Fundinho Cultural 24º edição

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FUNDINHO MÚSICA E MEMÓRIA Especial: Festival de Cordas Nathan Schwartzman 8ª edição “Amo a música. Acredito na melhoria do planeta. Confio que nem tudo está perdido. Creio na bondade do ser humano. E percebo que a loucura é fundamental. Viver é ótimo!” Elis Regina Um Jornal do bairro Fundinho . Uberlândia . MG . Brasil OUTUBRO 2012 - Nº 24 - ANO X

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Fundinho Cultural 24º edição/ outubro

Transcript of Fundinho Cultural 24º edição

FUNDINHO

MÚSICA E MEMÓRIA

Especial:Festival de Cordas

Nathan Schwartzman8ª edição

“Amo a música. Acredito na melhoria do planeta. Confio que nem tudo está perdido. Creio na bondade do ser humano.

E percebo que a loucura é fundamental. Viver é ótimo!” Elis Regina

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OUTUBRO 2012 - Nº 24 - ANO X

Perfil

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Cora Pavan Capparelli

Uma vida dedicada à música

onamento dos cursos superiores, paraseu reconhecimento. Em 1961 diplo-mou-se uma primeira turma de conclu-intes em piano e acordeom (cursossuperiores). O primeiro fiscal federalpara os cursos superiores de músicafoi o Doutor Aniceto Maccheroni, naépoca indicado pelo ministério de edu-cação. Em 1964 consegui a definitivaencampação do Conservatório Musical.Em 1969 eu passei a parte do cursosuperior para a nascente Universida-de de Uberlândia, porque antes esta-va funcionando como escola superiorisolada.Durante a encampação da escolapara tornar-se estadual, fiz o pedi-do para o conservatório chamar-seLadário Cardoso Teixeira mas ostrês deputados estaduais da época,eleitos por Uberlândia: Homero San-tos, Valdir Melgaço e João PedroGustin, insistiram em colocar o meunome na escola.

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A minha inesquecível professora de piano:Dona Amanda Carneiro.”

A agenda repleta dos dias desta respeitável senhora, em sua oitavadécada, testemunham o quanto o ser humano pode desenvolver emqualquer etapa de sua vida, desde que se sinta saudável e feliz. Sempreum exemplo de vitalidade e dedicação ao grande ideal de sua vida, amúsica, Cora Pavan Capparelli, vive prazerosos dias em prol do Festivalde Cordas em sua oitava edição. Ao intermediar particular momento,sobre sua vida e carreira, Cora, ao lado do grande amor de sua vida,Vitório, recebe-nos mais uma vez em sua aconchegante residência, paraeste relato entre pautas musicais.

“Fundei o Conservatório Musical de Uberlândia em 1957!

casa ótima, ampla, clara, na Rua San-tos Dumont. Com o passar do tempofizemos um projeto de encampaçãopara o conservatório, quando tive aorientação dos advogados Dr. CarlosAlberto Luz, Dr. Jacy de Assis e Dr. Jua-rez Altafim. Enviei o projeto para BeloHorizonte, e comecei também a traba-lhar no Ministério da Educação, paraque tomassem conhecimento do funci-

O Conservatório musical começou afuncionar no prédio na Avenida AfonsoPena, em frente ao Banco do Brasil, queera de propriedade da família do pro-fessor Milton Porto. Depois, avalizadapor meu pai, Angelino Pavan, alugueiuma casa grande, na Rua Tenente Vir-mondes, para funcionamento do Con-servatório. Fomos a seguir para uma

