Gazeta Rural n 254

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I Director: José Luís Araújo | N.º 254 | 31 de Agosto de 2015 | Preço 2,00 Euros | www.gazetarural.com Na Rota do Vinho

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I

Director : José Luís Araújo | N.º 254 | 31 de Agosto de 2015 | Preço 2,00 Euros | www.gazetarural .com

Na Rota do Vinho

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Sumário04 Vindouro – Festa Pombalina estreia Museu do Vinho de São João da Pesqueira06 Vinho em destaque na Feira Agrícola de Alpiarça 07 Câmara de Tondela espera 50 mil visitantes na FICTON 201508 Guarda realiza Feira Farta para divulgar produtos locais10 Quatro dezenas de estrangeiros vão conhecer regiões vitícolas11 Doze quintas do Dão participam na Festa das Vindimas de Viseu12 Vinhos portugueses premiados no Concurso Internacional13 Produção de Mel da Serra do Caramulo insuficiente para a procura14 Pampilhosa da Serra incentiva plantação de medronheiros para prevenir incêndios15 Produtores de pêra rocha esperam quebra de 50 por cento16 Cerveja e Urtiga e Caracóis fizeram as delícias de inúmeros visitantes18 Novos seguros agrícolas podem passar a ser obrigatórios em alguns casos19 Arouca cria Quinta-Museu da Raça Arouquesa

Esta edição inclui um suplemnto de 52 páginas.

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18 a 21 setembroDão Festa

Saiba mais em www.vindimasviseu.pt e www.facebook.com/municipioviseu

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A grande celebração do Douro estará de regresso de 4 a 6 de Setembro. A Vindouro – Festa Pombalina, vai na décima tercei-ra edição e trás novidades, desde logo o novo espaço, o recém--inaugurado Museu do Vinho de São João da Pesqueira, onde serão realizadas as provas de vinhos com os produtores repre-sentados,

Durante três dias, vários produtores de referência do Douro da-rão a conhecer os mais recentes lançamentos de vinhos DOC e Porto, disponíveis para prova durante todo o evento. Os visitantes terão ainda a oportunidade de participar em conversas informais sobre vinho, com temas variados e dicas práticas que ajudam a uma melhor apreciação.

O evento contará com as já habituais recriações históricas pombalinas, inspiradas na figura tutelar do Douro que foi o Mar-quês de Pombal. No centro histórico de São João da Pesqueira será possível viajar no tempo e recuar até ao século XVIII em diferentes momentos: no Mercado Pombalino, com expositores trajados a rigor que apresentam e vendem produtos regionais; no Jantar Pombalino, sempre um dos pontos altos de cada edição, com uma atmosfera particularmente inspiradora; passando pelo Leilão de Vinhos Generosos antigos, cujas receitas revertem a fa-vor de causas sociais do município.

“É importante criar condições para que este sector possa continuar a desenvolver-se de forma sustentá-vel e a trazer valor acrescentado para o território”

À Gazeta Rural, o presidente da Câmara de São João da Pes-queira realçou a importância do evento e as novidades que o mesmo apresenta nesta edição. José Fontão Tulha adiantou que, à semelhança de anos anteriores, estarão presentes vários im-portadores estrageiros, num sector que “é o motor do desenvol-vimento do concelho e da região”.

Gazeta Rural (GR): Que novidade mais destacaria na edição deste ano?

De 4 a 6 de Setembro, no coração do Douro Vinhateiro

Vindouro – Festa Pombalina estreia Museu do Vinho

de São João da Pesqueira

José Fontão Tulha (JFT): Este ano destaca-se a realiza-ção da exposição de vinhos no recentemente inaugurado Museu do Vinho de S. João da Pesqueira e a realização de uma lagarada tradicional, utilizando uvas de vários produtores participantes na Vindouro, que lhes dará acesso à utilização do logótipo e da mar-ca “ Museu do Vinho de S. João da Pesqueira” para a criação de uma edição limitada com esta designação.

GR: Que importância atribui ao facto da Vindouro mu-dar de espaço, para o Museu do Vinho?

JFT: O Museu do Vinho de São João da Pesqueira tem por mis-são documentar e preservar o património vitivinícola do concelho e, através da sua interpretação, promover divulgar a cultura e a identidade do vinho em São João da Pesqueira, assim como a his-tória e a realidade da mais antiga região vitivinícola demarcada do mundo, numa perspectiva cultural, educativa e turística. Além disso, em termos de infraestruturas tem excelentes condições para realizar uma exposição com estas características.

Portanto, para nós, no âmbito da Vindouro, faz todo sentido aliar a exposição de vinhos e os seus produtores ao Museu de Vinho de S. João da Pesqueira. Os visitantes poderão realizar as provas numa envolvente relacionada com os vinhos e o territó-rio e poderão visitar a Loja Interactiva de Turismo, onde, inclusi-ve, poderão participar numa lagarada tradicional. Estas sinergias poderão potenciar os produtores e as infraestruturas municipais.

GR: O número de expositores está dentro do que ti-nham previsto?

JFT: Sim. O número de produtores inscritos na Vindouro tem--se mantido relativamente constante ao longo do tempo, pelo que este ano está dentro das nossas previsões.

GR: Os últimos anos têm sido marcados com a pre-sença de delegações estrangeiras, com o objectivo de criar pontes para possíveis negócios. Como será este ano?

JFT: Temos tido algumas delegações asiáticas, especialmente

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de Macau, sendo que alguns desses importadores já estabelece-ram relações comerciais com alguns dos nossos produtores. Além disso, através destes contactos estabeleceram-se algumas par-cerias importantes, como é exemplo a parceria entre o Instituto de Formação Turística de Macau (IFTM) e a Escola Profissional do Alto Douro (ESPRODOURO) que permitiu a realização de um cur-so intensivo sobre o Vinho, a Viticultura e o Território, em S. João da Pesqueira, tendo-se realizado a primeira edição no passado mês de Julho.

Este ano, à semelhança dos anos anteriores, vamos ter a pre-sença de vários importadores. O objectivo é diversificar, para que os produtores participantes possam encontrar oportunidades de negócios, tendo em conta as características dos seus vinhos e as preferências dos vários mercados internacionais.

GR: Qual a situação actual do sector no concelho?JFT: Penso que o sector, apesar de ter de concorrer com mer-

cados bastante competitivos, tem evoluído favoravelmente. Em S. João da Pesqueira é notória a dinâmica dos nossos produtores, uma vez que têm surgido novas marcas, tem havido investimento em novas unidades produtivas, tem-se verificado uma aposta na melhoria da qualidade, na inovação e na procura de novos mer-cados internacionais.

Apesar de todas as dificuldades naturais, este sector é o motor do desenvolvimento do nosso concelho, e região. Será, por isso, importante criar condições para que possa continuar a desenvol-ver-se de forma sustentável e a trazer valor acrescentado para o território.

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A XXXIII edição da Alpiagra - Feira Agrícola e Comercial de Alpiarça vai realizar-se de 5 a 13 de Setembro, dando particu-lar destaque ao vinho e ao melão. O presidente da Câmara de Alpiarça, Mário Pereira, explicou que a edição deste ano, que contará com um investimento de 50 mil euros e aguarda a visita de “muitas dezenas de milhar de visitantes”, vai dar um “enfoque suplementar ao vinho e às adegas” e ao melão ‘Ma-nuel António’ (em processo de certificação) e incluir colóquios, ‘workshops’ e conferências temáticas.

“A Alpiagra é o momento mais adequado para promover os vinhos de qualidade produzidos no concelho e na região”, dis-se o autarca de Alpiarça, no distrito de Santarém, sublinhando que o antigo pavilhão de exposições será destinado ao sector, com a presença de produtores, provas e vendas de vinhos, ter-túlias e espectáculos de animação.

“Esta é a nossa festa anual, um momento de encontros e re-encontros com a comunidade residente e com a comunidade emigrante, ligada a um concelho onde o sector agrícola con-tinua a ser a vertente mais importante e o principal motor de desenvolvimento económico”, destacou Mário Pereira.

No espaço do certame, que vai decorrer em dois pavilhões e numa área ao ar livre, haverá dois palcos para a realização de espectáculos e expositores de outras áreas de actividade -

Certame decorre de 05 a 13 de Setembro

Vinho em destaque na Feira Agrícola de Alpiarça

comércio, serviços, agro-indústria, instituições, feira do livro e artesãos regionais -, num total de 120.

No espaço exterior, entre os dois pavilhões e com um es-paço com relvado, haverá actividades lúdicas e desportivas, carrosséis e carrinhos de choque, para além de concertos com Oquestrada e de Tributo a Bob Marley, humor com Eduardo Madeira, fado, folclore e filarmónicas.

Num município onde residem cerca 7.800 habitantes, a Al-piagra configura-se como “o momento mais importante do ano, em termos de mostra económica, cultural e dinâmica as-sociativa, assim como de afirmação da identidade de um povo e de uma região”, vincou o autarca.

O programa inclui ainda animação musical diária nas tasqui-nhas e música seleccionada por DJ depois da meia-noite, além de bailes populares. “É um cartaz que reflecte maior racio-nalidade em termos financeiros, sendo equilibrado e variado, procurando ir ao encontro de vários tipos de públicos”, afirmou Mário Pereira.

O edil disse ainda que o concelho tem em mãos um “proces-so de saneamento financeiro que deriva de dificuldades eco-nómicas” e desejou que o próximo Governo “respeite a auto-nomia do poder local e consagre os meios necessários para a recuperação das finanças municipais”.

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Tondela recebe de 11 a 16 de Setembro a XXIII edição da FIC-TON - Feira Industrial e Comercial do concelho, iniciativa que conta com um cartaz de espectáculos com grandes nomes do panorama musical nacional.

O presidente da Câmara de Tondela disse que o orçamento para o certame ronda os 200 mil euros e são esperados cerca de 50 mil visitantes. “A FICTON é a maior e principal montra da afirmação do desenvolvimento local. As nossas expectativas, se o tempo assim o permitir, apontam para que, alargando o período da FICTON a seis dias, possamos aproximar-nos de 50 mil pessoas em termos de visitantes”, explicou José António Je-sus.

Durante a apresentação da Feira, o autarca reconheceu que o impacto em termos de visitantes seria diferente se o even-to decorresse em Julho ou Agosto. “Mas, nós queremos ser o palco regional no mês de Setembro: é uma opção estratégica fazer a FICTON no mês de Setembro”, acrescentou.

A FICTON estará instalada no Pavilhão Desportivo Municipal de Tondela e espaços envolventes. “Esta edição tem a particu-laridade de se ir alargar no tempo: são seis dias de actividade. Do ponto de vista logístico, a estrutura é idêntica, mas do pon-to de vista da programação estamos praticamente a estender a FICTON a uma semana de actividade, o que obriga a ter uma resposta em termos de programação e conteúdos que arrasta outro tipo de investimento e organização”, evidenciou.

O orçamento previsto para este ano andará próximo dos 200 mil euros, sendo visto por José António Jesus como um in-

XXIII Feira Industrial e Comercial decorre de 11 a 16 de Setembro

Câmara de Tondela espera 50 mil visitantes na FICTON 2015

vestimento no concelho a que preside. “Mais do que custo, é um investimento. Um investimento que envolve muita gente, só nas tasquinhas e bares com associações presentes have-rá repercussão directa no orçamento dessas instituições com este investimento”, justificou.

O autarca revelou que cerca de um terço dos custos da FIC-TON está associado à estrutura de logística (entre 50 a 60 mil euros), sendo um pouco maior o custo associado aos artistas (70 mil euros). “O outro terço dos custos está disseminado por outras despesas associadas”, acrescentou.

Sobre o cartaz musical, o autarca de Tondela explicou que este ano apresenta-se “reforçado em termos de qualidade artística e de diversidade”. “Procuramos abranger diferentes públicos e gostos: uns mais para a juventude e outros mais conservadores, pois a FICTON é um espaço aberto a todos”, sustentou.

Para o primeiro dia do certame está prevista a actuação de Mickael Carreira, subindo ao palco a 12 de Setembro Pedro Abrunhosa e a 13 de Setembro Jorge Palma. Diego Miranda (14 de Setembro), Sérgio Rossi (15 de Setembro) e Cuca Roseta (16 de Setembro) são outros dos artistas que compõem o cartaz musical deste ano.

Os 81 stands das empresas locais e áreas de serviços serão colocados no Pavilhão Desportivo, enquanto no exterior es-tará montada uma área para a gastronomia, com nove tas-quinhas e oito bares; e ainda uma área com 82 stands para as freguesias e artesanato.

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A Câmara da Guarda vai promover nos dias 12 e 13 de Setem-bro a primeira edição da Feira Farta, com o objectivo de estimu-lar a produção e garantir a comercialização dos produtos locais.

Segundo o presidente da Câmara da Guarda o certame, que irá decorrer no largo do Mercado Municipal, naquela cidade, contará com a participação de cerca de 150 produtores do concelho que irão divulgar e comercializar “mais de 100 produ-tos” agroalimentares como mel, queijo, azeite, frutos, vegetais, doces e pão, entre outros.

Álvaro Amaro considera que a feira, que terá animação, gas-tronomia, produtos da terra (provenientes das 43 freguesias do município) e tradições, constitui um “passo importante” para a “agitação” do mundo rural. “Se tivermos garantido o es-coamento [dos produtos dos pequenos produtores locais] nós aumentamos mais a produção”, disse o autarca na apresen-tação do certame, realizada no espaço do Mercado Municipal da Guarda.

A Feira Farta insere-se na estratégia do executivo municipal liderado por Álvaro Amaro que pretende “aumentar o poder de

No largo do Mercado Municipal nos dias 12 e 13 de Setembro

Guarda promove Feira Farta para divulgar produtos locais

atracção e estimular a economia local”. O autarca anunciou que a organização pagará 50 euros a cada produtor partici-pante, bem como o transporte e as refeições (almoço e jantar). “Para mim não é despesa nenhuma, é um belíssimo investi-mento - estimular os produtores para se deslocarem à cidade”, disse, assegurando que enquanto for presidente da autarquia da cidade mais alta do país a Feira Farta “não parará”.

A primeira edição da feira tem um orçamento global que ron-da os 80 mil euros, mas como está garantido financiamento comunitário, Álvaro Amaro refere que a despesa do município “é de 15 mil euros”.

O programa da feira inclui muita animação musical, um con-certo de José Cid (dia 13 de Setembro, às 21:00) e a transmissão em directo do programa “Verão Total” da RTP 1 (dia 12 de Se-tembro, das 10:00 às 18:00), entre outras actividades.

A organização da Feira Farta refere que durante os dois dias do certame os visitantes “vão conhecer o concelho da Guarda nas suas diversas vertentes, mas sobretudo a riqueza dos seus produtos agroalimentares”.

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Quatro dezenas de estrangeiros vão conhecer as principais regiões vitícolas portuguesas e os respectivos vinhos, a con-vite da distribuidora Lusovini. “Nós sabemos, por experiências acumuladas do trabalho que temos vindo a fazer, que trazen-do as pessoas ao nosso país elas ficam surpresas pela cultura, pela gastronomia, pela paisagem e também pelos vinhos”, jus-tificou o presidente da Lusovini, Casimiro Gomes.

Até ao dia 06 de Setembro, estarão de visita a Portugal clientes da distribuição, garrafeiras, restaurantes, hotelaria, jornalistas e críticos de vinhos dos Estados Unidos, do Brasil, de Angola, de Moçambique, da China, de França, da Polónia e de Inglaterra.

A estes, a Lusovini mostrará não só vinhas e adegas no Alen-tejo, no Tejo, na Bairrada, no Douro e no Dão - onde se produ-

A convite da distribuidora Lusovini

Quatro dezenas de estrangeiros vão conhecer regiões vitícolas

zem algumas das 80 marcas que comercializa mundialmente -- mas também a gastronomia, a paisagem, a cultura e o patri-mónio destas regiões vitícolas.

“No fundo, o que pretendemos é mostrar o todo e valorizar os vinhos com esse todo”, explicou Casimiro Gomes, salientan-do que, apesar de Portugal ser um país pequeno, este circuito nacional mostrará “uma diversidade de paisagens, de gastro-nomia e de culturas locais que é fascinante”, como se se tra-tassem de vários países.

Na sua opinião, “o nível geral das infraestruturas do país, a ligação das empresas às universidades, a cultura, o património, a gastronomia, as paisagens e a qualidade de vida real que se percebe em Portugal, surpreendem todos os visitantes estran-geiros”, o que “beneficia a imagem com que ficam dos vinhos portugueses”.

A Lusovini vai aproveitar para, durante estes dias, lançar oito novos produtos: três tintos e um branco (todos de guarda), dois espumantes (um da Bairrada e outro do Dão), um verde e um Porto branco (para beber com gelo). “É importante que des-cubram os vinhos nos seus próprios ambientes”, considerou o presidente da Lusovini, acrescentando que, olhando para as características das paisagens, os convidados vão conseguir perceber porque “um verde é completamente diferente de um Douro e um Alentejo de um Bairrada”.

No último dia da visita, o grupo vai visitar a Feira do Vinho do Dão de Nelas. O jantar será servido na adega de Nelas, com-prada em 2013 pela Lusovini para instalar a sua principal base logística.

Desde o ano passado que aí decorrem obras de recupera-ção e beneficiação com o objectivo de melhoria do seu ‘Wine Center’ e do seu futuro Centro Interpretativo do Dão, que a Lu-sovini considera “peças fundamentais na estratégia de inter-nacionalização” dos seus vinhos portugueses.

‘Regateiro’ é o novo projecto da Lusovini na Bairrada

Entretanto, a Lusovini vai apresentar no próximo dia 10 de Setembro dois novos vinhos e um espumante com a marca ‘Regateiro’. “A origem do nome vem do meu avô paterno, Ma-nuel Gomes Regateiro, que era um entusiasta dos vinhos Bair-rada, tal como o meu pai”, referiu o presidente da Lusovini.

Casimiro Gomes é natural da Forcada, no concelho de Águe-da, e, por isso, “lançámos este projecto para ajudar a requali-ficar e valorizar o nosso activo regional, que são os vinhos da Bairrada”, justificou.

Para o efeito foi constituída a empresa Ares da Bairrada – Sociedade Vitivinícola Lda, detida na totalidade pelo Grupo Lusovini, e cuja sede será em Forcada, na freguesia de Aguada de Cima, “de forma a podermos profissionalizar ainda mais o nosso projecto”, salientou Casimiro Gomes.

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Diretor: José Luís Araújo | 31 de agosto de 2015

Este suplemento faz parte integrante da edição nº254.

Feira do Vinho do Dão

2015

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editorial

Na Rota da Feira do Vinho do Dão

No ano em que foram encetadas diversas acções de promoção em re-dor do vinho do Dão e da Região, e oficialmente lançada a Rota, a Fei-

ra do Vinho do Dão, em Nelas, dá também um passo em frente, numa aposta que a autarquia fez não só na sua divulgação, mas, e princi-

palmente, na qualidade da mesma. Este esforço reflecte o desígnio do Município de Nelas, numa

aposta clara num sector que é uma mais-valia, gerador de inves-timento e emprego, mas também na ocupação do território. O evento deste ano reflecte também o reconhecimento dos pro-dutores acerca da importância da Feira, local de promoção, di-vulgação e degustação de vinhos, mas também de negócios.

A Feira do Vinho do Dão é a única feira de vinhos de toda a Região Demarcada, com produtores dos 16 municípios que a compõem e vinhos representativos de todas as sub-regiões, dando o devido relevo à cultura e costumes da região.

À Feira e aos vinhos do Dão associa-se também um con-junto de iniciativas, promovidas por empresas e instituições, no conjunto de personalidades dos mais diversos quadrantes que a visitam, com destaque para algumas dezenas de agen-

tes que estarão presentes a convite da Lusovini, dos jantares vínicos promovidos, dos grupos organizados, dos diversos mo-

mentos de conversa, entre outros, bem como a visita de uma delegação da Confraria Feminina do Vinho de Curitiba, Brasil, que

lhe dá um toque de internacionalização. A tudo isto juntamos a nossa gastronomia, com um conjunto de acções que mostram que

nesta região temos dos melhores produtos que combinam na perfei-ção com o ‘rei’ da festa.O convite é que usufruam da feira, degustem os nossos vinhos, delici-

em-se com a nossa gastronomia, bem como de todo o programa propos-to, nomeadamente o espectáculo, imperdível, do encenador António Leal

“As músicas que os vinhos Dão”, produção da Contracanto, Associação Cultu-ral, que subirá ao palco todas as noites da Feira, com mais de 150 atores, e nomes

de referência da cultura nacional, como o actor Vítor de Sousa.

Sofia RelvasVereadora da Câmara de Nelas

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NÃO PERCA UM EVENTOIntercidades | RegionalInterRegional

24ª Feira do Vinho do Dão 2015

ExpositoresPRODUTORES DE VINHO Adega da CorgaAdegas Cooperativas do DãoAllgo by CMWINESAntónio Lopes Ribeiro Wines, Lda. - Casa de MourazCaminhos CruzadosCasa da CarvalhaCasa da ÍnsuaCentro Interpretativo da Vinha e do Vinho de MangualdeDos Lobos - António F. L. Vaz Patto, Lda.Fidalgas de SantarFonte de GonçalvinhoGlobalWines - Cabriz / Casa de Santar / Paço dos Cunhas / GrilosJulia Kemper WinesLadeira da Santa, Lda.Lusovini / Pedra CancelaMadre de ÁguaPalwines, Lda.Quinta da Alameda Quinta da EspinhosaQuinta da FataQuinta da Pellada / Vinha PazQuinta da TaboadelaQuinta das Maias / Quinta dos Roques / Casa de CelloQuinta das Marias Quinta de São FranciscoQuinta do Carvalhão TortoQuinta do Mondego – Fontes da Cunha, SAQuinta do Perdigão Quinta do Ribeiro Santo – Carlos Lucas Quinta do SobralQuinta dos MonteirinhosQuinta dos Penassais / Verurium / Quinta da PenseiraQuinta Mendes PereiraQuintas de SirlynSão MatiasSeacampo, Sociedade Agrícola, Lda.Sociedade Agrícola Castro Pena Alba, SASociedade Agrícola da Quinta de Santo AntónioSOGRAPEUCB – Quinta do CerradoVinhos BorgesVinícola de Nelas, S.A.

