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Grãos, Brasil, Armazenage,

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  • Ano XI n 59Maro / Abril 2013

    www.graosbrasil.com.br

    Diretor ExecutivoDomingo Yanucci

    Gerente de MarketingMarcos Ricardo da Silva

    ColaboradorAntonio Pain Barrientos

    MatrizBrasilAv. Juscelino K. de Oliveira, 824Zona 02CEP 87010-440Maring - Paran - BrasilTel/Fax: (44) 3031-5467E-mail: [email protected]

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    Revista bimestral apoiada pela:F.A.O - Rede Latinoamericana de

    Preveno de Perdas de Alimentos -ABRAPOS

    As opinies contidas nas matriasassinadas, correspondem

    aos seus autores.

    Conselho EditorialDiretor EditorFlvio Lazzari

    Conselho EditorAdriano D. L. AlfonsoAntnio Granado MartinezCarlos CaneppeleCelso FinckDaniel QueirozJamilton P. dos SantosMaria A. Braga CaneppeleMarcia Bittar AtuiMaria Regina SartoriSonia Maria Noemberg LazzariTetuo HaraValdecir Dalpasquale

    ProduoArte-final, Diagramao e CapaMarcos Ricardo da Silva

    Ligue e Assine: ( 4 4 ) 3 0 3 1 - 5 4 6 7

    Caros Amigos e Leitores

    Obrigado por receber-nos em seus trabalhos e suas casas, obri-gado por compartilhar a Gros Brasil para multiplicar a mensa-gem que pretendemos dar. Obrigado aos profissionais que de-sinteressadamente aportam o melhor de suas experincias e co-nhecimentos e obrigado as empresas e instituies que se es-foram para que o setor tenha um futuro melhor, para que ga-nhe em eficincia e segurana.

    Gros Brasil parte de uma ferramenta continental, que chegaao Brasil e a toda Amrica Latina. Isto alm de ser uma grandealegria uma responsabilidade que assumimos imprimindo aotrabalho a maior dedicao e buscando cada dia aperfeioarmos,fazendo chegar a todos as melhores recomendaes possveis.

    A Ps-Colheita de Preciso que a etapa que devem entrar nagrande maioria dos armazns do Brasil, tem a necessidade im-plcita de medir e medir, s um bom conhecimento da realidadeoperativa nos permite saber onde estamos parados e determi-nar melhor os passos a dar, assim como ter elementos de julga-mento sobre as respostas e nossas aes. O mesmo deve-sefazer em nvel de pas, j que as melhoras logsticas so impres-cindveis.

    Neste numero apresentamos matrias de profissionais de pri-meiro nvel, como so: Prof. Carlos Caneppele, Adriano Mallet,Profa. Vildes Maria Scussel, Dr. Rodolfo Franck, Eng. Agr. RubensStresser entre outros tratando temas de aerao,comercializao, economia, logstica e muito mais.

    Queridos amigos os deixo com esta nova edio da Gros Brasil,da Semente ao Consumo, em seu numero 59, esperando quesatisfaa suas expectativas. Como sempre ns convidamos a as-sinar, aproveitando uma promoo especial com um livro de pre-sente.

    Que Deus abenoe suas famlias e trabalhos.

    Com afeto.

    Domingo YanucciDiretor Executivo

    Consulgran - GranosRevista Gros Brasil

    02 | Revista Gros Brasil | Maro / Abril 2013

    Editorial

  • 04 | Revista Gros Brasil | Maro / Abril 2013

    Indice 06 Determinao de custos: Conceitos bsicos

    Setores

    No s de po...Editorial02 36

    09 Rumo ao pior ano da logstica agrcola

    10 Soja: desequilbrios estruturais comprometemos preos

    12 Relatrio do USDA - Abril/2013

    19 Aerao Natural e Intensificada: Agregandovalor na armazenagem

    37 Cool Seed News Utilssimas40

    14 Fungos toxignicos em arroz (Oryzae Sativa L.)

    23 Fontes de perdas no transporte de gros da lavoura at aunidade armazenadora

    28 Problemas Estruturais e Operacionais noControle de Insetos

    34 Safra recorde de gros indica necessidade de investimentoem logstica e armazenamento

    38 Qualidade da farinha produzida de gros de trigosresfriados artificialmente

  • GROS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 05

  • Determinao de custos:Conceitos bsicos

    Assim tambm podemos dizer que os custos so a soma dosgastos, as amortizaes e os juros embutidos em um processoprodutivo.

