Futebol Jogos Reduzidos

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL Comportamento Técnico-Táctico e Variabilidade da Frequência Cardíaca em Jogos de Ataque e Defesa, com Igualdade e Superioridade Numérica, em Jogadores Sub-13 DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO: ESPECIALIZAÇÃO EM JOGOS DESPORTIVOS COLECTIVOS PAULO JORGE CORREIA MARTINS ORIENTADORES: VICTOR MANUEL OLIVEIRA MAÇÃS ANTÓNIO JAIME EIRA SAMPAIO VILA REAL, 2010

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL Comportamento Técnico-Táctico e Variabilidade da Frequência Cardíaca em Jogos de Ataque e Defesa, com Igualdade e Superioridade Numérica,

em Jogadores Sub-13

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO: ESPECIALIZAÇÃO EM JOGOS DESPORTIVOS COLECTIVOS

PAULO JORGE CORREIA MARTINS

ORIENTADORES: VICTOR MANUEL OLIVEIRA MAÇÃS

ANTÓNIO JAIME EIRA SAMPAIO

VILA REAL, 2010

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II

AGRADECIMENTOS

Estas palavras são dedicadas a todos aqueles que directa ou indirectamente

contribuíram para a realização deste trabalho. Assim, gostaria de agradecer de

forma simples e reconhecida.

Ao Professor Doutor Victor Maçãs, a disponibilidade total em todos os

momentos e apoio na orientação deste trabalho, que reforçou a referência

profissional e de amizade que já constituía;

Ao Professor Doutor Jaime Sampaio, pela disponibilidade e ajuda na

elaboração do projecto, no tratamento estatístico e na leitura dos dados deste

trabalho;

Ao Pedro Granja, pela motivação, compreensão e disponibilidade

demonstrada ao longo deste percurso;

Ao colega e amigo Nuno Lima, pela amizade de longa data, troca de ideias,

convívio, e disponibilidade demonstrada em todos os momentos;

Aos Dirigentes, Treinadores e Jogadores do Murça Sport Clube, pela

disponibilidade, compreensão e ajuda na organização da amostra utilizada;

Aos colegas e amigos, Carlos Rodrigues, Cândido Zoio e Marco Neto, pela

participação na fase de recolha de dados e na estruturação final do trabalho;

Ao Serviço de Audiovisuais da UTAD, que prontamente facultaram os meios

materiais e disponibilidades pessoais, fundamentais na observação dos jogos;

À minha família, em geral, o apoio, dedicação e compreensão;

À Sofia pela motivação, dedicação, amor, carinho e também a disponibilidade

demonstrada ao longo dos anos, à minha Francisca e Afonso que prometo

compensar pelos tempos de brincadeira perdidos. Dedico-lhes este trabalho.

A todos os restantes não mencionados, mas não menos importantes, também

o meu sincero agradecimento.

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III

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ......................................................................................... II

ÍNDICE GERAL ................................................................................................. III

ÍNDICE DE QUADROS ..................................................................................... IV

ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................ V

LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................. VI

RESUMO .......................................................................................................... VII

ABSTRACT ..................................................................................................... VIII

1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1

2 – MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................ 9

2.1 - CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .................................................................. 9

2.2 - VARIÁVEIS DO ESTUDO ............................................................................. 10

2.3 – MÉTODOS ............................................................................................... 10

2.3.1 – Descrição dos Exercícios ............................................................... 10

2.3.2 – Procedimentos Experimentais ....................................................... 12

2.4 - INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS ........................................... 15

2.5 - ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS ............................................................ 20

3 – APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS ...................................................... 21

4 – DISCUSSÃO .............................................................................................. 24

5 – CONCLUSÃO ............................................................................................ 35

6 – BIBLIOGRAFIA.......................................................................................... 37

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IV

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1: Caracterização da amostra através da descrição da idade, peso, altura, índice

massa corporal e anos de prática dos jogadores do estudo. ...................................................... 9

Quadro 2: Caracterização dos Jogos Reduzidos ..................................................................... 11

Quadro 3: Média ± Desvio Padrão (X ± SD) dos Indicadores Técnico Tácticos ........................ 21

Quadro 4: Média ± Desvio Padrão e FCmáx dos jogadores no “Yo-Yo Intermittent Recovery Test

Level 1” ................................................................................................................................... 22

Quadro 5: Valores da FCméd e percentagem da FCmáx por Jogo Reduzido, equipa no ataque e

na defesa ................................................................................................................................ 23

Quadro 6: Média±Desvio Padrão do tempo (em segundos) gasto em cada uma das 4 zonas de

intensidade utilizadas por Hill-Haas et al. (2008) ..................................................................... 23

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V

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Representação esquemática dos Jogos Reduzidos ....................................................... 11

Figura 2: Descrição do “Yo-Yo Intermittent Recovery Test Level 1” ............................................. 14

Figura 3: Frequência absoluta dos Indicadores Técnico-Tácticos Ofensivos nos Jogos

Reduzidos .......................................................................................................................................... 25

Figura 4: Frequência absoluta dos Indicadores Técnico-Tácticos Defensivos nos Jogos

Reduzidos .......................................................................................................................................... 26

Figura 5: Tempo total de jogo (em segundos) gasto em cada uma das 4 Zonas de Intensidade

definidas por Hill-Haas et al. (2008) ................................................................................................. 30

Figura 6: Percentagem do tempo total de jogo (em segundos) gasto em cada uma das 4 Zonas

de Intensidade definidas por Hill-Haas et al. (2008) ....................................................................... 31

Figura 7: Variação da FCméd no decurso dos Jogos Reduzidos .................................................... 33

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VI

LISTA DE ABREVIATURAS

bpm - Batimentos por Minuto

FC - Frequência Cardíaca

FCmáx - Frequência Cardíaca Máxima

FCméd - Frequência Cardíaca Média

GR - Guarda-Redes

ITT - Indicadores Técnico-Tácticos

JDC - Jogos Desportivos Colectivos

JR - Jogo(s) Reduzido(s)

YYIRTL1 - Yo-Yo Intermittent Recovery Test Level 1

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VII

RESUMO

Os Jogos Reduzidos (JR) têm assumido um papel de destaque no processo de treino/ensino

do jogo, sendo um instrumento valioso de intervenção do Treinador.

O objectivo deste estudo foi determinar os efeitos da utilização de JR, em situação de ataque e

defesa, com igualdade e superioridade numérica, ao nível das implicações no comportamento

Técnico-Táctico e na variabilidade da Frequência Cardíaca (FC).

Utilizamos 12 jogadores de um clube a competir a nível Distrital, com a média (SD) de idades

de 12,3 (0,9) anos, anos de prática de 3,0 (1,1) anos, peso de 47,2 (10.1) kg e a altura de 156

(11) cm. Através de um sistema de notação manual foi registada a frequência dos Indicadores

Técnico-Tácticos e com o Polar Team System foi realizada a avaliação da FC, em situações de

JR de 6x6 e 6x5 (em espaço de 60x40m), durante 10 minutos.

Para análise estatística dos dados recorremos aos procedimentos da estatística descritiva.

Utilizamos o teste não paramétrico de “Wilcoxon” e o software Statistical Package for the Social

Sciences (SPSS versão 16.0) para tratar os dados. O nível de significância utilizado foi de P

<0,05.

Relativamente ao comportamento Técnico-Táctico, foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas entre os dois JR, nos indicadores: número de remates e número

de conquistas da posse de bola. No que diz respeito à carga interna, foram encontradas

diferenças estatisticamente significativas ao nível da FCméd e do tempo passado na zona 3 (85-

89% da FCmáx) e zona 4 (>90% da FCmáx).

Os dois JR utilizados (6x6 e 6x5) solicitaram elevadas exigências fisiológicas nos jovens

jogadores. A superioridade numérica promoveu uma maior frequência de repetição dos

indicadores Técnico-Tácticos ofensivos e aumentou o grau de intensidade do exercício.

PALAVRAS CHAVE: Futebol, Jogos Reduzidos, Indicadores Técnico Tácticos, Frequência

Cardíaca.