as de Uberlândia, e das cidades deItuiutaba, Araguari, São João Del Rey -do centro sul de Minas Gerais e de umgrupo considerável de alunos de Ara-xá, de Catalão - Goiás, de Brasília - Dis-trito Federal, Santa Maria e Pelotas -Rio Grande do Sul, São José do Rio Pre-to-SP e provavelmente de outras cida-des brasileiras. Estamos acreditandoque virão cerca de 30 professores con-vidados, em torno de 400 alunos, epessoas que querem ter a oportunida-de de assistir as aulas, participar dosMaster Classes, dos conjuntos que seformam aqui, e dos eventos artísticostambém.No dia 7 de outubro faremos a abertu-ra oficial do Festival, no anfiteatro daCDL, a Câmara dos Diretores Lojistasde Uberlândia. Na segunda feira, dia 8de outubro, à noite, uma apresenta-ção de violinos será a grande atraçãodo Festival, no Teatro Rondon Pache-co. Nos dias 9 e 10 se apresentarãogrupos que vem de fora na Catedralde Santa Terezinha. Os dias 11 e 12de outubro, reservamos para apresen-tações de professores estrangeiros,que vem para ministrar aulas, mas seapresentarão ao público. Kirsten Ion éviolinista e Jeffrey Noel Lastrapes, vio-loncelista, vem de uma universidade te-xana. Daphne Gerling, violista, violaacústica, vem de Charllottesville, naVirgínia. Teremos no mínimo 6 grandes recitais,e o recital maior de encerramento doVIII Festival de Cordas NathanSchwartzman, ocorrerá no domingo,dia 14 de outubro, no Center Conven-tion, Center Shopping de Uberlândia.Vão se apresentar neste importanteevento, muitas crianças a partir da ida-de de 7 anos, que já estão começandoa tocar os instrumentos musicais. UmFestival com a participação de profes-sores e alunos. Luisa Volpini é umaprofessora, que vem especialmente,para trabalhar com as crianças e pre-parar suas apresentações. Estamosesperando mais duas mestras especi-alistas na área infantil, para juntar-seconosco neste evento. O nosso objeti-vo este ano é que os alunos de Uber-lândia tenham aulas com estes profes-sores especialistas. Os locais para es-tes laboratórios, foram especialmente

preparados, para que os alunos pos-sam ler música, e se acostumar com osseus instrumentos, e treinar músicasnovas.Tivemos nos anos anteriores a presen-ça de um público de 1.200 a 1.500 pes-soas no encerramento do Festival, noCenter Convention. Nas outras apre-sentações no teatro, tivemos a presen-ça de 400 a 500 pessoas diariamente.Esperamos que neste ano de 2012 opúbico compareça e o sucesso se repi-ta.

Master Classes é um professorimportante, famoso, que vai traba-lhar com pessoas, que já tem al-gum avanço na música. Nas ofici-nas os professores vão trabalharpeças, resolver problemas.

Meus filhos

Cristina Capparelli Gerling, casadacom o maestro Fred Gerling, doutor emmúsica, tem quatro filhas, a Daphne,que é violista e cantora. A Ingrid é vio-linista e cantora de bossa nova com umconjunto de americanos. Ela mora emHouston no Texas. A Adelaide é enfer-meira e trabalha somente em UTI neo-natal e mora em Chicago. A Ariadne éformada em relações internacionais etem três filhos. Mora com seu marido efilhos em Vaccallo na Suiça.

Vitório Amilcar é engenheiro, sua es-posa Vânia Maria França Capparelli.Eles tem 2 filhos, Pedro Paulo, enge-nheiro civil e Thiago, advogado.

Silvio Demétrio é médico, a sua espo-sa, Adriana Freitas Capparelli. Eles tem2 filhos, Helena, formada em engenha-ria ambiental e o Guilherme, formadoem economia.

O grande amor da minha vida, o Vi-tório, que é de Uberlândia e tinha mo-rado 9 anos no Rio de Janeiro. Esta-mos casados há 63 anos.

Minha mãe, Adélia de OliveiraMarquez Pavan, não tocava nenhuminstrumento, mas tinha uma linda voze adorava cantar.

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O grande evento musical do ano emUberlândia: O Festival de CordasNathan Schwartzman

O Festival de Cordas NathanSchuartzman começou em 2004. Oobjetivo, com a criação deste Festival,foi dar oportunidade às pessoas, queresidindo aqui em Uberlândia, pudes-sem estudar e avançar nos conheci-mentos de música para a área de cor-das a arco. Nós tínhamos professoresde violino e de viola, mas, durantemuito tempo estávamos sem professo-res de violoncelo e contrabaixo acústi-co. O festival veio garantir-nos a opor-tunidade da presença destes profes-sores e o ensino destes instrumentos.

Quem é Nathan Schwartzman?Presto uma homenagem ao queridoprofessor Nathan Schwartzman, colo-cando o seu nome no Festival de Cor-das que realizamos. O professor Na-than Schwartzman, durante muitosanos lecionou violino no conservatório.Ele era paulista, nascido em São Pau-lo, de origem judaica, e residia em Cam-pinas. Ele estudou muitos anos na In-glaterra. Fez também um curso brilhan-te na Julliard School, próximo de NovaYorque. O professor Nathan foi dedi-cadíssimo ao ensino da música de câ-mara e música para violino e viola deorquestra. Lecionou muitos anos aqui.Ele tornou-se um grande amigo nossoe do Conservatório também. E comodurante muito tempo o curso superiorfuncionava paralelamente no mesmolocal que o curso fundamental e mé-dio, ele tinha convivência com todos osprofessores. Ele começou a trabalharaqui em 1965 e permaneceu até 1975.