PRODUTOS REGIONAISANCOSE – Assoc. Nac. Criadores de Ovinos Serra da EstrelaCasa do Miradouro SantarChocolateria DelíciaCooperativa dos Olivicultores de Nelas, C.R.LFumeiro Flor de SalMathias II – Export. Unip. Lda.Natural da Quinta, Lda.Produtos Artesanais Quinta das Fontes Quinta da Lapa – Queijo Serra da Estrela Vilar Seco

ASSOCIAÇÕES / INSTITUIÇÕESADD – Associação de Desenvolvimento do Dão

CERV – Conselho Empresarial da Região de ViseuComunidade Intermunicipal Viseu Dão LafõesContracanto – Associação CulturalDirecção Regional de Agricultura e Pescas do CentroFantasmas do Asfalto – Grupo Motard de NelasFundação Lapa do LoboSOS Animais de NelasSport Lisboa e NelasTurismo do Centro

COMERCIAISAnadil – Comércio Geral e Importação, SA AtermakBeira Antiga, Lda.Caldas da Felgueira Termas & SpaNOSSalesland Portugal Unipessoal, Lda.

MUNICÍPIO DE NELASSecretariado do Município de Nelas e Comissão Vitivinícola Regional do Dão

ÁREA DESCOBERTACasa Leorne Bicicletas e Motorizadas, Lda.J & Coimbra, Lda. Maquiguarda, Lda. Máquinas Agrícolas Eurico – NATR, Lda. TractoPais, Lda.

ZONA ARTESANATOArte de BrincarArtes da BetaAs Coisinhas da IsabelBella de SousaCatarina Isabel GonçalvesCestaria SampaioDinis Pereira FernandesFrancisco e Anabela Artesanato Isabel Maria Nunes SoaresIsaura Maria FigueiredoLux de Luís DanielMaria’s DesignMilena SantosMuitas Pintas – Carla AlmeidaPanos e Linhos da GraçaPaula Gonçalves – BordadosRogério de Sá Alves da SilvaRute Cláudia SousaSimão Monteiro

PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO (MERCADO MUNICIPAL)Associação Desportiva, Recreativa e Cultural do Cimo do Povo Associação dos Bombeiros Voluntários de NelasChef Diogo RochaDoce FasquiaJaca Snack-BarO FrancêsOs AntóniosPastelaria SalinasRestaurante Pizzaria ConcertoRetiro das LaranjeirasJorge Cafés Agrupamento 578 - Escuteiros de Nelas

A cultura secular do vinho não deixa de se reinventar. Prova disso são as constantes reestruturações das regiões vitiviní-colas portuguesas que procuram revitalizar, valorizar e sensi-bilizar o mercado para a realidade da sua riqueza produtiva da vinha e do vinho, dando uma maior visibilidade ao este produto de qualidade.

A produção e o interesse sobre o vinho trazem uma nova forma de fazer turismo: o Enoturismo. É uma experiência ino-vadora com motivações de procura diversas, que convida não só os conhecedores de vinhos, como abre as portas ao turista convencional, atraindo-o para a cultura do vinho (para a sua origem e para o produtor) e, por sua vez, para a harmonização perfeita entre os vinhos e a gastronomia, passando ainda pelos recursos e costumes locais ou regionais.

A atenção dos media disparou e nota-se um florescimento de outros serviços de valor acrescentado, nomeadamente, o aumento de quintas particulares, de restaurantes ou até de spas de vinoterapia, entre outras infraestruturas.

Outrora uma experiência mais masculina, verifica-se um crescente interesse feminino (tanto como consumidora como profissional) nos segredos do vinho e da gastronomia, sendo um nicho de mercado importantíssimo e exigente que procura produtos de excelência e, ao encontrá-los, torna-se um cliente assíduo e promotor.

Actualmente, a dinâmica do enoturismo assenta nas rotas de vinhos, contribuindo para a preservação da autenticidade de cada região. Parceria que envolve os produtores, os agen-tes locais (públicos e privados) e as estruturas existentes, ofe-recendo produtos complementares aos turistas, permitindo uma melhor relação, uma maior visibilidade e um conjunto de oportunidades económicas, sociais e culturais entre todos os intervenientes, dando especial destaque, obviamente, ao pa-pel dos Chefs de Cozinha em aliar a nossa gastronomia, defen-dendo os nossos produtos e fazendo a harmonização com os nossos vinhos.

No Centro de Portugal encontramos o magnífico vinho do Dão que marca a diferença pela sua qualidade, personalidade, elegância, frescura e suavidade. A Rota dos Vinhos do Dão - com mais de 40 produtores de vinhos e três itinerários diferen-tes - beneficia de uma gastronomia ímpar, em complementa-ridade com outras ofertas turísticas, proporciona experiências diferenciadas, despertando todos os sentidos dos turistas.

A oferta do Enoturismo deve assentar também nos esforços

Enoturismo, Gastronomia e Vinho do Dão

de organização, planeamento e marketing por parte das orga-nizações da gestão das Rotas do Vinho, Câmaras Municipais da região, Comissões de Vitivinícolas Regionais e outras enti-dades (restaurantes; museus; entidades culturais, artesanatos, etc.). Embora, este trabalho esteja a ser feito na região do Dão, ainda há muito que explorar e muito trabalho por fazer, devido à competitividade do mercado será sempre um trabalho sem fim, que necessita de constantes iniciativas inovadoras e cri-ativas para impulsionar o mercado e não o deixar esmorecer.

Diogo Rocha

NR: O Chef Diogo Rocha tem pela primeira vez um espaço próprio, na Praça da Alimentação da Feira do Vinho do Dão, onde os visitantes poderão degustar algumas iguarias, harmo-nizadas com vinho do Dão.

opinião

DirectorJosé Luís Araújo (CP n.º 7515)

[email protected]

Filipe [email protected]

Edição EspecialClasse Média, Lda.

Câmara Municipal de Nelas

Execução GráficaNovel Gráfica, Lda.Telef. 232 411 299

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O presidente da Câmara de Nelas tem elevadas expectativas para a XXIV edição da Feira do Vinho do Dão. José Borges da Silva sublinha a importância do certame do ponto de vista económico, mas também gerador de emprego. A projecção da Feira para o exterior é uma das apostas da autarquia, mas também na quali-dade da mesma.

O autarca, nesta entrevista, destaca ainda os investimentos no sector primário que estão a ser feitos no concelho.

Gazeta Rural (GR): Que expectativa tem para a Fei-ra?

José Borges da Silva (JBS): Esta vai ser a XXIV edição e é a segunda que organizamos. A expectativa é elevadíssima, porque a responsabilidade também o é, fruto do êxito da edição de 2014, que foi mais virada para fora, num evento de iniciativa concelhia.

Com a Feira pretendemos dar o nosso contributo para a dina-mização do concelho, mas também de toda a região do Dão, que tem mais de 20 mil ha de vinha, com Nelas a estar no centro da região demarcada, como ficou evidente na definição de todas as Rotas do Vinho do Dão, que passam pelo nosso concelho.

A edição de 2014 da Feira deixou-nos satisfeitos pelo êxito al-cançado, mas também muita responsabilidade, com esta viragem promocional da região e deste contributo regional que podemos dar ao Dão e à Comunidade Intermunicipal Viseu Dão-Lafões.

GR: O que vem de 2014 é, também, o êxito do espec-táculo “As Músicas que os Vinhos Dão”?

JBS: “As Músicas que os Vinhos Dão” produzido e ensaiado pelo António leal, preparado e projectado exclusivamente a Feira e que decorre durante os 3 dias, é um espectáculo que não fica nada a dever a alguns que se fazem em Lisboa, Porto ou noutra qualquer cidade do país ou do Mundo. Este ano vai ser valorizado, com o apoio da Fundação Lapa do Lobo, com alguns músicos e actores de referência.

Diz Borges da Silva, presidente da Câmara de Nelas

“Estamos a projectar a Feira para o exterior e a dar-lhe qualidade”

GR: As várias iniciativas incluídas no programa da Feira mostram também essa viragem?

JBS: Estamos a tentar virar a feira, o máximo que pudermos, para o exterior. Temos iniciativas de várias instituições, nomeada-mente de empresas ligadas ao vinho, no sentido de proporcionar ao visitante um conhecimento mais aprofundado do que é esta região.

Não devemos esquecer-nos que esta é a segunda região vití-cola mais antiga do país, depois do Vinho do Porto. A região do Dão, pela qualidade, diferenciação e singularidade dos vinhos, projecta-se, e é também o reconhecimento da qualidade da Feira o risco das iniciativas que os promotores privados têm ao trazer gente à região e a Nelas.

Tal como o ano passado, há um conjunto de iniciativas que se vão repetir, mas há outras, como a vinda do Brasil da Confraria Feminina do Vinhos de Curitiba, a convite da Gazeta Rural; da Lu-sovini, que trará a Nelas algumas dezenas de agentes de várias partes do mundo ligados ao negócio do vinho; da Dão Sul que or-ganiza em Santar, na quinta, sexta e no sábado, jantares vínicos, mas também outros agentes da região promovem iniciativas que fazem mexer o sector nesse fim-de-semana. O vinho é, por tudo isto, um pretexto para o convívio.

Sentimos o ano passado, e é esse o contributo que queremos deixar com esta feira, que estamos a fazer um concerto em quatro capítulos e este é o segundo. Em 2016 comemoraremos as bodas de prata da Feira.

Estamos a projectar a feira para o exterior, a dar-lhe qualida-de e queremos aumentar o espaço da mesma. O espaço da CVR Dão, junto ao largo da Feira, que foi cedido durante 6 anos, por comodato, à Câmara de Nelas, já teve alguma preparação. Os 13 balões foram arranjados e o edifício irá receber jantares e outras iniciativas no âmbito do vinho.

GR: A Feira dá visibilidade ao vinho, mas também a outros produtos do concelho?

JBS: Muitas pessoas ligadas à cultura e projecção do vinho vão estar na Feira, nomeadamente jornalistas e críticos de vinho. Em diversas iniciativas, como não podia deixar de ser, queremos fazer a ligação à gastronomia, naturalmente ao Queijo Serra da Estrela, ao azeite, mas também ao coelho, já que temos instalada no concelho uma unidade de produção de coelhos de referência nacional.

Queremos ligar à feira todo um conjunto de eventos que sejam o pretexto para as pessoas nos visitarem nessa altura, sejam de cariz desportivo, como BTT, torneios em diversas modalidades, o Passeio Ibérico de Automóveis Antigos, ou actividades culturais. Por tudo isto, as expectativas são as maiores.

GR: Por tudo o que acaba de referir, a feira acaba por ser um motor do desenvolvimento do concelho?

JBS: Do ponto de vista do desenvolvimento económico e na criação de emprego, que é a prioridade absoluta da autarquia. Aliás, no sector primário, nomeadamente no vinho, projectam-se grandes investimentos, alguns já em curso, como a recuperação da Adega de Nelas por parte da Lusovini, a construção da nova adega da Caminhos Cruzados, a plantação de muitos hectares de novas

vinhas, com o consequente aparecimento de novas adegas, mas também como o reforço da aposta na exportação deste produto.

Por isso, é com agrado que fazemos algum investimento na projecção e na qualidade da Feira, mas, ao mesmo tempo, temos que realçar os nossos parceiros nesta iniciativa, como são a As-sociação de Desenvolvimento do Dão (ADD): o Crédito Agrícola, a CIM Viseu Dão Lafões, a Entidade de Turismo do Centro e a CRV Dão, o que demonstra o potencial que esta feira tem em termos regionais e nacionais.

Além do vinho, vemos também com agrado outros investimen-tos que estão a ser feitos no sector agrícola, nomeadamente na produção de maçã, que se foi perdendo no concelho, no mel e no azeite. Projectam-se ainda outros investimentos, que estamos a negociar com outros interlocutores, como a Câmara de Mangual-de e a COAPE na área da organização de produtores de leite de ovelha bordaleira e queijo Serra da Estrela.

Estes projectos são importantes no plano económico e na cri-ação de emprego no sector agrícola e na ocupação do território, nomeadamente para a prevenção de fogos e melhoria ambiental. Tudo estes projectos são potenciadores da qualidade de vida e desenvolvimento económico do concelho e a Feira do Vinho do Dão é, por excelência, um evento que potencia a nossa prioridade e compromisso.

GR: Este ano a Feira tem mais de meia centena de produtores?

JBS: Nada acontece por acaso. Este ano temos um número recorde de produtores de vinhos do Dão, nomeadamente todas as empresas de referência da região. Em 2014 tivemos 44 e este ano já passa da meia centena. No total temos mais de 150 em-presas na Feira, o que demonstra a dimensão que a mesma está a tomar.

GR: Começa a haver outros eventos promocionais em torno do vinho do Dão?

JBS: Parece haver algum receio sobre o facto de haver outras iniciativas de promoção do vinho do Dão, entendo eu que de for-ma legítima, porque a região tem vários concelhos que promovem os seus produtos endógenos, o que trás mais gente à região, que aqui se instala e que assim passa a conhecer melhor o vinho do

Dão.Quando dizem que Viseu, Mangualde ou Penalva promovem o

vinho, as vindimas e a região, acho excelente, porque isso acres-centa valor à região. Porém, o meu sentimento acerca da Feira do Vinho do Dão é que tem uma singularidade: é um evento que se realiza todos os anos no primeiro fim-de-semana de Setem-bro e que é o destino ideal para depois das férias de Verão, com uma vinda a Nelas. A Vila foi constituída, ao longo destas décadas, para receber pessoas e ser o Coração do Dão. Hoje o concelho tem 600 camas disponíveis, nas várias unidades hoteleiras, tem dos melhores restaurantes nacionais, tem termas, rios e as serras da Estrela e Caramulo aqui tão perto.

Nelas, com a linha da Beira Alta e toda esta centralidade, criou condições estruturais, que são investimentos de décadas, para acolher milhares de pessoas que podem vir à Feira. A Câmara tem que assumir essa responsabilidade naquilo que é o seu desígnio e a preocupação de colocar todos os meios disponíveis, dentro das suas possibilidades, e olhar para a Feira como o nosso principal motor desenvolvimento económico. Pode ser até o pretexto, e no XXV aniversário poderemos ver isso, para além da grande Feira do Vinho do Dão e por todas estas características, Nelas tem con-dições para ter uma Feira de Actividades Económicas que poucos concelhos têm possibilidades para criar.

A Feira do Vinho do Dão é a nossa principal identidade, mas como em tudo em que nos envolvemos é para crescer, com a aju-da preciosa, da competência, do empenhamento e do carinho, em particular com a liderança da Dr.ª Sofia Relvas, que pomos neste projecto. Esta não é uma feira da Câmara de Nelas, mas sim dos produtores e de todas as empresas que são nossos parceiros nesta iniciativa.

GR: Falou em quatro capítulos e vai no segundo. O que pretende mudar ou o que falta fazer na Feira?

JBS. Diz-se que o céu é o limite relativamente à projecção da Feira. Nós pretendíamos, e termos conseguido, aumentar o espa-ço da Feira e o alargamento da Praça do Município para o espaço da CVR Dão tem esse potencial. Nós temos o objectivo que a Fei-ra do Vinho do Dão esteja, no âmbito das feiras da especialidade, entre as primeiras a nível nacional. Temos essa ambição e creio que todas as condições para o conseguir.

XIXXVIII

A Lusovini, sedeada em Nelas, vai lançar na Feira do Vinho do Dão o seu mais recente ícone. O Flor de Nelas - Terras de Se-nhorim “Emiliano Campos”, branco e tinto, são vinhos distintos, oriundos de vinhas velhas da família de José Campos, um dos accionistas de referência da empresa. O branco é feito com a casta Encruzado e o tinto é um blend com Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz.

Para José Campos estes vinhos são uma homenagem a Nelas e à Família, enquanto a enóloga Sónia Martins diz que apesar de serem vinhos de guarda, estão prontos para serem consumidos.

Gazeta Rural – Como nasceu este projecto e como se incorpora na Lusovini?

José Campos (JC): Nasceu da vontade de todos, tendo em conta a nossa ligação à região. Dos sócios executivos da Luso-vini, sou quem mais raízes tem em Nelas.

No projecto Lusovini queremos que haja ligação à terra e às nossas origens. Sou oriundo de uma família de Nelas e o meu avô teve uma grande ligação à terra e, em especial, à viticultu-ra e que, de alguma forma, que ‘arrastou’ para este sector. Aliás o meu percurso profissional começa em Nelas, por causa dele, na altura para a Cooperativa de Nelas. Entretanto, separei-me, por vários motivos, do projecto e acabei por regressar com a Lusovini.

GR: E agora vão lançar dois novos vinhos?JC: Sim. Neste quadro, e para estes vinhos, queríamos uma

ligação à terra e às origens, em especial a Nelas, porque a Câ-mara também nos tem ajudado no nosso desenvolvimento empresarial e achamos que merecia essa homenagem.

Assim, nasceu um vinho Terras de Senhorim, da região, e de-pois “Emiliano Campos” porque era uma pessoa ligada a nós. Estes vinhos são uma homenagem, uma ligação a Nelas e às pessoas, neste caso, e em especial, à minha família.

GR: O que têm estes vinhos de diferente?JC: São originários de propriedades da família, vinhas velhas

Lançado pela Lusovini

Flor de Nelas “Emiliano Campos”: um vinho distinto do Dão

com mais de 60 anos e é uma produção limitada. Diria que é um vinho distinto.

No branco fizemos uma boa selecção de Encruzado, en-quanto nos tintos predominam a Touriga Nacional, Alfrochei-ro e Tinta Roriz, castas que para nós são muito importantes e aquelas que queríamos para este vinho.

Branco Flor de Nelas - Terras de Senhorim “Emiliano Campos” Encruzado 2013

Este vinho é 100% encruzado. Cerca de 70% fermentou e estagiou cinco meses em barricas e os restantes 30% fermentaram e estagiaram em inox. A ideia é que tenha a estrutura da madeira, mas que esta não sobressaia no aroma. Sabemos que o Encruzado liga bem com a fermen-tação em madeira, mas também não lhe quisemos tirar os aromas primários. Queremos que mostre o seu aspecto mais mineral, típico da casta. É um vinho que pode evo-luir muito bem, como é normal na casta. Nesta altura está fresco, mas daqui a quatro ou cinco anos estará muito di-ferente.

Tinto Flor de Nelas - Terras de Senhorim “Emiliano Campos”

O tinto é uma mistura de castas, com Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz, de vinhas velhas e com uma pro-dução muito limitada por videira. É um vinho com alguma concentração, que estagiou em barricas de segundo ano. Neste caso, entendemos que os vinhos do Dão devem ter a complexidade da barrica, mas não devem ter a madeira marcada no aroma, mas devem ser caracterizados pelos aromas das castas.

Pretendemos que seja um vinho de guarda. Esta é a co-lheita de 2013, mas que pode já começar a ser consumido.

Sónia MartinsEnóloga

XXIXX

Foi em Abril deste ano que nasceu a Rota dos Vi-nhos do Dão. Tem 42 aderentes, grande aposta no enoturismo, forte presença nos meios digitais e cus-tou cerca de 465 mil euros.

A nova Rota dos Vinhos do Dão nasceu oficialmente a 27 de Abril, deste ano, pela mão da Comissão Vitivinícola Regional do Dão, que numa cerimónia pública realizada no Solar do Vinho do Dão deu a conhecer o trabalho desenvolvido para incre-mentar a área do enoturismo e dinamizar a região. Assim, foi lançado um roteiro de serviços certificado que ajuda turistas nacionais e estrangeiros nas suas experiências vínicas, gastro-nómicas e culturais.

Agora, além do material em formato papel, visitantes, en-tusiastas ou curiosos sobre as temáticas do Dão já podem também aceder, de forma gratuita, à plataforma mobile Rota dos Vinhos do Dão, carregável nos seus smartphones. Uma plataforma web complementa a consulta livre de guiões infor-mativos sobre vinhos da região e ajuda a seleccionar quintas e adegas a visitar, a comprar vinhos ou a escolher restaurantes locais. É também à distância de um toque ou de um clique que os utilizadores podem decidir o enoturismo onde pernoitar.

Arlindo Cunha, presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVRD), revela que esta rota é um instrumento com três grandes objectivos: “valorizar e acrescentar valor ao vinho do Dão, com venda directa dos produtores aos enoturistas; ga-rantir que os enoturistas, agradados com as provas, passem a divulgar o vinho do Dão nos seus meios de influência, consti-tuindo assim um importante instrumento de promoção; e gerar riqueza, contribuindo para o desenvolvimento do território da Região Demarcada”.

Os visitantes já podem participar numa simples prova, visi-tar adegas ou quintas, comprar vinhos e outros produtos tra-dicionais no local, visitar monumentos, usufruir de serviços de restauração ou de alojamento devidamente identificados e si-nalizados quanto ao tipo de oferta, “seja a adega tipicamente familiar e tradicional ou o palácio mais sofisticado que possam imaginar”, assegura Arlindo Cunha.

Para complementar o serviço, a CVR Dão abriu no Solar do Vinho do Dão um Welcome Center da rota que acolhe o visitan-te, guiando-o na descoberta de novas adegas, aroma e sabo-res. Tem duas salas de provas de vinhos, uma mediateca onde as pessoas podem visualizar um vídeo promocional que revela

opinião

Siga a Rota!as potencialidades e perspectivas da nova rota, uma sala de exposições com garrafas históricas, assim como alguns arqui-vos, livros e objectos antigos pertencentes à CVR. É também aqui que o enoturista recebe material informativo sobre as 42 adegas aderentes da rota, além de sugestões de restaurantes e hotéis onde pode pernoitar. Beber um bom copo de vinho, adquirir os vinhos em prova ou outros que se encontrem em exposição também é possível.

A Rota dos Vinhos do Dão resulta de um trabalho de estudos, inquéritos e visitas aos locais que demorou quase dois anos a concretizar, em articulação com várias entidades públicas e privadas. Arlindo Cunha levanta um pouco o véu: “este pro-jecto, que apenas está no início, começou com um estudo de base para a definição, estrutura e gestão da Rota dos Vinhos do Dão, no quadro de um projecto apoiado pelo QREN/Pla-no Operacional do Centro (POC), e cuja componente nacional foi financiada pela Comunidade Intermunicipal da Região Dão Lafões e por nós, CVRD, tendo um custo total estimado nesta primeira fase de 465 mil euros”.

Maria João de AlmeidaJornalista

Confesso que conheço pouco a respeito dos vinhos da região do Dão. Sei que algumas uvas tradicionais, como a branca Encruzado, dão origem a vinhos complexos, encorpados e de grande personalidade.

Também concordo que é diferente de outras regiões. O Dão é terra de vinhos longevos, elaborados com uvas como a Alfrocheiro, Jaen, Touriga Nacional e também, sem esquecer, o Alfrocheiro.

Apesar de ter sido uma das primeiras regiões a exportar, durante muito tem-po o Dão ficou conhecido por vinhos rústicos e um pouco duros. Ao longo do tempo e com a evolução da tecnologia e o mercado, os vinhos evoluíram e hoje apresentam uma grande elegância, sem perder a longevidade.

Participei de algumas degustações de vinhos, inclusive a que o Zé Luis fez por ocasião da sua visita à Curitiba.