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VIII

ABSTRACT

The Small-Sided Games (SG) have assumed a significant role in the training\teaching process

of the game, being a valuable instrument to the Coach intervention.

The purpose of this study was to determine the effects of the SG, in a situation of

defence/attack, with equal and numeric superiority, concerning the implications on the

technical\tactical behaviour and in the variability of Heart Rate (HR).

We used 12 players from a club that competes at the district level, with the average of ages

between 12,3 (0,9) years, years of practice of 3,0 (1,1) years, weight of 47,2 (10,1) kg and the

height of 156 (11) cm. Thru a system of manual noting it was register the frequency of the

Technical/Tactic indicators and with the Polar Team System it was made the evaluation of the

HR, in SG situations of 6X6 and 6X5 (in the space of 60X40m), during 10 minutes.

To the statistic analyses of the scores we referred to the descriptive statistic procedures. We

used the non parametric test of “Wilcoxon” and the Statistical Package for the Social Sciences

software (SPSS V.16.0) to data treat. The significance level used was P <0,05.

To what concerns the Technical/Tactic behaviour, there were found significant statistic

differences between both SG, in the following indicators: number of shots and ball possession

conquers. Relating to internal load, were found significant statistic differences at the HRméd and

the time spent on zone 3 (85-89% of the HRmáx) and zone 4 (>90% of the HRmáx).

The two (6x6 e 6x5) SG used solicited elevated physiological demands in young players. The

outnumber superiority promoted a higher frequency on the repeating of the offensive

Technical/Tactic indicators, increased the exercise degree intensity.

KEY WORDS: Football, Small-Sided Games, Technical Tactical Indicators, Heart Rate.

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JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

1

1 – INTRODUÇÃO

Os Jogos Desportivos Colectivos (JDC), designação que engloba, entre outras,

modalidades como o Basquetebol, o Andebol, o Futebol e o Voleibol, ocupam

um lugar importante na cultura desportiva contemporânea (Garganta, 1998;

Graça & Mesquita, 2002; Giacomini & Greco, 2008). O futebol é um dos

desportos mais praticados e complexos do mundo, no qual os jogadores

necessitam de requisitos técnicos, tácticos e físicos para ter sucesso (Helgerud

et al., 2001) sendo classificado, devido à sua intensidade e natureza acíclica,

como um desporto colectivo intermitente de alta intensidade (Bangsbo, 1994;

Casas, 2008).

A prestação futebolística depende de múltiplos factores (Bangsbo, 2003;

Arnason et al., 2004; Impellizeri et al., 2005) pois, a natureza dinâmica do

futebol e o seu próprio objectivo do jogo, implicam um certo número de

variáveis de determinados domínios que se inter-relacionam e condicionam o

jogo da equipa levando a que, de acordo com Svensson & Drust (2005) e

Santos & Soares (2001) se exija que os jogadores estejam aptos nas várias

componentes.

O padrão de exercício do futebol pode ser descrito como dinâmico, aleatório e

intermitente (Bloomfield et al., 2007), caracterizando-se pela operacionalização

de acções técnico-tácticas antagónicas, de ataque e de defesa, que visam o

desequilíbrio do sistema contrário, na procura de um objectivo comum,

organizadas e ordenadas em sistema de relações e inter-relações coerentes e

consequentes.

Através da organização dinâmica das acções técnico-tácticas ofensivas e

defensivas, pressupõe-se uma cada vez maior responsabilização, organização

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JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

2

e competência de todas as pessoas envolvidas no processo, considerando as

suas várias áreas de intervenção.

É neste sentido que o processo de treino assume capital importância, pois a

melhoria de todas essas capacidades é o seu grande objectivo (Dupont et al.,

2004) e, consequentemente, a melhoria do rendimento competitivo (Barbero-

Álvarez et al., 2008).

A análise do jogo, através da observação das prestações dos jogadores e das

equipas, tem sido utilizada como uma forte argumentação para a organização e

avaliação dos processos de ensino e treino no futebol. Partindo do princípio

que o jogo se desenvolve de acordo com uma lógica interna, vários autores

têm procurado perceber os constrangimentos que caracterizam o jogo

(Bloomfield et al., 2005), a partir da identificação de certas acções que ocorrem

com carácter de regularidade, no sentido de modelar ou perfilar um quadro de

exigências que se constitua como referência fundamental para o seu ensino e

treino. Assim, através da observação e análise do jogo, aprende-se o que se

deve treinar, para melhorar as prestações do jogo, e orientar o processo de

treino para um caminho que reconhecemos ser lógico e coerente.

Foi esta necessidade de compreender os factores envolvidos no processo de

adaptação desportiva que promoveu desenvolvimentos nos métodos de treino

utilizados no futebol aumentando a especificidade do treino (Kelly & Drust,

2008) e levando a que as sessões de treino foquem a necessidade da

utilização de exercícios com bola (Tessitore et al., 2006).

Neste sentido, Little & Williams (2006) e Drust & Jones (2006) referem-se aos

jogos reduzidos (JR) como actividades eficientes em termos de aproveitamento

do tempo de treino e Owen et al. (2004) preconiza que estes “sejam

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JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

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amplamente utilizados nos treinos de futebol, uma vez que, permitem aos

jogadores vivenciarem situações que encontram durante a competição”

podendo, dessa forma, melhorar os aspectos técnicos, tácticos e fisiológicos do

jogo (Drust & Jones, 2006; Owen et al., 2004; Tessitore et al., 2006).

A utilização deste tipo de jogos assume um papel determinante no treino

porque permite a continuidade das acções, o domínio perceptivo do espaço e

possibilitam um número elevado de intervenções na bola em situação de

ataque e defesa, sendo relevante a participação activa do professor/treinador

na sua regulação.

Rampinini et al. (2007) chega mesmo a propor o aumento da utilização dos JR

como uma ferramenta específica do treino, como um dos mais recentes

desenvolvimentos do treino de jogadores de futebol, chamando, no entanto, a

atenção para o cuidado a ter na escolha das características e regras utilizadas,

uma vez que os constrangimentos utilizados podem influenciar de forma

determinante a actividade dos jogadores.

Esta preocupação, também é referida por Dellal et al. (2008) quando

mencionam que a principal dificuldade durante os JR é o controlo da actividade

dos jogadores, uma vez que a escolha do número de jogadores, a presença

(ou não) do guarda-redes (GR) e as instruções do jogo, afectam as respostas

da Frequência Cardíaca (FC).

Tendo em conta que os JR têm vindo a ser cada vez mais utilizados como

forma de preparação das equipas, é importante que sejamos capazes de

monitorizar correctamente a intensidade dos treinos, pois vai permitir

desenvolver o processo de treino de forma a evitar o sub-treino ou o sobre-

treino e assegurar que os jogadores estejam na sua máxima condição para a

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JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

4

competição, sendo que a monitorização da FC é a forma mais comum de

avaliar a intensidade do treino no futebol (Little & Williams, 2007).

Por outro lado, é geralmente aceite como guia de orientação para o futebol que

o processo ofensivo deverá estar baseado num bom processo defensivo (Xu et

al., 2007), no entanto, a natureza dinâmica do futebol assenta, por um lado,

num progressivo aumento e variação do ritmo do jogo na procura da

concretização do golo, e por outro, na crescente diminuição do tempo e do

espaço à disposição do jogador na posse da bola, na tentativa de contrariar o

sucesso adversário. É neste sentido que a finalização se desenrola numa zona

restrita do terreno, onde a pressão dos adversários é elevada e o espaço de

realização cada vez mais diminuto. Consciente do papel de destaque que as

situações de finalização assumem no quadro do futebol actual, torna-se

importante que o processo ofensivo seja objectivo e concretizador, na tentativa

de criar um elevado número de oportunidades de golo e ser eficaz na sua

realização.

Vários estudos, como os de Hoff et al. (2002), Dellal et al. (2008) e Robineau et

al. (2008), procuraram avaliar as solicitações cardíacas e outros, como os de

Tessitore et al. (2006), Jones & Drust (2007) e Kelly & Drust (2008), para além

destas solicitações procuraram também verificar as exigências técnicas em

diferentes JR.