Como nasceu a idéia do Festival de Cor-das?Eu queria que os alunos da área decordas a arco pudessem ter bons pro-fessores, um conhecimento musicalmais avançado. Como estava começan-do a aparecer um festival aqui e outroali, pensei que ao fazermos um eventodestes, daríamos muita oportunidadepara Uberlândia, Uberaba, Ituiutaba eAraguari. Visitei, na ocasião, estas ci-dades, para convidar os professores decordas a arco destes locais, antes darealização do primeiro festival. Expli-quei os meus motivos e o que a gentetinha em mente. No primeiro ano vie-ram alunos de Uberaba, de Ituiutabae de Araguari. Do segundo ano em di-ante, Uberaba começou a dar menosimportância, mas Ituiutaba continuoutrabalhando muito e fazendo até ummini festival, antes de virem prá cá. EmItuiutaba eles estão trabalhando a ple-no vapor.

E o Festival de Cordas NathanSchwartzman em sua oitava edição?No VIII Festival de Cordas NathanSchuartzman já estão inscritas pesso-

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Marilia Cunha

Escrevendo segredos...

Foi presente de aniversário, um ani-versário especial: 15 anos. Não por-que tivesse sido fartamente come-morado, enfeitado com luzes colori-das, flores, valsa, vestido de gala eaplausos. A festa dos sonhos nãopassou de sonho. Mas os 15 anoseram especiais...

O presente era um diário. Capa ver-de aveludada, ladeada por um fiodourado, delicado cadeado com mi-núscula chave a fechar as folhasbranquinhas, prontas a receber con-fissões. Meio criança, meio mulher,confusa na descoberta de novas sen-sações e estranhos desejos, a meni-na escreveu na primeira página seunome, rodeado de dezenas de cora-ções, flores, borboletas e em letrasgóticas, escritas a nanquim, um pom-poso “Meu Diário”.

O diário passou a ser o grande par-ceiro, silencioso confidente. Com ca-prichosa letra ia colocando o cotidi-ano: a dor e o medo que sentiu nodentista, o sorriso orgulhoso do paicom sua premiação na escola, a bron-ca da professora que a flagrou co-mendo castanhas durante a aula, aspernas que se tornaram bambasquando o menino mais bonito da fes-ta a convidou para dançar, a mortedo animalzinho de estimação, a per-da, o vazio, a falta e a triste impres-são de que só ela estava sofrendo eque todos os adultos eram tristemen-te insensíveis. A timidez do primeirodesfile de modas, quando ela achouseu vestido o mais feio de todos. Avergonha que passou quando a pro-fessora mandou tirar o tênis, na aulade Ed. Física e apareceu sua meia,furada no dedão. Escreveu um a umos nomes dos meninos que ela acha-va mais bonitos, em ordem decres-cente. Muitas poesias e frases en-feitaram aquelas folhas, colhidas aoacaso, sem nexo, sem ordem, ape-nas coisas que a ela pareciam boni-tas e sábias.

A um certo tempo o diário co-meçou a se transformar. A meninacheia de sonhos descobriu o amore seu peito não continha mais odesejo de expressar aquele senti-mento forte que a tomava por in-teiro. As páginas do diário cobri-ram-se de novas sensações: o pri-

meiro encontro no cinema, tudoescurinho, o rapazinho magrela, deolhos verdes e doces, mãos for-tes segurando as suas mãos etransmitindo um calor diferente,gostoso. O desejo que aquela mãonunca se desgarrasse e aquelecalor não se perdesse. Beijos mo-lhados, sôfregos, escondidos. Ai!Jamais pensou que beijar fossebom assim... Era como se sua almase fundisse em outra. Olhos fe-chados, cabeça rodando, corponas nuvens... A primeira dançacom o eleito custou várias pági-nas. A música permaneceu na lem-brança: “Stranger in paradise”.Eram rubricas de amor, de ciúmes,de brigas, de idas e voltas. Às ve-zes ela se sentia como a própriaDama das Camélias de AlexandreDumas, tanto sofrimento e pai-xão fustigavam seus dias.

Certa feita a menina descuidadaesqueceu-se de esconder o tesou-ro. A mãe curiosa abriu as preciosaspáginas, não gostou do que leu, ame-açou castigos. A menina apertou con-tra o peito seus segredos violados,conversou com eles nas silenciosashoras da madrugada. Sentiu-se des-nudada, invadida, infeliz, a vida umdeserto árido, sem graça e sem alma.Tomou a decisão cruel: entre laba-redas o livro verde, amigo, confiden-te, reduziu-se a cinzas. As notas de”Stranger in Paradise” ecoavam aofundo, enquanto generosas lágrimasmolhavam o rosto, pintado de infeli-cidade. Mergulharam no seu coração,roubaram seus segredos e nada maispoderia ser como antes...

