Gastronomia2+_110311

1
SALVADOR SEXTA-FEIRA 11/3/2011 8 2 GASTRONOMIA Inspirado em história real, o romance O Clube do Biscoito mistura dramas pessoais femininos com boas dicas culinárias Mulheres unidas pelos laços do paladar e da amizade DANIELA CASTRO A história se passa no estado de Michigan (Estados Unidos), às vésperas do Natal, com direito a neve e tudo mais. Mas O Clube do Biscoito é um livro que pode ser saboreado em qualquer época ou lugar, já que é feito de dois elementos de comunhão universais: comida e afeto. O subtítulo dá a dica: Onde o ingrediente mais importante é o amor. Essa é o fio da meada que leva o leitor a acompanhar um relato sobre um grupo de 13 mulheres que se reúne todos os anos, sempre na primeira se- gunda-feira de dezembro, para compartilhar biscoitos feitos por elas mesmas especialmente pa- ra a ocasião. Mas a reunião anual dessas amigas não significa só uma oportunidade de colocar a fo- foca em dia e trocar dicas sobre forno e fogão. Em torno delas se constrói um intenso laço que se renova a cada encontro. A vida inspira Para contar a história, a autora Ann Pearlman assume o ponto de vista de Marnie, “a biscoi- teira-chefe” da confraria. Ela tem 57 anos, duas filhas e dois casamentos desfeitos – o pri- meiro marido morreu precoce- mente de leucemia; o segundo, ela dispensou quando já não suportava as traições. E a protagonista ainda en- frenta as dúvidas de um namoro com um homem 12 anos mais jovem, que também tem dois filhos e se dedica ao trabalho mais do que ela gostaria. As histórias de vida de suas 12 amigas também são colocadas na roda. Jeannie revela que seu pai está tendo um caso com sua melhor amiga; Taylor tenta dri- blar uma crise financeira depois de ter sido abandonada pelo homem que amava; Rosie pre- cisa lidar com a rejeição do ma- rido à ideia de ter um filho. Clube Conflitos, alegrias, esperança, amizade e solidariedade são al- guns dos sentimentos que des- filam ao longo das quase 300 páginas do livro, enquanto a protagonista descreve nos mí- nimos detalhes o dia do 16º encontro do Clube do Biscoito – sim, o relato gira em torno de um único dia. O bacana é que, embora seja uma obra de ficção, o livro é baseado em fatos reais. “Existe, realmente, um clube do biscoi- to; eu fui a biscoiteira virgem em 2000 e, desde então, venho par- ticipando”, revela a autora, que também escreveu Infidelity: A Love Story, indicado ao prêmio Pulitzer em 2001. Por isso, além de os dramas pessoais serem absolutamente possíveis de acontecer com qualquer mulher do planeta, há dicas interessantes para quem quiser colocar em prática suas habilidades de confeitaria. A autora dá uma mão pu- blicando todas as receitas apre- sentadas pelas 13 personagens. “As receitas de biscoitos foram realmente usadas em nosso clu- be. E temos, pelo menos, umas cem”, garante Ann Pearlman, que garimpou as dicas de pre- paração das guloseimas com avós e amigas, além de ter pes- cado truques de livros, revistas e Internet. A lista inclui pedidas como bombons de chocolate com amêndoas, esferas amanteiga- das de nozes-pecã, biscoitos da sorte, bocados de amendoim e biscoitos crocantes de melaço e gengibre. Ingredientes Para incrementar seus conse- lhos, a autora ainda dedica ca- pítulos inteiros aos ingredientes mais utilizados pelas biscoitei- ras de plantão. Farinha de trigo, amêndoas, nozes, canela, man- teiga, baunilha, tâmaras, açúcar e sal são apresentados com pompa e circunstância. A inspiração para esta parte do livro veio das filhas da es- critora, que trabalham em um restaurante. Ao explorar aspec- tos nutricionais e informações históricas sobre cada um dos in- gredientes, a autora reflete so- Fernando Vivas / Ag. A TARDE No clube descrito no romance, as amigas compartilham biscoitos artesanais O CLUBE DO BISCOITO / ANN PEARLMAN Editora Bertrand Brasil/ 294 pá- ginas/ R$ 39/ www.re- cord.com.br RECEITA