Alguns autores referem-se ao modo como a utilização e/ou manipulação das

variáveis espaço de jogo, número de jogadores, presença de GR, regime do

exercício e encorajamento por parte dos treinadores podem influenciar a

intensidade dos JR (Owen et al., 2004; Tessitore et al., 2006; Williams & Owen,

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JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

5

2007; Rampinini et al., 2007; Sampaio et al., 2007; Borba, 2007; Kelly & Drust,

2008; Mallo & Navarro, 2008; Dellal et al., 2008; Hill-Haas et al., 2008, 2009).

Num estudo sobre a tomada de decisão, Vaeyens et al. (2007) concluíram que

a performance técnico-táctica dos jogadores varia de acordo com as

características dos constrangimentos apresentados, sobretudo no que diz

respeito à relação existente entre o número de jogadores atacantes/defesas.

A igualdade numérica permite uma aprendizagem eficaz dos elementos

técnico-tácticos, tanto individuais como colectivos no ataque e na defesa; a

superioridade numérica ofensiva produz aceleração do jogo ofensivo e

condições mais complexas para o jogo defensivo.

Estudos recentes (Owen et al., 2004; Rampinini et al., 2007) demonstraram que

JR com diferente número de jogadores exigem diferentes esforços fisiológicos.

De uma forma geral, estes estudos demonstraram que os JR com menor

número de jogadores exigem FC mais altas (Hill-Haas et al., 2008; Little &

Williams, 2007).

Sendo um procedimento habitual entre os treinadores o uso de JR em que se

verifique superioridade numérica por parte de uma das equipas (6x5 por

exemplo), os estudos referidos anteriormente apenas estudaram a influência da

alteração do número de jogadores, mantendo sempre o equilíbrio numérico

entre as duas equipas.

Num dos poucos estudos efectuados com JR que envolveram a comparação

entre formatos com igualdade e superioridade numérica, Hill-Haas et al. (2009)

verificaram não haver diferenças fisiológicas significativas entre os dois

formatos, apesar de ambos poderem providenciar variações de treino úteis.

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JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

6

Para Castelo (2003) é a partir dos exercícios de jogo, com oposição sobre duas

balizas, que se estabelece a possibilidade de se construir um número ilimitado

de meios de exercícios específicos de jogo, através dos quais, os jogadores

desenvolvem, para além dos comportamentos fundamentais da modalidade, a

potenciação de atitudes de ataque e defesa de forma contínua, em função da

recuperação e perca da posse de bola.

Dentro destes, o mesmo autor refere os jogos, com um número reduzido de

jogadores, como sendo os exercícios específicos de jogo que são construídos

de forma a adequar um número reduzido de jogadores, em função de um

espaço e de um tempo com o intuito de potenciar um maior número de

contactos na bola, de finalizar mais vezes e alternar constantemente as

atitudes de ataque e defesa.

Deste modo, através da utilização de exercícios específicos de futebol de

ataque versus defesa em igualdade e/ou superioridade numérica, qualquer

treinador, no seu processo de treino, pode condicionar as variáveis dos

exercícios para que a sua equipa saliente aspectos ofensivos ou defensivos do

jogo, para que, deste modo, os exercícios tenham uma melhor sistematização

no jogo da equipa e mais sucesso nas várias acções de jogo, propiciando

maior motivação pela maior frequência que contactam a bola e com que obtêm

situações de golo.

A necessidade de conhecer o esforço específico dos jogadores, dentro do

plano táctico e estratégico da sua equipa, através da monitorização dos

exercícios, são factores a ter em linha de conta na concepção e desempenho

do treino para as equipas ao longo da época.

Page 15: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

7

Segundo Eniseler (2005) é importante quantificar os estímulos aplicados aos

jogadores de modo a que os treinadores possam aplicar e corrigir com precisão

a intensidade de treino.

Assim, impõe-se a utilização preferencial de métodos de avaliação que

permitam, na medida do possível, a manutenção da complexidade do contexto.

A operacionalização deste trabalho permitirá recolher informação valiosa para o

processo de treino em futebol, relativamente à avaliação da performance

desportiva dos jogadores e à selecção de exercícios contextualizados por parte

dos treinadores, como meios privilegiados do treino, organizados e

direccionados às competências dos jogadores e à especificidade do jogo.

Deste modo, ao isolarmos variáveis de estudo no treino, associadas à

existência de material sofisticado, levam à construção de instrumentos

especializados com um espaço e envolvimento próprios.

A monitorização da FC, apesar de ser um método de avaliação da intensidade

do esforço indirecto, tem sido muito utilizada em futebol. Apresenta como

vantagens não ser invasivo e ser relativamente económico. Acresce ainda, o

facto, de que os últimos avanços tecnológicos têm permitido a recolha e

armazenamento dos dados através de cardiofrequencímetros portáteis que

permitem uma leitura contínua e uma transferência dos dados por via rádio

(telemetria). Vários estudos reforçam o sucesso da monitorização da FC no

futebol (Ali & Farrally, 1991; Shephard, 1992; Godik & Popov, 1993;

Mombaerts, 1996; Bangsbo, 1997; Soares, 2000).

Este estudo tem como objectivo principal determinar e comparar os efeitos dos

JR em situação de igualdade e superioridade numérica na performance de

jovens jogadores, Sub-13.

Page 16: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

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De uma forma mais específica, pretende-se avaliar e quantificar os efeitos da

aplicação de dois exercícios na performance dos jogadores, no âmbito: i)

Comportamento Técnico-Táctico (tempo de posse de bola; número de

intervenções no jogo; número de contactos na bola; passes certos; passes

errados; remates; golos; número de interrupções do processo ofensivo por

intervenção da defesa; formas de recuperação da posse de bola: saída da bola

do terreno de jogo, conquista da posse de bola; desarmes e intercepções; ii)

Carga interna através da FC.

Page 17: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

9

2 – MATERIAL E MÉTODOS

2.1 - Caracterização da Amostra

A amostra do estudo foi constituída por doze jogadores, pertencentes a um

clube da Associação de Futebol de Vila Real no escalão de Infantis (sub-13),

com um volume de treino semanal de 180 minutos (2 treinos) e um jogo de

competição por semana.

O quadro 1 caracteriza, de uma forma mais pormenorizada, a idade, o peso, a

altura, o índice de massa corporal (IMC), os anos de prática dos jogadores e a

média ± desvio padrão da amostra do estudo.

Quadro 1: Caracterização da amostra através da descrição da idade, peso, altura, índice massa corporal e anos de prática dos jogadores do estudo.

Jogadores Idade (anos)

Peso (kg)

Altura (cm)

IMC Anos de Prática

Jogador 1 12,1 43,6 150 19,4 4

Jogador 2 12,2 35,6 148 16,3 4

Jogador 3 12,9 61,9 176 20,0 2

Jogador 4 13,9 43,2 150 19,2 4

Jogador 5 12,1 55,6 163 20,9 4

Jogador 6 12,4 40,9 156 16,8 3

Jogador 7 13,4 58,2 161 22,5 4

Jogador 8 13,1 62,3 174 20,6 4

Jogador 9 11,5 31,2 140 15,9 2

Jogador 10 11,8 44,5 151 19,5 1

Jogador 11 10,8 45,3 155 18,9 2

Jogador 12 11,4 43,7 149 19,7 2

Média ± Desvio Padrão 12,3 ± 0,9 47,2 ± 10,1 156 ± 11 19,1 ± 1,9 3,0 ± 1,1

Todos os participantes (jogadores) foram informados sobre os procedimentos

gerais antes da realização do estudo, com algum tempo de antecedência, para

melhor preparação e compreensão do objectivo pretendido, dando o seu

consentimento por escrito.

