Garotas em Festa

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7 1 UMA WAVERLY OWL LEVA SEUS DEVERES DE MONITORIA A SÉRIO — NÃO IMPORTA A SERIEDADE DO ALUNO. E stava estranhamente tranquilo na principal sala de lei- tura da Biblioteca Swayer na quarta-feira à tarde antes do Dia de Ação de Graças. Brett Messerschmidt bateu a beirada de sua pilha de anotações em cartão no carvalho sulcado da imensa mesa de estudos onde estava. Livros de la- tim com uma tipologia elegante e cursiva se espalhavam a sua frente, como se a mochila tivesse explodido. Só alguns alunos continuavam na biblioteca, uns com bolsas estufadas aos pés, esperando que os utilitários Lexus dos pais os pegassem e os levassem para um fim de semana de peru caipira orgânico e HDTV. Desde que veio para a Waverly Academy, Brett morria de medo de voltar à espalhafatosa McMansão dos pais em M937-01(Galera)CS5.indd 7 09/11/2011 10:30:04

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Primeiro capítulo do livro Garotas em Festa disponibilizado pela editora Galera Record

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UMA WAVERLY OWL LEVA SEUS DEVERES

DE MONITORIA A SÉRIO — NÃO IMPORTA A

SERIEDADE DO ALUNO.

Estava estranhamente tranquilo na principal sala de lei-tura da Biblioteca Swayer na quarta-feira à tarde antes do Dia de Ação de Graças. Brett Messerschmidt bateu

a beirada de sua pilha de anotações em cartão no carvalho sulcado da imensa mesa de estudos onde estava. Livros de la-tim com uma tipologia elegante e cursiva se espalhavam a sua frente, como se a mochila tivesse explodido. Só alguns alunos continuavam na biblioteca, uns com bolsas estufadas aos pés, esperando que os utilitários Lexus dos pais os pegassem e os levassem para um fim de semana de peru caipira orgânico e HDTV.

Desde que veio para a Waverly Academy, Brett morria de medo de voltar à espalhafatosa McMansão dos pais em

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Rumson, Nova Jersey, tendo concluído que cada aspecto da vida suburbana no Garden State era completamente desele-gante. Talvez fosse pelo pesadelo que foi sua vida no semestre passado, mas não suportava pensar no molho de crawberry direto-da-lata do pai, nem na insistência da mãe em enfrentar o shopping abarrotado em Short Hills na Sexta-feira Negra. A ideia de se sentar num banco do shopping ao lado da mãe, comendo um pretzel quente e amanteigado da Auntie Anne’s, mesmo cercadas de sacolas e mais sacolas de roupas da Betsey Johnson e da Guess, fazia Brett se sentir meio tosca.

O estalo da cadeira de madeira a sua frente a trouxe de volta ao presente. Encostado perigosamente em uma estante de revistas estava um rapaz alto de cabelos escuros, com uma expressão que pairava entre o tédio e a diversão. Brett semi-cerrou os olhos verdes e amendoados para ele, tentando vê-lo objetivamente, como se não tivesse passado as últimas quatro semanas procurando fazer com que ele decorasse Cícero — e como se ele já não fosse um tremendo pé no saco para ela.

— Sebastian. — Brett enfiou uma mecha de cabelo ruivo e sedoso atrás da orelha e tentou aparentar severidade. Ela marcou hora com o cabeleireiro no sábado, grata pelo iminente fim de semana de Ação de Graças e pela chance de ir a algum lugar além do Supercuts no Rhinecliff Mall — não que alguém da Waverly realmente fosse lá. — Foco, por favor.

— Quer mesmo que eu preste atenção? — Um fraco raio de sol de outono caiu no queixo de Sebastian, lembrando a Brett o quanto essa época do ano a deprimia. Quando saía de sua última aula, já estava escuro. — Talvez da próxima vez você possa usar alguma coisa mais sexy em vez de, sei lá, parecer a

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Sra. Birdsall. — A Sra. Birdsall era a bibliotecária-chefe, cujo uniforme consistia em um suéter de gola rulê preto e uma saia comprida de veludo, mesmo no verão.

Brett o encarou.— Sou sua monitora, seu nojento, e não uma Pussycat Doll.

— Ela tentou não deixar que o comentário a incomodasse, partindo de alguém que julgava se uma menina era gata pela quantidade de pele que ela mostrava. Ela sabia que estava atraente com o suéter American Apparel de gola rulê, preto e justo, e o jeans Calvin Klein preto de corte reto, com um cinto vermelho e estreito cingindo a cintura pequena. Era um visual que planejou com cuidado, caso encontrasse algum universitá-rio da Williams ou da Bard mais tarde, no trem Metro-North indo para a Grand Central.