    CUSTO = G + A + J

    O processo produtivo pode ser a produo de um bem ou aprestao de servios. Este ltimo precisamente a finalidadedos armazns. Os principais servios que produzem so a lim-peza, secagem, classificao e armazenagem. Por consequnciaa determinao de custos refere-se aos custos destes servios.

    Os custos se podem classificar em 1) custos reais ou 2) custosestimados.

    O custo real o custo em que efetivamente se ocorreu. Este um custo passado e sua exatido depende da exatido dos da-dos usados. O custo real se refere a uma situao particular.

    O custo estimativo a estimativa do custo de uma situaofutura ou geral. Em nosso caso se refere ao custo originado porum armazm de gros e dos servios que presta. uma situaodo futuro e por isto s pode ser aproximado.

    Em matria de custos importante distinguir entre duas for-mas de expressar a) custo total e b) custo mdio.

    Chamamos custo total ao conjunto que se esta consideran-do. Por exemplo, se calculamos os custos de um armazm, ocusto anual do armazm e o custo total. Neste caso total umadjetivo que denota conjunto e no um substantivo sinnimo desoma. Ter claro estas caractersticas evita confuses.

    O custo mdio se refere a cada unidade produtiva e se obtmdividindo o custo total pelas unidades obtidas. Isto quer dizer,seguindo o caso anterior, que o custo mdio e o custo de cadatonelada e se obtm dividindo o custo total (do ano) pelas tone-ladas processadas ou armazenadas.

    indistinto trabalhar com custos totais ou mdios, dadoque so s formas diferentes de expressar a mesma coisa. S sedeve ser coerente nos clculos, no misturando ambos. Se tra-balhar com custos totais, s podem somar ou restar custos to-tais, se utiliza custos mdios, s custos mdios. Que forma usardepender fundamentalmente da facilidade dos clculos e dacompreenso de cada um.

    DETERMINAO DE CUSTOS ESTIMAVOSOs custos estimativos tem um aporte especial j que ajudam

    no planejamento das atividades futuras. O custo se refere a algoque vai ocorrer no futuro e esta a essncia do planejamento, adeterminao do acionar futura da empresa.

    Podemos definir o custo como a soma dos valores dos bens e servios utilizados em um processo produtivo.Estes valores se expressam atravs do gasto (G), amortizaes (A) e juros (J).

    06 |Revista Gros Brasil | Maro / Abril 2013

    Economia

    Por: Dr. Rodolfo Franck

    Quando se avalia o investimento em um armazm, calculan-do os custos e ingressos, esto usando clculos estimativos.Estes devem refletir o que se pode esperar, em mdia, ao longo devrios anos, concretamente durante toda a vida til do arma-zm. Isto importante ter sempre presente, no se trata de calcu-lar o valor de um ano, e sim a mdia de muitos anos.

    INSUMOS E SUA AVALIAOOs insumos so os bens e servios requeridos para executar

    o processo produtivo. Por ex. o combustvel (lenha) para o seca-dor, a energia eltrica, um elevador de canecas (bem durvel).

    A correta avaliao dos insumos um dos aspetos que requera mxima ateno em o calculo de tudo custo, j que qualquererro repercute no resultado. A avaliao do recurso ou servioque se adquirir de terceiros relativamente simples, o preo quese paga por eles. No caso do insumo produzido pela mesma em-presa se deve considerar o preo do mercado. o caso de umfazendeiro que tem um armazm prprio onde processa e armaze-na sua produo e eventualmente de seus vizinhos, convenienteseparar o resultado econmico do armazm do resto das ativida-des produtivas. Neste caso o gro que ingressa no armazm seavalia com o preo do mercado (como se o fazendeiro vendessepara o armazm) e no a seu custo. No caso que o gro se avalie aseu custo o resultado no se pode atribuir ao armazm. Portantose deseja avaliar se conveniente ou no investir no armazm, eimprescindvel separar claramente o resultado atribudo a estadas restantes atividades da fazenda.

