FUNÇÃO LOGíSTICA DE SAÚDE: VERIFICAR SE TAL … Inf Hey… · a organizaÇÃo atual do grupo de...
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ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS
CAP INF HEYDER VIEIRA ROLlM
A ORGANIZAÇÃO ATUAL DO GRUPO DE COMBATE DE SELVA PARA OPERAÇÕES CONTRA FORÇAS ADVERSAS E AS LIÇÕES APRENDIDAS
PELO EXÉRCITO NO CONFRONTO COM A GUERRILHA DO ARAGUAIA, NA FUNÇÃO LOGíSTICA DE SAÚDE: VERIFICAR SE TAL APRENDIZADO
CONTINUA VÁLIDO NOS DIAS ATUAIS E PROPOR NOVAS EVOLUÇÕES FACE ÀS DEMANDAS DO SÉCULO XXI.
Rio de Janeiro 2018
ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS
CAP INF HEYDER VIEIRA ROLlM
A ORGANIZAÇÃO ATUAL DO GRUPO DE COMBATE DE SELVA PARA OPERAÇÕES CONTRA FORÇAS ADVERSAS E AS LIÇÕES APRENDIDAS
PELO EXÉRCITO NO CONFRONTO COM A GUERRILHA DO ARAGUAIA, NA FUNÇÃO LOGíSTICA DE SAÚDE: VERIFICAR SE TAL APRENDIZADO
CONTINUA VÁLIDO NOS DIAS ATUAIS E PROPOR NOVAS EVOLUÇÕES FACE ÀS DEMANDAS DO SÉCULO XXI.
Trabalho acadêmico apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito para a especialização em Ciências Militares com ênfase em Gestão Operacional.
Rio de Janeiro 2018
MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx DESMiI
ESCOLA DE APERFEiÇOAMENTO DE OFICIAIS (EsAO/1919)
DIVISÃO DE ENSINO / SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
FOLHA DE APROVAÇÃO
I Autor: Cap Inf HEYDER VIEIRA ROLlM
Título: A ORGANIZAÇAO ATUAL DO GRUPO DE COMBATE DE SELVA PARA OPERAÇÕES CONTRA FORÇAS ADVERSAS E AS LIÇÕES
APRENDIDAS PELO EXÉRCITO NO CONFRONTO COM A GUERRILHA DO ARAGUAIA, NA FUNÇÃO LOGíSTICA DE SAÚDE: VERIFICAR SE TAL
APRENDIZADO CONTINUA VÁLIDO NOS DIAS ATUAIS E PROPOR NOVAS EVOLUÇÕES FACE ÀS DEMANDAS DO SÉCULO XXI.
Trabalho Acadêmico, apresentado à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, como requisito parcial para a obtenção da especialização em Ciências Militares, com ênfase em Gestão Operacional, pós-graduação universitária lato sensu.
I APROVADO EM .26 / 10 / ;fl
Comissão
RODRIGO SALES
A DA SILVA - Cap 20 Membro e Orientador
CONCEITO: PI!5
Menção Atribuída
A ORGANIZAÇÃO ATUAL DO GRUPO DE COMBATE DE SELVA PARA OPERAÇÕES CONTRA FORÇAS ADVERSAS E AS LIÇÕES APRENDIDAS PELO EXÉRCITO NO CONFRONTO COM A GUERRILHA DO ARAGUAIA, NA FUNÇÃO LOGíSTICA DE SAÚDE: VERIFICAR SE TAL APRENDIZADO CONTINUA VÁLIDO NOS DIAS ATUAIS E PROPOR NOVAS EVOLUÇÕES FACE ÀS DEMANDAS DO
SÉCULO XXI.
HEYDER VIEIRA ROLlM* GEDILSON SILVA DA SI LVA**
Palavras-chave: Guerrilha do Araguaia. Turma de evacuação. Atendimento pré-hospitalar.
