GALP - Dissertação - Alexandre Lucas Versão

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This thesis analyses the three main Portuguese companies of the energy sector, based onthe Bartlett and Ghoshal (1989) organizational typology. With the recent liberalization ofthis sector and the initiatives of internationalization by these companies in the context ofthe New Economy, it is questioned, the similarity of the international strategies betweenthem and the reasons of its convergence or divergence.

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    ndice

    Lista de Tabelas e Figuras ..........................................................................................................3

    Resumo .......................................................................................................................................4

    Abstract.......................................................................................................................................6

    Captulo 1 Introduo ..............................................................................................................8

    Captulo 2 Reviso da Literatura ...........................................................................................10

    2.1- O processo de Internacionalizao................................................................................10

    2.2- As estratgias Internacionais .........................................................................................12

    2.2.1 - Bartlett e Ghoshal..................................................................................................13

    2.2.1.1 Configurao de activos e competncias.........................................................16

    2.2.1.2 Desenvolvimento e difuso da aprendizagem .................................................18

    2.2.1.3 Tipologias de Subsidirias............................................................................20

    2.3 Dimenses Estratgicas ..................................................................................................24

    2.4 Definio do Problema de Investigao .........................................................................27

    Captulo 3 - Metodologia.........................................................................................................28

    3.1 - Orientaes, descrio da abordagem metodolgica. ..................................................29

    3.2 - Descrio do contexto da investigao e delimitao do campo de anlise ................31

    Captulo 4 Estudo de Casos - Anlise de dados ....................................................................33

    4.1 - Estudo de caso GALP ..................................................................................................33

    4.1.1 Histria e principais acontecimentos....................................................................33

    4.1.2 - Caracterizao actual da empresa .........................................................................34

    4.1.3 Estratgias Internacionais: Dimenses .................................................................38

  • 2

    4.1.3.1 - Localizao de activos e competncias no estrangeiro .................................39

    4.1.3.2 - Papel das subsidirias....................................................................................44

    4.1.3.3 - Desenvolvimento e difuso da aprendizagem...............................................46

    4.1.4- Concluso do caso..................................................................................................47

    4.2 - Estudo de caso EDP .....................................................................................................48

    4.2.1 Histria e principais acontecimentos....................................................................48

    4.2.2 - Caracterizao actual da empresa .........................................................................49

    4.2.3 Estratgias Internacionais - Dimenses................................................................53

    4.2.3.1- Localizao de activos e competncias no estrangeiro ..................................55

    4.2.3.2- Papel das subsidirias.....................................................................................59

    4.2.3.3- Desenvolvimento e difuso da aprendizagem................................................60

    4.2.4- Concluso do caso..................................................................................................61

    4.3 - Estudo de caso REN.....................................................................................................63

    4.3.1 Histria e principais acontecimentos....................................................................63

    4.3.2 - Caracterizao actual da empresa .........................................................................64

    4.3.3 Estratgias Internacionais - Dimenses................................................................68

    4.3.3.1 - Localizao de activos ou competncias.......................................................69

    4.3.3.2 - Desenvolvimento e difuso da aprendizagem...............................................70

    4.3.4- Concluso do caso..................................................................................................71

    Captulo 5 Discusso e contributos .......................................................................................74

    Captulo 6 - Concluses............................................................................................................85

    Anexo 1 - Protocolo..................................................................................................................91

    Referncias Bibliogrficas........................................................................................................93

  • 3

    Lista de Tabelas e Figuras

    Lista de Figuras:

    Figura 2-1 Formas de Organizao e Estratgias de Internacionalizao

    Figura 2-2 Modelos de Gesto de conhecimento em empresas multinacionais

    Figura 2-3 Tipologias de subsidirias de Bartlett e Ghoshal

    Figura 4-1 Organigrama Estrutural do Grupo GALP Energia SGPS.

    Figura 4-2 - Organigrama das Unidades de Negcio e Segmentos do Grupo GALP Energia.

    Figura 4-3 Viso esquemtica da estratgia Internacional - GALP

    Figura 4-4 Organigrama Simplificado Estrutural do Grupo EDP

    Figura 4-5 Organigrama das Unidades de Negcio do Grupo EDP

    Figura 4-6 Viso esquemtica da estratgia Internacional - EDP

    Figura 5-1 Enquadramento das empresas no novo quadro conceptual

    Lista de Tabelas:

    Tabela 4-1 Distribuio de colaboradores por segmento de negcio

    Tabela 4-2 Localizao e identificao de activos e competncias

    Tabela 4-3 Caracterizao das subsidirias

    Tabela 4-4 Distribuio de colaboradores por negcio

    Tabela 4-5 Localizao e identificao de activos e competncias

    Tabela 4-6 Caracterizao das subsidirias.

  • 4

    Resumo

    Esta dissertao analisa as trs grandes empresas portuguesas do sector energtico face

    tipologia de organizao de Bartlett e Ghoshal (1989, 2000). Com a liberalizao recente

    deste mercado e as iniciativas de internacionalizao das empresas no contexto da Nova

    Economia, questiona-se, a similaridade das estratgias internacionais entre as empresas e

    averigua-se as razes da sua convergncia ou divergncia.

    Fazendo uma reviso da literatura inicial, explorou-se as dimenses apresentadas pelos

    autores de referncia. As variveis estratgicas, flexibilidade, eficincia e aprendizagem

    constituram a base conceptual para enquadramento das empresas estudadas. Adoptou-se

    uma anlise qualitativa para o desenvolvimento do estudo da EDP, REN e GALP, sendo

    que esta foi constituda por duas componentes. Uma primeira baseada em desk-research e,

    numa fase posterior uma segunda baseada em trabalho de campo, no respeito pela

    estratgia de investigao adoptada de estudos de caso.

    A GALP e a EDP foram empresas que corresponderam bem ao modelo. Foi demonstrada

    por ambas as empresas, a preferncia pela eficincia e flexibilidade na implementao da

    sua estratgia enquadrando-se em Internacional. Relativamente REN, descobriu-se que a

    perspectiva dos autores no foi suficiente para enquadr-la na tipologia, apesar desta, numa

    base de conceitos que moldam a Nova Economia, ter um pensamento e uma actividade

    Internacional. Inesperadamente esta ltima empresa, acabou por ser motivo de

    questionamento do conceito de empresa internacional, pelo que, na discusso se

    desenvolve uma ampliao da tipologia de estratgias de internacionalizao, com

    sugesto de dimenses de anlise para a mesma.

  • 5

    A nova tipologia pretende definir empresas com um referencial de actuao em rede, que

    atribuam um peso diferente dimenso estratgica do conhecimento e aprendizagem na

    sua actividade.

    Palavras-Chave: Internacionalizao; Estratgias; Conhecimento, Subsidirias;

    Multinacional; Tipologia.

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    Abstract

    This thesis analyses the three main Portuguese companies of the energy sector, based on

    the Bartlett and Ghoshal (1989) organizational typology. With the recent liberalization of

    this sector and the initiatives of internationalization by these companies in the context of

    the New Economy, it is questioned, the similarity of the international strategies between

    them and the reasons of its convergence or divergence.

    Starting with a literature revision one explored the dimensions presented by the authors of

    reference. The strategy variables, flexibility, efficiency and learning constituted the

    conceptual base for framing the studied companies. It was chosen a qualitative method of

    analysis, for the development of EDP, REN and GALP studies. This was separated in two

    components. The first based on a desk-research and a subsequent stage with field work,

    addressing directly the companies. Regarding such an approach strategy, a case study was

    developed for each company.

    GALP and EDP were companies who corresponded well to the model. It was demonstrated

    by both companies, the preference for efficiency and flexibility in the implementation of its

    strategy, hence, both companies were fit in the International strategy. Concerning REN,

    one uncovered that the authors perspective was not enough for fitting a strategy from the

    typology, for it was not an eligible international company to start with, despite having an

    International thought, considering a base of concepts that define the New Economy.

    Unexpectedly this last company, ended up by questioning the concept of international

    company itself, and the need for a new conceptual framework. As a result, an upgrade of

    the authors typology is presented, with suggestion for dimensions of analysis. The new

    typology aims to define companies with a referential on relationship networks activity,

  • 7

    who attribute a different weight to knowledge strategy dimension and learning component

    in its activity.

    Keywords: Internationalisation; Strategy; Knowledge; Subsidiaries; Multinational;

    Typology.

  • 8

    Captulo 1 Introduo

    O sector da electricidade assente tradicionalmente no modelo de monoplio estatal, s nas

    ltimas dcadas comeou a promover a abertura da produo e distribuio de

    electricidade iniciativa privada. Relativamente procura, a electricidade representa cerca

    de um tero do total de energia consumida no planeta. O processo de liberalizao do

    sector elctrico impulsiona j a procura na Europa Ocidental, sia, Amrica do Sul e

    Magreb, graas ao rpido crescimento populacional e ao nvel de industrializao. Na

    oferta, temos que por um lado se assiste liberalizao do sector na generalidade dos

    pases desenvolvidos, que deu origem privatizao das empresas de produo e

    comercializao de electricidade e ao nascimento de produtores independentes. Por outro

    lado, verifica-se o surgimento de mercados organizados, onde se compra e vende energia

    elctrica livremente, que conduzem a uma reduo de preos. Neste processo assiste-se

    tambm ao esbater das fronteiras geogrficas, como se assiste j na Europa, e

    Internacionalizao dos operadores energticos. Para o futuro, a convergncia do gs,

    petrleo e electricidade inevitvel. Ser uma forma de se oferecer solues completas e

    de obter sinergias. Para as empresas que operam neste sector, novos desafios se colocam

    para alm das convergncias de solues e produtos, a internacionalizao e o modo como

    preparam as suas organizaes sero determinantes para o confronto e subsistncia no

    futuro.

    O objectivo desta dissertao submeter o modelo de Bartlett e Ghoshal (1989, 2000) de

    Global, Internacional, Multinacional e Transnacional, a empresas do sector energtico

    Portugus. As empresas, alvo de estudo desta investigao, partilham produtos desde

    electricidade, gs, petrleo ou servios de engenharia que aliada sua complexidade de

    explorao, oferece ainda o facto de serem organizaes com um legado estatal com

  • 9

    origem em, alguns casos, monoplios naturais. Sendo um sector infra-estrutural e com

    forte dependncia de conhecimentos de engenharia, ser necessrio uma anlise das trs

    caractersticas propostas pelos autores. Desta combinao podero surgir resultados

    interessantes desde questionar a aplicabilidade do modelo a encontrar um padro de

    comportamento.