    Outro aspecto a ter em conta que alguns insumos no tmo mesmo preo ao longo do ano, um exemplo tpico o transpor-te. Na poca da colheita quando a demanda alta, o preo sobee s vezes de forma muito importante. Fora das pocas de colhei-ta, quando se normaliza a demanda, tambm se normaliza opreo.

  • GROS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 07

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    Quando o insumo limitante, ou passa a ser limitante paravarias atividades ou linhas de produo, deve avaliar-se segun-do o custo de oportunidade. Atividades so as diferentes linhasde produo que se podem identificar em um armazm. Por ex.uma atividade e a limpeza, outra o secagem, outra o armazena-gem. Dentro da armazenagem podemos distinguir como ativida-des diferentes a armazenagem de trigo, milho ou soja. Se desejardiscriminar os custos de cada uma delas, pode ocorrer que umadeterminada atividade s possa ser realizada a custas de outra,ou seja, deslocando-a. Um ex. a armazenagem de soja, esta spode ser feita se previamente tenham sido desocupados os de-psitos de trigo. A armazenagem da colheita de vero depois doingresso da colheita de outono implica bloquear parte ou emsua totalidade a armazenagem de soja, milho, etc.. A capacidadede armazenagem se converte neste caso em um recurso limitantee por isso passa a ter um custo de oportunidade. Mas o que custo de oportunidade?

    CUSTO DE OPORTUNIDADEO custo de oportunidade o ingresso que se deixa de perceber

    ao retirar um insumo limitante de uma alternativa (oportunidade)para assinalar a alternativa. Por exemplo, se obtm espao paraarmazenagem da soja se ds-praa o trigo. Neste caso o custo dearmazenagem de soja deve incluir o que se deixaria de perceberpela armazenagem do trigo a partir do momento que este desocu-pa o deposito. Tambm ocorre o inverso. O custo de armazenagem

    de trigo, mas ala do momento de ingresso da soja o que se deixade ganhar na armazenagem de soja.

    Outro bom exemplo de custo de oportunidade do capital, emforma de fundos. Necessita-se de capital para comprar gros,para comprar insumos como a lenha, pagar a mo de obra, fazernovos investimentos. Tambm se pode usar o capital em investi-mentos financeiros fora da empresa, investir em imveis para suaexplorao ou renda. Ento o capital pode ter muitos usos, tantodentro como fora da empresa, e sabemos bem que sempre escas-so. Isto significa que tem sempre um custo de oportunidade. Seusar para pagar um insumo, se esta renunciando a obter umarenda do mesmo, colocando por ex. no banco em prazo fixo.

    Os insumos se podem classificar em durveis e no dur-veis. Os insumos no durveis so os que se consomem total-mente ao serem usados, por ex. a eletricidade, o combustvel, amo de obra. Tambm se denominam bens de troca em contabi-lidade ou capital circulante em economia. Os insumos durveis,so aqueles que se podem utilizar vrios anos como por ex. umdeposito, uma maquina, uma data, etc., so bens de uso ou ativoem terminologia contvel.

    Os bens durveis so um caso bastante especial, j que apar-te de incidir no custo estimativo com os gastos que originam sedeve agregar sua amortizao e juros. Por isto na avaliaodestes bens se deve distinguir entre 1) o valor novo, 2) o valorresidual ativo e 3) o valor residual passivo.

    O valor novo (VN) de um bem durvel seu preo em estado

  • 08 | Revista Gros Brasil | Maro / Abril 2013

    Economia novo, quer dize sem uso. Se investir em um armazm que o forne-cedor entrega chave na mo, proto para funcionar, o que se pagaao fabricante por todo conceito o valor novo. Se si constri umprdio, o VN a soma de todo o pago pelos materiais, mo deobra, fretes, seguros, impostos, etc. at que o prdio esteja pron-to e em condies de ser utilizado. Em uma maquina o VN no s seu preo posto na fabrica, se deve incluir o frete, seguros detransporte, gastos de compra (comisses) montagem, ou seja,todas as aes necessrias at que a maquina esteja em condi-es de operar.