Marília Alves Cunha

[email protected]

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“Os artigos assinados são de inteira respon-

sabilidade de seus autores e não refletem a

opinião do jornal”

ULTRALEVEo vôo mais que pássaropassagemfora do corpopouso durante o espaçonão é nadanadasó que o coraçãopequenoadivinhao planodisparauma pena

Ligia Dabul

Ano X – nº 24

OUTUBRO 2012

Editor: Hélvio LimaAssessoria:

Adélia LimaIsabela LimaDiagramação:

Niron FernandesImpressão:Gráfica Scanner-3212-4342Fotos internas: Acervos particularesIsabela Lima e Jorge H. PaulTiragem: 5.000 exemplaresEnd. para correspondência: Rua FelisbertoCarrejo, 204 – Fundinho – Fone: (34) 3234-1369 – Cep. 38400-204 – Uberlândia-MG

OUTUBRO 2012 - Nº 24 - ANO X

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Foto maior: Escola Estadual Enéas Guimarães noFundinho - foto Jorge H. PaulFoto menor: Crianças se apresentando no 7º Festi-val de Cordas - Nathan Schwartzman - Acervo: CoraPavan Capparelli

EditorialO Fundinho Cultural, em seu 24º nú-

mero é uma edição especial dedicada àmúsica, através de entrevistas, artigos eum foco especial sobre alguns dos maisexpressivos artistas e realizadores musi-cais com atuação em Uberlândia. Sabe-mos que o Bairro Fundinho é morada demuitas pessoas ligadas à música. Sintam-se homenageados todos os artistas, anô-nimos ou reconhecidos publicamente, mes-mo que não estejam aqui citados nestaedição especial.

O mês de outubro, marca no calendá-rio das grandes atrações musicais do anoem Uberlândia, a realização do Festivalde Cordas Nathan Schwartzman. Uma vi-agem ao maravilhoso mundo da música éa proposta deste Festival em sua oitavaedição. E o jornal Fundinho Cultural emseu 24º número e 10º ano de circulação,presta uma homenagem à música e aosmúsicos nesta edição especial.

Hélvio Lima - Editor

“Eu não tenho paredes. Só tenho horizontes.” Mario Quintana 5

Livro Arquivo musical

A BANDA

UNIÃO OPERÁRIA

Nos começos do século XX,a Banda União Operária foi um dos

encantamentos da genteuberabinhense.

Além das cuidadas retretas na pra-ça de Independência (coronel Carnei-ro), noticiadas de véspera pela impren-sa, com o repertório a ser executadoonde constavam até peças eruditas, aBanda do Lindolfo França se apresen-tava em várias ocasiões. Acompanha-va procissões, fazia abertura dos sa-raus no Cine Theatro São Pedro, sau-dava autoridades e personalidadesdestacadas que chegavam pelaMogiana, participava de enterros comoo do Rafael Rinaldi, nos princípios dasegunda década, e o do dr. Duarte,nos fins da terceira, aos quais houveintensa concorrência do povo de todasas classes, cores e religiões.

E estava sempre à beira dos cam-pos de futebol para salvar os grandeslances.

Dois fatos curiosos. Um: no jogoinaugural do Uberabinha Sport Club,em 1918, quando Mormano marcoupara nós o primeiro gol contra o Pales-tra Itália, de Uberaba, no campo daSanta Casa (na avenida Cesário Alvim),a Banda sapecou “maviosa” valsa. Ou-tro: a Banda tocava na praça, aos do-mingos, na praça da Independência,onde as famílias e a juventude ia pas-sear ao anoitecer. O coreto ficava de-fronte à casa do coronel José TheóphiloCarneiro. Como a União Operária eraligada ao partido “cocão” e o coronelera dos “coiós” e gostava de cutucar aonça com vara curta, sujeito meio semseca, ofendido por ter perdido as últi-mas eleições, não titubeou em vingar-se. Criou sua própria banda (que sechamou Banda dos Carneiros) e pô-laa ensaiar, em sua residência, aos do-mingos, exatamente na hora daretreta.

Não fosse a habilidade diplomáticado delegado de polícia teríamos maisum enguiço grosso na crônica históri-ca da cidade.

Antônio Pereira da SilvaFonte: Jornais da época.