BOLINHAS DE NOZ-PECÃ INGREDIENTES 2xícarasdenozes-pecã 2xícarasdefarinhadetrigo 1xícarademanteigaderretida 1/2xícaradeaçúcar 2colheresdechádebaunilha 1/4decolherdechádesal Açúcardeconfeiteiroparapolvilhar PREPARO Pré-aqueçaofornoa170graus.Tritureas nozesnoliquidificadorounoprocessador. Misturetodososdemaisingredientes,exceto oaçúcardeconfeiteiro.Trabalheamassaaté formarumabola.Comasmãosenfarinhadas, façabolinhasdeaproximadamente2,5cme coloqueparaassaremtabuleirossemuntar (forradocompapel-manteigaoucompapel paraassaruntadocomóleo).Assedurante20 a22minutos.Retireosbiscoitosdotabuleiro comopapelecoloquesobreumagradepara esfriarumpouco.Certifique-sedequeainda estejammornose,gentilmente,sacuda-os numsacoplásticocomoaçúcardeconfeiteiro. Coloque-osnovamentesobreafolhadepapel epolvilhemaisaçúcardeconfeiteiroenquanto esfriam.Rendecincodúzias. bre “como a motivação da co- mida é um fator determinante em nossa cultura e evolução”. E ela aproveita para salpicar impressões mais pessoais da protagonista Marnie enquanto descreve os alimentos. Gengi- bre, por exemplo, ela prefere definir como “saborizante de lu- xo”. O chocolate é “a sobremesa do amor e da comemoração”. Já a baunilha ela associa a “histórias românticas e se- xuais”. É o momento de a per- sonagem principal confessar, em tom de gracejo: “eu, às ve- zes, uso um toque de extrato de baunilha como perfume. Não era isso que Scarlet O'Hara usa- va para seduzir Rhett Butler?”, diz, fazendo referência ao clás- sico ...E o Vento Levou. A regra é clara O Clube do Biscoito tem até es- tatuto, tá pensando o quê? E a regra número um talvez seja a mais hilária: “Nada de biscoitos com gotas de chocolate”. Mas a biscoiteira-chefe oferece uma justificativa razoável: “houve um ano em que cinco de nós os trouxeram”. Todas as participantes tam- bém ficam cientes de que não podem faltar a nenhuma reu- nião, sob pena de perderem sua vaga para uma nova amiga – quem não tiver como compa- recer deve dar um jeito de enviar seus biscoitos e um recadinho meigo justificando a ausência. Mas não existe regra mais es- timulante do que esta: “cada uma faz 13 dúzias de biscoitos”. É porque 12 pacotinhos são tro- cados entre as próprias amigas, que levam para casa e vão di- vidindo com outras pessoas queridas. E o 13º pacote de cada uma é doado para uma insti- tuição de caridade. “Existe algo de póetico nisso”, diz Marnie. E quem há de descordar? Ambiente agradável e preços acessíveis são principais atrativos de cantina italiana Daniela Castro Repórter do 2+ [email protected] Preços que não assustam são um ótimo incentivo para uma refeição fora de casa. Este é um bom motivo para visitar a Can- tina Volpi, que ainda nos dá ou- tros dois motivos: a comida é razoável e o ambiente é bonito de se ver. O rodízio de pizza custa R$ 20,90 por pessoa, com 12 sa- bores disponíveis. A famigerada relação custo-benefício ainda é boa no serviço à la carte – dá para ir da entrada à sobremesa sem extrapolar a casa dos R$ 50 por pessoa. Sal Mas faça-me o favor de não pe- dir a mussarela à puttanesca (R$ 12,90) para começar, a menos que você seja louco por sal. Não que o prato seja ruim, mas erra ao combinar queijo gratinado com alcaparras e azeitonas com torradas fortemente condimen- tadas. Um pãozinho honesto e sem firulas seria o ideal. O menu pode deixar dúvidas entre pizza, massa ou carne. O suculento filé à parmigiana da mesa ao lado pode parecer con- vidativo, mas um curioso não vai resistir ao papelloti de frutos do mar (R$ 27,90). A promessa é de spaghetti com camarão, mexi- lhão, lula e vôngole ao molho de vinho branco. Ela se cumpre, ex- ceto pelo fato de que o tal “pa- pelloti” é apenas cenográfico. Quem conhece a técnica per- cebe que o alimento não foi pre- parado dentro da “bolsa” de pa- pel alumínio, que chega à mesa impecável – é comum a cocção deixar suas marcas no papel. O garçom é sincero: tudo