Galo de briga outubro 2012

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Outubro / 2012 O Galo de Briga é um jornal editado pela Comissão Sindical do Andaraí, formada pelos delegados sindicais de diversos prefixos do Complexo do Andaraí-BB / RJ Campanha Salarial 2012: OS BANCÁRIOS PODEM MAIS! A nossa campanha salarial 2012 foi muito parecida com as de anos recentes. Repetiu as velhas fórmulas da CONTRAF-CUT que atrapalham o avanço da luta dos bancários. Quase nenhuma preparação: não tivemos plenárias setoriais ou de delegados sindicais, foram convocadas apenas duas assembleias e pronto, estamos em greve por tempo indeterminado. Este é o cenário perfeito para uma greve controlada, onde a opinião dos bancários conta muito pouco ou quase nada, levando a uma participação cada vez menor da categoria. No BB e na Caixa, a maior parte dos funcionários aderiu ao movimento grevista, mas ficou longe das assembleias ou de qualquer atividade da greve. Até mesmo na assembleia que deflagrou a greve e na de seu encerramento, o comparecimento foi muito baixo. O resultado, todos conhecem: nenhuma das principais reivindicações foi atendida. O reajuste não refletiu nossas necessidades, nem o que produzimos para os bancos; o piso salarial continua achatado e no caso do BB, o reajuste foi inferior ao da Fenaban; o direito à jornada de seis horas ficou limitado a uma carta de “boas intenções” do banco. O BB se comprometeu a apresentar até janeiro de 2013 um plano de comissões de seis horas para “alguns cargos”. O banco quer, no entanto, uma mudança feita de forma unilateral, com a suspensão das ações na justiça. Nossa avaliação é de que os bancários, quando organizados e mobilizados, podem muito mais! As últimas campanhas salariais não representaram a verdadeira força da nossa categoria. O nosso afastamento facilita o trabalho daqueles que agem cotidianamente para derrotar as nossas lutas. Os obstáculos só poderão ser superados pelo aumento da participação, colocando o controle da greve nas mãos da categoria. QUEM SE MOBILIZA CONQUISTA: O EXEMPLO DA CABB! Se no geral o acordo específico do BB não teve avanços, para um setor houve conquistas. Os funcionários que trabalham nas Centrais de Atendimento (CABB´s) mostraram o caminho para conquistarmos nossas reivindicações. Antes mesmo de começar a campanha salarial, organizaram-se e fizeram um encontro nacional dos atendentes. Realizaram duas paralisações em nível nacional, antes da greve da categoria. Durante a greve, alcançaram, em São Paulo, uma paralisação superior a 90%. O resultado foi que duas de suas reivindicações centrais foram atendidas: a trava de dois anos para solicitar transferência foi reduzida para um ano e as comissões de atendentes A e B foram unificadas, com aumento do valor de referência para R$ 2.554,20. Com isso, um atendente B, que está no primeiro nível do PCS (A1), vai ter um au- mento de 30,43%. Esta vitória nos mostra que, quando estamos organizados e mobilizados, é possível conquistar nossas reivindicações. Tertúlia: agrupamento, reunião de parentes ou amigos; palestra literária; pequena agremiação literária; reunião de gente para discutir ou conversar.

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Outubro / 2012

O Galo de Briga é um jornal editado pela Comissão Sindical do Andaraí, formada pelos delegados sindicais de diversos prefixos do Complexo do Andaraí-BB / RJ

Campanha Salarial 2012: OS BANCÁRIOS PODEM MAIS!

A nossa campanha salarial 2012 foi muito parecida

com as de anos recentes. Repetiu as velhas fórmulas da

CONTRAF-CUT que atrapalham o avanço da luta dos

bancários. Quase nenhuma preparação: não tivemos

plenárias setoriais ou de delegados sindicais, foram

convocadas apenas duas assembleias e pronto,

estamos em greve por tempo indeterminado. Este é o

cenário perfeito para uma greve controlada, onde a

opinião dos bancários conta muito pouco ou quase

nada, levando a uma participação cada vez menor da

categoria.