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JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

10

2.2 - Variáveis do Estudo

As variáveis independentes do nosso estudo resultam dos exercícios utilizados,

condicionados aos constrangimentos de igualdade e superioridade numérica

(6x6 e 6x5), em situação de ataque e defesa. Foi semelhante aos usados em

estudos prévios (Owen et al., 2004; Rampinini, et al., 2007; Williams e Owen,

2007 e Hill-Hass et al., 2009).

As variáveis dependentes estudadas na realização do trabalho foram: (i)

Comportamento Técnico-Táctico dos jogadores em situação de ataque e

defesa através dos seguintes indicadores de jogo: tempo de posse de bola;

número de intervenções no jogo; número de contactos na bola; passes certos;

passes errados; remates; golos; número de interrupções do processo ofensivo

por intervenção da defesa; formas de recuperação da posse de bola: saída da

bola do terreno de jogo, conquista da posse de bola; desarmes e intercepções;

(ii) Carga Interna através da FC, expressa pela Frequência Cardíaca Média

(FCméd) e pela intensidade do exercício expressa em percentagens da

Frequência Cardíaca Máxima (FCmáx), sendo classificadas em 4 zonas de

intensidade previamente definidas: zona 1 (< 75% da FCmáx); zona 2 (75 – 84%

da FCmáx); zona 3 (85 – 89% da FCmáx) e zona 4 (> 90% da FCmáx) (Hill-Haas,

2008).

2.3 – Métodos

2.3.1 – Descrição dos Exercícios

Foram realizados dois exercícios de treino de acordo com a caracterização

representada no quadro seguinte (JR, constrangimentos, tempo e espaço do

exercício).

Page 19: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

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Quadro 2: Caracterização dos Jogos Reduzidos

Jogo Reduzido Constrangimentos Tempo Espaço

6 x 6 Ataque e Defesa (Igualdade numérica) 10` 60x40m

6 x 5 Ataque e Defesa (superioridade numérica) 10` 60x40m

O primeiro exercício foi um JR de 6x6 com duração de 10’, num espaço de

60x40m, onde uma das equipas se manteve sempre em situação de ataque e

outra sempre em situação de defesa.

O segundo exercício manteve todas as características anteriormente referidas,

tendo como variante a condicionante de superioridade numérica no ataque.

Figura 1: Representação esquemática dos Jogos Reduzidos

Estes JR foram efectuados em condições e espaço natural de prática (campo

de futebol, relvado sintético), sendo utilizado o seguinte equipamento: bolas de

futebol (20 bolas), colocadas numa área próxima das linhas do campo para

potencializar ao máximo o exercício; duas balizas movíveis com dimensões

40m

60m

Sentido de ataque

60m

JR2-6x5

40m

JR1-6x6

Page 20: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

12

iguais (6x2m); cones sinalizadores e coletes identificadores das equipas e dos

jogadores.

Foram aplicadas as regras oficiais do futebol, com algumas condicionantes,

nomeadamente: uma equipa está sempre atacar e outra a defender; utilização

de superioridade numérica no ataque em um dos JR; após perder a posse de

bola, a equipa organiza-se e o exercício recomeça no GR.

O controlo e organização dos JR foi da nossa responsabilidade. Os treinadores

da equipa estiveram presentes, tendo previamente salientado a importância de

treinarem com o máximo de concentração, rigor, empenho e intensidade nas

acções de jogo. Por seu lado os treinadores encorajaram e motivaram

constantemente os seus jogadores durante os exercícios, como normalmente

fazem nas sessões de treino.

Os jogadores foram agrupados por equipas, em função das suas

características individuais e de acordo com as orientações dos seus

treinadores, nomeadamente, em relação às tarefas e funções por norma

desempenhadas no jogo.

De referir ainda, que os GR não foram avaliados, nem ao nível da FC, nem nos

vários indicadores técnico-tácticos (ITT), participando apenas no JR (elemento

da equipa em fase da defesa, funções de GR e elemento da equipa na fase de

ataque, com funções de reposição da bola em jogo e de suporte ao jogo

ofensivo da equipa). Estes jogadores foram importantes para a organização,

dinâmica e lógica interna dos exercícios.

2.3.2 – Procedimentos Experimentais

Com o intuito de evitar situações que pudessem exortar erros susceptíveis de

influenciar os resultados, a aplicação do protocolo foi devidamente ponderada e

Page 21: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

13

cuidada, pelo que, esta abordagem envolveu a realização de uma sessão de

teste onde foram efectuados todos os procedimentos experimentais, de forma a

permitir uma adaptação prévia aos instrumentos, equipamentos e

conhecimento dos JR propostos por todos os jovens que faziam parte da

amostra.

Esta sessão de teste permitiu ainda uma melhor adaptação do investigador aos

instrumentos, aspectos logísticos e operacionais do estudo.

Duas semanas antes do teste, foi determinada a FCmáx para cada jogador,

utilizando o “Yo-Yo Intermittent Recovery Test Level 1” (YYIRTL1)

(Bangsbo,1994; Krustrup et al., 2003; Bangsbo et al., 2008).

Este teste foi desenhado para avaliar jogadores com um baixo nível de treino e

avalia a capacidade de um jogador efectuar, repetidamente, esforços de alta

intensidade, sendo extremamente útil para o futebol, modalidade na qual a

capacidade de realizar um esforço, depois de períodos curtos de recuperação,

pode ser decisiva para o rendimento dos jogadores e das equipas durante a

competição.

Resumidamente, este teste prevê a realização de percursos de 40 metros

(2x20) respeitando a cadência do sinal sonoro proveniente de uma gravação

áudio (Bangsbo, 1994) que estabelece a velocidade de corrida, a intermitência

do exercício é assegurada por um período de recuperação de 10 segundos

depois de cada percurso de 40 metros.

Neste período de recuperação, os jogadores devem dar a volta a outro cone,

que dista 5 metros do primeiro, a caminhar ou a correr lentamente, voltando de

novo ao ponto de partida e aguardando até que o sinal sonoro indique o

recomeço do percurso.

Page 22: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

14

Figura 2: Descrição do “Yo-Yo Intermittent Recovery Test Level 1”

Neste teste o jogador tentará realizar o maior número de idas e voltas

possíveis, respeitando, sempre, a velocidade de corrida que é indicada pela

gravação áudio, que começa com uma velocidade de 10 km/h e com aumentos

progressivos de velocidade, controlados por meio dos sinais sonoros que

diminuem de intervalo com o passar do teste (começando com acções de 15

segundos até chegar a apenas 5 segundos no final do teste).

O jogador termina a sua prestação quando, pela segunda vez consecutiva não

conseguir finalizar o percurso de acordo com o sinal sonoro, devido à fadiga.

Os valores da FCmáx obtidos pela realização do YYIRTL1 foram usados como

valores de referência para relativizar os valores absolutos da FC observada

durante cada um dos JR.

Na semana anterior à recolha dos dados, a amostra foi sujeita a um processo

de recolha do peso e da altura. O processo de recolha de dados para o estudo

ocorreu com garantia de total recuperação da fadiga, no decurso normal do

período competitivo, na agenda e horário normal dos treinos. Os jogadores

participaram nos exercícios como parte normal da sua sessão de treino, tendo-

lhes sido previamente pedido para se absterem de esforços vigorosos nos dois

dias anteriores à realização do estudo.

Page 23: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

15

Numa primeira abordagem aos jogadores foi-lhes comunicado o objectivo

global do estudo, assim como a metodologia de recolha de dados. Este

procedimento possibilitou dar-lhes a conhecer qual o seu nível de envolvimento

no estudo, bem como o esclarecimento de algumas dúvidas que pudessem

surgir.

Posteriormente, os exercícios foram realizados em duas sessões com um

intervalo de uma semana entre elas, sendo que, na primeira semana, foi

efectuado o JR1 (6x6) e na segunda semana o JR2 (6x5) depois de um

aquecimento inicial (estandardizado) de 10 minutos de duração seguido de um

período de 2 minutos de recuperação passiva (alongamentos).

2.4 - Instrumentos e Equipamentos Utilizados

Para a realização do YYIRTL1 foi necessária a utilização de um aparelho

reprodutor de som, CD (áudio) com os sinais sonoros, cones para marcação

das linhas e folhas de anotação para registo dos trajectos de 20m realizados.