Flávio ArcioleFlávio ArcioleFlávio ArcioleFlávio ArcioleFlávio Arciole

Flávio Arciole é natural de Uberlândia (MG).Desenvolve na cidade e em toda a regiãoum intenso trabalho como cantor, ator, di-retor teatral e cenógrafo. Tem se apresen-tado em recitais de canto e atuado comosolista em montagens de óperas comoCavaleria Rusticana, Pagliacci, GianniSchicchi, Pedro Malazarte, Dido e Enéas,La Traviata e La serva Padrona, no musi-cal “O Fantasma da Ópera” e na MissaSolene de Rossini. Foi, com outros canto-res, convidado pela Fundação Apollon, deBremen, na Alemanha, para interpretarobras de J.S. Bach.

Música

A VOCÊTerezinha Maria Moreira

Poemas em cinco idiomas: português,espanhol, francês, inglês e italiano.Lançamento:

Dia: 20 de outubro de 2012Horário: das 9:30 às 12:30 horasLocal: Livraria Nobel . Praça CíceroMacedo nº 3 . Fundinho- Uberlândia MG

“Esta obra se destina a jovens e adul-tos que apreciem a face poética da re-alidade. Portanto, a Você! Experimen-te uma nova emoção: ler, em cinco dasmais belas línguas, muitos dos poemasque aqui nela se apresentam.A leitura de várias versões de um tex-to, permitindo à pessoa apreendercomo uma ideia (ou sentimento) é ex-pressa diferentemente em diferentesidiomas, é uma atividade lúdica eprazerosa.A autora nos oferece uma coletânea depoemas que traduzem com ternura asimplicidade da vida, que seconsubstancia na simplicidade da for-

ma. Poemas que captam a vida em seusmúltiplos aspectos, tocando a vivênciade todos nós na família, nas relaçõescom o outro, na natureza, na fé.”

SOBRE A AUTORA

Mineira, uberlandense. Sempre se dedicouao estudo de línguas: espanhol, francês,inglês e italiano. Licenciada em Letras pelaUniversidade Federal de Uberlândia. Mes-tre em Linguística Aplicada pela Universi-dade Estadual de Campinas (UNICAMP).Atuou em todos os níveis de ensino, da pré-escola até a Universidade (UFU), onde le-cionou Língua Portuguesa e Linguística. Hávários anos, ministra cursos de “Portugu-ês para Estrangeiros”. Tem poemas publi-cados, no Brasil, em jornais e revistas; naFrança, em Nîmes (“Les SentiersPoétiques”) e Vichy (“Cahiers Jalons”); nosEstados Unidos, em Elkhart, IN (“FrancisHopkinson – 1737 – 1791 – An Anthologyin Memoriam”).

A TeresinhaNuestro reconocimiento...Nuestra admiración...Nuestro eterno agradecimientopor sentir su patria Unida a la nuestra.Hoy nos sentimos orgullosos de su obraprima a ser publicada en breve.Mil besos de todos nosotrosCentro Cultural de la Lengua Española

DOS MINAS EN EL CORAZÓN

En un lindo febrero,Camila, Gabriel,Lisandro, Nacho y Raúl, Vinieron de Minas, Uruguay,para Uberlândia, Minas Gerais.Entre ellos, Renata,de la bendecida San José

Vinieron a encontrarsecon otros jóvenes de Sudamérica.Mario Augusto, Daniela, Gabriela, Raúl, Marcelo, Beatriz, Fernanda, Gabriel, Mateus,Ampliaron sus horizontes,cambiaron experiencias,cultivaron amistades...

Ahora, vuelven a su tierra.Los de aquí... quedan llenosde ‘’saudades’’Cada uno deja un poco de siY lleva un poco de nosotros.Cada uno lleva en su corazón dos Minas: í la uruguaya y la brasileña !

Í Gracias por haber venido!Í hasta siempre, amigos queridos!

Directora, profesores,funcionarios y alumnosdel Centro Culturalde la Lengua Española

Terezinha Maria Moreira

"Poesia é voar fora da asa." Manoel de Barros

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Violae prosanacozinha

A música vinha todo fim de tarde.Uma cantoria com poesia. A voz fortetrazia histórias da labuta, da saudade,da vida na roça com suas tristezas, ale-grias e simplicidade. A viola, a sanfonae o que mais de instrumento houvessenaquela canção provocavam uma cal-maria na cozinha. Sim, ali fica o rádio.Em cima de uma prateleira e bem per-tinho da pia. Uma relíquia e funcionavatão bem. Um som puro e que tomavaconta do pequeno espaço onde eu ado-rava ficar para observar minha avó co-zinhar e meu avô saborear aquela co-midinha trivial, mas com um temperosem igual.

