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Sala de Enfermagem EXAMES LABORATORIAIS E TESTES DIAGNÓSTICOS Gasometria arterial: o que devemos saber 8 DE ABRIL DE 2015 | ITALO LEITE | 7 COMENTÁRIOS A gasometria arterial avalia a troca gasosa, através da medida das pressões parciais de oxigênio (PaO2) e dióxido de carbono (PaCO2), assim como o pH de uma amostra arterial. Comumente utilizado, tal procedimento requer uma série de cuidados prévios que vão desde a escolha do melhor local, até a avaliação clínica do paciente e verificação de medicamentos de uso habitual da pessoa, os quais possam vir a causar sangramentos. Tais cuidados acabam sendo essenciais para que não ocorram uma série de complicações advindas não só da técnica de punção utilizada, bem como das próprias condições clínicas do paciente. Neste sentido, verifica‑se que tal procedimento apresenta‑se bastante complexo na sua realização, e desta forma, a lei que rege o exercício da profissão de enfermagem, Lei no 7.498, de 25 de junho de 1986, regulamentada pelo Decreto no 94.406 de 08 de junho de 1987, é bastante cristalina: […]

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Sala de Enfermagem

EXAMES LABORATORIAIS E TESTES DIAGNÓSTICOS

Gasometria arterial: o que devemos saber

8 DE ABRIL DE 2015 | ITALO LEITE | 7 COMENTÁRIOSA gasometria arterial avalia a troca gasosa, através da medida das pressões parciais de oxigênio(PaO2) e dióxido de carbono (PaCO2), assim como o pH de uma amostra arterial. Comumenteutilizado, tal procedimento requer uma série de cuidados prévios que vão desde a escolha domelhor local, até a avaliação clínica do paciente e verificação de medicamentos de uso habitual dapessoa, os quais possam vir a causar sangramentos. Tais cuidados acabam sendo essenciais paraque não ocorram uma série de complicações advindas não só da técnica de punção utilizada, bemcomo das próprias condições clínicas do paciente.

Neste sentido, verifica‑se que tal procedimento apresenta‑se bastante complexo na sua realização,e desta forma, a lei que rege o exercício da profissão de enfermagem, Lei no 7.498, de 25 de junhode 1986, regulamentada pelo Decreto no 94.406 de 08 de junho de 1987, é bastante cristalina:

[…]

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[…]Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo‑lhe:I – privativamente:[…]m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de basecientífica e capacidade de tomar decisões imediatas;[…] (BRASIL, 1986).

O COREN‑SP emitiu parecer a respeito do assunto (confira na íntegra clicando aqui(http://portal.coren‑sp.gov.br/sites/default/files/parecer_coren_sp_2013_4.pdf)), classificando‑ocomo privativo do enfermeiro.

A PaO2 mede a pressão exercida pelo oxigênio dissolvido no sangue e avalia a habilidade dospulmões de oxigenar o sangue. A Paco2 mede a pressão exercida pelo dióxido de carbonodissolvido no sangue e reflete a pressão exercida pelo dióxido de carbono dissolvido no sangue ereflete a adequação da ventilação pulmonar. O pH mede a concentração dos íons de hidrogênio(H+) e os íons carbonato (HCO3‑) representam a medida da concentração desses ions no sangue,regulada pelos rins. A saturação de oxigênio (SaO2) é a expressão da quantidade de oxigêniosanguíneo por meio de porcentagem, refletindo a quantidade de oxigênio que o sangue podetransportar se todas as moléculas de hemoglobina (Hb) estivessem completamente saturadas.

A gasometria arterial objetiva avaliar a eficácia da troca de gases pulmonares; avaliar aintegridade do sistema de controle ventilatório; determinar os níveis ácido‑básicos do sangue emonitorizar e avaliar a terapia respiratória.

Procedimento

Preparação do paciente

1.  Explicar ao paciente que a gasometria arterial avalia como os pulmões estão entregando ooxigênio ao sangue e eliminando o dióxido de carbono.