    Em Portugal, para alm da EDP e REN, a recente entrada de um novo concorrente, a

    GALP, e a tendncia de continua liberalizao, trouxe a este sector uma nova dinmica e

    torna-o bastante actual, oferecendo por isso oportunidades de estudo. Do ponto de vista

    externo, tem-se verificado uma azafama no sector nos ltimos anos, com privatizaes,

    como no caso da REN ou EDP Renovveis, participaes de empresas estrangeiras, a

    corrida atribuio de licenas de instalao de potencia, e assistido aos primeiros anos do

    Mercado Ibrico de Electricidade. A questo surge inevitavelmente: Como ser que as

    empresas do sector se esto a organizar perante este novo cenrio?

    Sobre o ponto de vista empresarial, o sector da energia tem uma inegvel importncia no

    conjunto da economia portuguesa tendo ganho destaque nos ltimos anos. A recente crise

    do petrleo vem reforar tambm a importncia do estudo do sector energtico e das

    empresas que o compem. Tambm o crescente investimento nas energias renovveis, tm

    sido uma constante, trazendo novas realidades no aproveitamento de recursos naturais, no

    comportamento das empresas em torno deles e da sua revalorizao. Relativamente rea

    de gesto, mais precisamente estratgias de internacionalizao, o facto de se analisar

    empresas com um produto to diferente, poder levantar questes interessantes, por

    exemplo, desde a adaptabilidade ao local, ao facto de ser um produto dependente de

    recursos naturais e mesmo das empresas que surgem per si com um mpeto internacional.

  • 10

    Captulo 2 Reviso da Literatura

    2.1- O processo de Internacionalizao

    Os primeiros estudos sobre a internacionalizao de empresas, foram elaborados pela

    Universidade de Uppsala na Sucia que desenvolveram uma clara linha de pensamento da

    teoria das organizaes, baseada no processo de internacionalizao das empresas suecas.

    Com o desenvolvimento destes estudos, deu-se origem ao que conhecemos como Escola

    Nrdica, passando-se a investigar este tema sob outra abordagem, que no apenas a

    puramente econmica. Esta caracterizou a internacionalizao como um processo de

    crescente envolvimento em operaes internacionais (Luostarinen 1988) que tem como

    base alguns pressupostos que se relacionam com a noo do tempo. ainda

    complementado que esta escola, a qual foi intensamente influenciada pelos trabalhos de

    Penrose (1959), de Cyert e March (1963) e de Aharoni (1966), tem como um dos

    pressupostos, que o modelo de internacionalizao da empresa, atravs de exportao ou

    investimentos directos, seria uma consequncia de seu crescimento. Situa-se num

    referencial de aquisio de conhecimento e experincia que influenciaria para a tomada de

    deciso como meio a um comprometimento de alocao de recursos para mercados

    internacionais (Heenan e Perlmutter 1979). Um cenrio de mercado domstico saturado,

    com oportunidades restritas de lucro, levaria a organizao a procurar novos locais para

    expandir as suas operaes. Num estado inicial, procurar-se-iam destinos onde se pudesse

    obter similaridades com as operaes j existentes. Hemais e Hilal (2002) descrevem a

    cadncia de etapas como um envolvimento leve, geralmente representado por exportao

    directa, quando se tivesse a oportunidade de adquirir conhecimentos sobre o novo

    mercado. O envolvimento aprofundar-se-ia a partir do aumento desses conhecimentos e da

    melhoria dos canais de informao, podendo a empresa chegar a um alto envolvimento,

  • 11

    representado pelo estabelecimento de subsidirias no pas estrangeiro. A sequncia na

    seleco de mercados abrangeria a entrada sucessiva em mercados cada vez mais distantes

    psicologicamente, medida em que a empresa ganhasse experincia em operaes

    estrangeiras. Quanto maior a diferena entre o pas de origem e o pas estrangeiro em

    termos de desenvolvimento, nvel e contedo educacional, idioma, cultura, sistema

    poltico, entre outros, maior o nvel de incerteza.

    O modelo de Uppsala tem contudo sofrido, algumas crticas nas ltimas duas dcadas, com

    vrios autores a mostrarem que algumas empresas estavam envolvidas em mercados

    internacionais desde o seu incio. Em particular, empresas que no seguiram o padro

    incremental e gradual do processo de internacionalizao, algumas delas tendo nascido

    logo partida com uma perspectiva mundial, no tendo apenas um nico lead market

    (Hamel, 1995). Rennie (1993) apelidou estas empresas de born global. Embora no haja

    ainda um consenso sobre a sua definio Andersson e Wictor (2001) definem como sendo

    empresa que atinge vendas de mercados internacionais de pelo menos 25% nos primeiros

    trs anos e que desde o inicio procurou ganhar vantagem competitiva atravs do uso de

    recursos e vendas em mltiplos pases. Ao contrrio do que inicialmente se poderia pensar,

    as born globals no so especficas dos sectores de tecnologia intensiva (Simes e

    Dominguinhos, 2001), mas sim, estendem-se s empresas de objecto de negcio chamados

    tradicionais.

    Apesar de algumas crticas Escola Nrdica, pelo facto dessas etapas no serem

    necessariamente seguidas por todas as organizaes e tambm por no haver provas sobre

    a relao de causa e efeito entre a experincia adquirida e o resultado na organizao, a

    Escola apresenta dois pontos que merecem especial destaque. O primeiro so as noes de

    evoluo e aprendizagem implcitas no processo de internacionalizao gradual, iniciada

  • 12

    pela exportao em que se obtm informaes sobre um novo mercado, at chegar a

    mercados chamados de psicologicamente mais distantes. Outro ponto de destaque a

    identificao de factores culturais como crticos e fontes de incerteza no processo.

    2.2- As estratgias Internacionais

    A investigao relativamente internacionalizao foi evoluindo, atingindo marcos

    importantes para a sua percepo. Uma delas foi a mudana de analise da industria para a

    empresa (Tallman, 2001), outra foi a de que a motivao para a internacionalizao podia

    no ser exclusivamente os mercados, mas tambm, os recursos, as competncias e os

    conhecimentos (Hedlund, 1993) ou ainda uma terceira, atravs do reconhecimento de que

    criar uma mentalidade Global, um dos ingredientes principais para obter a inteligncia

    necessria para observar, interpretar e agir num mundo dinmico (Gupta e Govindarajan,

    2001).

    De uma forma geral, desde a ltima metade do sculo XX, a investigao das empresas

    multinacionais pode ser vista perante trs reas de pensamento diferentes. Como uma

    primeira corrente, reala-se a abordagem sobre a relao entre estratgia e estrutura; uma

    segunda, sobre o relacionamento entre a sede e a subsidiria e uma terceira, sobre o

    processo de tomada de deciso. Pela natureza do negcio das empresas alvo de estudo, pela

    relevncia dos autores sobre o ponto de vista acadmico e empresarial, a terceira corrente

    de investigao ser a base de fundamento desta dissertao.

    Porter (1986), identifica um espectro de indstrias que vo desde as multi-domsticas s

    globais. Este autor define a indstria multi-domstica como aquela na qual a

    competio em cada pas independente da competio noutros pases. No outro extremo

    do espectro temos a indstria Global. A definio utilizada por Porter a de uma

  • 13

    indstria na qual a posio competitiva de uma firma num determinado pas afectada pela

    sua posio noutros pases. Assim, enquanto nas indstrias Multidomsticas a firma

    pode ser gerida como um carteira, nas indstrias globais a firma necessita de integrar as

    suas actividades a nvel Global para beneficiar das ligaes entre pases. Porter identifica

    duas dimenses: a configurao pode variar de concentrada a dispersa, enquanto a

    coordenao pode variar entre baixa e elevada.

    Prahalad e Doz (1987) oferecem um contributo importante, desenvolvendo o conceito de

    Integration-Responsiveness Framework (IR). Os autores identificam a integrao, a

    coordenao e a capacidade de resposta local como os trs elementos determinantes na

    competio. Relacionam assim as presses para uma maior coordenao com a

    importncia dos clientes multinacionais, a presena de competidores multinacionais, as

    presses para a reduo de custos, a intensidade de tecnologia e investimento, o acesso a

    matrias e energia, e a existncia de necessidades universais. Isto como presses para uma

    maior capacidade de resposta local s diferenas entre necessidades dos consumidores e a

    presena de canais de distribuio diferentes.

    2.2.1 - Bartlett e Ghoshal

    Bartlett e Ghoshal (1989) apresentam uma tipologia de empresas multinacionais focando

    trs foras: i) Foras para a coordenao Global, ii) Foras de diferenciao local e iii)

    Foras para a inovao escala, propondo uma classificao em quatro tipos:

    Multinacional, Internacional, Global e Transnacional. Em 2000 os autores reconhecem

    pela primeira as tipologias como estratgias. Os autores entendem que, por exemplo, uma

    indstria de cimento apresenta poucas vantagens em relao construo de grandes

    fbricas de produo Global devido natureza do produto e s barreiras logsticas. Por

  • 14

    outro lado, uma indstria de telecomunicaes s seria competitiva se desenvolvesse uma

    produo Global, procurando deste modo amortizar os elevados custos de

    desenvolvimento. Uma vez que existe uma necessidade de equilibrar presses antagnicas

    entre integrao, coordenao e resposta s preferncias locais, Bartlett e Ghoshal (1989)

    avanam com a ltima tipologia, Transnacional que caracterizada como tendo uma

    perspectiva multi-dimensional com capacidades internas distribuda pela empresa. Assim

    so apresentadas as seguintes vises da empresa face vertente internacional e resumidas

    na Figura 2-1:

    Figura 2-1 Formas de Organizao e Estratgias de Internacionalizao

    Fonte: Bartlett e Ghoshal (1989) Adaptado

    Para Bartlett e Ghoshal (1989), a empresa Internacional complementa frequentemente as

    suas vendas internacionais e a sua capacidade de distribuio com uma produo

    localizada. Na sede, as operaes internacionais so dirigidas por uma diviso prpria,

    permitindo que aqueles que no se encontram envolvidos nessas operaes conduzam as

    suas actividades domsticas de forma independente de qualquer perspectiva internacional.

