Gazeta Russa

4
NOTAS O Brasil é o segundo país na América Latina, atrás apenas do Chile, a simpli- ficar procedimentos para a importação de trigo russo, disse à agência Interfax o diretor Serviço Federal de Fiscalização Veterinária e Fitossanitária da Rússia, Serguêi Dankvert. Segundo escreveu Dankvert em carta a auto- ridades russas, o serviço de defesa sanitária do Minis- tério da Agricultura, Pecu- ária e Abastecimento do Brasil afirmou aceitar as me- didas propostas pelos rus- sos para o controle de pra- gas em estoques de grãos e ervas daninhas. Para con- cluir as mudanças, é neces- sária apenas uma última re- visão das medidas propostas em relação a outras doenças e pragas, fungos e nematói- des, de acordo com a carta. Finmarket.ru Menos barreiras na importação de trigo russo Novos satélites para o Brasil País vira aposta de empresas russas de sistemas de localiza- ção por satélite P.3 Sem boas- vindas à Otan Instalação de cen- tro de transportes gera protestos em Ulianovsk P.2 QUARTA-FEIRA, 25 DE ABRIL DE 2012 O melhor da gazetarussa.com.br Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), La Nacion (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Yomiuri Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais PRODUZIDO POR RUSSIA BEYOND THE HEADLINES www.rbth.ru Corrupção Diretivas de Medvedev devem ser conduzidas pelo próximo presidente, que toma posse em maio Cotado para o cargo de primeiro-ministro, Medvedev fecha mandato com novas medidas anticorrupção. No último dia 10, o presi- dente russo Dmítri Medve- dev assinou um documento reiterando uma lista de me- didas para o combate à cor- rupção. As diretivas foram formuladas no dia 22 de março, durante a reunião do grupo de trabalho intitula- do “Governo Aberto”. O presidente propôs con- siderar premiações em di- nheiro para que os cidadãos delatem casos de corrupção. Parte das medidas será cum- prida após o fim do manda- to de Medvedev. A lista as- sinada pelo atual presidente tem dez blocos de medidas que devem ser realizadas pela administração de Vla- dimir Pútin com a partici- pação do “Governo Aberto”. O presidente ordenou ainda que se estude uma proposta de “estimular os cidadãos que apresentem provas dos crimes de corrupção em tribunais”. Além disso, pediu que se analise a ideia de aumentar as multas a empresas cujos funcionários tenham sido condenados por corrupção, e de controlar as rendas de algumas categorias de Além dos dez blocos de medidas criados com o “Governo Aberto”, presidente ainda sugeriu adoção de premiações em dinheiro a delatores de corruptos DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS CONTINUAÇÃO NA PÁGINA 2 Uma herança para Pútin Dia da Vitória Derrota nazista é comemorada todo ano por russos e emigrantes no principal feriado do país Ígor Chnee, diretor da Sociedade Filantrópica Paulista, conta o que presenciou durante o conflito e como comemora a vitória. Todos os anos Ígor Anatolie- vitch Chnee e sua família fazem um brinde com uma taça de champanhe no dia 9 de maio. Nesse dia, ele se lem- bra de momentos difíceis, de medo e fome, mas também de coragem e solidariedade, exemplos de vida que ele guarda consigo até hoje. Aos cinco anos de idade, grantes russos, ele comemora o Dia da Vitória Soviética na Segunda Guerra Mundial anualmente em 9 de maio, quando a Embaixada da Rús- sia em Brasília e os consula- dos russos em todo o país or- ganizam eventos para celebrar a derrota do exército nazista e o término do conflito. “O fim da Segunda Guerra representou muito para mim e minha família, porque era o fim da disputa, o fim da ma- tança, o fim dos bombardeios, prisões e injustiças cometidas pelos nazistas contra os ou- tros povos. Também foi o fim da fome: no último ano da guerra, comíamos uma vez ao dia, apenas batatas congela- das com mostarda, para dis- farçar o gosto. Quando aca- bou a guerra, imediatamente apareceu a Cruz Vermelha e enfim houve a possibilidade de comer”, recorda. Origens e a guerra Descendente de uma famí- lia de nobres, o pai de Ígor, Anatóli Viktorovitch Chnee, nasceu em Omsk, na Sibéria. Anatóli lutou pela Rússia na Primeira Guerra Mundial e, mais tarde, foi tenente do Exército Branco durante a Guerra Civil Russa. Com a vi- tória do Exército Vermelho, o pai de Ígor teve que deixar o país. “A cada Ano Novo ele fazia um brinde com champanhe desejando o retorno à pátria. Ele sofria tanto longe da Rús- sia que dizia que cortaria um braço fora para poder voltar”, lembra. Anatóli e sua esposa, Vera Tchernishova, se estabe- leceram na Polônia, na cida- de de Brest (hoje pertencente à Bielorrússia), na fronteira com a Rússia, onde Ígor nas- ceu, em 1934. “Todos os horrores da Russo-brasileiro relembra a guerra Anatóli Chnee, pai de Ígor, que lutou pelo Exército Branco Tarkóvski: “Asas do Desejo”, de Wender, foi dedicado a ele VANESSA PILZ ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA Andrêi Tarkóvski (1932- 1986) passou a vida inteira fazendo um único filme, cos- Cinema Diretor soviético, que morreu de câncer, completaria 80 anos em abril Um dos maiores nomes do cinema, Tarkóvski morreu em 1986. Na sua lápide foi gravada a mensagem: “Ao homem que viu um anjo”. tumava dizer o próprio di- retor. Um filme sobre um homem em busca da verda- de, do ideal. O cineasta Tarkóvski, pu- pilo do documentarista Mi- khail Rom (1901-1971), foi uma figura de destaque entre os personagens da nova ge- ração de talentosos diretores que despontaram na União Soviética no início dos anos 1960. Seu longa de estreia, “A infância de Ivan”, rece- beu o prêmio Leão de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Veneza em 1962. Seguindo esse promissor iní- cio de carreira, vieram “An- drêi Rubliov”, “Solaris”, “O Espelho” e “Stalker”. Ele fez mais três filmes en- quanto estava em exílio for- çado durante a era soviética: “Nostalgia”, “O Sacrifício” e o documentário “Tempo de viagem”, que filmou com o italiano Tonino Guerra. Suas obras foram bem re- cebidas no país e os números falam por si. “Stalker” foi lançado em 1980, com ape- nas 196 cópias, das quais so- mente três foram distribuí- das pela cidade de Moscou. Mesmo assim, em poucos meses, dois milhões de pes- soas tinham ido ao cinema assistir ao filme. Andrêi Tarkóvski, o cineasta que viu um anjo MARIA FADÉEVA GAZETA RUSSA CONTINUAÇÃO NA PÁGINA 4 CONTINUAÇÃO NA PÁGINA 4 Ígor brincava na fazenda de seu pai quando um avião po- lonês caiu em um campo pró- ximo e pegou fogo. O menino correu para o local e viu o corpo do piloto carbonizado. Era o ano de 1939, e essa é a primeira lembrança que Ígor tem da Segunda Guerra Mundial. Mais de sete décadas depois, Ígor vive no Brasil, onde foi diretor da Câmara de Comér- cio Brasil-Rússia e atualmen- te preside a Sociedade Filan- trópica Paulista, asilo para idosos de origem russa, e a So- ciedade Eslavo-Brasileira. Juntamente com outros imi- Segundo o cônsul-geral da Rússia em São Paulo, Mikhail Troiánski, o centro ajudará a neutralizar os estereótipos negativos criados pela mídia. Depois de passar os últi- mos cinco anos como embai- xador no Peru, Mikhail Troi- ánski assumiu a função de cônsul-geral da Rússia na ca- pital paulista, onde está há quatro meses. Em entrevista exclusiva à Gazeta Russa, Troiánski fala sobre os este- reótipos os negativos criados pela imprensa e como pre- tende recuperar o tempo per- dido nas relações entre o Bra- sil e a Rússia. O senhor não acha que os rus- sos são pouco representados no Brasil? Penso que ainda há um certo imobilismo. Nossos em- presários devem assumir uma postura mais agressiva ao en- trar no mercado brasileiro e, naturalmente, vice-versa. Mas acredito no progresso dessas relações no futuro. São Paulo vai ganhar Casa de Cultura Russa ALEX SOLNIK ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA Leia mais em www.gazetarussa.com. br/14430 REUTERS/VOSTOCK-PHOTO © RIA NOVOSTI KOMMERSANT PHOTOXPRESS GETTY IMAGES/FOTOBANK DIVULGAÇÃO