Estive uma única vez na região e de passagem. Se disser que conheço, es-taria mentindo, mas estou muito curiosa e ansiosa pela visita e pelos conheci-mentos que poderei adquirir nesta passagem pela região do Dão.

Sandra ZottisPresidente da Confraria Feminina do Vinho de Curitiba

“Estou muito curiosa e ansiosa pela visita do Dão”

opinião

XXIIIXXII

A Adega de Penalva do Castelo lançou no merca-do o “Flor de Penalva”, uma nova referência com três vinhos, que têm feito as delícias dos consumidores. Dois tintos, um “Colecção Privada” e um “Reserva”, e um branco são as novas jóias da Cooperativa penal-vense, que se revelou uma boa aposta.

Para o presidente da Adega, José Frias Clemente, são “três vinhos de excelente qualidade” que estão a sair muito bem nas prateleiras de uma grande su-perfície. Sobre a Rota do Vinho do Dão, o presidente da Adega destaca a sua importância “para a região”, realçando o facto de Penalva ter uma unidade ho-teleira de referência nacional que atrai turistas ao concelho.

Gazeta Rural (GR): Que importância tem a Rota do Vinho do Dão para a Adega?

José Frias Clemente (JFC): A Rota tem uma importância muito grande para o Dão em geral. A região estava a precisar de uma rota bem delineada, de forma que o Dão possa ter um algo de melhor que não tem tido até agora.

Ainda não estamos no lugar que todos nós pretendemos e

Exclusivo de uma grande superfície

“Flor de Penalva” é a nova jóia da Adega de Penalva do Casteloque o Dão merece, mas tem melhorado bastante. O Dão, ape-sar de todas as vicissitudes, é um nome grande nos vinhos. Tem condições e qualidade para estar entre os melhores do mundo.

GR: A Rota começou bem? JFC: Não vou dizer que tenha começado mal, mas podia ter

sido melhor. De qualquer modo, é bem vinda. Temos no conce-lho a Casa da Ínsua, que é uma referência para a região e muito importante para atrair turistas a Penalva do Castelo. Portan-to, e por tudo isto, nós, a Adega e o concelho, beneficiaremos sempre em estarmos ligados à Rota.

GR: A Adega tem novos rótulos? JFC: Na região vemos por ai muitos vinhos cujos rótulos têm

como referência as flores da sua terra. Em Penalva do Castelo também entendemos que devíamos ter uma flor. Assim nasceu o “Flor de Penalva”, com três referências. O “Colecção Priva-da” é um vinho tinto de grande qualidade, feito com as castas nobres do Dão; o tinto Reserva é também um blend e o branco feito com Malvasia Fina e Encruzado. São três vinhos de exce-lente qualidade, com um rótulo muito bonito e que estão a sair muito bem nas prateleiras de uma grande superfície.

GR: Como vai o mercado? A exportação continua a ser o abono dos produtores?

JFC: O mercado nacional está saturado e, por isso, onde já é muito difícil crescermos. Temos, porém conseguido um ligeiro crescimento da nossa cota de mercado.

Quanto as exportações estão a correr bem, nomeadamente para a China e para o Brasil, mas precisamos de as aumentar. Estamos também presentes em vários mercados europeus e nos Estados Unidos.

XXVXXIV

A Vinícola de Nelas é uma das mais antigas em-presas vitivinícolas do Dão, tem 76 anos, e “tem his-tória”, diz o administrador da empresa sedeada em Nelas, questionado sobre o que pode a Rota do Vi-nho do Dão trazer de novo à região. Rui Henriques defende que esta tem que ser “mais divulgada”, es-pecialmente para os pequenos agentes económicos da região.

Quanto a novos vinhos, a Vinícola de Nelas vai lançar um branco e um tinto, com a marca ‘Estré-muas’, da colheita de 2014.

Gazeta Rural (GR): A Rota do Vinho do Dão o que pode trazer de novo?

Rui Henriques (RH): Ainda está no início, embora já te-nham aparecido algumas pessoas, nomeadamente estrangei-ros. Porém, como disse, está a começar, mas tem que ser mais divulgada para agentes económicos mais pequenos, como é o nosso caso.

Na região há duas ou três casas de referência e normal-mente são essas as mais visitadas. Diria que não são sítios que transmitam a realidade da região, mas são espaços mais apetecíveis, mais bonitos, com vinhas de uma dimensão maior, mas tem que enveredar por uma situação diferente, como é o nosso caso.

Aqui não podemos ‘vender’ espaços grandes, até porque as vinhas não estão junto à sede da empresa, mas temos história. Foi a primeira empresa do Dão, tem 76 anos e passou por tudo, desde os pipos de madeira, ao cimento, até ao inox. Desde os vinhos transportados pelo caminhos-de-ferro ou os que eram tirados das adegas dos produtores por carros de bois. Por tudo isto, temos alguma coisa diferente de algumas dessas casas, que são mais recentes.

GR: Na sua opinião, e em face do que acabou de dizer, o que é necessário fazer?

RH: Penso que é necessário uma boa divulgação e depois tem que se perceber o que na realidade os visitantes querem. Se procuram casas solarengas ou coisas mais pequenas e tra-dicionais. Há espaço para todos, mas vai ser necessário muito trabalho.

GR: Falando da Vinícola, há novos lançamentos?RH: Temos três vinhos novos na calha, dois dos quais po-

derão ser lançados na Feira do Vinho do Dão. Um branco, com Encruzado e Malvasia Fina, e um tinto, ambos com a marca Es-trémuas, de 2014. No caso do tinto, é um vinho elegante e mais fácil de beber.

GR: O mercado, dizia, está complicado tanto a nível nacional como internacional?

Rui Henriques e a Rota do Vinho do Dão

A Vinícola de Nelas “é uma empresa com história”

RH: O mercado não está fácil. Aliás, não só nos vinhos como em todos os setores. No caso dos vinhos é uma consequência do que é o hoje o mercado.

Há mercados, que devido às turbulências económicas na Europa e nos Estados Unidos, como a queda dos preços do petróleo, que estão em franco retrocesso, como é o caso de Angola e Brasil, bem como de outros países mais ligados ao petróleo.

Na Europa a recuperação é muito débil. Não nos podemos esquecer de todos os problemas que têm surgido e as notícias que temos vindo a ouvir. O vinho é um sector que sofre com essas contingências. Não podemos dizer que as coisas estão péssimas, mas há dificuldades.

GR: O que sabe sobre os Vinhos do Dão?ER: Foi a primeira região demarcada de vinhos não licorosos

do país. O Dão possui todas as condições para a produção de vinhos de primeira grandeza e tem castas emblemáticas como a Touriga Nacional, o Encruzado, o Alfrocheiro, o Jaen, entre outras.

Tem solo de predominantemente granítico, terroir e clima pro-pício com larga amplitude térmica. É uma das regiões mais aben-çoada de Portugal, proporciona vinhos mais elegantes.

A região do Dão é conhecida como a Borgonha Portuguesa.

GR: Do que conhece os vinhos do Dão, o que mais destacaria.

ER: O seu carácter, complexidade, elegância, equilíbrio, matu-ridade, potencial de envelhecimento e combinação perfeita com a gastronomia.

São factores para o sucesso do Dão o facto de serem vinho gastronómicos, com acidez excepcional de aromas complexos e delicados.

GR: Como os posiciona no mercado. Em que pata-mar?

ER: Destacaria a tendência inovadora e dinâmica da última década, com a criação e comercialização de vinhos de excelente qualidade e em boas condições de competitividade.

Passar esta mensagem é o grande desafio para colocar o Dão na vanguarda das regiões vitivinícolas mundiais. Têm uma exce-lente relação de qualidade/preço.

GR: O que conhece da região do Dão?ER: Viseu é uma bonita cidade rodeada de pinheirais, é um jar-

dim com suas rotundas floridas.Destacaria a Sé de Viseu, a Igreja da Misericórdia, o restaurante

Cortiço, o Shopping Palácio do Gelo, o Solar do Vinho do Dão e algumas quintas a e adegas.

A gastronomia é claramente um dos principais atractivos da região do Dão, destacando-se a sua grande variedade, requinte, criatividade e influência conventual.

Eunice RochaConfraria Feminina do Vinho de Curitiba

O Dão é uma das regiões mais abençoada de Portugal

opinião

XXVIIXXVI

O planeamento e criação de uma rota é um desafio de extre-ma complexidade pelos vários níveis de informação que envolve e pela multidisciplinaridade de áreas que congrega. Esta matriz complexa deve conseguir criar pontes de contacto a partir de onde se podem começar a definir as linhas que ajudam a cerzir o tecido geográfico, social, cultural e económico que são comuns à grande maioria das rotas e que as podem guindar ao sucesso.

O padrão das nervuras de uma folha de videira corresponde à imagem que melhor traduz os eixos que podem nutrir uma rota e definir os seus limites. Cada rota numa região, apesar da sua especificidade, poderá e deverá ter um lastro que extravase o ni-cho, buscando novos e diversificados domínios e sinergias sem perder a sua identidade.

O desafio lançado foi que interpretasse a Rota dos vinhos do Dão que, de acordo com os seus promotores, se assume como “um ponto de partida para uma grande viagem” mas, para além disso, pretende dar a conhecer a região através dos percursos delineados e as suas vocações como a vinoterapia e o termalis-mo, a gastronomia, os desportos de aventura e natureza, o golfe e hipismo. Estas são as áreas que a região do Dão identificou há muito como aquelas que mais promovem e valorizam o turismo no Centro de Portugal, ou mais concretamente no “Coração” de Portugal. Outras haveria que poderiam marcar alguma diferenci-ação face à oferta turística concorrente, mas aí teríamos que ser inovadores e muitas vezes não há arrojo político.

A região demarcada do Dão, que já comemorou o seu cente-nário, representa hoje um vasto legado histórico e cultural que se deve assumir como elemento diferenciador na área vitiviní-cola, não sendo de todo contraditório com a imagem moderna que hoje pretende transmitir. É igualmente uma região com uma excelência na biodiversidade dos seus recursos genéticos onde se incluem duas castas de referência, uma tinta, `Touriga Nacio-nal , e outra branca, `Encruzado , que se assumem como esteios de exceção que conferem uma personalidade e unicidade aos vinhos do Dão.

A rota devia vincar esta valorização no sentido de testemunho, fazendo-se a título de exemplo passar pela aldeia de Tourigo, aninhada na encosta do Caramulo, com o nome da casta-magna do Dão e onde muito provavelmente terá tido a sua origem, bem como passar pelas lagaretas como exemplos desse legado.

Um outro local emblemático onde a rota deverá obrigatori-amente fazer eco, pelo repositório dos recursos genéticos vití-colas e pelo conhecimento técnico-científico daqueles que há décadas trabalham em prol de toda uma região e um setor, é o Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão (Nelas), fundado em 21 de Novembro de 1946. Aliás, este seria quiçá o local ideal para a criação de um centro de interpretação de referência no Dão com todas as valências relacionadas com o setor, mas que fosse ino-vador, criativo e que proporcionasse uma nova dinâmica a este centro que tem sofrido um notório desinvestimento o que não

O que as Rotas Dão. E esta o que Dá ou …poderá vir a Dar

opinião

deixa de ser antagónico. Um outro exemplo numa ótica completamente distinta pren-

de-se com a vinoterapia e o termalismo. As termas de Alcafache, apesar de apresentarem um programa de vinoterapia, não são referenciadas nem integram a Rota dos vinhos do Dão, embora pudessem assumir-se como uma mais-valia diferenciadora.

As referências e localizações de restaurantes de excelência onde pudéssemos degustar os néctares e as iguarias beirãs po-deria ser um desígnio da Rota, na qual os restaurantes teriam um conjunto de requisitos a cumprirem em prol da defesa e promo-ção do vinho do Dão e da cultura gastronómica da região, aju-dando a promover os produtos regionais e os seus produtores numa lógica de economia de proximidade.

É desejável que outras estruturas, para além da Casa da Ínsua que abre e fecha o folheto promocional da Rota, possam criar sinergias entre os vários produtos de denominação de origem ou que se incluam estruturas de referência nesses produtos, bem como no artesanato ligado direta ou indiretamente à cultura agrícola.

Há ainda toda uma questão de design, na qual confesso as mi-nhas limitações, mas que deverá merecer uma leitura atenta para uma melhor interpretação. Existe a opção assumida de todos os roteiros terem exatamente a mesma cor e a lógica dos nomes das estruturas se disporem por ordem alfabética. Estes dois aspetos podem não facilitar a localização intuitiva das estruturas nas ro-tas para aqueles que sejam menos familiarizados e no fundo, são os que mais interessam.

A aparente coincidência do “pantone” da Rota dos vinhos do Dão com o da Feira de São Mateus vem seguramente numa ló-gica crescente e politicamente assumida, de tornar a cidade de Viseu a capital do vinho do Dão. Para bem de toda uma região é preciso sabermos separar bem as águas, isto porque depois de `Feirar´ seguramente não vamos querer A Rotar . Acredito que esta é uma rota em actualização constante, onde outros se virão a incluir e que se quer interativa, dinâmica e competitiva para al-mejar os objetivos a que se propõe.

Com estas pequenas referências não procuro levantar celeu-mas, sabendo que são as próprias estruturas que devem dizer presente e não estarem à espera que sejam convocadas para incluírem esta viagem. Também já admiti a complexidade desta realização e não posso deixar de frisar o mérito da sua criação e implementação, tanto mais que é uma área geograficamente ex-tensa que abrange várias autarquias, associações de desenvol-vimento rural de sensibilidades políticas e económicas distintas e sabemos bem as suas implicações e bloqueios. Desejo o maior dos sucessos a esta rota para bem do vinho do Dão e dos seus produtores e de toda uma região.

Paulo BarracosaDocente da Escola Superior Agrária de Viseu/IPV

A Adega Cooperativa de Mangualde lançou o novo Foral D. Henrique 2013, recuperando uma das suas referências que, conforme afirmou o presidente da Cooperativa, “tinha saído de linha há vários anos”, numa acção com a Sonae e a Jerónimo Martins. António Mendes referiu a dinâmica imposta na Adega, no sen-tido de “haver sempre novidades”, como o lançamento do ‘Adega de Mangualde’, Tinto 2013 e branco 2014.Para este responsável cooperativo, a campanha deste ano prevê um aumento de produção “superior a 20%”, consideran-do haver “condições para que seja um bom ano para o Dão”. Sobre a Rota do Vinho do Dão, António Mendes sublinha o facto de a Adega ter “um histórico grande de visitas de eno-turismo”, uma vez que já recebe “cerca de 10 mil visitantes por ano”. O dirigente destaca o Centro Interpretativo da Vinha e do Vinho. “Quando lançámos a candidatura, já sabíamos o que queríamos e o que precisávamos na Cooperativa”, facto que “coincidiu com o lançamento da Rota do Vinho do Dão”.Para António Mendes, a Adega de Mangualde “será sempre um aderente muito activo” para receber os enoturistas que nos vi-sitem”.

“Dos Lobos” é a referência da empresa António F. L. Vaz Patto, Lda, sedeada em Gramaços, no concelho de Oliveira do Hospital, empresa que se dedica não só à produção de vinhos, mas também de azeite, queijo, mel e compotas.

A empresa, que para já não vai fazer lançamento de novos vinhos, está “bastante optimista relativamente à campanha deste ano, não só em termos de quantidade como também em termos de qualidade”, referiu a gerente da empresa à Gaze-ta Rural, numa altura em que a empresa aposta em “dar-se a conhecer ao mercado”, que vem “respondendo positivamente aos nossos vinhos”.

Mariana Vaz Patto diz que a Rota do Vinho do Dão “é uma iniciativa muito interessante, capaz de organizar uma rede de produtores, desafiadora dos mesmos, promovendo a requalifi-cação das unidades e permitindo que o Turismo possa conhe-cer aquilo que temos de bom e único para oferecer”.

Há vários anos que não saía para o mercado

Adega de Mangualde lançou Foral

D. Henrique 2013

Empresa António F. L. Vaz Patto, Lda, de Oliveira do Hospital

Produtor “Dos Lobos” optimista para

a campanha deste ano

XXIXXXVIII

A Quinta da Fata, em Vilar Seco, no concelho de Nelas, vai lançar na Feira do Vinho do Dão o novo branco da casta Encruzado, colheita de 2014, um vi-nho que Eurico Amaral espera seja tão bem recebido pelos consumidores como foram os anteriores.

A Quinta da Fata é uma das aderentes à Rota do Vinho do Dão, mas o seu proprietário tem os pés bem assente na terra sobre a importância da mes-ma e das condições exigidas para a integrar. “Acho que tenho algumas condições, mas não sei se as tenho todas”, referiu Eurico Amaral à Gazeta Rural. Contudo, acredita que a Rota “que vai dar resultados muito positivos”.

Gazeta Rural (GR): Como olha para a Rota do Vinho do Dão?

Eurico Amaral (EA): A Rota começou agora e, portanto, não podemos pedir muito, mas esperamos que se desenvolva para justificar todo o investimento feito a volta dela. Natural-mente que não podemos deixar de ter uma Rota do Vinho do Dão dê ela os resultados que der, pois é indispensável. Acredi-to, contudo, que vai dar resultados muito positivos.

GR: E há condições?EA: Esse é um problema e o calcanhar de Aquiles das rotas

A Feira do Vinho do Dão

Quinta da Fata lança novo branco Encruzado

de 2014dos vinhos. E estou a falar especificamente do Dão. Eu acho que tenho algumas condições, mas não sei se as tenho todas. Contudo, fui avaliado, como todos os que aderiram. Agora, é preciso que alguns produtores verifiquem se têm condições para integrarem ou serem excluídos da rota de vinhos. É preci-so ter humildade de aceitar isso.

Dito isto, é fundamental ter uma Rota, não só de vinhos. Não é só produzir vinhos, porque isso toda a gente produz. Quem procura uma Rota não vem só para beber um copo de vinho! Quer ambiente, relações públicas e ser recebido com dignida-de. Para além de tudo isto, quer que lhe mostrem alguma coisa, que tenha interesse, para além das cubas de inox ou os pipos de madeira. Quem anda nestas andanças há alguns anos sabe que o visitante quer outras coisas, porque cubas de inox e pipas de vinhos já viu muitos.

GR: Olhando para a colheita deste ano. Há algumas preocupações?

EA: No estado actual, e eu não sou um técnico qualifica-do para dar uma opinião abalizada, mas, até agora, está tudo bem. Naturalmente que estaria muito melhor se houvesse umas chuvas. Porém, olhando para as vinhas estou satisfeito com o que vejo. Acho que as uvas têm uma qualidade acima da média. Acredito que vamos ter uma produção boa. Porém, daqui até à vindima muita coisa pode acontecer.

GR: Que vinho novo tem a Fata? EA: Vamos lançar na Feira do Vinho do Dão o branco, Encru-

zado, de 2014, que esperemos seja tão bem recebido como os anteriores. De resto, são os nossos vinhos do costume, com a qualidade a que habituámos os consumidores.

GR: O mercado como está?EA: Tem que se trabalhar muito. Se o fizermos e mantiver-

mos a qualidade, que é importantíssima, rende alguma coisa. Como costumo dizer, que todo o mal seja este. Pelo menos… até agora.

GR: Vinhos do Dão? O que sabe? CM: O cultivo e produção dos vinhos do Dão vêm desde os

séculos VI e VII, mas foi somente na Idade Média que sua pro-dução começou a tomar corpo.

GR: Do que conhece dos vinhos do Dão, o que mais destacarias?

CM: São considerados por sua elegância e capacidade de guarda. O Dão é berço da casta tinta Touriga Nacional cujos aromas são intensos e de grande complexidade. Outras tintas relevantes são Tinta Roriz, Alfrocheiro e Jaen.

Também é do Dão a casta branca de excelência, a Encruzado que apresenta muita mineralidade. Há também outras castas brancas a considerar: Cercial, Bical, Verdelho, Barcelo, Terran-tês e Malvasia.

GR: Como os posiciona no mercado? Em que pata-mar?

CM: Após momentos difíceis, entre 80 e 90, vem reestrutu-rando sua produção com inovação tecnológica em todos os processos desde o cultivo até sua comercialização.

GR: O que conhece da região do Dão?CM: Região de temperaturas frescas, invernos sem muito

rigor, verões quentes e noites frias, características que favore-cem a maturação das uvas.

Carmen MoraesSommelier

“A elegância e capacidade

de guarda do Dão”

opinião

XXXIXXX

A Casa da Ínsua, em Penalva do Castelo, é um local de excelência para quem pretende aproveitar uns dias de descanso ou degustar produtos endógenos de inegável qualidade, como vinho do Dão, azeite, queijo Serra da Estrela, fruta da época ou as já fa-mosas compotas.

A criação da Rota do Vinho do Dão veio acrescen-tar valor ao investimento feito por esta unidade do grupo Visabeira. Para José Matias, responsável pela área na Casa da Ínsua, fazer parte da Rota “é im-portante”, pois potencia as infraestruturas que pos-suem. Quanto à campanha vinícola, acredita que irá ser uma “boa colheita e com excelentes vinhos”, es-tando muito expectante em relação à produção de queijo, tendo em conta a falta de chuvas para que as sementes dos pastos possam germinar.

Gazeta Rural (GR): A Casa da Ínsua tem as condições ideais para receber enoturistas. A Rota é, por isso, im-portante para atrair mais visitantes à região?

José Matias (JM): Sim. A Rota é importante, mas as valênci-as criadas na Casa da Ínsua foram no sentido de valorizar o vinho em conjunto com os outros produtos endógenos que produzimos. Neste sentido, a Rota é um complemento à divulgação e pro-moção dos nossos produtos. Por tudo isto, e como aderentes da Rota, sentimos que é importante fazer parte dela.

Na Casa da Ínsua trabalhamos todos os dias para não só pro-mover os nossos produtos mas também os produtores e viticulto-res da região, que também são aderentes. É que, ao promovermos a nossa marca e os nossos produtos, estamos a promover tam-bém a região.

José Matias e a próxima vindima na Casa da Ínsua

“Vamos ter uma boa colheita e com excelentes vinhos”

GR: Na Casa da Ínsua recebem turistas das mais variadas partes do mundo. Que tipo de pessoas vos visitam, para além do turista que vem para aproveitar toda a tranquilidade que a Casa da Ínsua oferece?

JM: Temos parcerias com alguns operadores turísticos que organizam visitas em grupo à região e que vêm com o intuito de degustar os nossos vinhos, mas também os restantes produtos. Temos, depois, outro tipo de clientes que, hospedando-se na Casa da Ínsua, nos procuram também por isso. Há também os visitantes da região, ou grupos de pessoas, que têm formação e conhecimentos na área e que nos visitam. Os espanhóis, porque estamos a dois passos da fronteira, procuram-nos bastante e são muito curiosos acerca dos nossos produtos.