RESUMO A criação da função de Soldado Atendente do Grupo de Combate de Selva surgiu das lições aprendidas das Operações de confronto com a Guerrilha do Araguaia na década de 70, considerando a importância do apoio em saúde nesse tipo de atividade militar. As experiências atuais nessa temática apontam para a necessidade de um especialista em saúde que atenda aos escalões Companhia e Pelotão de Fuzileiros de Selva, a fim de que o Batalhão de Infantaria de Selva possa ser empregado descentralizadamente e em boas condições de apoio. Ademais, para atender a legislação atual de Atendimento pré-hospitalar (APH), se faz necessária; além de uma Turma de evacuação já prevista; a inclusão de um técnico de enfermagem especialista em APH. Dessa forma, a presente pesquisa visa propor soluções que atendam a tais necessidades na função logística de saúde.
RESÚMEN
La creación de Ia función de Soldado dei grupo de combate de selva surgió de Ias lecciones de Ias operaciones de confrontación con Ia guerrilha dei Araguaia em los anos 70, teniendo encuenta Ia importancia de Ia salud en ese tipo de actividad militar. Las experiencias actuales acerca dei tema serialan Ia necessidade de um experto em salud que atienda aios escalones de compartia e pelotón de infanteria de selva, con Ia finalidad de que el batallón de infantería de selva se pueda emplearse de forma descentralizada y en buenas condiciones dei apoyo. Además, para cumplir con Ia legislación vigente de atención pre-hospitalaria (APH), es necesario; además de un equipo de evacuación ya programada; Ia inclusión de um especialista em APH. Por 10 tanto, Ia presente investigación tiene como objetivo proponer soluciones que satisfagan tales necessidades em Ia función logística de salud.
Palavras IIave: Guerrilla dei Araguaia. equipo de evacuación. Atención pré hospitalaria.
* Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 2009. -- Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 2006. Pós Graduado em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) em 2015.
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1. INTRODUÇÃO A Amazônia Brasileira é o cenário deste trabalho, sendo essencial conhecer a
sua grande importância para o país. O Capitão Alei Magluf Junior, em 2000, fez uma
descrição geográfica, social e política, ainda atual que resume bem tal bioma:
Amazônia legal brasileira: com 5,1 milhões de quilômetros quadrados, se estende por nove estados e ocupa 56% do território brasileiro. Se fosse um país à parte, a amazônia seria o sexto país do mundo em extensão. Dentro dela, cabe a metade do continente europeu ou mais de uma dúzia de países, incluindo França, Espanha e Alemanha. É um ciclo: de tempos em tempos a região, por causa de suas riquezas, é fruto de interesses internacionais. O objetivo de integrar a região ao Brasil, apesar de vários projetos não foi alcançado integralmente. Todo o esforço realizado não foi suficiente para preencher o vazio demográfico na área. Em vista disso, o Brasil tem procurado, ao longo dos anos, afirmar a sua soberania sobre a parte amazônica que lhe cabe. No entanto, por estar dissociado do centro político-econômico do território brasileiro, a região tem sofrido fortes ameaças à sua integridade (MAGLUF, 2000).
Os Batalhões de Infantaria de Selva (BIS) são unidades típicas da região amazônica e possuem características peculiares que os diferenciam dos demais
Batalhões de Infantaria, considerando a especificidade da região e os problemas
encontrados no campo da Defesa e da Segurança.
A organização do Batalhão de Infantaria de Selva e suas possibilidades e
limitações atuais estão descritas nas Instruções Provisórias BATALHÃO DE
INFANTARIA DE SELVA, nas quais destaco as seguintes possibilidades: - Operar em região de selva, sob condições climáticas e meteorológicas típicas deste ambiente operacional. - Realizar deslocamentos através da floresta, explorando a surpresa ao máximo. - Empregar as suas companhias descentralizadamente. - Contra forças militares de poder de combate incontestavelmente superior, operar empregando as técnicas do combate de resistência. - Operar contra forças de guerrilha de origens diversas na região amazônica. - Operar contra forças adversas numa Área de Conflito (AC) isoladamente ou no contexto da brigada que o integra. (IP 72-20, 1997).