description

Gazeta Russa

Transcript of Gazeta Russa

Page 1: Gazeta Russa

notas

O Brasil é o segundo país na América Latina, atrás apenas do Chile, a simpli-ficar procedimentos para a importação de trigo russo, disse à agência Interfax o diretor Serviço Federal de Fiscalização Veterinária e Fitossanitária da Rússia, Serguêi Dankvert.

S e g u n d o e s c r e v e u Dankvert em carta a auto-ridades russas, o serviço de defesa sanitária do Minis-tério da Agricultura, Pecu-ária e Abastecimento do Brasil afirmou aceitar as me-didas propostas pelos rus-sos para o controle de pra-gas em estoques de grãos e ervas daninhas. Para con-cluir as mudanças, é neces-sária apenas uma última re-visão das medidas propostas em relação a outras doenças e pragas, fungos e nematói-des, de acordo com a carta.

Finmarket.ru

Menos barreiras na importação de trigo russo

novos satélites para o BrasilPaís vira aposta de empresas russas de sistemas de localiza-ção por satélite

P.3

sem boas-vindas à otanInstalação de cen-tro de transportes gera protestos em Ulianovsk

P.2

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O melhor da gazetarussa.com.br

Publicado e distribuído com The New York Times (EUA), The Washington Post (EUA), The Daily Telegraph (Reino Unido), Le Figaro (França), La Repubblica (Itália), El País (Espanha), Folha de S.Paulo (Brasil), The Economic Times (Índia), La Nacion (Argentina), Süddeutsche Zeitung (Alemanha), The Yomiuri Shimbun (Japão) e outros grandes diários internacionais

PRODUZIDO PORRUssIa BEYonDtHE HEaDLInEswww.rbth.ru

Corrupção Diretivas de Medvedev devem ser conduzidas pelo próximo presidente, que toma posse em maio

Cotado para o cargo de primeiro-ministro, Medvedev fecha mandato com novas medidas anticorrupção.

No último dia 10, o presi-dente russo Dmítri Medve-dev assinou um documento reiterando uma lista de me-didas para o combate à cor-rupção. As diretivas foram formuladas no dia 22 de março, durante a reunião do grupo de trabalho intitula-do “Governo Aberto”.

O presidente propôs con-siderar premiações em di-nheiro para que os cidadãos delatem casos de corrupção. Parte das medidas será cum-prida após o fim do manda-to de Medvedev. A lista as-sinada pelo atual presidente tem dez blocos de medidas que devem ser realizadas pela administração de Vla-dimir Pútin com a partici-pação do “Governo Aberto”. O presidente ordenou ainda que se estude uma proposta de “estimular os cidadãos que apresentem provas dos crimes de corrupção em tribunais”.

Além disso, pediu que se analise a ideia de aumentar as multas a empresas cujos funcionários tenham sido condenados por corrupção, e de controlar as rendas de algumas categor ias de

além dos dez blocos de medidas criados com o “Governo aberto”, presidente ainda sugeriu adoção de premiações em dinheiro a delatores de corruptos

Das aGênCIas DE notíCIas

ContInUação na PáGIna 2

Uma herança para Pútin

Dia da Vitória Derrota nazista é comemorada todo ano por russos e emigrantes no principal feriado do país

ígor Chnee, diretor da sociedade Filantrópica Paulista, conta o que presenciou durante o conflito e como comemora a vitória.

Todos os anos Ígor Anatolie-vitch Chnee e sua família fazem um brinde com uma taça de champanhe no dia 9 de maio. Nesse dia, ele se lem-bra de momentos difíceis, de medo e fome, mas também de coragem e solidariedade, exemplos de vida que ele guarda consigo até hoje.

Aos cinco anos de idade,

grantes russos, ele comemora o Dia da Vitória Soviética na Segunda Guerra Mundial anualmente em 9 de maio, quando a Embaixada da Rús-sia em Brasília e os consula-dos russos em todo o país or-ganizam eventos para celebrar a derrota do exército nazista e o término do conflito.

“O fim da Segunda Guerra representou muito para mim e minha família, porque era o fim da disputa, o fim da ma-tança, o fim dos bombardeios, prisões e injustiças cometidas pelos nazistas contra os ou-tros povos. Também foi o fim da fome: no último ano da

guerra, comíamos uma vez ao dia, apenas batatas congela-das com mostarda, para dis-farçar o gosto. Quando aca-bou a guerra, imediatamente apareceu a Cruz Vermelha e enfim houve a possibilidade de comer”, recorda.

origens e a guerraDescendente de uma famí-

lia de nobres, o pai de Ígor, Anatóli Viktorovitch Chnee, nasceu em Omsk, na Sibéria. Anatóli lutou pela Rússia na Primeira Guerra Mundial e, mais tarde, foi tenente do Exército Branco durante a Guerra Civil Russa. Com a vi-

tória do Exército Vermelho, o pai de Ígor teve que deixar o país.

“A cada Ano Novo ele fazia um brinde com champanhe desejando o retorno à pátria. Ele sofria tanto longe da Rús-sia que dizia que cortaria um braço fora para poder voltar”, lembra. Anatóli e sua esposa, Vera Tchernishova, se estabe-leceram na Polônia, na cida-de de Brest (hoje pertencente à Bielorrússia), na fronteira com a Rússia, onde Ígor nas-ceu, em 1934.

“Todos os horrores da

Russo-brasileiro relembra a guerra

anatóli Chnee, pai de ígor, que lutou pelo Exército Branco

tarkóvski: “asas do Desejo”, de Wender, foi dedicado a ele

VanEssa PILzespecial para gazeta russa

Andrêi Tarkóvski (1932-1986) passou a vida inteira fazendo um único filme, cos-

Cinema Diretor soviético, que morreu de câncer, completaria 80 anos em abril

Um dos maiores nomes do cinema, tarkóvski morreu em 1986. na sua lápide foi gravada a mensagem: “ao homem que viu um anjo”.

tumava dizer o próprio di-retor. Um filme sobre um homem em busca da verda-de, do ideal.

O cineasta Tarkóvski, pu-pilo do documentarista Mi-khail Rom (1901-1971), foi uma figura de destaque entre os personagens da nova ge-ração de talentosos diretores que despontaram na União

Soviética no início dos anos 1960. Seu longa de estreia, “A infância de Ivan”, rece-beu o prêmio Leão de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Veneza em 1962. Seguindo esse promissor iní-cio de carreira, vieram “An-drêi Rubliov”, “Solaris”, “O Espelho” e “Stalker”.

