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Macapá-AP 2017 GABRIELLA BRUNÊT GOMES RAZÕES PARA EXODONTIA EM ODONTOPEDIATRIA

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GABRIELLA BRUNÊT GOMES

RAZÕES PARA EXODONTIA EM ODONTOPEDIATRIA

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Macapá-AP 2017

RAZÕES PARA EXODONTIA EM ODONTOPEDIATRIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Macapá - FAMA, como requisito parcial para a obtenção do título de graduada em Odontologia.

Orientadora: Profª. Zuila de Carvalho Flexa

GABRIELLA BRUNÊT GOMES

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GABRIELLA BRUNÊT GOMES

RAZÕES PARA EXODONTIA EM ODONTOPEDIATRIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Macapá - FAMA, como requisito parcial para a obtenção do título de graduada em Odontologia.

BANCA EXAMINADORA

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)

Macapá-AP, ____ de _________ de 2017.

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Dedico este trabalho a duas pessoas,

de gerações distantes, porém juntas

em meu coração:

Minha eterna avó/mãe, Sra. Maria Neci

de Moraes, que me acolheu em seus

braços, me ensinou o certo e o errado,

e me deu asas para alcançar novos

horizontes; sempre confiando em mim

e nos seus ensinamentos.

E, em especial, à minha amada filha,

Graziella Belquis Gomes dos Santos,

que foi o meu maior encorajamento

para começar este curso. Obrigada por

incansavelmente caminhar ao meu

lado. Dedico a vocês não somente esta

obra, mas todo o meu amor.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, sem cessar, por ter me carregado no seu colo ao

longo desta caminhada. Jamais teria chegado até aqui sem a sua permissão e

força, Senhor, pois tu és a minha rocha, meu escudo, és minha fortaleza.

Obrigado Papai do Céu, por ter alcançado esta graça.

A Sra. Dulcinéia Santos dos Santos, que me apoiou desde sempre, me

incentivou e acreditou que eu seria capaz de me tornar uma referência

profissional para nossa filha Graziella. Obrigada por todo apoio e dedicação

para conosco. Sem os seus cuidados não teria chegado até aqui. Agradeço a

Deus por sua vida.

Ao Rogildo Aires, que me ajudou e foi meu companheiro, ao longo

desses anos de graduação. Acreditou no meu potencial e mais uma vez

emprestou um pouco do seu tempo à fundamentação teórica desta obra.

Obrigada por ter compartilhado todo seu conhecimento e por ter tido

participação especial na minha vida acadêmica/profissional e pessoal.

Colegas de graduação, professores, coordenadores, e a todos que direta

ou indiretamente contribuíram para esta realização, o meu muito obrigado!

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GOMES, Gabriella Brunêt. Razões para exodontia em odontopediatria. 2017. 64 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Bacharelado em Odontologia – Faculdade de Macapá - FAMA, Macapá-AP, 2017.

RESUMO Com o intuito de compreender quais razões para a aplicação da exodontia na clínica odontopediátrica, fora realizada uma revisão criteriosa da literatura científica que versa sobre o tema “exodontia em odontopediatria”, dos últimos 25 anos, compreendendo publicações hospedadas nas bases de dados SciELO, Pubmed, LILACS, assim como na ferramenta de busca Google Acadêmico, acrescentando às leituras livros de odontopediatria e de cirurgia oral e maxilo-facial que abordam a temática. As patologias e condições buco-dentárias descritas foram cárie dentária; doença periodontal; alterações dentárias de desenvolvimento; extrações seriadas por razões ortodônticas; e traumatismo dento-alveolar da dentição decídua. Aludiu-se a cárie dentária e a doença periodontal severa as ocorrências patológicas mais associadas a perdas dentárias por extração em crianças. Dentre as alterações dentárias de desenvolvimento, os supranumerários e os dentes decíduos com retenção prolongada foram os mais significantes para a exodontia na prática clínica, inclusive em protocolos de extrações seriadas em ortodontia. O traumatismo dentoalveolar caracterizou-se como a causa externa de maior relevância para as extrações cirúrgicas na odontopediatria.

Palavras-chave: Odontopediatria; Exodontia; Dentes decíduos; Patologias

buco-dentárias; Cárie dentária.

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GOMES, Gabriella Brunêt. Reasons for dental extraction in pediatric dentistry. 2017. 64 sheets. Completion of course work of Bachelor of Dentistry – Faculdade de Macapá - FAMA, Macapá-AP, 2017.

ABSTRACT In order to understand the reasons for the application of the exodontia in the pediatric dentistry clinic, a careful review of the scientific literature on the subject "dental extraction in the odontopediatrics" of the last 25 years, including publications hosted in the databases SciELO, Pubmed , LILACS, as well as in the Google Scholar search tool, adding to the readings books on pediatric dentistry and oral and maxillofacial surgery that approach the subject. The dental conditions and conditions described were dental caries; periodontal disease; dental developmental changes; serial extractions for orthodontic reasons; and dentoalveolar trauma of the deciduous dentition. Dental caries and severe periodontal disease were alluded to the pathological events most associated with tooth loss due to extraction in children. Among developmental dental alterations, supernumerary and deciduous teeth with prolonged retention were the most significant for clinical practice exodontia, including protocols for serial extractions in orthodontics. The dentoalveolar trauma characterized as the external cause of greater relevance for the surgical extractions in pediatric dentistry. Key-words: Pediatric dentistry; Dental extraction; Primary teeth; Oral and

dental pathologies; Dental cavity.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Diagrama de Newbrum (Adaptado de Lima, 2007) ................................ 24

Figura 2 – Aspecto clínico de lesão de cárie extensa em dentes decíduos

(elementos 75 e 85), (Adaptado de FO-USP, 2011) ................................................ 26

Figura 3 – Radiografia periapical do elemento 74: lesão de cárie extensa com

comprometimento da área de furca (Adaptado de FO-UNOESTE, 2014) ................ 26

Figura 4 – Aspecto clínico de periodontite em grupo de dentes decíduos

anteriores inferiores (Adaptado de FOB-USP, 2011) ............................................... 28

Figura 5 – Aspecto clínico de erupção ectópica do 1º molar permanente

(elemento 16) (Adaptado de Gonçalves et al., 2012) ............................................... 29

Figura 6 – Radiografia periapical: erupção ectópica do elemento 16 e

reabsorção radicular do elemento 55 (Adaptado de Gonçalves et al., 2012) ........... 30

Figura 7 – Radiografia periapical: retenção prolongada envolvendo os dentes

decíduos 84 e 85 (Adaptado de FO-USP, 2011) ...................................................... 31

Figura 8 – Aspecto clínico de dente supranumerário em região de incisivos

inferiores (Cortesia do Dr. Alexandre Jardim – UFG (2016) ..................................... 32

Figura 9 – Aspecto clínico de dente anquilosado (elemento 84): infra-oclusão

acentuada (Adaptado de FO-USP, 2011) ................................................................ 33

Figura 10 – Aspecto radiográfico de anquilose no elemento 75 (Adaptado de

FO-USP, 2011) ......................................................................................................... 33

Figura 11 – Radiografia panorâmica: evidenciando odontoma composto na

região dos incisivos superiores (Cortesia do Dr. Alex Ramos, 2016) ....................... 35

Figura 12 – Radiografia panorâmica (paciente com perfil reto, mordida aberta e

apinhamento anterior severo) – Sequência de extrações seriadas: (A) inicial;

(B) após exodontia dos caninos decíduos; (C) após exodontia dos primeiros

pré-molares; (D) final da extração seriada (Cortesia de Henrique Pretti –

UFMG, 2015) ............................................................................................................ 36

Figura 13 – Desenho esquemático de luxação extrusiva no elemento 51

(Adaptado de Losso et al., 2011) ............................................................................. 39

Figura 14 – Aspecto clínico de luxação extrusiva no dente 61 (Adaptado de

Guedes-Pinto, 2010) ................................................................................................ 40

Figura 15 – Desenho esquemático de luxação lateral no elemento 51

(Adaptado de Losso et al., 2011) ............................................................................. 40

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Figura 16 – Aspecto clínico de luxação lateral no elemento 51 (Adaptado de

SEOP, 2010) ............................................................................................................ 41

Figura 17 – Aspecto clínico de intrusão do elemento 51, com rompimento da

tábua óssea vestibular (Adaptado de Wanderley – FO-USP, 2003) ........................ 42

Figura 18 – Radiografias extraoral lateral (à esquerda) e periapical anterior (à

direita) do elemento 51: intrusão com rompimento da tábua óssea vestibular

(Adaptado de Wanderley – FO-USP, 2003) ............................................................. 42

Figura 19 – Desenho esquemático de fraturas coronárias: (C) Fratura coronária

com envolvimento de esmalte e dentina, com exposição da polpa (Adaptado de

Losso et al., 2011) .................................................................................................... 43

Figura 20 – Aspecto clínico de fratura coronária de esmalte e dentina com

exposição pulpar (elemento 61) (Cortesia do COI-RS, 2015) .................................. 44

Figura 21 – Desenho esquemático de fratura corono-radicular: (A) sem

exposição pulpar; (B) com exposição pulpar (Adaptado de Losso et al., 2011) ....... 44

Figura 22 – Aspecto clínico de fratura corono-radicular com exposição pulpar

(elemento 51) (Adaptado de Humberto et al., 2014) ................................................ 45

Figura 23 – Aspecto clínico e desenho esquemático de fratura radicular (plano

vestibular e oclusal, respectivamente), (elemento 51) (Adaptado de SEOP,

2010) ........................................................................................................................ 46

Figura 24 – Radiografia periapical anterior: fratura radicular no terço apical do

elemento 61 (Adaptado de Losso et al., 2011) ......................................................... 46

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Cárie dentária: indicações da exodontia para dentes decíduos

(Adaptado de Cameron et al., 2012) ........................................................................ 59