    O valor residual ativo (VRA), conceito aplicvel s a bensamortizveis, o valor em um determinado momento de suavida til, quer dizer seu valor como bem usado, mas em condi-es de prestar servio de forma econmica. No caso que existaum mercado de usados e se conhea seu preo (por ex.camionetes), o VRP o preo de mercado menos os gastos devenda. Em muitos bens durveis no existe uma cotao de usa-do, neste caso conhecendo o valor do novo atual de um bemsimilar e podendo estimar sua vida til normal e quantos anosrestam de sua vida til, se pode usar a seguinte formula:

    VRA = VN x DfpDta

    Dfp: durao futura provvel (quantidade de anos que pode usar-se)Dta: durao total arbitraria (vida til em condies normais)

    Esta formula supe uma depreciao linear do bem. Estaformula permite calcular o valor de um bem do qual se desco-nhece sua idade, mas se pode estimar sua durao futura prov-vel e sua durao total arbitraria.

    O Valor residual passivo (VRP) o valor que resta de um bemdurvel que j no pode ser usado pra a finalidade para a qualoriginalmente foi destinado. Em construes o VRP o valor dedemolio, em maquinas o valor do metal. E frequente conside-rar no calculo de custos que o VRP e zero, j que seu valor podeser nfimo. Igual que no caso do VN e VRA, tambm o VRP se refereao momento no qual se calcula o custo.

  • GROS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 09

    Rumo ao pior ano da logstica agrcolaPor: Marcos Sawaya Jank |Especialista em Agronegcio e Bioenergia - [email protected] ano o Brasil est colhendo a maior safra da sua Histria. Sero 185 milhes de toneladas (MT) de gros eoleaginosas, 11% mais do que na safra anterior. Viramos o primeiro produtor (84 MT) e exportador (41 MT)mundial de soja.

    Logstica

    Tambm tomamos dos americanos a posio de primeiroexportador mundial de milho (25 MT, ante 23 MT dos EUA), umfato indito e surpreendente que decorre da terrvel seca queatingiu aquele pas em meados do ano passado e provocou umaquebra de safra superior a 110 milhes de toneladas de gros.

    Em recente evento de que participei nos EUA, a principalquesto no era saber a estimativa de quanto o Brasil vai pro-duzir nesta safra, mas sim os volumes de soja e milho que seroefetivamente escoados atravs de nossos portos at o incio daprxima safra americana. Ningum mais tem dvida de que oBrasil consegue responder rapidamente na produo. Basta di-zer que s na soja ampliamos a rea plantada em quase 3 mi-lhes de hectares em apenas um ano. A segunda safra de milho- erroneamente chamada de "safrinha" e plantada aps a co-lheita de soja no mesmo ano agrcola - superou a safra de veroem mais de 6 MT nos dois ltimos anos. Trata-se de uma notvelvantagem competitiva da agricultura tropical, que jamais vaiocorrer em pases de clima temperado.

    Acontece que em apenas um ano aumentamos a nossa ex-portao "potencial" de milho e soja em 18 milhes de tonela-das, 36% mais do que na safra passada. Vale notar que o grossoda expanso de soja e milho se d nos Estados de Mato Grosso,Gois e Bahia, em reas que se situam entre 1.000 e 2.300 km dedistncia dos portos. Se somarmos ainda as exportaes de 25MT de acar e a importao de 18 MT de matrias-primas parafertilizantes, no de espantar que este ano assistiremos, passi-vos e apavorados, maior asfixia na logstica de granis danossa Histria!

    Neste momento, as filas de navios para atracar nos Portosde Santos e de Paranagu esto duas a trs vezes maiores do queh um ano. Na ltima quinta-feira havia 82 navios esperandopara carregar gros no Porto de Paranagu, ante 31 nesta mes-ma poca do ano passado. Em Santos havia 59 navios, ante 29h um ano. O custo mdio de demurrage de um navio paradoesperando carga de US$ 30 mil por dia. Em seminrio do BancoIta-BBA realizado na semana passada, operadores relataramque para evitar 45 dias de fila de espera em Paranagu elesdecidiram mandar os caminhes para o Porto de Rio Grande,onde as filas duram menos de dez dias. Ou seja, depois de rodar2.300 km do norte de Mato Grosso at Paranagu, a soja aindatem de rodar outros 1.100 km para pegar uma "fila mais rpida"no Rio Grande do Sul. Uma verdadeira insanidade!