Ele fez mais três filmes en-

quanto estava em exílio for-çado durante a era soviética: “Nostalgia”, “O Sacrifício” e o documentário “Tempo de viagem”, que filmou com o italiano Tonino Guerra.

Suas obras foram bem re-cebidas no país e os números falam por si. “Stalker” foi lançado em 1980, com ape-nas 196 cópias, das quais so-

mente três foram distribuí-das pela cidade de Moscou. Mesmo assim, em poucos meses, dois milhões de pes-

soas tinham ido ao cinema assistir ao filme.

Andrêi Tarkóvski, o cineasta que viu um anjo

MaRIa FaDéEVagazeta russa

ContInUação na PáGIna 4

ContInUação na PáGIna 4

Ígor brincava na fazenda de seu pai quando um avião po-lonês caiu em um campo pró-ximo e pegou fogo. O menino correu para o local e viu o corpo do piloto carbonizado. Era o ano de 1939, e essa é a primeira lembrança que Ígor tem da Segunda Guerra Mundial.

Mais de sete décadas depois, Ígor vive no Brasil, onde foi diretor da Câmara de Comér-cio Brasil-Rússia e atualmen-te preside a Sociedade Filan-trópica Paulista, asilo para idosos de origem russa, e a So-ciedade Eslavo-Brasileira.

Juntamente com outros imi-

segundo o cônsul-geral da Rússia em são Paulo, Mikhail troiánski, o centro ajudará a neutralizar os estereótipos negativos criados pela mídia.

Depois de passar os últi-mos cinco anos como embai-xador no Peru, Mikhail Troi-ánski assumiu a função de cônsul-geral da Rússia na ca-pital paulista, onde está há quatro meses. Em entrevista exclusiva à Gazeta Russa, Troiánski fala sobre os este-reótipos os negativos criados pela imprensa e como pre-tende recuperar o tempo per-dido nas relações entre o Bra-sil e a Rússia.

o senhor não acha que os rus-sos são pouco representados no Brasil?

Penso que ainda há um certo imobilismo. Nossos em-presários devem assumir uma postura mais agressiva ao en-trar no mercado brasileiro e, naturalmente, vice-versa. Mas acredito no progresso dessas relações no futuro.

São Paulo vai ganhar Casa de Cultura Russa

aLEx soLnIkespecial para gazeta russa

Leia mais em www.gazetarussa.com.br/14430

reu

ter

s/v

ost

oc

k-ph

oto

© r

ia n

ov

ost

i

koM

Mer

san

tph

oto

xpr

ess

getty iMages/fotobank

Div

ulg

ão

Page 2: Gazeta Russa

Gazeta Russawww.gazetarussa.com.brPolítica e sociedade

Em fevereiro foram divul-gadas as primeiras informa-ções sobre planos russo-americanos para a criação de uma base da Otan (Or-ganização do Tratado do Atlântico Norte) na cidade de Ulianovsk. A ideia era que na cidade, localizada cerca de 900 quilômetros a leste de Moscou, às margens do rio Volga, a base facilitasse o transporte de carga ao Afe-ganistão e outros destinos.

Curiosamente, os países enfrentam no momento um impasse nas negociações re-ferentes ao Irã, à Síria e a um sistema antimíssil na Europa. Ainda assim, segun-do altos oficiais responsáveis pelas transações, o acordo não representa uma ameaça à segurança nacional.

“Tudo o que se tem feito nessa esfera corresponde aos interesses nacionais e de nosso povo”, afirmou o pri-meiro-ministro Vladímir

acordo Centro de transportes gera protestos

Para governo, unidade deve gerar benefícios comerciais e políticos, enquanto população vê ameaça à segurança nacional.

Pútin. Segundo o ministro da Defesa da Rússia, Ana-tóli Serdiukov, o Ministério dos Transportes do país será encarregado do estabeleci-mento da unidade e, portan-to, não se trata de uma base militar. Além disso, de acor-do com ele, toda a carga transportada deverá passar pela alfândega.

O chefe do Estado Maior

da Rússia, Nikolai Makarov, apoia Serdiukov, afirmando que o Ministério da Defesa está pronto para assinar o contrato de trânsito de car-gas do Afeganistão. Parale-lamente, Dmítri Rogózin, ex-representante da Rússia na Otan e atual vice-premiê, responsável pela indústria militar, não concorda com a dramatização em torno do projeto. “Trata-se de trans-porte comercial, e isso sig-nifica que a Rússia vai ga-nhar dinheiro. Ninguém po-

deria qualificar o transpor-te de papel higiênico aos países da Otan via Rússia como traição à pátria”, es-creveu Rogózin em seu Twitter.

O procedimento parece simples: a carga provenien-te do Afeganistão vai che-gar à Rússia, passando pelo Uzbequistão. A Rússia então deverá preparar os trens de carga para levar os produ-tos aos países-membros da Otan, e o aeroporto Uliano-vsk-Vostótchni será o centro para transpor te dessa carga.

Por cima das diferençasA receptividade de Mos-

cou em relação ao projeto pode ser interpretada de vá-rias maneiras. O transporte de carga para os países da Otan e EUA pode servir aos interesses nacionais da Rús-sia, embora também tenha um peso sobre suas relações internacionais.

Um dos principais desa-fios do presidente eleito Vla-dímir Pútin durante os pri-meiros anos de mandato será o aprimoramento das rela-ções com o Ocidente. Apa-rentemente, o novo passo

Unidade da Otan é mal recebida em cidade russa

Ivan safronov Jr.kommersant

governo afirma que todo ma-terial será fiscalizado pela al-fândega e não representa risco

tar a cooperação técnico-mi-litar com outros países não ocidentais, tais como China, Síria, Vietnã e, especialmen-te, Argélia. O cenário é ainda mais sombrio com a atual diminuição no número de clientes fieis de armas e equi-pamento militar russo.

Por fim, a posição da Rús-sia em relação à Síria e ao Irã não corresponde às ex-pectativas norte-america-nas. Desse modo, se as tro-pas da Otan decidirem ata-car Teerã ou Damasco, o cen-tro de transporte na Rússia poderá tornar-se uma moeda d e t r o c a e m f u t u r a s negociações.

Em primeiro lugar, nin-guém sabe ao certo por que o governo uzbeque se recu-sou a transportar as cargas da Otan e, por isso, houve especulações de que a nova unidade da organização pu-desse vir a ser uma base mi-litar camuflada. O transpor-te de equipamento da Otan por meio do espaço aéreo e das ferrovias russas pode-ria resultar na instalação de um inimigo em potencial no país, enfraquecendo, assim, a capacidade de defesa da área dos Urais e de toda a Rússia.

Céticos argumentam ainda que a instalação poderia afe-

deve demonstrar a boa dis-posição da Rússia para man-ter o diálogo com os EUA,

embora o país tenha que pagar um preço alto por isso.

“transporte de papel higiênico não é traição à pátria”, escreveu vice-premiê rogózin no twitter comunistas protestam contra base

Em abril, dezesseis militan-tes comunistas iniciaram uma greve de fome para protes-tar contra o acordo de instala-ção de um centro de transpor-tes da Otan na cidade russa de Ulianovsk. Eles acamparam a cem metros do aeroporto lo-cal. Além disso, cerca de 800 moradores da região realiza-ram uma marcha, a maior de-

monstração desde o início de fevereiro, quando foi divulgada a informação oficial sobre os planos da Otan.O Ministério da Defesa ressal-tou que as mercadorias trans-portadas pelo território russo serão inspecionadas na alfân-dega e que o centro de trans-porte não será base da Otan ou dos EUA.