2.  Avisar ao paciente que o exame requer uma amostra de sangue. 3.  Explicar ao paciente quem irá proceder à punção arterial.4.  Após avaliação, informar ao paciente qual será o local da punção: artéria radial,braquial ou femoral.

5.  Informar ao paciente que ele pode não precisar de restrição alimentar ou de fluidos.6.  Instruir o paciente a respirar normalmente durante a coleta de sangue arterial e avisá‑lo queuma dor rápida e latejante poderá ser sentida no local da punção.

Implementação

1.  Lave as mãos conforme técnica adequada.

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female1.jpg)

Lave as mãos de acordo com a técnicaadequada

2.  Organize o material necessário:  Agulha hipodérmicaSeringa de 3ml com heparina (ou seringa específica para gasometria arterial)Cubo de borracha para proteção da agulha (em geral, presente nos kits para gasometriaarterial)Tampa plástica para a seringaBolinha de algodão com álcool 70% (ou lenço antisséptico)Bolinha de algodão seco (ou gaze)Luvas de procedimento

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 (https://saladeenfermagem.files.wordpress.com/2015/04/abg‑

kit‑contents.jpg)3.  Posicione o paciente com o punho em extensão.4.  Localize a artéria radial com os dedos indicador e médio. Realize o Teste de Allen: comprimaas artérias radial e ulnar ao mesmo tempo. A mão ficará descorada. Interrompa a compressãosobre a artéria ulnar e a cor normal da mão deverá retornar. Esse procedimento assegura quehaverá aporte sanguíneo para a mão caso haja espasmo da artéria radial.

(https://saladeenfermagem.files.wordpress.com/2015/02/allens‑test.jpg)

(https://saladeenfermagem.files.wordpress.com/2015/02/locate‑the‑radial‑artery‑with‑your‑index‑and‑middle‑fingers.jpg)

5.  Calce as luvas e conecte a seringa à agulha.6.  Desencape a seringa e localize novamente a artéria radial usando a sua mão não‑dominante.

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needle.jpg)

Desencape a agulha

7.  Insira a agulha na pele em um ângulo de 30 graus, no local onde há pulsação máxima daartéria radial. Avance lentamente a agulha até que haja um fluxo de sangue dentro da agulha.A pressão arterial preencherá a seringa.

(https://saladeenfermagem.files.wordpress.com/2015/04/prepare‑to‑insert‑the‑

needle.jpg)

Sinta o pulso e prepare para inserir a agulha.Segure a seringa como se fosse um lápis

8.  Remova o conjunto agulha/seringa, protegendo a ponta da agulha no cubo de borracha.

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(https://saladeenfermagem.files.wordpress.com/2015/04/place‑the‑needle‑into‑the‑bung.jpg)9.  Aplique pressão sobre o local da punção com a bolinha de algodão para estancar osangramento. Prolongue a pressão por um período de 3 a 5 minutos.

10.  Retire de forma segura a agulha (com a ponta já protegida) e despreze na caixa coletora depérfuro‑cortantes.

(https://saladeenfermagem.files.wordpress.com/2015/04/remove‑the‑needle‑from‑the‑syringe.jpg)

(https://saladeenfermagem.files.wordpress.com/2015/04/safetly‑discard‑the‑needle‑into‑the‑sharps‑bin.jpg)

11.  Oclua a ponta da seringa com a tampa fornecida pelo fabricante e retire qualquer bolha de arpresente.

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Tampe a seringa. Os kits de gasometriatrazem seringas com uma tampa apropriada

12.  Disponha o material em uma caixa com gelo (ou gelox) e encaminhe prontamente paraanálise.

13.  Retire as luvas, despreze‑as no cesto de lixo infectante.14.  Lave as mãos e agradeça ao paciente.15.  Realize a anotação correta sobre a realização do procedimento no prontuário do paciente. Não

esqueça de relatar possíveis intercorrências.