Para a sua delimitação foram usados cones para marcar 3 linhas paralelas

como aparece descrito na figura 2.

Foram devidamente colocados os aparelhos de frequência cardíaca no apêndice

xifóide dos jogadores e ajustados com bandas elásticas. Para a avaliação da FC

foi utilizada rádio-telemetria de curto alcance (Polar Team System, Polar Electro

OY, Kempele, Finland). A mesma foi monitorizada durante os JR, gravada em

intervalos de 5’’, após cada sessão todos os registos foram transferidos para um

computador (portátil TOSHIBA cx série L40) através de um interface adequado

(Polar AdvantageTM) e guardados para posterior análise dos dados recolhidos

nos programas de software Polar Precision Performance SW e Microsoft Office

Excel 2007.

Page 24: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

16

Os aparelhos de monitorização da FC foram usados para determinar a FCmáx de

cada jogador.

Para caracterizar o comportamento técnico-táctico dos jogadores foi utilizada a

observação e análise de imagens captadas por uma câmara de vídeo (Sony

DSR-500WSP, filmagem realizada por um técnico dos audiovisuais da UTAD),

colocada de forma a conferir um ângulo de filmagem que englobasse todo o

terreno de jogo, permitindo observar a movimentação de todos os jogadores,

bem como analisar e determinar, com precisão, quais as acções desenvolvidas

sobre a bola e posterior registo, utilizando um sistema de notação manual

previamente definido para o efeito.

Na observação das imagens, foi utilizado um DVD (Crown – 108F5) e um LCD

(LG 32’’). Para o registo ser mais eficaz foi colocado um cronómetro

incorporado na imagem a partir do início dos JR, montagem dos serviços

técnicos de audiovisuais.

O futebol como actividade desportiva, enquadra-se em função das suas

características nos JDC, apresenta um conjunto de indivíduos em interacção

mútua com relações coerentes e consequentes.

A lógica interior do jogo é a expressão dos objectivos desse mesmo jogo e

manifesta-se na procura do golo e na defesa da baliza. Deste modo, a equipa

com a posse de bola desenrola um conjunto de acções individuais e colectivas

ofensivas visando a concretização imediata do golo ou que permitam a

manutenção da posse de bola, enquanto que, quando sem a posse de bola, a

mesma equipa realiza acções individuais e colectivas defensivas, que

procurem evitar a progressão da bola em direcção à sua baliza e por inerência,

Page 25: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

17

o golo, tentando simultaneamente a recuperação da posse de bola para desse

modo assumir a iniciativa do jogo.

A fiabilidade da observação é tanto menos limitada quanto mais pormenorizada

for o critério que preside à mensuração ou quantificação dos Comportamentos

Técnico-Tácticos.

A fim de realizar uma observação uniforme e válida cientificamente, procedeu-

se a uma definição de todos os indicadores seleccionados (adaptada de

Garganta, 1997 e Maçãs, 1997).

Através desta definição foi obtida uma delimitação do campo de observação,

isto é, o observador condicionou a sua análise e recolha de dados aos

parâmetros por ela contemplados.

Indicadores Técnico-Tácticos Ofensivos

Tempo de Posse de Bola

É o intervalo de tempo (segundos) em que cada jogador individualmente tem a

posse de bola, no seu espaço motor e sob o seu total controlo. Foi registado o

tempo de posse de bola por jogador em segundos.

Intervenções

É um indicador utilizado para determinar e quantificar o número de vezes que o

jogador interage directamente com o objecto do jogo (a bola). Foi registado o

número de intervenções por jogador nas acções ofensivas da equipa.

Contactos na Bola

É um indicador utilizado para determinar e quantificar o número de contactos

realizados por um jogador em cada intervenção na bola. Nesta variável foram

registados o número total de contactos na bola durante a realização dos jogos

reduzidos.

Page 26: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

18

Número de Passes

O passe consiste numa transmissão do móbil de jogo entre os elementos da

mesma equipa na fase ofensiva. Nessa medida, constitui um meio que une as

intenções dos jogadores e traduz a coesão ofensiva de uma equipa, razão pela

qual, em alguns casos, funciona como um indicador importante para a

caracterização do estilo e método de jogo praticados.

Passes Certos

Consideramos como passes certos as acções em que a bola foi efectivamente

transmitida entre dois elementos da mesma equipa, permitindo uma

comunicação directa entre eles. Foi registado o número de vezes em que este

evento ocorreu, durante o processo ofensivo.

Passes Errados

Por oposição ao indicador Técnico-Táctico anterior, este ocorre sempre que o

jogador, em posse de bola, não dá sequência ao processo ofensivo. Neste

caso contabilizamos o número de vezes em que os jogadores na tentativa de

realizarem a acção Técnico-Táctica de passe, estas não atingem o seu

objectivo.

Remates

Acção individual de natureza ofensiva que permite ao jogador manifestar uma

intenção clara em procurar o objectivo do jogo (golo). Foi registado o número

de remates por jogador.

Golos

Este indicador revela o número de vezes que a bola ultrapassa a linha de

baliza, em condições de cumprimento total das leis de jogo. Foi registado o

número de golos obtidos por jogador.

Page 27: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

19

Indicadores Técnico-Tácticos Defensivos

Interrupções do Processo Ofensivo por Intervenção da Defesa

Indicador que pretende quantificar o número de vezes que o processo ofensivo

da equipa termina por acção directa dos jogadores que estão em processo

defensivo.

Formas de Recuperação da Posse de Bola:

Nesta variável pretendemos identificar o modo como a equipa consegue obter

a posse de bola. Esta variável pode ser concretizada por quatro possibilidades

que passamos a enumerar e definir:

Saída da bola do terreno de jogo

Nesta situação, a bola é recuperada sempre que a equipa, em posse de bola,

consente a sua saída pelas linhas laterais do campo de jogo.

Foi registado o número de vezes que se recuperou a posse de bola por ter

saído do terreno de jogo.

Conquista da posse de bola

É quando o jogador ou a equipa passam a deter a posse da bola por intermédio

de um duelo ou de uma intercepção. Foi registado o número de vezes que a

equipa na fase defensiva conquistou a posse de bola.

Desarmes

É a disputa da bola realizada por um jogador sem bola com o seu adversário

directo na posse de bola, numa situação de 1 contra 1, tentando o primeiro

jogador retirar a bola ao seu adversário. Considera-se a acção do desarme

eficaz sempre que o jogador sem bola fica na posse desta, após disputa com o

adversário previamente em posse de bola. Foi registado o número de

desarmes por jogador.

Page 28: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

20

Intercepções

É a acção desenvolvida por um jogador que se coloca na trajectória da bola,

sendo esta conduzida ou rematada por um adversário ou ainda dirigida para

um outro adversário. Para se considerar intercepção, o jogador que realiza esta

acção terá de ficar claramente com a posse de bola ou enviá-la ao primeiro

toque para um seu colega de equipa. Foi registado o número de intercepções

por jogador.

Após a definição de todas as categorias das variáveis em observação, era

necessário fazer a sua aplicação, na observação concreta dos JR. Como esta

tarefa recaiu sobre nós, era importante verificar se havia uma estabilidade no

registo das categorias observadas, ou seja, era necessário determinar o cálculo

da fidelidade intra-observador. Para cumprir esta tarefa, observamos os JR em

dois momentos (com quinze dias de intervalo). Da comparação dos dados

encontrados, através da fórmula de Bellack et al., (1966) foi possível

determinar a fidelidade das observações. Os valores encontrados foram

superiores ao intervalo de 80-85% (sugerido pelo autor), pelo que estava

garantida a validade das nossas observações.

2.5 - Análise Estatística dos Dados

Para análise estatística dos dados recorremos aos procedimentos da estatística

descritiva, com apresentação dos valores da média, desvio padrão, frequências

absolutas, relativas, valores mínimos e máximos. Utilizamos o teste não

paramétrico de “Wilcoxon” para comparar as diferenças dos valores médios dos

grupos (ataque e defesa, com igualdade e superioridade numérica) nos dois JR

utilizados e o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS versão

16.0) para tratar os dados. O nível de significância utilizado foi de P <0,05.