Detidos no último dia 5, os dois homens – nascidos em 1991 e 1992 – teriam subs-tituído balas de menta por uma porção de maconha sin-tética do tipo JWH-018, se-gundo os investigadores.

A máquina estava na loja de um dos detidos, que ofe-recia poucos produtos – cer-veja, macarrão instantâneo e batatas chips –, além da má-quina automática que ven-dia Mentos a um preço pouco maior ao comercializado em outros locais da cidade, de acordo com o Serviço Fede-ral de Controle às Drogas.

A droga JWH-018, produ-zida em laboratório, é lega-

suspeitos Doces custavam mais caro que o normal

a polícia de novosibirsk prendeu dois estudantes suspeitos de comercializar maconha sintética camuflada em pacotes de mentos.

lizada em alguns países e vendida como “incenso de ervas”. Produz efeito simi-lar à maconha tradicional e foi proibida na Rússia. A po-lícia descobriu 533,5 gramas de JWH-018 durante uma

busca e um processo foi aberto sob a acusação de “distribuição ilegal de nar-cótico em grandes quanti-dades”. Caso condenados, eles terão que cumprir oito anos na cadeia.

Máquina de Mentos vendia maconha sintética na Sibéria

the moscow tImes

Loja tinha poucos produtos, além da suposta bala de menta

Primeira campanha de presidente na área iniciou-se em 2008

funcionários públicos demi-tidos após esses deixarem os cargos. Um dos pontos mais importantes da lista é a per-missão de que organizações sociais abram queixas nos tribunais de arbitragem para proteger os direitos e interesses de todos os cida-dãos do país.

O chefe da administração presidencial, Serguêi Ivanov, o procurador-geral Iúri Tchaika e o chefe do comitê de investigação Aleksandr Bastríkin receberam a ordem de estudar a “criação de novas instituições anticor-rupção, especialmente con-tra a corrupção nos alto es-calões de de governo, e o es-tabelecimento de mecanis-

mos de controle de suas atividades pelo público”, se-gundo o documento publi-cado pelo Kremlin.

Medvedev declarou que “a hierarquia que será segui-da para publicação na in-ternet das informações sobre

o recebimento das queixas de corrupção e os resulta-dos nos tribunais” devem ser apresentados no dia 1º de maio.

“A lista de medidas inclui quase todas as propostas formuladas pelo grupo de trabalho. Isso significa que começamos a executar os mecanismos do ‘Governo Aberto’”, explicou ao jornal diário Kommersant o asses-sor do presidente e vice-di-retor do grupo, Mikhail Abizov.

Após tomar posse em 2008, Medvedev lançou uma campanha de grande esca-la que incluía o estabeleci-mento de um comitê presi-dencial anticorrupção e a obrigatoriedade de declara-ção de renda para altos fun-cionários do governo.

Embora tenha ocorrido um limitado progresso nos últimos anos, Medvedev afirmou nunca ter tido a ilu-são de que “alguns anos se-riam suficientes para mini-mizar radicalmente esse problema”. Ele também re-conheceu que a campanha iniciada por ele “teve efeito quase nulo”.

Medvedev assina novas medidas na luta contra a corrupçãocontInuação da PágIna 1

olimpíadas Carlos arthur nuzman, que adquiriu segundo passaporte em meados de 2011 diz que nova cidadania ajudou em “entendimento”

acordo com universidade olímpica russa vai possibilitar intercâmbio de atletas e abrir caminhos para depois do fim de carreira.

No último dia 12 de abril, o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, assinou um acordo de cooperação nas áreas de pesquisa e coope-ração com a Universidade Olímpica Internacional da Rússia. A assinatura do do-cumento, que deve facilitar o intercâmbio de esportistas e técnicas entre os países, aconteceu em Moscou duran-te a visita do representante brasileiro em razão da 18° Assembleia da Associação dos Comitês Nacionais Olím-picos (Acno), realizada entre os dias 13 e 15 de abril.

“Estive no lançamento da pedra fundamental [da Uni-versidade Olímpica Russa] com o primeiro-ministro Vladímir Pútin, hoje presi-dente eleito da Rússia, e me entusiasmei com essa cria-

ção, com os objetivos da uni-versidade, com seus propó-sitos, projetos, planos. Fi-quei muito contente de po-dermos assinar um convênio, porque isso vai dar uma con-dição de desenvolvimento muito grande para as rela-ções entre Brasil e Rússia”, disse Nuzman à Gazeta Russa em um dos interva-los da assembleia.

A pedra fundamental a que se refere o representan-te brasileiro foi instalada ainda em junho de 2010 pelo premiê russo no local onde está sendo construído, em Sôtchi, o conjunto de qua-tro prédios que irá compor a universidade. Alguns meses depois, começaram os programas de ensino da ins-tituição, cujas obras ainda estão em andamento.

“A assinatura deste acor-do marca uma nova etapa nas relações entre esses pa-íses. Iniciamos um trabalho mais forte na área de pre-paração prática de especia-listas esportivos”, disse o presidente do Comitê Olím-pico Russo, Aleksandr Jukov.

“Mas o mais importante é que nossa atuação conjunta será proveitosa para os es-portistas das seleções olím-

picas depois do final de suas car rei ras espor t ivas”, afirmou.

A ideia de criação da ins-

tituição russa surgiu ainda em agosto de 2008, quando o Comitê Olímpico Interna-cional, o Comitê Organiza-

dor de Sôtchi-2014 e o Co-mitê Olímpico da Rússia as-sinaram um acordo de intenções.

russificidadesDurante a assembleia da

Acno, Nuzman apresentou a experiência brasileira na organização de jogos olím-picos durante paineis de dis-cussão e assinou mais alguns alguns acordos, “mais pon-tuais”, de acordo com a au-toridade olímpica brasilei-ra, com outras comissões olímpicas.

Segundo Nuzman, a cida-dania russa, que ele adqui-riu por meio de um decreto presidencial assinado por Dmítri Medvedev em julho de 2011, teria facilitado as negociações com a Rússia. “Eu acho que ela dá um re-lação de amizade maior, de entendimento, de proximi-dade, de compreensão”, disse o presidente do COB à Ga-zeta Russa. “Eu disse em uma entrevista em Sôtchi que os próximos Jogos Olím-picos de inverno e os do Rio serão dirigidos por dois rus-sos, que sou eu e o [presi-dente do Comitê Olímpico de Sôtchi 2014] Dmítri Tchernichenko, que é meu amigo”, brinca.

Presidente do COB assina acordo com Rússia

nuzman: “os próximos jogos olímpicos de sôtchi e do rio serão dirigidos por dois russos, eu e meu amigo tchernichenko”

marIna darmaros gazeta russa

aP

ita

r-t

ass

reu

ter

s/v

ost

oC

k-Ph

oto

Div

ulg

ão

Page 3: Gazeta Russa

GAZETA RUSSAWWW.GAZETARUSSA.COM.BR Economia e Mercado

PROGRAMA VOZ DA RÚSSIASaiba tudo sobre o país através do site

gazetarussa.com.br/assine

Assine

Descubra um novo mundo

Assine a nossa newsletter semanal

portuguese.ruvr.ru

recomenda:

Descubra a frequência na sua região

Voz da Rússia

CONTATOS

Para questões editoriais contatar [email protected]

Para anunciar aqui contatar [email protected].: +7 495 775-31-14

Por um bloco Brics plenoENTREVISTA OLEG DANÍLIN

CHEFE DE CONSULTORIA DE SERVIÇOS FINANCEIROS DA ERNST & YOUNG

AVALIA OS RESULTADOS DA QUARTA CÚPULA DO BRICS

Resoluções da reunião em Nova Déli podem ajudar a consolidar moedas dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no mundo.