Intervenções de Enfermagem

1.  Após aplicar pressão sobre o local da punção por um período de 3 a 5 minutos, depois deverificar que o sangramento cessou, faça um curativo com gaze firmemente fixada sobre olocal puncionado. 

2.  Se o local puncionado for no membro superior, não prenda fita adesiva em toda acircunferência do braço. Isso pode restringir ou interromper a perfusão sanguínea.

3.  Se o paciente está em uso de anticoagulantes ou possui alguma coagulopatia, aplique pressãono local de punção por mais de 5 minutos, caso seja necessário.

4.  Caso o paciente esteja em oxigenoterapia, anote o fluxo de oxigênio e o modo deoxigenoterapia/ventilação.

5.  Monitore os sinais vitais e observe se existem sinais de prejuízo circulatório.

Interpretação

Resultados Normais

Os valores normais da gasometria arterial variam entre os valores abaixo.

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∙ PaO2: 80 a 100 mm Hg (SI, 10.6 to 13.3 kPa)

∙ PaCO2: 35 a 45 mm Hg (SI, 4.7 to 5.3 kPa)

∙ pH: 7.35 a 7.45 (SI, 7.35 to 7.45)

∙ SaO2: 94% a 100% (SI, 0.94 to 1)

∙ HCO3‑: 22 a 25 mEq/L (SI, 22 to 25 mmol/L)

Achados Anormais

PaO2 e PaCO2 baixos podem resultar de condições que prejudicam a função respiratória, taiscomo hipotonia ou paralisia dos músculos respiratórios, inibição do centro respiratório(decorrente de TCE, tumor cerebral ou abuso de drogas).Baixas leituras podem resultar de obstrução bronquiolar causada por asma ou enfisema, bemcomo por uma taxa de ventilação/perfusão baixa em decorrência de alvéolos parcialmenteocluídos, danificados ou preenchidos por fluidos.Quando o ar inspirado contem oxigênio insuficiente, a PaO2 diminui e a PaCO2 podepermanecer normal. Tais achados são comuns em pneumotórax e difusão gasosa prejudicadaentre os alvéolos e o sangue.

Precauções

Aguarde pelo menos 20 minutos antes de coletar uma amostra para gasometria arterialsempre que iniciar, mudar ou descontinuar a oxigenoterapia; após iniciar ou mudar osparâmetros da ventilação mecânica; ou após extubar o paciente.Antes de enviar a mostra ao laboratório, anote na requisição do exame se o paciente estava emar ambiente ou em oxigenoterapia quando a amostra foi coletada.

Fatores interferentes

A exposição da amostra ao ar ambiente pode aumentar ou diminuir a PaO2 e PaCO2.Sangue venoso como amostra possivelmente diminui a PaO2 e aumenta a PaCO2.O uso de Diamox, Macrodantin e Tetracycline pode diminuir a PaCO2.Febre pode causar uma falsa elevação na PaO2 e PaCO2.

Complicações

Sangramento no local da punção

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Hematoma localEspasmo arterial

Perguntas e Respostas (Q&A)

1 – Quais artérias devem ser preferencialmente puncionadas para coleta de sangue?

Idealmente deve‑se puncionar uma artéria que  tenha  trajeto superficial, pois assim a punçãoserá menos dolorosa e mais  fácil,  e que  tenha  circulação  colateral  adequada para a perfusãodos  tecidos  distais  caso  haja  espasmo  com  a  punção.  A  artéria  que  melhor  preenche  essascaracterísticas é a  radial. Outras opções satisfatórias são a dorsal do pé, a  tibial posterior e atemporal  superficial,  está última apenas em recém‑nascidos. As artérias braquiais e  femoraisdevem ser evitadas, sobretudo em pacientes com problemas de hemostasia, pois, em caso desangramento, a compressão pode ser difícil.

2 – A gasometria arterial pode ser colhida com seringa de plástico?