Avaliando as possibilidades supracitadas, nota-se que, para alcançar todas essas capacidades, o pessoal, material e doutrina de emprego na região amazônica
evoluíram nos BIS; principalmente nos aspectos Quadro de Claros Previstos (QCP)
e Quadro de Dotação de Material (QDM); em boa parte baseados em lições aprendidas ao longo dos tempos.
A Guerrilha do Araguaia ou FOGUERA (Força de Guerrilha do Araguaia do Partido Comunista do Brasil) foi o maior desafio das Forças Armadas brasileiras após
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Entre militares e guerrilheiros, todos sabiam o que aconteceria se houvesse uma revolução de esquerda por aqui. Os guerrilheiros frequentemente citavam o líder chinês Mao-Tse-Tung e sonhavam fazer do Brasil um "Cubão", inspirados na luta de Fidel Castro. Em 1969, o líder comunista Cartos Marighella, numa entrevista para a revista francesa Action, disse que "o Brasil será o novo Vietnã", pois, segundo ele, o crescimento da luta armada faria os Estados Unidos se meterem no jogo. Também em 1969, o General americano Vernon Walters, ex-adido militar no Brasil, escreveu uma carta para Henry Kissinger que se preparava para ser Secretário de Estado dos Estados Unidos. Avisou:" se o Brasil se perder, não será uma outra Cuba. Será uma outra China" .. (NARLOCH, 2011).
a Segunda Guerra Mundial e, de longe, a maior ameaça à segurança nacional
(CIDADE, 2017). A Guerrilha do Araguaia foi um movimento rural ocorrido na região amazônica
no fim dos anos sessenta e início dos anos setenta, iniciado pela dissidência armada
do Partido Comunista Brasileiro (PCB), batizado como Partido Comunista do Brasil
(PCdoB) e adotava os princípios de Mao Tsé Tung usados na Revolução Chinesa e
por Fidel Castro em Cuba. Assim, seu objetivo era, na Fase I, obter o apoio da
população rural. A Fase 11 requeria uma expansão para áreas urbanas a fim de minar
o governo. E, por fim, a Fase 111 conduziria à revolução socialista pela região, com ataques diretos às Forças Armadas e ao governo (CIDADE, 2017).
Leandro Narloch, em seu GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA HISTÓRIA DO BRASIL, descreveu alguns objetivos reais da Guerrilha do Araguaia:
Observa-se que o desafio enfrentado pelo Exército Brasileiro durante o
conflito à guerrilha na década de 70 fez com que se enxergasse um novo modelo de
Combate "à brasileira" contra um inimigo visivelmente superior, utilizando técnicas e
táticas irregulares em ambiente inóspito, à semelhança do ocorrido no Vietnã
anteriormente.
Não por coincidência, a própria doutrina atual elenca nas suas possibilidades termos como surpresa, descentralização, "contra Forças militares superiores", isoladamente, etc. Tais características foram largamente empregadas pelos
guerrilheiros no Araguaia e, ladeados pelo terreno Amazônico propício a esse tipo
de combate, fizeram com que as Forças Armadas imprimissem algumas tentativas
frustradas antes de, efetivamente, resolver o problema no Sudeste do Pará.
Apagada a fogueira do Araguaia, o Exército viu a enorme importância dos
pequenos escalões nas operações contra forças adversas, indubitavelmente
descentralizadas. O Grupo de Combate (GC) tradicional, conforme o Caderno de Instrução 7-10/1 O PELOTÃO DE FUZILEIROS, é composto de 01 Sargento Cmt GC, 02 Cabos Cmt Esquadra e 06 Soldados esclarecedores/atiradores, totalizando 09 (nove) militares (página 1-3). O Caderno de Instrução cita, ainda, que quando um
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homem é ferido, o companheiro mais próximo deve-lhe prestar, de imediato, os
primeiros socorros (página 6-14), não existindo um militar específico com tal função.
A falta de um especialista em saúde nos pequenos escalões fez com que a
nossa tropa tivesse enorme dificuldade na Função Logística Saúde, com baixas e
ferimentos causados pelas armadilhas montadas pela Guerrilha. Como o conflito é,
predominantemente, descentralizado e as distâncias entre os escalões considerados
são elevadas, viu-se a necessidade de um "homem-saúde" no pequeno escalão para as operações na selva.
