Gabriel Delanne - Sua Vida, Seu Apostolado e Sua Obra

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    www.autoresespiritasclassicos.com

    Paul Bodier e Henri Regnault

    Gabriel Delannesua vida, seu apostolado e sua obra

    Traduzido do FrancsGabriel Delanne, sa vie, son apostolat, son oeuvre.

    Paris: Ed. J. Meyer (B.P.S.), 1937.

    Gabriel Delanne(1857 - 1926)

    Nada do que feito em favor da grandeCausa Esprita pode estar perdido.

    Gabriel Delanne

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    Contedo resumido

    Lon Denis e Gabriel Delanne foram os dois maisimportantes discpulos de Allan Kardec, no trabalho de darcontinuidade divulgao do Espiritismo no mundo.

    A vida e a obra de Gabriel Delanne so retratadas de formacompacta nesta obra, por Bodier e Regnault, que tiveram grandesdificuldades em reunir dados biogrficos desse grande obreiroesprita, pois sua modstia o levava a omitir informaes sobresua vida pessoal.

    Nesta obra conheceremos um pouco da misso do fielseguidor, obreiro incansvel, divulgador eloqente e profundoconhecedor da obra de Kardec, j que Delanne foi educado porpais conhecedores e praticantes do Espiritismo e, portanto, ospreceitos espritas faziam parte, naturalmente, de sua vida e deseu pensamento.

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    Sumrio

    Prefcio.....................................................................................6

    Apresentao da edioem lngua portuguesa................................................................8

    Captulo I

    A vida e a ao........................................................................10

    Captulo II

    A obra......................................................................................42

    Captulo III

    O Espiritismo e os sbios.......................................................64

    Captulo IV

    O Espiritismo e os escritores, filsofos, etc...........................70Apndice.................................................................................74

    1

    Origem daUnio Esprita Francesa...........................................74

    2

    Discurso sobre Deus

    (por Gabriel Delanne)..............................................773

    Discurso de Lon Denis...........................................824

    Estatuto daUnio Esprita Francesa 84

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    5

    A desencarnao de Gabriel Delanne......................87

    Fotografias............................................................................92

    (*) Fonte bibliogrfica:Foundation de lUnion Spirite Franaise.(Compte Rendu 1883)

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    Prefcio

    Aps a morte de Allan Kardec, o Espiritismo que ele haviacodificado s teve, como defensores srios, raros discpuloscujos tmidos esforos foram embaraados, em muitascircunstncias, por uma cincia oficial apegada s velhasfrmulas.

    Alm disso, uma multido ignorante, presunosa, no lhes

    poupou as zombarias que eram atiadas pelos sofistas religiosos,sempre ocupados em fazer sombra nos crebros humanos, a fimde melhor domin-los.

    No meio desse caos, surgiram dois homens que, muitosimplesmente, sem estardalhao, sem v publicidade,empreenderam dar ao Espiritismo desprezado a base moralindispensvel para sua difuso.

    Esses dois homens foram Lon Denis e Gabriel Delanne. Esteltimo era filho de Alexandre Delanne, que foi amigo de AllanKardec e um dos seus fervorosos discpulos.

    Do ponto de vista cientfico, o que gnios literrios, comoVictor Hugo e Victorien Sardou, espritas kardecistas convictos,no puderam criar, um antigo aluno da Escola Central iaconsegui-lo e erguer o monumento duradouro, capaz de proporcionar aos pesquisadores conscienciosos todas as

    facilidades para prosseguirem nas buscas muitas vezes rduas,sempre delicadas, e obterem resultados realmente positivos como mtodo experimental to caro aos cientistas.

    Pareceu-nos que seria til, na hora atual, escrever a biografiadesse pesquisador de boa vontade; pareceu-nos necessrio prem destaque seus magnficos trabalhos que lhe asseguram, nofuturo, notoriedade quase igual de Allan Kardec, de quem foifiel discpulo e fervoroso admirador.

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    De fato, tanto quanto Kardec, ele acendeu, para os pesquisadores avisados e prudentes, uma luz que no devejamais extinguir-se.

    Graas a ela, todos podero, doravante, avanar na estradaluminosa e transmitir a chama sagrada a todos os peregrinos daverdadeira F, que prosseguiro, por sua vez, no nobre esforode seus antecessores para a conquista, cada vez maior, daVerdade, apoiada na Cincia e na F, definitivamente aliadaspara seu triunfo.

    Gabriel Delanne foi um bom obreiro, um hbil semeadordesse bom gro que, apesar da aridez do solo, e apesar do quepossam objetar os sectrios ou os tericos de uma cincia estreitae rotineira, frutificou e continua a se desenvolver, a crescersoberbamente diante dos olhos maravilhados dos pobres sereshumanos, dignos de compreender o segredo da mortedesconhecida, para melhor servir vida, vida triunfante, eternae divina.

    Embora a morte de Gabriel Delanne seja relativamente

    recente, temos tido muita dificuldade para reunir documentossobre sua vida.Agradecemos, pois, no incio de nosso trabalho, a todos os

    que nos ajudaram, especialmente a sua filha adotiva, SuzanneDelanne, sua cunhada, Sra. Kurer, a Baronesa de Watteville, Sra.Ducel, Sra. Borderieux, o Prof. Charles Richet, Srs. Bouvier,Barrau, Andry-Bourgeois, o Capito Cte e Jules Gaillard.1

    Paul Bodier, Henri Regnault

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    Apresentao da edioem lngua portuguesa

    GABRIEL DELANNE, sua vida, seu apostolado e sua obra.

    O lanamento deste livro o resultado do esforo de vrioscompanheiros que se preocupam com a divulgao de fatos sobreas pessoas que tanto lutaram pela expanso da Doutrina Esprita.

    Gabriel Delanne , sem dvida, um desses poderososrecrutadores para o exrcito do esprito, no feliz dizer dePascal Forthuny.2

    A traduo deve-se, mais uma vez, ao confrade Jos Jorge,que, como bom esprita, cedeu gratuitamente os direitos detraduo ao Centro Esprita Lon Denis.

    A obra preenche uma lacuna na bibliografia esprita do nossopas, porquanto pouco sabamos sobre Gabriel Delanne e quase

    nada era encontrado sobre sua vida apostolar. Tomamosconhecimento da existncia da biografia de Delanne no Livro OEspiritismo e as Doutrinas Espiritualistas, de Deolindo Amorim,e aps inmeras pesquisas, fomos encontr-lo, perdido, em uma biblioteca de Casa Esprita. De posse do nico exemplar, edepois de providenciada a sua traduo, dirigimo-nos a CludiaBonmartin, que, solcita, atendeu a nosso apelo, enviando-nos asfotos francesas:

    Entrada do prdio em que est situada a AssociaoFrancesa de Estudos de Fenmenos Psquicos;

    Fundos do prdio da Sociedade Francesa de Estudos deFenmenos Psquicos;

    Tmulo da famlia Delanne, no Cemitrio Pre Lachaise.

    Enviou-nos, ainda, xerox do Compte Rendu, que, juntamentecom as fotos, enriquecem bastante o contedo deste livro.

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    Eis a histria singela de como foi descoberto, traduzido eentregue ao pblico o livro Gabriel Delanne sua vida, seuapostolado e sua obra. Que todos aproveitem de sua leitura.

    Altivo Carissimi Pamphiro

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    Foi ento que ele fez a leitura de O Livro dos Espritos e deO Livro dos Mdiuns. Esses volumes interessaram profundamente Alexandre Delanne, que desejou conhecer o

    autor.Acolhido fraternalmente por Allan Kardec, que morava ento

    na Passagem Santa-Ana, foi convidado a assistir a uma dasreunies da sociedade recm-fundada.

    O convite foi aceito com alegria. Numa noite de quarta-feira,Alexandre Delanne e sua esposa assistiram a uma sesso beminteressante e, na mesma ocasio, quiseram saber se algum delespossua mediunidade.

    A exemplo do Mestre escreveu mais tarde AlexandreDelanne , dirigimos uma curta, mas fervorosa orao aoSer Supremo e, sentados, minha mulher e eu, com o lpisnuma folha de papel em branco, aguardamos, ansiosos eplenos de emoo, que o esprito quisesse manifestar-se.

    De repente maravilha! , a mo de minha queridaesposa se agitou. Movida por uma fora invisvel, traou

    rapidamente linhas em ziguezague, depois palavras apenasesboadas, atravs das quais, todavia, trs bem legveisbrilhavam diante de nossos olhos estupefatos:

    Crede, orai, aguardai.

    Alexandre Delanne residia, ento, na Rua Saint-Denis, naCasa dos Banhos So Salvador.

    Foi l escreveu ele (fins de 1889) que fundamos

    nosso Grupo. Naquele lugar, durante dez anos, abrimosnossas portas e nossos coraes a todos os homens de boavontade.

    Durante todo o tempo desse longo e laborioso perodo de proselitismo, no quisemos aceitar a colaborao deningum, apesar de nossa humilde e modesta posio social,a fim de conservar nossa inteira independncia para dirigirnossos trabalhos e ter assim a maior liberdade para receber e

    instruir os nefitos.

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    Foi bom, porque jamais qualquer confuso, qualquerdesordem perturbou nossas sesses. 4

    A me de Gabriel Delanne tornou-se rapidamente umaexcelente mdium escrevente mecnica.

    No podemos deixar de assinalar uma passagem do Voyageau Pays des Souvenirs (Viagem do Pas das Recordaes),publicado por Alexandre Delanne, na revista O Espiritismo.

    Quantas mes escreveu ele ,5 quantos filhos, quantospais encontraram a esperana, reconhecendo seres que elessupunham para sempre perdidos! Quantas almas corrodas

    pela dvida encontraram, enfim, seu caminho de Damasco.Diante de semelhantes resultados, so esquecidas

    facilmente as lutas, as penas, as amarguras, as fadigas, oscombates de toda sorte, suportados em face dos notveissucessos.

    Quo belas recompensas morais pelo pouco de bem que sepde fazer!...

    Citemos alguns fatos. Numa noite de reunies, nosso amigo Ledoyen, antigolivreiro do Palais Royal, membro da Sociedade Esprita de Paris,nos mandou dois estrangeiros que recebemos por sua solicitao.

    Esses senhores assistiram reunio como simples curiosos.

    Naquela noite, a Sra. Potet, mdium escrevente, obteve,mecanicamente, uma comunicao que no conseguiu ler.

    Os hierglifos passaram de mos em mos, mas dentre todosns ningum pde decifr-los, quando um dos dois visitantespediu para ver a comunicao.

    Qual no foi o seu espanto e o nosso, quando o desconhecidonos disse que aquela comunicao estava redigida em idiomapiemonts, que ele ficou no dever de nos traduzir.

    Convm destacar que esse fato tpico impressionouseriamente os dois estrangeiros, porque nos pediram eles com

    insistncia, no fim da reunio, lhes conceder uma sesso

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    particular, isto , receb-los reservadamente, o que lhes foiconcedido.

    Em 30 de agosto de 1862, compareceram ao encontro e nosentregaram seus cartes de visita, sem qualquer qualificao.

    Para nos convencer melhor disseram eles , desejamosdirigir a um esprito que conhecemos uma evocao mental.

    Concordamos com o pedido; apenas combinamos que, paramaior segurana, ele fosse feito numa folha de papel de modoclaro e no vago.