Page 29: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

21

3 – APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

Os dois JR foram avaliados através da observação individual de cada jogador.

Foram observadas diferenças estatisticamente significativas no número de

remates e na conquista da posse de bola.

Os valores das acções ofensivas foram superiores no jogo 6x5, excepto no

número de passes (passes certos e errados). Os valores das acções

defensivas foram sempre superiores no jogo 6x6.

No quadro 3 podem ser consultados, de forma mais pormenorizada, todos os

resultados relativos à observação dos ITT.

Quadro 3: Média ± Desvio Padrão (X ± SD) dos Indicadores Técnico Tácticos

Indicadores Técnico-Tácticos Jogo 6x6 X±SD

Jogo 6x5 X±SD Z P

Tempo de Posse de Bola (segundos) 42,8±29,7 42,8±24,8 -0,079 0,937

Intervenções sobre a Bola 19,3±6,8 20,3±6,8 -0,771 0,441

Contactos na Bola 46,3±29,8 50,1±26,4 -0,708 0,479

Passes Certos 12,5±8,1 12,3±6,8 -0,362 0,718

Passes Errados 3,5±1,3 3,0±1,5 -0,426 0,670

Remates * 0,83±,71 1,6±,98 -2,640 0,008

Golos 0,17±,38 0,33±,77 -0,743 0,458

Interrupções Processo Ofensivo 4,5±2,5 3,6±1,9 -0,796 0,426

Saída da Bola do Terreno Jogo 1,9±1,6 1,3±,77 -1,211 0,226

Conquista Posse Bola * 2,5±1,4 1,5±1,3 -2,142 0,032

Desarmes 1,8±1,1 1,3±1,1 -1,027 0,305

Intercepções 3,6±2,8 3,1±1,5 -0,158 0,874

* Diferenças estatisticamente significativas (P <0,05)

A FCmáx dos jogadores no YYIRTL1 apresentou um valor médio de 199,4

Batimentos por minuto (bpm) e um desvio padrão de ±7,7 bpm o que expressa

a variabilidade inter-individual da FCmáx do grupo de jogadores estudado.

Page 30: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

22

A dispersão dos dados pode ser das variações inter-individuais na resposta da

FC ao esforço solicitado, bem como aos diferentes níveis de empenho nos JR.

O jogador 6 foi o que registou a FCmáx maior (213 bpm) e o jogador 1 foi o que

registou a FCmáx mais baixa (185 bpm).

Quadro 4: Média ± Desvio Padrão e FCmáx dos jogadores no “Yo-Yo Intermittent Recovery Test Level 1”

Jogadores FCmáx YYIRTL1

Jogador 1 185 bpm Jogador 2 208 bpm Jogador 3 191 bpm Jogador 4 202 bpm Jogador 5 204 bpm Jogador 6 213 bpm Jogador 7 194 bpm Jogador 8 200 bpm Jogador 9 201 bpm Jogador 10 195 bpm Jogador 11 204 bpm Jogador 12 196 bpm

Média ± Desvio Padrão 199,4 ± 7,7

No nosso estudo a FCmáx foi atingida por 33,3% dos jogadores no jogo 6x6 e

63,6% dos jogadores no jogo 6x5 durante a realização dos JR.

A média da FCmáx no jogo 6x6 foi de 195,7±8,0 e no jogo 6x5 de 198,5±6,9,

valores muito próximos dos conseguidos na realização do YYIRTL1

(199,4±7,7).

As médias das FC observadas nos JR 6x6 e 6x5 foram, respectivamente

181,4±9,7 e 187,0±7,8 bpm.

A intensidade de esforço desenvolvido pelos jogadores correspondeu a uma

média de 91% da FCmáx no jogo 6x6 e de 94% da FCmáx no jogo 6x5, conforme

está expresso no quadro 5.

Page 31: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

23

Quadro 5: Valores da FCméd e percentagem da FCmáx por Jogo Reduzido, equipa no ataque e na defesa

Jogo 6x6 Jogo 6x5

FCméd do Jogo 181,4±9,7 187,0±7,8

% FCmáx do Jogo 91% 94%

FCméd no ataque 187,3±7,7 191,2±9,1

% FCmáx no ataque 94% 96%

FCméd na defesa 175,5±8,1 182,0±3,4

% FCmáx na defesa 88% 91%

Apesar da diferença estatisticamente significativa observada nos valores

médios da FC, na comparação dos dois JR, o tempo gasto em cada zona de

FC foi bastante similar nas zonas 1 e 2. Foram observadas diferenças

estatisticamente significativas nas zonas 3 e 4, salientando que o tempo gasto

na zona 3 foi mais elevado no jogo 6x6 e na zona 4 no jogo 6x5. Poderemos

verificar os resultados no quadro seguinte.

Quadro 6: Média±Desvio Padrão do tempo (em segundos) gasto em cada uma das 4 zonas de intensidade utilizadas por Hill-Haas et al. (2008)

JR FC Média * FC Z1 FC Z2 FC Z3 * FC Z4 *

6x6 181,4±9,7 21,2±29,4 63,3±65,0 127,0±101,6 388,3±175,8

6x5 187,0±7,8 18,5±17,5 33,1±47,1 41,3±43,0 506,7±81,8

Z -2,180 -,223 -1,246 -2,580 -2,355

P 0,029 0,824 0,213 0,010 0,019

* Diferenças estatisticamente significativas (P <0,05)

Na realização dos JR propostos verificou-se uma percentagem elevada de

registos dentro da zona 4 (> 90% da FCmáx). Uma percentagem de 65% dos

registos no jogo 6x6 e 84% dos registos no jogo 6x5.

Page 32: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

24

4 – DISCUSSÃO

O objectivo deste estudo foi comparar os comportamentos técnico-tácticos e as

exigências fisiológicas durante os JR de 6x6 e 6x5, em situação de ataque e

defesa, em jovens jogadores.

Uma das dificuldades na avaliação da performance de aprendizagem

desportiva, reside em apurar indicadores tácticos que permitam organizar e

estruturar a performance individual e colectiva, assim como, reunir informação

que permita aperfeiçoar a observação e a respectiva análise do jogo nos seus

vários momentos. Estes tipos de acções (técnico-tácticas individuais e

colectivas) são acontecimentos que influenciam positiva ou negativamente o

decorrer do jogo.

A avaliação técnico-táctica do jogo de futebol pressupõe, por parte dos

profissionais que com ela lidam, designadamente treinadores e/ou professores,

a clarificação e estruturação de indicadores pertinentes à aprendizagem em

futebol, de modo a possibilitarem a orientação no treino e a sua regulação em

competição.

Os ITT nos dois tipos de JR foram avaliados através da contagem do tempo de

posse de bola por jogador e do número de acções técnico-tácticas realizadas

durante os 10 minutos de duração do jogo.

As figuras 3 e 4 mostram, de uma forma comparativa, que existiram diferenças

estatisticamente significativas no número de remates e nas conquistas da

posse de bola.

Este resultado obtido no nosso estudo, vai de encontro ao realizado por Borba

(2007), em que alguns indicadores que apresentaram maiores diferenças entre

Page 33: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

25

os valores médios também se verificaram nas frequências de remate e

conquista da posse de bola.

Apesar destas diferenças, nas acções ofensivas verificaram-se valores mais

elevados da frequência de repetição no JR 6x5, excepto em relação ao número

de passes. No que diz respeito à eficácia / êxito do passe (passe certo e passe

errado) registou-se valores mais elevados no JR 6x6, como se pode observar

pela representação na figura 3.

Através desta participação mais significativa no jogo, uma vez que cada

jogador foi chamado a participar no jogo com maior regularidade, comprova-se

que na variante superioridade numérica no ataque, qualquer jogador pode ser

solicitado a qualquer momento por um colega de equipa a desempenhar

acções que constituem uma condição de jogo mais adequada à capacidade

ofensiva dos praticantes, trazendo benefícios superiores no desenvolvimento

do jogo da equipa.