No BB e na Caixa, a maior parte dos funcionários aderiu ao movimento grevista, mas ficou longe das assembleias ou de qualquer atividade da greve. Até mesmo na assembleia que deflagrou a greve e na de seu encerramento, o comparecimento foi muito baixo. O resultado, todos já conhecem: nenhuma das principais reivindicações foi atendida. O reajuste não refletiu nossas necessidades, nem o que produzimos para os bancos; o piso salarial continua achatado e no caso do BB, o reajuste foi inferior ao da Fenaban; o direito à jornada de seis horas ficou limitado a uma carta de “boas intenções” do banco. O BB se comprometeu a apresentar até janeiro de 2013 um plano de comissões de seis horas para “alguns cargos”. O banco quer, no entanto, uma mudança feita de forma unilateral, com a suspensão das ações na justiça.

Nossa avaliação é de que os bancários, quando organizados e mobilizados, podem muito mais! As últimas campanhas salariais não representaram a verdadeira força da nossa categoria. O nosso afastamento facilita o trabalho daqueles que agem cotidianamente para derrotar as nossas lutas. Os obstáculos só poderão ser superados pelo aumento da participação, colocando o controle da greve nas mãos da categoria.

QUEM SE MOBILIZA CONQUISTA:

O EXEMPLO DA CABB!

Se no geral o acordo específico do BB não teve avanços, para um setor houve conquistas. Os funcionários que trabalham nas Centrais de Atendimento (CABB´s) mostraram o caminho para conquistarmos nossas reivindicações. Antes mesmo de começar a campanha salarial, organizaram-se e fizeram um encontro nacional dos atendentes. Realizaram duas paralisações em nível nacional, antes da greve da categoria. Durante a greve, alcançaram, em São Paulo, uma paralisação superior a 90%. O resultado foi que duas de suas reivindicações centrais foram atendidas: a trava de dois anos para solicitar transferência foi reduzida para um ano e as comissões de atendentes A e B foram unificadas, com aumento do valor de referência para R$ 2.554,20. Com isso, um atendente B, que está no primeiro nível do PCS (A1), vai ter um au-mento de 30,43%. Esta vitória nos mostra que, quando estamos organizados e mobilizados, é possível conquistar nossas reivindicações.

Tertúlia: agrupamento,

reunião de parentes ou

amigos; palestra literária;

pequena agremiação literária;

reunião de gente para

discutir ou conversar.

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ACONTECEU NA GREVE

SambATO no SEDAN – uma maravilhosa roda de samba organizada pelos delegados sindicais do SEDAN, com a presença de bancários de diversos bancos, com microfone aberto para intervenções e diálogo com os transeuntes. ATO UNIFICADO – nem a chuva que caiu no dia atrapalhou o ato conjunto dos bancários, trabalhadores dos Correios, metalúrgicos e petroleiros. Uma bela passeata da Candelária à Cinelândia, com intervenções dos trabalhadores e apoio da população. ADVOGADOS DO BB – Esta greve foi marcada por forte mobilização dos advogados do banco, sobretudo em relação à luta pela jornada de 6 horas. Durante a greve eles realizaram plenária em frente ao Sedan e fizeram um adesivo específico, falando da jornada de trabalho.

ATO NO GALO - Os funcionários do Complexo do Andaraí realizaram um ato no dia 13/09, convocado pela Comissão Sindical. Os trabalhadores debateram sobre a assembleia realizada no dia anterior (12/09) e sobre os rumos da campanha salarial. Ao final do ato, votaram uma carta encaminhada à direção do sindicato, que foi entregue durante a plenária dos delegados sindicais que aconteceu na mesma semana.

SINDICALIZE-SE!

O Sindicato é uma importante ferramenta de luta dos trabalhadores e, portanto, não podemos abrir mão dele. Temos que ter clareza em distinguir os sindicatos de suas direções. O que necessitamos é, quando das eleições sindicais, derrotarmos essas direções pelegas e eleger uma nova, comprometida com a organização e a luta da categoria. Para isso precisamos votar, o que só será possível se estivermos sindicalizados.

Revoltados com a atuação dessas direções, muitos funcionários do BB se desfiliaram do Sindicato, o que é compreensível. Porém, assim, abriram mão da única arma que tinham para mudá-lo a seu favor. Hoje somos muito poucos sindicalizados no BB. Somente com um processo maciço de sindicalização poderemos resgatar o Sindicato para o seu devido papel! SINDICALIZE-SE!

Agradecemos a solidariedade de

todos os terceirizados que

trabalham no Complexo do Andaraí

à nossa greve. Entendemos que a

terceirização nos divide e

enfraquece a luta de todos por

direitos e melhores condições de

trabalho. Por isso, defendemos o

fim da terceirização e os mesmos

direitos dos bancários para todos

que trabalham dentro dos bancos.