GR: Falando do vinho, há algumas preocupações com tempo. Como estão as vinhas da Casa da Ínsua?

JM: Em Julho tínhamos uma perspectiva um pouco pessimista em relação à produção deste ano. Com o avançar do tempo, po-deremos dizer que a produção é óptima e de excelente qualidade. O stress hídrico que se estava a verificar as videiras conseguiram superá-lo e estão a recuperar. Isso vê-se no crescimento do bago e na evolução da maturação.

Perspectiva-se um bom ano em termos quantitativos e, em re-lação ao ano passado, superior a nível qualitativo. Acredito que vamos ter uma boa colheita e com excelentes vinhos.

GR: No queijo o ano não foi famoso?JM: Não, não foi famoso. Os últimos meses, de Primavera e iní-

cio de Verão, face a ausência de chuvas já está a influenciar o pró-ximo alavão, porque nesta altura já deviam estar a nascer os no-vos pastos para alimentar as ovelhas nos próximos meses para a produção de leite, o que não está a acontecer. O ciclo vegetativo dos pastos está muito atrasado o que irá influenciar a fase inicial de produção de leite. Vamos ver que chuvas chegam em Setem-bro e Outubro, para termos um ano melhor que o último alavão.

GR: Vinhos do Dão, o que sabe?MT: O Dão é um grande e belo exemplo de empenho dos por-tugueses na produção de belos tintos e brancos. A região é famosa pela grande diversidade de castas autóctones e o vi-nho mais típico da região é o tinto. Na região demarcada do Dão produzem-se vinhos tintos, brancos, espumantes e rosés. Entre as castas mais importantes se destacam a Touriga Na-cional (a mais importante tinta da região), Alfrocheiro, Arago-nez - Tinta Roriz, Jaen, Trincadeira, entre outras, e os brancos: Encruzado (a rainha das castas brancas), Malvasia Fina, Bical, Verdelho, Barcelo, entre outras.

GR: Do que conhece dos vinhos do Dão. O que mais destacaria?MT: AS castas e suas peculiaridades. A Touriga Nacional é das tintas e a casta mais nobre do Dão. Seus frutos pretos e ma-duros, adicionam cores de tonalidades rubi e violáceos aos vinhos, aromas intensos, de elevada complexidade. Em boca, são encorpados e persistentes, robustos, tânicos e muito fru-tados. A casta Alfrocheiro contribui para o equilíbrio entre áci-dos, açúcar, taninos e boa cor dos vinhos, conferindo aromas frutados e finos, que lembram morangos. Aragonez - Tinta Roriz, confere cor e óptimas graduações alcoólicas aos vi-nhos, intensifica o aroma de fruta madura, muita cor, óptimos taninos e equilíbrio de corpo e acidez. Jaen é uma casta que origina vinhos elegantes, macios, com aroma de framboesa. São intensos de cor e de taninos suaves. Encruzado é a rainha das uvas brancas do Dão, é a casta mais equilibrada e origina vinho de cor cítrica, de bom teor alcoólico, leve, fresco, deli-cado, elegante e aromaticamente complexo com notas florais, minerais e vegetais. Malvasia Fina é uma casta branca que ori-gina vinhos de cor cítrica, com predominância floral, aromas intensos, acidez equilibrada e final elegante, mas não possui grande intensidade.

GR: Como se posiciona no mercado? Em que patamar?MT: No Dão encontram-se reunidas condições únicas para a produção de vinhos com características próprias e bem defi-nidas, se posicionando cada vez mais no mercado global. Os vinhos com alto padrão e qualidade, são elaborados pensan-do no perfil de um determinado mercado do vinho e está for-temente segmentado. As denominações de origem apontam qualidade e notoriedade ao produto da região.

GR: O que conhece da região do Dão?MT: Ainda não conheço, mas li ser uma bela região instituída

opinião

“Tudo nestas paragens são grandezas”. (José Saramago, sobre a sua paixão Dão).

em 1908 e que está localizada no Centro Norte de Portugal, na Beira Alta. Possui cerca de 20.000 hectares de vinhas em aproximadamente 376 000 hectares de terra, em vários dis-tritos. As pequenas propriedades da região do Dão, mais de 70 milhões de vinhas plantadas, são belíssimas e dispostas em regiões montanhosas e são implantada em altitudes que rondam os 800 metros, é entre os 400 – 500 que vegeta em maior quantidade. O clima é de inverno frio e chuvoso, verões quentes e secos, mas são rodeados por serras e montanhas que protegem suas vinhas dos ventos e garantem a produção de excelentes vinhos. O solo é granítico e xistoso, terrenos de baixa fertilidade e de pouca profundidade, onde abundam os pinhais, produzindo vinhos encorpados com elevada capaci-dade de envelhecimento em garrafa.

Márcia Toccafondowww.marciatoccafondo.com.br

Confraria Feminina do Vinho de Curitiba

XXXIIIXXXII

A Magnum Vinhos, sedeada em Oliveira do Conde, Carregal do Sal, vai lançar um vinho especialmente di-rigido às camadas jovens. O “Pinha” será apresentado na Feira do Vinho do Dão. Carlos Lucas, administrador da Magnum, diz que “é um vinho dirigido a pessoas que querem começar a provar e a beber vinho”.

Sobre a Rota do Vinho do Dão diz que, até agora, só tem “visto boas intenções” e que o projecto precisa de “um profissional, que seja dinamizador, influente e que se mexa bem no sector”.

Gazeta Rural (GR): O que tem visto da Rota do Vinho do Dão até agora?

Carlos Lucas (CL): Tenho visto muito boas intenções. Tenho tentado perceber como vai decorrer, há um grande investimento à volta da Rota, que estão a tentar fazer alguma coisa e, enquanto aderentes, estamos expectantes. Esperamos que tudo corra bem.

GR: Mas há um longo caminho a percorrer?

Revelou Carlos Lucas

Magnum Vinhos vai lançar um “Pinha” Ribeiro Santo

CL: Sim, as rotas têm a ver com as pessoas envolvidas. Enten-do, e é a minha opinião, que é necessário um profissional a tempo inteiro. Sem um profissional, que seja dinamizador, influente, que se mexa bem no sector e que fale com as pessoas, com operado-res e com produtores, será um pouco difícil dinamizar a Rota.

GR: Daquilo que conhece, os produtores estão pre-parados?

CL: Os que aderiram penso que estão. Estou ligado a alguns operadores e estão preparados, têm a casa aberta, pessoas que sabem falar inglês, que recebem e dão provas e que visitam as vi-nhas.

O que acontece é que, até agora, não recebi qualquer visitante pela Rota dos Vinhos do Dão. É verdade que passou pouco tempo, mas não houve nenhum contacto de alguém da Rota a pergun-tar-me se podemos receber, se estamos com essa capacidade ou se estamos abertos ao fim de semana, porque estamos sempre a falar de vinhos e de turismo de vinho.

GR: De quem devia partir esse dinamismo?CL: Acho que devia partir de Viseu para o interior, para os pro-

dutores das sete sub-regiões. Efectivamente, os turistas deviam ser atraídos à capital da região, que é Viseu, e depois deveriam ser potenciados para visitar a região do Dão, à semelhança do que se faz em Évora ou no Porto.

Muito turismo do que existe no Porto, e não é naturalmente comparável, consegue-se catapultá-lo para o interior, para o Douro. O mesmo acontece do Alentejo, que tem a capital em Évo-ra e, através da loja da Região do Turismo do Alentejo, os turistas são encaminhados para o interior. Entendo, por isso, que há um longo caminho a percorrer, mas acredito que no Dão, se estiver-mos unidos, o poderemos fazer. E isto é o mais importante.

GR: Como antecipa a próxima vindima?CL: Vamos ver. Para já temos um ano muito seco e, portanto,

um ano de produção normal para o Dão. Acredito que, em termos qualitativos, seja um ano bem melhor do que o ano passado e su-perior a 2013.

GR: Vai lançar uma nova referência?CL: Sim, vamos lançar dois vinhos novos, um branco e um tinto,

na Feira do Vinho do Dão. É um vinho do Ribeiro Santo, que se chama “Pinha”, que tem uma estratégia e uma filosofia de juven-tude. Um vinho especialmente dirigido às camadas jovens, que hoje começa a beber muito vinho. Diria, que é dirigido a pessoas que querem começar a provar e a beber vinho.

GR: Lançou também um Quinta da Alameda?CL: Sim. O Quinta de Alameda é o primeiro vinho com a desig-

nação “Reserva Especial” do Dão, uma categoria superior da re-gião e que nunca tinha sido usada. Conseguimos essa aprovação e não existe outro produtor com esta designação.

Produzimos cerca de sete mil garrafas, embrulhadas em papel de veludo, que tiveram como destino o mercado brasileiro e chi-nês. Dessas, guardamos cerca de 400 caixas para Portugal.

O presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão diz que a Feira do Vinho do Dão “está com grande dinâmica” e que a insti-tuição que dirige está empenhada em colaborar com a Câmara de Nelas, na medida das suas possibilidades, para que seja “um grande evento do Dão”.

Arlindo Cunha destaca também o bom arranque da Rota do Vi-nho do Dão, lançada em finais de Abri e que ainda está da primeira fase, que tem recebido “bastantes visitantes”. O dirigente diz que há novos projectos em marcha, nomeadamente um programa de apoio aos produtores, a ser candidatado ao novo Quadro Comuni-

Diz o presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão

“A Feira do Vinho do Dão está

com grande dinâmica”tário, para criarem condições para recepção de turistas.

Gazeta Rural (GR): Como está a implementação da Rota?

Arlindo Cunha (AC): A rota foi lançada em finais de Abril e está na primeira fase da sua implementação. Para terminar falta com-pletar uma aplicação para telemóveis, o que acontecerá em breve.

De resto está a funcionar, está aberta e temos recebido bastan-tes visitantes. Curiosamente, nesta primeira fase tem-se vendido bastante vinho dos aderentes, que está presente no wellcome cen-ter, no edifício da Comissão Vitivinícola.

Estamos a entrar em dois planos. Por um lado preparar um plano de animação da Rota e, numa segunda fase, estamos a trabalhar com as Comunidades Intermunicipais Viseu Dão-Lafões, Serra da Estrela e Coimbra e Mondego, e também com as associações do Líder, no sentido de fazermos uma candidatura ao novo quadro comunitário para a implementação um programa de sinalética na rede viária, adequada à Rota do Vinhos do Dão. Um outro projecto importante, em que estamos a trabalhar com as associações Líder, é criar uma linha de apoio que permita financiar pequenos investi-mentos dos produtores para a recepção de enoturistas, designa-damente fazer ou melhorar salas de provas, instalações sanitárias, acessos, material de divulgação, entre outras situações. São os dois planos em que estamos a trabalhar para, até 2020, esta fase estar implementada.

GR: Falando da produção. Vamos ter um aumento significativo?

AC: Não há evidência que possa haver quebras, depois de dois anos consecutivos. Portanto, espero que as estimativas se confir-mem, num aumento de cerca de 25%.

GR: Como olha para o novo enquadramento da Feira do Vinho do Dão?

AC: A Feira do Vinho do Dão está com grande dinâmica. Somos parceiros da Câmara de Nelas e estamos empenhados na sua di-vulgação, na nossa presença institucional e em contacto com os agentes económicos.

A CVR cedeu as instalações anexas à Câmara Municipal, que vão servir de apoio à Feira. Haverá alguns eventos que terão lugar nes-sas instalações. Estamos a colaborar na medida das nossas pos-sibilidades para que a feira continue a evoluir e seja uma grande evento do Dão.

XXXVXXXIV

João Rego insiste em contrariar as tendências e aposta em vinhos de guarda. Com a colheita de 2011 ainda em comercialização, os tintos de 2012 deverão chegar ao mercado nos próximos meses. Para já, é aguardado com muita expectativa o Fidalgas de Santar Encruzado 2012, um branco de guarda que vai ser apresentado na Feira do Vinho do Dão.Com um espaço de referência à entrada de Santar, João Rego não entrou na Rota do Vinho do Dão. Contudo, defende que “mais im-portante que a Rota, são as pessoas que a visitam”.

Gazeta Rural (GR): Quando criou o espaço Fidalgas de Santar Gourmet já antecipou a Rota?João Rego (JR): De certo modo. Porém, não fazemos parte da Rota. Aliás, mais importante que a Rota, são as pessoas que a visitam. E todos sabemos o quanto é importante atrair pessoas e fazer com que o Dão seja apelativo ao visitante. Isto tem acon-tecido noutras regiões. Acho que a Rota poderá ter importância mas, julgo eu, muito mais importante é captar turistas e novos consumidores.

GR: Tem sentido algum aumento de visitantes, estando num ponto estratégico?JR: Sim. Estamos, num local estratégico, à entrada de Santar, uma vila vinhateira por excelência e, obviamente, um ponto de visita obrigatório para quem fizer a Rota. Até ao momento não sentimos um aumento de visitantes por causa da Rota.

GR: Em relação à Fidalgas de Santar, como tem sido o trajecto?JR: Começámos a produzir em 2011. Nestes anos temos feito o caminho apostando na produção e, neste, momento comercia-lizamos a colheita de 2011. Lançaremos, nos tintos de 2012 entre Setembro e Outubro.

GR: Mas vai lançar vinhos novos na Feira?

João Rego aposta em vinhos de guarda

Fidalgas de Santar Encruzado 2012 chega na Feira do Vinho do Dão

JR: Sim, teremos vinhos novos, brancos de guarda. Vamos lançar um Reserva Encruzado, de 2012, que será uma novidade. Defen-dendo que a casta Encruzado faz vinhos excelentes para guarda. Portanto, a minha aposta é em vinhos com alguma idade.

GR: No seu caso, fez o inverso da grande maioria dos produtores, que é apostar na vinha, entregando as uvas e o vinho na Adega de Mangualde que lhe entre-ga o produto final de acordo com aquilo que pretende?JR: Não tenho uma estrutura própria e isso permite-me produ-zir uma garrafa de vinho a um preço mais competitivo. Por outro lado, tenho a possibilidade de ter um acompanhamento perma-nente dos técnicos da Adega. Penso que foi a melhor opção.

GR: E a comercialização?JR: Nas Fidalgas de Santar, modéstia à parte, produzimos vinho a um preço muito interessante. A comercialização torna-se di-fícil, porque produzimos cerca de 50 mil garrafas por ano e não temos dimensão que nos permita ter uma estrutura comercial própria. Defendo a união de pequenos produtores do Dão e a criação de uma estrutura comercial comum. É difícil fazer a co-mercialização do vinho, nomeadamente no exterior.

GR: Como sente, neste momento, o mercado nacional?JR: O nosso vinho é vendido em Santar, no nosso espaço, bem como em restaurantes nacionais e lojas gourmet de referência. É um mercado que queremos continuar a trabalhar. Não pre-tendemos entrar na grande distribuição. Queremos trabalhar o mercado onde o consumidor tenha algum poder aquisitivo, numa gama média alta.

GR: E o mercado externo?JR: Fruto da nossa pequena dimensão é, obviamente, um mer-cado que nos interessa bastante. Queremos exportar grande parte da nossa produção, mas ainda estamos a dar os primeiros passos.

“Vinhos próprios da nossa quinta... e outras coisas boas”

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Os produtores de vinho do Dão esperam um bom ano na re-gião e prevêem um aumento de 20 a 30 por cento na produ-ção, que será acompanhado por um incremento da qualidade. “Este ano, haverá um crescimento de 20 a 30 por cento na re-gião do Dão, dependendo das castas”, afirmou o presidente da UDACA, Fernando Figueiredo, prevendo uma produção de 12 a 15 milhões de litros no sector cooperativo e uns totais de 30 a 35 milhões de litros no total dos produtores da região.

Apesar do receio de que os níveis de maturação pudessem ser afectados devido à falta de chuva, a ocorrência de preci-pitação recentemente vem garantir “uma boa maturação” do vinho, sublinhou. “A chuva veio ajudar à maturação e a ten-dência é para que as vindimas sejam antecipadas para o início de Setembro”, acrescentou Fernando Figueiredo, salientando que se espera uma “boa colheita” este ano.

Em 2014, apesar de uma “boa qualidade e cor de vinho, em termos de grau as coisas já não foram tão boas”, recordou, considerando que este poderá ser um melhor ano, com níveis de açúcar elevados “e uma maturação mais acentuada”. “Está tudo preparado para termos uma boa vindima, com quantida-de e qualidade excepcionais”, frisou. O presidente da UDACA afirmou ainda que a ocorrência de incêndios na região demar-cada do Dão poderá ter levado à “queima de alguma vinha, mas não deverá afectar a produção” total.

A região demarcada do Dão, instituída em 1908, tem cerca de 376 mil hectares de terra, estendendo-se por concelhos do distrito de Coimbra, Guarda e Viseu.

Com um crescimento de 20 a 30 por cento

Produtores do Dão esperam aumento

na produção de vinho

XXXVIIXXXVI

Premiada nos últimos anos com diversas meda-lhas e em dois anos consecutivos galardoada com o “Grande Vinho do Dão”, a Adega da Corga tem vindo a fazer um percurso sério e seguro, fruto da astúcia, conhecimento e persistência do seu fundador.

João Barbosa, que conhece o sector como pou-cos, destaca o caminho percorrido, a aposta na Touriga Nacional e o ‘regresso’ dos brancos, defen-dendo que vinho em “garrafas de 33 decilitros seria uma opção acessível para o consumidor”.

Gazeta Rural (GR): Como está o negócio do vinho?João Barbosa (JB): Tem muita concorrência e está po-

bre. Quem não exportar não tem condições de realizar dinhei-ro para assegurar as despesas correntes da empresa. Nós já estamos a exportar para alguns países europeus, mas é uma aposta que temos que reforçar.

O mercado nacional, e local, está muito explorado e as pes-soas também consomem menos. Acho que o vinho não está caro, porém, penso que uma opção para aumentar o consumo seria colocar no mercado vinho em garrafas de 33 decilitros. É uma embalagem mais acessível e com vantagem para o con-sumidor.

GR: Como estão as vinhas?JB: Estão óptimas e com muita pujança. Há vinhas com al-

gum stress hídrico, especialmente quem cortou muitas pontas e tirou sombra. De resto, acredito que vamos ter uma boa pro-dução. Diria que se chover um pouco haverá mais produção, se o tempo se mantiver seco pode haver uma quebra. Veremos… até às vindimas.

GR: O que mudou na Adega da Corga nos últimos anos? Os prémios ajudaram a projectá-la no mercado?

JB. Eu penso que temos uma vantagem, porque as nossas

Diz João Barbosa, da Adega da Corga

“Vinho em garrafas de 33 decilitros seria uma opção acessível

para o consumidor”vinhas foram plantadas num dos melhores terrenos da região do Dão. Esta à vista de todos. São vinhas modernas, com as castas recomendadas, com destaque para a Touriga Nacional. Aliás, sempre ‘abusámos’ da Touriga Nacional, pois quase 50% da nossa produção é desta casta. Depois, temos excelentes condições na adega e com uma boa vinificação conseguimos fazer grandes vinhos.

GR: Foi importante a aposta na Touriga Nacional?JB: Para nós foi extremamente importante. Tenho dado

conta de que houve uma quebra na produção de Touriga Naci-onal por ser uma casta que tem uma produção menor. Só que, no meu entender, se for bem tratada, como o Jaen, a Tinta Roriz ou o Alfrocheiro a diferença de produção não é significativa. Simplesmente, alguns produtores ‘fugiram’ da Touriga que, na minha opinião, tem sido o parente pobre do Dão, de onde é ori-ginária. A Touriga Nacional faz dos melhores vinhos. Nenhuma outra casta os faz.

GR: Como tem sido a aposta nos brancos?JB: Em tempo, fizemos a reconversão das vinhas e apos-

támos em castas tintas em detrimento das brancas. Só que o mundo volta sempre aos seus hábitos ancestrais e o vinho branco voltou a ser muito procurado e ainda bem. Nós, natu-ralmente, temos que dar resposta ao mercado, e aos nossos clientes, e voltámos a apostar nos brancos, com as castas En-cruzado e Malvasia Fina.

GR: Não fazem parte da Rota do Vinho do Dão?JB: Não, mas entraremos em breve, pois é um objectivo nos-

so pertencer a um projecto que vai impulsionar, de certo modo, a empresa e consequentemente os nossos vinhos. Pensamos ter bastante potencial para divulgar uma região que tem estado num grande crescimento, dando a conhecer a nossa parte mais humana, o chamado terra-a-terra, que só o interior é capaz de oferecer. A Rota é importantíssima para atrair gente de fora a estas aldeias do interior e para promover os nossos vinhos.

Estamos muito felizes com esta oportunidade com que nos estão honrando, nesse ano em que completamos os 10 anos de fundação da Confraria Feminina do Vinho de Curitiba - Paraná.

Lamento, mas pessoalmente não sei nada sobre a região do Dão e seus vinhos, mas estou com muito interesse em apren-der, conhecer e me deliciar com os vinhos que, já sei, são de Portugal os mais elegantes que já provei.

Em 2009, tive a oportunidade de estudar em Portugal, mas fiquei centralizada na região de Lisboa. No feriado de 1 de Maio, daquele ano, fizemos uma pequena viagem, conhecendo loca-lidades próximas à capital, como Sintra, Nazaré e Óbidos, que muito me encantaram, além de outras. Nessa ocasião também pude aprender, entender e a gostar dessa expressão musical tão exclusiva portuguesa, que é o Fado.

Tenho um imenso carinho por Portugal, pelas suas gentes, pela hospitalidade, boa mesa e os elegantes vinhos. Guardo excelentes lembranças dos dias em que aí estive. Sempre reco-mendo às minhas clientes, que pensando em ir para a Europa, incluam sempre Portugal.

Será um imenso prazer participar nessa festa, nas vindimas portuguesas, acompanhada das nossas confreiras e sendo re-cebidas por pessoas tão gentis, como os portugueses.

Sueli Rita Floriani de MartínezConfraria Feminina do Vinho de Curitiba

Felizes pela oportunidade de visitar o Dão

opinião

XXXIXXXXVIII

A fileira da vinha e do vinho têm uma excelente oportunidade no período temporal até 2020, para se desenvolver, incremen-tar o valor acrescentado gerado e exportações, criar emprego, em suma tornar-se mais competitiva, tirando partido das aju-das financeiras disponibilizadas pelo Estado Português e União Europeia.