    Eles se submeteram a essa exigncia e escreveram sua

    evocao em lngua estrangeira.Colocou-se o papel, dobrado em quatro, ao p da lmpada.

    A Sra. Delanne apanhou sua caneta e o esprito escreveumecanicamente as seguintes frases:

    Vocs me perguntam porque me opus, durante minhavida, publicao do livro de Charles Albert, apesar de seutalento.

    que ele combatia os abusos do clero do qual eu faziaparte.

    Eu o lamento e sofro por isso. Orem por mim.

    Vosso cardeal, hoje um simples esprito.Reservem o ttulo de Eminncia a um mais eminente do

    que eu.

    Assinado:Lambrousquini.

    Logo que terminou a comunicao e antes de ser dada aconhecer, pedimos a esses senhores para nos lerem o pedidoescrito, que se achava sob a lmpada.

    Ei-lo, textualmente:

    Pedimos ao esprito de sua Eminncia, o CardealLambrousquini, que nos diga por que se ops publicaodo livro que Charles Albert devia publicar.

    Nossos visitantes ficaram estupefatos com essa irrecusvelprova de identidade

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    Alexandre Delanne aproveitava todas as suas viagens parafazer uma propaganda intensa em favor do Espiritismo.

    Era, portanto, normal que a famlia Delanne formasse adeptosfervorosos e pode-se citar entre eles o Sr. e a Sra. Pierre Potet,que foram assim iniciados muito rapidamente, graas mediunidade da Sra. Delanne.

    Tal era o meio no qual nasceu Gabriel Delanne. Seus pais oeducaram, por conseqncia, segundo o ensino moral doEspiritismo.

    Desde sua infncia, foi familiarizado com vocabulrio

    esprita e assistiu, desde cedo, a numerosas e bem interessantessesses.

    O pai de Gabriel Delanne foi o primeiro a falar doEspiritismo em Bziers, mais tarde tornado um centro espritaimportante.

    A Sra. Ducel, presidente do Lar Esprita de Bziers e nossacolega na Comisso da Unio Esprita Francesa, nos narrousobre isso uma recordao interessante.

    Alexandre Delanne, no decorrer de suas viagens, ficavanoHtel des Postes, quando ia a Bziers.

    Sentia-se contente em narrar que seu garoto, de sete anos,foi um dia interrogado sobre a profisso de seus pais.

    Com uma encantadora ingenuidade, Gabriel respondera:

    Papai? Ele esprita e mame tambm. Ela uma boamdium. Espero, um dia, assim como minha me, poder

    honrar a minha f.A Sra Ducel tornou-se esprita pela leitura do livro de

    Gabriel Delanne: O Espiritismo perante a Cincia.

    Conheceu o autor somente em 1913, no Congresso deGnova, e em seguida uma grande amizade nasceu entreeles.

    Por vezes, no curso de suas conversas, a Sra. Ducel

    evocava, diante de Gabriel Delanne, a recordao de seu pai.

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    Ela lhe perguntou um dia se ele se lembrava de suaresposta infantil, que ela se alegrava em considerar comouma premonio.

    Perfeitamente, respondeu Delanne.Ele lhe falou, ento, longamente, da mediunidade de sua

    me, mediunidade que lhe havia permitido jamais ter amenor dvida sobre a verdade esprita, e afirmou que, bempequeno, j convencido dessa realidade, esforava-se emexplicar o Espiritismo a seus coleguinhas, e coisamaravilhosa! conseguia convenc-los!

    Gabriel Delanne comeou, pois, desde pouca idade, sua tarefade apstolo da mais nobre das causas.Allan Kardec via freqentemente a famlia Delanne, qual

    dedicava uma viva amizade.

    Em suas visitas, demonstrava muito prazer em levarbrinquedos para o pequeno Gabriel, que ele costumava deixarpular familiarmente em seus joelhos.

    Seria um simples sentimento de afeio? No existiria nofundador do Espiritismo o pressentimento de que esse garotosaberia seguir seu exemplo e se tornaria, ele tambm, um dosapstolos do Espiritismo?

    Durante toda a sua vida terrena, Gabriel Delanne conservousempre a preciosa recordao do mestre, que ele exaltou emtodas as suas obras, em suas conferncias e discursos.

    Poderamos fazer, sobre esse assunto, inmeras citaes, mas

    nos contentaremos em recordar o que ele dizia, em 23 de janeirode 1887, em Lyon, cidade natal do mestre.

    Acreditamos, verdadeiramente, em Allan Kardec econtinuaremos fiis a seus princpios. Solidamente apoiadosna Cincia, marcharemos corajosamente na rota que seugnio nos traou; com os olhos fixados nas consolaes quenossa doutrina traz consigo, marcharemos para osgrandiosos e ilimitados horizontes que ela nos descobre,

    marcharemos, afinal, sustentados pela fora que do o bom

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    direito, a verdade e a Cincia, e tentaremos assimestabelecer a verdade das obras do mestre.

    Gabriel Delanne era muito modesto. Tornava-se difcilabordar com ele as questes que lhe diziam respeito diretamente,recusando-se, por muitas vezes, a nos dar pormenores de suajuventude e de sua vida.

    Tivemos, pois, muita dificuldade para conseguir asinformaes teis, mas finalmente pudemos reconstituir suavida.

    Inicialmente, esteve no Colgio de Cluny (Sane-et-Loire),

    em seguida, com seu irmo Ernesto, no Colgio de Gray (Haute-Sane), cidade onde morava uma de suas tias, cunhada deAlexandre Delanne.

    Aps brilhantes estudos cientficos, Gabriel Delanne foi paraa Escola Central das Artes e Manufaturas, onde entrou em 3 denovembro de 1876, mas desistiu, deixando a escola em 26 dejaneiro de 1877.

    Segundo informaes que conseguimos obter, essadesistncia foi motivada pela situao material de seus pais, quesuportavam pesados sacrifcios para poderem dar a seu filho umainstruo slida.

    interessante citar, desde agora, uma comunicaoespontnea de Gabriel Delanne, recebida no momento em quedecidiu consagrar-se inteiramente propaganda esprita.

    No temas nada diziam-lhe , tem confiana.

    Do ponto de vista material, jamais sers rico, porm nadate faltar. 6

    E isso se verificou por toda a existncia do apstolo doEspiritismo cientfico.

    Gabriel Delanne entrou, como engenheiro, na Companhia deAr Comprimido e Eletricidade Popp, onde permaneceu at 1892.

    Trabalhando na Popp, Gabriel Delanne j era esprita

    militante. Tendo assistido em sua casa a numerosas sessesespritas, alegrava-se em narrar uma delas, qual assistira com a

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    idade de 17 anos, portanto em 1874, na casa de seus pais, situadana Passagem Choiseul, 39 e 41.

    Damos aqui a palavra a nosso amigo Charles Rousseau, querelata essa reunio na Science de lme (A Cincia da Alma) de16 de dezembro de 1924:

    O apartamento de Alexandre Delanne, ao qual se subiapor uma escada existente na loja, tinha um salo bem amplo,onde se realizou a manifestao, em presena de umavintena de pessoas, entre as quais umas bem cpticas.

    O gabinete do mdium tinha sido instalado no vo da

    janela; uma grande mesa, com seus dois acrscimos,ocupava toda a pea. Os assistentes estavam reunidos emvolta dessa mesa, as cadeiras ficavam juntas parede,tornando impossvel qualquer circulao.

    A extremidade da mesa tocava as cortinas do gabineteimprovisado.

    Fez-se a cadeia. O pai de Gabriel Delanne ps seu psobre um dos ps do mdium, enquanto que um outro

    assistente fazia o mesmo com o outro p. desnecessrioacrescentar que todas as precaues foram tomadas para omais rigoroso controle.

    Uma caixa de msica e um alto-falante se achavam sobrea mesa. Fez-se a obscuridade completa.7

    Ao fim de alguns minutos, a caixa de msica deixou amesa e passeou no ar, sobre os assistentes; depois, foi a vez

    do alto-falante, no qual uma voz sonora lanou algumasfrases em ingls.

    Foi em 31 de maro de 1880 que, pela primeira vez, GabrielDelanne tomou parte ativa, no Cemitrio Pre Lachaise, nacerimnia anual comemorativa da desencarnao de AllanKardec.

    J se notava o ardente desejo do militante esprita em fazercom que fosse compreendido o lado cientfico do Espiritismo.

    Allan Kardec dizia ele no veio trazer uma religio, i h lt S l d J d tit d

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    de qualquer falsa interpretao, mas o que ele doou humanidade foi uma doutrina capaz de responder a todas asobjees da incredulidade e a todos os grandes problemas da

    razo.Com efeito, at aqui, s temos analisado o lado moral de

    sua doutrina, porm seu estudo mais aprofundado nosmostra que, seguindo seus ensinamentos, pode-se chegar smais belas descobertas cientficas.

    Se h um campo de estudos ainda inexplorado o quecompreende as relaes entre o mundo invisvel e o nosso.

    Quantos problemas a resolver, antes de poder dar umateoria cientfica dessas relaes, mas um dia vir em queelas sero conhecidas como fenmenos estudadoscientificamente e no sero mais segredo para ns.

    Terminado o seu discurso, Gabriel Delanne exclamava:

    Por seu exemplo, envidaremos todos os nossos esforospara expandir suas idias e semear por toda parte a boanova.

    O valente defensor do Espiritismo manteve essa solene promessa e, at seus ltimos dias, trabalhou para tornarconhecida nossa cincia urbi et orbi.8

    Em 14 de setembro de 1882, os dirigentes de GruposEspritas parisienses realizaram uma importante sesso, com oobjetivo de estudar o programa de uma reunio organizada naBlgica pelos espritas locais, que haviam convidado os

    confrades franceses a comparecer.Tratava-se de tentar agrupar os espritas numa nica e ampla

    associao.

    Gabriel Delanne foi nomeado secretrio dessa importantereunio presidida por P. G. Leymarie.

    Isso prova a influncia que ele j soubera adquirir nos meiosespritas franceses e belgas.

    O resultado dessas importantes reunies foi a criao de umaFederao Esprita Francesa e Belga.

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    Em 1883, essa Federao tornou-se Federao Francesa-Belgo-Latina.

    Em maro de 1883, quando foi publicado o primeiro nmerode uma nova revista bimestral, intitulada Le Spiritisme, GabrielDelanne, que estava entre os colaboradores dessa publicao,passou logo a ser seu redator geral.

    Com seu pai, Alexandre Delanne, foi ele um dos fundadoresda Unio Esprita Francesa (primeira com o nome),9 criada emParis, na Salle de la Redoute, a 24 de dezembro de 1882, sob apresidncia do Dr. Josset.

    Toda primeira sexta-feira do ms havia uma reunio emCochet, 167, Galeria de Valois. Nenhuma funo eraremunerada.

    Em Le Spiritisme, anunciando uma Assemblia Geral daUnio Esprita Francesa, Gabriel Delanne, ento secretrio daComisso, fazia o seguinte apelo:

    Pedimos, com insistncia, a nossos irmos que nosvenham prestar sua colaborao gratuitamente.

    Queremos perseverar no caminho do mais absolutodesprendimento e mostrar a todos que a f esprita no palavra v e que se pde pr em prtica, no dcimo nonosculo, as mximas do Cristo, que expulsava os vendedoresdo Templo e dava de graa todos os seus ensinamentos.