é feito separadamente e montado na hora de servir para “parecer que é italiano”. A informação não é animadora, mas a casa garante uma massa boa na textura e no sabor. E, a depender do apetite, serve duas pessoas. Redondas Entre as pizzas, o champignon marca presença em dois sabores que fogem do trivial: Paris (com gorgonzola, presunto, alho e óleo) e siciliana especial (com bacon, tomate e cebola). A pri- meira peca pela união de sa- bores fortes, a segunda equi- libra melhor os ingredientes. Ambas custam R$ 32,90 (a pizza média, com seis fatias). E podem vir juntas. Sobremesa? Dê uma chance ao sorvete quente (R$ 7,50), mas peça ao garçom que não deixe o pobre coitado esperan- do muito tempo pra ser levado à mesa, porque aí a calda quen- te deixa de ser quente. Bom para dividir é o fondue de chocolate (R$ 12,90), que traz uma calda quente (esta, sim!) com morangos, uvas e fa- tias de banana. Dá pra fazer duas ou três pessoas felizes. O mesmo, porém, não se pode dizer do atendimento, que é ir- regular e vai piorando à medida que a casa enche. CANTINA VOLPI (3013-6677) / RUA MIGUEL NAVARRO Y CANIZARES, 423, PITUBA Papelloti de frutos do mar é farto e saboroso, mas não é fiel à técnica de cocção sugerida pelo nome. Carta de sobremesas apresentam opções interessantes, mas o atendimento deixa a desejar CURTAS Enogastronomia e ação social em abril Elíbia Portela e prepara para Uma Noite de Aromas, Sabores, Cores e Arte Culinária na Bahia, encontro enogastronômico marcado para 16 de abril, em local a ser definido. A aposta da culinarista é o “aborá”, nova iguaria que promete agradar os amantes de dendê e frutos do mar. O chef Lucius Gaudenzi as- sina a organização e conta com a presença das chefs paulistas Paula Labaki e Luana Budel no preparo de um menu com nove pratos. Parte da renda irá para o Naspec (Núcleo Assistencial para Pessoas com Câncer). Lunaé Parracho / Ag. A TARDE Elíbia Portela criou nova iguaria especialmente para o evento Sabores naturais do Ramma na universidade Com o início do semestre letivo, Marinna Neves leva a sua ex- periência de 17 anos à frente do Restaurante Ramma (Barra) e 27 de pesquisas na área de ali- mentação natural para o curso de Gastronomia da Unifacs. Ela estreia como professora univer- sitária na disciplina Culinárias Alternativas, apostando em uma visão ampla da produção do alimento, desde a escolha de ingredientes saudáveis até o momento de colocá-los à mesa. Na cozinha da universidade, ela procura desconstruir preconcei- tos contra a culinária natural, conquistando os alunos com combinações de receitas natu- rais com sabores exóticos vin- das da Índia, dos países árabes e da Europa. “O principal é tirar refinados e químicos e colocar carboidratos de boa qualidade” MARINNA NEVES, professora Baristas baianos em concurso nacional A cafeteria Feito a Grão tem dois nomes no páreo do 1º Cam- peonato Brasileiro de Barista, que acontece entre os dias 14 e 17, em São Paulo. Bruno da Silva Santos e Lorena Sena es- tão na disputa com outros 24 profissionais de várias regiões do País. Eles terão 15 minutos para preparar expressos, cap- puccinos e drinques com café. O vencedor vai representar o Bra- sil na etapa mundial da com- petição, em junho, na Colôm- bia. O evento é promovido pela ACBB (Associação Brasileira de Café e Barista). Festival Brasil Sabor comemora seu hexa “À mesa, o Brasil é hexa”. É este o mote do festival Brasil Sabor, que chega à sua sexta edição este ano. Promovido pela Abra- sel (Associação Brasileira de Ba- res e Restaurantes), a maratona já tem datas: 28 de abril a 29 de maio. Ao longo desse período, mas de mil bares e restaurantes de todo o País estarão unidos pela proposta de divulgar os sabores de todas as regiões com pratos especialmente prepara- dos para o festival. Para esti- mular os amantes da gastro- nomia a experimentar, as casas praticam preços especiais.