— Você também não está lá muito concentrada — res-mungou Sebastian, tocando o cabelo denso e escuro, como se quisesse ter certeza de que tinha aplicado bastante gel pela manhã. Ele tinha. — E. Qual. É. O. Problema? — Ele destacou as palavras batendo o pé da cadeira no chão e olhando nos olhos de Brett. A camisa branca de manga comprida parecia ter sido pisoteada, o contorno da camiseta branca claramente visível por baixo.

— O problema — Brett suspirou, querendo pela centésima vez sacar uma navalha e decepar aquele cabelo brilhante — é que provavelmente você não vai se formar. Será um presente de Natal e tanto para mamãe e papai, não é?

— Não vamos falar dos meus pais — disse ele, sentando-se reto na cadeira. Os olhos escuros, quase pretos, fitavam Brett com arrogância. — Eu vou me formar, então não fique toda

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irritadinha.Brett bufou.— O que o faz pensar assim? — Ela o olhou. O cheiro de

Drakkar Noir permeava a área ao redor e ela apenas deu gra-ças pela biblioteca estar vazia. A Sra. Birdsall já trancara as portas dos andares superiores — aparentemente temerosa de que alguma coruja assanhada tentasse se entocar na biblioteca durante fim de semana prolongado, profanando os sagrados espaços de estudo.

— Porque... — Sebastian sorriu, recostando-se, revelando uma pequena lasca no incisivo inferior que sempre surpreendia Brett. Por que ele ainda não consertou esse dente? — Eu mexo com você.

Brett sentiu pelo corpo uma onda de eletricidade — parte irritação, parte algo mais.

— Olha aqui. Não estou fazendo isso por prazer pessoal.— Sei alguma coisa sobre seu prazer pessoal, se estiver

interessada.Ele tinha sorte por não haver ninguém por perto, ou ela

pegaria os livros abertos de latim e bateria nele. Com força.— I’ve got you, babe — ele começou a cantar. Estalou os dedos

ao cantarolar o resto da música.Brett se obrigou a reprimir um sorriso da piada idiota. A

realidade era que ele não estava levando as sessões de estudos a sério e, quer reconhecesse ou não, corria um risco verdadeiro de perder o ano na Waverly. Ela bateu as unhas cor de amora (Madame Butterfly, da Nars) na tampa branca de seu Mac iBook fechado. Ainda não tinham visto nem metade das coisas que ela queria cobrir naquele dia.

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Sebastian passou a mão no rosto, parecendo tão exasperado com Brett quanto ela estava com ele.

— Olha, por que não damos o fora daqui? Tomamos um café ou coisa assim, e você pode me contar o verdadeiro motivo para agir com toda essa caretice.

Brett fechou bem os olhos, pensando em mil outros lugares onde poderia estar em vez de perder seu tempo na biblioteca com Sebastian. Infelizmente, aquele em que ela não queria pensar era o mais fácil de imaginar — aconchegada com Jeremiah Mortimer, seu namorado vai-e-vem, na frente de uma lareira crepitante da cabana de esqui da família dele no Colorado, bebendo chocolate quente caseiro em imensas canecas de cerâmica. Ou talvez entre partidas de Imagem e Ação, ouvindo os pais de sangue azul da Nova Inglaterra e gosto perfeito contarem a história de como se conheceram. As imagens zombavam dela, lembretes dolorosos do que ela podia ter se fosse um pouco mais inteligente.

Porque, infelizmente, graças a seu pequeno lance experi-mental com Kara Whalen enquanto ela e Jeremiah davam um tempo, e sua subsequente mentira a respeito disso, agora estavam permanentemente separados.

O telefone de Sebastian vibrou na mesa de madeira. Ele o pegou e franziu a testa para a tela. Atendeu num sussurro baixo:

— Cara, pensei ter dito para nunca mais ligar para cá.Brett cruzou os braços e olhou as revistas na prateleira atrás

de Sebastian. Ficou tentada a pegar um exemplar da New Yorker para ler no trem na ida para casa, mas já comprara uma revista People na loja de conveniência na cidade e agora a ideia de ler sobre os problemas dos outros era muito mais atraente. Lá se

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foi a intenção de impressionar universitários.Antes de dar um tapa na mesa para lembrar a Sebastian

de que estavam estudando e que os celulares no campus, em especial na biblioteca, eram estritamente proibidos, seu próprio celular vibrou na bolsa Zac Posen xadrez preto com uma nova mensagem de texto. Ela o pegou e se surpreendeu ao ver o nome Bree iluminado sob o envelopinho. Veria a irmã dali a algumas horas — estava louca para vestir o moletom rosa-shocking Juicy Couture e vegetar na frente do telão de TV em sua sala de mídia com Bree. E talvez falar de Jeremiah e do quanto sua vida estava uma droga.