    Os membros da Comisso da Unio Esprita Francesa sereuniam na casa de Alexandre Delanne, nas segundas, quartas e

    sextas-feiras do ms.Essa sociedade tinha por fim principal reunir num s bloco

    todas as foras espritas esparsas no pas.

    Os verdadeiros animadores da Unio Esprita Francesa e darevistaLe Spiritisme eram Alexandre e Gabriel Delanne.

    Graas a uma propaganda incansvel e habilidosa, dissiparambastantes prevenes e incompreenses que ainda existiam nointerior do pas contra o Espiritismo.

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    A Sra. Alexandre Delanne era tambm colaboradora de seumarido e de seu filho e a verdadeira tesoureira da Federao.Todas as assinaturas da revista ficavam sob seus cuidados.

    A sede do jornalLe Spiritisme foi, inicialmente, na PassagemChoiseul, 39 e 41; depois, sucessivamente, Passagem Choiseul,62 e Rua Delayrac, 38, onde a famlia Delanne havia fundado umGrupo Esprita.

    Em 23 de janeiro de 1883, no Cemitrio Pre-Lachaise,Gabriel Delanne pronunciou um discurso, nos funerais da Sra.Allan Kardec, desencarnada em 21 de janeiro de 1883, com aidade de 88 anos, quatorze anos aps a desencarnao do mestre.

    At o momento de sua morte, a Sra. Allan Kardec foi dotadade uma rara lucidez de esprito, de um juzo sadio e deexperincia nas coisas da vida.

    Lia sem culos e sua escrita era correta, firme e todosencontravam nela um consolo, um bom conselho, que ela sempredava com um sorriso gentil e agradvel.10

    Em seu discurso, Gabriel Delanne descreveu com preciso

    qual foi o papel daquela que conviveu com o mestre AllanKardec.

    A Sra. Allan Kardec foi, verdadeiramente, a mulher forte,segundo o Evangelho. Tornando-se a esposa do grandevulgarizador do Espiritismo, adotou suas idias. Empregoutodas as suas energias no estudo dos novos princpios;venceu os preconceitos de seu sculo e de sua educao e seelevou, por sua vontade, at altura do esprito de nossomestre.

    Ela provou, em seguida, pelo profundo apego que mantevepor nossa maneira de ver, que o Espiritismo havia penetradovivamente em seu corao.

    Sim, essas grandes e sublimes verdades que nossafilosofia professa lhe deram a coragem de ajudarardentemente o propagador da nova f e sustent-lo nas lutas

    muitas vezes penosas do apostolado.

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    A companheira de um homem superior sente quantosdeveres particulares lhe cabem; no somente ela, como todaesposa devotada, tem a tarefa de o cercar de amor e de

    atenes, porm, alm disso, tem tambm a santa misso defortalecer sua alma nas horas dolorosas das provas. Deveacalmar os cruis ferimentos que o dio e o sarcasmo fazemao corao dos campees do progresso. Ela deve encontraressas boas palavras que so, para a alma, blsamossoberanos. Deve, enfim, por sua energia, dar foras ao atletafatigado.

    Pois, bem, a Sra. Alan Kardec foi essa mulher; no faliu

    na alta misso que lhe foi confiada.Durante as viagens de seu marido, pela Frana, ela o

    cercou com sua solicitude e sua perspiccia, confundindo,muitas vezes, pela segurana de seu julgamento, os quedesejavam explorar a bondade to conhecida do mestre.

    Allan Kardec se inspirou em sua inteligncia to justa paraa elaborao de suas obras; no publicou nenhuma, sem t-la

    consultado, e muitas vezes aproveitou as sugestes que aretido de julgamento de sua companheira fornecia., pois, uma dupla perda que temos neste momento: a de

    uma mulher de corao, devotada s nossas idias e a deuma colaboradora do homem de gnio que ns recordamos.

    Em 31 de maro de 1883, Gabriel Delanne, na cerimniacomemorativa em homenagem ao mestre, falou as seguintesnotveis palavras:

    No temamos divulgar nossa f. Mais do que qualqueroutra filosofia, o Espiritismo fortalece e penetra as almascom seus doces eflvios.

    Temos a convico, faamo-la penetrar entre nossosirmos; unamos nossos esforos para semear fartamentenossas idias nas massas e marchemos para a conquista dasociedade moderna, apoiados, de um lado, na Cincia e, de

    outro, na razo.

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    Gabriel Delanne j deixava prever as duas tendncias de suaao: mostrar que o Espiritismo no oposto Cincia e que necessrio propag-lo em todos os meios, sem ter a pretenso

    acanhada de querer guardar a verdade para uma elite de homenscientistas e intelectuais.11

    No fim desse mesmo ano de 1883, Gabriel Delanne e J.Gurin tiveram uma interessante controvrsia pblica sobre aencarnao de Jesus Cristo.

    Esse interessante debate (alis, fraternal) foi relatado naRevista Esprita de janeiro de 1884.

    Para Gabriel Delanne, o Cristo um ser excepcional, nopelo corpo, mas pela inteligncia e pelo grau de evoluo. A vidaespiritual do Messias, porm, no constitui uma coisa suficientepara admitir uma natureza especial do Cristo.

    Segundo penso escrevia Delanne , o Cristo umesprito eminentemente superior; o modelo pelo qualdevemos nos assemelhar; porm, entre Deus e ele a distncia ainda maior do que de ns para ele.

    Num dia de 1883, Gabriel Delanne recebeu uma carta de umasenhora, pedindo-lhe para ir a Versailles, onde ela morava, a fimde lhe dar conhecimento de uma coisa importante referente aoEspiritismo.

    A carta, escrita em um papel inferior, estava redigida emtermos bastante obscuros, num estilo descuidado, cheio, alis, deerros de francs e de numerosas falhas de ortografia.

    Lendo essa carta, Delanne teve a impresso de receber umacoisa bem ridcula. Teve mesmo um gesto de pouco caso e disse:Mais uma infeliz que se diz conhecer o Espiritismo. Ah, meuDeus!

    Todavia, aps refletir, decidiu ir ao encontro que lhe eraassinalado. E, quanto mais refletia, mais sentia nele aumentaruma espcie de curiosidade, que o atraa quase irresistivelmentepara sua correspondente, de quem, at ento, jamais ouvira falar.

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    Dirigiu-se, pois, a Versailles, residncia indicada, que seachava num quarteiro distante, na extremidade de um subrbio,nos fundos de um velho ptio sujo e numa casa antiga.

    Foi isso! pensou Delanne , estou perdido e noacontecer nada de bom em minha visita. Enfim, vamos at ofim!

    Subiu, ento, uma velha escada carcomida, que terminavanum pequeno patamar de placas desconjuntadas, diante de umaporta rachada, cuja pintura era de uma cor indecisa. Um velhocordo de campainha, cuja borla tinha sido arrancada, pendialamentavelmente.

    Gabriel Delanne, aps analisar, num rpido olhar, essebizarro conjunto, deu de ombros, mas decidiu, mesmo assim,tocar a campainha.

    Esperou um bom momento e ia retirar-se; porm, logo depoistocou novamente uma segunda e uma terceira vez.

    Ento, atrs da porta, ouviu um passo pesado, depois a portase entreabriu; uma figura de velha mulher se mostrou com

    sacrifcio e uma voz rouquenha perguntou: Que deseja?

    aqui que mora a Sra. dE...? indagou Delanne,mostrando a carta que havia recebido.

    Diante disso, a mulher abriu a porta toda. Entre, entre!

    E tomando Gabriel Delanne pela mo, f-lo transpor

    bruscamente a porta e o introduziu num amplo cmodo, cujomobilirio, bem sumrio, era representado por uma mesadesconjuntada e duas velhas cadeiras semiquebradas.

    Num canto do cmodo, uma enorme mala com bandas decouro ruo atraiu a ateno do visitante; na chamin, ummrmore quebrado, um candeeiro com uma vela meio gasta. Naparede, um desses relgios chamados olho-de-boi.

    Enquanto Delanne examinava curiosamente esse cmodo, avelha senhora tinha apanhado uma cadeira e lhe pedia para sesentar ao mesmo tempo em que se sentava noutro lugar

  • 8/14/2019 Gabriel Delanne - Sua Vida, Seu Apostolado e Sua Obra

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    Delanne, cada vez mais espantado, com um rpido exameobservava sua interlocutora.

    Calada com grosso borzeguim, com um vestido de l cinza,sem elegncia, enormes culos no nariz, os cabelos mal reunidosem um pesado coque que balanava e deixava escapar mechasgrisalhas, tinha o aspecto que a imaginao popular empresta,com freqncia, s feiticeiras das lendas infernais.

    Com um terrvel acento ingls, a mulher, sem se importarcom o exame de que era objeto, falava repetidamente a GabrielDelanne, cada vez mais espantado, que ela desejava fundar umpequeno jornal para divulgar o Espiritismo.

    Mas, senhora responde Delanne , preciso dinheiro,porque isso custa caro.

    Ento, levantando-se, a mulher se dirigiu, com um passopesado, para a mala que Gabriel havia visto ao entrar.

    Ela a abriu, pegou um pacote de velhos papis e do meioretirou uma enorme pasta de couro. De uma de suas divises asenhora tirou cinco notas de mil francos que colocou

    tranqilamente diante de Delanne.12 Aqui est disse ela , para as primeiras despesas. Eu me

    arranjarei depois para lhe fornecer o que for necessrio. Aceitaredigir o jornal?

    Gabriel Delanne, espantado, no se decidia a responder.

    Vamos, diga! tornou ela, vivamente.

    Sim articulou enfim Delanne , e lhe agradeo, senhora,

    pelo interesse que parece ter pela difuso do Espiritismo. No agradea. Logo que o primeiro nmero esteja pronto,

    mande imprimi-lo e volte a me ver. Continuaremos juntos napropaganda em prol do Espiritismo.

    Depois, levantando-se, sempre bruscamente, deu a entenderque a entrevista terminara.

    E foi assim que, graas generosa inglesa, que no era outraseno a Sra. dEsprance, ainda desconhecida na Frana naquelapoca, a revistaLe Spiritisme veio a lume.

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    Gabriel Delanne gostava de contar a seus ntimos essahistria.

    Ele conservou, por toda a vida, a maior admirao por aquelaque foi, um pouco mais tarde, uma admirvel mdium e que setornou uma das pioneiras do Espiritismo kardecista.

    Ns lhe rendemos aqui uma calorosa homenagem.No ms de maro de 1883, saiu o primeiro nmero do jornal

    Le Spiritisme.

    Em 1884, Gabriel Delanne compareceu como delegado daUnio Esprita Francesa ao Congresso Esprita Belga, que se

    realizou em Bruxelas.No incio de abril de 1885, Delanne fez aparecer seu notvel

    livro O Espiritismo perante a Cincia, que analisaremos maisadiante, assim como as demais obras do brilhante escritor.

    interessante notar que foi por essa poca que Lon Denispublicou sua primeira brochura O Porqu da Vida, que data desetembro de 1885.

    O incio da atividade escrita dos dois grandes pioneiros doEspiritismo , pois, mais ou menos paralelo.

    No decorrer desse mesmo ano, Gabriel Delanne fezconferncias em Paris, no interior e em Bruxelas; em dezembrode 1885, foi eleito vice-presidente da Unio Esprita Francesa.

    No perodo de 1886 a 1890, fez numerosas conferncias depropaganda.

    Em 1890, seu irmo Ernesto se casou. Ernesto era tambm

    esprita, disso no fazia segredo e era amigo ntimo de LonDenis.