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Representantes do funcionalismo no Comitê de Ética renunciam ao mandato

Há dois anos, o banco implementou Comitês de Ética Estaduais, apresentados como um sinal da sua disposição em combater o assédio moral. O funcionalismo elegeu um representante e um suplente para cada Comitê, cujo mandato seria de dois anos. Durante este tempo, os Comitês não funcionaram, pois o banco não permite que as denúncias cheguem até eles. Elas ficam travadas na Ouvidoria Interna e nas Gepes, instâncias anteriores ao Comitê. Dentre os 27 Comitês de Ética do país, há conhecimento de apenas três casos analisados. Ao mesmo tempo, a prática do assédio moral foi generalizada e banalizada dentro do BB. A formalidade dos Comitês de Ética é tão clara que em setembro o mandato dos representantes do funcionalismo acabou e o banco, ao invés de realizar nova eleição, simplesmente o prorrogou sem qualquer divulgação e sem avisar aos representantes eleitos. Diante da farsa que se constitui este Comitê e da

decisão do Banco de prorrogar o mandato sem consulta ao funcionalismo, os representantes eleitos no Rio de Janeiro, Vânia Gobetti (delegada sindical da GECOI) e Fernando Cordeiro (delegado sindical do CSL), junto com representantes de outros Estados, decidiram renunciar aos seus mandatos e fazer um chamado para que os outros funcionários que concorreram à eleição não assumam se convocados pelo banco. O anúncio da renúncia foi feito por Vânia e Fernando na assembleia específica do BB que encerrou a greve.

Não podemos ter ilusões no Comitê de Ética ou em qualquer outra ferramenta criada unilateralmente pelo banco, já que ele usa o assédio moral como instrumento de gestão para alcançar os resultados que ele deseja. Precisamos discutir e exigir do banco a criação de outros canais para registro de denúncias e a implementação de políticas inibidoras do assédio.

A Comissão Sindical convida

para a 1ª Tertúlia do CARJ.

Com poesia, música, bate-papo

e comes e bebes.

Dia: 25/10 (quinta-feira)

Horário: a partir das 18h

Local: 14º andar

NÓS NÃO VAMOS PAGAR NADA!

A greve é um direito! Quem lutou por

todos não pode ser punido!

Da mesma forma que nos anos anteriores, o acordo coletivo assinado pelo banco prevê, MAS NÃO OBRIGA, a compensação das horas de greve. A greve é um direito garantido em lei e ela ocorre pela intransigência dos banqueiros e do governo nas negociações. Segundo o acordo, o Banco não pode efetuar nenhum tipo de desconto em relação aos dias parados e ninguém pode ser obrigado a compensar as horas de greve. Aquelas não compensadas até o dia 15 de dezembro serão anistiadas. DIGA NÃO À COMPENSAÇÃO!

Jornada de 6 horas já, sem redução salarial!

Não podemos acreditar em carta de boas intenções do BB em relação à jornada de 6 horas. Foi assim com o PCS, que o BB se comprometeu a apresentar uma proposta e até agora nada, e o plano odontológico, implantado depois de 2 anos e muito aquém das nossas expectativas. Além disso, a implementação da jornada de 6 horas pode vir com grandes ataques, como redução salarial e quitação do passivo trabalhista. Não podemos esperar a definição unilateral do banco. Precisamos construir, desde já, um calendário de mobilização e exigir que o Sindicato cumpra seu papel. A lei já nos garante a jornada de 6 horas! Não abriremos mão do nosso direito!

Veja abaixo os delegados sindicais que formam a Comissão Sindical do Andaraí: André Leão – Ramal: 4215 Fabrício – Ramal: 5538 Fernando Cordeiro – Ramal: 5650 Gleide – Ramal: 5494 Ney – Ramal: 5220 Patrícia – Ramal: 5305 Paulão – Ramal: 4352 Paulo Henrique – Ramal: 4451 Ronaldo – Ramal:5360

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A “Era” Hobsbawm (1917-2012)

No dia 01/10, morreu Eric Hobsbawm, historiador, socialista, professor, crítico e amante de jazz, um dos maiores intelectuais do nosso tempo, que estudou profundamente o século XX e suas revoluções. O fato de ser um intelectual jamais significou, para Hobsbawm, um distanciamento dos acontecimentos. Ao contrário, sua militância política esteve sustentada nas reflexões sobre nosso tempo. Em sua trajetória, análise do passado e transformação do presente apareceram sempre como dimensões indissociáveis da prática do historiador, orientada para a criação de um “(…) mundo no qual os trabalhadores possam fazer sua própria vida e sua própria história, ao invés de recebê-las prontas de terceiros, mesmo dos acadêmicos”*.