Tabela 2 – Cárie dentária: indicações da exodontia para dentes permanentes

imaturos (Adaptado de Cameron et al., 2012).......................................................... 60

Tabela 3 – Exodontia no tratamento das lesões traumáticas aos tecidos de

sustentação: dentição decídua (Adaptado de Losso et al., 2011) ............................ 63

Tabela 4 – Exodontia no tratamento das lesões traumáticas aos tecidos

dentários e da polpa: dentição decídua (Adaptado de Losso et. al., 2011) .............. 64

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Classificação do paciente em função do estado físico: ASA

(American Society of Anesthesiologists) (2010) ....................................................... 58

Quadro 2 – Classificação das doenças periodontais adaptado à criança –

Lesões e doenças da gengiva induzidas por placa bacteriana (Adaptado de

Armitage, 1999) ........................................................................................................ 61

Quadro 3 – Classificação das doenças periodontais adaptado à criança –

Patologias periodontais (Adaptado de Armitage, 1999) ........................................... 62

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAPD American Academy of Pediatric Dentistry

(Academia Americana de Odontopediatria)

ASA American Society of Anesthesiologists

(Associação Americana de Anestesiologistas)

FO-USP Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo

NCI National Cancer Institute

(Instituto Nacional do Câncer)

SEOP Sociedad Española de Odontopediatría

(Sociedade Espanhola de Odontopediatria)

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14

1. IMERSÃO DO PACIENTE PEDIÁTRICO AO TRATAMENTO

CIRÚRGICO DA EXODONTIA ........................................................................ 16

1.1 A TÉCNICA CIRÚRGICA APLICADA À ODONTOPEDIATRIA .................. 17

1.1.1 Anestesia em paciente infantil ................................................................. 19

1.1.2 Exodontia de dentes decíduos ................................................................ 20

1.1.3 Condicionamento comportamental do paciente pediátrico ...................... 21

2. RAZÕES PATOLÓGICAS E ALTERAÇÕES BUCO-DENTÁRIAS PARA

A EXODONTIA EM ODONTOPEDIATRIA ...................................................... 23

2.1 PRINCIPAIS PATOLOGIAS BUCO-DENTÁRIAS ASSOCIADAS .............. 23

2.1.1 A cárie dentária e suas implicações clínicas ........................................... 23

2.1.2 Doença periodontal ................................................................................. 27

2.2 ALTERAÇÕES DENTÁRIAS DE DESENVOLVIMENTO ........................... 28

2.2.1 Erupção ectópica ..................................................................................... 28

2.2.2 Retenção prolongada .............................................................................. 30

2.2.3 Supranumerários ..................................................................................... 31

2.2.4 Anquilose ................................................................................................. 33

2.2.5 Odontomas .............................................................................................. 34

2.3 EXTRAÇÕES SERIADAS POR RAZÕES ORTODÔNTICAS .................... 35

3. EXODONTIA EM TRAUMATISMO DENTOALVEOLAR NA DENTIÇÃO

DECÍDUA ......................................................................................................... 38

3.1 LESÕES TRAUMÁTICAS AOS TECIDOS PERIODONTAIS ..................... 39

3.1.1 Luxação extrusiva ................................................................................... 39

3.1.2 Luxação lateral ........................................................................................ 40

3.1.3 Luxação intrusiva .................................................................................... 41

3.2 LESÕES TRAUMÁTICAS AOS TECIDOS DENTÁRIOS ........................... 43

3.2.1 Fratura coronária complicada .................................................................. 43

3.2.2 Fratura corono-radicular .......................................................................... 44

3.2.3 Fratura radicular ...................................................................................... 45

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 48

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REFERÊNCIAS ................................................................................................ 49

APÊNDICE ....................................................................................................... 54

APÊNDICE A – Protocolo para exodontia em pacientes oncológicos

pediátricos ........................................................................................................ 55

ANEXOS .......................................................................................................... 57

ANEXO A – Quadro 1 – Classificação do paciente em função do estado

físico: ASA (American Society of Anesthesiologists) ........................................ 58

ANEXO B – Tabela 1 – Cárie dentária: indicações da exodontia para dentes

decíduos ........................................................................................................... 59

ANEXO C – Tabela 2 – Cárie dentária: indicações da exodontia para dentes

permanentes imaturos ...................................................................................... 60

ANEXO D – Quadro 1 – Classificação das doenças periodontais adaptado à

criança – Lesões e doenças da gengiva induzidas por placa bacteriana ......... 61

ANEXO E – Quadro 2 – Classificação das doenças periodontais adaptado à

criança – Patologias periodontais ..................................................................... 62

ANEXO F – Tabela 3 – Exodontia no tratamento das lesões traumáticas aos

tecidos de sustentação: dentição decídua ....................................................... 63

ANEXO G – Tabela 4 – Exodontia no tratamento das lesões traumáticas aos

tecidos dentários e da polpa: dentição decídua ............................................... 64

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14

INTRODUÇÃO

A exodontia caracteriza-se como uma técnica cirúrgica empregada na

remoção de elementos dentários, ou partes destes, tanto na dentição

permanente quanto na decídua, seguindo os mesmos princípios em ambas.

Ocorre que, no paciente infantil, algumas adaptações são relevantes, no que

tange principalmente ao controle de comportamento, assim como às

características da dentição decídua, fundamental na manutenção das

condições bucais indispensáveis à erupção dos dentes permanentes. Neste

âmbito, discutiremos quais as prováveis razões para lançar mão da exodontia

como tratamento de escolha em odontopediatria.

O presente estudo é justificado, em suma, pela necessidade de difundir

abordagens teóricas sobre cuidados específicos necessários para exodontia

em pacientes pediátricos, promovendo o favorecimento de resultados positivos

nos tratamentos. Reitera sua justificação devido aos poucos estudos

constantes na literatura sobre esse tema, configurando relevância acadêmica,

científica e social, julgando pelo conteúdo técnico-científico e a abrangência do

público infantil como parte integrante da sociedade.

O questionamento que subsidiou o desenvolvimento deste trabalho –

considerando o comportamento do paciente infantil e as características da

dentição decídua, assim como a preservação do germe dos dentes sucessores

–, consiste em, quais as razões, patológicas ou condições buco-dentais, que

levam à extração dentária em odontopediatria?

A pesquisa objetivou identificar quais os motivos de extração dentária

em odontopediatria. Este, segmentado em introduzir a exodontia como técnica

cirúrgica adequada e conservadora; descrever as principais patologias e

alterações buco-dentárias que provocam a exodontia em pacientes infantis,

assim como compreender os traumatismos dentoalveolares que necessitam da

abordagem cirúrgica.

As pesquisas bibliográficas foram realizadas com embasamento em

artigos científicos, publicados nos últimos 25 (vinte e cinco) anos, incluindo

monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado, constantes nas

bases de dados SciELO, LILACS, Pubmed e ferramentas de busca como o

Google Acadêmico, utilizando os descritores “extrações em odontopediatria”,

“cárie em crianças”, “traumatismos dentários na infância”, “doença periodontal

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15

na infância”, “extrações seriadas em odontopediatria”, “alterações de

desenvolvimento da dentição decídua”, incluído a inserção dos respectivos

termos traduzidos para o idioma inglês, sendo este juntamente com o

português e o espanhol, os idiomas nos quais foram feitas as pesquisas,

totalizando 55 (cinquenta e cinco) publicações selecionados. Também foram

incluídos nas revisões literárias livros que abordam a temática da exodontia em

odontopediatria, com destaque para o “Manual de Odontopediatria” de Angus

C. Cameron, e “Cirurgia Oral e Maxilofacial contemporânea” de James R Hupp

et al., os quais possuem maior relevância devido suas informações.

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16

1. IMERSÃO DO PACIENTE PEDIÁTRICO AO TRATAMENTO CIRÚRGICO

DA EXODONTIA

A Odontopediatria consiste em uma especialidade da Odontologia que

estuda e trata a saúde bucodentária das crianças. Desta forma, o Cirurgião-

dentista Clínico geral é indispensável no diagnóstico e sugestão de terapias

apropriadas, nas quais está incluída a extração dentária, efetivada através da

técnica cirúrgica da exodontia (GUEDES-PINTO, 2012, p. 3).

O tratamento da exodontia cirúrgica apresenta-se como uma terapia

bastante desenvolvida tecnicamente, e que não precisa ser reservada para

casos extremos, podendo tornar-se mais adequada e conservadora do que a

técnica não cirúrgica. A técnica é efetivada na extração de elementos dentários

ou parte destes, utilizando um conjunto de ações e protocolos até alcançar a

total remoção do dente de seu referido alvéolo ou sítio de localização

(RIBEIRO, 2014, p. 1); (HUPP et al., 2015, p. 88-110).

A técnica cirúrgica em odontopediatria segue os mesmos princípios da

realizada em adultos, porém, algumas adaptações devem ser observadas, no

que concerne ao comportamento da criança diante do tratamento odontológico,

imerso principalmente em questões de medo, ansiedade e estresse, que

possuem grande relevância na prática clínica (GUEDES-PINTO, 2012, p. 3).

De acordo com Ribeiro (2014, p. 1), a extração dentária em

odontopediatria pode ser indicada em diagnósticos de cárie dentária,

traumatismos, problemas de erupção dos dentes permanentes – principalmente

a erupção ectópica e retenção prolongada –, patologias periodontais,

anquilose, supranumerários e odontomas, além da extração seriada por razões

ortodônticas.

Neste âmbito, a escolha adequada da técnica e o condicionamento do

comportamento da criança são decisivos no sucesso do tratamento. Este último

sendo possível através do processo de comunicação entre o profissional, sua

equipe, o paciente e os responsáveis pelo mesmo, criando um ambiente lúdico

e relação amigável com a criança, subsidiando as condições necessárias para

a aplicação da terapia, levando-se em conta que a exodontia causa certo

desconforto ao paciente (ALBUQUERQUE et al., 2010, p. 113).