    A empresa-me opera com uma viso centralizada da estratgia, da tecnologia e da

    distribuio dos recursos, sendo a transferncia de tecnologia a chave das relaes entre

    Multinacional Global Internacional Transnacional

    Descentralizada e auto-suficiente

    Explora oportunidades locais

    Conhecimento desenvolvido e retido localmente

    Centralizada e escala Global

    Implementar Estratgia central

    Conhecimento desenvolvido e retido no centro

    Fontes Core centralizado

    Adapta e alavanca localmente

    Conhecimento central difundido

    Disperso, interdependente e especializado

    Contribuio para operaes integradas

    Conjuntamente e partilhado

    Configurao de activos e competncias

    Papel das subsidirias

    Desenvolvimento e difuso de conhecimento

  • 15

    sede e o terreno. As decises respeitantes ao servio a clientes, comercializao, vendas,

    produo e tcticas de concorrncia, deslocam-se para o nvel nacional ou local. Nestas

    organizaes, as operaes no estrangeiro so consideradas como subsidirias so

    apndices da sede localizada no pas de origem.

    A empresa Multinacional constitui a fase seguinte do desenvolvimento internacional. As

    empresas multinacionais passaram a empenhar-se de tal forma nos seus negcios

    internacionais que criaram mini-rplicas da empresa domstica em muitos pases e

    mercados diferentes. Estas organizaes orgulham-se do facto de entregarem a gesto das

    operaes no estrangeiro a empregados locais. A empresa Multinacional assemelha-se a

    uma organizao multi-domstica, esperando assim que as autoridades regulamentadoras

    locais tratem a entidade local como uma unidade nacional. Deste modo poder obter

    vantagens competitivas domsticas, um dado suplementar s suas operaes com recursos,

    competncias e tecnologia, cujas formas so globais.

    Bartlett e Ghoshal (1989) afirmam que as empresas Globais, em vez de isolarem a

    dimenso internacional da sua actividade, como acontece com as empresas Internacionais,

    ou de a replicarem em muitos pases, como fazem as empresas Multinacionais, partilham

    os seus recursos numa base Global, para terem acesso ao melhor mercado, com a mais

    elevada qualidade de produtos, ao custo mais reduzido. So altamente adaptveis s

    mudanas do meio e bastante sensveis a todas as tendncias globais que possam afectar o

    seu futuro e assim gestores e culturas de empresa muito adaptveis. As empresas Globais

    esto constantemente procura, organizando e reorganizando os seus recursos e

    capacidades para que as fronteiras nacionais no constituam barreiras a potenciais novos

    produtos, mercados ou tecnologias. Algumas empresas Globais tm sedes fora do pas de

    origem, podendo at ter sedes mltiplas para diferentes funes, linhas de produo ou

  • 16

    diferentes negcios. Estas complexas estruturas organizacionais usam a diferenciao e a

    integrao, com uma forte nfase na gesto simultnea da eficincia Global e da reaco

    local e com uma coordenao Global da politica, pessoas e recursos, a fim de atingir as

    maiores vantagens competitivas e a maior rentabilidade. A empresa Global concentra-se na

    capacidade de entregar os produtos com a mais elevada qualidade nos mercados mais

    lucrativos, com o menor custo e a mais adequada gesto dos recursos, sem se preocupar

    com a questo de onde residem o capital, as pessoas, os recursos e a tecnologia.

    De acordo com Bartlett e Ghoshal (1989), as indstrias recorrem a combinaes diferentes

    de integrao Global e reaco local. A gesto das empresas multinacionais diversificadas

    multinacionais que se encontram em muitos negcios requer a gesto simultnea em

    negcios diversos que operam de maneiras diferentes ao longo das duas dimenses,

    integrao Global/reaco local. Bartlett e Ghoshal (1989) descobriram que indstrias

    distintas, tm melhor desempenho com estruturas diferentes. Os produtores de artigos

    empacotados de marca Unilever e Procter&Gamble precisam de ter uma estratgia e

    uma estrutura que lhes permita ter uma boa capacidade de resposta s necessidades dos

    consumidores locais; Os produtores de artigos electrnicos de consumo Philips e General

    Electric precisam da eficincia da integrao Global para obterem baixos custos de

    produo; e as telecomunicaes NEC e Ericsson operam melhor por meio da

    transferncia de tecnologia e conhecimento.

    2.2.1.1 Configurao de activos e competncias

    A primeira dimenso a localizao de activos e competncias da organizao

    relativamente disperso geogrfica das suas actividades. Historicamente as empresas

    dispersam os seus activos e recursos, de maneira a responder melhor a necessidades de

  • 17

    mercados altamente diferenciados, ou aquando integrao vertical de actividades, para

    aceder a recursos humanos, matrias-primas ou estar perto de tecnologias e de quem as

    pratica ou detm. Contudo com a convergncia de necessidades dos consumidores esta

    motivao torna-se menos importante, para alm de novas tendncias e estratgias

    competitivas poderem surgir em qualquer parte do mundo, o que, dependendo da indstria,

    refora as tendncias centralistas. Uma configurao dispersa permite as empresas

    capitalizarem o factor de diferenciao de custos. No tm apenas acesso a custo barato de

    mo-de-obra, mas podero conseguir fazer a interligao com recursos de gesto e de

    tecnologia. Num ambiente internacional vital para uma organizao, no ter os seus

    activos concentrados, reduzindo as exposies a riscos polticos e econmicos regionais. A

    disperso de actividades evidenciada por Hayes et al, (2005), relativamente a trs

    perspectivas gerais: a replicao de algumas empresas na ntegra, a disperso da cadeia de

    valor de uma actividade ou ainda rplica da organizao ainda que a diferentes escalas.

    O primeiro tipo de disperso, encontramos em industrias tipicamente com estratgia de

    integrao a montante e a jusante, isto significa, que se tende para a procura de matrias

    primas localizadas numa zona geogrfica, no se podendo portanto encontrar e ento

    replicar noutro local, ou a jusante onde as exigncias dos mercados no se pautam pelo

    mesmo tipo de procura, pelo que alguns negcios se podero tornar mais favorveis a

    alguns mercados do que outros. Por outro lado a actividades de distribuio e venda pode

    ser bastante estandardizada e replicada na ntegra, como o caso dos franchising, retirando

    o mximo de proveito da disperso. O segundo favorvel a economias de escala, de gama

    ou de especializao em certas actividades. Como exemplo tomemos o meditico caso da

    Qimonda, onde a subsidiria portuguesa era responsvel pela actividade back-end na

    produo de memrias DRAM. A empresa usufrua sem dvida da especializao desta

    subsidiria, do investimento feito em tecnologia, centralizava e propiciava conhecimento e

  • 18

    inovao. Contudo uma vez que dependia 100% da casa-me a autonomia era bastante

    baixa. O terceiro modelo a rplica da organizao, ainda que com diferentes dimenses

    noutros pases, bastante comum em empresas de servios quando seguem clientes por

    exemplo a PWC.

    2.2.1.2 Desenvolvimento e difuso da aprendizagem

    A segunda dimenso de anlise, incide sobre a gesto do conhecimento nas empresas

    multinacionais, qual os autores denominam segundo os seguintes conceitos: central,

    local, locally leveraged e Globally linked assim representadas:

    Figura 2-2 Modelos de Gesto de conhecimento em empresas multinacionais

    Fonte: Bartlett e Ghoshal, (1989, 2000) adaptado

    Central Este tipo de gesto tem a vantagem de se controlar a tecnologia e proteger

    competncias core, relacionamento Inter-Departamental (Inter-aco, desenvolvimento,

    Produo, comercializao), rapidez de desenvolvimento e lanamento de novos produtos,

    com economias de especializao e escala em I&D. Por outro lado, podero ocorrer

    conflitos se a subsidiria resistir a desenvolvimentos da casa-me e insensibilidade s

    necessidades diversificadas dos mercados. Estas empresas, como o caso da NEC,

    demonstram uma preocupao extrema na rapidez de desenvolvimento e colocao de

    produto no mercado, aproveitando uma percepo de exigncia por parte deste. Este foi o

    caso da passagem na empresa da tecnologia electromecnica para a digital (Neac 61),

    pioneiro, mas distante das diferenas entre clientes japoneses e americanos.

    CENTRAL LOCALLY

    GLOBALLY

    LOCAL

  • 19

    Local Com a inovao local, tem-se a possibilidade de adaptao s vrias condies

    locais no qual a organizao opera. Com este tipo de modelo consegue-se um

    aproveitamento e estmulo das competncias das filiais. Veja-se o caso do falhano inicial

    do detergente de lavar a roupa da Unilever na ndia, onde esta actividade era feita mo e

    em rios. A unidade local apercebendo-se disto, desenvolveu um detergente sinttico em

    barra onde veio a conseguir mais tarde grande parte do mercado. Outro exemplo, foi as

    ms vendas de margarina na Turquia, que s conseguiu ser aceite, com a aplicao de

    leos vegetais locais. Contudo, as desvantagens desde modelo podem significar perdas de

    muito dinheiro, incidem sobre a possibilidade de duplicao de esforos, ou fraca

    percepo de diversificao. Como exemplo utilizado pelos autores temos a Philips e o

    modelo de base de TV em Inglaterra que exigia uma unidade de fabrico, quando no se

    verificava diversificao suficiente.

    Locally Leveraged Como este modelo de gesto obtm-se um estmulo da criatividade

    das filiais em proveito de toda a empresa. Pode por exemplo responder a estmulos locais

    numa localizao e utiliz-lo para liderar essa tendncia noutro stio. Foi o caso da

    Unilever na Alemanha, com o lanamento do amaciador com o ursinho de peluche e

    consequente aceitao do pblico. Aps esta experincia houve a replicao da ideia para

    outros mercados. Uma dificuldade deste modelo por vezes a transferncia de tecnologia e

    conhecimento devida s especificidades nacionais e ao factor No inventado aqui, como

    foi o caso do exemplo dado na Frana.

    Globally Linked Este modelo o melhor adaptado a um ambiente no qual o estmulo para

    inovao, distante da capacidade de resposta da empresa, ou vrias unidades da

  • 20

    organizao podem contribuir no desenvolvimento de uma resposta inovadora, a uma

    oportunidade percepcionada. Assim, estimula-se e aproveita-se de forma integrada, as

    capacidades das filiais, existe possibilidade de obter economias de gama escala mundial,

    respostas comuns a estmulos (eventualmente) localizados e potenciar aprendizagem

    escala mundial na resoluo de problemas. Foi o caso do desafio, do detergente lquido na

    P&G contra a Wisk da Unilever, aps muitos anos e atravs da coordenao de pesquisa no

    Japo, Europa e EUA, que finalmente conseguiu lanar o Cheer, Ariel e o Tide

    respectivamente fazendo frente ao Wisk. Este modelo porm, acarreta elevados custos de

    coordenao, alguma ambiguidade, falta de integrao e excessiva difuso da autoridade o

    que poder causar conflitos e dificuldades de gesto.