As principais ajudas são dadas ao abrigo do Programa VI-TIS para a plantação das vinhas, sobre enxertia e reenxertia, assim como melhoramentos fundiários que sejam drenagens, e muros de suporte das parcelas e o Programa de Desenvol-vimento Rural 2014-2020 (PDR 2020), o qual dá ajudas (30 a 60% de incentivo, variável de acordo com a localização dos investimentos, proponente sócio de organização de produto-res, possuir seguro de colheita, ser jovem agricultor) para os investimentos nas vinhas que não são elegíveis no VITIS (ac-ções 3.2.1 Investimento nas explorações agrícolas (investi-mentos entre 25 mil euros e 4 milhões euros), acção 3.2.2. Pe-

O PDR 2020 e a fileira

da vinha e do vinho

opinião

quenos investimentos nas explorações agrícolas (5 mil euros a 24 999,99 euros)) e também são elegíveis investimentos nas adegas (acções 3.3.1 e 3.3.2, respectivamente investimentos entre 200 mil euros e 4 milhões euros ou 5 mil euros e 200 mil euros), podendo obter apoios entre 25% a 55%, podendo ser incentivos não reembolsáveis e/ou reembolsáveis.

O PDR 2020 apoia o incremento da inovação na fileira atra-vés dos grupos operacionais (acção 1.1). A divulgação e pro-moção do conhecimento para melhoria das competências seja dos empresários, seja dos operadores, através de acções de formação profissional (acção 2.1.1), sessões de demonstração (acção 2.1.2.), intercâmbios de curta duração e visitas a explo-rações agrícolas (acção 2.1.3.) acções de informação (2.1.4) e serviços de aconselhamento agrícola (acção 2.2.1).

Há ajudas do PDR 2020 para apoio ao rendimento dos vi-ticultores, para os que se reconvertem ou já praticam o modo de produção biológico (ações7.1.1 e 7.1.2, respectivamente) ou para os utilizam o modo de produção integrado (acção 7.2.1).

Há apoios previstos para a diversificação das actividades na exploração vitícola, cadeias curtas e mercados locais, promo-ção de produtos locais de qualidade (acção 10.2.1 – implemen-tação das estratégias de desenvolvimento local dos Grupos de Acção Local do LEADER).

Em conclusão, a fileira vitivinícola teve um forte desen-volvimento nas últimas dezenas de anos irá tornar-se mais competitiva porque tem empreendedores e empresários mais competentes, os quais avançam com projectos inovadores, voltados para os mercados de exportação, que tiram partido do boom turístico dos últimos anos em Portugal e sobretudo, do marketing e promoção internacional do país. Nesta fileira, as iniciativas são constantes e permanentes, pelo que, são alavancadas pelas ajudas públicas de apoio. A capacidade de comunicação da fileira, quer para Portugal, quer para o exte-rior, têm sido exemplares na promoção das excelentes vinhas e na divulgação dos vinhos de alta qualidade. Estou certo e optimista que as iniciativas dos empresários, junto com a lide-rança das Comissões de Vitivinícolas Regionais têm assumido nas respectivas regiões, farão a potencialização dos melhores resultados na aplicação das ajudas do PDR 2020.

José MartinoEmpresário, CEO da Espaço Visual e Ruris

Especial Vindimas

Rua da Botica, 1 - R/c Esq | 3520-041 NelasTel./ Fax.: 232 940 204 Tlm.: 963 922 168

[email protected]

GR: Vinhos do Dão, o que sabe?MM: Não posso dizer que conheço muito dos vinhos do Dão, mas já tive

oportunidade de degustar alguns, que muito apreciei, inclusive os apresenta-dos em degustação conduzida pelo José Luis em nossa Confraria.

As condições geográficas da Região, protegida dos ventos pelas serras do Caramulo, Montemuro, Buçaco e Estrela, são excelentes para o crescimento das castas Alfrocheiro, Tinta Roriz, Bastardo, Jaen, Tinta Pinheiro, Touriga Na-cional, Encruzado, Borrado-das-Moscas, Cercial, Verdelho e Baga.

GR: Do que conhece dos vinhos do Dão o que mais destacaria?MM: A elegância, corpo redondo e consistência aveludada de seus vinhos, o

que leva a região a ser conhecida como Borgonha Portuguesa.

GR: Como os posiciona no mercado?MM: São vinhos que, como consumidora brasileira e apesar de elevados

impostos, têm bom custo/benefício.

GR: O que conhece da Região do Dão?MM: Ainda não tive o prazer de estar em Portugal. Embora meus bisavós

paternos fossem portugueses. Esta será minha primeira visita onde já terei a satisfação de conhecer o Dão e apreciar melhor seus vinhos e outras riquezas.

Desde já agradeço a gentileza do convite e todo o empenho e carinho em tão bem nos receber em sua Terra.

Mônica MeiraConfraria Feminina do Vinho de Curitiba

Na primeira visita a Portugal terei a satisfação de conhecer o Dão

opinião

XLIXL

É, seguramente, um dos activos produtores da região e, di-ríamos, o “embaixador suíço” dos vinhos do Dão. O proprietário da Quinta das Marias, em Oliveira do Conde, Carregal do Sal, aposta na qualidade dos seus vinhos, mas também na promo-ção dos mesmos.

Peter Viktor Eckert diz que o pequeno produtor ainda pode “dar a cara” pelo seu vinho e tem que apostar na presença em feiras, dar provas e fazer degustações. “Não podemos esperar que nos batam à porta à procura do vinho”, diz, referindo a im-portância da Rota do Vinho do Dão, que dará mais visibilidade à região.

Gazeta Rural (GR): Que importância atribui à Rota do Vinho do Dão e como vê a sua implementação?

Peter Viktor Eckert (PVE): Dou muita importância à Rota do Vinho porque irá dar maior visibilidade a uma certa parte da nossa região. Pessoalmente, não tenho sentido uma grande diferença com a Rota, pois já antes tínhamos bastantes visitas de pessoas, nacionais e estrangeiros, que conhecem, procu-ram ou já ouviram falar dos nossos vinhos do vinho.

A minha capacidade de receber é bastante limitada. Para além da hospitalidade e bem receber, não posso oferecer muito mais do que uma visita à vinha, à adega e uma prova de vinhos. Acho, contudo, que a implementação foi bem-feita, demorou, é certo, mas vamos acreditar que vai ter êxito, embora acredite que vai demorar algum tempo?

GR: Nos vinhos, 2014 foi um excelente ano para a Quinta das Marias?

PVE: Fiquei bastante contente com 2014. Estive a fazer uma análise, até para me lembrar como foi o ano, e descobri que metade das vendas foram feitas em Portugal e a outra metade para o exterior Na exportação, a maioria do vinho vai para a Suíça, mas também vendi para a China, Canada, Alemanha e um pouco para a Holanda e para a França. Mas os meus mer-

Peter Eckert e a aposta da Quinta das Marias no mercado

“Não podemos esperar que nos batam à porta à procura do vinho”

cados principais são Portugal e a Suíça.

GR: Que perspectivas tem para este ano?PVE: Tenho vendido muito bem, aliás, o vinho de 2014 está

quase esgotado. Estou satisfeito, mas espero que as vinhas pos-sam produzir um pouco mais este ano. 2012 e 2013 foram anos com pouca produção, mas agora tenho mais vinhas a produzir.

GR: Como antecipa a vindima de ano? Vamos ter grandes vinhos?

PVE: Fiz há poucos dias analises às uvas, nomeadamente o teor alcoólico e fiquei muito contente. Vou começar a vindimar o branco após a Feira do Vinho do Dão e o tinto logo a seguir. Estamos com duas semanas de avanço.

A maturação está muito adiantada. Nas análises feitas tinha oito vinhos com 11,50/12 graus. Se o tempo se mantiver chega-rá rapidamente aos 14 graus e prevejo um bom ano de vinhos.

GR: Lançou recentemente o Quinta das Maria Encru-zado 2014, sem barricas?

PVE: O Encruzado de 2013 esgotou e lançamos o de 2014, sem barrica, que está a vender muito bem. O Barricas 2014 está em estágio prolongado. Provei-o há poucos dias e fiquei muito satisfeito, mas ainda não sei quando o irei colocar no mercado.

Este ano temos mais vinhas em produção, pelo que se po-dem esperar algumas surpresas.

GR: Aposta muito na promoção dos seus vinhos?PVE: Temos que promover bem os nossos vinhos e não po-

demos esperar que nos venham bater à porta à procura do vi-nho. Para isso, vamos a feiras, tanto em Portugal como lá fora, damos provas e fazemos degustações.

Somos muito activos nas vendas. O vinho tem que ser, bem, vendido e tem que ter uma cara. O pequeno produtor ainda tem essa vantagem, de poder dar a cara pelo seu vinho.

Símbolo de qualidadeQuinta das Marias

Oliveira do Conde - 3430-364 Carregal do Sal - T 93 580 70 31

XLIIIXLII

Vinhos do Dão

com sotaque

Quinta de Gonçalvinho | Paranhos da Beira | 6270-133 Seia Telm : 964 054 138 / 927 987 802

[email protected] | www.fgoncalvinho.com

Vinhos do Dão

com sotaque

Quinta de Gonçalvinho | Paranhos da Beira | 6270-133 Seia Telm : 964 054 138 / 927 987 802

[email protected] | www.fgoncalvinho.com

É um dos produtores da região do Dão que tem vindo pau-latinamente a evidenciar-se no mercado pela aposta na qua-lidade dos vinhos, alguns verdadeiras surpresas para o con-sumidor. A Fonte de Gonçalvinho, de Paranhos da Beira, vai lançar novas referências, nomeadamente um Branco de 2014, um Colheita Tinto de 2014, um Reserva Tinto de 2012 e o tão esperado Inconnu da colheita de 2012, um ícone deste produ-tor ‘com sotaque’, cujos vinhos têm a chancela enológica de António Narciso.

Christelle Silva, que juntamente com o marido, Casimir, dirige a quinta, destaca o facto dos seus vinhos estarem já nalguns dos melhores restaurantes da capital, naquilo que considera ser “o reconhecimento” dos Chefs de cozinha da qualidade dos seus vinhos.

Gazeta Rural (GR): O que pode trazer a Rota do Vi-nho do Dão para a Fonte do Gonçalvinho?

Christelle Silva (CS): Vai dar-nos uma maior divulgação do nosso trabalho e mostrar a nossa capacidade de receber bem os turistas e promover o vinho do Dão. Com a Rota temos mais apoio e mais meios para promover, divulgar e escoar os nossos vinhos.

GR: Como olha a sua implementação?CS: A Rota tem que ser olhada de forma colectiva e todos

somos actores. Se os produtores são a favor da Rota e todos remarem para o mesmo lado, os nossos vinhos serão também promovidos e a rota puxará por eles. O objectivo da Rota é, em termos gerais, puxar pela região e divulgar os vinhos e imagem do Dão.

GR: O que vai aparecer de novo da Fonte do Gonçal-vinho?

CE: Vamos ter um ‘blend’ tinto, com as melhores castas de região, um Colheita de 2014, e um Reserva de 2012, que deve-rá chegar ao mercado antes do final do ano, tal como Fonte

Um ícone deste produtor de ‘vinhos com sotaque’

Fonte de Gonçalvinho Inconnu Reserva 2012 chega até final do ano

de Gonçalvinho Inconnu Reserva 2012, um ano de excepcional qualidade que nos permitiu lançar outra vez esta nossa refe-rência.

Vamos também lançar brevemente o Branco de 2014. En-tendemos que os brancos do Dão querem tempo e por isso ainda não o colocámos no mercado. Uns meses de estágio em garrafas fazem-lhe bem. Nos vinhos precisamos de paciência, modéstia e trabalho, muito trabalho.

GR: A próxima vindima?CS: Ainda é um pouco cedo para prever como será. O ano

passado tivemos muita chuva por altura da vindima e este ano tem sido um pouco seco, apesar de alguma chuva nos últimos dias. As videiras têm muitos cachos, mas mais pequenos.

GR: Como está o mercado para o Dão e para a Fonte do Gonçalvinho?

CS: Nota-se que o vinho do Dão está a crescer, mas temos que fazer muito esforço para ir subindo degrau a degrau. Nós estamos a crescer no mercado, mas é preciso trabalhar muito. Conseguimos colocar os nossos vinhos nalguns dos melhores restaurantes em Lisboa, sinal de que têm qualidade e isto vale mais que uma medalha. As medalhadas são muito importantes, mas quando são os profissionais da gastronomia a reconhecer que o nosso vinho harmoniza bem com os pratos que confec-cionam é muito gratificante.

GR: E a exportação?CS: Estamos a trabalhar alguns mercados, mas com os cui-

dados naturais. É muito importante perceber cada vez mais que no mercado internacional Portugal é um pequeno país, em termos de dimensão, mas enorme na produção e vinhos.

Este ano temos recebido muitos turistas, nomeadamente apreciadores e coleccionadores de vinhos, que ficam surpre-endidos não só com a qualidade dos nossos vinhos, mas do Dão em geral.

XLVXLIV

A produtora Quinta Mendes Pereira, de Oliveira do Conde, Carregal do Sal, vai lançar novos vinhos, desde logo um ‘entra-da de gama’, que não tinha no seu portefólio, mas também um Tinto Reserva Touriga Nacional, medalha de ouro, e um branco Encruzado Reserva 2013.

Adepta da Rota do Vinho do Dão, cuja importância sublinha, Raquel Mendes Pereira aceitou o desafio da Fumeiro Flor de Sal no sentido de criar uma parceria para produzir um chouriço com vinho de qualidade. O resultado foi “maravilhoso”, refere.

Gazeta Rural (GR): Que importância atribui à Rota? Raquel Mendes Pereira (RMP): É muito importante di-

vulgar o turismo do vinho nesta região e tenho dado conta que tem sido feito um bom trabalho. E se é muito importante para o mercado internacional, também o é internamente. É relevante que as pessoas conheçam a região, as gentes que nela traba-lha e o que por cá se faz no mundo dos vinhos.

GR: Tem procurado estar próximo do consumidor. Nota que este quer saber cada vez mais sobre o Dão?

RMP: Sim, cada vez mais. Mas, temos que atrair gente a esta região, que está a pouco mais de duas horas de Lisboa e uma do Porto.

Depois, penso que já há muitas opções e a Rota pode poten-ciá-las ainda mais. É bom saber que quem passar ou ficar por Carregal do Sal tem várias quintas para visitar, pode conhecer os produtores, aquilo que produzem e podem comprar directa-mente nas adegas. Adorei a ideia da Rota, acho que deve seguir em frente e que os produtores se unam e tirem proveito dela.

GR: Como está a comercialização?RMP: Vai devagar. Há uns dias um amigo que está a mu-

dar-se para o Japão dizia-me que o conceito do vinho portu-guês não é o de um vinho valorizado. Paga-se um valor fora do normal por um vinho francês, mas por um vinho português, se calhar de qualidade superior, por um preço inferior às vezes

Raquel Mendes Pereira e a parceria com a Fumeiro Flor de Sal

“Uma boa comida precisa sempre de um bom vinho”

acha-se caro. GR: O que falta, em seu entender?RMP: A marca, a comunicação e conseguirmos demostrar a

qualidade dos nossos vinhos. Os franceses conseguiram valo-rizar os seus vinhos e os nossos, que não são inferiores, temos que os valorizar. Oiço, às vezes, dizer: “o vinho português? Eu compro para cozinhar”. Ou seja, falta marketing, falta promo-ção e sermos capazes de demonstrar que os nossos vinhos são tão bons ou melhores que os outros.

Isto demonstra que as pessoas não conhecem. São neces-sárias acções que promovam e divulguem a excepcional qua-lidade dos nossos vinhos, mas é também necessário contar a história e a terra de onde vêm. Foi isso que os franceses e os italianos fizeram.

GR: Que vinhos novos vão lançar no mercado?RMP: Tenho um monte de surpresas. Temos um vinho de en-

trada, pois só tínhamos “Reserva” e “Garrafeira”. Aliás, a maio-ria dos nossos vinhos são “Reserva” e esta nova aposta é numa opção mais comercial. É um vinho mais fácil, jovem e fresco.

Vamos lançar dois vinhos, em garrafa Magnum, um tinto Re-serva Touriga Nacional, que foi medalha de ouro, e um branco Encruzado Reserva 2013. Temos também as garrafas normais.

GR: Fez uma parceria com um produtor de fumeiro. Explique-me a ideia?

RMP: Foi muito interessante. O Luís, do Fumeiro Flor de Sal, de Carregal, procurou-me no sentido de fazer um chouriço di-ferente mas com vinho de qualidade. Sou sempre adepta de ideias novas. Ele fez os chouriços, provei, gostei e… assinei em baixo.

É uma ideia interessante, para continuar, porque uma boa comida precisa de um bom vinho. E a prova é que o chouriço, tanto com o Encruzado como com o Touriga Nacional, estão maravilhosos.

XLVIIXLVI

Gerações e gerações trabalharam muito para tornar o vinho do Dão na grande ex-pressão do vinho português. Houve muito trabalho aliado à dedicação e focado na qua-lidade, na procura de melhores condições para aprimorar a produção e obter resultados voltados para o reconhecimento na moderna viticultura.

Com solo granítico, invernos frios e chuvosos e verões quentes e secos, com vinhedos escondidos entre os pinheirais, a região do Dão tem nas castas Touriga Nacional, Alfro-cheiro, Tinta Roriz, Jaen, Encruzado, Malvasia e Cercial o ponto de partida para vinhos de grande qualidade, premiados e reconhecidos, que rivalizam com os melhores do mundo.

São vinhos tradicionais e personalizados, de textura rica e complexa, acidez equili-brada e aromas delicados. Para os produtores do Dão, numa abordagem inovadora, o reconhecimento no mundo virá pela capacidade de por alma e coração nos projectos, tão abrangentes, apostando na qualidade, imagem e preço.

A primeira vez que provei um vinho do dão jamais esquecerei. Foi a um de Julho de 2011 em São Paulo. Fiquei incrédula. Vinhos com um veludo, uma carícia e um bouquet delicado. Enfim, Emocionante. Depois vieram outros, espectaculares, quando do evento Vinhos de Portugal no Rio de Janeiro e na visita a Portugal em 2014.

Nesta nova visita à região e à Feira do Vinho do Dão, vou com naturais expectativas para melhor conhecer o Dão e os seus produtores.

Consuelo RibasDesigner de Interiores (Curitiba)

Vinhos do Dão são emocionantes!

Rua do Mondego Nº13 | 3520 - 063 Nelas 963 263 568 | 962 936 920 | 963 203 741

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‘Vinha de Canez’ é a nova referência do jovem produtor de Nelas, PALWINES, nascida do amor à terra dos manos Borges, Pedro, Ana e Luís. Depois de chegar ao mercado com o ‘Quinta dos 3 Maninhos’, a PALWINES aparece agora com o ‘Vinha do Canez’ Centenariae Vineae, a segunda referência do produtor e que será apresentado na Feira do Vinho do Dão.

Pedro Marques Borges, um dos manos e também enólogo, diz que o novo vinho foi feito de uvas colhidas em pequenas parce-las de vinha com mais de 100 anos, sendo o mesmo uma home-nagem ao seu bisavô, António Gonçalves Canez, grande respon-sável pelo património vitícola da família a que os três maninhos decidiram dar continuidade.

Gazeta Rural (GR): Como surgiu o ‘Vinha de Canez’ Centenariae Vineae?

(PMB): Vai ser apresentado na Feira do Vinho do Dão e é uma homenagem ao meu bisavô António Gonçalves Canez, que nas-ceu em 1877 e morreu em 1943. Foi o homem que nos deixou o património vitícola que temos. São vinhas antigas, com mais de 100 anos, com um compasso de tal forma reduzido que só per-mite a entrada de um tipo de máquina o “Homem”.

Estas vinhas têm uma multiplicidade de castas que lhe dá um potencial enológico e vitícola imenso. Deu origem a um vinho extremamente elegante e fino. O que se destaca neste vinho é a sua frescura e elegância muito própria. A nível aromático é um vinho com muita complexidade.

GR: O que ressalta de tudo isso é a forte ligação à terra?

PMB: No fundo o que pretendemos é manter a história e o sentimento de família que nos foi legado pelo meu bisavô, avôs e pai, que nos deixaram este património vitícola.

Se me perguntar se faria este trabalho noutro terreno qual-quer, diria que não. Cresci e vivi aqui com os meus avós e por isso diz-me muito. É este o sentimento que também dá origem a grandes vinhos e à forma como é feito, com amor e dedicação,

não só na parte de viticultura, mas também de enologia.

GR: A PALWINES só tem dois vinhos?PMB: Sim. O ‘Quinta dos 3 Maninhos’, feito de uvas prove-

nientes de uma vinha nova de Touriga Nacional, plantada em 2007, e este ‘Vinha de Canez’ Centenariae Vineae feito com uvas de vinhas centenárias. Estes dois vinhos sendo de excelên-cia são completamente distintos. O ‘Quinta dos 3 Maninhos’ tem a estrutura da Touriga Nacional e a componente aromática da casta, muito marcada pelos violetas e bergamota. Por sua vez no ‘Vinha de Canez’ Centenariae Vineae, temos uma complexi-dade e uma variedade imensa a nível aromático. Este vinho tem grande potencial enológico só possível em videiras com mais de 100 anos. Costumo dizer que não são videiras, mas ‘Senhoras Videiras’, pelas quais temos o máximo de respeito e carinho.

GR: Como está a ser o ano de 2015?PMB: Toda a gente se queixa por causa da crise e à qual não

somos alheios, Contudo, as coisas estão a correr relativamente bem. Somos uma empresa muito jovem, criada em 2012, e fe-lizmente a aceitação tem sido bastante boa, porque marcamos pela diferença nos nossos vinhos. Apesar de os nossos vinhos se situarem num segmento ”Premium”, não nos podemos queixar.

GR: Como antecipa a vindima?PB: O calor tem sido um problema. O stress hídrico nalgumas

vinhas é muito elevado. Nas vinhas velhas, centenárias, não se verificou tanto esse factor, uma vez que a sua parte radicular é muito mais desenvolvida. A chuva dos últimos dias ajudou um pouco a atenuar o referido, stress hídrico. Ao nível das vinhas mais jovens existem situações de perda total da sua parte foliar, o que pode originar dificuldades ao nível da maturação alcoóli-ca e fenólica das uvas.

A nível da quantidade teremos um acréscimo da produção relativamente ao ano de 2014, em termos de qualidade espera-mos que o São Pedro seja cooperante, até ao final das vindimas.

“Diz-se que come-se muito bem por aí”

Em primeiro lugar, quero agradecer o convite para conhecer o Dão. Terei muito prazer em conhecer a região, os vinhos e tudo o que o Dão tem a oferecer. Conheço pouco sobre esta região e pretendo aprimorar meus conhecimentos sobre a região e dos vinhos. Diz-se que come-se muito bem por aí. Vamos conferir.

Ana Teresa LondresConfraria Feminina do Vinho de Curitiba

A minha expectativa é grande!

O que eu aprendi sobre o Dão, nestes últimos anos, devo à grande enóloga Sandra Zottis e a sua palestra. Sei do gran-de investimento na região e do quanto os vinhos do Dão são elegantes actualmente.