Idealmente a gasometria arterial deveria ser colhida com seringa de vidro,  isso porque podehaver difusão de gases através do plástico, determinando imprecisões nas análises. Entretanto,a praticidade das  seringas de plástico, descartáveis, praticamente pôs  fim às de vidro. Alémdisso, a magnitude do erro que pode haver com a utilização de seringas de plástico é muitopequena, ocorrendo apenas com valores de PaO  acima de 220 mmHg e quando a análise  éfeita após 15 minutos da coleta. Em função desses aspectos, as seringas de plástico podem serusadas para a coleta de sangue para gasometria arterial.

3 – Quais cuidados devem ser observados com a amostra de sangue arterial até a sua análise?

Após a coleta do sangue arterial, as seguintes providências devem ser tomadas:

remover bolhas de ar eventualmente presentes dentro da seringa;ocluir a seringa para manter a amostra em ambiente anaeróbio;movimentar a seringa entre as mãos durante 10 a 15 segundos para misturar a heparinacom o sangue;manter a seringa em gelo até a análise do material, sobretudo se essa não for feitaimediatamente após a coleta.

4 – Quais são as possíveis causas de erro na gasometria, relacionadas à coleta e ao transporteda amostra?

O resultado da gasometria arterial pode ser afetado por alguns artefatos durante a realizaçãoda coleta e o transporte do sangue.

Bolhas de ar

A  presença  de  bolhas  de  ar  ocupando  mais  de  2%  do  volume  de  sangue  na  seringa  podeprovocar erro no resultado da gasometria. Tal artefato eleva a PaO  e subestima a PaCO . Aretirada,  sem  agitação,  das  bolhas  da  seringa  e  a  realização  imediata  da  análise  atenuam  oproblema.

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Uso de heparina

Quantidade exagerada de heparina na seringa utilizada para a coleta do sangue pode reduzirde forma significativa a medida da PaCO . Assim, a quantidade de heparina empregada deveser a mínima possível, apenas o suficiente para  lubrificar as paredes da seringa. Além disso,pelo menos 2 ml de sangue deve ser obtido, diluindo assim o pequeno volume de heparina.

Demora no transporte e no processamento do exame

A  partir  de  dois  minutos  da  coleta  do  sangue,  já  se  observa  redução  da  PaO   e  do  pH  eelevação da PaCO , devido ao metabolismo dos  leucócitos. Esse fenômeno é mais acentuadoem pacientes com leucocitose importante. Para prevenir esse problema é necessária a colocaçãodo material em gelo até a análise, que deve ser feito o mais rápido possível.

5 – Quais são as complicações possíveis com a coleta da gasometria arterial?

As  complicações  não  são  freqüentes  quando  a  técnica  da  coleta  é  observada.  A  coleta  dosangue  arterial  é  mais  dolorosa  do  que  a  punção  venosa.  Alguns  autores  recomendam  ainfiltração com anestésico local antes da punção arterial, medida que comprovadamente reduza  dor  do  procedimento.  Mais  raramente  pode  ocorrer  reação  vaso‑vagal  durante  a  punçãoarterial.

Sangramento  e  formação  de  hematoma  no  local  de  punção  ocorrem  sobretudo  quando  opaciente já apresenta distúrbio de coagulação e quando não se faz a compressão adequada dolocal, a qual deve durar pelo menos cinco minutos. Artérias mais profundas, como a braquial ea  femoral,  impõem  maior  dificuldade  à  compressão,  implicando  em  riscos  maiores  desangramento. Quando a artéria  femoral  é  inadvertidamente puncionada acima do  ligamentoinguinal,  o  sangramento  pode  se  dirigir  para  o  retroperitônio.  Essa  complicação  podedeterminar perdas sangüíneas importantes, inclusive com repercussão hemodinâmica, às vezesde difícil diagnóstico.

Trombose, embolização e infecção são complicações descritas com a implantação de cateteresintra‑arteriais  para monitoração  invasiva da pressão  arterial, mas não  com punções  arteriaispara gasometria.