    A cunhada de Gabriel no era esprita, mas isso no oimpediu de ter por ela uma afeio fraternal, que perdurou portoda a sua existncia.

    A Sra. Ernesto Delanne ajudava sua sogra em seu comrcio.Seu marido viajava para o pai de dois em dois meses. AlexandreDelanne viajava constantemente e somente descansava no Natal,durante 12 dias, na poca das frias gerais.

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    Gabriel Delanne no possua uma boa sade; j no momentodo casamento de seu irmo, ele tinha uma predisposio ataxia,o que se notava em seu andar. No sentia necessidade de bengala

    para se movimentar, porm tinha um ligeiro defeito.Sua viso jamais foi perfeita desde a infncia; tivera um

    abcesso no olho esquerdo, o que o impedia de ver com esse olho,sendo essa a causa de sua dispensa do servio militar.

    Em 1892, Ernesto Delanne caiu gravemente enfermo eprecisou deixar Paris com sua mulher; isso aborreceu muito aGabriel Delanne, que nutria por seu irmo uma profunda afeio.

    Enviando-lhe seu primeiro livro O Espiritismo perante aCincia, ps a seguinte dedicatria:

    A meu bem-amado irmo, homenagem do amor fraternal.Essa afeio existiu igualmente para com sua cunhada

    Nomie, com a qual manteve at morte relaes muitoamistosas.

    Em 1892, Gabriel Delanne deixou a Companhia Popp etornou-se representante de uma outra casa comercial, pela qual

    viajou muito.Seguindo o exemplo de seu pai, Gabriel aproveitou essas

    viagens para fazer uma propaganda intensa em favor doEspiritismo.

    Ele encontrava-se na Algria, em 1893, quando seu irmoErnesto morreu, no dia 9 de julho, em Gray; foi para ele umgrande sofrimento no poder assistir aos funerais.

    Alexandre Delanne estava igualmente longe e no pde voltarpara dar assistncia a sua nora, Nomie.Ele viajava, naquele momento, para uma casa de acessrios

    em farmcia, porque em 1892 a famlia Delanne tinha sidoatingida por uma catstrofe financeira, que obrigou-a a liquidar aloja da Passagem Choiseul.

    Alexandre Delanne e sua esposa moravam ento na RuaSaint-Honor, perto da Igreja Saint-Roch, e somente ela assistiu

    ao enterro de seu filho Ernesto, que foi sepultado em Gray.

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    Se a esposa de Ernesto no era esprita, por ocasio da mortede seu marido, converteu-se, mas nunca teve o favor de receberuma comunicao dele.

    Muitas vezes, especialmente com Gabriel Delanne, elarealizou sesses, porm jamais seu marido veio se manifestar.

    Aps os funerais de Ernesto Delanne, sua viva foi se reunircom seu pai, que era comandante em Chlons.

    A Sra. Alexandre Delanne, que havia recomeado umapequena loja comercial, morreu em 1894; aps ser enterrada nocemitrio de Bagneux, foi, em seguida, transladada, pelos

    cuidados de Gabriel, para o Pre Lachaise, sendo seus restoscolocados no jazigo da famlia, bem prximo do dlmen deAllan Kardec.

    Em julho de 1896, apareceu o primeiro nmero da RevistaCientfica e Moral do Espiritismo, fundada por Gabriel Delanne.

    De comum acordo, Gabriel e Jean Meyer, que estavam unidospor laos de forte amizade, combinaram que, por morte de seufundador, essa revista, de to grande interesse, deixaria de

    aparecer, para se fundir com aRevista Esprita.O primeiro nmero tinha 64 pginas.

    Aps a exposio do programa da revista, havia um artigo deGabriel Delanne sobre os raios X, a dupla vista dos sonmbulose dos mdiuns. Firmin Ngre tratava dos destinos da almahumana e Bernard Viret apresentava uma crnica sobre Arte.Laville e Henri Sausse tinham escrito um artigo sobre oEspiritismo experimental; havia tambm um artigo de GabrielBourdain sobre o triunfo do Espiritismo, e Alexandre Delannecontinuava a publicao de Viagem ao Pas das Recordaes,que ele havia comeado emLe Spiritisme.

    Em outubro de 1896, Gabriel Delanne e o Dr. Moutin, o bemconhecido magnetizador, fizeram uma conferncia na SallePtrelle, em Paris, sob o patrocnio da Federao Esprita. O Dr.Moutin comparou os processos do magnetismo e do hipnotismo,e Gabriel Delanne explicou as criaes fludicas segundo oEspiritismo.

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    A Evoluo Anmica, terceiro livro publicado por GabrielDelanne, apareceu em maro de 1897; a introduo dessa obratinha sido terminada em Gray, a 10 de agosto de 1895.

    A 28 de maro de 1896, Gabriel Delanne, para comemorar oaniversrio da morte de Allan Kardec, fez, em Lyon, umaconferncia sobre a fora psquica.

    Foi no momento da fundao de sua revista que GabrielDelanne se consagrou inteiramente ao Espiritismo, abandonandocompletamente os negcios aos quais se entregara at ento.Nessa poca, morava em Paris, Rua Manuel, 5.

    Hector Duville, fundador da escola prtica de magnetismo ede massagem, teve a excelente idia de fundar uma Universidadedos Altos Estudos, que era composta de trs Faculdades,inteiramente independentes:

    Faculdade das Cincias Magnticas; Faculdade das Cincias Hermticas; Faculdade das Cincias Espritas.

    A Faculdade das Cincias Espritas foi dirigida por GabrielDelanne; os cursos eram ministrados s teras-feiras, s 9 horasda noite, na sede da Federao Esprita, na Rua Chteau-dEau,55.

    Em junho de 1898 houve em Londres um importanteCongresso Internacional, ao qual Gabriel Delanne compareceucomo delegado da Seo Francesa da Federao EspritaUniversal, da Federao Esprita Lionesa e da Unio Kardecista

    Italiana.Apresentou um longo trabalho sobre as vidas sucessivas; esseestudo era bem completo e o autor remetia muitas vezes oscongressistas s fontes onde ele havia baseado suadocumentao.

    Gabriel Delanne era igualmente um dos autores 13 do apeloaos espiritualistas cientficos, apresentado ao Congresso deLondres, em nome do Sindicato da Imprensa Espiritualista de

    Frana.

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    Em novembro de 1898, o cinqentenrio do Espiritismo erafestejado pelos espritas parisienses; duas conferncias pblicas egratuitas tinham sido organizadas; elas foram feitas por Lon

    Denis e Gabriel Delanne; este exps as manifestaes diversaspelas quais o Espiritismo se constituiu. Dizia ele:

    uma cincia sublime, que d a soluo do temvel problema da morte e que leva em suas entranhas aregenerao da humanidade pela certeza absoluta de seusmtodos.

    Foi em 1898 que Gabriel Delanne reencontrou sua cunhada

    Nomie. Esta, como j dissemos, deixou Gray em 1893, porocasio da morte de seu marido, para ir a Chlons encontrar seupai.

    Nomie retornou a Paris em 1895 e reviu seu cunhado em1898; este j estava doente.

    Depois dessa poca, eles continuaram suas relaesafetuosamente fraternais, que no cessaram aps o novocasamento da Sra. Nomie.

    Em janeiro de 1899, a Federao Esprita Universal setransformou em Sociedade Francesa de Estudos dos FenmenosPsquicos, com o Dr. Moutin como presidente e Gabriel Delannecomo vice-presidente.

    Em seguida, Gabriel Delanne foi chamado para a presidnciada dita Sociedade e ento que ela toma uma grande importnciae se torna a verdadeira guardi do Espiritismo kardecista.

    Como presidente da Sociedade Francesa de Estudos dosFenmenos Psquicos, Gabriel Delanne foi um verdadeiroapstolo. Recebeu com a mesma amenidade, com a mesmapacincia, um nmero considervel de pessoas.

    Todas, quaisquer que fossem suas opinies, foram acolhidascom benevolncia por Gabriel Delanne, que repetiu, para cadauma delas, incansavelmente, durante toda a sua existncia, asmais claras e mais precisas explicaes e aconselhou os mais

    prticos meios para o estudo racional do Espiritismo kardecista.

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    Servido por uma memria maravilhosa, Delanne era umaverdadeira enciclopdia viva e pode-se afirmar que o Espiritismolhe deve, na hora atual, sua fora e sua clareza cientficas.

    A Sociedade dirigida por Gabriel Delanne foi uma das que puderam crescer e prosperar sem interrupo; formou bonsespritas e experimentadores de primeira ordem.

    Tudo que se fez de nobre, de generoso, saiu dela, e graas atividade e cincia de seu presidente, Gabriel Delanne, ela seconsolidou.

    Permaneceu ainda, no elogio diz-lo, a Sociedade dos

    humildes, porque os membros de sua diretoria acolheram, semdistino de posio social, todos os que a procuravam em buscade uma ajuda moral e de um conforto.

    A Sociedade tomou parte em todos os CongressosInternacionais e examinou atentamente os mais clebresmdiuns, entre outros a famosa mdium napolitana EusapiaPalladino.

    Gabriel Delanne amava sua querida Sociedade com fervor.

    Muitas vezes seus ntimos puderam ouvi-lo afirmar que aSociedade Francesa de Estudos dos Fenmenos Psquicos era asociedade guia por excelncia, porque tinha sempre difundidoardentemente o ensino do Espiritismo nos meios sociais.

    Tudo que se fez pela difuso da filosofia esprita foi, comefeito, obra de Gabriel Delanne e de seus colaboradores.

    Bem poucas sociedades espritas fizeram, depois de Allan

    Kardec, um esforo to grande, to alentador, para odesenvolvimento da idia esprita.

    Convm reconhecer que Gabriel Delanne foi ajudado porcolaboradores de primeira categoria. A exemplo de seu chefe,nenhum deles buscou jamais as vs glrias de uma popularidadefcil e efmera, nem a ateno dos poderosos.

    Todos, sem exceo, s tiveram um objetivo: divulgar oEspiritismo e apresent-lo sob sua verdadeira realidade, isto ,

    como a verdadeira doutrina de evoluo til humanidadeterrestre, mergulhada nas trevas do materialismo enganoso e

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    perpetuamente enganada pelos dogmas impotentes das religiesagonizantes.

    Quando a Federao Nacional dos Espritas de Frana foidefinitivamente fundada, em 1919, graas ao generoso concursode um adepto de grande corao, Jean Meyer, a SociedadeFrancesa de Estudos dos Fenmenos Psquicos, no prpriointeresse do Espiritismo, concordou em ser uma filial da novaFederao que tomava o ttulo: Unio Esprita Francesa, tendoDelanne como presidente, que assim lhe dava duas vezes a vida.

    Embora com um pouco de melancolia, Gabriel Delannecompreendeu a utilidade dessa transformao, dessa mudana defuno e de quadros, porque sabia que as Sociedades, como osindivduos, s podem ocupar um primeiro plano por algumtempo; que necessrio um repouso relativo e uma subordinaoa uma nova ordem estabelecida entre dois esforos.

    O que to generosamente Gabriel Delanne quis, realizou-seplenamente! A Sociedade Francesa de Estudos dos FenmenosPsquicos tem o mrito de ter sido um verdadeiro agente de

    ligao entre todos os espritas franceses; eis por que, todos osanos, ela teve a honra de organizar a cerimnia comemorativadiante do tmulo de Allan Kardec, no Cemitrio Pre Lachaise.

