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Cidades Domingo, 26 de agosto de 2018 5 portalnews.com.br Refugiada ministra curso de culinária árabe no Crescer Fadwa Jamal Alddin é de Damasco, capital da Siria, e está no Brasil há 2 anos, onde vem reconstruindo a sua história GASTRONOMIA A síria Fadwa Jamal Alddin, de 44 anos, sempre gostou de cozinhar e aprendeu tudo que sabe sobre culinária sozinha. Em setembro, ela começará a dar aulas de cozinha árabe no Centro de Apoio à Educação de Jovens e Adultos (Crescer), programa da Prefeitura de Mogi das Cruzes. A profes- sora já havia monitorado um minicurso no local no início deste mês, o qual foi bem aceito e contou com mais de 50 inscritos. De acordo com a diretora do Departamento de Educação Não-Formal da Secretaria da Educação Municipal, Ana Cláudia Montemor, a Fadwa será a primeira refugiada a trabalhar no Crescer. “O Crescer tem esse perfil de dar oportunidades tanto para os alunos como para os monitores começarem a sua carreira. Temos, inclu- sive, ex-alunos que hoje são monitores nas unidades”, informou. A equipe de reportagem do Grupo Mogi News foi até a casa de Fadwa e sua família para conversar sobre Fadwa vê o curso como forma de trocar conhecimentos e aperfeiçoar o português as suas expectativas para o curso e conhecer mais sobre a sua vida. Bem receptiva, a professora nos preparava café com massala, tempero típico da Índia, enquanto o filho dela, Saleh Helali, de 28 anos, contava um pouco sobre a história da família. “Nós somos de Damasco, a capital da Síria. Eu estou no Brasil há três anos, já ela e meus irmãos, há dois. No momento, estamos tentando trazer meu pai, Khaled, mas ainda não conseguimos”. Como muitos outros casos, a Família Alddin veio para o país fugindo da guerra que devasta a Síria desde 2011. “Nós queríamos ir para um lugar onde não seríamos simplesmente reduzidos ao termo ‘refugiados’. Logo, o Brasil sempre foi a nossa primeira opção”. Quando questionado se ele e os seus parentes já foram alvo de preconceito, Helali nega rapidamente. “Aqui não tem isso não. Aliás, tanto a cidade quanto as pessoas de Mogi das Cruzes nos lembram muito Damasco”. Expectativas Depois de servir o café, Fadwa nos explicou sobre o curso, não contendo o entu- siasmo. Segundo a professora, serão dez aulas de quatro horas no total. Cada encon- tro contará com a receita de uma pasta, uma salada, um salgado e um doce, além do prato principal. Além disso, ela confessa que aproveitará o curso para uma troca de conhecimentos. “Ainda não sei falar português muito bem. Espero que, por meio da interação que terei com os alunos, eu consiga me aperfeiçoar no idioma. Esta participação não será só para ensinar, mas também para aprender”, destacou. Fadwa esclarece que foi graças ao filho que conheceu o Crescer. “Saleh lecionava um curso de árabe por lá. Um dia, ele trouxe uma de suas alunas para jantar em casa. Ela simplesmente adorou a minha comida e me indicou para dar aulas de culinária no Cempre. O minicurso foi como um experimento e fiquei muito feliz com a ade- são dos participantes. Agora, não vejo a hora de começar a dar aulas definitivamente”. Ainda que a culinária seja a sua paixão, Fadwa trabalhava na Síria como manicure em um salão de beleza. “Viver da culinária por lá é complicado, porque praticamente todo mundo sabe cozinhar. Então, minha mãe trabalhava em salões de beleza. No Brasil, o cenário é diferente, tanto que estamos cogitando abrir um restaurante na cidade”, esclareceu o filho. Além disso, a família diz que não tem planos de voltar para a Síria, uma vez que já estão bem instalados no município. “É claro que sentimos falta do nosso país, mas já nos acostumamos com a rotina daqui. Caso voltássemos, teríamos que começar do zero de novo, o que não é fácil. Só esperamos, agora, que meu pai venha morar com a gente”, disse Helali, que, recentemente, casou com a professora brasileira Fernanda Galeano. (Texto supervisionado pelo editor). Caroline Cecin* Vitoria Mikaelli Integrantes dos pelotões da Grande Fanfarra e do projeto Pequenos Músicas... Primeiros Acordes na Escola ocuparam na manhã de ontem a Avenida Cívica em um ensaio para o tradicional desfile cívico-militar em comemoração ao aniversário de 458 anos de Mogi das Cruzes no próximo sábado. Na data, serão mais de três mil pessoas desfilando, trazendo para a avenida o “Melhor de Mogi”. Vitoria Mikaelli AVENIDA CÍVICA RECEBE ENSAIO A Família Solidária, pro- grama do Fundo Social de Solidariedade de Mogi das Cruzes, irá promover nesta terça-feira uma ação em co- memoração ao Dia Municipal e Nacional do Voluntariado. O evento ocorrerá no Largo do Rosário (Praça da Marisa) no período das 14 às 20 horas. Além da anfitriã do evento, mais seis entidades e Organi- zações Não-Governamentais (ONGs) parceiras do Fundo Social estarão presentes. São elas: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Centro de Convivên- cia e Apoio ao Paciente com Câncer (Cecan), Associação de Assistência à Criança De- ficiente (AACD), Trupe do Riso, Plantadores de Sombra e Cabelegria. “O objetivo é divulgar a cultura do volun- tariado e apoiar as entidades mogianas, apresentando para Família Solidária promove evento Dia do Voluntariado será marcado por diversas atividades, como aula de tsuru (um tipo de origami) e apresentações culturais, como, por exemplo, a Trupe do Riso, que, às 18h30, vai encenar uma peça teatral. Ecopistas Em comemoração ao Dia Nacional do Voluntariado, celebrado em 28 de agosto, a Ecopistas, que faz parte do Programa de Concessões Rodoviárias do Estado de São Paulo, irá realizar uma ação de pintura em tela no Centro de Convivência do Idoso de Guararema. Colaboradores da Ecopistas, voluntariamente, irão doar seu tempo para ajudar o pró- ximo. Eles vão acompanhar e orientar a pintura em tela junto aos idosos com o tema rodovia. A atividade será nesta terça-feira no período das 13 às 17 horas. (C.C.) “Como no ano passado o programa ainda não fazia parte do Fundo Social, esta é a primeira vez que a Família Solidária promove algo para o Dia do Voluntariado. Logo, será uma ocasião especial para nós”, afirmou. Naure também informou que, além da divulgação de associações, o evento a população um pouco do trabalho que é realizado em cada uma delas”, explicou a presidente do Fundo Social, a primeira-dama Karin Melo. De acordo o coordenador da Família Solidária, Ralf Naure, a expectativa para o evento, que contará com a participação de cerca de 50 voluntários, é grande. Para Santos, esta será uma ocasião especial aos envolvidos Vitoria Mikaelli “Não vejo a hora de as aulas começarem” Vitoria Mikaelli