description

cadotruquesdelivros,revistase Internet. Alistaincluipedidascomo bombons de chocolate com amêndoas,esferasamanteiga- dasdenozes-pecã,biscoitosda sorte,bocadosdeamendoime biscoitoscrocantesdemelaçoe gengibre. animadora,masacasagarante umamassaboanatexturaeno sabor.E,adependerdoapetite, serveduaspessoas. Noclube descritono romance,as amigas compartilham biscoitos artesanais combinaçõesdereceitasnatu- raiscomsaboresexóticosvin- dasdaÍndia,dospaísesárabes edaEuropa. Ingredientes Clube Sal

Transcript of Gastronomia2+_110311

Page 1: Gastronomia2+_110311

SALVADOR SEXTA-FEIRA 11/3/20118 2GASTRONOMIA Inspirado em história real, o romance O Clube do Biscoito mistura dramas pessoais femininos com boas dicas culinárias

Mulheres unidas pelos laços do paladar e da amizadeDANIELA CASTRO

A história se passa no estado deMichigan (Estados Unidos), àsvésperas do Natal, com direito aneve e tudo mais. Mas O Clubedo Biscoito é um livro que podeser saboreado em qualquerépoca ou lugar, já que é feito dedois elementos de comunhãouniversais: comida e afeto.

O subtítulo dá a dica: Onde oingrediente mais importante é oamor. Essa é o fio da meada queleva o leitor a acompanhar umrelato sobre um grupo de 13mulheres que se reúne todos osanos, sempre na primeira se-gunda-feira de dezembro, paracompartilhar biscoitos feitos porelas mesmas especialmente pa-ra a ocasião.

Mas a reunião anual dessasamigas não significa só umaoportunidade de colocar a fo-foca em dia e trocar dicas sobreforno e fogão. Em torno delas seconstrói um intenso laço que serenova a cada encontro.

A vida inspiraPara contar a história, a autoraAnn Pearlman assume o pontode vista de Marnie, “a biscoi-teira-chefe” da confraria. Elatem 57 anos, duas filhas e doiscasamentos desfeitos – o pri-meiro marido morreu precoce-mente de leucemia; o segundo,ela dispensou quando já nãosuportava as traições.

E a protagonista ainda en-frenta as dúvidas de um namorocom um homem 12 anos maisjovem, que também tem doisfilhos e se dedica ao trabalhomais do que ela gostaria.

As histórias de vida de suas 12amigas também são colocadasna roda. Jeannie revela que seupai está tendo um caso com suamelhor amiga; Taylor tenta dri-blar uma crise financeira depoisde ter sido abandonada pelohomem que amava; Rosie pre-cisa lidar com a rejeição do ma-rido à ideia de ter um filho.

ClubeConflitos, alegrias, esperança,amizade e solidariedade são al-guns dos sentimentos que des-filam ao longo das quase 300páginas do livro, enquanto aprotagonista descreve nos mí-nimos detalhes o dia do 16ºencontro do Clube do Biscoito –sim, o relato gira em torno deum único dia.

O bacana é que, embora sejauma obra de ficção, o livro ébaseado em fatos reais. “Existe,realmente, um clube do biscoi-to; eu fui a biscoiteira virgem em2000 e, desde então, venho par-ticipando”, revela a autora, quetambém escreveu Infidelity: ALove Story, indicado ao prêmioPulitzer em 2001.

Por isso, além de os dramaspessoais serem absolutamentepossíveis de acontecer comqualquer mulher do planeta, hádicas interessantes para quemquiser colocar em prática suashabilidades de confeitaria.

A autora dá uma mão pu-blicando todas as receitas apre-sentadas pelas 13 personagens.“As receitas de biscoitos foramrealmente usadas em nosso clu-be. E temos, pelo menos, umascem”, garante Ann Pearlman,que garimpou as dicas de pre-paração das guloseimas comavós e amigas, além de ter pes-

cado truques de livros, revistas eInternet.

A lista inclui pedidas comobombons de chocolate comamêndoas, esferas amanteiga-das de nozes-pecã, biscoitos dasorte, bocados de amendoim ebiscoitos crocantes de melaço egengibre.

IngredientesPara incrementar seus conse-lhos, a autora ainda dedica ca-pítulos inteiros aos ingredientesmais utilizados pelas biscoitei-ras de plantão. Farinha de trigo,amêndoas, nozes, canela, man-teiga,baunilha,tâmaras,açúcare sal são apresentados compompa e circunstância.