Sandra LunedoConfraria Feminina do Vinho de Curitiba

Pedro Marques Borges é enólogo da empresa

PALWINES lança ‘Vinha do Canez’ Centenariae Vineae

XLIXXLVIII

Cada vez mais as novas tecnologias estão associadas às di-ferentes áreas, obrigando as empresas de ponta a terem es-peciais cuidados para se manterem na linha da frente. É o que acontece na Verallia Portugal, o maior fabricante de garrafas de vidro no mercado nacional e mundial, que segundo o seu Director Geral, “tem sido pioneira nesta área”.

Paulo Pinto, à Gazeta Rural, destaca as diferentes novidades que a empresa sedeada na Figueira da Foz colocou no merca-do neste ano de 2015, mas também exultou “a capacidade de reacção dos produtores e engarrafadores de vinho” que consi-derou “decisiva na minimização dos impactos negativos que o cenário inicial apontava”.

Gazeta Rural (GR): Que novidades apresentou a Verallia nes-te ano de 2015?

Paulo Pinto (PP): Seria difícil enumerar todas, sobretudo porque sempre que falamos em novidades teremos que ana-lisar a questão na perspectiva interna e externa. Mas como o lado mais visível é sempre o que passa para o exterior, gostaria de destacar dois ou três projectos que concretizamos neste período:

O primeiro foi o lançamento do vidro com efeito azul fluores-cente – quando exposto à luz negra que normalmente existe nos estabelecimentos comerciais de diversão nocturna. Para além de uma imagem divertida e moderna a garrafa ‘transfor-ma-se’ e efectivamente marca a diferença.

O segundo foi o lançamento da APP Virtual Glass (http://pt.verallia.com/virtual-glass), com o objectivo de simplificar a vida dos nossos parceiros (clientes, designers, equipas de mar-keting, entre outros). O Virtual Glass é uma ferramenta simples para criar, partilhar e testar um ou diversos designs de garra-fas num tablet ou iPad. Esta aplicação de personalização de embalagem está disponível gratuitamente e utiliza as últimas inovações de 3D e de realidade aumentada. Tem sido um ver-dadeiro sucesso.

Por último, com o objectivo de aproximar o ensino à indús-tria, a Verallia Portugal lançou, a segunda edição do Concurso de Design e Criatividade, cujo tema foi “Prático e Fácil de Uti-lizar”. Surpreendentemente, recebemos perto de uma centena de projectos.

Através de iniciativas como este Concurso, os alunos pude-ram estabelecer um contacto real com a indústria, o que lhes permitiu direccionar a sua criatividade para o encontro de so-luções inovadoras e atractivas interessantes. O modelo premi-ado é exequível e está disponível para o mercado.

GR: Como sentiram o mercado do vinho? Cresceu?PP: Apesar de a última campanha de produção ter sido me-

nor do que a que lhe antecedeu, e as exportações - sobretu-do para o mercado angolano - terem sofrido em alguns casos uma quebra significativa, a realidade é que a capacidade de reacção dos nossos produtores e engarrafadores foi decisiva na minimização dos impactos negativos que o cenário inicial apontava.

Por outro lado, o turismo aumentou significativamente, a di-

Paulo Pinto, Director Geral da Verallia Portugal à Gazeta Rural

“A Verallia tem sido pioneira” na aplicação de tecnologia associada à garrafa

versificação dos mercados externos e o aumento da procura interna foram factores decisivos que em muito estão a contri-buir para que o crescimento se verifique de forma sustentada. Se lhe juntarmos os investimentos que estão a ser concreti-zados na produção, na imagem e na divulgação dos nossos vinhos, estão podemos dizer que todos estamos no bom cami-nho. Todos os prémios que Portugal tem ganho nesta área são um bom indicador de um reconhecimento que se irá reflectir na consolidação das nossas vendas.

GR: Cada vez mais a tecnologia está associada a várias áre-as. Que tipo de tecnologia pode ser aplicado numa garrafa que permita ao consumidor ter um maior conhecimento do produ-to que a mesma contem?

PP: Hoje em dia existe uma consciência colectiva sobre questões fulcrais, tais como o ambiente, que faz com que as pessoas valorizem as indústrias que ajudam a salvaguardar o mundo em que vivemos e que temos que preservar.

A Verallia tem sido pioneira nesta área, promovendo um conjunto de acções, que acabam por se reflectir no reforço das parcerias que temos estabelecido. E isso acaba por se projec-tar para o mercado e para o consumir final.

Como exemplo temos o caso da Linha ECOVA, onde através da optimização dos modelos existentes foi possível produ-zir garrafas mais amigas do ambiente, seja pela redução de emissões para a atmosfera aquando a sua produção, seja pela optimização da política de embalagem, com a duplicação do número de unidades por paletes e a consequente redução para

metade do número de paletes de madeira em circulação. Por outro lado, os avanços tecnológicos que hoje em dia es-

tão associados à nossa indústria permitem que a abordagem às necessidades do mercado se concretize de forma muito mais rápida e eficaz,

Mas diria que toda a tecnologia que hoje em dia está as-sociada à nossa actividade e que nos permite ocupar o lugar que ocupamos, só resulta se as pessoas envolvidas em todo o processo (e quando falo em pessoas falo em colaboradores directos e indirectos, clientes e fornecedores) partilharem do mesmo espírito quanto à capacidade em se promover a mu-dança na excelência. E a excelência é algo que o consumidor reconhece.

GR: A preocupação com a imagem da garrafa já chegou ao vinho? Há produtores em Portugal, e no Dão em particular, que querem uma garrafa personalizada?

PP: A questão é delicada, pois tem que ser analisada em di-versas vertentes. Por um lado existe uma imagem associada à Região, por outro existe um aumento da procura da individua-lização e da personalização.

Quanto à questão da imagem diria que está salvaguardada (e no nosso caso até reforçada tendo em conta a nossa oferta; e adicionalmente o aproveitamento das sinergias pelo facto de pertencermos a um grande Grupo mundial, produtor de emba-lagens de vidro).

Quanto à questão da personalização, hoje em dia a questão da necessidade dos grandes volumes, que justifiquem a cons-trução de moldes e uma produção maciça, estão um pouco ultrapassados na medida em que através da nossa gama ‘’Se-lective Line’’ podemos desenvolver modelos que vão ao en-contro da imagem que os nossos parceiros procuram.

Cada vez mais somos confrontados com o desafio do exclu-sivo e isto porque cada vez mais o consumidor final valoriza o que acrescenta valor, ao produto e a ele enquanto consumidor.

Quando a diferença entre o comum e a excelência pode ron-

dar o custo de pouco mais do que o valor de um café, creio que vale a pena apostar na diferença. Se, por outro lado, ana-lisarmos as margens com que alguns produtos são comercia-lizados, seguramente este diferencial pode ser absorvido com grande vantagem tanto para quem vende como para quem compra.

GR: Como profundos conhecedores do sector do vinho, que evolução houve nos últimos anos? Está o sector no caminho certo?

PP: Sim, claro que está no caminho certo. A consciencializa-ção colectiva de que haveria espaço, em todas as áreas liga-das ao sector, para que se promovessem acções de melhoria foi determinante para a evolução que se verificou ao longo destes anos.

O sector vitivinícola é um bom exemplo de como é possível inverter tendências. É notável o trabalho que todos estão a re-alizar nesta área. Este esforço tem sido reconhecido através dos prémios que os nossos produtores e engarrafadores têm trazido para Portugal e que muito nos devem orgulhar.

A visibilidade dos nossos vinhos, tanto no mercado interno como externo, hoje em dia é uma realidade e isso deve-se ao facto de termos acreditado que seriamos capazes de fazer tão bem ou melhor do que os outros.

O facto de todos os intervenientes terem interiorizado que cada um por si fazia parte de um todo, permitiu que este pro-cesso de evolução fosse mais rápido e que a ‘travessia do de-serto’ esteja a ser realizada no mais curto espaço de tempo.

Hoje em dia quando nos deslocamos às feiras internacionais ou quando os importadores nos procuram, sinto por parte dos nossos parceiros o orgulho de sermos portugueses.

Cada garrafa de vinho que se comercializa, para além do produto que se irá consumir, tem uma história associada, uma cultura, uma região. Uma forma de estar e de ser. A consciên-cia deste facto é um bom incentivo para a responsabilização individual do que se coloca no mercado.

LIL

Revelou Fernando Figueiredo à Gazeta Rural

Grupo de Trabalho define futuro da UDACA

A Adega de Silgueiros está a preparar um investimento supe-rior a dois milhões de euros, num projecto que será candidata-do ao PDR 20-20. O presidente da Cooperativa adiantou que irão ser beneficiadas não só as áreas administrativa, de arma-zém e de produção, mas também a requalificação do espaço exterior e ainda um novo espaço de exposição e venda.

Todo este investimento visa não só o melhoramento das condições de trabalho, produção e Qualidade dos Vinhos da Adega, mas também a sua entrada na Rota do Vinho do Dão, uma vez que nesta fase do projecto, segundo Fernando Figuei-redo, “entendemos que não temos condições condignas para receber quem nos visita”.

Gazeta Rural (GR): A Adega de Silgueiros, nesta fase, não entrou para a Rota do Vinho do Dão, mas vai pre-parar-se para isso?

Fernando Figueiredo (FF): A Adega de Silgueiros não en-trou nesta fase do projecto porque entendemos que não te-mos condições condignas para receber quem nos visita.

Nesse sentido, vamos fazer um grande investimento nessa área, enquadrado num projecto estimado em dois milhões de euros, recorrendo ao novo Quadro de apoio PDR 2020.

Sendo esta uma das maiores de Adegas do Dão, ninguém entende porque não está ainda inserida na Rota do Vinho do Dão.

GR: Que investimento é esse e em que áreas?FF: Além de uma sala de provas, vamos remodelar todo o

sector administrativo, bem como um espaço de exposição e venda. Vamos ter intervenções no armazém, bem como na área de produção, com o aumento da capacidade de vinifica-ção e controlo de qualidade correspondente, em todo o pro-cesso desde a recepção das uvas até à elaboração e controlo da vinificação e armazenamento dos vinhos.

De resto, há também algumas ideias que estão a ser defini-das para dar um novo aspecto ao espaço exterior da Adega, onde se podem promover no futuro alguns eventos, como já aconteceu.

GR: Mas a renovação tem vindo a ser feita?FF: Temos vindo a fazer isso aos poucos. Temos usado uma

expressão popular, “não gostamos de o passo maior que a perna”. Felizmente, a Adega de Silgueiros tem fundos própri-os para garantir uma grande parte do investimento e, a outra

Segundo o presidente da Cooperativa

Adega de Silgueiros prepara investimento superior a 2M euros

parte, temos já aprovado financiamentos que superam as ne-cessidades.

Vamos fazer as obras, mas não vamos investir naquilo que não serve para coisa nenhuma e principalmente investir em coisas que não possamos pagar. Qualquer investimento tem que ter o seu retorno num prazo que se julgue razoável e va-mos apresentar uma candidatura ao PDR 20-20, beneficiando também dos apoios comunitários, possíveis, coisa que nes-ta Adega apenas uma vez utilizámos. Queremos investir sem pôr em risco a estabilidade financeira da Adega, que pretende continuar a cumprir a tempo e horas com os seus fornecedores e principalmente com os associados, liquidando as colheitas pelos níveis de preço por quilo de uva que têm vindo a ser pra-ticados e são bem o exemplo em toda a região.

GR: A Adega vai apostar cada vez mais no engarra-fado ou manter a política do granel e bag-in-box?

FF: Essa é boa uma pergunta e aproveito para esclarecer. Efectivamente, nós temos o nosso “core business” (parte cen-tral do negócio), como dizem os homem da economia, assente na venda dos chamados engarrafonados (bag-in-box). Pen-samos ser líderes na região na venda de bag-in-box e não nos temos dado mal, porque também não vendemos barato e temos apostado na qualidade do produto. Contudo, achamos que devemos aumentar a venda de engarrafados. Nos chama-dos vinhos regionais “Terras do Dão”, engarrafados, também não estaremos nada mal.

Nos Vinhos DOC há, efectivamente, alguma dificuldade, por-que todos nos sabemos que acima de um determinado valor é difícil vender garrafas em quantidade. Salvo determinados nichos de mercado, a venda de vinhos engarrafados DOC em quantidade a preços superiores a 5,00€ é extremamente difí-cil. Contudo, queremos apostar nos engarrafados e estamos a transformar a rotulagem de alguns vinhos, nomeadamente no Reserva e nalguns monocastas tintos e brancos. A escolha e separação de algumas castas nobres e a bonificação à quali-dade das mesmas tem vindo a dar os seus frutos e a Adega de Silgueiros irá ser, a curto prazo, uma bela surpresa para os seus detractores.

Vamos incentivar a restruturação de algumas vinhas ade-quadas à produção de castas brancas, dado que a Adega é deficitária. Para isso estamos a estudar um sistema de boni-ficação à qualidade dessas castas, tal como o fizemos para as tintas.

A direcção da União das Adegas Cooperativas do Dão (UDA-CA) está empenhada em definir o futuro do sector cooperativo do Dão. Tentando enquadrar os seus objectivos na definição estra-tégica da Comissão Vitivinícola Regional (CVR) do Dão, o presi-dente da UDACA revelou que vai ser criado um grupo de trabalho para determinar que caminho deve seguir o sector cooperativo e o papel da UDACA nesse futuro.

Numa altura em que há alguma ‘turbulência’ nalguns mercados internacionais de destino das exportações, Fernando Figueiredo diz que a UDACA, ainda assim, “não se pode queixar”, adiantan-do que a estratégia imediata passa por reforçar as exportações e para isso haverá que reforçar a curto prazo a área do comércio internacional, no sentido de conseguir abrir novos mercados.

Gazeta Rural (GR): Na UDACA a aposta continua a ser no mercado internacional?

Fernando Figueiredo (FF): Apesar do que se passa atual-mente em três mercados de destino dos nossos vinhos, temos conseguido manter o nosso negócio em níveis iguais e até superi-ores ao ano anterior. A aposta é de facto nos mercados internaci-onais e temos que diversificar e expandir, não apostando apenas nos mercados existentes e na sua consolidação e crescimento. Questões como aquelas mais recentes ocorridas com a que-da do preço do petróleo e o impacto nas economias dos países produtores que dele dependem fundamentalmente (ex. Angola), são exemplos da instabilidade que de um momento é criada e dos riscos inerentes. Mas o que se está a passar com a China e tam-bém com o Brasil, embora por razões diferentes mas que são bem conhecidas, leva-nos a ter que apostar ainda mais em mercados alternativos de destino dos nossos vinhos. A estratégia é por isso no reforço da nossa presença noutros mercados, por forma a criar gradualmente o hábito de consumir UDACA!

GR: É difícil consolidar mercados com a instabilida-de existentes nalguns países, como China, Angola ou Brasil?

FF: É uma pergunta complicada e de resposta é difícil. Por mais vontade que tenhamos, e mesmo com parcerias que julgamos consolidadas, não podemos adivinhar as turbulências que sur-gem de um momento para o outro, como sejam aquelas que refe-rimos na China, Brasil e Angola.

GR: Que futuro define para a UDACA?FF: Nos objectivos da UDACA para o ano em curso, está de-

finido um muito importante que tem a ver com o seguinte: O que é que as Adegas associadas da UDACA pretendem para o futuro da sua UNIÂO (UDACA). Trata-se, como se compreende, de defi-nir um modelo e uma definição estratégica para o sector, que se

enquadre também na definição estratégica para a Região do Dão e que está em curso na CVRD. Esses trabalhos serão levados a cabo em cooperação com uma Universidade e para isso foram já convidados dois dirigentes de duas Adegas Cooperativas, que farão a ponte com a Direção da UDACA e com as Direcções das Adegas Associadas.

O que se pretende é que no final se tenha um documento com as linhas estratégicas do sector para o médio e longo prazo. Todos sabemos que a situação apesar de ser bem melhor que em 2007, não é aquela que todos desejamos para que, aqueles que tratam das vinhas (os viticultores associados das Adegas), venham a ser melhor remunerados. Devem ser eles a receber a maior fatia do valor acrescentado conseguido, pela actividade resultante do trabalho em conjunto.

Foi feita uma tentativa há uns anos, em que um dos objetivos seria a fusão das Adegas. Por diversas razões bem conhecidas e pelos que estiveram envolvidos tal não se conseguiu. Aquilo que hoje se viu, talvez porque não levámos a cabo tal objetivo, foi o desaparecimento de algumas Adegas Cooperativas, duas delas com grande dimensão e impacto na economia social local. Hoje enfrentar este desafio. Pensamos todos que seja bem mais fácil!

GR: Em que assenta esse estudo e quem compõem o grupo de trabalho?

FF: Tal como atrás já se referiu, foram convidados dois elemen-tos de duas adegas cooperativas para liderarem este projecto, juntamente com a direcção da UDACA e com a Universidade a convidar, que definirá quem será o responsável académico, na área da economia/estratégia para levar a cabo este projecto. Obviamente que grande parte do trabalho de campo e de desen-volvimento prático será levado a cabo por alunos dessa universi-dade, devidamente enquadrados.

A ideia é desenvolver um projecto para a UDACA, que será dis-cutido com Adegas, e que determinará o caminho a seguir. Acho que estamos na altura para o poder fazer, até porque a situação económica e financeira das Adegas e da UDACA e as relações en-tre os dirigentes são bem diferentes daquilo que eram no passado.

GR: A fusão ainda é possível?FF: É e será uma questão que permanece em aberto. O gru-

po de trabalho, acima referido, depois de estudados os diversos cenários e os diversos caminhos a seguir, poderá propor uma solução desse tipo. Caberá, no entanto, às direcções das Adegas numa primeira fase, aos Delegados à Assembleia numa segunda fase e com toda a certeza, aos associados de cada uma das ade-gas, aprovarem ou não o modelo de Plano Estratégico proposto e como disse, a fusão poderá ser uma das soluções.

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Faz 25 anos que Manuel Vieira chegou ao Dão para construir a adega da Quinta de Carvalhais, propriedade da Sogrape. O enólogo regressou ao Dão para assumir a enologia da Caminhos Cruzados, que vai construir uma nova Adega, na Quinta da Tei-xuga, em Nelas.

Manuel Vieira, que diz estar “completamente apaixonado pelo Dão”, está entusiasmado com o ciclo do “Novo Dão”.

Gazeta Rural (GR): O que o levou a voltar ao Dão?Manuel Vieira (MV): Estou completamente apaixonado pelo

Dão e não o quero largar. Continuo a achar que o Dão é a grande região de Portugal e, portanto, o convite que me foi feito pelo Paulo e pela Lígia era irrecusável, porque é um projecto cheio de energia, com ideias novas e, inclusivamente, fazer uma adega, o que para mim é sempre um marco. Aliás, entrei no Dão com a construção da Adega de Carvalhais, que faz este ano 25 anos. Foi em 1990 a primeira vindima de Carvalhais.

Agora, abriu-se um novo ciclo. Em 2016 vamos inaugurar uma nova adega do ‘Novo Dão’ e já com o conhecimento de 25 anos.

GR: Que novo Dão é esse?MV: É um Dão que já conhece o seu valor, o potencial das suas

castas e, principalmente, do seu terroir. Hoje em dia os vinhos são ao gosto do consumidor, que também evoluiu, e nós esta-mos habilitados a acompanhar essa nova onda de vinhos. É por isso que dizemos ‘Um Novo Dão”. Por exemplo, há pouco tempo lançamos um Jaén sem madeira, da vindima de 2014. Queremos aproveitar o enorme potencial do Dão.

GR: E o que vem da vinha, da terra?MV: O vinho sempre veio da terra e da vinha. Nesse aspecto

estamos favorecidos porque somos os felizes proprietários da Quinta Teixuga, que há muito tempo tinha identificado como um terroir privilegiado do Dão. Em 2014 fizemos a vindima que confirmou totalmente a nossa opinião. Temos vinhas velhas e terroir. Estamos muito contentes com isso.

Manuel Vieira e o regresso à região, à ‘Caminhos Cruzados’

“Estou completamente apaixonado pelo Dão”

Nova adega vai receber vindima de 2016

A nova adega da ‘Caminhos Cruzados’ começou a ser construída em Junho deste ano e deverá estar concluída em Maio de 2016, a tempo de receber as vindimas do pró-ximo ano. “Queremos fazer uma mudança calma, tranqui-la e prepararmo-nos para a campanha de 2016 com me-lhores condições, mas também com um enquadramento único, pois a Adega está no centro da Quinta da Teixuga”, afirmou Paulo Santos. A nova adega vai estar preparada com o que de melhor há para “fazer vinhos modernos do Novo Dão”, referiu.

Com este investimento a empresa de Nelas pretende reforçar a marca Titular, bem como o Quinta da Teixuga, o topo de gama da empresa e que será dado a conhecer na Feira do Vinho do Dão.

Mas a nova adega vai, segundo Paulo Santos, acomo-dar “os vinhos topo de gama”, mas “vai estar preparada para receber todos os amantes de vinho do Dão em con-dições fantásticas, que não temos agora”. O mentor do projecto lembra que a Caminhos Cruzados está desde 2012 no centro da vila de Nelas, em instalações “que hoje não respondem ao crescimento e às necessidades” da empresa.

Paulo Santos está muito satisfeito com o trabalho da dupla de enólogos Manuel Vieira/Carlos Magalhães, pois no último ano deu-se a “a grande explosão da em-presa em termos de exportação, com novos mercados e o aumento do volume de vendas, o que mostra o “re-conhecimento da qualidade dos nossos vinhos” pelos consumidores.

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“Adega da Vila” foi a marca criada pela Adega de Vila Nova de Tazem para comemorar os 60 anos de produção e vinhos da Cooperativa. Lançados há pouco mais de dois meses, o branco Reserva 2013 e o tinto Grande Reserva 2011 têm tido excelente aceitação junto dos consumidores, havendo vários interessa-dos na sua distribuição.

Num ano em que a Adega continua a somar prémios, o úl-timo uma medalha de ouro no Concurso Internacional “La Selezione del Sindaco”, Pedro Pereira, enólogo da Adega, diz que tudo isto é fruto de um trabalho de conjunto, em que os viticultores associados da Adega têm a sua maior cota de res-ponsabilidade.

Vinhos homenageiam associados da Adega de Vila Nova de Tazem

Vinhos “Adega da Vila” com excelente aceitação no mercado

Gazeta Rural (GR): Como está ser a saída dos vinhos que comemoram os 60 anos da Adega?

Pedro Pereira (PP): São vinhos sob a designação “Adega da Vila”, um branco Reserva 2013 e um tinto Grande Reserva 2011. Foram lançados há pouco mais de dois meses, têm tido excelente aceitação por parte dos consumidores e temos tido vários interessados na sua distribuição. As pessoas gostam da imagem no sentido em que, de certa forma, as transporta para o que eram os rótulos há 60 anos.