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1.1 A TÉCNICA CIRÚRGICA APLICADA À ODONTOPEDIATRIA

Em concordância com a guideline da Academia Americana de

Odontopediatria (AAPD, sigla em inglês), (2005, p. 315-316), a técnica cirúrgica

da exodontia, quando aplicada à odontopediatria, deve observar alguns

preceitos clínicos específicos, fundamentais e indispensáveis ao correto

planejamento do tratamento. São mencionados a “avaliação pré-operatória,

médica e dentária; crescimento e desenvolvimento; desenvolvimento da

dentição; patologias; cuidados pós operatórios e considerações

comportamentais”. Este último requer atenção especial, devido à relevância

para a aplicação da exodontia em pacientes pediátricos.

A avaliação médica pré-operatória abrange a busca de um conjunto de

informações médicas inerentes, de caráter médico e dentário, que irá subsidiar

a conduta clínica e prevenir intercorrências na terapia, preparando o

profissional para lidar com possíveis situações de emergência (WILSON et al.,

2005, p. 454, 461).

A avaliação odontológica inclui análise clínica e radiográfica rigorosas.

Nos exames radiográficos as tomadas intra-bucais são a primeira frente de

investigação, não excluindo as imagens extra-bucais de acordo com a

necessidade de informações além do complexo dento-alveolar (AAPD,

guideline, 2005, p. 185-186).

As intervenções cirúrgicas, abrangendo a maxila e mandíbula de

pacientes infantis, tornam-se mais complexas, devido principalmente à

presença de folículos de desenvolvimento no interior dessas estruturas,

fazendo com que alterações nas técnicas sejam necessárias. A cronologia de

erupção associada à presença ou ausência de folículos dentários deve ser

avaliada, assim como os estados de formação e reabsorção desses elementos,

de forma que a extração dentária não comprometa a sequência de

desenvolvimento do elemento dentário sucessor, assim como da arcada de

forma integral. Isto é possível através de um criterioso planejamento, alicerçado

em observações clínicas e principalmente em exames de imagens, os quais

irão determinar a localização e estágios de desenvolvimento dos dentes

(DAVIES; TURNER; SANDY, 1998, p. 462-467).

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18

Segundo Hupp et al. (2015, p. 174), o desenvolvimento oral e maxilo-

facial podem ser comprometidos por injúrias advindas das intervenções

cirúrgicas, especificamente em crianças, onde este processo está em curso.

Dummett et al. (2005, p. 61-62), exemplifica acerca das injurias no côndilo

mandibular, que podem afetar de forma adversa tanto restringindo o

crescimento quanto limitando a função da mandíbula, associado à casos de

anquilose.

O comportamento de lesões patológicas em crianças é distinto dos

adultos. Relativamente aos tumores, por exemplo, apresenta um crescimento

mais rápido em infantes, tornando-se mais imprevisíveis, devido a diferenças

fisiológicas e anatômicas. Concomitantemente, estes fatores fisiológicos são de

grande valia para a reparação das exodontias, pois favorecem a cicatrização

dos tecidos após a intervenção cirúrgica (CAMERON, 1997, p. 143-178).

Segundo Hupp et al. (2015, p. 168), o pós-operatório perfaz uma etapa

de suma importância no sucesso do tratamento odontológico. Silveira e Beltrão

(1998, p. 223) reiteram que, em odontopediatria, os cuidados aplicados são

semelhantes aos prescritos para adultos submetidos à exodontia, levando-se

em consideração a conduta dos responsáveis pelo paciente no manejo das

orientações, de acordo com a idade da criança. Os cuidados com a dor e as

suturas, se houver, são os mais relevantes, para que o paciente permita a

reparação do sitio cirúrgico pelo organismo.

A abordagem comportamental do paciente infantil, durante o pré-

operatório e transcorrer da terapia, consiste em um grande desafio nas clínicas

odontopediátricas. Uma avaliação integral do paciente, passando pela

determinação das condições emocional, social e psicológica, deve receber

atenção diferenciada, previamente ao ato cirúrgico. Fatores como medo,

estresse e ansiedade estão constantemente presentes na prática clínica, e

cabe ao profissional reconhecer e intervir de forma positiva no condicionamento

deste paciente. No entanto, alguns aspectos inerentes às técnicas cirúrgicas

não podem ser modificados, como, por exemplo, a necessidade de aplicação

da analgesia. Sendo de consentimento comum aos pais ou responsáveis toda

e qualquer adaptação do tratamento (McDONALD; AVERY; DEAN, 2004, p. 5).

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1.1.1 Anestesia em paciente infantil

McDonald et al. (2004, p. 14), preconiza que, o manejo anestésico das

crianças pode favorecer o controle da ansiedade, quando implementado de

forma correta, assim como viabiliza a intervenção cirúrgica. Porém, requer

treinamento, experiência e flexibilidade quanto aos métodos empregados pelo

cirurgião-dentista.

Segundo Davis e Voguel (1997, p. 23), as técnicas anestésicas

aplicadas em cirurgias odontológicas, apesar da segurança nos protocolos

modernos, devem receber atenção especial no que tange ao estado geral de

saúde do paciente, assim como a escolha da solução anestésica e dosagem

adequadas. Os anestésicos locais mais comumente usados nas cirurgias

pediátricas são a lidocaína, mepivacaína, prilocaína, bupvacaína e articaína.

Objetivando reduzir o trauma cirúrgico para as crianças, McDonald et al.

(2004, p. 20), discerne a respeito da importância do anestésico tópico na

analgesia local, reduzindo o desconforto associado à penetração da agulha,

anteriormente a injeção da solução anestésica. Estão disponíveis em diversas

formas e composições, adaptadas para o público infantil através da

diferenciação de cores e sabores.

O conhecimento acerca da composição e indicações dos anestésicos

locais, assim como suas referidas doses, é de suma importância para a

segurança dos procedimentos. O cálculo da dosagem ideal é individualizado, e

necessita de dados como idade e peso corporal. Carvalho et al. (2007, p. 7),

enumera duas fórmulas padrão para o cálculo da dosagem de anestésicos

locais em odontopediatria. Nomeadamente a regra de Young e a regra de

Clark. Na regra de Young, a “dose da criança = (idade da criança / idade + 12)

x dose do adulto”; enquanto que na regra de Clark, a “dose da criança = (idade

da criança / 70 kg) x dose do adulto”.

De acordo com a guideline da AAPD (2005, p.185-186), posteriormente

ao ato cirúrgico, naturalmente ocorrerá dor referente a injuria da cirurgia. Desta

feita, outras modalidades de analgésicos devem ser prescritos, associado

geralmente ao anti-inflamatório de escolha. Os antibióticos necessitam de uma

avaliação mais criteriosa para serem empregados no pós-operatório.

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1.1.2 Exodontia de dentes decíduos

Alguns aspectos devem ser observados quanto à utilização da exodontia

em dentes decíduos. A exérese do referido elemento é alcançada pela luxação

cuidadosa, para que não cause injúria ao germe do elemento sucessor

permanente, o qual encontra-se localizado na região mais supero-posterior do

ápice dentário do decíduo superior; e na região mais apical e lingual referente

ao decíduo inferior. Dentre os movimentos de luxação, a rotação deve ser

empregada somente em dentes unirradiculares, enquanto nos multirradiculares

deve-se proceder ao movimento de luxação no sentido vestíbulo-palatino.

Outra característica importante é a composição dos ossos maxilares, onde o

osso mandibular apresenta-se menos esponjoso e mais denso que a maxila,

aumentando a probabilidade de ocorrência de fraturas radiculares (BOJ et al.,

2004, p. 107); (HUPP et al., 2015, p. 88-110)

De acordo com os aspectos clínicos e radiográficos, ou nos casos de

intercorrências na técnica convencional, pode-se realizar a exodontia através

da técnica extra-alveolar, na qual é procedida a abertura de um retalho no

periodonto de proteção, para aumentar a visibilidade do campo cirúrgico,

seguido de osteotomia e, odontosecção se necessário, com o objetivo de

reduzir a resistência do elemento dentário ou partes deste à extração cirúrgica

(PETERSON, 1997, p. 193).

Nas exodontias podem ocorrer complicações associadas, específicas ou

não à odontopediatria, nomeadamente “a ocorrência de fraturas radiculares,

avulsão de dentes decíduos adjacentes, mobilidade ou avulsão de dentes

permanentes, hematomas e hemorragias” (RIBEIRO, 2004, p. 1).

De acordo com Hupp et al. (2015, p. 174) outras intercorrências podem

advir da condição sistêmica do paciente, que deve ser avaliado quanto ao

estado de saúde geral. A American Society of Anesthesiologists (ASA),

estabeleceu em 2010 uma classificação do paciente quanto ao estado físico

(Quadro 1, Anexo A), utilizado em mais de 30 países para avaliação de risco

cirúrgico. Alencar et al. (2011, p. 204) preconiza que o paciente ideal é

classificado como ASA 1, enquanto que pacientes ASA 2 e 3 requerem atenção

especial, não submetendo-os a tratamentos invasivos sem que suas patologias

estejam controladas e de acordo com as recomendações médicas. Pacientes

ASA 4 e 5 não são favoráveis a intervenções cirúrgicas odontológicas, levando-

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se em conta que a reabilitação da cavidade bucal não traria benefícios

significativos à sua condição de saúde geral.

Atenção especial deve ser dada a pacientes pediátricos oncológicos, os

quais necessitam de cuidados odontológicos específicos, incluindo-se a

exodontia com tratamento coadjuvante, com protocolos adequados ao quadro

clínico e as etapas das terapias médicas. Reiterando que, o cuidado com a

saúde bucal deve favorecer a saúde geral do paciente e não interferir de forma

desfavorável ao tratamento sistêmico (ALBUQUERQUE et al., 2007, p. 276).