Durante a última cúpula, os Brics falaram em criar seu próprio banco de desenvol-vimento. Isso indica que o grupo está se transforman-do em um bloco econômico pleno?

Os países do Brics avan-çam rumo à criação de um bloco econômico e político pleno, seguindo, aliás, o mesmo plano da comunida-de europeia segundo o qual é preciso antes identificar mecanismos econômicos para depois tratar as questões políticas.

Especialistas sublinham que os países do Brics têm muito pouca coisa em comum. Você concorda com eles?

Não é bem assim. A alian-ça formada pelos Brics tem um forte conceito uni� cador: aumentar o papel desses pa-íses na economia e política globais. Paralelamente, eles não consideram a hipótese de criação de um programa de segurança comum ou desen-volvimento de cooperação militar devido às diferenças de suas estratégias nacionais de desenvolvimento e de seus sistemas econômicos entre si. A unipolaridade do mundo deixou de servir aos

interesses dos países emer-gentes, que podem se permi-tir ter uma política externa independente.

Quais serão para os Brics os benefícios políticos e econô-micos da criação de um banco de desenvolvimento e da ado-ção de pagamentos em moe-das nacionais?

A criação do banco de de-senvolvimento supranacional do Brics e de um mecanismo de créditos cruzados entre os países aliados terá grande impacto no sistema � nancei-ro mundial. Trata-se, de fato,

da criação de uma estrutura muito poderosa e quase iso-lada, capaz de atrair recur-sos de investimento interna-cionais e redirecioná-los para projetos de desenvolvimento nos países do Brics em ver-tentes por eles consideradas como prioritárias. Isso con-tribuirá para o aumento da competitividade nacional de todos os Brics sem causar prejuízo aos interesses espe-cí� cos de cada um.

Não seria uma pressão por parte dos líderes das na-ções emergentes por não terem conseguido aumen-

VÍKTOR KUZMÍNESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

tar o papel de seus países no FMI?

Não creio que seja isso. Essa questão já assumiu importân-cia fundamental. Nesta nova con� guração, caso seja ado-tado o princípio de “um país, um voto”, teremos uma nova instituição semelhante àque-la criada em Bretton Woods e a prática de ultimato usada pelos EUA na tomada de de-cisões políticas e econômicas. Por exemplo, o voto do Bra-sil no Banco Mundial é pro-porcional a sua contribuição para o capital social: pouco mais de 2%. Caso o banco de

desenvolvimento dos Brics utilize o princípio “um país, um voto”, a participação do Brasil será de 20%.

A dinâmica de cooperação econômica e comercial den-tro do Brics possibilitaria a adoção de um sistema de cré-ditos cruzados e de pagamen-tos em moedas nacionais? O senhor acredita que a China vá ganhar mais com a novida-de que Rússia ou Índia?

A dinâmica do comércio não tem importância funda-mental nesse caso especí� co. O que importa é o desejo sig-ni� cativo de todos os países

do Brics pelos investimentos diretos.

Claro que a China, por ser o país com o maior ritmo de crescimento econômico, terá uma tendência dominante. Mesmo assim, não achamos que ela seja o único país a ganhar com a aliança do Brics. É do interesse de todos os países aliados diversi� car as moedas usadas no comér-cio internacional, fazer in-vestimentos recíprocos e abandonar, pelo menos em parte, o dólar e o euro.

Quais fatores dificultam o de-senvolvimento do comércio entre os Brics e o uso de suas moedas nacionais em acor-dos comerciais?

Não é correto dizer que os Brics têm di� culdade de de-senvolver comércio entre si. O intercâmbio comercial den-tro do bloco está crescendo muito rápido e depende da demanda interna que, por sua vez, é determinada pela cres-cente renda da população nesses países. Cabe lembrar que, juntos, eles reúnem me-tade da popu lação do planeta.

Dentre os fatores que não contribuem para o desenvol-vimento do comércio estão principalmente o alto custo e a baixa produtividade do trabalho (na Rússia, por exemplo); o baixo nível de envolvimento de tecnologias na produção (na Rússia, esse fator depende da disponibi-lidade de investimento); e dis-

torções estruturais na eco-nomia (desenvolvimento prioritário das indústrias primárias em detrimen-to dos setores de trans-portes, comunicações, serviços e indústria cientí� ca) que determi-nam o lugar do país na divisão internacional do trabalho.

A adoção de pagamentos em moedas nacionais se encaixa no projeto de criação de um cen-tro financeiro internacional em Moscou?

A evolução dessa aliança tem tudo a ver com a ideia de criar um centro � nanceiro in-ternacional na Rússia. Isso nos permitirá atuar não só como um país que concede a plata-forma, as regras do jogo e a infraestrutura favorável aos investimentos estrangeiros, mas que também proporcio-na amplas possibilidades aos investimentos diretos prove-nientes dos países do Brics.

O senhor acredita que a China tentará tirar vantagem devi-do ao seu grande vigor eco-nômico? Os papéis do yuan e do rublo mudarão no cenário econômico mundial?

Em uma perspectiva de longo prazo, o yuan pode tor-nar-se forte nas conversões cambiais. Entretanto, a neces-sária diversi� cação de riscos cambiais ainda deixará os in-

RAIO-X

Oleg Danílin

Oleg Danilin é sócio da Ernst & Yong e chefe da Consultoria Global de Serviços Financeiros da empresa na CEI (Comuni-dade dos Estados Independen-tes), baseada em Moscou. Danílin começou a trabalhar na consultoria Ernst & Young em 2002. Antes disso, trabalhou por dois anos e meio como vi-

ce-diretor no United Financial Group (banco de investimento russo independente, que ago-ra é parte do Deutsche Bank) e como auditor e consultor na Arthur Andersen LLP pa-ra a CEI.Ele realizou mais de 100 proje-tos de consultoria e trabalhou em mais de 20 países pelo mundo inteiro. Danílin se formou em econo-mia e comércio internacional pela Universidade de Relações Exteriores de Moscou (Mgimo) em 1997.

NACIONALIDADE: RUSSO

IDADE: 36

FORMAÇÃO: ECONOMISTA

Processo será lento, mas atratividade de moedas vai aumentar com créditos cruzados

Um banco de desenvolvimento vai contribuir para a competitividade nacional dos Brics

vestidores alertas em relação à moeda chinesa: a valoriza-ção do yuan tem impacto ne-gativo na economia da China, diminuindo os ritmos de seu crescimento econômico. O processo será muito lento, mas

os créditos cruzados entre os Brics podem tornar suas mo-edas mais conversíveis, além de consolidar e aumentar a atratividade de cada uma, in-clusive o rublo, em relação ao dólar.

A RNT (Russian Navigation Technologies) abriu recente-mente uma � lial no Brasil. O principal objetivos da em-presa é fornecer ao mercado brasileiro terminais equipa-dos com os sistemas de loca-lização por satélite russo Glo-nass, e também com o norte-americano GPS.

A RNT detém 51% do ca-

pital da nova empresa, a Gis-line Rastreamento Ltda., en-quanto os outros 49% pertencem a investidores rus-sos privados. Além das ven-das, as companhias preten-dem produzir os equipamentos no Brasil.

O momento escolhido não foi por acaso: no primeiro semestre de 2011 o Brasil ocupou o quinto lugar na venda global de automóveis e, no início de 2012, entrou em vigor a lei que obriga montadoras a implantar sis-temas de rastreamento por satélite em todos os veícu-los novos.