Estes vinhos marcam, para nós, uma nova viragem, que nun-ca tínhamos feito. O branco é da colheita de 2013 e o tinto é de 2011, este um ano de excelência na região do Dão, como tam-bém noutras regiões. São vinhos de elevada qualidade, que serviram os propósitos que tínhamos em mente, no sentido de homenagear os nossos sócios, que ao longo de 60 anos têm entregado na Adega as suas uvas, mas, e ao mesmo tempo, também homenagear e relacionar com Vila de Nova de Tazem, que é o epicentro vitivinícola da Adega e onde está sedeada.

GR: 2015 tem sido um excelente ano para a Adega de Tazem, com vários prémios?

PP: Sim, os prémios têm sido significativos. O último foi uma medalha de ouro no Concurso Internacional “La Selezione del Sindaco” com o nosso vinho Pedra d’Orca Reserva 2011.

O ano passado foi muito bom e neste tem-se mantido essa tendência de termos boas prestações e arrecadado galardões nos concursos em que temos participado. Estamos muito sa-tisfeitos com isso.

GR: Esses prémios são fruto do conjunto: viticultores, direcção da adega e enólogo?

PP: Sim, é o conjunto. Os viticultores, como gostamos de lembrar sempre, são o elo fundamental da produção do vinho, mas o apoio que prestamos aos nossos associados é impor-tante. Depois há a parte da enologia, que trabalha na adega na recepção e transformação das uvas. Mas o mais importante foi o trabalho dos viticultores, que resultou em boas uvas. Há um outro factor importante, que temos que associar, que é a promoção, o marketing e a distribuição. Tudo, em conjunto, são factores para o sucesso.

GR: Está aí a Rota do Vinho do Dão. A Adega está preparada?

PP: Não fizemos nada em concreto ou especificamente a pensar na Rota. Temos algumas instalações criadas, que já existiam, e temos as portas abertas para quem nos queira vi-sitar, desde que haja marcação prévia. Queremos mostrar o nosso espaço a quem nos visita. Aliás, sempre o fizemos, com Rota ou sem ela.

Rua Doutor António Borges nº122 | 6290-632 Vila Nova de TazemTlf.: 238 486 189 | Fax.: 238 486 [email protected]

Uma paixão natural

P: O que sabe sobre os vinhos do Dão?R: Os vinhos do Dão têm sido premiados em diversos con-

cursos internacionais. Em 2014, por exemplo, obtiveram 9 me-dalhas de Prata e 9 medalhas de Bronze na 45ª edição Interna-cional da “Wine and Spirit Competition”.

São vinhos de qualidade, personalidade, diferença, elegân-cia, frescura e suavidade. O típico é tinto, de cor rubi, redondo, espirituoso, de aroma delicado.

O José Luis, em visita a nossa confraria em 2014, deu a algu-mas de nós, que não conhecíamos, a oportunidade de entrar em contacto com a maravilhosa qualidade dos vinhos do Dão.

Castas como Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro, Jaen e Encruzado foram destaque. No encontro, além de agraciadas com a excelente palestra sobre o assunto, degustamos vinhos presenteados por sua pessoa, como Branco Encruzado, da Quinta de Cabriz; Morgado de Silgueiros Tinto 2011, da Ade-ga Cooperativa de Silgueiros; Branco Encruzado Quinta das Marias 2011, este com fermentação em carvalho francês, do produtor Peter Viktor Eckert; Tazem Tinto, safra 2010, (Touriga Nacional e Tinta Roriz), da Adega Cooperativa de Vila Nova de Tazem; Invulgar, da União das Adegas Cooperativas do Dão - 5 enólogos - safra 2010, e Quinta de Lemos (Touriga Nacional) safra 2007.

Nossa expectativa, a minha particularmente, é que nes-ta oportunidade de visita que faremos à região do Dão, a seu amável convite, o conhecimento se estabeleça de forma muito agradável. Estamos imensamente gratas por tal convite.

P: Do que conhece dos vinhos do Dão, o que mais destacaria?

R: Realmente me reservo a esta maravilhosa oportunida-de da visita a esta região de Portugal para ter a mais justa das

opinião

“Os vinhos têm alcançado patamares de excelência”

opiniões, dando destaque ao que venha a conhecer e me im-pressionar os sentidos.

P: Como os posiciona no mercado ? Em que pata-mar?

R: São vinhos que têm alcançado patamares de excelência. Têm grande importância na economia do país, conquistando galardões nos principais certames vitivinícolas mundiais, por sua elevada qualidade.

P: O que conhece da região do Dão?R: Conheço apenas o que tenho pesquisado de matérias, in-

clusive da Gazeta Rural.A região demarcada do Dão foi instituída em 1908, situada

no centro norte de Portugal - localizada na Beira Alta: com Viseu ao centro. Tem condições geográficas excelentes para produção de vinhos que envelhecem de forma nobre e harmo-niosa.

Região muito montanhosa que sofre ao mesmo tempo in-fluência do Atlântico e do interior, por isso os invernos são frios e chuvosos, enquanto os verões são quentes e secos.

As rotas dos vinhos do DÃO têm 5 itinerários. Tem várias quintas e casas de relevo.

A região tem também vinhos biológicos de qualidade - a Casa de Mouraz com tintos, brancos e rosés (DOC DÃO)

Sei que há muito para conhecer, muito para saber e esta oportunidade é muito esperada, pois pisar neste solo me fará conhecer para amar e jamais esquecer.

Analzira Carvalho CarneiroConfraria Feminina do Vinho de Curitiba

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Álvaro Castro é daquelas figuras com quem dá gosto conver-sar. Não é convencional, tem clareza de pensamento e guia-se pela sua intuição, numa altura da vida em que o estatuto que conquistou lhe permite fazer o que muito bem entende.

No vinho, depois das modas, que não nega ter seguido num determinado momento, apenas lhe interessa “fazer aquilo que tenha a expressão da terra”. Sobre a Rota do Vinho do Dão, Alvaro Castro diz que a maioria dos que o visitam são clien-tes ou profissionais do sector, admitindo, contudo, que “é uma maneira de receber mais pessoas”.

Gazeta Rural (GR): Que lhe diz a Rota do Vinho do Dão?

Álvaro Castro (AC): As pessoas podem pensar que tenho ideias negativas relativamente à Rota, o que não é verdade. A Rota é mais uma maneira de contactamos com os nossos clientes, portanto não tem nada de negativo. Agora, tenho a noção que não estamos numa zona muito acessível aos meus clientes e, deste ponto de vista, a Rota vai ser sempre um pa-rente pobre em termos de comercialização.

GR: Mas recebe muita gente?AC: Recebo clientes profissionais, o que é uma coisa diferen-

te da Rota. São pessoas ligadas ao vinho ou são meus clientes, portugueses e estrangeiros. Não é esse o espírito da Rota, que é uma coisa aberta a toda a gente.

Depois, não tenho a estrutura montada para poder receber o turista normal, o que não quer dizer que não a venha a ter. Espero que o interesse das pessoas vá aumentando e se as vi-sitas o justificarem terei uma pessoa dedicada a essa estrutura.

GR: O que vai sair de novo com o ‘carimbo’ Álvaro

Álvaro Castro e os objectivos imediatos

“Interessa-me fazer aquilo que tenha a expressão da terra”

Castro? AC: Tenho sempre coisas novas, porque quero dar corpo às

minhas ideias e àquilo que entendo deve ser o vinho do Dão. Neste momento estou mais focado na autenticidade.

Não quero usar nenhum daqueles adjectivos como bioló-gico, biodinâmico ou natural. Interessa-me fazer aquilo que tenha a expressão da terra. Aliás, acho que quando se come-ça a adjectivar as coisas elas ficam mais negativas, porque há sempre um aproveitamento comercial que, de alguma maneira, denigre a pureza do conceito.

GR: Disse uma vez que queria fazer o melhor vinho do mundo?

AC: Isso foi uma brincadeira. É evidente que o melhor vinho do mundo para mim pode não ser para outros e é um conceito quase abstracto, mas eu sei o que aprecio. Mas é importan-te respeitar o que vem da vinha, aceitar o vinho tal como ele nasce e tentar preservá-lo o melhor possível, sem habilidades.

GR: Mas há por aí umas modas novas, como vinho laranja?

AC: Desde que ando no mundo do vinho já conheci umas quatro ou cinco modas. E não digo que não tenha ido atrás de algumas, mas espero não ir atrás de mais nenhuma. Agora, quero fazer aquilo que é verdadeiro e que vem da terra.

GR: Como vai o mercado?AC: Acho que o mercado, nacional e internacional, não está

mal, pelo menos para mim. Tenho alguma dificuldade em dis-tinguir o que é mercado nacional e internacional, porque muito do vinho que vendo para cá uma boa percentagem vai para o estrangeiro. Não é exportado mas vendido a estrangeiros.

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Situada no extremo sul da região do Dão, na sub-região do Alva, em Tábua, o produtor ‘Ladeira da Santa’, propriedade da família de Arlindo Cunha, vai aumentar a área de vinha, por for-ma a responder à crescente solicitação dos seus vinhos.

João Cunha, filho do actual presidente da CVR Dão, é o res-ponsável da empresa, mostrando-se satisfeito com a imple-mentação da Rota do Vinho do Dão, bem como a resposta do mercado ao primeiro vinho branco lançado em 2014.

Gazeta Rural (GR): O que trás de novo à região a Rota do Vinho do Dão?

João Cunha (JC): Trata-se de um marco importante para a nossa região, pois ao fim de alguns anos adormecidos e ter sido totalmente submersa pela invasão tanto dos vinhos alen-tejanos como do Douro, é uma óptima oportunidade para to-dos os enófilos, curiosos do mundo dos vinhos e turistas em geral, terem a oportunidade de conhecerem por dentro o que são realmente os vinhos do Dão e o seu território. Uma região extremamente rica nas mais variadas vertentes da cultura, com um património histórico gigantesco, com muitas florestas, rios e montanhas e com umas paisagens envolventes sober-bas. Não é por acaso que as vinhas do Dão sejam chamadas por “vinhas dos pinhais”.

Toda esta região, e principalmente os 43 produtores regista-dos na Rota dos Vinhos Dão apenas têm a ganhar, sobretudo se todos remarmos no mesmo sentido, criando sinergias para que, com isso, se possam oferecer melhores condições aos turistas, aproveitando o facto do vinho desta região estar a entrar novamente na moda, aumentando assim o consumo do vinho do Dão. Não só pelas pessoas que percorreram a região, mas pelo facto de transmitirem as suas sensações a pessoas próximas, colocando assim e aumentando o factor curiosida-de.

Em relação a todo este boom que o Dão tem tido, desde a di-vulgação da nova Rota, até a toda a publicidade que tem vindo a fazer, e a maneira como está a entrar ou a querer entrar em mercados importantíssimos e estratégicos para nós, deve-se a um excelente trabalho que a Comissão dos Vinhos do Dão tem feito e, naturalmente, à adesão entusiástica dos produtores.

Para responder ao mercado

Ladeira da Santa vai aumentar área de vinha

GR: Que novos vinhos lançaram recentemente ou vão lançar?

JC: Em 2014 lançámos pela primeira vez um branco para o mercado. Serviu, de certo modo, como um teste piloto, para ver qual o grau de aceitabilidade deste novo vinho e com isso percebermos qual o rumo que lhe deveríamos dar no futuro.

Um vinho em que o Encruzado representa 60% e o restante Arinto e Gouveio (20%/20). Trata-se de um vinho bem estru-turado, graças à predominâncias da casta Encruzado, aliada à acidez proveniente do Arinto e uma vertente aromática do Gouveio. Todo este conjunto de características, segundo os feedbacks que íamos obtendo, era que se tratava de um vinho singular, algo demarcado do habitual lote-padrão dos moder-nos brancos do Dão com Encruzado e Malvasia-Fina.

Também lançamos em 2015 o Reserva 2012 e Colheita 2013. O primeiro com 60% de Touriga Nacional e 40% de Alfrocheiro ganhou medalhas de prata no Mondial de Bruxelles e no Inter-nacional Wine and Spirits Competition. O segundo correspon-de ao padrão da nossa gama de entrada no mercado, com 70% Tinta Roriz e 30% Alfrocheiro. Brevemente, iremos aumentar a área de vinha, levando a que se aumente o volume de vinho produzido, e com isso podermos criar outros tipos de vinhos.

GR: Que espera da vindima deste ano?JC: Creio que vai ser um ano bom. Pelo menos no extremo

Sul do Dão, que faz parte da Sub-Região do Alva. Tem sido um ano particularmente seco, o que nos irá revelar uns vinhos com grande maturação e aromas bastante maduros. O que de certa forma se torna positivo, pois em anos como este o Alfrocheiro sobressai-se de uma forma com extrema elegância.

GR: Como está o mercado?JC: Como somos uma empresa familiar pequena, e com um

stock ainda relativamente reduzido, não temos tido quaisquer problemas em vender. Esse é um dos grandes motivos pelos quais iremos aumentar a área de vinha. Pelo facto de não con-seguirmos aguentar o stock de vinhos durante muito tempo e quando eles estão realmente no ponto de serem consumidos… já estão esgotados.

Santar é, seguramente, um dos pontos mais visitados da re-gião do Dão. A sua localização, num eixo central que liga Viseu à Serra da Estrela, é outras das mais-valias que a Vila do conce-lho de Nelas possui. Cristina Simões, da Quinta do Sobral, um dos produtores de vinho ali sedeado, realça a sua importância para a Rota do Vinho do Dão, pois “tem todas as condições” para ser a ‘Saint-Emilion’ do Dão, isto, sustenta, “se todos estes agentes estiverem interessados em cooperar e unir-se para projectar Santar, onde não falta nada: história, património, vinhas e vinho, gastronomia, alojamento, pessoas simpáticas, que gostam falar e informar”.

Diz Cristina Simões, da Quinta do Sobral

Santar “tem todas as condições” para ser a ‘Saint-Emilion’ do DãoA produtora diz que com a Rota o número de visitantes aumen-

tou, mas a Quinta do Sobral já funcionava como se ela existisse. “Fazíamos a nossa promoção, distribuíamos panfletos e recebía-mos grupos, mostrando-lhes o que o Dão tem de melhor”.

Sobre o momento do sector, Cristina Simões diz que “há al-guma retracção”, mas “nós temos procurado outros mercados e outros clientes, o que nos permitiu que as falhas de um lado fossem supridas com a chegada de novos clientes”. A aposta na exportação também tem dado bons resultados. “Temos esta-do a crescer. Trabalhamos essencialmente para a Europa e um pouco para o Brasil”, afirmou.

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A União Comercial da Beira, de Oliveirinha, Carregal do Sal, é uma das mais antigas empresas vinícolas da região do Dão. A Quinta do Cerrado tem vindo a ser a grande aposta dos últi-mos tempos, agora reforçada com uma nova imagem e com novos vinhos, nomeadamente um espumante rose feito com Alfrocheiro e Encruzado.

Cristina Cunha Martins, gerente da empresa, destacou a aposta na nova imagem, sublinhado a necessidade de “arris-car” na mudança. Sobre a Rota do Vinho do Dão, refere a im-portância de um “trabalho conjunto” dos actores da fileira para atrair turistas ao território.

Gazeta Rural (GR): Que importância atribui à Rota do Vinho do Dão?

Cristina Cunha Martins (CCM): Tem muita importância não só para a Quinta do Cerrado como para a região do Dão. Se a partir de agora todas as empresas que estão associadas e que integram a rota fizerem um trabalho conjunto, no sentido de divulgar as suas instalações, as suas vinhas e a sua região, será garantidamente benéfico para todos.

Nesta altura o interior não é das regiões mais visitadas e nós precisamos de criar dinâmicas, quer nas próprias infraestrutu-ras como na região, para que as pessoas tenham vontade de nos vir conhecer.

GR: Tem havido alguma diferença, em termos de visi-tantes, em relação a anos anteriores?

CCM: Sim, alguma. As pessoas ficam um pouco reticentes relativamente aos custos, pois ao estarmos a mostrar as vi-nhas e a darmos provas, de uma forma profissional, isso tem os seus custos e não pode ser do tipo ‘bar aberto’. Tem que haver regras e temos que nos disciplinar. Se é verdade que es-tes custos de promoção são do nosso interesse, eles têm que ser imputados. Temos que ter uma pessoa a acompanhar todo esse trabalho da Rota e tem saber o que está a fazer. Portanto, isso tem custos e as pessoas querem visitar, querem provar os vinhos, mas não estão dispostas ainda a pagar por isso.

GR: Que tipo de pessoas vos visita?CCM: Quem mais nos procura são pessoas ligadas ao vinho,

Revelou Cristina Cunha Martins

Quinta do Cerrado mudou imagem e lança novos vinhos

de uma forma ou de outra, como jornalistas, apreciadores ou pessoas comuns que apreciam e querem descobrir mais sobre o tema dos vinhos. Penso que a Rota é um bom caminho e fi-nalmente está a andar. Mas ainda é cedo para tirar conclusões.

GR: Que novos vinhos ou novos lançamentos tem a UCB?

CM: Temos muitas novidades da Quinta do Cerrado e apro-veitamos para fazer o lançamento da nova imagem dos vinhos e para lançarmos novos projetos. Estamos a lançar o primei-ro Reserva Branco 2014, com uma produção muito limitada, e um varietal Jaen. Vamos também lançar o primeiro espumante Quinta do Cerrado Rose, feito com Encruzado e Alfrocheiro.

Portanto, vamos ter muitas novidades. A estratégia que pla-neámos é a de criar projectos mais pequenos, com uma história associada, para que consigamos transmiti-la ao consumidor.

GR: Por aquilo que percebemos há uma mudança sig-nificativa na imagem?

CCM: Mudamos tudo. É uma mudança radical para quem já nos conhece e que gosta dos nossos vinhos. Irão ficar surpre-endidos pela mudança. É evidente que há sempre o risco de mudar, mas entendo que em determinadas alturas temos que fazer acertos e coisas novas. Eu não tenho receio de mudar. Quando acreditamos que o projecto tem consistência, quali-dade e uma boa imagem porquê ter medo de mudar? No fundo, o negócio e isso mesmo: ariscar. Mas pelas opiniões recolhidas, acho que estamos no caminho certo.

GR: Há uma aposta clara na Quinta do Cerrado?CCM: Sim, claramente, com o objectivo de vender vinhos de

qualidade. O caminho é tentarmos rentabilizar o produto e en-trarmos nos mercados que nos dão valor e, nesse sentido, es-tamos a crescer nas exportações, onde duplicamos as vendas. Entrámos numa cadeia de supermercados em França, um país difícil para vinhos de qualidade, fizemos as primeiras exporta-ções para Singapura e estamos a negociar com o Japão, numa aposta em mercados muito seletivos e acreditamos que vamos ter boa aceitação. Felizmente, não temos muita dependência de países onde há alguma turbulência, como Angola.

LXIIILXII11 www.gazetarural.com

Doze quintas de cinco concelhos da região do Dão vão este ano abrir as portas para desafiar os turistas e outros visitantes às vindimas e à descoberta das histórias e dos néctares desta região, na II Festa das Vindimas de Viseu, que decorrerá de 18 a 21 de Setembro.

Depois da primeira edição em 2014, que contou com a parti-cipação de seis quintas do concelho de Viseu, este ano “a Festa das Vindimas ganha braços”, alargando-se a Nelas, Mangualde, Carregal do Sal e Penalva do Castelo, afirmou o presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, durante a apresentação do evento.

Às quintas da Falorca, Lemos, Pedra Cancela, Reis, Turquide e Vinha Paz, do concelho de Viseu, participantes da primeira edição da Festa da Vindimas (2014), juntam-se agora as quintas de Perdigão (também de Viseu), de Cabriz (Carregal do Sal), do Cruzeiro (Mangualde), da Casa de Santar e do Paço dos Cunhas de Santar (Nelas), e da Casa da Ínsua (Penalva do Castelo).

“O sucesso da primeira edição gerou a adesão natural de novos parceiros”, referiu o autarca, sublinhando que a “cidade--região de Viseu está a consolidar-se como destino enoturísti-co e quer afirmar o Dão como uma região vinhateira vibrante e dinâmica”. Na opinião de Almeida Henriques, o alargamento a outros concelhos e a outras quintas é uma das novidades mais importantes da Festa das Vindimas deste ano, “pelas portas que abre para futuro na promoção conjunta” das paisagens vinha-teiras e da economia. “Estamos a lançar as bases de um evento maior e de uma atractividade mais relevante para Viseu e para a região”, frisou.

De 18 a 21 de Setembro, por cinco concelhos da região

Doze quintas do Dão participam na Festa das Vindimas de Viseu

Almeida Henriques frisou que “são já 50 as instituições e as empresas que em 2015 participam deste grande evento”, no âmbito de uma estratégia de divulgação da “cidade-região de Viseu e dos vinhos e das paisagens do Dão”.

Além das 12 quintas, onde será possível ter “experiências re-ais de vindima”, 30 operadores económicos vão participar no Mercado de Vinhos e Lavradores, no Mercado 02 de Maio, e 16 restaurantes na semana enogastronómica.

Do programa, o autarca viseense destacou o recuperar de tradições como o baile das vindimas, no dia 18, no Clube de Vi-seu, e a inovação da primeira maratona fotográfica, dedicada ao tema “Viseu cidade vinhateira”, no dia seguinte. O concerto das vindimas, no dia 19, no adro da Sé, é outro dos pontos altos, com a actuação dos Deolinda, grupo que se inspira nas raízes do fado e da música popular portuguesa.

Na manhã de dia 20, realiza-se a segunda meia maratona do Dão, que integrará o circuito “Running Wonders”, ao lado de sítios classificados Património da Humanidade como o Douro Vinhateiro, Coimbra e Évora. “Depois do desafio lançado pela Câmara de Viseu, vimos que este território tinha tudo para ser já patenteado como Património da Humanidade”, justificou Paulo Costa, da organização.

Para além da meia maratona, será organizada uma minima-ratona e uma caminhada solidária, revertendo 50% das re-ceitas a favor dos Bombeiros Voluntários de Viseu. No total, a Festa das Vindimas de Viseu - que tem o slogan “Viseu e Vinho Dão Festa” - terá 60 horas de programação, em 10 eventos di-ferentes.

LXVLXIV12 www.gazetarural.com

Premiados no Concurso Interna-cional “La Selezione del Sindaco”

Vinhos portugueses receberam meda-

lhas em Reguengos de Monsaraz

O Instituto Nacional de Estatísticas divulgou que há boas perspectivas, em quantidade e qualidade, para a campanha vi-nícola, enquanto estima que a produção de cerais de Outono/Inverno fique aquém das expectativas.