1.1.3 Condicionamento comportamental do paciente pediátrico

De acordo com Barbosa (2003, p. 78), o controle de comportamento do

paciente infantil na clinica pediátrica deve ser estabelecido desde a primeira

consulta, utilizando métodos não farmacológicos ou farmacológicos, nesta

ordem, para aperfeiçoar a comunicação, a confiança e a criação de um

ambiente agradável para o paciente e favorável à aplicação da técnica

cirúrgica. Reiterando que as técnicas farmacológicas devem ser consideradas

apenas quando extintas todas as técnicas básicas possíveis.

Dentre as técnicas não farmacológicas utilizadas na clínica

odontopediátrica podemos enumerar: comunicação; controle de voz;

comunicação não verbal; “Dizer – Mostrar – Fazer”; distração visual; reforço

positivo; presença ou ausência dos pais. Não deve ser descartada a contenção

física ou estabilização de segurança, devendo ser utilizada em último caso

(ALBUQUERQUE et al., 2010, p. 110).

Segundo Ochoa (2005, p. 67), no que concerne às técnicas avançadas

de manejo comportamental em pediatria, podemos relacionar a sedação

farmacológica e a anestesia geral. “A sedação é indicada para pacientes não

colaboradores, diante de fatores como medo e ansiedade” (Cogo et. al., 2006,

p. 181). Objetiva alterar o estado de espírito da criança, passando a colaborar

com o tratamento. Pacientes com fobias, ansiosos e teimosos que recebem

contra-indicação para a técnica da anestesia geral, devido ao quadro de saúde,

também estão entre os perfis mais indicados à sedação.

Esta técnica apresenta-se relativamente simples de ser executada na

clínica, facilmente controlada e reversível. Nos casos de pacientes com

desordens psiquiátricas graves, doenças crônicas obstrutivas das vias aéreas,

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crianças com problemas de comunicação, hipertermia maligna e infecções

agudas do trato respiratório, o óxido nitroso não é contra-indicado, porém, o

bloqueio nasal é um fator que nos leva a evitar esta técnica nas condições

sistêmicas relacionadas (CAMERON e WIDMER, 1997, p. 161).

Segundo Possobon et al. (2004, p. 30), outra modalidade bastante

empregada é a sedação consciente por via oral, utilizando fármacos

ansiolíticos, com ênfase nas benzodiazepinas para aplicação pediátrica. Este

método deve ser aplicado previamente ao anestésico para alívio da ansiedade,

assim como da tensão motora e agitação.

A anestesia geral é um recurso possível e seguro para o tratamento

cirúrgico na clinica de odontopediatria. Indicado em casos de pacientes muito

ansiosos, que não estejam enquadrados nos requisitos de sedação consciente,

assim como pacientes com deficiências mentais. A técnica é empregada em

ambiente hospitalar, sob supervisão médica (BENGTSON et al., 2008, p. 320).

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2. RAZÕES PATOLÓGICAS PARA EXODONTIA EM ODONTOPEDIATRIA

A exodontia consiste em um tratamento cirúrgico invasivo, que deve ser

empregado em odontopediatria com bastante critério, principalmente devido ao

desenvolvimento da dentição permanente em paralelo. A grande questão

encontra-se no diagnóstico, e nas condições buco-dentárias e sistêmicas, que

apontem para a exodontia como tratamento de escolha conservador. Portanto,

os exames clínicos e radiográficos são determinantes para avaliar o grau de

desenvolvimento do germe permanente e o estado do dente avaliado

(GUEDES-PINTO, 2012, p. 5).

Segundo Neto et al. (2009, p. 378), além dos aspectos inerentes ao

elemento dentário, existem critérios especiais a serem considerados para a

aplicação da exodontia em pacientes pediátricos, respectivamente: avaliação

pré-operatória, médica e odontológica; manejo comportamental; crescimento e

desenvolvimento; desenvolvimento da dentição; cuidados pré-operatórios; e as

patologias associadas à inviabilidade do dente na boca.

2.1 PRINCIPAIS PATOLOGIAS BUCO-DENTÁRIAS ASSOCIADAS

De acordo com Ribeiro (2004, p.1), a cárie dentária e as doenças

periodontais são os quadros clínicos patológicos de maior relevância para a

exodontia em odontopediatria. Guedes-Pinto (2010, p. 6), discerne que a

ocorrência dessas condições clínicas deverá ser avaliada individualmente,

determinando o grau de comprometimento do elemento dentário, assim como

as alternativas terapêuticas menos invasivas, de modo que a terapia cirúrgica,

quando indicada, seja conservadora e não cause injúria ou altere de forma

desfavorável o desenvolvimento dos ossos maxilares e dentição permanente.

2.1.1 A cárie dentária e suas implicações clínicas

Segundo Lima (2007, p. 128-129), a carie dentária pode ser conceituada

como uma lesão do esmalte de causa local, provocado quando há o

desequilíbrio de fatores fisiológicos característico da biodiversidade do ser

humano, especificamente da cavidade oral, porém, sem fatores etiológicos

determinantes, que pode progredir e causar destruição dos tecidos dentários,

não caracterizando uma doença. No entanto, é estabelecida de forma universal

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que a cárie dentária consiste uma doença multifatorial, infecciosa e que pode

ser desencadeada, de acordo com Keys (1962, p. 443), na presença dos

fatores: microrganismos, dente suscetível e dieta. Newbrum (1983) define a

cárie como um processo crônico, resultado da interação desses três fatores

incluindo-se o fator tempo, como expresso em seu Diagrama (Figura 1). Estas

últimas devem ser consideradas, contemporaneamente, pois os conceitos e

determinações acerca da cárie constam incompletos.

Figura 1 - Diagrama de Newbrum (inclui o tempo como fator etiológico)

Fonte: Adaptado de Lima (2007, p. 121)

A cárie dentária envolve um processo complexo de desmineralização e

remineralização do esmalte, que ocorre através da ação dos ácidos orgânicos

produzidos por microrganismos, com destaque para o streptococcus mutans e

os lactobacillus, dentro da placa bacteriana. O desenvolvimento da lesão se dá

quando os fatores, descritos por Newbrum, estão presentes

concomitantemente. No que concerne à dieta: as bactérias utilizam

carboidratos fermentáveis, provenientes dos alimentos, para seu metabolismo,

produzindo ácidos. A qualidade da estrutura dentária e da saliva são fatores do

hospedeiro que podem deixar o dente mais suscetível. Quanto aos

microrganismos, depende do potencial cariogênico das bactérias presentes na

flora oral. O tempo de exposição desses fatores, incluindo o ataque ácido pelas

bactérias será determinante para que haja o colapso nos cristais de

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hidroxiapatita da superfície dentária, desencadeando o processo carioso

(CAMERON et al., 2012, p.39-41).

Em odontopediatria, a cárie está entre as principais causas de perda

precoce de dentes decíduos, juntamente com o traumatismo e a reabsorção

prematura das raízes dentárias (Alencar et al., 2007, p. 31). Estima-se que

afete entre 60-90% das crianças em idade escolar, sendo os dentes posteriores

os mais afetados devido principalmente às características anatômicas,

favoráveis ao estabelecimento da placa dentária (Melo et al., 2008, p. 253-259).

A cárie de acometimento precoce, ou “cárie de mamadeira”, consiste em

uma manifestação da doença comum na primeira infância. Está associada à

exposição prolongada ao substrato cariogênico proveniente da dieta da

criança, principalmente no período noturno, quando o fluxo salivar encontra-se

reduzido. Possui crescimento descontrolado e pode afetar vários grupos

dentários, com maior incidência nos dentes superiores anteriores, seguido dos

molares decíduos (CAMERON et al., 2012, p. 48-49).

A exodontia pode ser utilizada como terapia em diversos quadros

clínicos de cárie dentária na odontopediatria. Quando a destruição coronária for

muito extensa, impossibilitando o tratamento restaurador (Figura 2), ou a lesão

comprometer a área de furca (Figura 3), o dente deverá ser extraído

(MEECHAN et al., 1993, p. 265).

Segundo Cameron et al. (2012, p. 112-113), a exodontia também poderá

ser aplicada em outros casos de cárie, como por exemplo, em lesões de menor

extensão com comprometimento pulpar. Nesta situação, o tratamento de

escolha deverá ser o endodôntico, partindo para a exodontia quando a infecção

não for debelada. A extração cirúrgica em odontopediatria abrange além da

dentição decídua, os dentes permanentes imaturos, com algumas modificações

quanto ao protocolo e indicações, como demonstram as Tabelas 1 e 2 (Anexos

B e C), respectivamente.

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Figura 2 – Aspecto clínico de lesão de cárie extensa em dentes decíduos

(elementos 75 e 85)

Fonte: Adaptado de FO-USP (2011)

Figura 3 – Radiografia periapical do elemento 74: lesão de cárie extensa com

comprometimento da área de furca

Fonte: Adaptado de FO-UNOESTE (2014)

Os estudos de Solís et al. (2006, p. 301), demonstram que o fator

socioeconômico do paciente é relevante na determinação do tratamento

eletivo. A carência de conhecimento acerca de saúde bucal e os recursos

financeiros podem ser decisivos na substituição de um tratamento menos

invasivo pela exodontia.

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2.1.2 Doença periodontal

Segundo Vieira (2010, p. 237), a doença periodontal é definida como um

processo inflamatório de etiologia infecciosa, que acomete o periodonto de

proteção, denominado gengivite, podendo progredir e atingir os tecidos de

suporte do dente, nomeadamente periodontite. É resultado de um conjunto de

reações inflamatórias e imunológicas, conduzido por microrganismos do

biofilme dental, nos tecidos periodontais, danificando inclusive o ligamento

periodontal e o osso alveolar.