6 – Quais são os parâmetros avaliados na gasometria arterial?

Os parâmetros são:

pHPaOPaCOSaOBicarbonatoExcesso de base

7 – Quais as indicações de se realizar a gasometria arterial?

Como  a  realização  das  trocas  gasosas,  ou  seja,  absorção  do  oxigênio  e  eliminação  do  gás

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Como  a  realização  das  trocas  gasosas,  ou  seja,  absorção  do  oxigênio  e  eliminação  do  gáscarbônico,  é  o  objetivo  principal  do  sistema  respiratório,  a  gasometria  arterial  é  importanteteste de avaliação funcional do sistema respiratório. Assim, ela deve ser realizada na suspeitade  insuficiência  respiratória,  aguda  ou  crônica.  Além  da  importância  no  diagnóstico  dainsuficiência  respiratória,  a  gasometria  permite,  a  partir  da  avaliação  dos  níveis  dos  gasesarteriais, quantificar o problema e acompanhá‑lo evolutivamente.

Na  prática  clínica,  a  gasometria  arterial,  em  geral,  é  solicitada  quando  há  sinais  e  sintomassugestivos  de  hipoxemia  ou hipercapnia,  os  quais  nem  sempre  são de  fácil  reconhecimento,pois são comuns a outras situações e nem sempre estão presentes, sobretudo nas fases iniciais(tabela 1). Ela também é realizada na monitoração de condições em que o risco de distúrbio nastrocas gasosas é sabidamente alto.

Tabela 1. Principais sintomas e sinais associados a hipoxemia e hipercapnia

Hipoxemia Hipercapnia

CefaléiaAlterações de comportamentoConfusão, sonolência e comaConvulsõesTaquicardia (mais raramente bradicardia)ArritmiasHipertensãoHipotensão (fases mais avançadas),choqueDispnéia, taquipnéia

Cefaléia, vertigemConfusãoSonolência, comaHipertensão intracraniana, papiledemaAsterixisSudoreseHipotensão (nas fases mais precocespode haver hipertensão)Choque

A possibilidade de avaliar o bicarbonato e o pH faz com que a gasometria esteja indicada nainvestigação  de  distúrbios  metabólicos.  Entretanto,  não  havendo  suspeita  decomprometimento  das  trocas  gasosas,  pode‑se  optar  pela  gasometria  venosa,  cuja  coleta  émenos invasiva e menos dolorosa.

8 – Qual o valor normal da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO )?

Como há uma tendência natural da PaO  cair com o avançar da idade, existem fórmulas paraestimar o seu valor nas diferentes faixas etárias. A seguir estão apresentadas duas das fórmulasmais utilizadas e igualmente corretas.

PaO  = 108,75 – (0,39 x idade em anos)

PaO  = 104,2 – (0,27 x idade em anos)

Obs: ambas pressupõem respiração em ar ambiente

9 – Como interpretar o valor da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO )?

Quando  a  gasometria  arterial  é  colhida  com o paciente  respirando  ar  ambiente  (FIO =21%),considera‑se hipoxemia quando a PaO  está abaixo do valor esperado para a idade, conformeas  fórmulas  descritas  anteriormente.  A  hipoxemia  assume  níveis  importantes  quando  a

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PaO  está abaixo de 60 mmHg, pois, conforme será discutido mais a frente, a partir daí passa‑se  a  comprometer  a  oxigenação  tecidual.  Em  função  desse  fato,  a  maior  parte  dos  autoresconsidera 60 mmHg o limite a partir do qual caracteriza‑se insuficiência respiratória.

Quando  o  paciente  está  recebendo  alguma  suplementação  de  oxigênio,  seja  em  ventilaçãomecânica ou por  cateter ou máscara de oxigênio, a análise  isolada da PaO  não é  suficiente,sendo necessário o cálculo da relação PaO /FIO .

10 – Como obter e interpretar a relação PaO /FIO ?