Desta feita, como lição aprendida, criou-se o Atendente do Grupo de Combate
de selva como décimo militar da fração, especialista, com Qualificação Militar Geral
(QMG) em saúde.
1.1 PROBLEMA
O Atendente do Grupo de Combate de selva está previsto em QCP na Qualificação Militar (QM) 08-33 (Auxiliar de Instalação Logística de Saúde,
Atendente e Padioleiro) e é formado através do Programa-padrão (PP) de Instrução de Qualificação do Cabo e Soldado de saúde 08/2.
Nos escalões Pelotão e Companhia, a função logística de saúde é exercida
por uma Turma de Evacuação que, conforme o ANTEPROJETO C 7-10
COMPANHIA DE FUZILEIROS (página 4-5), pertence ao Pelotão de Saúde da Companhia de Comando e Apoio do Batalhão. Tal fração pode ser distribuída à
Subunidade (SU) e é composta por um Cabo Atendente (formado pelo mesmo PP
do atendente do GC) e três soldados, sendo dois padioleiros e um motorista, com a
função de apenas guarnecer o posto de refúgios e prover a evacuação dos feridos
ao Escalão Superior. Portanto, a Companhia de Fuzileiros, organicamente, não possui nenhum especialista na função logística de saúde, bem como não existem competências intermediárias de saúde entre o Pelotão de saúde do Batalhão
(Médico) e o Grupo de Combate do Pelotão (Atendente). Deste modo, a fim de, efetivamente, o Batalhão de Infantaria de Selva ter a
possibilidade de empregar suas Companhias descentralizada mente, seria necessário um militar de saúde de competência intermediária entre o médico e o
atendente para suprir às demandas logísticas de saúde da Companhia? Um
Sargento de saúde técnico de enfermagem com habilitação em Atendimento Pré Hospitalar (APH), chefe da turma de evacuação da SU, poderia atender a tal
demanda?
1.2 OBJETIVOS
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1.3 JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUiÇÕES
Tendo por referência as lições aprendidas no combate a Guerrilha do
Araquaia, nos alertando para a importância da função logística de saúde nos
pequenos escalões em operações contra forças adversas e considerando a
descentralização das operações na selva; este estudo tem como objetivo propor a
inclusão de 01 (um) Sargento de saúde com habilitação em APH no QCP das
Companhias de Fuzileiros de Selva.
O APH no Exército foi regulado pela Portaria n° 266 - DGP, de 25 de
novembro de 2014 (Protocolo Assistencial em atendimento pré-hospitalar no âmbito do Exército Brasileiro). Segundo a legislação citada, uma equipe de atendimento
pré-hospitalar básica de Organização Militar deve ser composta de 01 médico regulador (coordenador à distância), 01 socorrista técnico, 02 socorristas auxiliares e
01 motorista de ambulâncialradioperador. Ainda segundo a legislação supracitada, o Socorrista Técnico pode ser
Sargento de Saúde Técnico de Enfermagem e habilitado em APH e o Socorrista
Auxiliar pode ser Cabo ou Soldado de saúde sem curso de Técnico de Enfermagem.
É notório que existe uma lacuna na sequência natural da "cadeia de
comando" de saúde, já que a Turma de Evacuação da Subunidade não possui, na
configuração de hoje, o Socorrista técnico. A Turma de evacuação da SU ficaria assim constituída: 01 Sargento de saúde técnico de enfermagem e APH (Socorrista
técnico), 01 Cabo e 01 Soldado de saúde (Socorristas auxiliares), 01 Soldado (Radioperador) e 01 Soldado de saúde (Padioleiro), sendo os cabos e soldados
recebidos do Pelotão de Saúde do Batalhão, cumprindo plenamente as exigências da legislação atual.