    Em 26 de fevereiro de 1889, Gabriel Delanne fez umaconferncia, com projees, sobre os habitantes do mundoinvisvel, e a partir de 1 de abril do mesmo ano, fez, cada noitede tera-feira, na sede da Sociedade Francesa de Estudos dosFenmenos Psquicos, na Rua do Chteau-dEau, 55, uma srie

    de conferncias pblicas e gratuitas sobre os fenmenos doEspiritismo.Gabriel Delanne fez parte da Comisso de Organizao,

    fundada em 7 de abril de 1889, para preparar os trabalhos doCongresso Esprita e Espiritualista de 1900.

    A quarta obra de Gabriel Delanne tem por fim ademonstrao experimental da imortalidade: ela intitulada AAlma Imortale apareceu em junho de 1899.

    Em dezembro de 1899, Gabriel Delanne fez, em Bruxelas,uma conferncia sobre as provas da existncia da alma

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    Em setembro de 1900, realizou-se, na Sala dos Agricultores,em Paris, o Congresso Esprita e Espiritualista Internacional.Gabriel Delanne, na sesso de abertura, pronunciou um

    importante discurso, no qual constatou que o Espiritismo haviafeito sua entrada no Congresso de Psicologia de 1900, o queprovava que os espritas tm combatido o materialismo at emseu reduto.

    Nomeado Secretrio-Geral da Seo Esprita, GabrielDelanne foi delegado ao Congresso pela Sociedade Fraternal deLyon, pela Sociedade dos Estudos Magnticos e Espritas deAlexandria, na Itlia, pelo crculo Esprita de San Remo, pelo

    Crculo Esprita de Algesiras e pela Sociedade Allan Kardec, dePorto Alegre (Brasil).

    Gabriel Delanne conseguiu assistir s primeiras sesses doCongresso, mas a doena o manteve fora dos trabalhos e elemesmo no pde defender o Relatrio sobre a reencarnao, quehavia apresentado.

    As unnimes manifestaes de pesar expressas pelos

    congressistas figuram no relatrio oficial e mostram que lugar preponderante Gabriel Delanne ocupava entre os espritasfranceses.

    Depois de 1900, Gabriel Delanne havia deixado seuapartamento da Rua Manuel, para ir morar no BoulevardExelmans, 40.

    Foi l que, a 2 de maro de 1901, se extinguiu AlexandreDelanne, com a idade de 71 anos.

    Esse homem, durante 40 anos, havia trabalhado peladivulgao do Espiritismo, pregando, ele mesmo, o exemplo eacolhendo com serenidade os reveses da fortuna, a morte de seufilho Ernesto e de sua esposa, cuja mediunidade lhe haviaprestado tantos servios.

    Os funerais de Alexandre Delanne, inicialmente enterrado noCemitrio de Bagneux, como sua esposa, reuniram seusnumerosos amigos; foram pronunciados discursos pelo GeneralFix, Laurent de Faget, Duval, Camille Chaigneau e Sra. Colin.

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    Suportando com coragem e resignao essa cruel prova,Gabriel Delanne, ele mesmo doente, no tinha podido usar dapalavra. Na revista, assim se expressou:

    Batido pela fadiga e pela dor da separao, no pudedirigir a meu pai as palavras do afetuoso reconhecimentoque meu corao sentia transbordar.

    Quisera afirmar todos os meus agradecimentos para comele.

    Teria desejado tornar conhecida sua terna solicitude e seuamor pela famlia. Teria dito com qual devotamento

    admirvel ele sempre me sustentou e que profundo interessetomava pelo desenvolvimento do Espiritismo.

    Diante de todos, eu lhe teria agradecido por me haver,desde a infncia, ensinado essa magnfica Doutrina qualdevo hoje no estar abatido de tristeza. Teria lembrado seuinfatigvel ardor pela propaganda e feito ver que seuesprito, bem evoludo, compreendia os esplndidos destinosreservados nossa Doutrina, emancipadora de todas as

    ortodoxias e de todos os fanatismos.As palavras que no pronunciei em seu tmulo venho

    publicar aqui, hoje, porque a primeira emoo passada medeixa mais livre o pensamento.

    Tenho a certeza completa de que ele se juntou a todos osque amava, que o precederam no alm.

    Operrio incansvel, deixou nosso mundo visvel, mas no

    para descansar das lutas terrestres.Revigorado pelo amor dos seus, sinto e prevejo que eleprosseguir seu apostolado.

    Retorna grande ptria do invisvel, engrandecido efortificado pelas provaes to corajosamente suportadasneste mundo.

    Ele sempre me deu o exemplo do dever nobrementecumprido; sempre me sustentou moral e materialmente, para

    permitir que eu me consagrasse inteiramente ao Espiritismo.

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    Trabalhando ainda numa idade em que outros descansam,vinha em minha ajuda com um devotamento inesgotvel.

    Quero expressar-lhe, publicamente, meu reconhecimento efazer saber a todos a grandeza de seu corao de pai, queno recuou diante de nenhum sacrifcio para sustentar minhaobra, que era tambm a sua.

    Sei, seguramente, que, em virtude das leis da justiaeterna, ele usufrui hoje uma felicidade sem mescla e quecontinuar velando por mim e trabalhando pela difuso destaDoutrina que lhe era to querida.

    Gabriel Delanne no se confinou na dor e continuou suatarefa de propagandista esprita, no somente prosseguindo na publicao da revista, mas ainda organizando palestras erespondendo ao apelo dos que lhe solicitavam para ir s suascidades fazer conferncias.

    A partir de abril de 1901, ele fez, todas as noites de teras-feiras, s 8:30, uma conferncia sobre o Espiritismo, na sede daSociedade Francesa de Estudos dos Fenmenos Psquicos, na rua

    Saint-Martin, 57. Nos dias 5 e 12 de abril de 1901, sob os auspcios da

    Associao Politcnica, tratava, na Chapelle, do Espiritismo, do ponto de vista cientfico e moral, bem como das provasexperimentais da existncia da alma, aps a morte.

    Os cursos com as conferncias das teras-feiras foraminterrompidos de 15 de maio a 3 de junho de 1901, tendo GabrielDelanne sido convidado para proferir uma srie de confernciasem Marselha, Avignon, Pont-Saint-Esprit e Lyon.

    No curso dessas conferncias ele teve ocasio de falar, maisuma vez, das experincias feitas com sua me; indicou que, sob ainspirao dos espritos, ela escrevia duas linhas em russo e uma pgina e meia em dialeto italiano, lngua e idioma que elaignorava totalmente.

    Ela havia reproduzido a escrita exata dos espritos

    comunicantes.

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    Em 1901, Delanne continuou a srie de suas confernciassemanais gratuitas, na sede da Sociedade Francesa de Estudosdos Fenmenos Psquicos.

    Alm disso, fez conferncias em Paris, no interior e noestrangeiro.

    Em 1904, Delanne travou conhecimento com o mdiummsico Aubert, com o qual manteve as mais cordiais e fraternaisrelaes, at morte deste ltimo.

    Nos primeiros meses do ano de 1905, querendo pr emprtica a solidariedade esprita, Delanne adotou uma garotinha

    de 7 meses, a menina Suzanne Rabotin, que viveu sempre pertodele.

    Em junho de 1905, houve em Lige um Congresso Esprita;Gabriel Delanne l compareceu. Os organizadores do Congressoaproveitaram a presena do clebre esprita francs para lhesolicitar uma conferncia. Ele concordou em faz-la e escolheucomo tema: A Exteriorizao do Pensamento.

    A 12 de fevereiro do mesmo ano, j havia feito, no Ateneu

    Saint-Germain, de Paris, uma importante conferncia sobre aobra de Allan Kardec, apreciada do ponto de vista experimental,cientfico e filosfico.

    Essa conferncia foi seguida da apresentao do mdiummsico Aubert.

    Em 1905, fez vrias conferncias, mas aquele ano foisobretudo marcado por uma ida a Alger, na casa do General eSra. Nol, onde ele assistiu, em companhia do Professor CharlesRichet, s experincias que tm dado lugar a tantascontrovrsias.

    Encontra-se a narrao dessas experincias na RevistaCientfica e Moral do Espiritismo, dos anos de 1905 e 1906.

    Delanne pronunciou, alm disso, numerosas confernciassobre esse tema, porque era, antes de tudo, um experimentadorsagaz, prudente e prevenido.

    Sobre a Villa Carmen, somente podem julgar os que leramintegralmente os trabalhos de Gabriel Delanne e Charles Richet

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    sobre as experincias com Miller, nas quais Gabriel Delannetomou parte, em 1906.

    Para mim escreveu ele ,14 est absolutamente certoque Miller era um verdadeiro mdium de materializao.

    Ignoro, evidentemente, se ele pde trapacear nas sessess quais no pude assistir, mas preciso ter receio deformular julgamentos precipitados e de declarar que, porqueum mdium foi apanhado em flagrante delito de impostura,jamais possusse faculdade medinica.

    Gabriel Delanne, desde sua adolescncia, se apercebeu da

    credulidade excessiva de certos adeptos do Espiritismo ecompreendeu que ela era um dos terrveis escolhos queimpediam a rpida difuso da Doutrina.

    Em 1906, j obrigado a andar com a ajuda de duas bengalas,foi, em agosto e setembro, a Cussey, nas redondezas de Lyon,onde ficava aos cuidados do seu amigo Bouvier.

    Desde 1908, ele pde passar cinco meses de cada ano em Nice, onde uns amigos lhe ofereciam uma casa muito bemsituada; das janelas de seu quarto podia admirar o mar. Foi lque ele trabalhou em sua importante obra As ApariesMaterializadas dos Vivos e dos Mortos, que apareceu emfevereiro de 1911.

    Cada ano, fosse na Frana ou fosse no estrangeiro, Delannefazia conferncias sempre muito concorridas.

    Foi ele quem aconselhou Jean Meyer a escolher o Dr.

    Gustave Geley como diretor do Instituto MetapsquicoInternacional, quando de sua fundao, em 1919.

    O Dr. Geley era igualmente um esprita e devemos, paracelebrar sua memria, lembr-lo aqui.

    Em agosto de 1914, Delanne cessou a publicao de suarevista, que devia reaparecer em 1917.

    O estado de sade do nosso amigo tornou-se delicado; ele jno enxergava bem, arrastava-se com sacrifcio, e cadamovimento, sendo para ele causa de sofrimento, era um exemplovivo de resignao; permanecia jovial e mui acolhedor

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    Em 1918, fez, com sua famlia, uma viagem a Allauch, nasredondezas de Marselha. Foi sua ltima sada de Paris, pois nopodia mais andar e foi preciso recorrer a uma cadeira de rodas

    para lev-lo do carro ao trem.Apesar de seus sofrimentos, j mais intensos desde 1920, e

    tambm de sua quase cegueira, Gabriel Delanne, cuja memriaera prodigiosa, continuava a trabalhar.

    Fora da publicao de sua revista, ele preparava novas obras, presidia as sesses medinicas, que so relatadas no livro Ecoutons les Morts ( Escutemos os Mortos), escrito emcolaborao com Bourniquel.

    Em 1919 ocorreu a fundao da nova Unio EspritaFrancesa,15 da qual Delanne foi seu primeiro presidente, tendo aseu lado o fundador Jean Meyer como vice-presidente.