A relação PaO /FIO  é a divisão da PaO  obtida na gasometria arterial pela FIO , em valoresabsolutos (ex: 21%=0,21), em que o paciente estava respirando quando foi colhida a amostra dosangue arterial. Quando o indivíduo está em ventilação mecânica, o valor da FIO  é fornecidopelo aparelho; quando está recebendo oxigênio por máscara de Venturi, esse valor é estimadoconforme  o  tipo  de  máscara  e  o  fluxo  utilizado  e  vem  impresso  na  mesma.  Quando  asuplementação  de  oxigênio  é  feita  com  cateter  nasal  ou  máscaras  comuns,  a  estimativa  daFIO   é muito pouco precisa. Nesses  casos,  em  indivíduos  adultos,  assume‑se  que para  cadalitro de oxigênio a FIO  é elevada em 0,03 a 0,04 (ex: a oferta de oxigênio a 3 l/min com cateternasal determina FIO  de 30% a 33%, que representa 21% do ar ambiente acrescido de 9% a 12%da oferta suplementar).

A relação PaO /F O  permite a avaliação da oxigenação em diferentes condições de oferta deoxigênio. Os valores normais e as gradações de anormalidade estão relacionados abaixo.

PaO /F O >400 mmHg – normal;PaO /F O >300‑400 mmHg – déficit de oxigenação, mas ainda não em níveisconvencionalmente estabelecidos de insuficiência respiratória;PaO /F O <300 mmHg – insuficiência respiratória;PaO /F O <200 mmHg – insuficiência respiratória grave.

Por ser de fácil obtenção e poder ser utilizada em diferentes condições de oferta de oxigênio, aPaO /F O  é considerada hoje o melhor parâmetro de monitoração de oxigenação.

11 – Como se calcula a diferença alvéolo‑arterial de oxigênio e qual a sua importância?

A diferença alvéolo‑arterial de oxigênio (P(A‑a)O ) é calculada com a seguinte fórmula:

sendo que,

onde:

PAO  – pressão alveolar de oxigênio;PaO  – pressão arterial de oxigênio;

PaCO  – pressão arterial de gás carbônico;

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Pbar – pressão barométrica (740 mmHg no nível do mar);FIO  – fração inspirada de oxigênio;

R – coeficiente respiratório, assumido, na prática, como 0,8.

A diferença alvéolo‑arterial de oxigênio permite avaliar se há algum bloqueio à passagem de arentre  o  alvéolo  e  o  sangue  arterial,  situação  em  que  ela  está  aumentada.  Nesses  casos,  ahipoxemia  está  ocorrendo  por  alteração  na  relação  ventilação‑perfusão  ou  por  defeitos  nadifusão. Por outro  lado, quando há hipoxemia e a diferença alvéolo‑arterial de oxigênio estánormal, significa que a causa da hipoxemia é hipoventilação.

Na prática a análise da P(A‑a)O  tem duas aplicações principais:

paciente com suspeita de insuficiência respiratória aguda e hiperventilando, portanto comPaCO  baixa, com PaO normal. Nesse caso, a P(A‑a)O , se alargada, mostra que já hácomprometimento da troca gasosa no pulmão, mas a hipoxemia ainda não surgiu por estarsendo compensada pela hiperventilação. A P(A‑a)O  altera‑se mais precocemente do que aPaO .paciente com hipoxemia e hipercapnia, quando há dúvida se, além de hipoventilação,existe componente pulmonar na insuficiência respiratória. Se a hipoxemia for decorrenteexclusivamente da hipoventilação, a P(A‑a)O  estará normal. Caso ela esteja alargada, háum componente pulmonar associado.

12 – Quais são as limitações na interpretação do gradiente alvéolo‑arterial de oxigênio?