Nós, da Comissão Sindical, fazemos aqui nossa homenagem a Eric Hobsbawm. Que sua vida e obra sirvam de exemplo para nossa luta!

Para quem não conhece a obra desse grande historiador, segue o título de algumas de suas publicações: Era dos Extremos; A Era das Revoluções; Era do Capital; A Era dos Impérios; Sobre História; História Social do Jazz; Pessoas Extraordinárias: Resistência, Rebelião e Jazz; Os Trabalhadores: Estudos Sobre a História do Operariado; Mundos do Trabalho: Novos Estudos Sobre a História Operária; Revolucionários: Ensaios Contemporâneos; As Origens da Revolução Industrial.

* HOBSBAWM, do livro Mundos do Trabalho.

O significado das opressões para os trabalhadores

Opressão é toda conduta ou ação que transforma diferenças em desigualdades, para que estas beneficiem um determinado grupo em relação a outro. A opressão dos negros é racismo, das mulheres, machismo e dos homossexuais, homofobia. Para justificar as opressões, a sociedade em que vivemos cria ideologias falsas, como a ideia de que mulheres e negros são inferiores, ou de que as mulheres têm determinadas características que as tornam naturalmente mais aptas aos afazeres domésticos. Além disso, esta sociedade naturaliza as opressões e nos faz acreditar que o mundo sempre funcionou assim e que assim sempre será. Mas isso não é verdade! Diversos estudos antropológicos mostram que em muitas sociedades antigas, que viviam sob um comunismo primitivo, homens e mulheres tinham papel igualmente relevante. Nelas não existia nenhuma forma de dominação de um sexo sobre outro, como também não existia nenhuma forma de dominação de uma classe rica sobre a massa de trabalhadores, pois nelas não existiam classes sociais diferentes.

Apesar dos grandes avanços conquistados, através de muita luta, por mulheres, negros e homossexuais, ainda há muitas desigualdades. Vemos isso nos altos índices de violência contra as mulheres e os homossexuais, nos salários menores pagos a

mulheres e negros para desenvolver a mesma função de um homem branco ou nas diferenças dos trabalhos desenvolvidos majoritariamente por estes grupos dentro da sociedade, que em geral são os mais desgastantes e desvalorizados. Na sociedade capitalista, as opressões servem para aumentar o lucro dos patrões, à medida que justificam os salários menores ou menos despesas com direitos para determinados grupos. Dessa forma, servem também para aumentar a exploração de toda classe trabalhadora. Vemos isso também no caso das diferenças entre funcionários e terceirizados, estes últimos sofrem com a falta de direitos e ainda com o tratamento desigual.

Infelizmente, as opressões são reproduzidas cotidianamente pelos próprios trabalhadores, nas relações familiares, na rua e no trabalho. Elas dividem os trabalhadores e dificultam sua organização. E, com isso, quem sai ganhando mais uma vez é a classe dominante.

Nós, da Comissão Sindical, nos colocamos em campanha contra as opressões! Acreditamos que deve prevalecer entre todos os trabalhadores relações de respeito e de solidariedade. Pretendemos manter um espaço permanente no nosso jornal para discutirmos este tema e garantir o combate a qualquer forma de opressão.

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Curtas

É o fim do mundo no BB? Assédio moral, reestruturações, adoecimento, morte de colegas... Tudo isso parece mesmo o fim do mundo. E não é que até a Rede Globo ficou sabendo da situação que prevalece aqui, nesta empresa de mais de 200 anos. Ela escolheu as dependências do CARJ para a gravação de cenas de uma minissérie que fala sobre o fim do mundo. Sintomático, não?

E não para por aí! No final de “Avenida Brasil”, em meio a tantas revelações, descobrimos que... Nilo, que vive no lixão, já foi bancário!

Só faltará o castigo da Carminha... Tornar-se escriturária no BB!

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