Almeida et al. (1997, p. 93), caracteriza a doença periodontal como uma

infecção crônica, desencadeada por bactérias gram-negativas, que resulta em

uma resposta inflamatória e imune do organismo, levando à alterações

vasculares e a produção de exsudado inflamatório. Esta fase pode ser

observada clinicamente através de sinais como alteração da cor da gengiva,

edema, hemorragia, caracterizando a gengivite, que pode ser reversível

contanto que os fatores etiológicos sejam removidos. A evolução, assim como

a extensão das lesões ao periodonto também estão relacionados à

suscetibilidade do hospedeiro e suas condições sistêmicas.

De acordo com Soares et al. (2009, p. 25), a classificação mais recente,

aceita de forma universal, corrobora que existem inúmeras patologia que

podem afetar o periodonto, sendo a gengivite induzida por placa bacteriana

(Quadro 2, Anexo D) e a periodontite crônica (Quadro 3, Anexo E) as mais

prevalentes, se estendendo à odontopediatria.

Em odontopediatria, a gengivite caracterizada pela inflamação gengival

sem perda de suporte ósseo ou ligamento periodontal, é comum em crianças.

A periodontite crônica acomete em maior incidência a população adulta, e,

quando se manifesta em crianças, a doença desenvolve uma forma mais

agressiva, observado clinica (Figura 4) e radiograficamente; de rápida

progressão, que causa destruição das estruturas de suporte do dente (VIEIRA,

2010, p. 238).

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Figura 4 – Aspecto clínico de periodontite em grupo de dentes decíduos

anteriores inferiores

Fonte: Adaptado de FOB-USP (2011)

Apesar das evidências epidemiológicas apontarem que a maioria das

crianças afetadas pela doença periodontal manifestam a forma reversível, a

gengivite, esta situação muitas vezes é ignorada, esquecendo-se que essa

forma pode evoluir para uma patologia mais destrutiva, a periodontite. Quando

o quadro clínico apresenta-se bastante avançado, com perda significativa de

ligamento periodontal e suporte ósseo, manifestando mobilidade dentária, a

exodontia deverá ser o tratamento eletivo, devido à impossibilidade de

manutenção do elemento em seu alvéolo (SOARES et al., 2009, p. 23).

2.2 ALTERAÇÕES DENTÁRIAS DE DESENVOLVIMENTO

Durante o desenvolvimento dos dentes decíduos e referentes germes

dos permanentes algumas alterações podem ocorrer, com destaque para

problemas de erupção dos dentes permanentes, principalmente a erupção

ectópica e a retenção prolongada; anquilose; supranumerários e odontomas; os

quais podem requerer a exodontia como tratamento de escolha (RIBEIRO,

2004, P.1).

2.2.1 Erupção ectópica

A erupção ectópica pode ser definida quando um dente permanente em

erupção causa rizólise em um dente decíduo não correspondente ao que vai

substituir, tendo como consequência problemas oclusais de alinhamento,

subtração de espaço e impactação eruptiva. Esta alteração pode ocorrer em

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ambas as arcadas e em qualquer grupo de dentes. Sua etiologia encontra-se

ainda mal compreendida, podendo variar de problemas anatômicos locais

referentes à trajetória de erupção até distúrbios sistêmicos (BOJ et al., 2004, p.

110).

De acordo com Schena (2013, p. 13), esta anomalia ocorre com grande

incidência em primeiros molares permanentes superiores, afetando diretamente

o segundo molar superior decíduo. Para este caso existe uma classificação

quanto à severidade do dano causado ao dente decíduo. Severidade leve (grau

1), quando a reabsorção for restrita ao cemento ou com penetração mínima na

dentina do segundo molar decíduo; severidade moderada (grau 2) com

reabsorção da dentina sem exposição pulpar do segundo molar decíduo;

severidade grave (grau 3), quando ocorre a reabsorção da raiz distal do

segundo molar superior decíduo, expondo a polpa dentária; e severidade muito

grave (grau 4), com reabsorção da raiz mesial do segundo molar decíduo.

Clinicamente, podemos observar a erupção do primeiro molar

permanente com a coroa inclinada para mesial, causando deslocamento da

face distal do segundo molar decíduo para oclusal (Figura 5). O principal

sintoma associado é a dor nevrálgica no local, devido à reabsorção radicular e

provável exposição pulpar. A radiografia é o meio auxiliar mais eficiente neste

achado, onde pode-se evidenciar a direção de erupção do primeiro molar

permanente e a consequente reabsorção radicular do segundo molar decíduo

(Figura 18) (GONÇALVES et al., 2012, p. 18-19).

Figura 5 – Aspecto clínico de erupção ectópica do 1º molar permanente

(elemento 16)

Fonte: Adaptado de Gonçalves et al. (2012)

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Figura 6 – Radiografia periapical: erupção ectópica do elemento 16 e

reabsorção radicular do elemento 55

Fonte: Adaptado de Gonçalves et al. (2012)

A exodontia está indicada quando a erupção ectópica for grave,

irreversível, em que não puder ser aplicada outra terapia menos invasiva,

independentemente de qual grupo dentário seja acometido. A dor local também

deve ser um fator determinante para escolha da exodontia, extraindo-se o

dente decíduo, eliminando a retenção do dente permanente para que o mesmo

possa erupcionar. Para que o prognóstico seja favorável, considerando que

haverá perda de espaço devido à posição de erupção do elemento

permanente, deve-se avaliar a necessidade de implantar um mantenedor de

espaço (GARIB et al., 2010, p. 155).

2.2.2 Retenção prolongada

De acordo com Teixeira et al. (2005, p. 130) a erupção normal dos

dentes permanentes está condicionada a correta reabsorção radicular do

correspondente dente decíduo. Este processo está na dependência de fatores

fisiológicos e genéticos, tais como o grau de vascularização; a influência do

sistema nervoso; atividade hormonal; pressão que o germe do permanente

exerce sobre o decíduo durante a erupção; atividade colagenolítica da dentina,

cemento e ligamento periodontal, assim como o desenvolvimento sistêmico do

paciente.

Quando ocorrem alterações no padrão de reabsorção radicular, os

dentes decíduos permanecem por um tempo anormal, retendo a erupção do

respectivo dente permanente. Este quadro pode acontecer envolvendo um

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dente supranumerário, com padrão de reabsorção imprevisível. Em ambos os

casos, a retenção prolongada causa problemas oclusais, como por exemplo, a

mordida cruzada e subtração de espaço anterior devido à migração dos dentes

adjacentes (CORRÊA et al., 2010, p. 126).

Segundo Corrêa et al. (2010, p. 127), o segundo molar inferior decíduo e

o canino superior são os mais acometidos por essa anomalia de

desenvolvimento, com prevalência superior a 60%. Na tomada radiográfica é

possível observar o elemento permanente impactado pelo dente decíduo com

retenção prolongada (Figura 7).

Figura 7 – Radiografia periapical: retenção prolongada envolvendo os dentes

decíduos 84 e 85

Fonte: Adaptado de FO-USP (2011)

Quando houver envolvimento de supranumerários, a exodontia deverá

ser a primeira opção de tratamento. Os dentes decíduos que estejam

impactando a erupção de dentes permanentes deverão ser extraídos,

avaliando-se a necessidade de implantar um mantenedor de espação, de modo

que permita a reerupção correta do elemento permanente (TEIXEIRA et al.,

2005, p. 136).

2.2.3 Supranumerários

Segundo Coelho et al. (2014, p. 189) os supranumerários dão ênfase na

hiperdontia, termo utilizado para determinar casos em que acontece um

aumento do número de dentes, para além do aceito universalmente como

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normal para a dentição humana – 32 dentes na dentição permanente e 20 na

dentição decídua. Carvalho; Mesquita e Afonso (2011, p. 7), acrescentam que,

os dentes supranumerários são anomalias dentárias de ocorrência comum,

sendo mais incidentes na maxila do que na mandíbula, ocorrendo com maior

frequência na dentição permanente, em comparação com a decídua.

De etiologia desconhecida, os dentes supranumerários são classificados

de acordo com sua localização na arcada dentária, denominados mesiodens

quando encontrados na zona da linha média da maxila (Figura 8), e

paramolares ou distomolares quando se localizam na zona dos molares

(CARVALHO et al., 2011, p. 9).

Figura 8 – Aspecto clínico de dente supranumerário em região de incisivos

inferiores

Fonte: Cortesia do Dr. Alexandre Jardim – UFG (2016)

Nesses casos, a terapêutica de preferência é a extração do dente, com

intuito de impedir as suas complicações, de acordo com Ribeiro (2014, p. 31-

32), pois em 75% dos episódios o supranumerário é extraído precocemente,

assim, a intervenção cirúrgica é a terapêutica de preferência para esta

anormalidade, que, apesar do seu caráter invasivo, tem sido de maneira

satisfatória aceita pelos pacientes odontopediátricos.

Ressalta-se que a extração precisa ser o mais precoce possível, assim

que diagnosticado, prevenindo terapêuticas cirúrgicas mais invasivas, pois a

ocorrência do supranumerário pode levar a retenção prolongada de dentes

permanentes em erupção, antecipa a perda de espaço anterior ou posterior, e

causa deslocamento da linha média (RIBEIRO, 2014, p. 32).

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33

2.2.4 Anquilose

Santos et al. (2009, p. 503) ao abordar sobre a anquilose como uma das

causas de extração dentária em Odontopediatria, descreve como uma

anomalia de erupção dental que incide na fusão anatômica do cimento dentário

ao osso alveolar, com consequente obliteração do ligamento periodontal em

determinadas áreas em torno da superfície radicular.

As implicações referentes à anquilose, para Alves et al. (2011, p. 154)

dependem “absolutamente do grau de infra-oclusão observada (Figura 9),

sendo distribuída em três níveis: leve, moderada e severa”. Logo, o diagnóstico

é efetivado por meio de sinais clínicos, tendo como auxilio as características

radiográficas (Figura 10), onde várias terapêuticas têm sido indicadas, desde a

exodontia do elemento dentário até o seu acompanhamento clínico e

radiográfico.