A P(A‑a)O  parte de uma estimativa do quociente respiratório em 0,8, já trazendo algum graude imprecisão no seu cálculo. Mas a maior limitação para o uso clínico da P(A‑a)O  é que seuvalor  normal  varia  conforme  a  F O   em  que  é  calculada  e  essa  variação  não  tem  umcomportamento  linear.  Assim,  para  sua  interpretação,  é  necessário  o  conhecimento  do  seuvalor normal na F O  em que foi calculada, ou alternativamente, sempre calculá‑la na mesmaF O . Os valores normais da P(A‑a)O  nas F O  de 21% e 100% são, respectivamente, de 5‑15mmHg e 150 mmHg.

13 – Qual a relação existente entre a pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO ) e asaturação da hemoglobina pelo oxigênio no sangue arterial (SaO )?

A  relação  entre  a  PaO   e  a  SaO   é  representada  pela  curva  de  dissociação  do  oxigênio.  Ooxigênio  dissolvido  no  plasma  liga‑se  facilmente  à  hemoglobina,  originando  a  oxi‑hemoglobina. A  quantidade  de  oxigênio  que  se  liga  à  hemoglobina  aumenta  rapidamente  àmedida  que  a  PaO   aumenta  até  valores  em  torno  de  60 mmHg. A  partir  daí,  já  estando  ahemoglobina saturada em mais de 90%, a curva passa a apresentar um platô, com pequenosaumentos da SaO , mesmo com grandes elevações da PaO  (figura 1).

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14 – O que afeta a curva de dissociação do oxigênio?

Diversos  fatores  podem  afetar  a  afinidade  do  oxigênio  pelo  hemoglobina,  determinando,graficamente,  desvios  da  curva  de  dissociação  do  oxigênio  para  a  direita  (diminuição  daafinidade pela hemoglobina) ou para a esquerda (aumento da afinidade pela hemoglobina).

A curva é desviada para a direita pela elevação da temperatura corpórea, elevação da PCO ,queda do pH sangüíneo e elevação do 2,3‑DPG (produto final do metabolismo das hemácias).Nessas  situações  a  afinidade  do  oxigênio  pela  hemoglobina  está  diminuída  e,  portanto,  ooxigênio é mais facilmente liberado para os tecidos periféricos. O monóxido de carbono desviaa curva para a esquerda, resultando em uma maior afinidade do oxigênio pela hemoglobina,com dificuldade de sua liberação para a periferia.

15 – No sangue arterial, qual a proporção do oxigênio dissolvida no plasma e qual a ligada àhemoglobina?

O  oxigênio  é  transportado  no  sangue  sob  duas  formas:  dissolvido  no  plasma,  representadopela  PaO ,  e  combinado  com  a  hemoglobina,  representado  pela  SaO .  A  solubilidade  dooxigênio no plasma é baixa – apenas 0,003 ml de oxigênio são dissolvidos em cada 100 ml desangue. Assim, a maior parte do oxigênio do sangue arterial está ligado à hemoglobina – cadagrama de hemoglobina é capaz de combinar‑se com 1,36 ml de oxigênio.

A soma do oxigênio dissolvido no plasma com o  ligado à hemoglobina constitui o conteúdoarterial de oxigênio, que pode ser calculado pela seguinte fórmula:

CaO  = PaO , x 0,003 + SaO  x Hb x 1,36

Para  se  ter  idéia  da  importância  do  oxigênio  ligado  à  hemoglobina  e  a  irrelevância  dodissolvido  no  plasma  em  relação  ao  conteúdo  arterial  de  oxigênio,  tomemos  o  seguinteexemplo prático:

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Hb=15 mg/dlPaO =100 mmHgSaO =97,5%

Nessa situação normal temos:

CaO =20,19 g/dl, dos quais 0,3 estão dissolvidos no plasma e 19,89 ligados à hemoglobina

16 – A avaliação da PaO  pode ser substituída pela da SaO ?

Não,  apesar  da  relação  entre  as  duas  variáveis,  na  prática  elas  permitem  avaliar  pontosdiferentes em relação à oxigenação do paciente. Como a maior parte do oxigênio transportadono  sangue  para  os  tecidos  encontra‑se  ligado  à  hemoglobina,  uma  SaO   acima  de  90%  ésatisfatória  do  ponto  de  vista  da  perfusão  dos  tecidos  com  oxigênio,  não  se  justificandoaumentar os níveis de oxigênio no sangue arterial, pois a variação na SaO  será mínima.