No campo do apoio ao Comando, o Comandante de Subunidade não possui assessor técnico de saúde que conheça as particularidades sanitárias de cada
subordinado e que dê bons subsídios ao processo decisório nessa temática. Comparativamente, é como se o Comandante de Subunidade, para a função de
combate comando e controle, não contasse com o Sargento auxiliar de Comunicações.
Com a criação da Função de "Sargento de saúde da Companhia" no QCP da SU, a cadeia de evacuação ficaria completa e as novas demandas por atendimento pré-hospitalar estariam sanadas contribuindo, na função logística de saúde, para
que o Batalhão de Infantaria de Selva cumpra a tarefa de atuar descentralizadamente.
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2. METODOLOGIA Visando obter subsídios a fim de formular uma solução prática para o
problema, o norte desta pesquisa aborda uma leitura criteriosa, fichamento das
fontes, questionário, argumentação e discussão de resultados.
Quanto à forma de solucionar o problema de pesquisa, utilizaram-se
predórninanternente ÚS conceitos de pesquisa quantitativa, já que as referências
numéricas obtidas do questionário foram fundamentais para compreender as reais
necessidades dos militares que trabalham no pequeno escalão. Quanto ao Objetivo Geral de pesquisa, foi empregada a modalidade
exploratória, tendo em vista o pouco conhecimento disponível acerca do tema,
exigindo um estudo detalhado inicial dos manuais vigentes da Força Terrestre, sendo ratificada na entrevista com antigo participante do combate à Guerrilha do
Araguaia e no questionário distribuído para uma amostra com vivência profissional
nos escalões Subunidade e Pelotão de Fuzileiros de Selva, que são os principais
clientes desta pesquisa.
2.1 REVISÃO DE LITERATURA
Esta pesquisa foi baseada em revisão de literatura que está compreendida no período entre o combate à guerrilha do Araguaia na década de 70 e os dias atuais. A mesma baseou-se na necessidade de atualização do tema e nas demandas
crescentes da função logística de saúde para os pequenos escalões em operações na selva.
Os limites temporais foram estabelecidos atentando para iniciar com a
experiência contra-guerrilha no sudeste do Pará na década de 70, tendo como
referência a edição das Instruções Provisórias O BATALHÃO DE INFANTARIA DE SELVA (IP 72-20) EM 1997, o qual estipula suas possibilidades e limitações;e, ainda, passando pela aprovação do protocolo assistencial em atendimento pré
hospitalar (APH) no âmbito do Exército Brasileiro em 2014 até os dias atuais.
Foram utilizadas palavras-chave como Guerrilha do Araguaia, Grupo de
Combate de selva, Operações na Selva, Atendimento pré-hospitalar, dentre outras,
em páginas de busca da internet, bibliotecas de monografias da Escola de
Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e Escola de Comando e Estado-Maior do
Exército (ECEME). O esforço de busca foi complementado nas legislações que versam sobre o Atendimento pré-hospitalar no âmbito do Exército e manuais de
campanha que abordam a cadeia de evacuação de saúde e composição das equipes de saúde nos escalões Unidade, Subunidade e Pelotão.
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Quanto à operação militar de Combate a guerrilha do Araguaia, buscou-se
uma abordagem geral com enfoque nas lições aprendidas em saúde, sem se ater a
temas com restrição de acesso ou de caráter reservado.
a. Critério de inclusão:
- Publicações, em português, relacionados ao Combate a Guerrilha do
Araguaia e suas lições aprendidas;
- Publicações oficiais relacionadas à cadeia de evacuação em saúde dos
Escalões Unidade, Subunidade e Pelotão;
- Legislação que versa sobre o Atendimento pré-hospitalar; e - Estudos qualitativos sobre a importância da função logística de saúde nos
escalões Subunidade e Pelotão de Fuzileiros de Selva. b. Critério de exclusão:
- Estudos que abordam as Operações de Combate à Guerrilha do Araguaia sob o enfoque da Inteligência Militar, da política, das motivações ideológicas ou que
tenham qualquer restrição de acesso.
2.2 COLETA DE DADOS
Na sequência do aprofundamento teórico a respeito do assunto, o enfoque da
pesquisa buscou a coleta de dados pelo seguinte meio: questionário.