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CidadesDomingo, 26 de agosto de 2018 5portalnews.com.br

Refugiada ministra curso de culinária árabe no Crescer

Fadwa Jamal Alddin é de Damasco, capital da Siria, e está no Brasil há 2 anos, onde vem reconstruindo a sua históriagastronomia

A síria Fadwa Jamal Alddin, de 44 anos, sempre gostou de cozinhar e aprendeu tudo que sabe sobre culinária sozinha. Em setembro, ela começará a dar aulas de cozinha árabe no Centro de Apoio à Educação de Jovens e Adultos (Crescer), programa da Prefeitura de Mogi das Cruzes. A profes-sora já havia monitorado um minicurso no local no início deste mês, o qual foi bem aceito e contou com mais de 50 inscritos.

De acordo com a diretora do Departamento de Educação Não-Formal da Secretaria da Educação Municipal, Ana Cláudia Montemor, a Fadwa será a primeira refugiada a trabalhar no Crescer. “O Crescer tem esse perfil de dar oportunidades tanto para os alunos como para os monitores começarem a sua carreira. Temos, inclu-sive, ex-alunos que hoje são monitores nas unidades”, informou.

A equipe de reportagem do Grupo Mogi News foi até a casa de Fadwa e sua família para conversar sobre

Fadwa vê o curso como forma de trocar conhecimentos e aperfeiçoar o português

as suas expectativas para o curso e conhecer mais sobre a sua vida. Bem receptiva, a professora nos preparava café com massala, tempero típico da Índia, enquanto o filho dela, Saleh Helali, de 28 anos, contava um pouco sobre a história da família.

“Nós somos de Damasco, a capital da Síria. Eu estou no Brasil há três anos, já ela e meus irmãos, há dois. No momento, estamos tentando trazer meu pai, Khaled, mas ainda não conseguimos”.

Como muitos outros casos, a Família Alddin veio para o país fugindo da guerra que

devasta a Síria desde 2011. “Nós queríamos ir para um lugar onde não seríamos simplesmente reduzidos ao termo ‘refugiados’. Logo, o Brasil sempre foi a nossa primeira opção”. Quando questionado se ele e os seus parentes já foram alvo de preconceito, Helali nega rapidamente. “Aqui não tem isso não. Aliás, tanto a cidade quanto as pessoas de Mogi das Cruzes nos lembram muito Damasco”.