Figura 9 – Aspecto clínico de dente anquilosado (elemento 84): infra-oclusão

acentuada

Fonte: Adaptado de FO-USP (2011)

Figura 10 – Aspecto radiográfico de anquilose no elemento 75

Fonte: Adaptado de FO-USP (2011)

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A terapêutica, segundo Ribeiro (2014, p. 30) depende de determinados

fatores, como: grau de infra-oclusão; idade do paciente; comprometimento da

oclusão; presença e localização do dente sucessor permanente; rigidez das

lesões causadas por este tipo de anomalia; estágio de desenvolvimento do

sucessor; além da condição sistêmica do paciente, pois o diagnóstico precoce

favorece um prognóstico adequado, impedindo desta forma prováveis

complicações oclusais atreladas a este tipo de anormalidade dentária.

Alves et al. (2011, p. 157) preconizam em suas pesquisas que a

extração precoce ainda tem um papel importante na anquilose dentária, uma

vez que pode prevenir problemas tais como má oclusão, defeitos periodontais e

aumento da dificuldade na abordagem cirúrgica. A terapêutica pode ser

desmembrada em quatro modos de atuação, nomeadamente: construção de

contatos proximais e oclusais artificiais; luxação do dente anquilosado até que

haja o rompimento da ponte óssea da anquilose; e extração cirúrgica com

acompanhamento clínico e radiográfico do sitio cirúrgico.

2.2.5 Odontomas

Os odontomas apresentam-se como uma das razões para exodontia em

Odontopediatria, pois para Lodi et al. (2014, p. 26), estes são considerados

como “um dos principais tumores localizados na cavidade oral de crianças e

adolescentes, sendo determinados como lesões desenvolvidas por tecido

dentário calcificado, mistos em distintos sentidos e proporções”. Ressalta-se

que o odontoma é o tipo mais comum de tumor odontogênico.

Santos et al. (2012, p. 39) completam que, os odontomas podem ser

classificados em: composto, quando os tecidos dentários se encontram

simulados num padrão sistemático, formando estruturas iguais a pequenos

dentes (Figura 11), que originam-se numa proliferação excessiva da lâmina

dentária; e complexos, caracterizado por um padrão em que os tecidos

dentários estão desorganizados.

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Figura 11 – Radiografia panorâmica: evidenciando odontoma composto na

região dos incisivos superiores

Fonte: Cortesia do Dr. Alex Ramos (2016)

Segundo Pires et al. (2013, p. 138), os odontomas são detectados a

partir do exame radiográfico de rotina, onde em sua maioria estão localizados

entre as raízes da peça dentária. O diagnóstico prematuro do odontoma,

juntamente com um rápido estabelecimento da terapêutica cirúrgica, induz à

prevenção de futuras cirurgias mais complicadas, bem como de maloclusões,

as quais irão exigir uma terapêutica mais complexa e tardia.

2.3 EXTRAÇÕES SERIADAS POR RAZÕES ORTODÔNTICAS

A ortodontia interceptativa, através da extração seriada, vem

contribuindo sobremaneira na correção precoce de problemas oclusais da

dentição permanente. Alicerçado em um planejamento criterioso, o paciente

pediátrico pode ser submetido a extrações dentárias de forma racional,

prevenindo ocorrências oclusais indesejáveis que podem ser previstas. Isto

somente é possível, porque, segundo Moyers, a visualização radiográfica de

todos os elementos dentários – à exceção dos terceiros molares – pode ser

alcançada em crianças com aproximadamente 4,5 a 5 anos de idade, obtendo

informações de grande relevância, como a perspectiva em relação à

discrepância dento-maxilar (MARTINS et al., 2007, p. 110).

Segundo Lara et al. (2011, p. 135), quando ocorre uma discrepância

superior a 10 mm, detectada durante a dentadura mista, não restam dúvidas de

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que esta situação não irá ser corrigida naturalmente, tendo como principal

consequência o apinhamento dentário severo. Deve-se executar um programa

de extrações seriadas de dentes decíduos e permanentes, nesta ordem, para

que os demais dentes possam se alinhar nas respectivas arcadas dentárias

(Figura 12).

Figura 12 – Radiografia panorâmica (paciente com perfil reto, mordida aberta e

apinhamento anterior severo) – Sequência de extrações seriadas: (A) inicial;

(B) após exodontia dos caninos decíduos; (C) após exodontia dos primeiros

pré-molares (D) final da extração seriada

Fonte: Cortesia de Henrique Pretti – UFMG (2015)

As extrações podem ser executadas em duas fases distintas,

nomeadamente fase reversível e fase irreversível. A fase 1 (reversível),

realizada no período transitório, caracteriza-se pela “exodontia dos incisivos

laterais decíduos para promover o alinhamento dos incisivos centrais

permanentes”, posteriormente, procede-se à “extração dos caninos decíduos

para permitir condições de alinhamento dos incisivos laterais permanentes”.

Em consequência, o apinhamento é transferido para distal, aguardando a

segunda fase resolutiva, fase 2 (irreversível), que é realizada ou não de acordo

com o apinhamento resultante da primeira intervenção. Quando executado, no

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segundo período transitório, é definido pela extração de dentes permanentes,

com frequência os primeiros pré-molares, com o objetivo de corrigir o

apinhamento posterior, exemplificado radiograficamente na Figura 12 (LARA et

al., 2011, p. 140).

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3. EXODONTIA EM TRAUMATISMO DENTOALVEOLAR NA DENTIÇÃO

DECÍDUA

Os traumas em dentes decíduos acometem principalmente crianças de

pouca idade, com estimativas de prevalência de 35%. Os incisivos centrais

superiores são os elementos mais afetados, devido sua posição mais anterior

na face. O trauma pode atingir um ou mais elementos dentais, assim como o

tecido periodontal, onde as lesões são mais frequentes. Reiterando que a

criança pode ter ocorrências repetidas de trauma, causando injuria ao mesmo

dente ou tecido adjacente mais de uma vez (WANDERLEY, 2003, p. 1).

As causas mais associadas ao traumatismo dos dentes decíduos são as

quedas ao andar ou correr, ocorrendo em maior número entre os 10 e 24

meses, período em que a criança está aprendendo a andar e a coordenação

motora ainda apresenta-se deficiente para este processo, desencadeando as

quedas, episódio em que acontecem os traumas na região da boca.

Concomitantemente, alguns fatores tornam a criança predisponente às lesões

em caso de trauma, como exemplos o tipo de oclusão – maloclusões nos

dentes anteriores – e a proteção labial insuficiente (VAMBIER, 2010, p. 3).

Segundo Wanderley (2003, p. 2), os traumatismos em odontopediatria

podem ser divididos em lesões dos tecidos dentários e lesões dos tecidos

moles periodontais. Este último é mais comum devido à resiliência do osso

alveolar das crianças, provocando mais deslocamentos do que fraturas nos

dentes decíduos. Ribeiro (2004, p. 13), discerne que no caso de trauma no

elemento decíduo, o referido pode apresentar alteração de cor, hemorragia

pulpar, hiperemia pulpar, reabsorção interna e externa, anquilose, obliteração

pulpar, necrose pulpar e perda precoce do dente. Enquanto que Bortoli (2008,

p. 65), acrescenta que as lesões podem se estender para os dentes

permanentes em desenvolvimento, principalmente em casos de intrusão dos

decíduos. As alterações mais observadas são hipoplasia, hipoclacificação,

dilaceração coronária e radicular, assim como distúrbios de erupção.

O tratamento de traumas em dentes decíduos deve estar voltado para a

prevenção, atendimento de urgência no caso da procura imediata, e a

terapêutica para o trauma e as possíveis repercussões para a dentição

permanente. Durante o exame clínico o cirurgião-dentista necessita do máximo

de informações possíveis referentes à injúria, como o tempo decorrido entre o

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trauma e a consulta e o local onde ocorreu o fato. Os aspectos clínicos

somados aos exames radiográficos são indispensáveis para a determinação do

comprometimento dos elementos dentários e tecidos periodontais (CAMERON,

2012, p. 115).

A guideline da AAPD e os protocolos da Sociedad Española de

Odontopediatría (SEOP) preconizam que, dentre as lesões traumáticas aos

tecidos dentários, as mais relevantes e que podem levar à extração cirúrgica

são as luxações extrusivas, luxações laterais, luxações intrusivas, fraturas

coronárias complicadas, fraturas corono-radicular e fraturas radiculares.

3.1 LESÕES TRAUMÁTICAS AOS TECIDOS PERIODONTAIS

3.1.1 Luxação extrusiva

Dentre os traumatismos ao tecido periodontal, a luxação extrusiva ou

extrusão dentária, caracteriza-se pelo deslocamento parcial do dente para fora

do seu alvéolo, no sentido axial (Figura 13). Clinicamente, o dente apresenta

hemorragia local e alongamento em relação ao seu homólogo (Figura 14),

podendo ser observado radiograficamente o espessamento do ligamento

periodontal a nível apical (LOSSO et al., 2011, p. e-11).

Figura 13 – Desenho esquemático de luxação extrusiva no elemento 51

Fonte: Adaptado de Losso et al. (2011)

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Figura 14 – Aspecto clínico de luxação extrusiva no dente 61

Fonte: Adaptado de Guedes-Pinto (2010)

A exodontia está indicada como tratamento de escolha em casos de

extrusões severas, superiores a 3 mm, estando o dente em estágio completo

de maturação. Este quadro pode ser determinado avaliando-se a mobilidade, o

grau de deslocamento do dente, a formação radicular e a sua relação com o

dente sucessor permanente (WANDERLEY, 2003, P. 2).

3.1.2 Luxação lateral

Segundo Ribeiro (2004, p. 19), em concordância com a SEOP, quando o

dente desloca-se em um plano diferente do axial, lateralmente, mediante um

trauma, ocorre a luxação lateral (Figura 15). Em consequência deste

deslocamento, a parte vestibular ou lingual/palatina do osso alveolar é

fraturada, podendo ser observado o espessamento do ligamento periodontal

através de exame radiográfico. Ao exame clínico observa-se a hemorragia local

(Figura 16).