2.2.1 Questionário
A aplicação do questionário teve por finalidade mensurar o quão importante é
a função logística de saúde para a condução de atividades descentralizadas nível SU e Pel em operações no ambiente amazônico, assim como levantar junto aos
especialistas a viabilidade ou não da criação do Sargento de saúde da SU (APH). O
Questionário foi aplicado no seguinte universo: a. Militares que exerceram a função de Comandante de Companhia de
Fuzileiros de Selva dos diferentes Batalhões de Infantaria de Selva do Comando
Militar da Amazônia ou Comando Militar do Norte;
b. Militares que exerceram a função de Comandante de Pelotão de
Fuzileiros de Selva dos diferentes Batalhões de Infantaria de Selva do Comando Militar da Amazônia ou Comando Militar do Norte.
Com as respostas dos mesmos, foi feita a tabulação dos resultados de forma a cooperar com o intuito do trabalho, separando os resultados de forma a calcular
percentualmente o efetivo alinhado e o efetivo não alinhado com o Objetivo de Pesquisa, obtendo os resultados mais fidedignos possíveis.
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Por fim, foi realizado, ainda, um pré-teste com capitães alunos da EsAO, que
atendiam aos pré-requisitos para integrar as amostras, com o intuito de levantar
possíveis falhas no instrumento de coleta de dados. Ao final do pré-teste, não tendo
sido observados erros que envidassem alterações, os mesmos foram mantidos, com
os resultados dos pré-testes inseridos no computo final da análise.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO o Questionário que foi submetido à apreciação da amostra através de
perguntas simples com opções de respostas diretas, visando à objetividade e a coleta de impressões a respeito do tema dos mais distintos Batalhões de Infantaria
de Selva do Brasil foi intitulado de A FUNÇÃO LOGíSTICA DE SAÚDE NOS
ESCALÕES COMPANHIA E PELOTÃO DE FUZILEIROS DE SELVA: COMO MELHOR ATENDER ÀS DEMANDAS DO PRESENTE.
Seguem-se a sequência e os resultados de cada questionamento: - Conforme estipulado inicialmente, responderam à pesquisa 44 militares,
sendo em sua maioria Capitães e a outra parcela de Tenentes. Dentre esses, 56,8%
foram em! Pel Fuz SI, 25% emt Cia Fuz SI e 18,2% ambas as funções, conforme
quadros abaixe: Qual o Posto/Graduação atual do Sr?
• Capltào • '~Tenente
2' Tenente • AsplTante-a-o:'cla.
Qual função o Sr exerceu/exerce em Batalhão de Infantaria de Selva (BIS)?
• conanoante de Compa~hJa de FUZJ:elro~ de Selva
• Comandante de Pe'otâo de FuzJe.ros de Seiva Arnbas as funções anter ores
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GRÁFICOS 1 E 2 - Universo de amostra - Posto e função exercida em Batalhão de Infantaria
de Selva.
Fonte: O Autor
- No intuito de levantar a existência efetiva do Soldado Atendente dos Grupos de Combate de selva nas diversas Organizações Militares foi elaborado o
questionamento seguinte, o qual foi confirmado pela grande maioria (68,2% em
todos ou maioria dos GC): Nos Grupos de Combate de Selva (GC de Selva) é previsto um militar de saúde por fração (atendente do GC). Esse militar existe/existiu na prática nas frações que o Sr comandou?
• Sim em ocos os GC • SIM. na maona dos GC
SIM. porerr err poucos GC
• Nào
GRÁFICO 3 - existência do Atendente no GC de Selva.
Fonte: O Autor
- Foi perguntado se, excluindo os citados Atendentes, as frações dispunham
de militares de saúde para prestar-Ihes apoio; onde 88,6% alegaram não possuir
apoio nesse sentido, confirmando o esperado:
Para os Escalões Companhia e Pelotão de Fuzileiros de Selva, não é previsto militar de saúde orgânico das frações (sem contar os atendentes dos GC). Independente de estar previsto, o Sr dispõe/dispunha de algum militar de saúde orgânico de sua Cia ou pel?