    2.2.1.3 Tipologias de Subsidirias

    A anlise de tipologias das subsidirias surge como a terceira dimenso, de uma forma no

    esttica, esta encarada com um tempo de vida, fases de evoluo e transio no modo de

    acrescentar valor. O conceito de evoluo das subsidirias nasce de um processo temporal

    de acumulao de recursos e capacidades que, por essncia, mutvel perante o

    surgimento de oportunidades ou ausncia delas que conduz a uma fase de desinvestimento.

    Uma subsidiria pode tornar-se maior ou menor e mais especializada ou menos, como

    resultado de diferentes motivaes (busca de recursos, capacidades e eficincia ou apenas

    de novos mercados para explorar as suas vantagens) ou a partir dos modos de entrada no

    mercado local investimento, aquisio ou joint-venture. A subsidiria entendida como

    instituio que adiciona valor no estrangeiro e executa uma nica actividade, algumas ou

    toda a cadeia de valor. Assim, o papel exercido por uma subsidiria dentro de uma

    corporao est estreitamente ligado a sua capacidade de adicionar valor. Tal desiderato

    permite, portanto, distintas trajectrias evolutivas entre as unidades dentro da mesma

  • 21

    organizao, inclusive dentro da mesma regio. A literatura sobre a evoluo de

    subsidirias das empresas multinacionais fragmentada e com uma parcela substancial da

    discusso, concentrada nos aspectos administrativos. Mais recentemente, em particular na

    dcada de 1990, os estudos voltaram-se para a anlise do papel desempenhado pelas filiais

    dentro das redes multinacionais.

    Evocando Birkinshaw (1997), pode dizer-se que a evoluo da subsidiria passa por duas

    fases cruciais: a primeira a da afirmao, da viabilizao, a fase de pr as coisas a

    funcionar, e a outra fase a da sustentao e nesta a subsidiria ter de ser capaz de, com o

    tempo que tem, criar factores de diferenciao, tornar-se distinta dentro do grupo, e de

    ligao ao mercado exterior, nomeadamente local, para ganhar notoriedade e presena a

    mdio e longo prazo.

    Uma vez que a unidade de investigao para este estudo ser a subsidiria, enquadra-se

    entre a perspectiva dos principais autores, a lgica de pensamento que se seguir para a

    anlise na prtica das empresas e que sero conceitos importantes dos quais se basear

    tambm o captulo da discusso e anlise de dados.

    White e Poynter em 1984 identificam cinco grandes categorias de estratgias seguidas

    pelas subsidirias em funo de diferenas observadas relativamente abrangncia da

    linha de produtos, de mercado e de actividades desenvolvidas da cadeia de valor. 1)

    Miniature Replica, 2) Marketing Satellite, 3) Rationalised Manufacturer, 4) Product

    Specialist, 5) Strategic Independent. A definio de abrangncia da linha de produtos

    corresponde liberdade da subsidiria em estabelecer a extenso da linha de produtos

    comercializada e a criao de novas reas de comercializao.

  • 22

    A abrangncia de mercado corresponde capacidade da subsidiria estabelecer os

    mercados a servir. A abrangncia de actividades refere-se possibilidade de realizar

    diversas actividades da cadeia de valor, tal como, desenvolver produtos, produzi-los e

    implementar actividades de marketing. A abrangncia de mercado (market scope) pode

    ser local, como no caso da rplica miniatura, ou Global, como no caso do especialista de

    produto ou estrategicamente independente. A distino entre estes dois papis deve-se

    abrangncia da linha de produtos. Da mesma forma, mas limitadas apenas ao mercado

    local, as subsidirias com um papel de rplica miniatura podem ter actividades inovadoras.

    Jarillo e Martinez (1990), partindo do trabalho de Prahalad e Doz (1987) e com base nas

    dimenses de nvel de integrao e de localizao, estabeleceram uma tipologia com trs

    classificaes de subsidirias: activas, receptivas e autnomas. Citando Levitt (1983),

    consideram que as economias de escala em muitas indstrias, os transportes, as

    comunicaes e a homogeneizao de gostos dos consumidores entre vrios pases,

    conduzem Globalizao dos mercados. Relacionam assim este processo de integrao

    com uma maior interdependncia entre subsidirias, com a definio de uma estreita linha

    de produtos a vender escala mundial e com a concentrao da produo em poucas

    fbricas com vista obteno de economias de escala. Identificam porm, presses para a

    necessidade de responder s caractersticas locais exercidas pelos governos com nfase no

    investimento, na criao de postos de trabalho e na transferncia de tecnologia. Segundo os

    autores, outras presses para a necessidade de resposta local vm dos consumidores que

    mantm gostos particulares e da diferente estrutura e funcionamento de mercados entre

    pases.

  • 23

    Gupta e Govindarajan (1991) apresentam uma perspectiva baseada na observao dos

    fluxos de conhecimento. Estes autores consideram dois contextos: um primeiro relativo aos

    fluxos de conhecimento que vo da subsidiria para a restante organizao (outflows);

    um segundo relativo aos fluxos que provm da organizao para a subsidiria (inflows).

    Na perspectiva dos autores, o inovador Global representa uma fonte de conhecimento

    para a multinacional, o jogador integrado tem um papel idntico, mas sem a mesma auto-

    suficincia. O implementador no apresenta grande criao de conhecimento, sendo um

    beneficirio dos desenvolvimentos produzidos por outros no seio da multinacional. O

    inovador local surge como uma subsidiria com desenvolvimento prprio, mas devido

    natureza restrita de aplicao, no transposto para outras subsidirias.

    Bartlett e Ghoshal

    O tipo de subsidirias apresentadas por estes dois autores, uma das trs dimenses de

    anlise da tipologia corporate, e so elas implementer, contributor, black whole e strategic

    leader e definem-se da seguinte forma, de acordo com a figura 2-3:

    Figura 2-3 Tipologias de subsidirias de Bartlett e Ghoshal

    Fonte: Bartlett e Ghoshal (1989) adaptado

  • 24

    O executante, Implementador, caracteriza-se por ter uma abrangncia geogrfica

    limitada, quase sempre apenas um pas, e severamente constrangido em termos de leque de

    produtos/recursos e abrangncia de valor acrescentado. Poder associar-se a esta

    classificao de White e Poynter (1984) rplica miniatura, de Jarillo e Martinez (1990)

    subsidiria autnoma ou de Gupta e Govindarajan (1991) inovador local. Vrias

    actividades da cadeia de valor foram integradas Globalmente (Porter, 1986), pelo que este

    tipo de subsidiria detm limitada abrangncia funcional.

    Contribuidor uma subsidiria com considervel nvel de conhecimento especfico de

    certas funes ou actividades gozando por isso acesso a recursos elevados, mas com estas

    actividades directamente coordenadas com outras subsidirias, ou seja a importncia

    estratgica do local no de elevada relevncia.

    classificao de lder estratgico, esto associados elevados nveis de capacidades e

    recursos e competncias, actuando a filial num elevado mercado de importncia estratgica

    para a organizao.

    Como ltimo tipo de subsidiria temos a o buraco negro, que balana entre o facto de deter

    uma importncia estratgica da sua implementao como filial elevada, face ao facto de

    no possuir competncias nem recursos.

    2.3 Dimenses Estratgicas

    Como desenvolvido aquando a introduo de conceitos pela Escola Nrdica, o processo de

    internacionalizao, o crescente envolvimento em operaes internacionais (Luostarinen

    1988), ou processo pelo qual uma empresa refora a sua capacidade de pensar

    internacional e aumenta o nvel das suas actividades de valor acrescentado fora do pas de

  • 25

    origem. Para Bartlett e Ghoshal, uma empresa internacional no se limita a isso, esta tem

    activos e competncias no estrangeiro, subsidirias, e existe uma relao com a casa me

    relativamente estratgia a implementar e a nvel de aprendizagem.

    Definem-se como as trs dimenses estratgicas, eficincia, flexibilidade e aprendizagem e

    so o principal determinante dos principais quadros de anlise sobre estratgias

    internacionais: Porter (1986); Prahalad e Doz (1987, 1991) e Bartlett e Ghoshal (1989,

    2000).

    Para Bartlett e Ghoshal (2000), o propsito atingir os objectivos estratgicos da

    eficincia, flexibilidade e aprendizagem, devendo a empresa para melhor atingir os seus

    objectivos, utilizar os seguintes instrumentos: as diferenas nacionais, as economias de

    escala e as economias de gama, atravs das empresas Internacional (+ eficincia),

    Multinacional (+ flexibilidade), Global (eficincia) ou Transnacional (eficincia +

    flexibilidade + aprendizagem). Neste ltimo, como as competncias distintivas j no

    residem s num pas, em vez de focar uma das fontes de vantagem competitiva ou atingir

    algum dos objectivos estratgicos, tenta explorar cada e todos os objectivos e fontes de

    maneira a desenvolver simultaneamente a eficincia, flexibilidade e aprendizagem.

    A nova perspectiva da aprendizagem e do conhecimento realada na empresa

    Transnacional de Bartlett e Ghoshal de 1989 veio para ficar. Em 1991 Gupta e

    Govindarajan apresentam uma perspectiva baseada na observao dos fluxos de

    conhecimento. Estes autores consideram dois contextos, como j abordados no subcaptulo

    das subsidirias, um primeiro relativo aos fluxos de conhecimento que vo da subsidiria

    para a restante organizao (outflows); um segundo relativo aos fluxos que provm da

  • 26

    organizao para a subsidiria (inflows). Assim surgem os conceitos de i) inovador

    Global, ii) jogador integrado, iii) implementador e iv) inovador local. A relevncia

    crescente da capacidade de captar e integrar conhecimentos fez com que em 2001, Doz,

    Santos e Williamson, chamassem a ateno para uma nova estratgia, a metanacional. O

    seu objectivo focar-se na prospeco de bolsas de conhecimento ainda no aproveitadas

    espalhadas pelo mundo que funciona como uma espcie de coordenao por projectos nos

    quais a percepo, a movimentao e a integrao do conhecimento em solues tem de

    ser muito rpido.