“O Brasil proporciona hoje as condições mais favoráveis a nossos produtos na área de monitoramento de veícu-los. É a sexta economia do mundo e continua em ascen-são”, diz Ivan Netcháev, di-retor-geral da RNT. Segun-do levantamento da RNT, 65% do mercado brasileiro é controlado por 15 empre-sas. Assim, os russos espe-ram conquistar pelo menos 25% dos negócios até 2017, com lucro de cerca de US$ 300 mil.

A princípio, os terminais serão produzidos na Rússia, mas a RNT não descarta a

hipótese de implantar sua produção no Brasil. A � lial paulista ainda deve obter certi� cacação junto à Ana-tel, além de outras permis-sões necessárias para ope-rar no mercado brasileiro, e contratar pessoal, já que pretende ampliar o quadro de funcionários.

Mercado em ascensãoA Nis Glonass (controla-

da pela AFK System, que detém o controle acionário da maior concorrente da RNT, a M2M-telemática) diz encarar o mercado brasilei-ro como prioritário.

“Nossa companhia está presente no Brasil desde 2010”, conta o vice-diretor da empresa, Vladímir Vojóv. “Em 2011, a Nis Glonass fe-chou acordos de cooperação com as empresas brasileiras Zatix e Upaya, líderes no uso de tecnologias de navega-ção”, completa.

Segundo Vojov, entre os próximos planos da empre-sa em relação ao Brasil estão a elaboração e execução de projetos comuns, a aplica-ção de soluções setoriais com base no Glonass /GPS para o monitoramento e gerenciamento das redes de transporte estatais e corporativas.

“Também queremos am-pliar nossa lista de parcei-ros e a implantar uma joint venture para produzir equi-pamentos com base no sis-t e m a s Glon a s s /GP S”, a� rma.

Novo sistema de localização por satélite chega ao Brasil

O sistema Glonass no mundoLEIA NO SITE

Livro preferido do fotógrafo Andrêi Pavlov, a ficção científica “O império das formigas” tornou-se sua principal inspiração. Há se-te anos, Pavlov se dedica a “treinar” e fotografar as minúsculas criaturas em cenas que remetem à trilogia dos anos 1990 do es-critor francês Bernard Weber.

GAZETARUSSA.COM.BR/14396A LIÇÃO DA FORMIGA

A agência espacial russa Ros-cosmos e a europeia AEE, as-sinaram um protocolo de in-tenções para a realização de uma missão conjunta a Marte. A participação russa no projeto ExoMars, entre-tanto, não estava prevista, e tornou-se possível somente após os EUA terem reduzido sua participação e contribui-ção � nanceira.

Com corte em suas verbas orçamentárias, a Nasa recu-

Espaço Agência russa vai investir em conquista de MarteRastreamento RNT é segunda empresa do setor a abrir filial no país

Depois de redução do investimento norte-americano, russos decidem participar em projeto internacional ExoMars.

Com lei que obriga montadoras a equiparem carros zero com sistema, Brasil vira aposta de empresas russas do ramo.

sou-se a ceder seus foguetes Atlas-V para os dois lança-mentos programados. Foi então que a Rússia entrou em cena. O país irá fornecer, além de um veículo lançador, um

conjunto de equipamentos cientí� cos em substituição aos norte-americanos, retirados do projeto.

“O acordo deve ser assina-do já no primeiro semestre de 2013”, disse à imprensa o pre-sidente da Roscosmos, Vladí-mir Popóvkin. “É de nosso in-teresse resolver isso o mais rápido possível, para poder-mos alocar verbas para a cons-trução do equipamento.”

Distribuídas ao longo de vá-rios anos, as despesas decor-rentes da participação russa não deverão ser onerosas para a agência, que tem orçamen-to anual avaliado em US$ 6 bilhões para 2013 – contra os US$ 17 bilhões previstos para a Nasa em 2012.

Com Nasa nos bastidores, Roscosmos entra em cena

ILIÁ KRÂMNIK ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA

NATÁLIA LAVRÊNTIEVACNEWS.RU

Russos vão fornecer veículo lançador e equipamentos

Oficina de pesquisas inaugu-rou projeto de monitoramen-to on-line que transmite infor-mações via satélite e rádio.

gazetarussa.com.br/14407

Monitoramento aquático

LEGIO

N-M

EDIA

NA

SA

DIV

ULG

ÃO

DIV

ULG

ÃO

Page 4: Gazeta Russa

Em Foco Opinião

AS MATÉRIAS PUBLICADAS NA SEÇÃO “OPINIÃO” EXPÕEM OS PONTOS DE VISTA DOS AUTORES, E NÃO NECESSARIAMENTE REPRESENTAM

A POSIÇÃO EDITORIAL DA GAZETA RUSSA OU DA ROSSIYSKAYA GAZETA

Os ocidentais perguntam a todo tempo se a Rússia é uma terra de talen-tos, observando que muitos espe-cialistas que nasceram lá traba-

lham em suas empresas. Entre eles há muitos nomes conhecidos: Serguêi Brin, cofundador do Google, Max Levchin, fundador do PayPal, entre muitos outros.

Mas, como muitos outros pro� ssionais de TI (tecnologia da informação), eles deixaram a Rússia ou outros países da antiga União Soviética quando eram muito jovens, e a es-colha pela imigração foi feita por seus pais. Entretanto, milhares de especialistas de TI partiram para os EUA e tomaram a conscien-te decisão de viver por lá.

Nunca encontrei uma estatística compara-tiva do número de talentos em diferentes países, e não acho que a Rússia seja excep-cional – apesar de muitos terem tido essa im-pressão durante o século 20. Mas tenho mi-nhas hipóteses para esse fenômeno.

Durante a maior parte do século 20 a Rús-sia esteve sob uma ditadura ideológica. Qual-quer pessoa inteligente entendia que, para minimizar a in� uência da ideologia em sua vida, era preciso evitar certas áreas do co-nhecimento – como história, � loso� a, direito, literatura, política etc. – e se dedicar às cha-madas “ciências puras”: matemática, astro-nomia, física, química.

Em algumas áreas das ciências exatas, a ideologia se tornou perceptível, como na bio-logia, na genética e na cibernética. Durante o período de repressões de Stálin, um dos biólogos geneticistas mais destacados do sé-culo 20 foi condenado à morte, o acadêmico Nikolai Vavilov.

A ciência genética soviética foi completa-mente destruída, e a maior parte de seus cien-tistas morreu em campos de concentração. Na fala cotidiana, apareceu o termo “falsa ciência burguesa”, o que incluía a cibernéti-ca e a genética. Nos anos 1930, houve uma tentativa de intitular a teoria da probabili-dade como uma “falsa ciência burguesa”. Essa, porém, foi salva pela descoberta do grande matemático e fundador da teoria da proba-bilidade plural Andrêi Kolmogorov.

A MÁQUINA SOVIÉTICA DE FAZER TALENTOS

Stepan Pátchikov

CIENTISTA

Assim, grande parte dos estudiosos enten-dia o perigo de se dedicar às ciências huma-nas, restringindo-se apenas às ciências exa-tas e criando a ilusão dos “talentos excepcionais de especialistas russos”. Após a eliminação dos estudos de “comunismo cientí� co” das escolas, em 1990, jovens talentosos foram atrás de empresas, bancos e mercados de ações.

Hoje, a ciência russa está muito enfraque-cida. Uma das principais razões é que a po-lítica russa atual colocou a educação e a ci-ência de lado no orçamento e, ainda mais importante, fora do foco de atenção da socie-dade. Na Rússia contemporânea, mais pres-tigioso do que ser cientista é ser banqueiro, agente de câmbio, promotor, advogado, dono de restaurante, apresentador de televisão ou até inspetor � scal ou alfandegário.