Adivinha quem vem para jantar?, dizia o texto. Brett res-pondeu, Quem?, embora desconfiasse da resposta antes que aparecesse na telinha: Willy. Brianna mal conseguia falar de outra coisa além do grande Willy Cooper Terceiro desde que se conheceram meses antes, enquanto estavam em mesas adjacentes na Waverly Inn. No início, Brett ficou curiosa e quis conhecê-lo, mas quanto mais Bree falava dele, mais ele parecia um bobalhão. Ele era formado em Yale, tinha MBA da Wharton, trabalhava em Wall Street para um dos maiores bancos de investimento e não tirava férias há três anos desde que chegara lá. A não ser, ao que parecia, para passar o Dia de Ação de Graças com os Messerschmidt. Brett esperava que ele não se importasse de se sentar no sofá e ver maratonas da MTV o dia todo.

O telefone vibrou novamente. E os pais dele. Brett olhou as quatro palavras com o estômago arriando no chão. Parece que ela realmente ia dividir Bree neste fim de semana. Brett queria responder, De Greenwich até aí?, mas resistiu. Em vez

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disso, fechou o telefone, olhando Sebastian, que ainda ria alto ao celular, distraído do fato de que a Sra. Birdsall os fuzilava com os olhos da mesa da recepção. Brett bateu num relógio invisível no pulso e esbugalhou os olhos para ele. Sebastian ergueu um dedo e assentiu.

— Até mais, cara. — Ele fechou o telefone, largando-o no bolso da mochila a seus pés. — Desculpe. Era importante.

— É, parecia importante mesmo — disse ela com rispidez, arrancando uma lista de vocábulos de seu caderno de espiral e empurrando para Sebastian.

— Ei, você também estava ao telefone — ele retrucou com raiva, pegando o papel.

— É, esperando que você desligasse o seu. — Brett ficou agradecida por repreender Sebastian, porque podia fazer isso no piloto automático. Impedia que as lágrimas de frustração brotassem de seus olhos. Ia mesmo ter estranhos invadindo sua casa no feriado de Ação de Graças? Se havia um ano em que precisava de alguma traquilidade para se refazer, era este. Agora, se quisesse ter alguma paz, teria de se entocar no quarto com alguns DVDs. Brett se imaginou de pernas cruzadas sob o edredom, a neve cobrindo Nova Jersey enquanto ela comia o jantar de Ação de Graças num prato no colo, metendo o garfo num pedaço frio de peru gorduroso e passando-o no purê de batatas com cheddar da mãe, enquanto a discussão do mercado de ações vagava para ela da sala de jantar.

A Sra. Birdsall apagou uma série de luzes fluorescentes e metade da biblioteca ficou às escuras. Brett olhou o relógio na parede e saltou da cadeira.

— Merda — murmurou, enfiando freneticamente os cader-

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nos na bolsa e vestindo o casaco DKNY preto e curto. Como pode ter ficado tão tarde? Todo o projeto de salvar Sebastian estava condenado desde o início, então por que manter essa farsa?

— Vou me atrasar para meu trem. Você que estude sozinho.— Feliz Dia de Ação de Graças, tá? — disse ele às costas dela.

Brett passou o cachecol xadrez amarelo L.A.M.B. no pescoço e colocou as luvas de couro preto. Abriu as portas duplas da biblioteca e saiu na tarde cheia de neve, ao escurecer, absorta demais com terríveis visões dos Cooper de Greenwich para se despedir.

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RyanReynolds: Eu vi vc saindo de uma porcaria de Fiat? WTF?

BennyCunningham: Acho que papai está com crise de meia-idade. Sacou a peruca?

RyanReynolds: Vi essa peruca do outro lado do parque! Vc sabe o que vem agora? Uma nova Mamãezinha Querida.

BennyCunningham: Não, eles querem o melhor para os filhos. Além disso, eles têm um Acordo.

RyanReynolds: O que quer dizer que todo mundo vai levar namorado no feriado?

BennyCunningham: Vc entendeu.

RyanReynolds: Posso ir?

BennyCunningham: Não ia conseguir lidar com a gente. Ta-tá!

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LonBaruzza: Alguém tem um osso da sorte? Eu tenho um desejo incrível.

AlanStGirard: O que é?

LonBaruzza: Agora, na estação de trem, vendo Tinsley, Callie e Jenny reunidas no frio. Queria que elas estivessem nuas.

AlanStGirard: Seria uma visão e tanto. Kd a Brett? Precisa de uma ruivinha aí para ficar completo.

LonBaruzza: O que mais gosto nessas meninas é que a qualquer hora elas podem sair no tapa...

AlanStGirard: Se rolar, tira uma foto, brother. Bom feriado!

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