    Para complicar ainda mais, a Lei 12.619, que restringe ajornada de trabalho dos caminhoneiros e o tempo de conduodos veculos, teve o efeito prtico de "retirar" mais de 500 milcarretas das estradas. Os fretes de cargas j subiram entre 25%e 50% este ano. Alm disso, o processo de votao da Medida

    Provisria n. 595 - a chamada MP dos Portos, que prope no-vas regras para a modernizao destes - tem produzido umasucesso de greves em escala nacional, que s tende a piorarcom o avano das negociaes.

    Essa situao calamitosa nos leva a pelo menos trs refle-xes importantes. A primeira delas, e mais bvia, a necessida-de urgente de votar os novos marcos regulatrios que moderni-zariam a logstica brasileira, particularmente a MP dos Portos.Apesar da calamidade nas estradas, da insuficincia histricade ferrovias e hidrovias e da falta de armazns (nossa capacida-de de armazenagem equivale a 72% da safra de soja e milho,ante 133% nos EUA), o pior gargalo do Pas neste momento, delonge, so os portos. hora de vencer a reserva de mercado, aburocracia e o corporativismo de um dos setores mais atrasa-dos da economia brasileira.

    A segunda a necessidade urgente de viabilizao sistmicada nova logstica do Norte do Pas, traduzida no escoamentopelos Portos de Itacoatiara (Rio Madeira), Santarm (Amazo-nas), Marab (Tocantins), Miritituba (Teles Pires/Tapajs) e Vilado Conde (confluncia do Amazonas e do Tocantins, no Par), naconcluso da pavimentao das rodovias BR-163 e BR-158 edas Ferrovias de Integrao Norte-Sul (FNS), Centro-Oeste (Fico),Oeste-Leste (Fiol) e Transnordestina. Basta dizer que 60% da pro-duo de gros se concentra nos cerrados, que sero beneficia-dos pela nova logstica, mas s 14% dela hoje escoada pelosportos do Norte e Nordeste. A viabilizao dos novos corredorespermitiria exportarmos com navios Capesize, que transportam120 mil toneladas de gros, o dobro da capacidade dos naviosPanamax, hoje utilizados. Com a futura passagem desses naviospelo Canal do Panam, em 2014, ser possvel reduzir em pelomenos 20% o frete martimo para a China, que j responde por40% da nossa exportao de gros, alm da reduo potencialdos fretes terrestres, pelo uso de ferrovias e hidrovias.

    A terceira reflexo tem que ver com o longo prazo. Precisa-mos estudar qual seria o melhor modelo de insero do Brasilno agronegcio global do futuro. Hoje estamos engargaladosnum sistema ineficiente de transporte de soja e milho por cami-nhes, portos velhos e caros e navios pequenos. Milho e sojaservem basicamente para produzir rao para bovinos, sunos eaves, que vo produzir a protena animal consumida por pasesque esto do outro lado do planeta.

    Num momento em que vrios pases constroem polticas co-merciais mais agressivas - vide o anncio do novo acordo EUA-Unio Europeia e a mirade de acordos asiticos -, no seria ahora de repensar as nossas cadeias de suprimento, buscandoexplorar a combinao de maior eficincia e valor dos gros,carnes e lcteos que sero demandados no futuro?

  • 10 | Revista Gros Brasil | Maro / Abril 2013

    Mercado

    Soja: desequilbrios estruturaiscomprometem os preosPor: Leonardo Mussury |Economista, Professor da UNIGRAN, Diretor Comercial da BOCCHI ALIMENTOS

    O que se pretende com esse artigo mostrar a real perspectiva do mercado de soja, diante do quadro que sedesenha para o presente ano.