Como ele era muito alto eu o via abai-xar um pouquinho a cabeça para en-trar e logo ligar o rádio. O sorriso eraimediato e ele emendava que músicacaipira era boa para descansar a ca-beça e o corpo depois de um dia longode serviço.

A noite surgia pela janela à nossafrente e juntos ouvíamos com atençãoas ‘modas’! Lembro-me que a preferên-cia musical do meu avô Irany era a du-pla Tonico e Tinoco. E eles eram a tri-lha para que aquele casal com tantavivência me contasse causos de quan-do moravam longe da cidade e as curi-osidades de ter o campo, os bichoscomo vizinhos. Da ausência de medo eda consciência de que era preciso lutardesde cedo com coragem, sem pregui-ça. Que havia fartura na mesa, mas nãohavia luxo. Mas havia diversão. Os bai-les para juntar os mais velhos e maisnovos que dançavam, conversavam ese apaixonavam. Sem bagunça, comrespeito e amizade.

Interessante. Virtudes despertadase enfatizadas na fala do meu avô e nasmelodias também. Caso da letra deChico Mineiro. História de companhei-rismo, de afeto fraterno, de ajuda des-medida, de ter no outro o próprio es-pelho e mestre. Meus avós fizeram atéa quarta série do então, primário. Masme ensinaram entre panelas, pratos ecolheres que a música faz pensar, fazsentir, emociona e acima de tudo apro-xima quem vive sob o mesmo teto.

“Em que crêem os que não crêem”Em que crêem os que não crêem,

é o título de um interessante livro pu-blicado em 1996, cuja leitura exigemuita concentração e reflexão. Na ver-dade, não se trata de um livro propria-mente dito, mas de uma troca de car-tas entre o escritor italiano UmbertoEco e o Cardeal Carlo Maria Martini (fa-lecido recentemente e que chegou aser cogitado para a sucessão do PapaJoão Paulo II), nas quais UmbertoEco que, como ateu, levantava ques-tões que costumam inquietar o seumundo interior.Foi então, a partir des-sa leitura, que tal pergunta ficou mar-telando na minha cabeça: afinal, “emque crêem os que não crêem?” É pos-sível existir alguém que, em nenhummomento de sua vida não ore? Nãocreia? Não se perceba integrado numadimensão universal que ultrapassa oseu pequeno e limitado horizonte? Oseu entendimento? Caso essas pes-soas existam e sei que existem, gos-taria de perscrutar os seus coraçõesnos momentos das grandes inquieta-ções humanas, como, por exemplo: naespera do nascimento de um filho, naaflição de um avião prestes a cair, oude um prédio em chamas, ou naiminência da perda de uma pessoaamada. Que palavras sairiam de seuslábios? Como estariam sendo proces-sadas suas emoções?

Se considerarmos as intensaspulsões de vida e morte existentes emtodo ser humano, e se considerarmosainda que nesses momentos em quevida e morte travam duelos de atra-ção e repulsão, perguntamos: qual oapelo consciente ou inconsciente quesurgiria como elo de sustentação paratais pessoas? Onde colocariam os seuspontos de apoio?

Segundo Max Schiller, filósofo ale-

mão, “A religião é a mais radical de to-das as disposições e capacidade doespírito humano”. Nesta mesma dire-ção, estudiosos da História das Religi-ões concluem que “a religiosidade temo seu enraizamento na natureza hu-mana e se apresentaria como se fosseimpulsos da alma humana em direçãoao Absoluto”. Se tomarmos por basetais afirmações e aceitarmos a religio-sidade como fazendo parte da nature-za humana, a conclusão óbvia seriaque, sem ela, o ser humano se frag-mentaria.

Por tudo isso, fiquei a pensar nos quenão crêem, nos que não oram e na-queles que não se sentem “atados” aum ser superior. E, pensando neles,volto a perguntar: em quais realidadesse apóiam? Em quais espaços dos seusescaninhos mentais encontramarrego?Há uma passagem no Evange-lho em que Jesus nos compara aos ra-mos de uma videira: “Eu sou a videiraverdadeira, e meu Pai o agricultor. Todoramo que não der fruto em mim, ele ocortará...... Eu sou a videira; vós, osramos. Quem permanecer em mim e eunele, esse dá muito fruto; porque semmim nada podeis fazer” Jo 15,1-5.