Figura 3: Frequência absoluta dos Indicadores Técnico-Tácticos Ofensivos nos Jogos Reduzidos

* Diferenças estatisticamente significativas (P <0,05)

Tempo PB N Interv CSB PC PE Rem Golos

6x6 42,80 19,30 46,30 12,50 3,50 0,83 0,17

6x5 42,80 20,30 50,10 12,30 3,00 1,60 0,33

0

10

20

30

40

50

60

Freq

uênc

ia

Indicadores Técnico-Tácticos Ofensivos

Page 34: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

26

Nas acções defensivas foi registada uma maior frequência de repetição no jogo

6x6. Nesta variante dos JR, igualdade numérica, uma vez que cada jogador foi

chamado a participar no jogo de forma mais regular, sendo cada jogador

estimulado, com maior frequência, a desenvolver os ITT inerentes à

recuperação da bola, quer seja pelo confronto individual para adquirir a posse

de bola directamente ao adversário, quer pela intercepção da trajectória da

bola, onde são exigidas e estimuladas as capacidades defensivas. Verificou-se

neste plano um equilíbrio defensivo maior em relação à variante superioridade

numérica dos JR.

Figura 4: Frequência absoluta dos Indicadores Técnico-Tácticos Defensivos nos Jogos Reduzidos

* Diferenças estatisticamente significativas (P <0,05)

Estas constatações poderão ser reflexo de que um exercício, em igualdade

numérica, possibilita um equilíbrio permanente entre o ataque e a defesa. A

superioridade numérica estimula a existência de interacções positivas entre

jogadores, facilita o desenvolvimento da fase ofensiva, possibilita um

NIPO STJ CPB Des Int

6x6 4,50 1,90 2,50 1,80 3,60

6x5 3,60 1,30 1,50 1,30 3,10

0

2

4

6

Freq

uênc

ia

Indicadores Técnico-Tácticos Defensivos

Page 35: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

27

desequilíbrio ataque/defesa e um incremento do tempo de compromisso motor

dos atacantes com bola.

De referir que, perante os resultados do estudo, estes constrangimentos

poderão ser utilizados no processo de treino como condicionantes para

direccionar, de forma bem estruturada, os exercícios para os objectivos

pretendidos com a sessão de treino, devendo a mesma, ser sempre de forma

planeada e calculada.

A manipulação do número de jogadores numa equipa parece, no nosso estudo,

ter um impacto mínimo no que diz respeito aos indicadores técnicos e tácticos

observados, visto que apresentam diferenças estatisticamente significativas em

apenas dois indicadores, um de carácter ofensivo e outro defensivo, e em

todos os outros indicadores valores muito semelhantes nos dois JR.

Isto sugere que o número de jogadores deve ser alvo de atenção cuidada por

parte dos treinadores, na organização da prática dos exercícios, quando o

objectivo é o desenvolvimento técnico-táctico dos jogadores.

A relação entre o espaço onde decorre o exercício e o número de jogadores é

um aspecto a ter em conta na concepção dos exercícios de treino. Assim, uma

situação será tanto mais complexa quanto maior for a quantidade de

informação necessária para o sistema se organizar, ou seja, quanto maior for o

apelo à capacidade de decisão estratégico-táctica dos jogadores.

No JR quando existe igualdade numérica é menor o espaço, menor será o

tempo que os praticantes possuem para analisar a situação e executar as

acções técnico-tácticas correspondentes à solução, o que implica

consequentemente um aumento de velocidade e do ritmo de execução das

acções individuais e colectivas, diminuindo, no entanto, a eficiência

Page 36: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

28

estabelecida para a concretização dos níveis de êxito propostos. Nesta

perspectiva, as recuperações de bola por parte da equipa que defende serão

maiores quanto mais reduzido for o espaço de jogo, o que está directamente

relacionado com o número de jogadores.

A inclusão de actividades específicas do jogo como o passe, cabeceamento,

tackle, etc, nos JR torna o estímulo de treino mais específico às exigências do

jogo (Rampinini et al., 2007) aumentando a eficiência do treino. A avaliação dos

indicadores das acções técnicas de diferentes JR é, por isso, um aspecto

fundamental a ter em consideração. Assim, os jogadores devem conhecer a

modalidade que praticam, para poderem tirar o máximo proveito das situações.

Para isso, devem pôr em prática as informações mais oportunas para que as

suas decisões sejam mais adequadas.

Os valores de referência da FC para os exercícios, apesar de constituírem uma

importante fonte para localizar com maior exactidão a zona do impacto

fisiológico da carga de treino, dependem de algumas condições de realização.

A FC como indicador da carga interna, adquire maior validade quando o sujeito

está habituado ao uso do respectivo aparelho, possuindo uma margem de erro

desconhecida, devido a factores externos ao esforço que determinam a FC (ex:

estado emocional, consumo de estimulantes ou doenças).

Bangsbo (1994) refere como factores que podem afectar a intensidade do

exercício a motivação, o nível técnico dos jogadores, as condições do terreno

de jogo e também se tiverem conhecimento que a atenção é focada no seu

esforço.

É neste sentido que Karvonen & Vuorimaa (1988) recomendam a relativização

da FC em função da FCmáx, indicando a intensidade do exercício em

Page 37: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

29

percentagem da FCmáx, a qual representa um parâmetro mais adequado para o

controle da intensidade de esforço desenvolvido pelos jogadores.

A utilização da percentagem da FCmáx como indicador da intensidade do

esforço é definida por autores como Bangsbo (1997) e Cazorla & Farhi (1998)

ao utilizarem nos seus estudos esta variável fisiológica para descreverem a

intensidade do esforço no futebol.

Os resultados demonstraram que o número de jogadores (igualdade e

superioridade numérica) altera as respostas cardíacas observadas nos

diferentes JR. Os valores da FCméd no jogo 6x5 foram significativamente

superiores aos valores observados no jogo 6x6 (187,0±7,8 e 181,4±9,7,

respectivamente). Estes dados aparecem em contradição relativamente aos

resultados obtidos num dos poucos estudos efectuados com JR que

envolveram a comparação entre formatos com igualdade e superioridade

numérica, Hill-Haas et al. (2009). Verificaram não haver diferenças fisiológicas

significativas entre os dois exercícios apesar de ambos poderem providenciar

variações de treino úteis para os treinadores no processo normal de

treino/competição.

Pelos valores obtidos, o impacto fisiológico (carga interna) provocado pelos

exercícios seleccionados correspondem ao por nós esperado, relativamente

aos JR de igualdade e superioridade numérica, em que uma equipa só

participa na fase de ataque e a outra na fase de defesa. Lembramos, mais uma

vez, que o objectivo dos exercícios pretende reflectir fases do jogo que exige

uma grande mobilidade dos jogadores requerendo, por isso, uma elevada

capacidade para suportar esforços intensos durante períodos prolongados e de

recuperar dos mesmos, o mais rapidamente possível.

Page 38: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

30

Figura 5: Tempo total de jogo (em segundos) gasto em cada uma das 4 Zonas de Intensidade definidas por Hill-Haas et al. (2008)

* Diferenças estatisticamente significativas (P <0,05)

Como vimos anteriormente, existem diferenças estatisticamente significativas

na zona 3 e 4 entre os dois tipos de JR, no que diz respeito ao tempo gasto em

cada zona de intensidade, passando mais tempo na zona 3 no JR 6x6 e na

zona 4 no JR 6x5, que são as zonas consideradas de maior intensidade.

Devemos, no entanto, ter em atenção que o tempo dispensado na zona 4 (zona

de maior intensidade) corresponde, respectivamente nos jogos 6x6 e 6x5 a

64,7% e 84,4% do tempo total do exercício, ou seja, uma percentagem

bastante elevada, sobretudo quando comparada com as percentagens da zona

3, como se pode verificar na figura 6.