Figura 15 – Desenho esquemático de luxação lateral no elemento 51

Fonte: Adaptado de Losso et al. (2011)

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Figura 16 – Aspecto clínico de luxação lateral no elemento 51

Fonte: Adaptado de SEOP (2010)

Quando ocorre um deslocamento severo do dente decíduo para

vestivular, em que existe a colisão de grande magnitude entre o apice da raiz

do elemento como o germe do dente permanente, a exodontia deverá ser o

tratamento de escolha, para que seja preservado o correto desenvolvimento do

sucessor permanente (LOSSO et al., 2011, p. e-10).

3.1.3 Luxação intrusiva

A luxação intrusiva, também denomidada intrusão, ocorre quando o

dente desloca-se para dentro de seu alvéolo. Classificada em suave, estando a

coroa clínica com mais de 50% visível, moderada, em que menos de 50% da

coroa clínica está visível, e severa, quando ocorre a intrusão total da coroa.

Clinicamente é observado a diminuição da altura da coroa em relação ao seu

homologo e eventuais aumentos volumétricos na região vestibular (Figura 17).

A radiografia, neste caso, será de suma importância para a determinação do

direcionamento da intrusão, utilizando-se técnicas intra-orais – periapicais e

oclusais modificadas – e extra-orais com filmes oclusais e periapicais

posicionados de perfil (Figura 18) (OZAKI, CORRÊA e CASTILHO, 2010, p. 4).

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Figura 17 – Aspecto clínico de intrusão do elemento 51, com rompimento da

tábua óssea vestibular

Fonte: Adaptado de Wanderley (FO-ÚSP, 2003)

Figura 18 – Radiografias extraoral lateral (à esquerda) e periapical anterior (à

direita) do elemento 51: intrusão com rompimento da tábua óssea vestibular

Fonte: Adaptado de Wanderley (FO-USP, 2003)

Losso et al. (2011, p. e-12) corrobora que, nos quadros clínicos de

intrusão moderada ou severa, em que o dente decíduo cause rompimento na

tábua óssea vestibular (Figura 17), verificado através de palpação do fundo de

vestíbulo e radiograficamente (Figura 18), ou quando a intrusão esteja

direcionada para palatina/lingual atingindo e pressionando o germe do dente

decíduo, a extração cirúrgica deverá ser realizada, com o objetivo de aliviar a

pressão sobre o sucessor permanente e possíveis danos ao seu

desenvolvimento.

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3.2 LESÕES TRAUMÁTICAS AOS TECIDOS DENTÁRIOS

3.2.1 Fraturas coronárias complicadas

Dentre os traumatismos ao tecido dentário, as fraturas coronárias

complicadas são definidas pelas lesões que envolvem esmalte e dentina com

exposição da polpa dentária, acarretando perda de estrutura de esmalte e

dentina (Figura 19-C). Ao exame clínico é possível observar a extensão da

perda de tecido dentário, assim como hemorragia ou pequenos pontos

vermelhos indicativos de comprometimento da polpa (Figura 20).

Radiograficamente, a exposição pulpar torna-se evidente, e o estágio de

desenvolvimento radicular pode ser observado para complementar o

diagnóstico e a escolha do tratamento (RIBEIRO, 2004, p. 14); (LOSSO, 2011,

p. e-8).

Figura 19 – Desenho esquemático de fraturas coronárias: (C) Fratura coronária

com envolvimento de esmalte e dentina, com exposição da polpa

Fonte: Adaptado de Losso et al. (2011)

Segundo Wanderley (2003, p. 2-3), o tratamento de escolha para essas

lesões deverá ser o endodôntico, nomeadamente pulpotomia ou pulpectomia,

de acordo com circunstâncias como tempo decorrido entre o trauma e a

consulta e a colaboração do paciente para com a terapia. Quando a rizólise do

dente decíduo estiver bastante avançada deve-se optar pela exodontia.

A B C

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Figura 20 – Aspecto clínico de fratura coronária de esmalte e dentina com

exposição pulpar (elemento 61)

Fonte: Cortesia do Centro Odontológico Integrado (COI-RS, 2015)

3.2.2 Fratura corono-radicular

A fratura corono-radicular envolve o esmalte, a dentina e o cemento,

com ou sem exposição de tecido pulpar (Figura 21). Clinicamente, quando não

ocorre exposição pulpar, o fragmento encontra-se geralmente preso através de

fibras do ligamento periodontal, com ausência de hemorragia no elemento

dentário; enquanto que, quando se expõe a polpa, pode-se observar a

hemorragia ou pontos vermelhos indicativo do envolvimento pulpar (Figura 22).

O exame radiográfico nem sempre pode evidenciar o caso, pois o traço de

fratura geralmente é perpendicular aos feixes dos raios-X (LOSSO, 2011, p. e-

8–9); (RIBEIRO, 2004, p. 15).

Figura 21 – Desenho esquemático de fratura corono-radicular: (A) sem

exposição pulpar; (B) com exposição pulpar

Fonte: Adaptado de Losso et al. (2011)

A B

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Figura 22 – Aspecto clínico de fratura corono-radicular com exposição pulpar

(elemento 51)

Fonte: Adaptado de Humberto et al. (2014)

Nos casos de não expor a polpa deve-se avaliar a extensão da fratura, e

estando 2 mm além do limite gengival, deve-se proceder à extração cirúrgica.

Quando houver exposição pulpar, os mesmos princípios anteriores se aplicam,

porém, o tratamento endodôntico deverá ser considerado neste limiar de 2 mm,

juntamente com o estágio de desenvolvimento do dente sucessor e a rizólise

do decíduo envolvido (CAMERON, 2012, p. 131-134).

3.2.3 Fratura radicular

Ribeiro (2004, p. 16-17) e Wanderley (2003, p. 2-3) conceituam a fratura

radicular como lesão no tecido dentário estritamente radicular, afetando

cemento, dentina e polpa dentária (Figura 23), estando o fragmento coronal

com mobilidade ou deslocado de seu alvéolo. Clinicamente, observa-se um

singelo deslocamento da coroa devido a extrusão, enquanto que

radiograficamente, pode-se verificar o traço da fratura, fazendo adaptações as

técnicas radiograficas (Figura 24). A exodontia do fragmento coronal deve ser

empregada quando existir o deslocamento deste, deixando o fragmento

radicular no alvélo para a rizólise fisiológica.

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Figura 23 – Aspecto clínico e desenho esquemático de fratura radicular (plano

vestibular e oclusal, respectivamente), (elemento 51)

Fonte: Adaptado de SEOP (2010)

Figura 24 – Radiografia periapical anterior: fratura radicular no terço apical do

elemento 61

Fonte: Adaptado de Losso et al. (2011)

Independentemente do tipo de lesão, em tecido dentário ou periodontal,

a exodontia deverá ser empregada avaliando-se alguns critérios, no que

concerne a procura imediata ou tardia pelo atendimento, o grau de cooperação

da criança com a terapia, a magnitude da lesão, o grau de desenvolvimento

dentário e a relação do decíduo afetado com seu sucessor permanente. Deve-

se optar, quando possível, pela abordagem restauradora ou endodôntica, e,

posteriormente considerar a exodontia, quando julgar-se necessária para a

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manutenção do desenvolvimento adequado da dentição permanente (Tabelas

3 e 4) (Anexos F e G, respectivamente).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para compreensão do tema abordado, fragmentado de modo

estratégico, fora realizada uma revisão criteriosa e extensa na literatura

científica, possibilitando conceituar e classificar as patologias e condições

buco-dentárias que requerem exodontia como terapêutica de escolha, assim

como apontar os casos clínicos mais adequados à intervenção cirúrgica

conservadora. Reiterando que a carência de pesquisas torna este tema ainda

mal compreendido na prática clínica.

Vislumbrou-se que o tratamento cirúrgico da exodontia apresenta-se

como uma terapia bastante desenvolvida tecnicamente, e que não precisa ser

reservada para casos extremos, podendo tornar-se mais adequada e

conservadora do que a técnica não cirúrgica. Quando aplicada em

odontopediatria segue os mesmos princípios da realizada em adultos, porém,

com algumas adaptações, no que tange principalmente ao comportamento da

criança diante do tratamento odontológico, que possuem grande relevância na

prática clínica.

Uma vez compreendida a exodontia como alternativa terapêutica em

odontopediatria, foram elencados os principais quadros clínicos associados,

evidenciando a cárie dentária e a doença periodontal nomeadamente as

patologias buco-dentárias que mais levam a extrações cirúrgicas na dentição

decídua, devido, principalmente, a grande incidência da primeira e à

agressividade da segunda quando acomete pacientes pediátricos. Dentre as

alterações dentárias de desenvolvimento, os supranumerários e os decíduos

com retenção prolongada são os mais significantes na prática clínica, inclusive

em planejamentos de extração seriada por razões ortodônticas.

Os traumatismos dentoalveolares foram considerados os fatores não

patológicos mais determinantes para perdas dentárias precoces. Viu-se que os

traumas em dentes decíduos acometem principalmente crianças de pouca

idade, sendo os incisivos centrais superiores os elementos mais afetados,

comprometendo um ou mais elementos, assim como o tecido periodontal, onde

as lesões são mais frequentes. Porém, as que requerem maior atenção

ocorrem nos tecidos dentários e na polpa, com destaque para as fraturas

coronárias complicadas, fraturas corono-radiculares e fraturas radiculares,

devido às injúrias que podem causar aos dentes permanentes.

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APÊNDICE

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55

APÊNDICE A

Protocolo para Exodontia em Pacientes Oncológicos Pediátricos

A exodontia, quando empregada no condicionamento bucal de pacientes

oncológicos pediátricos, não deve interferir no tratamento oncológico, sendo

adequado previamente e de modo a contribuir para a reabilitação deste

paciente. A extração cirúrgica está indicada, principalmente, quando a remoção

de processos cariosos e restaurações extensas não forem possíveis, ou

necessite de um tempo prolongado para a realização destas alternativas

terapêuticas (NGUYEN, 1992, p. 305).