• Sim
• Nào
GRÁFICO 4 - existência de apoio de militar de saúde nos escalões Pel e Cia Fuz SI.
Fonte: O Autor
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- Considerando a previsão de recebimento de Turma de Evacuação da Cia C
Ap em apoio às SU Fuz, foi levantado se é realmente recebida· ta! fração. Os
resultados obtidos apontam para a não existência do apoio na maioria dos casos
(nunca ou poucos casos 81,8%):
O ANTEPROJETO C 7-10 (COMPANHIA DE FUZILEIROS) prevê uma Turma de Evacuação (do Pel Saúde da Cia C Ap) composta de 1 Cb (Atentente) e 3 Sd (2 Padioleiros e 1 Motorista) em apoio à Cia Fuz SI. O Sr, de fato, já recebeu em apoio à Subunidade essa citada Turma de Evacuação?
• SIM sempre recebi • SIM na maena dos casos
Sim porém em poucos casos
• Não
GRÁFICO 5 - apoio de saúde da Turma de Evacuação da Cia C Ap.
Fonte: O Autor
- Conforme apresentado nesse trabalho, a Turma de evacuação prevista é chefiada por um Cabo. Foi perguntado acerca da pertinência de acrescentar um
Sargento de saúde para a equipe de APH ficar completa. Observa-se que 93,2%
concordam que um Sargento para chefiar a equipe cumpriria bem a finalidade para os escalões considerados:
O Atendimento pré-Hospitalar (APH) foi regulado âmbito Exército Brasileiro pela Portaria n0266 - DGP de 25 Nov 14 e, segundo a mesma, uma Equipe APH básica deve contar com 1 Médico regulador (Of Médico do Batalhão), 1 Socorrista Técnico (Sgt Técnico de Enfermagem com habilitação em APH. Não previsto na Turma de Evacuação da SU), 2 Socorristas auxiliares (Padioleiros) e 1 Motorista de ambulância. Para atender a legislação atual, o Sr acha importante acrescentar um Sargento de Saúde à Turma de Evacuação da SU?
• Sim • Não
GRÁFICO 6 - As novas demandas por atendimento pré-hospitalar.
Fonte: O Autor
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- Como derradeiro questionamento, foi perguntado da importância ou não de uma possível criação do cargo de Sargento de saúde orgânico· da própria
Subunidade de Fuzileiros. Observa-se que 88,7% consideram importante ou muito
importante que esse Sargento seja da própria Companhia de Fuzileiros de selva:
A IP 72-20 (O BATALHÃO DE INFANTARIA DE SELVA) elenca, como uma das possibilidades de um BIS, a de "empregar suas Companhias descentralizadamente". Considerando a não existência de militares de saúde no escalão Cia Fuz SI (exceto os padioleiros dos GC) e a fim de efetivamente poder ser empregada de forma descentralizada, como o Sr vê a criação do cargo de Sargento de saúde, orgânico da própria Cia Fuz SI, para ser o assessor direto do Cmt Cia na função logística de saúde?
• Muno moortante • Importante
pouco Importante • Irre'e'la'lte
GRÁFICO 7 - Sargento de saúde orgânico da Subunidade de Fuzileiros
Fonte: O Autor
Por fim, observaram-se diversos apontamentos durante o questionário que
corroboram com o objetivo geral do trabalho, tais como:
a. "Uma das características do ambiente de Selva é o emprego
descentralizado das frações, isso é a maior justificativa para se ter o apoio desse
militar junto à Cia." e b. "A função do Sgt de Saúde orgânico da SU seria uma grande conquista
para as Cias de Fuz SI. Dessa forma, o Cmt SU aumentará sua capacidade logística
para o suporte de saúde nas missões administrativas e operacionais da SUo O Sgt
Saúde da SU também poderia somar esforços para as atividades administrativas do
batalhão, concorrer escalas de Serviço, missões diversas, além de exercer alguma função administrativa na SUo Poderia ajudar na instrução de capacitação, preparo e
formação dos próprios atendentes da Cia." 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No que se refere à proposta de estudo e objetivos e!encados ao início do
trabalho, conclui-se que a mesma atendeu ao almejado, estimulando o pensamento
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crítico acerca da grande importância da função logística de saúde em apoio aos
elementos de manobra, particularmente o pequeno escalão.