    Estamos colhendo uma das maiores safras de gros queconforme relatrio da CONAB - Companhia Nacional de Abaste-cimento - edio de Abril/2013, estima a produo de 185 mi-lhes de toneladas onde a soja representa 44% de todo essevolume e o milho com uma participao tambm significativacom uma safrinha superior a 36 milhes de toneladas e umasafra total de 72 milhes de toneladas. Esses nmeros apesar deconfirmar a vocao produtiva do setor primrio, torna-sepreocupante em termos de formao de preos, diante das defi-cincias logsticas que o pais enfrenta como veremos a seguir:

    A nova Lei trabalhista imputada ao setor de transportes ro-dovirios faz com que as viagens rodovirias se tornem maislentas e mais onerosas o que leva por consequncia a um au-mento do Frete e uma menor oferta de caminhes, j que boaparte deles levaro um tempo maior de sua origem at o desti-no. Isso acaba reduzindo o preo para o produtor rural que terseu preo diludo pelo custo de logsticoacima comentado.

    Prova desse raciocnio se prendeaos dados que em 2012 a sojaembarcada no Mato Grosso do Sul comdestino ao Porto de Santos girava emtorno de R$ 130,00 a Ton. e em marcode 2013, esse mesmo frete chegou a R$170,00 a tonelada. Um aumento de30%.

    Outro fator nossa capacidade deArmazenagem que dever influenciarsignificativamente no preo de sojaou no preo de milho que ser colhi-do a partir de junho de 2013. Nossacapacidade esttica gira perto de 125milhes de toneladas e nossa produ-o ser de 185 milhes de tonela-das.

    Isso significa que temos 60 milhesde toneladas sem garantia de arma-zenagem e que coloca uma presso devenda que dever ocorrer na entradada safrinha. Ou seja, se quiser arma-zenar o milho ter que vender a soja.Ou, se quiser armazenar a soja terque vender o milho. Isso por si s no soluo para a classe produtora,

    mas sinaliza que deveremos ter um efeito manada na safrinhaou de um produto ou de outro. Lembremos que temos ainda asafra de trigo e outros subprodutos que devero ser colhidosao longo do ano com destino ao mercado exportador, com-prometendo ainda mais a situao no 2 semestre.

    Nosso consumo interno de soja perto de 42 milhes detoneladas para uma safra de 81,94 milhes de toneladas.Isso indica que o Pais ter que exportar 40 milhes de tonela-das. Quanto ao milho, nosso consumo gira em torno de 52milhes de toneladas para uma produo de 77.4 milhes detoneladas mais os estoques de passagem que temos em tornode 8 milhes de toneladas. Isso significa que teremos queexportar perto de 22 a 25 milhes de toneladas de milho quesomados ao excedente de soja (40 Milhes de tons) nos duma necessidade exportadora de 65 milhes de toneladasaproximadamente. Isso muito produto para a catica estru-

    Em suma o que pretendo mostrar que o mercado de soja desdemarco de 2013 vem tendo seus preos reduzidos em funo das difi-culdades de logstica

  • GROS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 11

    Acesse: www.graosbrasil.com.br

    tura logstica que temos.Em tempos de mxima eficincia, o Brasil conseguiu ex-

    portar 7 milhes de toneladas de soja por ms e se conse-guirmos atingir essa meta e as chuvas no prejudicarem osistema operacional dos portos , estaremos no ms de agos-to ou setembro escoando todo o excedente de soja , j queperto de 4 milhes de toneladas j foram embarcadas para oexterior e isso nos coloca numa situao de fragilidade nomercado porque a Argentina esta colhendo uma safra superi-

    or a 50 milhes de toneladas e os Estados unidos comea acolher a sua safra em setembro de 2013.

    Em funo das vantagens que esses dois pases tm emsuas logsticas se comparadas a logstica brasileira, pode-mos terminar 2013 com parte da soja destinada a exporta-o no mercado interno e perdermos a oportunidade de pre-os que a baixa oferta do produto no mercado nos fez obter .Em suma o que pretendo mostrar que o mercado de sojadesde marco de 2013 vem tendo seus preos reduzidos emfuno das dificuldades de logstica, que acarreta a quedados prmios e consequentemente os preos na exportao, oexcesso de produtos que entraro no mercado a partir deabril e maio como o Acar e milho destinados tambm aomercado exportador, a alta dos fretes que devero aumentarainda mais por conta dos diversos produtos que deverobuscar o mercado internacional, e a falta de caminhes paraescoar toda essa produo em to pouco tempo somados afalta de armazns que devero estar tomados de gros pelalentido de escoamento que j se faz notar, temos um cenriopouco confivel para elevao de preos. Adicionamos ain-da o mais recente dos problemas que a Gripe Aviaria, quesurge de forma meterica no maior importador da soja brasi-leira (China) que atravs da eliminao do seu plantel deaves para controle do Vrus, dever reduzir sua produo derao animal e por conseguinte menos demanda por soja e