    Segundo estes autores a empresa metanacional dever desenvolver seis capacidades. Com

    o objectivo de perceber mais rpida e eficazmente o conhecimento que os concorrentes, 1)

    a capacidade de prospeco, onde dever haver predisposio para procurar bolsas de

    inovao tecnolgica e novas procuras de mercado; 2) capacidade de acesso, onde estas

    bolsas so acedidas atravs de rede de relaes com parceiros, universidades, fornecedores,

    clientes que partilham e desenvolvem conhecimento. Relativamente mobilizao do

    conhecimento disperso de forma mais criativa que o concorrentes, 3) a capacidade mbil,

    com processos capazes de mobilizar conhecimentos atravs de projectos, que possam

    identificar e utiliz-los para criar novas solues; 4) capacidade de agregao onde

    diferentes conhecimentos se juntam em solues coerentes capazes de implementar

    inovaes que satisfaam necessidades de clientes. Finalmente, com o objectivo de

    operacionalizar inovaes de uma forma mais eficiente que a concorrncia, deve ter 5)

    capacidade de transmitir ou seja transferir novas solues criadas em formato utilizvel

    para operaes dirias que fortalea cadeias de fornecimento; e a ltima, 6) capacidade de

    alavancar as inovaes a nvel global.

  • 27

    2.4 Definio do Problema de Investigao

    De Bartlett e Ghoshal (1989, 2000) para Doz, Santos e Williamson (2001) o tempo

    acelerou e o mundo encolheu, quer na prtica comercial em relao a produtos, e servios,

    como para toda a cadeia de valor de uma organizao.

    Perante a reviso da literatura, coloca-se a seguinte questo, at que ponto as empresas do

    sector energtico se revem a nvel corporate na tipologia de Bartlett e Ghoshal (1989,

    2000) quer ao nvel das estratgias quer ao nvel das subsidirias. Que resultados face a

    eficincia, flexibilidade e aprendizagem? Colocam-se portanto as seguintes questes de

    pesquisa:

    a) Segundo a perspectiva de Bartlett e Ghoshal (1989, 2000), como se

    internacionalizam as grandes Empresas Portuguesas, do sector energtico?

    b) Estas empresas do sector esto a internacionalizar-se da mesma maneira?

    c) Porque se internacionalizam de forma similar ou distinta?

    A colocao das questes de investigao o cerne do estudo, como tal foram formuladas

    da forma mais exacta possvel, para evitar quebras de raciocnio lgico, conectar as

    intenes de quem escreve para quem l e claro, da sua gnese que nasce a metodologia a

    aplicar e o delinear de toda a actividade de pesquisa.

  • 28

    Captulo 3 - Metodologia

    Pretende-se com este captulo, esclarecer as linhas e o quadro de investigao que se

    pretende seguir no presente estudo. O contributo adicional de qualquer dissertao e o

    processo de criao desse valor, para que seja reconhecido, deve claramente obedecer s

    regras de investigao na actividade cientfica, assim, deste modo, esclarecem-se alguns

    conceitos pelo qual este estudo se reger.

    Em primeiro lugar h que distinguir dois conceitos fundamentais que regem o mtodo e a

    forma como se encara uma investigao, o positivismo e a fenomenologia. O mtodo geral

    do positivismo de Auguste Comte (1798-1857) consiste na observao dos fenmenos,

    subordinando a imaginao observao. Para A. Comte o conhecimento advm da

    cincia e na concepo positivista, a cincia dever aceitar a superioridade das cincias

    naturais como modelo, assim como aceitar o princpio de que s existe um mtodo eficaz,

    que o mtodo emprico-dedutivo das cincias naturais. Na lgica positivista, qualquer

    fenmeno rege-se por leis imutveis que podem vir a ser conhecidas integralmente atravs

    dum modelo matemtico explicativo. Comte definiu a palavra "positivo" com sete

    significados: real, til, certo, preciso, relativo, orgnico e simptico.

    Nos ltimos anos, o positivismo tem sofrido crticas bastante fortes, especialmente no

    campo das cincias sociais onde o positivismo no visto como uma abordagem

    suficientemente completa e atraente para explicar a profundidade dos complexos

    problemas nomeadamente no campo da gesto e dos negcios.

    A Fenomenologia, nasce na segunda metade do sculo XIX, a partir das anlises de Franz

    Brentano (1838-1917) e prope a extino da separao entre sujeito e objecto, e examina

  • 29

    a realidade a partir da perspectiva de primeira pessoa. Em confronto com o positivismo, a

    fenomenologia no considera o mundo como uma realidade puramente objectiva, mas sim

    como uma realidade principalmente subjectiva que no pode ser modelada apenas nos

    modelos matemticos explicativos evocados por Comte.

    Outros dois conceitos importantes so esclarecidos por Silverman (1993) e Bonache

    (1999), que definem a metodologia como o enfoque geral para estudar um problema de

    investigao. Refere-se ao pressuposto racional e filosfico que est por trs de um estudo,

    enquanto que o mtodo se refere tcnica especfica de recolher dados.

    As cincias sociais so diversificadas relativamente metodologia, esta poder ser de

    abordagem qualitativa, quantitativa ou mista. Mtodos qualitativos incluem o estudo de

    caso, fenomenologia, etnografia entre outros. Mtodos quantitativos incluem por sua vez o

    teste de hipteses, estudos de observao, anlise de regresso entre outros.

    3.1 - Orientaes, descrio da abordagem metodolgica.

    O presente estudo pretende ser, uma anlise s tipologias das estratgias de

    internacionalizao das empresas REN, EDP e GALP. Dada a sua natureza, pretende-se

    fazer uma abordagem qualitativa e esta assentar numa metodologia de estudo de caso. O

    estudo de caso, uma investigao emprica que estuda um fenmeno contemporneo

    dentro do seu contexto real, quando as fronteiras entre o fenmeno e o contexto no so

    claramente evidentes, utilizando mltiplas fontes de prova (Yin, 1994). Portanto e em geral

    o estudo de casos para Yin, e para Eisenhardt (1989) a melhor metodologia de

    investigao quando se pretende dar resposta a perguntas do tipo como e porqu, como

    no caso da presente dissertao, quando o investigador tem pouco ou nenhum controlo

  • 30

    sobre os acontecimentos e quando o foco para um fenmeno, que dentro do seu prprio

    contexto seja contemporneo e no passado. Atravs do estudo de casos, podemos recorrer

    a diversos mtodos de recolha de dados de diferentes origens. Com esta flexibilidade pode-

    se encarar o estudo de caso como totalmente positivista, fenomenolgico, ou ainda obter

    um conjunto dos dois.

    Para seguir uma metodologia cientfica teremos que tomar uma deciso estratgica inicial

    relativamente ao desenvolvimento de uma investigao terica ou emprica. No estudo a

    desenvolver sobre a REN, EDP e GALP, procurar-se- um complemento entre os dois.

    Relativamente componente terica, focar-se- em reviso de livros, artigos, dados e

    comunicaes sobre as empresas e as matrias alvo de anlise. Na componente emprica,

    ser realizado trabalho de campo junto das organizaes com entrevistas, observaes,

    recolha directa de dados, para posterior tratamento e anlise de informao, tentando dessa

    maneira retirar concluses que acrescentem alguma coisa ao conhecimento j existente.

    Yin (1994) enumera os estudos de caso em: descritivos quando analisam um fenmeno no

    seu prprio contexto real; exploratrios quando buscam a familiarizao com uma situao

    sobre a qual no existe um marco terico bem definido; explanatrios quando pretendem

    revelar o como e o porqu de um determinado fenmeno actual no seu prprio

    contexto real para o qual o investigador pouco ou nada contribuiu. Enquadrando-se, as

    questes de investigao, neste ltimo tipo.

    Na metodologia do estudo de casos o investigador ao assumir que faz parte integrante do

    contexto, desloca as suas atenes no para a neutralidade, em que no acredita, mas para

    as diferentes formas de minimizar os riscos de enviesamento e subjectividade associados

  • 31

    impossibilidade de neutralidade. Assim, porque os enviesamentos podem estar em todo o

    lado, seja na recolha de informao, na observao, nas respostas s entrevistas,

    actividades a desenvolver durante o estudo, a utilizao de um processo de triangulao

    (Yin, 1994) uma das formas de dar maior confiana aos resultados e a todo o processo.

    Este envolve um nmero distinto de actividades e tcticas. implementado um tipo de

    triangulao proposto por Patton (1987):

    a) Triangulao da informao, isto utilizar mltiplas fontes de recolha de informao.

    Da a procura de complementaridade e sobreposio da deciso emprica e terica.

    No desenvolvimento do estudo foi estabelecido um protocolo, como recomendado por Yin

    (1994). O protocolo do caso, um documento onde esto detalhadamente escritos os

    passos a dar para atingir os objectivos. tambm o documento onde foram redigidas as

    lacunas entre a pesquisa terica e que necessitam de ser esclarecidas por um trabalho de

    campo. Deste protocolo foram elaboradas as questes orientadoras que serviram de linha

    condutora para as entrevistas.

    3.2 - Descrio do contexto da investigao e delimitao do campo de anlise

    Algumas limitaes postas partida, prevem que a dissertao no ter em ateno o

    facto das empresas terem tempo de vida diferentes, nem far uma anlise temporal das

    actividades, nem o desfasamento na comparao entre empresas. Na anlise histrica,

    qualquer referncia de datas ter apenas a inteno de localizar temporalmente o

    acontecimento e no abord-lo num perspectiva evolutiva. Outra limitao da dissertao

    prende-se com o facto de se querer estudar as grandes empresas portuguesas que

    pertencem a este sector em 2009 (REN, EDP e GALP), sendo que a desactualizao do

  • 32

    estudo poder ser iminente, dadas as perspectivas de contnua liberalizao e crescimento

    do sector, contudo so os dados que esto disponveis at data da realizao da mesma.

    O complemento terico e emprico que se procura neste estudo, passar pelos seguintes

    passos. Na prtica, ser necessrio perceber quais foram os drivers para a

    internacionalizao de cada uma das organizaes e onde esto presentes. Esta perspectiva

    ter uma relevncia a nvel corporate onde poderemos tentar conhecer as razes para,

    segundo as dimenses de Bartlett e Ghoshal, determinada configurao de activos e

    competncias, enquadramento em que determinada subsidiria foi criada, que papel

    desenvolveu no seio da organizao e ainda como se comporta relativamente

    aprendizagem. Com a recolha de dados e material histrico, poderemos confrontar as

    caractersticas das subsidirias. Estas so o instrumento de estudo e atravs delas que

    conseguimos ter o elemento mensurvel. Sero esclarecidas as seguintes questes

    relativamente: sua distribuio geogrfica, quais e onde, quantas, se so diferentes ou

    iguais relativamente casa me, se so diferentes ou iguais face s irms.

    Junto das empresas querer-se- perceber ainda questes como a adaptabilidade do sector

    energtico. Como se adapta ao local produtos como, o gs, electricidade ou o extraco de

    petrleo? O que para cada uma das organizaes a eficincia, flexibilidade e

    aprendizagem e perante esses conceitos como percepcionam as suas empresas?