De acordo com as previsões agrícolas do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), em 31 de Julho, deverá haver um aumento global no rendimento de oito por cento na uva para vinho face a 2014 e de 10 por cento na uva de mesa, já que as condições climatéricas favoráveis, com tempo quente e seco, na maioria das principais regiões vitivinícolas contribuíram para um bom desenvolvimento das vinhas.

Já no caso dos cereais e face à campanha anterior, a pro-dução para o Outono/Inverno fica aquém das expectativas e deverá sofrer uma redução, “contrariando as anteriores que apontavam para aumentos de produtividade”, diz o INE. A aveia e o centeio, acrescenta, deverão ter reduções de produ-ção na ordem dos cinco e 10 por cento, respectivamente, face à campanha anterior e foram as culturas que mais se ressen-tiram das condições climatéricas pouco favoráveis. Já a ceva-da dística, apesar de ter aumentado a produção em cinco por cento, apresenta problemas de qualidade, explica o INE.

O gabinete de estatísticas prevê ainda uma queda das pro-dutividades em cinco pontos percentuais (p.p.) nas plantações de batata de regadio, “que ainda assim ultrapassam em 13 pon-

Foi na Cidade Europeia do Vinho 2015 – Reguengos de Monsaraz - que se reuniram produtores e empresas vitiviní-colas de norte a sul do país, muitos profissionais do sector e representantes dos municípios das diferentes regiões, na cerimónia de entrega de Medalhas de Grande Ouro, Ouro e Prata aos vinhos premiados no Concurso Enológico Interna-cional “La Selezione del Sindaco”, e de diplomas às entidades e toda a equipa que colaborou na realização deste concurso.

Marcou também presença nesta cerimónia da entrega de prémios Paolo Benvenuti, diretor-geral da Città del Vino de Itália, entidade que, juntamente com a Recevin, tem vindo a organizar este concurso enológico, que na sua edição de 2015 se realizou em Portugal, com a Associação de Municí-pios Portugueses do Vinho (AMPV) a assumir a sua organi-zação.

Esta cerimónia contou ainda, com a colaboração do muni-cípio de Reguengos de Monsaraz na organização, e foi “o cul-minar de um importante desafio que a AMPV abraçou desde o

início, quando surgiu a ideia de, pela primeira vez, se organi-zar este prestigiado concurso enológico fora de Itália”, consi-derou José Arruda, secretário-geral da AMPV, acrescentando que “as medalhas atribuídas a tantos vinhos portugueses só vem comprovar a elevada qualidade dos nossos produtores e de como o sector está no caminho certo – o da excelência.”

De salientar que nesta XIV edição de “La Selezione del Sin-daco”, o concurso conferiu um total de 131 Medalhas de Prata, das quais 53 foram para Portugal; 143 Medalhas de Ouro, ten-do Portugal arrecadado 78; e 27 Medalhas Grande Ouro, com Portugal a distinguir-se sobretudo aqui, recebendo 17.

A gala internacional de entrega de prémios aos vinhos dos diferentes países que participaram neste concurso teve lugar em Roma, a 21 de Julho, no entanto, como nem todos os pro-dutores e casas vitivinícolas nacionais tiveram oportunidade para se deslocar a Itália, a AMPV promoveu esta cerimónia dentro de portas e escolheu Reguengos de Monsaraz por ser este ano a Cidade Europeia do Vinho.

Segundo previsões do Instituto Nacional de Estatística

Há boas perspectivas para a campanha vinícola de 2015 tos a produtividade média do último quinquénio”. Por sua vez, as plantações de sequeiro, devido à falta de água ao longo do ciclo vegetativo, deverão apresentar reduções dos rendimen-tos unitários da ordem dos 20 por cento face a 2014.

A área semeada de milho para grão de regadio diminuiu 10 p.p. face a 2014, prevendo-se que fique abaixo dos 90 mil hectares, circunstância que já não se verificava desde 2011, e relativamente ao milho de sequeiro a redução da produtivida-de esperada situa-se em torno dos 10 por cento, face a 2014, devido à escassa precipitação em alturas essenciais do ciclo vegetativo do milho.

As searas de arroz estão bem desenvolvidas, apontando as estimativas para um aumento do rendimento unitário na or-dem dos 10 pontos face ao ano anterior, ultrapassando as seis toneladas por hectare.

As variedades precoces de tomate para a indústria já estão a ser colhidas, apontando as actuais previsões para “aumentos significativos”, devendo os rendimentos unitários regressarem a valores acima das 90 toneladas por hectare. Nas fruteiras, esperam-se aumentos de 20 por cento na produtividade na maçã e de cinco pontos no pêssego, atingindo máximos his-tóricos. Já quanto à pêra, refere o INE, a queda abundante de frutos após o vingamento deverá determinar uma redução na produtividade na ordem dos 20 por cento.

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O número de colmeias tem aumentado na Serra do Caramulo graças a investimentos de jovens, mas o incremento na procura de mel leva a que a quantidade produzida não seja suficiente para satisfazer todos os pedidos.

“Não temos mel que chegue. Podíamos ter três ou quatro vezes mais mel que seria todo vendido”, disse José dos Prazeres Ferreira, da direcção da Associação dos Apicultores da Serra do Caramulo, a propósito da Festa do Mel, que decorreu na vila do Caramulo.

Segundo José Ferreira, na Serra do Caramulo haverá cerca de 1.500 colmeias, a maior parte propriedade de jovens que avança-ram com projectos e que produzem anualmente 20 toneladas de mel. A associação vende muito mel directamente ao consumidor e algum a armazéns, mas já teve uma oferta para o enviar todo para a Alemanha, o que recusou, porque aposta no mercado nacional.

Irene Carvalho, residente em Oeiras, é uma das clientes habi-tuais, comprando uma média de 12 quilos deste mel por ano. “Já venho para o Caramulo há alguns anos e descobri este mel, que é maravilhoso. Não consigo explicar a diferença. Eu quero acreditar que o quanto é saudável estar no Caramulo, as abelhas também vivem essa vertente”, afirmou. A cliente garantiu que este mel “tem um sabor completamente diferente” dos outros e acredita que faz bem à saúde dos seus filhos, de sete e doze anos, que o usam no pão, no leite, em sumos e também misturado com laran-ja, transformando-se neste caso num “antibiótico excelente”.

No início dos anos 1990, realizaram-se na Serra do Caramulo cursos de apicultura, o que levou ao crescimento do núcleo de apicultores e à formação da associação. São os filhos de alguns desses apicultores que, com a ajuda dos pais, se lançaram em projectos que candidataram a fundos comunitários.

Isidro Ferreira, de 33 anos, sempre se lembra de lidar com abe-lhas, ajudando o pai. Agora, tem o seu próprio projecto, um in-vestimento de 149 mil euros, que teve uma comparticipação de 60% de fundos comunitários e um prémio de instalação de jovens agricultores de 30 mil euros.

O projecto inclui 500 colmeias com melaria. É também feita a extracção de própolis, no âmbito de uma parceria com a Univer-sidade Nova de Lisboa para uma investigação sobre a sua utiliza-

Há novos projectos apícolas para a região

Produção de Mel da Serra do Caramulo insuficiente para a procura

ção na conservação da fruta.A apicultura é, no entanto, um “part-time” para Isidro Ferreira,

apesar de gostar que essa fosse a sua actividade principal. “Tra-balho todos os dias na apicultura, aquele trabalho chato, de ras-par quadros depois da hora, para quando chegar ao fim de sema-na, quando é para ir para o campo, já ter tudo preparadinho. Mas é um part-time”, contou o empregado de comércio.

Apesar da vontade de fazer da apicultura a sua profissão, o jo-vem interroga-se “se é assim tão rentável como as pessoas pin-tam”, devido às burocracias. “São demasiados papéis. Os papéis custam dinheiro e, por exemplo, nós, na nossa melaria, chegamos ao fim do ano com onze mil euros de encargos. São para aí 200 colmeias a trabalhar para burocracias”, lamentou.

Também Paulo Dinis, de 30 anos, se lembra de, desde peque-no, ajudar o pai na apicultura, dando continuidade a uma paixão de família, que já vem do tempo do avô. Aproveitando os fundos comunitários, o técnico de farmácia decidiu unir “uma paixão a alguma rentabilidade” e avançou com um projecto para 400 col-meias, extracção de mel, pólen e própolis.

O investimento foi de cerca de 110 mil euros e recebeu uma comparticipação de 60% de fundos comunitários e um prémio de instalação de jovens agricultores de 30 mil euros.

Paulo Dinis contou que muitos jovens “têm curiosidade em sa-ber se realmente vale a pena ou não” investir na apicultura. “Para eles fica um recado: vale a pena, mas com muito trabalho, muito mesmo”, avisou o jovem, que durante a semana trabalha na far-mácia e ocupa todas as férias, feriados e fins-de-semana a tratar das colmeias.

Depois dos projectos de Isidro Ferreira e de Paulo Dinis, há ou-tros dois na forja, o que deixa a esperança de futuramente haver maior quantidade de mel da Serra do Caramulo.

O austríaco Harald Hafner, que tem dado várias formações de apicultura em Portugal, destacou as “condições microclimáticas e botânicas únicas” da Serra do Caramulo, que o fazem acreditar no futuro deste mel. “Talvez não as encontremos mesmo nas ser-ras ao lado e isso contribui para que as abelhas consigam fazer um mel único”, frisou.

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O presidente da Câmara da Pampilhosa da Serra, José Brito, defendeu a plantação de medronheiros e realçou o valor económico do fruto e o contributo desta espécie autóctone para prevenir os incêndios flo-restais. “O medronho é um fruto que tem actualmente uma projecção muito grande no mercado”, disse José Brito a propósito de uma acção de sensibilização ambiental que decorreu naquela vila do distrito de Coimbra.

Integrada na segunda edição do Seaside Sunset Sessions, a iniciativa contou com a presença da actriz e modelo Sofia Ribeiro, que partici-pou na entrega simbólica de medronheiros às pessoas, nos Paços do Concelho. “Temos cada vez mais produtores de pinho e eucalipto que apostam neste tipo de plantação”, um dos quais, José Martins, está a fi-nalizar a instalação de uma destilaria, na zona industrial da Pampilhosa da Serra, destinada ao fabrico de aguardente de medronho, enfatizou José Brito.

Sofia Ribeiro, por sua vez, “plantou um medronheiro, como forma de sensibilizar” as populações do concelho e da região para a importância económica e ambiental deste arbusto, referiu.

A floresta a criar nas áreas destruídas pelo fogo “deve incluir folho-sas”, como carvalhos e castanheiros, mas também medronheiros, que podem travar o avanço dos incêndios e “têm a capacidade de se rege-nerar muito facilmente”. “No concelho, temos medronheiros que arde-ram há um ou dois anos e já estão a dar fruto novamente”, exemplificou o autarca.

Além de proporcionarem a produção de uma aguardente saborosa, após fermentação prolongada, bebida que é “muito procurada” em Portugal, os medronhos podem ser consumidos em fresco, estando actualmente a ser estudadas outras utilizações, com a participação de investigadores da Escola Superior Agrária de Coimbra e das universida-des de Aveiro e Coimbra. José Brito disse ainda que a autarquia apoia o processo para a certificação da aguardente de medronho da região.

Os medronheiros que Sofia Ribeiro distribuiu vão contribuir “para a reflorestação da mancha florestal” da região, dizimada pelos fogos dos últimos anos, e terão “um papel importante na prevenção” dos in-cêndios florestais, afirmou, em comunicado, a organização do Seaside Sunset Session.

Autarca realçou o valor económico do fruto

Pampilhosa da Serra incentiva plantação

de medronheiros para prevenir incêndios

F I C H A T É C N I C A

Ano XI - N.º 254Director José Luís Araújo (CP n.º 7515), [email protected] | Editor Classe Média C. S. Unipessoal, Lda.Redacção Luís Pacheco | Departamento Comercial Filipe Figueiredo e Fernando FerreiraOpinião Miguel Galante, Paulo Barracosa, Maria João Almeida, José Martino, Diogo Rocha | Apoio Administrativo Jorge Araújo Redacção Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu | Telefones 232436400 / 968044320E-mail: [email protected] | Web: www.gazetarural.comICS - Inscrição nº 124546Propriedade Classe Média - Comunicação e Serviços, Unipessoal, Limitada | Administração José Luís AraújoSede Lourosa de Cima - 3500-891 ViseuCapital Social 5000 Euros | CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507021339 | Dep. Legal N.º 215914/04Execução Gráfica NovelGráfica | Telf. 232 411 299 | E-mail: [email protected] | Rua Cap. Salomão 121-123, 3510-106 ViseuTiragem média Mensal Versão Digital: 80000 exemplares | Versão Impressa: 2000 exemplaresNota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores.

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A produção de pêra rocha deverá ter este ano uma quebra de 50 por cento, ficando-se pelas 110 mil toneladas, mas, em contrapar-tida, a qualidade do fruto é superior, segundo produtores que rece-beram a visita da ministra da Agricultura. “Vai-se perder cerca de 50 por cento da produção”, afirmou João Alves, produtor de pêra rocha no Bombarral, referindo que a produção nacional se cifra normalmente nas 220 toneladas.

A previsão foi transmitida à ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, durante uma visita a um pomar de cerca de 70 hectares de pêra rocha, na Quinta da Freiria, na freguesia do Pó, no concelho do Bombarral, onde ouviu as preocupações dos agricul-tores. “É uma perda muito significativa” que, explicou João Alves, vai retirar aos produtores “rendimento que era fundamental para que eles pudessem continuar a investir” para responder a um mercado “cada vez mais exigente”.

Ainda assim, a quebra não retira à pêra o título de “estrela da agricultura portuguesa” atribuído pela ministra, que realçou o facto de, apesar de o ano estar “a correr menos bem”, a fruta estar “me-lhor do que o ano passado”, com mais açúcar e mais qualidade, o que “significa que também ao nível do preço será mais valorizado”.

A diminuição da produção vai, segundo os produtores, obrigar a “algum equilíbrio” para garantir o mercado nacional e os contratos externos, já que 50 por cento da produção é destinada a expor-tação. Assunção Cristas deixou a promessa de que o ministério vai continuar “ao lado dos agricultores” para “dar força à produção e visibilidade aos bons produtos”, num ano em que a seca está a afectar muitos sectores.

“Tivemos um ano muito seco, que teve impacto, por exemplo, ao nível das pastagens, das forragens, e, por isso mesmo, vamos an-tecipar para Outubro os pagamentos aos agricultores ligados por exemplo às vacas leiteiras, ao ovinos e aos caprinos, para ajudar esse sectores”, afirmou.

Jornalistas internacionais visitaram a região

Foi em plena época de colheita, que a Associação Nacional de Pera Rocha (ANP) recebeu cerca de 20 jornalistas internacionais, num programa que os levou a conhecer todo o ciclo produtivo da Pera Rocha, como visita a pomares, a centrais de processamento, passando pela sua degustação nas mais variadas formas (em fres-co, desidratada, em sumo, compotas, pastelaria ou até mesmo num refrescante Gin de Pera Rocha) em Óbidos.

Todo o programa da visita serviu para dar a conhecer uma cultura com elevado impacto socioeconómico e paisagístico em Portugal, ou não fosse a Pera Rocha considerada a “embaixadora dos produ-tos hortofrutícolas portugueses no mundo”. Reino Unido, Alema-nha, Canadá, Brasil e Polónia são alguns dos países identificados como estratégicos pelos sócios da ANP, sendo os jornalistas confir-mados representantes de revistas, jornais e/ou blogs de referência no contexto sectorial dos frutos, produção e mercados, mas tam-bém ao nível das temáticas da culinária gourmet, ou lifestlye, numa aproximação aos consumidores finais de cada país. Tratou-se de uma acção integrada num projecto conjunto de internacionaliza-ção (COMPETE 2020), promovido pela ANP, procurando promover e divulgação a Pera Rocha nos mercados externos. Incrementando o valor acrescentado e a diferenciação de uma variedade única, tipicamente portuguesa, um dos frutos mais exportados em Portu-gal, ou não fosse a Pera Rocha o sabor de Portugal.

Apesar da fruta está “melhor do que o ano passado”

Produtores de pêra rocha esperam quebra de 50 por cento

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“Uma cerveja e um pires de caracóis” foi a frase que ecoou durante a tarde do passado dia 16 de Agosto, em Vila Soeiro do Chão. O primeiro Festival da Cerveja Artesanal de Urtiga foi um sucesso, levando até àquela aldeia do concelho de Fornos de Algodres inúmeros visitantes.

Com música a preceito, com as gaitas de foles, os bombos e as pandeiretas a fazerem-se ouvir no largo junto à Igreja, muitos não dispensaram um pezinho de dança, enquanto não começaram a sair os caracóis, pois as canecas de cerveja há muito andavam de mão em mão, com a ‘máquina’ a ser lenta para tantos pedidos.

O balanço do evento “é muito bom”, afirmou o presidente da Junt a da União de Freguesias de Juncais, Vila Ruiva e Vila Soeiro do Chão. Manuel Paraíso sublinhou a “receptividade” das pessoas da aldeia, mas também de muitos visitantes, a um evento que promoveu dois “produtos excelentes”.

Gazeta Rural (GR): A cerveja de urtiga chegou?Manuel Paraíso (MP): Sim, chegou. Exageramos um bo-

cado na encomenda inicial, porque sabíamos que não a es-gotando neste festival, a poderíamos utilizar num próximo evento.

Foi bom este primeiro Festival dedicado à cerveja artesanal de urtiga e a receptividade foi muito boa. Houve muita curio-sidade, pois as pessoas quiseram provar e, para nós, foi muito positivo.

GR: Os caracóis e a cerveja de urtiga combinam bem? MP: Combinam muito bem. Nós fomos buscar a excelência

das coisas. Tivemos a cerveja de urtiga, feita pela primeira vez por um dos melhores mestres cervejeiros portugueses, e os caracóis, preparados pelo Belmiro Domingos, grão-mestre da Confraria do Caracol. Portanto, juntámos dois produtos exce-lentes que resultam numa boa combinação.

GR: A recuperação de sabores tradicionais é o que as pessoas hoje mais procuram?

MP: Sim. Acho que recuperar aquilo que é nosso é sempre uma mais-valia na nossa própria identidade. Portanto, neste caso, as pessoas aderiram de forma significativa, provaram e recordaram sabores. Penso que este é o caminho a seguir.

GR: A freguesia tem alinhado nas iniciativas que le-vam a cabo?

MP: Para mim é uma surpresa, pois as gentes da freguesia aderiram a esta iniciativa. Foi um processo complicado, na se-quência de agregação, que não foi pacífica, mas está tudo a evoluir muito favoravelmente.

Em Vila Soeiro do Chão, no concelho de Fornos

Cerveja de Urtiga e Caracóis fizeram as delícias

de inúmeros visitantes

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Os novos seguros agrícolas podem passar a ser obrigató-rios para determinadas regiões ou produtos se mais de 50 por cento da produção dessa região estiver abrangida por contra-tos de seguros, segundo um diploma publicado em Diário da República.

O novo sistema de seguros agrícolas (SSA), aprovado a 18 de Junho em Conselho de Ministros (decreto-lei nº162/2015), já entrou em vigor e substitui o actual sistema de seguros de colheitas (SIPAC) que e passa a ser financiado por fundos eu-ropeus, além do Orçamento do Estado.

Abrange ainda um leque mais alargado de coberturas, abar-cando os seguros de colheitas, de animais e de plantas, o se-guro vitícola de colheitas e o seguro de colheitas de frutas e produtos hortícolas no âmbito dos fundos agrícolas europeus.

Os casos em que poderão ser obrigatórios serão definidos “em diploma próprio”, mas o decreto-lei aponta para uma “obrigatoriedade tendencial, de acordo com a qual a contra-tação de seguros agrícolas pode vir a ser estabelecida como condição de acesso para a atribuição de outros apoios públi-

Loja: R. Nunes de Carvalho, nº4A, 3500-163 Viseu | Contacto geral: 232 441 231 | 961 180 458 | Departamento Comercial: 966 029 021 | [email protected] | [email protected]

Decreto-lei nº162/2015 já está em vigor

Novos seguros agrícolas podem passar a ser obrigatórios em alguns casos

cos”.Entre os princípios do novo SSA inscrevem-se ainda a flexi-

bilidade das apólices, em função da especificidade das regiões e culturas, razoabilidade dos preços, podendo ser definida uma margem de tolerância que determina o custo máximo elegível para acesso ao apoio público e a “não compensação excessi-va” que determina que a combinação dos apoios do SSA com outros auxílios de Estado ou seguros privados “não pode resul-tar numa sobrecompensação”.

A atribuição de apoios públicos para compensar prejuízos será limitada aos riscos não cobertos pelos seguros agrícolas existentes, perdas causadas por fenómenos climáticos adver-sos, doenças dos animais ou plantas, pragas ou acidentes am-bientais, e só será concedida aos agricultores com contratos no âmbito do SSA.

É também criada uma comissão de acompanhamento para “garantir o bom funcionamento do sistema de seguros agríco-las” que será responsável pela monitorização e apresentação de propostas de desenvolvimento do sistema.

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A Câmara de Arouca vai adquirir a Quinta da Picota, na freguesia de Alvarenga, para aí criar uma quinta-museu da raça arouquesa destinada a promover o conhecimento sobre aquela espécie bovina autóctone e a sua gastronomia própria.

O presidente da autarquia, José Artur Neves, explicou que o projecto integra a área de influência dos Passadiços do Paiva e deverá funcionar com complemento turístico desse percur-so a partir de 2017. “A Quinta da Picota já é uma referência de Alvarenga e da produção de carne arouquesa, mas vai agora ser adquirida pela Câmara, para ser um polo de valorização da raça e ajudar a interpretar a sua qualidade”, afirmou. “A ideia é que as escolas e os visitantes em geral percebam como é que o gado é tratado e cuidado, como é que se alimentam e como é que são guardados, antes de se transformarem nesta carne especial”, acrescentou.

Para a quinta-museu estão anunciados “os melhores exem-plares da espécie”, que tem Denominação de Origem Contro-lada, e a expectativa da autarquia é que a visita ao novo espa-ço estimule a procura da gastronomia local. “Em Alvarenga há hoje sete restaurantes a confeccionar bife e vitela arouquesa e todos estão a ter um impacto muito positivo à custa do Passa-diço do Paiva, que fica a uns 200 metros da Quinta da Picota”, declarou José Artur Neves. “Com a quinta-museu, esperamos que a procura vá ser maior e se repercuta noutros estabeleci-mentos do concelho também”, realçou o edil.

Para pedagogia e incentivo à gastronomia

Arouca cria Quinta-Museu da Raça Arouquesa

O investimento previsto para a reconversão da Quinta da Pi-cota é na ordem dos 500 mil euros e deverá ser candidatado a financiamento pelo PROVER - Programa de Desenvolvimento Rural ou pelo PEDU - Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano.

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