Um dado de relevo que sobressai deste estudo é que os jogadores

apresentam, em ambos os JR, valores médios da percentagem da FCmáx acima

dos 90% (jogo 6x6 – 91% e jogo 6x5 – 94%), passando no jogo 6x5 mais de

80% do tempo de jogo na zona 4 (> 90% da FCmáx). Estes valores encontram-

se dentro ou acima da zona alvo de intensidade (90 – 95% da FCmáx) que

Zona 1 Zona 2 Zona 3 Zona 4

6x6 21,20 63,30 127,00 388,30

6x5 18,50 33,10 41,30 506,70

0

100

200

300

400

500

600Te

mpo

(se

gund

os)

Tempo em cada Zona de Intensidade

Page 39: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

31

Helgerud et al. (2001) julgam necessária para o aumento efectivo da aptidão

aeróbia.

Figura 6: Percentagem do tempo total de jogo (em segundos) gasto em cada uma das 4 Zonas de Intensidade definidas por Hill-Haas et al. (2008)

Direccionando a análise dos dados para as fases do jogo (ataque e defesa)

verificamos que os jogadores em situação ofensiva apresentam valores da

percentagem da FCmáx no jogo 6x6 de 94% e no jogo 6x5 de 96% e os

jogadores em situação defensiva no jogo 6x6 de 88% e no jogo 6x5 de 91%.

Constatando-se que os valores no exercício em superioridade numérica são

mais elevados e que os valores obtidos pelos jogadores da defesa são mais

baixos em comparação com os jogadores do ataque. Esta referência poderá

estar directamente relacionada com aspectos motivacionais porque estes

jogadores não tinham a ambição de conseguir situações de finalização e

apenas movimentos, funções e tarefas defensivas. A partir dos momentos que

recuperavam a posse de bola o exercício recomeçava. Por esta razão

consideramos importante que na concepção de exercícios com estas

Zona 1 Zona 2 Zona 3 Zona 4

6x6 3,53 10,55 21,17 64,72

6x5 3,08 5,52 6,88 84,45

010203040506070

8090

% T

empo

Tot

al

Tempo Total dos JR em cada Zona de Intensidade

Page 40: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

32

condicionantes, se atribua um objectivo táctico à equipa que recupera a posse

de bola. Desta forma poderemos resolver o problema detectado (FC inferior na

equipa que defende), aproximando as características do JR às reais

solicitações do jogo formal e promovendo uma melhor ligação entre as fases do

jogo, nomeadamente com o desenvolvimento de comportamentos ajustados à

competição através da ligação defesa – ataque.

Os exercícios de treino estudados impõem elevados níveis de intensidade de

esforço intercalados com períodos de menor intensidade, solicitando de uma

forma mista a aptidão aeróbia e anaeróbia. Este tipo de esforço assemelha-se

ao esforço realizado em jogo, sobretudo nas suas fases mais intensas.

Diversas acções decisivas, como por exemplo o pressing ou a mobilidade

rápida dos jogadores em fase ofensiva solicitam este tipo de esforço. Assim,

parece-nos justificar-se a utilização deste tipo de «exercícios simuladores da

realidade» no treino que, além de prever na sua organização as acções

técnicas e tácticas inerentes à fase do jogo a que correspondem, contemplam o

modelo de esforço associado.

Os resultados estão de acordo com o estudo efectuado por Jensen et al. (2007)

que concluiu que a utilização adicional de 30 minutos de JR, uma vez por

semana durante a época, aumenta vincadamente a capacidade aeróbia, a

potência anaeróbia e a capacidade de realizar exercícios intermitentes

(específicos de futebol).

Como se pode constatar pela análise gráfica dos registos da FCméd (Figura 7), a

variante do JR (6x5) apresenta quase sempre valores mais elevados,

exceptuando o primeiro minuto dos JR. O que nos leva a concluir que a

Page 41: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

33

superioridade numérica é um parâmetro influente na variação dos registos da

FC entre os JR estudados.

Figura 7: Variação da FCméd no decurso dos Jogos Reduzidos

A possível justificação para esta constatação pode advir do facto de que,

quando o número de jogadores é menor no processo defensivo, os jogadores

da equipa em fase ofensiva têm que, procurar acções mais simples e lineares

tentando rapidamente conseguir situações de finalização e, consequentemente,

o objectivo do jogo.

Assim, na tentativa de procurar um espaço para receber a bola em condições

favoráveis ao remate, realizar um maior número de acções de desmarcação ou

encontrar os momentos críticos para tirar vantagem implicam regimes de

intensidade de esforço mais altos.

Como o exercício estudado exige superioridade numérica no ataque, os

jogadores da equipa em fase defensiva, terão de «perseguir» os seus

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

6x6 164,7 183,8 185,4 182,2 182,5 182,5 183,3 185,8 181,3 183,8

6x5 159,2 186,4 190,3 193,5 192,1 190,1 189,3 189,9 190,1 189,2

150

155

160

165

170

175

180

185

190

195

200

FCm

édia

(bpm

)

Tempo (minutos) dos JR

Page 42: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

34

adversários para os impedir de receber a bola cortando linhas de passe,

tentando o desarme ou intercepção. Logo, em consequência da intensidade

das acções dos jogadores em fase ofensiva e da variável do JR (superioridade

numérica), os jogadores que estão em fase defensiva realizarão acções em

regimes de alta intensidade.

Pensamos que os exercícios propostos no estudo podem ser usados com

substitutos de grande parte dos exercícios sem bola, desenvolvidos para o

treino aeróbio, permitindo em simultâneo o desenvolvimento das acções

técnico-tácticas ofensivas e defensivas.

A recolha de informação acerca dos efeitos dos exercícios de treino, assim

concebidos, poderá permitir construir modelos de exercícios mais eficazes e

assegurar uma periodização mais adequada.

Page 43: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

35

5 – CONCLUSÃO

Após a realização deste estudo, sentimos que acrescentamos informação útil

para a concepção dos JR no futebol.

No comportamento Técnico-Táctico foram analisados indicadores de

ataque e defesa:

a) Apenas os valores da frequência do número de remates e conquista da

posse de bola apresentaram diferenças estatisticamente significativas;

b) As acções ofensivas do jogo são mais frequentes no JR com

superioridade numérica no ataque e as acções defensivas são mais

frequentes no JR em igualdade numérica.

A organização dos JR provoca uma intermitência do esforço que parece

assemelhar-se com aquela que o jogo solicita:

a) Os exercícios estudados alternam períodos de elevada intensidade com

períodos de baixa intensidade;

b) No JR com superioridade numérica no ataque, a intensidade média,

assim como o tempo dispendido na zona de intensidade superior

aumenta. Os valores médios da FC e os valores do tempo gasto na

zona 3 e 4 apresentaram diferenças estatisticamente significativas.

c) A intensidade do esforço desenvolvido foi superior no JR 6x5,

relacionando-se directamente com a intensidade dos jogadores que só

tiveram funções de ataque e só de defesa.

Isto sugere que as actividades que incluem um número superior de jogadores

no processo ofensivo e um número mais reduzido de jogadores no processo

defensivo podem promover um melhor treino “multi-componente” e com um

grau de intensidade cardiovascular superior. Para os exercícios analisados a

Page 44: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

36

variação do número de jogadores induzem alterações na intensidade dos

exercícios. Assim, os treinadores poderão recorrer à modificação destes

constrangimentos de forma a direccionar os exercícios para os objectivos de

treino pretendidos.

De entre os factores que influenciam a FC em exercício devemos destacar a

motivação que o treinador, através de constantes incentivos, pode provocar

nos seus jogadores levando-os a atingir ou até superar os objectivos propostos.

Julgamos que seria extremamente pertinente, em trabalhos futuros, procurar

explorar e comparar os efeitos da utilização dos mesmos jogadores em funções

de ataque e defesa nos JR, de forma a recolher informação relevante para a

selecção de exercícios cada vez mais direccionados às competências dos

jogadores e à especificidade do jogo de futebol.

Page 45: Futebol Jogos Reduzidos

JOGOS REDUZIDOS EM FUTEBOL

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