Delimitando o assunto aos elementos de manobra de um Batalhão de
Infantaria de Selva em Operações contra Forças Adversas na Amazônia, percebe-se
o quão importante é o tema. A revisão da literatura fez com que tivéssemos por base
lições aprendidas e experiências anteriores, em particular a dá Guerrilha do
Araguaia, olhando pelo prisma do apoio de saúde às tropas. Como evoluímos com
essas experiências? Como podemos continuar evoluindo para atender às necessidades atuais? Esses questionamentos foram a mola propulsora deste trabalho.
A criação do Atendente do Grupo de Combate de Selva foi uma solução viável e exequível para as necessidades existentes nas décadas de 70 e 80 e vem
contribuindo até os dias atuais para os primeiros atendimentos, primeiros socorros e pequenas evacuações das tropas em operações. Foi uma melhoria que trouxe e traz
bons resultados. Entretanto, estamos no século XXI e podemos dar mais um passo
para melhorar o apoio de saúde aos pequenos escalões.
Seguindo a metodologia aplicada e ao tomar conhecimento das legislações
que versam sobre o Atendimento pré-hospitalar, verificamos que, com a forma de
emprego atual, as Companhias e Pelotões não conseguem ser empregadas
descentralizadamente atendendo a referida legislação, deixando de lado uma
capacidade do Batalhão de Infantaria de Selva.
O questionário aplicado a integrantes e ex-integrantes dos mais diversos BIS
corrobora com o objetivo de pesquisa ao apontar a necessidade real de um militar de
competência intermediária entre o Médico do Batalhão e o Atendente do Grupo de Combate.
Conclui-se, portanto, que um Sargento de Saúde com habilitação em APH seria o militar mais indicado para essa tarefa dentro da Companhia de Fuzileiros de Selva. Para as operações, o mesmo receberia a Turma de evacuação oriunda da
Cia C Ap e efetivaria a equipe de APH da Subunidade.
Dessa forma, permitiria ao BIS empregar suas companhias
descentralizadamente sem lacunas na função loqística de saúde e estaria, de fato, alinhado à legislação atual.
REFERÊNCIAS
AZAMBUJA JUNIOR. José Herculano. A vontade nacional na defesa da Amazônia Legal. Rio de Janeiro, ECEME, 1999.
BAUMSTARK, Jean. A emergência de novas formas de guerrilha. Rio de Janeiro, ECEME, 1999.·
BRASIL. Exército. CI 7-10/1: O Pelotão de Fuzileiros. 1. Ed. AMAN. Resende, RJ, 2006.
BRASIL. Exército. C 7-10: Companhia de Fuzileiros. Anteprojeto 1. Ed EGGCF. Bíâsília, DF, 2005.
BRASIL. Exército. C 21-30: Abreviaturas, símbolos e convenções cartográficas. 4. Ed. Brasília, DF, 2002.
BRASIL. Exército. EB30-N-20.002: Protocolo Assistencial em Atendimento Pré Hospitalar (APH) no Âmbito do Exército. 1. Ed. Brasília, Df, 2014.
BRASIL. Exército. IP 72-20: O Batalhão de Infantaria de Selva. 1. Ed EGGCF. Brasília, DF, 1997.
BRASIL. Exército. Relação dos Manuais de Campanha (C) e Instruções provisórias (IP). 3. Ed. BrasHia, DF, 2004.
BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Estado-Maior do Exército. Centro de Estudos Estratégicos do Exército. Conflitos na América do Sul - consequências para o EB/2022: relatório de simpósio. 1. Ed. Brasília, DF, 2007.
BRASIL. Ministério da Defesa. Política de Defesa Nacional. 1. Ed. Brasília, DF, 2005.
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