    Como j referido no captulo de reviso da literatura, dentro da rea de internacionalizao

    ser intuito desta dissertao, mais especificamente, focar as tipologias de estratgia de

    internacionalizao, deixando de parte as formas de entrada e os modos de operao o que

    tornaria o estudo ingovernvel.

  • 33

    Captulo 4 Estudo de Casos - Anlise de dados

    4.1 - Estudo de caso GALP

    4.1.1 Histria e principais acontecimentos

    A GALP Energia (GE) foi constituda em 22 de Abril de 1999 sob a denominao GALP

    Petrleos e Gs de Portugal SGPS, S.A., agrupando 100% a Petrogal, e a GDP, sociedade

    responsvel pela importao, transporte e distribuio de gs natural. Em 2007 viu-lhe

    concedida a licena para produo e comercializao de electricidade em Portugal.

    A Petrogal Petrleos de Portugal, S.A. foi constituda em 1976, atravs da fuso de

    quatro empresas petrolferas, a Sonap criada em 1933 com a actividade comercial e

    distribuidora de produtos petrolferos, a Sacor 1938 formada com o inicio do processo de

    refinao em Cabo Ruivo, a Cidla - Combustveis Industriais e Domsticos formada em

    1940 (51% da Sacor) e a Petrosul - Sociedade Portuguesa de Refinao de Petrleos de

    1972.

    A GDP Gs de Portugal, S.G.P.S., S.A. a antiga Sociedade Portuguesa de Petroqumica

    (SPP) criada em 1957 pela Sacor e pela CRGE de 1891. A CRGE grupo, deriva da fuso

    da Companhia Lisbonense de Iluminao a Gaz formada em 1848 quando se passou do

    sistema de iluminao publica de azeite (sistema desde 1780 em Portugal) para gs, e da

    Companhia Gaz de Lisboa criada em 1887 que surge como concorrente com o aumento da

    procura e consumo domstico.

    A CRGE foi responsvel pela introduo do gs em Portugal como fonte de energia, graas

    aos avanos conseguidos no campo da iluminao citadina. A GDP dedica-se importao

  • 34

    e transmisso de gs natural, atravs da Transgs (da qual detm 100%), e distribuio de

    gs natural por meio de seis distribuidoras regionais.

    4.1.2 - Caracterizao actual da empresa

    Actualmente, a GALP Energia a principal empresa integrada de produtos petrolferos e

    gs natural do pas, com uma actividade em desenvolvimento no sector da produo e de

    fornecimento de energia elctrica. Em relao organizao, resume-se assim:

    Figura 4-1 Organigrama Estrutural do Grupo GALP Energia SGPS.

    Fonte: Relatrio e Contas GALP 2008

    Figura 4-2 Organigrama das Unidades de Negcio e Segmentos do Grupo GALP

    Energia.

    Fonte: Relatrio e Contas GALP 2008

    GALP Energia, SA 100%

    GALP Power SGPS 100%

    Petrogal S.A 100%

    GDP SGPS 100%

    GALP Energia, SGPS

    Central-e 20,3%

    Corporate e Outros Gs & Power (Gs Natural e

    Power)* Refinao e Distrib. de Produtos Petrolferos

    (ARL;Dist.Oil;Inter.Oil)

    Explorao e Produo (E&P)*

    GALP Segmentos de Negcio (Uni.

    Negcios)

  • 35

    Tabela 4-1 Distribuio de colaboradores por segmento de negcio

    Segmentos de Negcio 2005 2006 2007 2008 Explorao & Produo 36 48 62 70

    Refinao & Distribuio 4867 4790 4747 6686

    Gs & Power 685 491 462 476

    Outros 578 540 527 585

    Total 6166 5869 5798 7817

    Fonte: Elaborado pelo prprio a partir de elementos da Empresa

    A incidncia sobre a internacionalizao, tem estimulado uma aposta na atribuio de

    recursos para diferentes pases, principalmente com o desenvolvimento das actividades de

    Refinao e Distribuio mas com alguma na Explorao & Produo e Power, nos mais

    variados pontos do globo, nomeadamente, Espanha, Angola, Moambique, Brasil,

    Venezuela, Timor-Leste e em Portugal. De forma a responder a esta nova necessidade

    redefiniram-se as polticas de expatriao e destacamento no sentido de estimular a

    mobilidade geogrfica. Neste momento cerca de 4% dos colaboradores da GALP Energia

    trabalham j fora da Pennsula Ibrica. Relativamente a Espanha, conta j com cerca de

    20% dos seus colaboradores do grupo, o que evidencia a sua importncia. Sem duvida, a

    principal variao face ao final do ano de 2007 deu-se no segmento de negcio Refinao

    & Distribuio, com o aumento de 1.939 colaboradores a ser sobretudo explicado pela

    incluso dos colaboradores das estaes de servio das unidades Ibricas da Agip (907), da

    ExxonMobil (1.017) e das unidades africanas Shell Moambique, Shell Gambia e Shell

    Suazilndia (52).

  • 36

    Cultura e Liderana

    A cultura e a liderana de uma empresa um elemento nuclear para a compreenso do seu

    percurso. A Gesto de topo da GALP tem uma estrutura bicfala, com uma Comisso

    Executiva presidida pelo Eng. Manuel Ferreira de Oliveira e um conselho de administrao

    presidida pelo Dr. Francisco Lus Murteira Nabo.

    A herana administrativa, define o percurso e marcada pela participao de

    impulsionadores chave, entre muitos gestores relevantes na histria da organizao,

    salientam-se os fundadores por terem tido um papel fundamental no pensamento

    internacional das empresas Sonap e Sacor. A histria da Sonap indissocivel da histria

    de Manuel Boullosa, personalidade dotada de profunda conscincia social e empresarial,

    que segura as rdeas e leva alm a posio da Sonap no mercado petrolfero. Nasce em

    Lisboa a 1905, com uma juventude atribulada torna-se comissionista da Shell e, mais tarde,

    da Cooperativa Portuguesa de Gasolina e Petrleo. Com apenas 28 anos, funda a Sonap,

    assume a presidncia da Omnium Franaise des Ptroles, em Paris, a Administrao da

    Union Franaise de Ptroles e da Sacor; a gesto de petrolferas em Marrocos, Arglia e

    Tunsia e accionista da Petrogal. O gosto pela leitura leva Boullosa a participar no

    lanamento do semanrio "Expresso", adquirindo 10% do seu capital, entre outros

    investimentos na rea da informao. Torna-se, ainda, scio-fundador da Solor e participa

    na fundao da TAP. Antes de falecer em 2000, torna-se conselheiro de Mao Tse-Tung e

    do Imperador Muhammed Reza X Pahlavi (Iro). No lado da Sacor, a indstria petrolfera

    portuguesa comea verdadeiramente em 1940, quando entra em funcionamento a primeira

    refinaria nacional: a Refinaria de Cabo Ruivo, que arranca com uma capacidade de

    tratamento de 300 mil toneladas anuais. Essa iniciativa, para o tempo muito ousada, no se

    teria concretizado, pelo menos nos moldes em que o foi, sem o papel decisivo e pioneiro de

  • 37

    Martin Sain (1884), um cidado romeno que nos primeiros anos ganhou larga experincia

    na indstria petrolfera conseguindo fazer o armazenamento de enormes quantidades de

    fuelleo em reservatrios naturais. Quando Hitler invade a ustria, em 1937, Martin Sain

    abandona definitivamente o seu pas natal, instalando-se em Paris. A toma conhecimento

    dos projectos portugueses para a criao de uma indstria refinadora nacional. Com 53

    anos, vem pela primeira vez a Portugal, onde vive duas dcadas da sua vida. Iniciam-se,

    ento, negociaes com o Governo Portugus com vista construo e explorao de uma

    refinaria. com a sua aco e a de outros tcnicos, que preconiza o nascimento e

    desenvolvimento de uma cultura tecnolgica na rea da refinao dos petrleos em

    Portugal, o incio da Sacor. este legado que constitui a base da GALP e com ele que

    se desenvolve.

    Estratgia

    Como estratgia a GALP pretende construir um operador de referncia multi-energia

    com nveis superiores de criao de valor, com foco na Explorao e Produo de

    Petrleo, Refinao e Comercializao de Produtos Petrolferos, Fornecimento e

    Comercializao de Gs Natural, e Gerao e Comercializao de Electricidade

    (Relatrio e Contas GALP 2008). A GALP tem desenvolvido uma estratgia no sentido de

    controlar toda a cadeia de valor, desenvolvendo actividades a montante e a jusante da

    refinao que o seu core. No que toca internacionalizao, a proximidade cultural e

    lingustica tem sido o factor preferencial tanto para a procura de matrias-primas como no

    caso da explorao de petrleo, como para a distribuio e comercializao de produtos

    petrolferos. O legado histrico resulta de um agrupamento de empresas que remontam ao

    prprio inicio da industria energtica, como j vimos, tambm a motivao das empresas

    indissocivel da motivao enquanto nao, dado que estas eram nacionais e/ou

  • 38

    monoplios e impulsionadas com a viso do pas . Assim a presena internacional que hoje

    persiste, fruto de um sistema colonizador, como outrora o de Portugal e da relao que

    tinha com as colnias. As empresas predecessoras da GALP, passaram a ser internacionais

    por uma revoluo, at data tinham procedido apenas a uma expanso regional.

    4.1.3 Estratgias Internacionais: Dimenses

    Na dcada de 50 atravs da Sacor e da Sonap, so criadas as primeiras sinergias com pases

    africanos. Como colnias, h uma abertura, facilidade e at mesmo incentivo para a

    internacionalizao para estes pases por parte do estado, a par com Espanha pelo que a

    proximidade cultural presta um papel relevante nesta empresa. A aposta em frica, de

    expresso portuguesa, prende-se com o facto da empresa ter vantagens competitivas em

    relao aos concorrentes. A partilha da lngua, histria e outras afinidades, permitem a

    obteno de benefcios nos negcios. Contudo dificuldades so notrias, a empresa actua

    num contexto de instabilidade poltica e social, com deficincias de infra-estruturas e

    servios de apoio actividade empresarial, riscos cambiais e problemas de financiamento.