A inspiração para esta partedo livro veio das filhas da es-critora, que trabalham em umrestaurante. Ao explorar aspec-tos nutricionais e informaçõeshistóricas sobre cada um dos in-gredientes, a autora reflete so-

Fernando Vivas / Ag. A TARDE

No clubedescrito noromance, asamigascompartilhambiscoitosartesanais

O CLUBE DO BISCOITO / ANN PEARLMAN

EditoraBertrandBrasil/294pá-ginas/ R$ 39/ www.re-cord.com.br

RECEITABOLINHAS DE NOZ-PECÃ

INGREDIENTES2xícarasdenozes-pecã2xícarasdefarinhadetrigo1xícarademanteigaderretida1/2xícaradeaçúcar2colheresdechádebaunilha1/4decolherdechádesalAçúcardeconfeiteiroparapolvilhar

PREPAROPré-aqueçaofornoa170graus.Tritureasnozesnoliquidificadorounoprocessador.Misturetodososdemaisingredientes,excetooaçúcardeconfeiteiro.Trabalheamassaatéformarumabola.Comasmãosenfarinhadas,façabolinhasdeaproximadamente2,5cmecoloqueparaassaremtabuleirossemuntar(forradocompapel-manteigaoucompapelparaassaruntadocomóleo).Assedurante20a22minutos.Retireosbiscoitosdotabuleirocomopapelecoloquesobreumagradeparaesfriarumpouco.Certifique-sedequeaindaestejammornose,gentilmente,sacuda-osnumsacoplásticocomoaçúcardeconfeiteiro.Coloque-osnovamentesobreafolhadepapelepolvilhemaisaçúcardeconfeiteiroenquantoesfriam.Rendecincodúzias.

bre “como a motivação da co-mida é um fator determinanteem nossa cultura e evolução”.

E ela aproveita para salpicarimpressões mais pessoais daprotagonista Marnie enquantodescreve os alimentos. Gengi-bre, por exemplo, ela preferedefinir como “saborizante de lu-xo”. O chocolate é “a sobremesado amor e da comemoração”.

Já a baunilha ela associa a“histórias românticas e se-xuais”. É o momento de a per-sonagem principal confessar,em tom de gracejo: “eu, às ve-zes, uso um toque de extrato debaunilha como perfume. Nãoera isso que Scarlet O'Hara usa-va para seduzir Rhett Butler?”,diz, fazendo referência ao clás-sico ...E o Vento Levou.

A regra é claraO Clube do Biscoito tem até es-tatuto, tá pensando o quê? E aregra número um talvez seja a

mais hilária: “Nada de biscoitoscom gotas de chocolate”. Mas abiscoiteira-chefe oferece umajustificativa razoável: “houveum ano em que cinco de nós ostrouxeram”.

Todas as participantes tam-bém ficam cientes de que nãopodem faltar a nenhuma reu-nião, sob pena de perderem suavaga para uma nova amiga –quem não tiver como compa-recer deve dar um jeito de enviarseus biscoitos e um recadinhomeigo justificando a ausência.

Mas não existe regra mais es-timulante do que esta: “cadauma faz 13 dúzias de biscoitos”.É porque 12 pacotinhos são tro-cados entre as próprias amigas,que levam para casa e vão di-vidindo com outras pessoasqueridas. E o 13º pacote de cadauma é doado para uma insti-tuição de caridade. “Existe algode póetico nisso”, diz Marnie. Equem há de descordar?

Ambiente agradável e preços acessíveis são principais atrativos de cantina italiana

Daniela CastroRepórter do 2+

[email protected]

Preços que não assustam sãoum ótimo incentivo para umarefeição fora de casa. Este é umbom motivo para visitar a Can-tina Volpi, que ainda nos dá ou-tros dois motivos: a comida érazoável e o ambiente é bonitode se ver.

O rodízio de pizza custa R$20,90 por pessoa, com 12 sa-bores disponíveis. A famigeradarelação custo-benefício ainda é

boa no serviço à la carte – dápara ir da entrada à sobremesasem extrapolar a casa dos R$ 50por pessoa.

SalMas faça-me o favor de não pe-dir a mussarela à puttanesca (R$12,90) para começar, a menosque você seja louco por sal. Nãoque o prato seja ruim, mas erraao combinar queijo gratinadocom alcaparras e azeitonas comtorradas fortemente condimen-tadas. Um pãozinho honesto esem firulas seria o ideal.

O menu pode deixar dúvidasentre pizza, massa ou carne. Osuculento filé à parmigiana da

mesa ao lado pode parecer con-vidativo,masumcuriosonãovairesistir ao papelloti de frutos domar(R$27,90).Apromessaédespaghetti com camarão, mexi-lhão, lulaevôngoleaomolhodevinho branco. Ela se cumpre, ex-ceto pelo fato de que o tal “pa-pelloti” é apenas cenográfico.