    Gabriel Delanne fez ainda numerosas conferncias na sede daSociedade Francesa de Estudos dos Fenmenos Psquicos, comsua cincia e sua mestria habituais.

    Em 1922, prefaciou uma curiosa obra de Paul Bodier, A

    Granja do Silncio, que teve um enorme sucesso.16Cada ano, na Assemblia Geral da Sociedade Francesa de

    Estudos dos Fenmenos Psquicos, lia-se um discurso seu, sobreo aniversrio da desencarnao do mestre Allan Kardec.

    Em 1924, publicou sua obra sobre a reencarnao, que haviaditado a um de seus amigos: Durand.

    Todos os dias vinham amigos para lhe ler os jornais; entre

    eles podemos destacar Barrau e Giraud, ambos membros daDiretoria da Sociedade de Estudos dos Fenmenos Psquicos.

    Delanne soube suportar com uma resignao ativa 17 a mortede uma mulher querida, sua prima Mathilde Peley, morta em 12de outubro de 1925. Durante mais de 20 anos, ela foi suacompanheira extremosa e dele cuidou com devotamento.

    Suportou essa separao fsica com a mesma energia que tevena morte de seu pai e de sua me, embora suas foras estivessem

    enfraquecidas pela idade e pela doena. At a sua morte, que

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    devia sobrevir cinco meses mais tarde, em 15 de fevereiro de1926, Gabriel Delanne teve a mesma fora moral.

    Foi durante os ltimos meses de sua vida que preparou, emcolaborao com Andry Bourgeois, uma obra sobre ideoplastia.

    Como nos confirmou sua filha adotiva, Suzanne Delanne,Gabriel Delanne, sem ser um mstico no sentido absoluto dapalavra, acreditava em Deus.

    Todos os dias, antes de dormir, orava, jamais pedindo parano sofrer mais; apenas suplicava coragem necessria parasuportar, sem se lamentar, suas constantes dores.

    Cada noite, enumerava uma longa lista de seus parentes eamigos desaparecidos, pedindo para eles a ajuda de seusprotetores invisveis.

    Em 12 de fevereiro de 1926, seu estado se agravousubitamente e ele se lamentava de sufocao.

    Em 14 de fevereiro, estavam com ele os amigos AndryBourgeois e Vauclaire.

    Andry Bourgeois narra assim a ltima tarde vivida na Terrapelo nobre lutador esprita:

    Achei escrevia ele a Henri Regnault nosso caroamigo muito debilitado, mas tendo conservado toda aclareza de sua viva inteligncia.

    Mal tnhamos comeado a conversar sobre a sua sade esobre sua revista, que tinha sido sua razo de viver, quandoum homem desconhecido, ainda jovem (apenas 35 anos),

    pediu para ser recebido por Delanne.Ele j estava esperando de 15:20 s 15:30, quando nosso

    mestre, com sua grande bondade, pediu-lhe que entrasse.

    Esse homem era um contramestre das Usinas Renault(Billancourt), com idias mais do que socialistas, pregando aanarquia, o bolchevismo integral. Mas, disse ele, tinha umaparenta, uma prima, que escrevia de forma estranha sobrecoisas que ignorava e vinha pedir a Gabriel Delanne averdade sobre esse fato, saber se ela no estaria louca.

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    Delanne, embora sofrendo o martrio de todas as suasdores, teve a coragem, durante cerca de 2 horas e meia, dediscutir com esse homem, com esse desconhecido bastante

    inteligente, e explicar-lhe o que era a mediunidade de suaprima e o fenmeno esprita da escrita direta.

    Acabou por convencer o homem de que nem tudo nessemundo era matria e que todos ns temos uma alma imortalpara evoluir.

    O visitante partiu muito abalado, pelas 18 horas, dizendoque ia estudar a questo e dela falar depois a seus colegas.

    Eis a ltima boa ao de Delanne.Evidentemente, tomei parte na discusso e apoiei meuamigo com minhas fracas luzes, do ponto de vista damatria, da energia e do esprito. Mens agitat molem.18

    Delanne estava muito fatigado, aps essa longa conversa,onde havia posto toda a sua alma, sua cincia e suasagacidade.

    Pusemo-nos mesa, para jantar, pelas 19 horas, Delanne,

    sua filha adotiva, Vauclaire e eu.Delanne, muito cansado e sofrendo cada vez mais, no

    comeu nada, mas nos pediu que comssemos, com suagentileza costumeira. Eu estava penalizado e o examinavacom receio, vendo-o cada vez mais plido. Pelas 19:45 elequis, arrastando-se, ir ao lado de sua sala de jantar.

    Aps dez minutos, ouvimos um grito e uma queda.

    Chegamos para levant-lo e suas duas pernas acabavam deficar, de repente, paralisadas. No podia nem mesmo mais semanter de p; toda a sua vitalidade tinha abandonado seusmembros inferiores, que se arrastavam como dois farrapospendentes.

    Pusemo-lo em sua poltrona e, enquanto os outros haviamsado para trazer algo para reanim-lo, Delanne apalpou acabea, a fronte e, olhando-me, disse-me:

    Creio que o fim, uma advertncia.

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    No respondi-lhe , um pequeno ataque, do qual irrecuperar-se.

    Sim disse-me ele , no Alm. Lembre-se, meu caroamigo, que Delanne no tem medo da morte.

    Ns o colocamos em seu leito. Sa meia-noite, porinsistncia de sua filha e de Vauclaire, que deviam velarjuntos nosso caro mestre.

    s 2 horas (15 de fevereiro de 1926), Vauclaire saiu,deixando a jovem filha a ss, com seu pai adotivo. s 4horas, Delanne piorando, ela foi buscar um mdico, que lhe

    fez uma aplicao de cafena para reanim-lo, dizendo-lheque aquilo iria passar.

    Eu espero respondeu Delanne, para no entristecerningum.

    s 7 horas, porm, ele expirava, em Autenil, na VillaMontmorency, onde Jean Meyer, diretor daRevista Esprita,desejava que fossem passados os ltimos anos terrenos dovalente pioneiro do Espiritismo kardecista.

    Tais fatos, narrados por uma testemunha, foram osderradeiros momentos daquele que soube pr em prtica osensinamentos que dava aos outros, com tanto ardor e f.

    Na vspera da colocao do corpo de Delanne no esquife,Forget, membro da Sociedade Francesa de Estudos dosFenmenos Psquicos, tentou tirar seis fotografias do mestre emseu leito morturio. Estava acompanhado de Bourniquet e

    Maillard. Entretanto, nenhuma foto foi conseguida, no houveabsolutamente qualquer sucesso.

    Os funerais se realizaram em 18 de fevereiro de 1926, noCemitrio Pre Lachaise. Seu corpo fsico foi incinerado, semque Suzanne tivesse recebido a respeito, disse-nos ela, umpedido da parte de seu pai.

    Aps a incinerao, as cinzas foram colocadas numa urna,que foi depositada no jazigo que a famlia Delanne possua

    naquele mesmo Cemitrio.

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    Por uma feliz coincidncia, o tmulo da famlia Delanneacha-se perto do de Allan Kardec e, todos os anos, na cerimniacomemorativa que rene os espritas em torno do dlmen do

    mestre Kardec, podem eles, ao mesmo tempo, render umapiedosa homenagem ao maior de seus discpulos e a seus pais,que tudo fizeram para difundir a filosofia kardecista.

    O tmulo da famlia Delanne simples e modesto.Formulamos votos de que ele seja sempre embelezado, floridocomo o do grande iniciador, a fim de que todos os espritaspossam reunir, num s pensamento de gratido, o mestre e odiscpulo que foi verdadeiramente o apstolo cientfico do

    Espiritismo e o glorioso continuador dos fiis amigos de AllanKardec: Alexandre Delanne e sua digna esposa.

    Todavia, a melhor homenagem que lhes podem prestar seusdiscpulos e seus admiradores , como disse Henri Regnault nosfunerais de Gabriel Delanne, tentar seguir seu exemplo e fazer omximo possvel de propaganda pblica e tambm privada doEspiritismo, que e ser a verdadeira filosofia do futuro.

  • 8/14/2019 Gabriel Delanne - Sua Vida, Seu Apostolado e Sua Obra

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    CAPTULO IIA obra

    Antes de analisar a obra de Gabriel Delanne, til declararque ele foi, primeiro que tudo, um fiel discpulo de AllanKardec, por quem conservou, em toda a vida, uma admiraosem limites.

    Alis, a carta que ele dirigiu, no fim do ano de 1906, aLopold Dauvil, ento redator-chefe da Revista Esprita, irprov-lo saciedade.

    necessrio acrescentar aqui que as notveis obras deGabriel Delanne no foram, de certa forma, seno odesenvolvimento dos princpios cientficos sobre os quais AllanKardec se apoiou para ensinar o Espiritismo.

    A comparao entre as obras do mestre e do discpulo deve

    ser hoje posta nitidamente em anlise, porque bom nosancionar, por um ridculo silncio, o erro dos sbios orgulhosos,que muitas vezes relegam o Espiritismo a um segundo plano,substituindo-o por pretensas descobertas cientficas, ornadas denomes novos, quando se trata somente da repetio dosfenmenos observados e descritos por Allan Kardec, e depoisdele por seus discpulos.

    A carta mencionada, e que foi inserida em um nmero

    especial da Revista Esprita, datada de janeiro de 1907, aseguinte:

    com grande prazer, meu caro amigo, que aceito oconvite que me faz para prestar homenagem ao grandepensador que fundou a Revista Esprita, h meio sculo, ecujos livros, claros e metdicos, permitiram conquistar parao Espiritismo milhes de adeptos no mundo inteiro.

    Jamais teremos a necessria gratido pelo poderosoesprito, cujos trabalhos esclareceram, consolaram ef tifi t t f id l d id

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    Quanta alegria deve existir nele, vendo sua obra prosperare se agigantar em to vastas propores!

    Em 1858, s havia duas revistas espritas na Europa; emnossos dias, h mais de cinqenta,19 que levam ao longe aboa nova da imortalidade, e temos o legtimo orgulho dehaver estabelecido o estudo dos fatos espritas a esse mundocptico, que se mostrara, na origem, to desdenhosamenterefratrio para com essa jovem cincia.

    J passou o tempo em que a Cincia era a propriedadecaracterstica de alguns privilegiados; ela se democratizou ecada um pode fazer trabalho sbio, empregandojudiciosamente seus mtodos.

    As pesquisas sobre o Espiritismo se multiplicam nesseponto, e preciso ser profundamente indiferente para no asconhecer, porque no so apenas individualidades isoladasque delas se ocupam, mas numerosos agrupamentos, algunsformando verdadeiras academias, que tiveram origem foradas corporaes oficiais.

    A fundao, na Inglaterra, da Sociedade de PesquisasPsquicas, e a do Instituto Geral Psicolgico, na Frana, soprovas vivas de nossa influncia sobre as inteligncias querefletem, pois os que no cerram, sistematicamente, os olhosdiante da evidncia j vislumbram a importncia enorme daspesquisas, que abrem Cincia e s aspiraes religiosas dahumanidade horizontes que valem ser estudados emprofundidade.

    Substituindo a f cega numa vida futura, pelainquebrantvel certeza, resultante de constataescientficas, tal o inestimvel servio prestado por AllanKardec humanidade.