    Portugal assiste liberalizao do mercado, com a entrada de novos operadores no pas,

    em 1991. Perante a concorrncia, assiste-se naturalmente a uma perda de quota de mercado

    ou reduo da margem de comercializao. A estratgia passa pela internacionalizao

    para mercados onde seja capaz de conquistar quota de mercado e obter lucros. Prolonga-se

    a aposta de afirmao no mercado espanhol e em frica. Surge a Unidade de Negcio

    (UN), Internacional Oil incumbida da gesto dos negcios estrangeiros excepto Espanha e

    os activos de explorao e produo, isto todos os restantes negcios em Angola,

    Moambique, Guin-Bissau e Cabo Verde. Gerir de forma eficiente, segura e competitiva

    as empresas participadas em frica um dos seus objectivos. No contexto da expanso

  • 39

    internacional definida para a GALP Energia, assumem particular relevncia os objectivos

    que esta UN se prope alcanar. Impe-se a necessidade de estipular e propor o plano

    estratgico de desenvolvimento a aplicar nas empresas participadas, garantindo-se, deste

    modo, o aproveitamento de oportunidades atractivas que assegurem a expanso do

    negcio, de acordo com os interesses estratgicos do Grupo. Nota-se portanto uma

    tendncia centralista na casa-me relativamente estratgia, reconhecendo contudo,

    distines de oportunidades locais e a preocupao de ajustar a estratgia a cada pas.

    Contudo, relativamente s operaes, dada alguma autonomia. As empresas participadas

    asseguram a comercializao competitiva e rentvel dos produtos, assim como toda a

    operao de aprovisionamento e logstica inerente.

    necessria a rentabilizao das infra-estruturas de armazenamento, enchimento e

    transporte, assim como dos postos de abastecimento, bancas martimas e instalaes para

    aeronutica. Esta UN exerce responsabilidades ao nvel do planeamento e controlo,

    desenvolvimento do negcio e apoio ao mercado e comunicao. Assim as foras para a

    coordenao das actividades face configurao de actividades (Porter, 1986) uma

    preocupao essencial na gesto da GALP. tambm da sua responsabilidade garantir a

    representao da empresa em organismos nacionais e internacionais, relacionados com o

    desenvolvimento e manuteno da actividade nos diversos pases, no sentido de garantir a

    defesa dos interesses do Grupo.

    4.1.3.1 - Localizao de activos e competncias no estrangeiro

    Participaes e activos em Espanha

    A GALP Energia Espaa S.A. comercializa produtos petrolferos e servios associados. A

    rede de retalho da GALP Energia em Espanha integra cerca de 634 postos de

  • 40

    abastecimento depois da aquisio da Agip em 2008 e desenvolve a sua actividade em

    torno de 6 regies alvo Andaluzia, Catalunha, Estremadura, Galiza, Madrid e Valncia -

    que representam cerca de 65% do mercado total espanhol. Tem ainda a nvel de infra-

    estrutura logstica da Totalfina Elf (aquisio), o Parque de armazenamento Ptroval,

    situado no Porto de Valncia com uma rea de 62.000 metros quadrados e uma capacidade

    de armazenamento de 140.000 metros cbicos.

    Participaes e activos em Angola

    A empresa portuguesa estende-se pelo mercado angolano, atravs de duas empresas, a

    Petrogal Angola detida pela Petrogal, S.A. (88,7%) e pela GALP Explorao S.A (11,3%)

    que assegura a gesto de participaes das restantes empresas e a comercializao de

    lubrificantes e a SonanGALP, detida pela Petrogal Angola (49%) e pela Sonangol (51%).

    A sua actividade centra-se na distribuio e comercializao de combustveis lquidos e

    lubrificantes e na explorao de postos de abastecimento e estaes de servio. O

    envolvimento em projectos upstream data de 1982 neste pas, actualmente em 6 blocos em

    parceria com a Sonangol. A SonanGALP surge dum acordo de cooperao, assinado entre

    a Sonangol e a Petrogal, em 1994, que visa a criao de uma empresa mista com o

    objectivo de consolidar o projecto de acordo entre as duas empresas para a cooperao na

    rea de distribuio de combustveis. Em termos logsticos, do-se incio s operaes da

    base logstica de combustveis de Morro Bento, o que possibilita uma maior eficcia na

    distribuio dos combustveis e lubrificantes. Em 2008, a rede de Retalho constituda por

    nove postos de abastecimento. Os volumes de vendas colocam a empresa no topo dos

    melhores postos de abastecimento do pas.

  • 41

    Participaes e activos em Moambique

    A Petrogal Moambique, Lda. e a Moacor, Lda. so as duas empresas atravs das quais a

    GE est presente no mercado Moambicano. A primeira, por sua vez, participada a 100%

    pela Petrogal, SA., as suas actividades so distribuir e comercializar combustveis lquidos

    e lubrificantes.

    A Petrogal Moambique, Lda. foi constituda na cidade de Maputo, onde funda a sua sede

    social, no dia 2 de Dezembro de 1997. Tem como objectivos a pesquisa e explorao de

    petrleo e gs natural, produo, distribuio, transportes, armazenamento e

    comercializao de todos os derivados do petrleo e a explorao de postos de

    abastecimento e estaes de servio em Moambique. A Moacor, tem armazenamento,

    enchimento e comercializao de GPL. Destaque-se a existncia do Parque da Matola e

    Beira, da propriedade desta empresa. Conta actualmente com 28 Postos.

    Participaes e activos em Cabo verde

    A GALP Energia (Petrogal, S.A.) detm, 47,5% da Enacol Empresa Nacional de

    Combustveis, SARL. A presena da GE neste pas assegurada por esta via e por

    contratos de fornecimento de produtos com esta associada. Actualmente, esta detm uma

    quota de 42%,. constituda por 24 postos de abastecimento. A Enacol detm actualmente

    uma quota de mercado de cerca de 28% na comercializao de GPL. A empresa tem vindo

    a ganhar quota Multinacional Shell, lder neste mercado. Nesse sentido, concebida uma

    estratgia de fidelizao e melhoria de servio no segmento hoteleiro. A empresa procura

    conquistar novos clientes e transferir os actuais para o granel, mediante o recurso a

    instalaes de armazenamento, propriedade da Enacol. O investimento rentabilizado por

    contratos de fornecimento de cinco a dez anos. Detm ainda 4 parques de armazenamento.

  • 42

    Participaes e activos em Guin Bissau

    Petrogal Guin-bissau, 100% da Petrogal SA tem como activos, o Parque de

    Armazenamento de GPL (Bissau), Parque de Armazenamento Gasleo (Bissau), Parque de

    Armazenamento Gasolina (Jugudull), Armazm de Lubrificantes (Bissau), Edifcio Sede

    (Bissau), Edifcio da antiga sede (Bissau - arrendado), Instalao de abastecimento

    aeronaves (Bissau). Atravs da participao que a Petrogal, S.A. apresenta em diferentes

    empresas que actuam no mercado Guineense, a GALP lder ao nvel da importao,

    armazenamento, comercializao e distribuio de combustveis lquidos, lubrificantes e

    gs. A Petrogal Guin-Bissau assegura a gesto das participaes das restantes empresas.

    A Petromar, associada da Petrogal Guin-Bissau, com a sua rede de 8 postos de

    abastecimento em funcionamento, consegue manter a sua quota de mercado nos 60%. Tem

    ainda 3 parques de armazenamento. A GALP o nico operador de GPL com infra-

    estruturas de enchimento de garrafas e armazenamento sobredimensionadas para os actuais

    consumos. Em frica especialmente, o GPL um bem socialmente relevante, visto que o

    combustvel domstico substitui a lenha e o carvo. Nos combustveis e lubrificantes a

    GALP lder de mercado, com mais de 50% de quota e independncia logstica.

    Participaes e activos no Brasil

    O grupo tem procurado parcerias com empresas de reconhecida capacidade tcnica e

    financeira, e adquirir participaes em blocos de explorao petrolfera e de gs natural. A

    semelhana com a empresa estatal Sonangol em Angola, no Brasil tambm se tem

    procurado em todos os blocos parceria com a empresa brasileira Petrobras. Actualmente

    de realar os 3 Blocos Potiguar, Sergipe/Alagoas, Esprito Santo com participao de

    50% da GALP. Ao todo o envolvimento da empresa atinge 46 blocos de explorao

    perfurados.

  • 43

    Classificao da Localizao de activos e competncias

    Como resumo dos activos segundo as reas de negcio temos a seguinte distribuio geral,

    para as presenas mais significativas:

    Tabela 4-2 Localizao e identificao de activos e competncias

    Negcios e Pases Participao e activos Extraco & Produo Angola 6 Blocos Parceria com Sonangs Brasil 51 Blocos

    3 Blocos -Potiguar/Sergipe/ Alagoas/ Esprito Santo

    Parceria com Petrobrs

    Timor-Leste/Portugal/Lbia/ Venezuela/Moambique

    Actividades de Explorao Parcerias com ENI SpA, Sonangol, Petrobrs, Chevron, Total, Exxon e Devon.

    Refinao e distribuio Portugal, 2 Refinarias (Sines e Matosinhos) 100%;

    875 Postos de venda Angola Petrogal Angola (88,7%) Petrogal, SA 9 Postos Moambique A Petrogal Moambique (100%) da Petrogal, S.A. 28 Postos, 1 P.A. Cabo-Verde 47,5% da Enacol 24 postos. (S. Vicente) P. A. de gasleo, gasolina e

    fuel e Edifcio Sede (S.Anto) P.A. gasleo, gasolina (Sal) P. A. Jet A1 e gasleo (Santiago) P. A. Butano, Gasleo e Gasolina e escritrios (Fogo) Escritrios e Terreno para futuro P. A. (Boavista) Terreno para futuro P. Armazenamento.

    Guin-bissau; Petrogal Guin Bissau, 100% da Petrogal SA 8 Postos, P. A. de GPL (Bissau), P. A. Gasleo (Bissau), P. A. Gasolina (Jugudull), Armazm de Lubrificantes (Bissau), Edifcio Sede (Bissau), Edifcio da antiga sede (Bissau) Instalao de abastecimento aeronaves (Bissau)

    Espanha 100% GALP Energia Espaa, 634 Postos - Agip Portugal e Espaa 100% pela GALP. 100%P.A. de Valncia - Espanha (Ptroval)

    Suazilndia/Gmbia 1 P.A e 18 Estaes de Servio (Sz) e 9 Estaes Servio (Gmbia) Gs e Power Espanha Fornecimento de gs natural (100 milhes de m3) Gasoductos Internacionais (participao minoritria) Espanha

    Al Andalus (33%), Extremadura (49%) Europa-Maghreb - EMPL (27%)

    Portugal Consorcio (34%) Parques Elicos 3 Centrais cogerao - Carrio, Powercer, Energin ( 100%)

    Fonte: Elaborado pelo prprio a partir de elementos da empresa

    A organizao apresenta uma configurao de activos e actividades dispersas. Os negcios

    diferem relativamente disperso, por um lado correspondem a uma procura de matrias-

    primas e, portanto, uma disperso de actividade como o caso da extraco de petrleo

  • 44

    que depende da zona de existncia e concesso de explorao, por outro lado a replicao

    do negocio da distribuio dos produtos petrolferos como um todo de forma bastante

    similar. Ainda relativamente refinao, esta tem uma caracterstica centralizada, uma vez

    que se verifica apenas a existncia de instalaes em Sines e no Porto. Com os parques de

    armazenamento h uma preocupao de optimizao da sua utilizao pelo que se procura

    uma eficincia Global. Na organizao podemos classificar como dispersos os activos e

    competncias, com alguma adaptao ao local.