Nesse tempo de tanta busca e tan-to afastamento de Deus, nesse tempode tantos falsos profetas “treinados”para ludibriar os menos esclarecidos,penso ser oportuno voltar o olhar paraos que não se sentem “atados” a umser superior e pedir a Deus a graça defazer passar, pelos seus corações, aseiva da videira, de tal forma a torná-los (ainda que não creiam, não neces-sitem e nem peçam), a plenitude e se-renidade que só a fé pode nos conce-der.

Mariú Cerchi Borges - Educadora

!Violae prosanacozinha

Maria Célia Vieira é natural de Araguari-MG, onde iniciou seus estu-dos de música, prosseguindo-os depois no Conservatório Estadual deMúsica Renato Frateschi, de Uberaba-MG. No Instituto de Artes daUniversidade Federal de Goiás, cursou Licenciatura em Música e Ba-charelado em Piano. É Mestre em Educação Musical, pela Eastman

School of Music - University of Rochester, dos Estados Unidos.Trabalhou em instituições de ensino musical como professora de piano e de percep-

ção musical. Integrou o quadro docente do Departamento de Música e Artes Cênicas daUniversidade Federal de Uberlândia-MG, onde exerceu também funções administrativaspor várias gestões. Em Goiânia-GO, coordenou o Curso de Formação Musical Básica noMusika – Centro de Estudos. Atribui grande parte de sua formação musical à orientaçãoque recebeu, durante muitos anos, do compositor brasileiro Camargo Guarnieri, tendosido sua aluna de piano, de análise musical e de contraponto. Nos Estados Unidos estu-dou com a consagrada pianista italiana Maria Luisa Faini.

Maria Célia Vieira desenvolve intensa atividade como camerista, professora e co-repetidora de montagens de ópera. Tem sido convidada com freqüência para participarde comissões julgadoras em concursos nacionais de piano e para trabalhar em FestivaisNacionais de Música. Como camerista já se apresentou em diversas cidades brasileiras,emRochester, nos Estados Unidos, e em Bremen, na Alemanha. Coordena e é pianista dogrupo musical Amacordes, que vem se apresentando com muito sucesso em Uberlândiae em outras cidades da região. Escrito por Rogério

Maria Célia VieiraMúsica

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UMA REVISTA QUEUMA REVISTA QUEUMA REVISTA QUEUMA REVISTA QUEUMA REVISTA QUEDÁ EXEMPLO AO MUNDODÁ EXEMPLO AO MUNDODÁ EXEMPLO AO MUNDODÁ EXEMPLO AO MUNDODÁ EXEMPLO AO MUNDOTeresinka Pereira [email protected] of International Writers and Artist Association .Ottawa Hills, OH

Publicada em um bairro chamado “Fundinho” da cidade deUberlândia, no interior do estado de Minas Gerais e do Brasil,uma revista cultural leva as notícias, a história e os moradores-personagens do bairro para o mundo inteiro, até para fora doBrasil, de Portugal e dos cinco países africanos de expressão por-tuguesa. Isto porque a revisa, com uma tiragem de cinco milexemplares, provavelmente patrocinada pelos moradores doFundinho, chega às mãos de pessoas como eu, que sendo brasi-leira, mas vivendo em países onde não se fala o português, tema sorte de poder matar as saudades da pátria, quando recebe oFUNDINHO CULTURAL*.

A revista é editada pelo poeta e artista Hélvio Lima, que asses-sorado pela esposa, a escultora Adélia Lima e pela filha IsabelaLima, que é fotógrafa e já anda nas pegadas artísticas dos pais,fazem um bom time de publicação aliados a outros fundinensescomo Lourdinha Barbosa, Evandro Afonso do Nascimento e JorgeH. Paul, além da grande equipe de redatores, escritores e poetasde talento que produzem as páginas da mesma.

O editor conta como teve esta maravilhosa ideia de mobilizartodo o pessoal do bairro para fundar a revista:

“A criação do Fundinho Cultural só foi possível a partirda minha mudança, no ano de 2.000, para o bairroFundinho, onde vim residir e organizar meu trabalho noatelier/galeria. Quis dar asas ao sonho, editando um jor-nal cultural que tivesse em seu conteúdo, não somenteas notícias do bairro histórico da cidade e da gente que ohabita, mas o trabalho de todos os amigos cronistas, po-etas locais e de outras cidades do país e do exterior” .Hélvio Lima

Pois acredito que a idéia do jornal, em forma de revista doFUNDINHO CULTURAL não foi somente um presente para osmoradores do bairro. Já que todos devem participar do empre-endimento, se transformou em uma realização bem sucedida. Oque prova que não é necessário ser um político, um líder do par-tido vencedor nas eleições ou mesmo um milionário para trans-formar um bairro normal em uma academia de intelectuais ativistasda literatura, da arte e dos valores do povo que o habita. O mila-gre pode começar quando um artista muda de casa! Mesmo nãosendo partidária (do partido), costumo citar uma proposta daAssembléia Anarquista de 2011 que diz: “Não é mais feliz o quefaz o que quer, que o que quer o que faz.” Não há nada maisverdadeiro para a vida de um artista ou de um escritor! Podemostrabalhar 20 x 7 (20 horas por dia, sete dias na semana) e segui-mos descansados... ou seja, quem corre por gosto não cansa!

