A execução de uma célula em sobreposição à outra ou a cobertura final do lixo

só deverá acontecer após um período de cerca de 60 dias;

7. A camada final de material de cobertura deverá ter no mínimo 50 cm;

8. A largura da célula deverá ser a menor possível (em geral, suficiente para

descarga de três a cinco camiões de recolha)

Elaborado por: António Lucas Rodrigues

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LUCAS RODRIGUES

Diferenciação entre aterro controlado e sanitário

Para o controle da poluição é suficiente a drenagem superficial, a boa

impermeabilização da base e a cobertura diária do lixo depositado. Com estas

providências, o líquido de lixiviação produzido fica contido na massa do lixo, evitando a

contaminação dos corpos d’água.

É daí que vem a diferenciação básica entre os aterros controlados e os sanitários.

Requisito para o segundo é a implantação indispensável do sistema de captação e

tratamento do líquido de lixiviação enquanto que o primeiro pressupõe um terreno com

características naturais favoráveis (solo pouco permeável e lençol freático profundo).

Por exigir menores recursos para implantação e operação, o aterro controlado

apresenta-se como a opção mais acessível à maioria das cidades angolanas.

De forma sintética apresentou-se alguns fundamentos elementares sobre o saneamento do meio

com particular realce para o “Saneamento Básico”, pressuposto fundamental para o bem-estar da

população tendo em conta a preservação do ambiente.

Resumido por António Lucas Rodrigues, formador/colaborador do IFAL, para o curso intensivo

de capacitação aos administradores Municipais e Comunais no Módulo de Gestão de Limpeza,

Saneamento e Ambiente com base na bibliografia abaixo discriminada:

Bibliografia:

- Manual de ambiente e saneamento básico - A. Silva Afonso

- Taschenbuch der Abwasserentsorgung – Deutschenverlag

- Cartilha de Limpeza Urbana – CPU/IBAM (Brasil);

- Monografias de saneamento do ambiente – Escola nacional de saúde pública (Portugal)

Assinatura

António Lucas Rodrigues

Elaborado por: António Lucas Rodrigues

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