    4.1.3.2 - Papel das subsidirias

    Seguindo a metodologia, considera-se em seguida as unidades de anlise que so as

    subsidirias e a presena em cada pas. Face s actividades desenvolvidas, realiza-se uma

    comparao entre as filiais, tendo em conta as dimenses de i) Nvel de recursos e

    competncias na filial e ii) Importncia estratgica do local de implantao da filial.

    Tabela 4-3 Caracterizao das subsidirias

    N* Contributor Implementer Black whole Strategic Leader

    Espanha 8 X

    Brasil 2 X

    Angola 1 X

    Moambique 4 X

    Cabo Verde 1 X Guin-Bissau 3 X Gmbia/Suazilndia 2 X

    * Nmero de subsidirias directas e principais, detidas em 50% ou mais, com poder de voto em nomear ou remover a maioria dos membros de administrao, gesto ou superviso. No includos pases apenas com empresas de Trading e gesto de participaes.

    Fonte: Elaborado pelo prprio a partir de elementos da empresa

  • 45

    As actividades em Espanha e pases africanos, tm como objectivo a consolidao do

    negcio de distribuio, venda de produtos petrolferos. Impera portanto a determinao de

    implementar a estratgia da casa-me por intermdio e controlo da International Oil. Estas

    subsidirias tm uma abrangncia geogrfica limitada, apenas ao seu pas, e severamente

    constrangido em termos de leque de produtos/recursos e abrangncia de valor

    acrescentado. Poder associar-se a esta classificao a de Implementador (Bartlett e

    Ghoshal 1986) que est ao mesmo nvel de rplica miniatura, (White e Poynter 1984)

    neste negcio especfico.

    Relativamente s subsidirias Angola e Brasil e participaes para o desenvolvimento do

    negcio extraco e produo, apenas em Angola se verifica a produo, esta surge com

    uma alocao de recursos elevados, com importncia alta das suas actividades mas no

    propriamente com importncia de mercado. uma subsidiria com considervel nvel de

    conhecimento especfico de certas funes ou actividades (extraco, pesquisa, produo)

    gozando por isso de acesso a mais recursos, mas com estas actividades directamente

    coordenadas com outras subsidirias (Angola e Brasil atravs da casa-me). Assim, esta

    subsidiria, apontada como Contribuidora (Bartlett e Ghoshal 1986) ou associada a

    Produtor Racionalizado/Especializado (White e Poynter, 1984), receptivo (Jarillo e

    Martinez, 1990), ou ainda Inovador Global (Gupta e Govindarajan, 1991).

    No Brasil esto em desenvolvimento as aces de incio de produo, esta subsidiria

    ainda no ganhou, apesar do seu potencial, importncia suficiente, para alm das

    participaes da GALP ser em quase todos os blocos, minoritria. Nos recentes pases

    onde a GALP est presente, uma vez que as actividades so ainda de explorao no se

    procedeu a classificao

  • 46

    4.1.3.3 - Desenvolvimento e difuso da aprendizagem

    A GALP no replica todos os negcios, exemplo disso o negcio explorao e produo

    que depende dos pases que tm matrias-primas para tal fim. Em termos de recursos

    humanos, necessrio constituir equipas de trabalho nos diversos pases que se

    identifiquem com o Grupo e integrar a equipa GALP Energia. Nas operaes no

    estrangeiro, so muitos os papis de coordenao ou superviso pelo que actividades de

    execuo so muitas vezes subcontratadas, ou deixadas ao parceiro operador como o caso

    do segmento E&P no Brasil e Angola. Contudo, estimular a mobilidade, quer funcional

    quer geogrfica, no sentido de proporcionar o fortalecimento de competncias dos quadros

    um dos objectivos da gesto de recursos humanos. Neste mbito, cerca de 222

    colaboradores mudaram em 2008 de direco ou de funo.

    Foi promovida a rotao dos directores presentes em cada pas e a integrao nessa funo

    de quadros do grupo exteriores Internacional Oil. Com um novo impulso da

    internacionalizao nos ltimos anos, a politica de recrutamento local tem-se intensificado.

    Contratam-se novos colaboradores para as estruturas locais, com particular incidncia ao

    nvel das funes de gesto intermdia e fora de vendas. Assim nestes pases,

    naturalmente tem-se evoludo nas actividades a desenvolvidas sempre com contacto com a

    casa-me. O modelo de gesto do conhecimento aproxima-se mais do modelo Central. As

    aces de formao no passado e actualmente caracterizam-se por dotar de conhecimentos

    as subsidirias no estrangeiro dos que foram previamente adquiridos pela casa-me.

    Os projectos de inovao da GALP tm-se centrado nos segmentos Gs e Power e

    Refinao e Distribuio. So constitudas equipas e desenvolvidos estudos ao nvel

  • 47

    nacional e, caso se apliquem, so replicados para as actividades no estrangeiro. Exemplo

    disso o projecto Eficincia energtica nas reas de servio surgindo uma soluo

    autnoma optimizada com painis solares. Outros desenvolvidos e bem recentes esto o

    Vortex Separation System, a produo de biodisel base de microalgas e o projecto

    Wind@Sea.

    4.1.4- Concluso do caso

    Tendo analisado as trs dimenses e identificado a organizao com actividades e activos

    dispersos, uma preocupao a nvel das subsidirias de adaptar e alavancar localmente o

    negcio e havendo uma tendncia de centralizar o desenvolvimento e difuso do

    conhecimento, verifica-se que a GALP se enquadra na estratgia Internacional (Bartlett e

    Ghoshal 2000). Na estratgia Internacional as operaes no estrangeiro so vistas como

    postos avanados cujo principal papel suportar a actividade domstica principal, que

    neste caso a refinao e distribuio em Portugal.

    No caso da integrao vertical da actividade de explorao e produo de petrleo, esta

    tende a aumentar o poder de negociao e margem de actuao da empresa e motivada

    pela busca de matrias-primas. Os produtos so produzidos, em maioria, internamente

    como o caso da refinao para venda dos produtos petrolferos em Sines e Porto e s

    depois vendidos no estrangeiro, aps armazenamento, ou ainda exportao directa. As

    decises relativas s operaes no estrangeiro tendem a ser feitas de forma oportunista.

    Pesa ainda a parceria tanto com a Sonangol como com a Petrobrs na aquisio e partilha

    de conhecimentos, contudo feito de uma maneira muito centralizada e no se verificou

    uma tendncia de partilha significativa de competncias entre subsidirias.

  • 48

    Figura 4-3 Viso esquemtica da tipologia Internacional - GALP

    Fonte: Bartlett e Ghoshal (1989) - Adaptado

    4.2 - Estudo de caso EDP

    4.2.1 Histria e principais acontecimentos

    O incio da distribuio de electricidade em Portugal remonta a 1891, com base na fuso

    da Companhia Lisbonense de Iluminao a Gs e da Companhia Gs de Lisboa, nasce a

    CRGE, Companhias Reunidas Gs e Electricidade, a quem a Cmara Municipal de Lisboa

    concedeu o direito de "produzir, distribuir e vender gs e electricidade destinada

    iluminao pblica e particular e a outros usos domsticos e industriais na rea municipal

    da cidade de Lisboa. Nos finais dos anos 50, a Companhia Nacional de Electricidade

    (CNE) foi indigitada como responsvel pela construo e explorao da rede de

    transporte. Paralelamente, a Empresa Termoelctrica Portuguesa foi criada, tendo

    assumido a responsabilidade pela construo e explorao das principais centrais

    termoelctricas. No final da dcada de 1960 as empresas concessionrias da Produo e

    Mentalidade Internacional

    Operaes no estrangeiro como apndices de uma actividade

    central no pas de origem

    Controlo

    Sistemas formais de planeamento e controlo

    H activos, recursos, responsabilidades e decises

    descentralizadas, mas controlados pela sede

  • 49

    Transporte da rede elctrica primria fundem-se numa nica empresa, a Companhia

    Portuguesa de Electricidade (CPE).

    A EDP Electricidade de Portugal nasce em 1976 da unio de todas as empresas de

    produo, transporte e distribuio de Portugal Continental que haviam sido

    nacionalizadas em 1975. Os principais objectivos consistiam em integrar a distribuio

    dos municpios e melhorar a qualidade da rede, continuar o processo de electrificao do

    territrio nacional e definir uma tarifa uniforme para todo o pas. A EDP resultava, assim,

    numa empresa verticalizada, responsvel pelo transporte e distribuio de energia elctrica

    em Portugal e por 95% da sua produo. Em 1994, na sequncia do plano de

    reestruturao iniciado em 1991, foi aprovado o plano de ciso da EDP, tendo sido

    constitudas subsidirias, participadas a 100% pela EDP, com actividades centradas nas

    seguintes reas: Transporte (REN), que mais tarde viria a ser privatizada e distribuio. O

    Grupo EDP como o conhecemos hoje, resultou da ciso dessas duas reas, sendo hoje um

    Operador Ibrico de Solues Energticas que desenvolve as suas actividades nas reas de

    Produo, Comercializao e Distribuio de Electricidade e Comercializao e

    Distribuio de Gs.

    4.2.2 - Caracterizao actual da empresa

    O Grupo EDP encontra-se entre os grandes operadores europeus do sector da energia,

    sendo o terceiro maior operador energtico da Pennsula Ibrica, e o maior grupo industrial

    portugus. A EDP o nico grupo empresarial do sector da energia da Pennsula Ibrica

    com actividades de produo, distribuio e comercializao em Portugal e em Espanha -

    onde detm o controle do quarto maior operador elctrico espanhol, a HC Energia. Alm

    do sector elctrico, a EDP tambm tem uma presena relevante no sector do gs da

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    Pennsula Ibrica, atravs da Naturgas em Espanha. Em termos internacionais, para alm