Além disso, não há sinais de que as fraque-zas da ciência russa atual se resolverão num futuro próximo. Muitas pessoas talentosas optam por abandonar a Rússia. Elas enten-dem que as oportunidades de desenvolvimen-to e de sucesso no seu país são muito limita-das em todas as áreas.

Petróleo e gás anulam a ciência, a educa-ção e toda a economia alternativa. A econo-mia foi construída em torno do petróleo e do gás, e matou a ciência russa. Além disso, a política do país é miserável, já que um siste-ma “ver t ica l” é o equ iva lente ao feudalismo.

Todos os milionários russos listados pela revista Forbes e os super-ricos do país são pessoas que, de uma forma ou de outra, têm relações com o poder. Na atual verticalidade da vida russa, qualquer um que esteja acima de você é seu senhor feudal, enquanto todos os que estão abaixo são seus vassalos.

O futuro do TI na Rússia segue inde� nido. O atual governo precisa apenas de gente que possa extrair petróleo. Dessa maneira, ele pensa que poderá comprar todo o resto com o dinheiro daí retirado, inclusive novos talentos.

Stepan Pátchikov nasceu em 1950 e é doutor em Física e Matemática. Foi colaborador da Academia de Ciências da URSS, fundador do primeiro clube de fanáticos por computadores em Moscou (junto com o enxadrista Garry Kasparov), fundador das empresas Paragraf (1989) e Evernote. Atualmente, vive em Nova York.

EXPEDIENTEPRESIDENTE DO CONSELHO: ALEKSANDR GORBENKO (ROSSIYSKAYA GAZETA);DIRETOR-GERAL: PÁVEL NEGÓITSA (RG); EDITOR-CHEFE: VLADISLAV FRÓNIN (RG)ENDEREÇO DA SEDE: RUA PRAVDY, 24, BLOCO 4, 12º ANDAR, MOSCOU, RÚSSIA - 125993 WWW.RBTH.RU E-MAIL: [email protected] TEL.: +7 (495) 775 3114 FAX: +7 (495) 775 3114EDITOR-CHEFE: EVGUÊNI ABOV; EDITOR-EXECUTIVO: PÁVEL GOLUB;

EDITOR: DMÍTRI GOLUB; SUBEDITOR: MARINA DARMAROS; EDITOR NO BRASIL: WAGNER BARREIRA; EDITOR DE FOTO: ANDRÊI ZÁITSEV; CHEFE DA SEÇÃO DE PRÉ-IMPRESSÃO: MILLA DOMOGÁTSKAIA; PAGINADORES: IRINA PÁVLOVA; ILIÁ OVCHARENKO

PARA A PUBLICAÇÃO DE MATERIAIS PUBLICITÁRIOS NO SUPLEMENTO, CONTATE JÚLIA GOLIKOVA, DIRETORA DA SEÇÃO PUBLICITÁRIA: [email protected]

© COPYRIGHT 2011 – ROSSIYSKAYA GAZETA. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.É EXPRESSAMENTE PROIBIDA A REPRODUÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO OU RETRANSMISSÃO DE QUALQUER PARTE DO CONTEÚDO DESTA PUBLICAÇÃO SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO ESCRITA DA ROSSIYSKAYA GAZETA.

PARA OBTER AUTORIZAÇÃO DE CÓPIA OU REIMPRESSÃO DE QUALQUER ARTIGO OU FOTO, FAVOR SOLICITAR PELO TELEFONE +7 (495) 775 3114 OU E-MAIL [email protected]

ESCREVAPARA A REDAÇÃO DA

GAZETA RUSSA EM MOSCOU:

[email protected]

O PRIMEIRO PASSO DO ÍNDICE BRICSMART

Carlos Serapião Jr.

FINANCISTA

dos pelos preços das commodities, os quais, a partir de 2008, passaram a se mover em conjunto. Acredito que o mesmo raciocínio possa valer para o índice sul-africano. Quan-to à Índia e China, devido à condição de “emergent markets”, acabam também – em-bora, em menor grau – mantendo correlação positiva com os demais Brics.

Para além desses aspectos técnicos, o prin-cipal mérito desse cruzamento de índices é fazer com que os investidores de cada um dos Brics possam se conhecer melhor. No futuro, poderia haver também a criação de pares de moedas dos Brics, a serem cotadas diretamente e negociadas globalmente, re-duzindo o risco cambial do comércio exte-rior entre os Brics, criando novas possibili-dades para os especuladores (que são importantíssimos, por darem liquidez ao mercado) e, em consequência, aumentando a liquidez das moedas dos Brics.

E vamos torcer para que esse processo de interação entre mercados acionários não � que só nos índices e avance rumo às ações de maior liquidez (“blue chips”), depois tam-bém para as principais “small caps”, pois sobretudo estas últimas proveriam interes-santes oportunidades de diversificação e “hedge”.

No início dos anos 1980, Tarkóvski foi convidado para rodar um filme na Itália e nunca mais retornou à União Soviética. Embora “Nostal-gia”, escrito com Guerra, fosse, de modo geral, apolíti-co, causou grande mal-estar. Quando surgiu a oportuni-dade de trabalhar no exte-rior, Tarkóvski mergulhou de cabeça. As autoridades sovi-éticas exigiram seu retorno repetidas vezes, mas o dire-tor se negou a obedecer e foi declarado traidor.

O diretor do Museu de Ci-nema de Moscou, Naum Klei-man, a� rma que Tarkóvski ganhou destaque no momen-to certo: em 1962. “Tínha-mos chegado a um impasse em nosso país: o ‘degelo de Khruschov’ estava prestes a ganhar impulso ou ser erra-dicado por completo. E foi então, nesse momento de re-viravolta, que Tarkóvski e suas questões triunfaram”, diz Kleiman.

Questão existencialista“Todo mundo sabe que na

língua espanhola os pontos de interrogação são colocados no início e fim das frases. Isso também serve para Tarkóvski: ele sempre abre com uma per-gunta e nos deixa com uma nova questão ao � nal, uma dú-vida direcionada a cada um de nós individualmente, e não apontada para a sociedade como um todo”, acredita Kleiman.

O cineasta costumava en-fatizar que a principal men-sagem de seus trabalhos exis-tencialistas tinha como base questões morais. “Ao atingir-mos um novo nível de conhe-cimento, temos que nos di-recionar rumo a um novo nível de moralidade tam-bém”, dizia Tarkóvski. “Quis provar com meu trabalho [Solaris] que tanto a força

como a integridade moral permeiam toda nossa exis-tência, manifestam-se até mesmo naquelas áreas que aparentemente não têm nada a ver com a moral, como ex-ploração espacial, o estudo do mundo objetivo, e assim por diante”, a� rmou.

Homem espiritualProtagonista de alguns � l-

mes de Tarkóvski, o ator Ni-kolai Burliaev, conta que o cineasta era profundamente religioso. “Isso pode ser sen-tido em todos os seus � lmes”, diz Burliaev.

“Todos seus � lmes, inde-pendentemente da época, apontam para o futuro, para a eternidade, para Deus”, a� rma a atriz russa Natália Bondartchuk.

Tarkóvski morreu de cân-cer, na França, em dezembro de 1986. Ele foi enterrado no cemitério Sainte-Geneviève-des-Bois, próximo a Paris. Em sua lápide foi gravada a mensagem: “Ao homem que viu um anjo”. “Asas do De-sejo”, lançado pelo cineasta alemão Wim Wenders um ano depois, foi dedicado a Tarkó-vski . Seu túmulo lembra um fotograma de � lme.