ExpectativasDepois de servir o café,

Fadwa nos explicou sobre o curso, não contendo o entu-siasmo. Segundo a professora, serão dez aulas de quatro horas no total. Cada encon-tro contará com a receita de uma pasta, uma salada, um salgado e um doce, além do prato principal. Além disso, ela confessa que aproveitará o curso para uma troca de conhecimentos. “Ainda não sei falar português muito

bem. Espero que, por meio da interação que terei com os alunos, eu consiga me aperfeiçoar no idioma. Esta participação não será só para ensinar, mas também para aprender”, destacou.

Fadwa esclarece que foi graças ao filho que conheceu o Crescer. “Saleh lecionava um curso de árabe por lá. Um dia, ele trouxe uma de suas alunas para jantar em casa. Ela simplesmente adorou a minha comida e me indicou

para dar aulas de culinária no Cempre. O minicurso foi como um experimento e fiquei muito feliz com a ade-são dos participantes. Agora, não vejo a hora de começar a dar aulas definitivamente”.

Ainda que a culinária seja a sua paixão, Fadwa trabalhava na Síria como manicure em um salão de beleza. “Viver da culinária por lá é complicado, porque praticamente todo mundo sabe cozinhar. Então, minha mãe trabalhava em salões de beleza. No Brasil, o cenário é diferente, tanto que estamos cogitando abrir um restaurante na cidade”, esclareceu o filho.

Além disso, a família diz que não tem planos de voltar para a Síria, uma vez que já estão bem instalados no município.

“É claro que sentimos falta do nosso país, mas já nos acostumamos com a rotina daqui. Caso voltássemos, teríamos que começar do zero de novo, o que não é fácil. Só esperamos, agora, que meu pai venha morar com a gente”, disse Helali, que, recentemente, casou com a professora brasileira Fernanda Galeano. (Texto

supervisionado pelo editor).

Caroline Cecin*Vitoria Mikaelli

Integrantes dos pelotões da Grande Fanfarra e do projeto Pequenos Músicas... Primeiros Acordes na Escola ocuparam na manhã de ontem a Avenida Cívica em um ensaio para o tradicional desfile cívico-militar em comemoração ao aniversário de 458 anos de Mogi das Cruzes no próximo sábado. Na data, serão mais de três mil pessoas desfilando, trazendo para a avenida o

“Melhor de Mogi”.

Vito

ria

Mik

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AvenidA CíviCA reCebe ensAio

A Família Solidária, pro-grama do Fundo Social de Solidariedade de Mogi das Cruzes, irá promover nesta terça-feira uma ação em co-memoração ao Dia Municipal e Nacional do Voluntariado. O evento ocorrerá no Largo do Rosário (Praça da Marisa) no período das 14 às 20 horas.

Além da anfitriã do evento, mais seis entidades e Organi-zações Não-Governamentais (ONGs) parceiras do Fundo Social estarão presentes. São elas: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Centro de Convivên-cia e Apoio ao Paciente com Câncer (Cecan), Associação de Assistência à Criança De-ficiente (AACD), Trupe do Riso, Plantadores de Sombra e Cabelegria. “O objetivo é divulgar a cultura do volun-tariado e apoiar as entidades mogianas, apresentando para

Família Solidária promove eventoDia do Voluntariado

será marcado por diversas atividades, como aula de tsuru (um tipo de origami) e apresentações culturais, como, por exemplo, a Trupe do Riso, que, às 18h30, vai encenar uma peça teatral. 

EcopistasEm comemoração ao Dia

Nacional do Voluntariado, celebrado em 28 de agosto, a Ecopistas, que faz parte do Programa de Concessões Rodoviárias do Estado de São Paulo, irá realizar uma ação de pintura em tela no Centro de Convivência do Idoso de Guararema. 

Colaboradores da Ecopistas, voluntariamente, irão doar seu tempo para ajudar o pró-ximo. Eles vão acompanhar e orientar a pintura em tela junto aos idosos com o tema rodovia. A atividade será nesta terça-feira no período das 13 às 17 horas. (C.C.)

“Como no ano passado o programa ainda não fazia parte do Fundo Social, esta é a primeira vez que a Família Solidária promove algo para o Dia do Voluntariado. Logo, será uma ocasião especial para nós”, afirmou.

Naure também informou que, além da divulgação de associações, o evento

a população um pouco do trabalho que é realizado em cada uma delas”, explicou a presidente do Fundo Social, a primeira-dama Karin Melo.

De acordo o coordenador da Família Solidária, Ralf Naure, a expectativa para o evento, que contará com a participação de cerca de 50 voluntários, é grande.

Para Santos, esta será uma ocasião especial aos envolvidos

Vitoria Mikaelli

“Não vejo a hora de as aulas começarem”

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