    Fazer a luz da observao, e at mesmo a experimentao,penetrar num domnio reservado s obscuras e interminveisdiscusses filosficas, era fazer obra de mestre, quebrar osvelhos padres do pensamento, infundir sangue novo no

    antigo espiritualismo, renovar a Psicologia, indicando-lheum novo e fecundo caminho, e preparar a mais rica colheita

  • 8/14/2019 Gabriel Delanne - Sua Vida, Seu Apostolado e Sua Obra

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    de conhecimentos novos que se tenha feito nesses dois milanos.

    Uma semelhante revoluo intelectual no se realiza semlevantar tempestades. O Espiritismo tem sido combatido porinmeros adversrios, porque est em oposio a quasetodas as opinies reinantes, j que suas experinciasdemonstram a falsidade das teorias materialistas, ainsuficincia dos sistemas espiritualistas, que no conhecema verdadeira natureza da alma, e os erros dos ensinosreligiosos relativos origem e ao destino do princpiopensante.

    Tambm os insultos, zombarias e maldies lhe foram prdigos. Todavia, levado pelo irresistvel poder que sedestaca da observao cientfica, o Espiritismo desdenhaesses ultrajes e, respondendo com fatos aos falsosargumentos de seus contraditores, derruba os obstculosacumulados em sua rota e conquista cada dia novos adeptos,at entre seus adversrios.

    Obrigaram inteligncias, como as de Crookes, Wallace,Varley, Lodge, Zllner, Lombroso, Myers, Hodgson,20 areconhecerem a incontestvel realidade das relaes entre osvivos e os chamados mortos.

    Estamos em boa companhia e nem as calnias, nem osclamores odiosos dos detratores da verdade nova poderiamimpedir-lhe o triunfo definitivo.

    Pelos fenmenos da mesa, da escrita, da incorporao, das

    aparies,21

    ns nos comunicamos com o Alm de umaforma ininterrupta.

    O tmulo perdeu seu horror, porque ele para ns a portaaberta para um mundo novo, onde a vida mais doce do queaqui.

    Em resposta aos negadores da sobrevivncia, a almahumana se revela, depois da morte, to ativa quanto aqui naTerra e se mostra na placa fotogrfica a esses doutores, queno a tinham jamais encontrado com seus bisturis.

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    Prodgio singular, ela reconstitui, temporariamente, umcorpo fsico semelhante ao que possua na Terra, e essaressurreio momentnea o argumento mais convincente

    para destruir os erros grosseiros do materialismo.Essa comunho constante com a humanidade

    desencarnada nos afirma, inicialmente, nossa imortalidadepessoal; em seguida, nos permite conhecer com certeza averdadeira natureza da alma, suspendendo uma ponta do vuque ocultava sua origem e seus destinos.

    Que alvio e que reconforto para o pensamento humano por no ser mais esmagado sob o pavor de dogmas toterrveis como o do pecado original e o das penas eternas!

    Que consolo no mais conceber o Ser Supremo sob aforma de um implacvel justiceiro que condenaria asuplcios sem fim as miserveis e fracas criaturas que somosns!

    A realidade , felizmente, mais nobre e mais grandiosa doque essas sombrias invenes da Teologia.

    A sorte de nossa eternidade futura no se decide noscurtos instantes de uma vida terrena, uma ruga apenasperceptvel no imenso oceano das idades!

    A lei da evoluo do princpio espiritual, completando-se pelas vidas sucessivas, nos permitiu compreender porqueuma formidvel desigualdade moral e intelectual separa osfilhos de um mesmo Pai, e como existem, no mesmo globo,selvagens e povos civilizados, idiotas ao lado desses gnios,

    que so a glria de nossa raa. pelos inumerveis e concordantes testemunhos dos que

    vivem no espao que sabemos que no existe inferno, nemparaso, mas que ns somos os nicos artfices de nossosfuturos destinos.

    lentamente, mas num esforo ininterrupto, quedesenvolvemos nosso ser espiritual, que ampliamos nossainteligncia, que penetram em ns os sentimentos do justo,do belo, do bem; que desaparecem os obscuros instintos doegosmo as paixes e os vcios para dar lugar ao sentimento

  • 8/14/2019 Gabriel Delanne - Sua Vida, Seu Apostolado e Sua Obra

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    de fraternidade, que nos aproxima dessa causa primria, que todo amor.

    Allan Kardec no deduziu de suas conversaes com osespritos unicamente essa nobre doutrina filosfica; suaateno foi ainda atrada pelas manifestaes extracorpreasda alma encarnada.

    Todos os fenmenos psquicos, batizados hoje com novosnomes,22 o mestre os conheceu, classificou e lhes determinouas causas.

    A transmisso do pensamento, que, sob o nome de

    telepatia, tomou grande importncia em nossos dias, foiestudada em O Livro dos Espritos e emA Gnese.

    A possibilidade de desdobramento do ser humano indicada em O Livro dos Mdiuns, com provas de apoio, eos casos interessantes de clarividncia, se exercendo no passado, no presente ou no futuro, foram longamentedescritos naRevista Esprita.

    A Sociedade Inglesa de Pesquisas Psquicas confirmou,

    por suas observaes, a existncia de vrios dessesfenmenos, e os magnficos trabalhos de Fredrich Myers soo sbio desenvolvimento das teorias que esto em germe nasobras de nosso mestre. Entretanto, a obra do ilustrepsiclogo ingls ainda incompleta.

    Para ser outra coisa mais do que uma simples hipteseverbal, a conscincia subliminal deve ter um substrato nomaterial. Parece-nos, portanto, necessrio ver no perisprito

    o rgo que serve para essas manifestaes transcendentais. ainda a Allan Kardec que devemos as primeiras noes

    precisas sobre o perisprito, esse corpo inseparvel da alma.Inmeras observaes, feitas sobre as aparies dos vivos edos mortos, nos afirmam de forma absoluta a sua existncia.

    O conhecimento desse organismo suprapsicolgico faz doEspiritismo uma doutrina original, porque, por isso, ela sedistingue nitidamente do espiritualismo religioso oufilosfico.

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    O princpio inteligente no mais ento uma abstraoideal, uma vaga entidade corporal; um ser concreto, quepossui sentidos especiais, apropriados ao meio no qual

    chamado a viver aps sua partida da Terra, isto , no espao.Algumas das faculdades superiores da alma, tais como a

    telepatia e a clarividncia, tm, evidentemente, sua sede forado crebro, pois este estranho s suas manifestaes; provavelmente no perisprito que elas encontram suascondies de existncia, porque necessria a emancipaoda alma para que elas possam se exercer.

    Quanto mais estudarmos esse organismo superior, melhorcompreenderemos sua importncia para explicar um certonmero de problemas biolgicos.

    A experimentao esprita tem uma utilidade de primeiraordem para isso, porque se torna indispensvel quepossamos submeter a um exame cientfico a natureza e aspropriedades desse corpo fludico, para melhor determinarsua atuao durante a vida e aps a morte.

    As materializaes dos espritos so fenmenos que pemem evidncia esse mecanismo perispiritual, que d alma o poder de se representar, perante ns, com os atributosanatmicos e fisiolgicos da pessoa terrena.

    J que um ser do espao capaz de reconstituirmomentaneamente a forma tpica que possua quando estavaentre ns emprestando ao mdium uma parte de suasubstncia , permitido supor-se que a alma age da mesma

    forma no momento do nascimento, mas operandolentamente, segundo as leis da gestao, para que sua uniocom o corpo material seja durvel.

    O ensino dos espritos est de acordo, sobre esse ponto,com a opinio de Claude Bernard, que viu nitidamente que aconstruo, a manuteno e a reparao de um organismovivo no contradizem as leis fsico-qumicas.

    Vemos disse ele , na evoluo do embrio,aparecer um simples esboo do ser, antes de qualquerorganizao

  • 8/14/2019 Gabriel Delanne - Sua Vida, Seu Apostolado e Sua Obra

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    Os contornos do corpo e os rgos do ser esto deincio simplesmente parados, comeando pelos esboosorgnicos provisrios, que serviro de aparelhos

    funcionais temporrios do feto.Nenhum tecido est distinto nesse momento. Toda a

    massa ento apenas constituda por clulas plasmticase embrionrias.

    Todavia, nesse esboo vital est traado o desenhoideal de um organismo, ainda invisvel para ns, quereservou para cada parte e cada elemento seu lugar, suaestrutura e suas propriedades.

    E mais adiante o eminente fisiologista explicita ainda seupensamento nestes termos:

    O que essencialmente do domnio da vida, e queno pertence nem Fsica nem Qumica, nem anenhuma outra coisa, a idia diretriz dessa ao vital.

    Em qualquer germe vivo h uma idia diretriz que sedesenvolve e se manifesta pela organizao.

    Durante toda a sua durao, o ser fica sob a influnciadessa mesma fora vital criadora e a morte chegaquando ela no se pode realizar... sempre a mesmaidia que conserva o ser, reconstituindo as partes vivasdesorganizadas pelo exerccio ou destrudas pelosacidentes ou doenas.

    Ns, que sabemos, por experincia, que a alma sobrevive

    morte, que a vemos reedificar, temporariamente, um corpo,que anatomicamente igual ao que possua na Terra,estamos autorizados logicamente a supor que o perispritocontm a idia diretriz que preside a edificao do corpofsico, porque o perisprito possui ainda o poder dereconstruo aps a morte.

    No tudo. Se a alma a arquiteta de seu envoltrioterrestre, possvel tirar desse fato uma confirmao da lei

    de reencarnao, assim:

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    Se exato que o feto resume, nas primeiras semanas desua vida intra-uterina, todas as etapas percorridas pelos seresvivos desde a clula inicial; se, alm disso, ainda temos em

    ns rgos atrofiados, vestgios dos que foram teis a nossosancestrais, preciso concluir que o perisprito, que reproduzessas formas desaparecidas, que forma e modela a matria,deve ter passado outrora pelos organismos inferiores ondeelas existiam; porque, sem isso, no as poderia engendrar.

    Penso que, seguindo essa direo, os espritas poderoachar, no estudo do ser humano, novas provas dessa grandee magnfica verdade das vidas sucessivas, que j possui em

    seu ativo toda uma coleo de fatos relativos s lembranasdas existncias anteriores ou no anncio de reencarnaesque foram tais quais haviam sido preditas.

    No apenas isso. Os fatos espritas receberam aconsagrao do tempo, resistiram a todos os mtodoscrticos a que foram submetidos, e houve, em nossos dias,uma tal revoluo nas teorias cientficas, que ns as vemosconvergir para aquelas que Allan Kardec e os espritossempre ensinaram.

    com uma profunda alegria que constatamos quanto asdescobertas das cincias fsicas as aproximam desse mundoinvisvel com o qual elas comeam a tomar contato.

    As mais estranhas manifestaes das sesses espritas noso mais fatos isolados. Os eflvios que saem do corpo domdium, que atravessam os obstculos materiais, que

    influenciam as placas fotogrficas, apresentam uma analogiaevidente com os produtos da desmaterializao da matriaengendrada pelos corpos radioativos.

    O corpo humano um laboratrio no qual se completam,sem cessar, reaes qumicas muito intensas que do origema produtos variados; emanaes, raios catdicos, raios X,eltrons que so poeiras atmicas em diferentes estgios dedesagregao. Esses resduos so eletrizados e constituem

    precisamente uma das mais grosseiras formas dessa

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    substncia fludica, ainda material, de certa forma, maschegando imponderabilidade.