Lesões de cárie em estágios avançados, com comprometimento pulpar,

devem ser tratadas endodonticamente, se o paciente estiver em condições

clínicas e, se houver tempo hábil para cessamento da infecção antes do

período previsto para neutropenia. No entanto, o tratamento endodôntico de

dentes decíduos é contra indicado durante a quimioterapia, e, persistindo

dúvidas quando a resolução da infecção deve-se proceder a exodontia do

elemento (ANTUNES et al., 2004, p. 30).

De acordo com o National Center Institute (NCI, 2003), e a guideline da

American Academy of Pediatric Dentistry (AAPD, 2001), a ocorrência de

doença periodontal deve ser tratada com raspagem e polimento dental,

procedendo a exodontia nos casos de dentes com bolsa periodontal acima de 4

mm e ou mobilidade de grau I. Vale complementar que, a exodontia é

contraindicada após a radioterapia, devido à possibilidade de o paciente

desenvolver osteorradionecrose.

Qualquer que seja o tratamento eletivo, somente deverá ser realizado

em condições clínicas e laboratoriais estáveis, sendo imprescindível consultar o

médico responsável pelo paciente antes da intervenção terapêutica,

principalmente nos casos de doença ou alteração hematológica, devido o risco

de infecção e hemorragia. Neste interim, os exames laboratoriais são

indispensáveis, e, estando o paciente trombocitopênico (plaqueta ˂

40.000/mm3), existe um alto risco de hemorragia, enquanto que, se

imunossupresso ou neutropênico (neutrófilos ˂ 1.000/mm3), existe um risco

iminente de infecção. Nestes casos, há necessidade da administração de um

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concentrado de plaquetas e profilaxia antibiótica, respectivamente (NCI, 2003;

AAPD, 2001).

Adaptado de Albuquerque et al. Protocolo de atendimento odontológico a pacientes

oncológicos pediátricos. Revista de Odontologia da UNESP, v. 36, n. 3, 2007, p. 276-277

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57

ANEXOS

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58

ANEXO A

Quadro 1 – Classificação do paciente em função do estado físico: ASA

(American Society of Anesthesiologists)

ASA I Paciente saudável

ASA II Paciente com doença sistêmica leve, sem limitação funcional

ASA III Paciente com doença sistêmica moderada, com limitação funcional

ASA IV Paciente com doença sistêmica severa, representa risco à vida constante

ASA V Paciente moribundo, que não se espera que sobreviva, com ou sem

cirurgia

ASA VI Paciente com morte cerebral, cujos órgãos serão removidos para fins de

doação

Fonte: American Society of Anesthesiologists (ASA), 2010 (adaptado de Carvalho et al., 2010,

p. 87)

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ANEXO B

Tabela 1 – Cárie dentária: indicações da exodontia para dentes decíduos

Evento clínico Sinais ou

sintomas

Condição pulpar Tratamento de

escolha

Lesão de cárie

com possibilidade

ou próximo de

expor

Próximo à

esfoliação

Considerar a

exodontia eletiva

Exposição cariosa Dor espontânea Pulpite irreversível Pulpectomia;

Curativo

intermediário;

Exodontia

Exposição cariosa Fístula; Tumefação;

Mobilidade;

Patologia

radiográfica

(reabsorção

radicular, inter-

radicular,

periapical)

Polpa necrótica Pulpectomia com

curativo

reabsorvível ou

Exodontia

Lesão de cárie

profunda

Lesões de cárie

através da

bifurcação; Extensa

reabsorção

radicular; Dente

não restaurável;

Patologia periapical

e na região de

furca

Polpa necrótica Exodontia

Fonte: Adaptado de Cameron et al., 2012, p. 112

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60

ANEXO C

Tabela 2 – Cárie dentária: indicações da exodontia para dentes permanentes

imaturos

Evento clínico Sinais ou

sintomas

Condição pulpar Tratamento de

escolha

Exposição cariosa Dor espontânea Pulpite irreversível Pulpectomia e

apicificação ou

Exodontia

Exposição cariosa Fístula; Tumefação;

Mobilidade;

Patologia

radiográfica

Polpa necrótica Pulpectomia e

apicificação ou

Exodontia

Lesão de cárie

profunda

Lesões de cárie

através da

bifurcação; Extensa

reabsorção

radicular; Dente

não restaurável;

Patologia periapical

e na região de

furca

Polpa necrótica Exodontia

Fonte: Adaptado de Cameron et al., 2012, p. 113

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ANEXO D

Quadro 2 – Classificação das doenças periodontais adaptado à criança –

Lesões e doenças da gengiva induzidas por placa bacteriana

PATOLOGIAS GENGIVAIS INDUZIDAS POR PLACA BACTERIANA

Gengivite associada

exclusivamente à

presença de placa

- Sem influência de fatores locais

- Com influência de fatores locais

- Deformidades ou condições adquiridas ou

desenvolvidas

- Fatores relacionados com o dente que predispõe

patologia gengival induzida por placa: anatomia

dentária, restaurações dentárias, fraturas radiculares,

reabsorção cervical

Patologias gengivais

modificadas por fatores

sistêmicos

Associado ao sistema

endócrino

Puberdade

Diabetes

insulinodependente

Associadas a discrasias

sanguíneas

Leucemias

Outro

Patologias gengivais

modificadas por

medicamentos

Hiperplasias gengivais medicamentosas

Patologias gengivais por

mal nutrição

Gengivite associada à falta de vitamina C

Fonte: Adaptado de Armitage (1999, p.4)

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ANEXO E

Quadro 3 – Classificação das doenças periodontais adaptado à criança –

Patologias periodontais

PATOLOGIAS PERIODONTAIS

Periodontite Crônica Localizada

Generalizada

Periodontite Agressiva Generalizada

Periodontite como

manifestação de Doença

Crônica

Associada a distúrbios

hematológicos

Associada a doença

genética

- Neutropenia adquirida;

Leucemias; Neutropenia

familiar cíclica; Síndromes de

Down; Síndromes de

aderência leucocitária

deficiente; Síndromes de

Papillo-Levéfre; Síndromes

de Chediak-Higashi;

Histiocitose; Doenças de

armazenamento de

glicogênio; Agranulocitose

genética infantil; Sindrome de

Cohen; Síndromes de Ejlers-

Danlos (tipos IV e VIII);

Hipofosfatasia; Outras não

específicas

Doenças Periodontais Gengivite Ulceronecrosante

Periodontite Ulceronecrosante

Abcesso Periodontal Abcesso gengival

Abcesso periodontal

Abcesso pericononário

Periodontite associada à lesão endo-periodontal

Fonte: Adaptado de Armitage (1999, p.5)

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63

ANEXO F

Tabela 3 – Exodontia no tratamento das lesões traumáticas aos tecidos de

sustentação: dentição decídua

Tipo de trauma Tratamento imediato Tratamento tardio

Luxação intrusiva

Dente decíduo intruído

contra o germe do

permanente ou ruptura da

tábua óssea com

exposição da raiz por

vestibular: raios-X (lateral

da raiz) + exodontia;

Dente intruído em direção

vestibular, porém sem

ruptura da tábua óssea ou

exposição da raiz: raios-X

+ acompanhamento da

reerupção + medicação

Dente decíduo intruído

contra o germe do

permanente ou ruptura da

tábua óssea com

exposição da raiz por

vestibular: raios-X (lateral

da raiz) + exodontia;

Dente intruído em direção

vestibular, porém sem

ruptura da tábua óssea ou

exposição da raiz: raios-X

+ acompanhamento da

reerupção + medicação

(se necessário)

Luxação extrusiva

Até 2 mm: raios-X +

reposição do dente +

contenção + medicação;

Mais de 2 mm: raios-X +

exodontia

Raios-X + exodontia

Luxação lateral

Raios-X + reposição do

dente + contenção +

medicação

Raios-X + exodontia

Fratura alveolar

Raios-X + reposição do

dente + contenção +

medicação

Raios-X + exodontia

(dentes com reabsorção

radicular severa)

Fonte: Adaptado de Losso et al. (Revista Sul Brasileira de Odontologia – RBSO, v. 8, n. 1, jan.

de 2011, p. e-1–20)

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64

ANEXO G

Tabela 4 – Exodontia no tratamento das lesões traumáticas aos tecidos duros

e da polpa: dentição decídua

Tipo de trauma Tratamento imediato Tratamento tardio

Fratura de esmalte +

dentina + cemento

Remanescente

recuperável: raios-X +

pulpectomia (se houver

comprometimento pulpar)

+ restauração;

Remanescente

irrecuperável: raios-X +

exodontia + avaliação da

necessidade de

mantenedor de espaço.

Remanescente

recuperável: raios-X +

pulpectomia + restauração;

Remanescente

irrecuperável: raios-X +

exodontia + avaliação da

necessidade de

mantenedor de espaço.

Fratura de esmalte +

dentina + polpa +

cemento

Remanescente

recuperável: raios-X +

pulpectomia + restauração;

Remanescente

irrecuperável: raios-X +

exodontia + mantenedor

de espaço.

Remanescente

recuperável: raios-X +

pulpectomia + restauração;

Remanescente

irrecuperável: raios-X +

exodontia + mantenedor

de espaço.

Fratura radicular

1/3 apical ou 1/3 médio:

contenção rígida;

1/3 cervical: raios-X +

exodontia.

Pouca mobilidade: raios-X

+ contenção rígida;

Muita mobilidade: raios-X

+ exodontia

Fonte: Adaptado de Losso et al. (Revista Sul Brasileira de Odontologia – RBSO, v. 8, n. 1, jan.

de 2011, p. e-1–20)