Quem conhece a técnica per-cebe que o alimento não foi pre-parado dentro da “bolsa” de pa-pel alumínio, que chega à mesaimpecável – é comum a cocçãodeixar suas marcas no papel. Ogarçom é sincero: tudo é feitoseparadamente e montado nahora de servir para “parecer queé italiano”. A informação não é

animadora, mas a casa garanteuma massa boa na textura e nosabor. E, a depender do apetite,serve duas pessoas.

RedondasEntre as pizzas, o champignonmarcapresençaemdoissaboresque fogem do trivial: Paris (comgorgonzola, presunto, alho eóleo) e siciliana especial (combacon, tomate e cebola). A pri-meira peca pela união de sa-bores fortes, a segunda equi-libra melhor os ingredientes.

Ambas custam R$ 32,90 (apizza média, com seis fatias). Epodem vir juntas.

Sobremesa? Dê uma chance

ao sorvete quente (R$ 7,50),mas peça ao garçom que nãodeixe o pobre coitado esperan-do muito tempo pra ser levadoà mesa, porque aí a calda quen-te deixa de ser quente.

Bom para dividir é o fonduede chocolate (R$ 12,90), quetraz uma calda quente (esta,sim!) com morangos, uvas e fa-tias de banana. Dá pra fazerduas ou três pessoas felizes. Omesmo, porém, não se podedizer do atendimento, que é ir-regular e vai piorando à medidaque a casa enche.

CANTINA VOLPI (3013-6677) / RUA MIGUEL

NAVARRO Y CANIZARES, 423, PITUBA

Papelloti de frutosdo mar é farto esaboroso, mas nãoé fiel à técnica decocção sugeridapelo nome. Cartade sobremesasapresentam opçõesinteressantes, maso atendimentodeixa a desejar

CURTAS

Enogastronomia eação social em abril

Elíbia Portela e prepara paraUma Noite de Aromas, Sabores,Cores e Arte Culinária na Bahia,encontro enogastronômicomarcado para 16 de abril, emlocal a ser definido. A aposta daculinarista é o “aborá”, novaiguaria que promete agradar osamantes de dendê e frutos domar. O chef Lucius Gaudenzi as-sina a organização e conta coma presença das chefs paulistasPaula Labaki e Luana Budel nopreparo de um menu com novepratos. Parte da renda irá parao Naspec (Núcleo Assistencialpara Pessoas com Câncer).

Lunaé Parracho / Ag. A TARDE

Elíbia Portela criou nova iguariaespecialmente para o evento

Sabores naturais do Ramma na universidade

Com o início do semestre letivo,Marinna Neves leva a sua ex-periência de 17 anos à frente doRestaurante Ramma (Barra) e27 de pesquisas na área de ali-mentação natural para o cursode Gastronomia da Unifacs. Elaestreia como professora univer-sitária na disciplina CulináriasAlternativas, apostando emuma visão ampla da produçãodoalimento,desdeaescolhadeingredientes saudáveis até omomento de colocá-los à mesa.Na cozinha da universidade, elaprocura desconstruir preconcei-tos contra a culinária natural,conquistando os alunos com

combinações de receitas natu-rais com sabores exóticos vin-das da Índia, dos países árabese da Europa.

“O principal é tirarrefinados equímicos e colocarcarboidratos deboa qualidade”MARINNA NEVES, professora

Baristas baianos emconcurso nacional

AcafeteriaFeitoaGrãotemdoisnomes no páreo do 1º Cam-peonato Brasileiro de Barista,que acontece entre os dias 14 e17, em São Paulo. Bruno daSilva Santos e Lorena Sena es-tão na disputa com outros 24profissionais de várias regiõesdo País. Eles terão 15 minutospara preparar expressos, cap-puccinos e drinques com café. Ovencedor vai representar o Bra-sil na etapa mundial da com-petição, em junho, na Colôm-bia. O evento é promovido pelaACBB (Associação Brasileira deCafé e Barista).

Festival Brasil Saborcomemora seu hexa

“À mesa, o Brasil é hexa”. É esteo mote do festival Brasil Sabor,que chega à sua sexta ediçãoeste ano. Promovido pela Abra-sel (Associação Brasileira de Ba-reseRestaurantes),amaratonajá tem datas: 28 de abril a 29 demaio. Ao longo desse período,mas de mil bares e restaurantesde todo o País estarão unidospela proposta de divulgar ossaboresdetodasasregiõescompratos especialmente prepara-dos para o festival. Para esti-mular os amantes da gastro-nomia a experimentar, as casaspraticam preços especiais.