A primeira característica da revista, a que se destaca logo daprimeira leitura é a qualidade das matérias escritas e artísticas.Sejam crônicas, reflexões, opiniões, perfis, memórias, poesiasou sejam as fotografias, de capa ou do interior, tudo o que nelase publica é de primeira: excelente! Depois vem a variedade dematerial e a diagramação artística na qual se combina foto compoesia e texto, aproveitando inteligentemente cada espaço dis-ponível na revista. Hoje em dia quando os ambientalistas andamnos condenando a escrever sem papel, podemos provar que nós,usando o papel, respeitamos muito mais a natureza que osGreenpeace. Para eles, eu repito as palavras de quem sabe comoé que se destrói o planeta. Não somos nós, os escritores ou osartistas que gastamos papel:

“Pode estar com sombreados Greenpeace, um dos negóciosmais lucrativos do planeta. O que é sustentabilidade? Sustentar oquê? Milhares de ogivas nucleares, cinco mil ataques aéreos paradevastar a Líbia, a fome na África, o trabalho escravo em paísesperiféricos...” Laerte Braga

Por isso é que escrevi este poema: MUNDO “VERDE”

Não há ainda um bom tratado de ecologiaescrito em folhas de palmeiraporque o filósofo verdeé tão invisível como as luas de Saturno.Haverá um dia em que o papel será uma velha lembrançae a areia do deserto será o ouro da utopia.Mas agora, enquanto nós, os escritores,somos ainda de carne e osso,vivemos sob uma montanha de papel

Que assim seja. Haja papel, e muito dinheiro para comprá-lo,porque está cada vez mais caro. De uma coisa estou certa: secolocarem o FUNDINHO CULTURAL na internet, eu parar de lersuas excelentes páginas: não vou sacrificar a minha vista na telaradioativa! Entretanto eu sei que se quiserem que seja lido pelanova geração, vai ter que levar o FUNDINHO “on line”.

FUNDINHO CULTURAL . Editor: Hélvio Lima . Rua Felisberto Carrejo 204.Fundinho. [email protected] (34)3234-1369 . CEP 38400-204.Uberlândia MG . Brasil

Adriana Ferreira

A fanfarra do Estadual

Entre tantas e outras me vem lembranças de como eraencantado o mês de setembro. Já em agosto, começavamos ensaios para o desfile de 7 de Setembro no CEU (Colé-gio Estadual de Uberlândia). O barulho da fanfarra avisan-do que era chegado o ensaio. Não sabíamos o significadode UDN, ARENA, ditadura e outros tantos “podres poderes“. Sabíamos que era necessário garbo para vestirmos aque-le uniforme e descermos a avenida... À frente de tudo afaixa com o nome da instituição, depois, majestosa e única,com seus rapazes e moças, a fanfarra. O som ecoava e asfaixas coloridas presas às baquetas coloriam o ar de verdee branco, cores do nosso colégio. As luvas brancas, no ri-gor e a rigor marchávamos. Em nossas mentes brincalho-nas e juvenis o som era traduzido com molecagem ..

“...virei tico-tico , virei sabiávirei seu Vadico de pernas pro ar..”

Eram bumbos, tambores, e aquele tarol, ainda guarda-do, não sei mais, dentro do guarda roupa, mas na lem-brança do coração da minha meninice.

Ah ..seu Vadico era o nosso diretor. Minha homenagem!

....”virei tico-tico, virei sabiá...” ...Você pode voar quandoachar seu momento, meu querido irmão... e virar tudo...“de pernas pro ar”!,

Nascida em Uberlândia,Nininha iniciou a carreira aosseis anos de idade. Logo no iní-cio de seu trabalho como pia-nista, tocou para o ex-presi-dente Getúlio Vargas. Forma-da em Música pela Universida-de Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), Nininha fez apariçõesnas principais redes de televi-são do Brasil. No exterior, apianista já se apresentou empaíses como Japão, Espanha,Portugal e morou três anos naAlemanha, onde fez mestradoem Harmonia. Nininha Rocha também é escritorae possui oito livros publicados.

Nininha Rocha