Alguns vasos de flores estão plantados ao redor do terreno retangular de solo es-curo. Uma árvore se inclina sobre a lápide derramando suas folhas uniformemente sobre o túmulo. A cruz está envolta em uma trança de pé-rolas brancas, um colar dei-xado pelo cineasta e rotei-rista soviético Serguêi Paradjanov.

Diretor foi declarado traidor pela URSS

Existencialista e espiritual, assim o definem amigos e colegas

“Andrêi Rubliov” (1966)

“Solaris” (1972)

“Stalker” (1979)

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

Principais fi lmes de Tarkóvski

CALENDÁRIO CULTURA E NEGÓCIOSBALÉ GISELLE - 12 ANOS DE BOLSHOI NO BRASIL10 DE MAIO, QUI., ÀS 20 H., TEATRO NACIONAL, BRASÍLIACom montagem e produção do russo Vladímir Vassíliev, o clássico será apresentado por um elenco de quase 80 bailarinos da escola, que comemora 12 anos no Brasil.

www.escolabolshoi.com.br ›

UM VIOLINISTA NO TELHADOATÉ 15 DE JULHO QUI. E SÁB. ÀS 21H; SEX. ÀS 21H30; DOM. ÀS 17H, TEATRO ALFA, SÃO PAULONo musical, José Mayer interpreta Tevie, pai de cinco filhas que trabalha como leiteiro num vilarejo judeu na Rússia tsarista.

www.teatroalfa.com.br ›

PARAFARM EXPODE 5 A 7 DE JUNHO, CENTRO DE EXIBIÇÕES E CONVENÇÕES SOKOLNIK, MOSCOU- RÚSSIAA feira internacional reúne profissionais e fabricantes do mercado de bens não farmacêuticos: cosméticos de farmácia, dermocosméticos, homeopatia, fitoterapia etc.

www.parapharmexpo.ru ›

JUNWEX MOSCOWDE 15 A 19 DE SETEMBRO, VVTS, MOSCOU - RÚSSIAA exibição de joias, tecnologias joalheiras e equipamentos é um evento internacional que reúne mais de 700 expositores locais e estrangeiros anualmente no outono-inverno europeu.

www. junwex-msk.ru ›

CONFIRA MAISwww.gazetarussa.com.br

guerra eu presenciei: mortes, bombardeios, destruição de casas, incluindo a minha. Morávamos a um quarteirão do gueto de Varsóvia e eu vi como os alemães matavam os judeus, vi quando incendia-ram o gueto, matando quem ainda vivia ali”, recorda Ígor. Foi em Ravensburg, cidade alemã na fronteira com a Suíça, que receberam a no-tícia do fim da Segunda Guerra, quando o general francês Charles de Gaulle en-trou na cidade com suas tropas.

Ainda menino, Ígor se lem-bra desse dia, quando andou de bicicleta entre os tanques: “Eu era menino e vi todos aqueles tanques entrando, todos aqueles soldados da co-lônia francesa... Foi a primei-ra vez que vi um negro”, re-corda, fazendo referência aos soldados argelinos que luta-ram pela França.

Mudança para o BrasilEm 1949, Anatóli foi convi-

dado pelo cônsul brasileiro em Frankfurt a emigrar para o Brasil para produzir leite con-densado no país. Ainda im-pedido de voltar à Rússia, Anatóli aceitou o convite e a família desembarcou no Rio de Janeiro no dia 4 de feve-reiro de 1949. “Saímos da Ale-manha no inverno, a uma tem-peratura de 20ºC negativos, e

chegamos ao Rio de Janeiro a uma temperatura de 42ºC.”

Sem falar nada em portu-guês, Ígor � xou a meta de de-corar 60 palavras por dia e logo foi matriculado em uma escola na cidade de Taubaté, em São Paulo, onde a família foi morar. Ali funcionava a fá-brica de produtos alimentícios Embaré, que lançou o primei-ro leite condensado produzi-do no Brasil (até então, o doce

era importado da Suíça, pro-duzido pela Nestlé). A empre-sa existe até hoje, mas mudou o nome para Itambé. Anatóli morreu em 1962, nunca con-seguindo realizar o sonho de retornar à Rússia. Foi home-nageado pela Câmara Muni-cipal de Taubaté e hoje a ci-dade tem uma rua batizada com seu nome.

Desde 1995, Ígor é presi-dente da Sociedade Filantró-pica Paulista, fundada por imigrantes russos que che-garam ao Brasil após a Pri-meira Guerra. Sua primeira visita à Rússia aconteceu em 1987 e desde então ele já vol-tou mais de uma dezena de vezes ao país. A última acon-teceu no � nal do ano passa-do, quando viajou a convite do governo russo para rece-ber das mãos do ministro das Relações Exteriores, Serguêi Lavrov, uma comenda pelos serviços prestados na casa de repouso para idosos russos em São Paulo.

Presidente de associação russa no Brasil relembra a 2ª GuerraCONTINUAÇÃO DA PÁGINA 1

Em espanhol, há pontos de interrogação no começo e no fim de uma frase. Tarkósvki abria os filmes com uma pergunta e sempre deixava uma questão no final

No dia 30 de março, a Bolsa de Va-lores de São Paulo (BM&Fbovespa) iniciou a negociação de contratos futuros dos índices de ações das bol-

sas Micex-RTS (Rússia), Bombain Stock Ex-change (Índia), Hong Kong Exchanges and Clearing (China) e Johannesburg Stock Ex-change (África do Sul). Cada uma dessas bolsas vai negociar o principal índice de ações das demais.

É o primeiro passo do projeto de criação de um índice Bricsmart, a ser negociado nos mercados acionários dos cinco países. E é, sobretudo, a primeira vez que os investido-res dos Brics vão poder negociar diretamen-te papéis uns dos outros, sem a intermedia-ção de uma praça acionária global (Nova York ou Londres).

À medida que esses contratos ganharem liquidez, poderão servir como instrumento de “hedge” parcial e diversificação do portfólio, reduzindo o risco total da cartei-ra, e até – para os investidores mais so� sti-cados - como parte de estratégias de arbi-tragem do tipo “long-short”, devido à correlação existente entre esses índices, em particular Ibovespa e Micex.

Conheço melhor os índices Ibovespa e Micex, os quais têm sim forte correlação po-sitiva (ou seja, flutuam mais ou menos da mesma forma), por serem in� uencia-

Carlos Serapião Jr. mora em Moscou e trabalha na B2U Trading. Formou-se no Insti-tuto Rio Branco e tem mes-trado em Finanças pela École Nationale des Ponts et Chaussées.

Vitória na Europa e no mundoEm 8 de maio, às 22h43, nos subúrbios de Berlim, (horário que em Moscou correspondia às 00h43 de 9 de maio), o che-fe do Estado Maior do Alto Co-mando das Forças Armadas da Alemanha, marechal Wilhelm Keitel, assinou o Ato de Rendição Incondicional da Alemanha. A população sovi-ética soube da vitória pelo rá-

dio às 22h de 9 de maio (hora de Moscou). Por isso, na Rússia comemora-se o Dia da Vitória em 9 de maio, enquanto os Es-tados Unidos consideram a data como “Dia da Vitória Europeia”. Com a continuidade dos confli-tos, os EUA celebram o “Dia da Vitória na Segunda Mundial” em 2 de setembro, com a derrota do Japão.

ANDREI POPOV

© R

IA N

OV

OST

IK

INO

POIS

K.R

UK

INO

POIS

K.R

U

ITA

R-T

ASS