Por outro  lado, quando queremos monitorar a  função pulmonar de oxigenação, a análise daPaO  é melhor do que a da SaO . Isso porque, nos pacientes com SaO  acima de 90%, podemocorrer grandes comprometimentos da função pulmonar, com reduções acentuadas da PaO ,mas  com  apenas  discretas  reduções  na  SaO ,  em  função  da  conformação  da  curva  dedissociação da oxi‑hemoglobina. Por exemplo, uma redução da PaO  de 160 mmHg para 80mmHg pode resultar em uma redução da SaO  de 99% para 95%.

Podemos  concluir  que  a  SaO   não  é  adequada  para  avaliar  a  capacidade  de  oxigenação  dosangue arterial pelos pulmões, o que deve ser feito pela análise da PaO  e, principalmente pelarelação  PaO /FIO .  A  SaO   é  capaz  de  avaliar  se  o  nível  de  oxigênio  no  sangue  arterial  éadequado para as necessidades dos tecidos.

17 – Quais os valores normais da pressão parcial de gás carbônico no sangue arterial(PaCO )?

O  valor  normal  da  PaCO   varia  entre  35  e  45  mmHg.  Ao  contrário  da  PaO ,  o  valor  daPaCO  não varia com a fração inspirada de oxigênio.

18 – Como interpretar os valores da pressão parcial de gás carbônico no sangue arterial(PaCO )?

A  PaCO   reflete  diretamente  a  ventilação  alveolar.  Assim,  valores  inferiores  a  35  mmHgindicam hiperventilação e valores acima de 45 mmHg, hipoventilação.

19 – Quais são os distúrbios ácido‑básicos principais?

São os seguintes os distúrbios ácido‑básicos:

acidose metabólica: distúrbio caracterizado pela baixa concentração de bicarbonato,determinando redução do pH;alcalose metabólica: distúrbio caracterizado pela elevação da concentração de bicarbonato,com conseqüente aumento do pH;acidose respiratória: distúrbio caracterizado pela elevação da PaCO , determinandoredução do pH;alcalose respiratória: distúrbio caracterizado pela redução da PaCO , com conseqüente

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aumento do pH.

Fontes: OSCE Skills (http://www.osceskills.com), NursingCrib (http://nursingcrib.com), PneumoAtual (http://www.pneumoatual.com.br) e COREN‑SP (http://portal.coren‑sp.gov.br)

7 opiniões sobre “Gasometria arterial: o que devemossaber”

1.  Ligia Bezerra Bezerra disse:8 DE ABRIL DE 2015 ÀS 20:32ACHEI O MÁXIMO!

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1.  Italo Leite disse:8 DE ABRIL DE 2015 ÀS 21:20Fico feliz que tenha gostado! Aproveite para conferir os outros posts do blog!

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2.  Carla Adriana disse:8 DE ABRIL DE 2015 ÀS 21:10Gostei muito dessa postagem!!

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1.  Italo Leite disse:8 DE ABRIL DE 2015 ÀS 21:20Fico feliz que tenha gostado! Aproveite para conferir os outros posts do blog!

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3.  mari disse:8 DE ABRIL DE 2015 ÀS 21:54Parabéns, excelente Matéria

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ASSISTÊNCIA COREN ENFERMAGEM ENFERMEIROS GASOMETRIAARTERIAL LEGISLAÇÃO PUNÇÃO ARTERIAL

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1.  Italo Leite disse:8 DE ABRIL DE 2015 ÀS 22:07Fico feliz que tenha gostado! Aproveite para conferir os outros posts do blog!

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4.  Leda disse:8 DE ABRIL DE 2015 ÀS 22:38Nossa, muito bom mesmo!

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