    , bem provavelmente, uma forma vizinha dadesagregao carnal, que serve nas sesses de materializao para produzir essas aparies temporrias de objetos(tecidos, jias, etc.), que desaparecem com a rapidez do raio,logo que cessa de agir a fora que os engendrou.

    O ensino de Allan Kardec sobre as criaes fludicas dopensamento recebe uma fora nova pelas experincias feitascom os eflvios das substncias radioativas.

    Com efeito, sabemos que o pensamento se traduz semprepor uma imagem; que essa criao mental pode exteriorizar-se sob a forma de desenhos, que possuem a propriedade dese imprimir sobre o corpo, produzindo modificaesfisiolgicas (sugestes de vesicatrios, sinapismos,queimaduras, etc.) e que esse desenho pode mesmoimpressionar a placa fotogrfica (experincia doComandante Darget).

    Sempre tenho sustentado que, para esse fenmeno ser possvel, era preciso que a imagem tivesse uma realidadeobjetiva, isto , fosse materializada.

    interessante assimilar que Le Bon pde produzirmaterializaes temporrias com os eflvios de matriadissociada. Eis o que ele disse a respeito:23

    Se quisermos estudar os equilbrios de que sosuscetveis os elementos de matria dissociada,podemos substituir um corpo radioativo por uma pontaeletrizada em relao com um dos plos de umamquina eltrica.

    Essas partculas so submetidas s leis das atraes erepulses que regem todos os fenmenos eltricos.

    Utilizando essas leis, poderemos obter, vontade, osmais variados equilbrios. Tais equilbrios s podero

    ser mantidos por instantes.

  • 8/14/2019 Gabriel Delanne - Sua Vida, Seu Apostolado e Sua Obra

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    Se pudssemos fix-los para sempre, isto , demaneira a que pudessem sobreviver causa geradora,conseguiramos criar, com partculas imateriais, alguma

    coisa que pareceria singularmente matria.Todavia, se no podemos realizar equilbrios com

    coisas imateriais, podendo sobreviver causa que osproduziu,24 pelo menos podemos mant-las um temposuficiente para fotograf-las e assim criar uma espciede materializao momentnea.

    Utilizando unicamente as leis de que falamos atrs,conseguimos agrupar as partculas de matria dissociadade maneira a dar a seu grupamento todas as formaspossveis: linhas retas ou curvas, prismas, clulas, etc.,que fixamos, em seguida, pela fotografia.

    As formas poligonais, representadas em algumas denossas fotografias, no so, bem entendido, areproduo de imagens plenas, porm formaspossuidoras de trs dimenses, das quais a fotografia s

    pode, evidentemente, dar uma projeo.So, portanto, figuras no espao que obtivemosmantendo momentaneamente, no equilbrio que lhesimpusemos, partculas de matria dissociada.

    No dia em que os sbios se decidirem a estudar,cientificamente, os fenmenos psquicos, eu lhes prometoalgumas surpresas, mostrando-lhes que suas futurasdescobertas tinham sido previstas por esses espritas, de

    quem eles ignoram to profundamente as doutrinas.Um simples exemplo bastar para fazer ver que Gustave

    Le Bon que est to justamente orgulhoso de terdescoberto que a matria retorna ao ter no teve a primazia dessa idia, porque ela se encontra claramenteformulada por Allan Kardec, em seu livro A Gnese, numapoca em que essa hiptese parecia uma monstruosa heresiacientfica.

    Eis o que foi escrito, em 1867, pelo mestre:25

  • 8/14/2019 Gabriel Delanne - Sua Vida, Seu Apostolado e Sua Obra

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    Quem conhece, alis, a constituio ntima damatria tangvel?

    Ela s compacta em relao aos nossos sentidos, e oque o provaria a facilidade com que ela atravessadapelos fluidos espirituais e pelos espritos, aos quais nooferece nenhum obstculo, tal como os corpostransparentes no oferecem passagem da luz.

    A matria tangvel, tendo por elemento primitivo ofluido csmico eterizado, deve poder, desagregando-se,retornar ao estado de eterizao, como o diamante, omais duro dos corpos, pode volatilizar-se em gsimpalpvel.

    A solidificao da matria no , em realidade, senoum estado transitrio do fluido universal, que poderetornar a seu estado primitivo, quando as condies decoeso deixam de existir. 26

    A radioatividade mesmo apresentada nestes termos:

    Quem sabe mesmo se, no estado de tangibilidade, amatria no suscetvel de adquirir uma espcie deeterizao, que lhe daria propriedades particulares?Certos fenmenos tenderiam a fazer supor que sim. Nomomento, s possumos noes do mundo invisvel,mas o futuro, sem dvida, nos reserva o conhecimentode novas leis que permitiro compreender o que parans ainda um mistrio.

    Sobre o mesmo assunto Oliver Lodge se exprime assim,na Sociedade de Fsica de Londres:

    No devemos admitir que o tomo permanente eeterno. A matria, provavelmente, pode nascer e morrer.

    A histria de um tomo apresenta analogias com a dosistema solar. Na teoria eltrica da matria, acombinao dos eltrons pode produzir o agregadoeltrico chamado tomo e sua dissociao se acompanhade um fenmeno de radioatividade.

  • 8/14/2019 Gabriel Delanne - Sua Vida, Seu Apostolado e Sua Obra

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    Afinal, William Crookes, por sua vez, chega a umaconcluso anloga:

    Essa fatal dissociao dos tomos parece universal.Manifesta-se quando friccionamos um basto de vidro,quando o sol brilha, quando um corpo queima, quando achuva cai, quando as vagas do oceano se chocam.

    Embora a data do fim do Universo no possa sercalculada, devemos constatar que o mundo retornalentamente confuso informe do caos primitivo. Nessedia, o relgio da eternidade ter terminado seu ciclo.

    A concordncia tardia que verificamos entre as maisrecentes afirmaes da Cincia e as vistas profticas deAllan Kardec sobre a constituio da matria nos asseguraque tivemos razo em crer que os espritos que produzemfenmenos to estranhos, como a materializao e ostransportes, esto mais adiantados do que ns noconhecimento das leis da Natureza.

    confiantes que vemos novas descobertas, porque

    estamos certos de que elas confirmaro, cada vez mais, asinstrues de nossos Guias Espirituais.

    No poderia ser de outra forma, porque, j que os fatosespritas so de uma incontestvel realidade, a Cincia deve,uma dia ou outro, modificar suas teorias, ampli-las outroc-las, para introduzir essas manifestaes da atividadeanmica, que ela havia ignorado.

    O Espiritismo vai certo ao seu objetivo, que ademonstrao da imortalidade, sem bravata nem fraqueza;tanto pior para as opinies que ele contraria; so as hiptesesantigas que devem desaparecer ante os fatos novos.

    Trabalhemos, pois, com um ardor incansvel, paraexpandir esta nobre doutrina, cuja ao salutar e fecunda to necessria aos nossos dias.

    Proclamemos, por toda parte, que o tmulo no o

    aniquilamento da alma, o abismo no qual nossapersonalidade sucumbiria, desaparecendo para sempre.

  • 8/14/2019 Gabriel Delanne - Sua Vida, Seu Apostolado e Sua Obra

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    Demonstremos que no verdade que somos tristesjoguetes de leis inexorveis e fatais, que pesariam sobre nscom a esmagadora impassividade desses dolos antigos, que

    esmagavam sob as rodas de seus carros as carnes ofegantesde seus sectrios.

    Afirmemos bem alto que a natureza no teve essa ironiacruel de nos despertar a conscincia para nos fazer medirmelhor o horror de nossa queda no nada.

    Estamos experimentalmente seguros de que a vida humanano um relmpago entre duas noites profundas, porm umasimples etapa de nossa ascenso eterna para a luz e para oamor.

    Temos a certeza de que as aspiraes mais elevadas e maissantas de nossos coraes no sero decepcionadas, porqueencontraremos aqueles cuja partida cravou marca to cruelem nossas almas.

    Desta vez, a grande tradio espiritualista, to velhaquanto o pensamento humano, se apia, de forma

    inquebrantvel, na Cincia; nada poder entravar seu progresso, e sua difuso no mundo ser o sinal de umaevoluo moral, cientfica e social, como a humanidadejamais conheceu, desde sua origem.

    Gabriel Delanne.

    Transcrevemos por extenso o texto dessa admirvel carta, porque ela destaca, de alguma sorte, a importncia da obra

    empreendida por Gabriel Delanne, para ampliar a de AllanKardec.

    Todos os que lerem os livros do discpulo, aps ter estudadoos do mestre, compreendero que um e outro so os artfices deuma mesma cincia, de uma cincia magnfica entre todas,porque ela renovar um dia a humanidade.

    Se Allan Kardec fixou os traos essenciais do Espiritismo,seu discpulo compreendeu maravilhosamente que lhe devia

    assegurar a difuso cada vez mais ampla, com o auxlio detrabalhos rigorosamente cientficos, de tal forma que a ligao

  • 8/14/2019 Gabriel Delanne - Sua Vida, Seu Apostolado e Sua Obra

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    entre o mundo visvel e o mundo invisvel se tornasse maisntima e mais profunda.

    Gabriel Delanne livrou o Espiritismo kardecista das frmulasdogmticas e rgidas. Ele o apoiou em realidades experimentaisrigorosamente cientficas.

    Como Allan Kardec, seguiu uma regra essencial,apresentando as idias em termos e condies que as tornamfacilmente compreensveis para todo o mundo.

    Nenhuma aridez em suas obras, embora to cientficas,nenhuma frieza, mas, ao contrrio, um interesse sempre

    crescente, que faz sua leitura extremamente atrativa.O estilo de Gabriel Delanne um instrumento de precisocientfica a servio do conhecimento humano.

    Com um esforo infatigavelmente sustentado, o brilhanteescritor ps em ao toda a sua capacidade intelectual paraextrair da experimentao e do raciocnio cientfico as provaspositivas da realidade da sobrevivncia.

    Ele examinou cuidadosa e metodicamente cada uma das

    modalidades do fato esprita; por uma anlise rigorosa de cadaum deles, chegou a dar a soluo racional, que ele trata deapresentar razoavelmente em face da cincia positiva.

    Sempre buscando o termo exato, Gabriel Delanne evitouempregar a metfora,27 pois esta tanto parece til para dar acertas literaturas filosficas toda a fora que lhes necessria,como intil e deslocada, quando se trata de demonstrar o valore o comeo de uma experincia cientfica qualquer.

    Muito comumente, os filsofos idealistas no tm ousado ousabido vencer a rigidez de certas frmulas, ficaram bem distantesdo bom senso slido das massas, sempre espantadas pelo aspectoum pouco rido das cincias abstratas.

    Gabriel Delanne teve o grande mrito de compreender que asfrmulas cientficas nada perdem por serem impregnadas deideal, para torn-las compreensveis a todos. Adotou a linguagem

    simples e lgica, pela qual elas se tornam magnificamente clarase precisas.

  • 8/14/2019 Gabriel Delanne - Sua Vida, Seu Apostolado e Sua Obra

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    Os livros de Gabriel Delanne so necessrios a todos aquelesque abordam o estudo do Espiritismo e das cincias ocultas,porque as teorias que encerram so suscetveis de dar a todas as

    pessoas srias bases perfeitas para facultar seu raciocnio.Os adversrios do Espiritismo moderno tm negado

    obstinadamente a realidade de tantos fatos facilmente explicveispor meio das teorias realmen