  • 12 | Revista Gros Brasil | Maro / Abril 2013

    Mercado farelo. A meu modo de ver, se a safra Norte Americana nosofrer qualquer tipo de intemprie climtica e confirmarem90 milhes de toneladas na sua produo de soja, teremos asaca de soja valendo perto dos R$ 40,00 j que a soja doCentro Oeste tem no mercado interno o principal destino deParan e Rio Grande do Sul que esto na presente safracolhendo 50% e 90% a mais respectivamente do referidoproduto , devendo reduzir violentamente as compras da sojaa ser industrializada.

    O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos)divulgou seu relatrio mensal de oferta e demanda para a safra2012/13. Para a soja, o departamento manteve seus nmerospara os estoques finais de soja, mas por outro lado, aumentouos estoques mundiais. J no milho, o rgo reportou um expressi-vo aumento nos estoques norte-americanos e tambm nosglobais.

    Veja a seguir os quadros resumidos:

    Relatrio do USDA - Abril/2013Por: Osvaldo J. Pedreiro e Marco Henrique Serra

    Osvaldo J. PedreiroNovo Horizonte Assessoria

    [email protected]

  • GROS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 13

    Sistemas combinados de secagemPor: Eng. Domingo Yanucci |Consulgran - Granos | [email protected]

    Estes sistemas se baseiam em extrair o gro quente do secador, eliminando o processo convencional de esfriadoem o secador, deixar um breve perodo de repouso ("tempering" ou homogeneizao) e depois terminar asecagem com aerao reforada, aproveitando o calor residual sobre os gros.

    Secagem

    Permitem incrementos na capacidade de secagem de 50 a100 %, redues dos gastos em 30 % e melhoras notveis naqualidade, reduzindo os potenciais danos sobre o gro.

    Dentro dos sistemas combinados temos a seca-aerao("dryeration") e o ps-esfriado em silo ("in bin cooling"). Entreum e outro sistema temos um leque imenso de variantes oupossibilidades. No primeiro caso se extrai o gro do secadorcom 3% de umidade sobre a base e no segundo com 0,5 a 1%sobre a base. Por tanto se requer para o primeiro caso umaaerao muito mais reforada e um menor tempo de esfriamentoe secagem, na ordem de 12 horas, para o segundo caso podemoschegar at 40 horas de esfriamento e secagem ate o trmino doprocesso.

    A parte de esfriamento do secador pode anular o melhorainda pode levar a toda mquina a trabalhar com ar quente.Isto, somado ao fato de que no se extrai toda a umidade permi-te aumentar notavelmente o rendimento dos equipamentos. Te-nhamos em conta que os ltimos pontos de umidade so os quemais custam em trmino de quantidade de combustvel e tempo,ademais ao tratar de extra-los de forma rpida aumenta nota-velmente a perda de qualidade dos gros.

    Vemos no Quadro 1 um exemplo de manejo de secagem com-binada para milho e soja.

  • 14 | Revista Gros Brasil | Maro / Abril 2013

    Micotoxinas

    Fungos toxignicos em arroz(Oryzae Sativa L.)

    Menithen Rodrigues-BeberMestre em Cincias dos Alimentos

    [email protected] das condies de cultivo e armazenagem, fun-

    gos podem se desenvolver levando a deteriorao do gro,bem como formao de micotoxinas, reduzindo sua qualida-de e, principalmente, segurana para o consumidor.

    Sendo o arroz base da alimentao dos Brasileiros, bemcomo de diversos pases do oriente e ocidente, de sumaimportncia conhecer os nveis de contaminao fngica ede micotoxinas para avaliar as possveis causas da contami-nao, dos riscos sade do consumidor e na tomada demedidas efetivas, no sentido de garantir a segurana alimen-tar da populao (Nunes et al., 2003; Scussel et al., 2012).

    FUNGOSTambm denominados mofos ou bolores, so microrga-

    nismos eucariticos, multicelulares e filamentosos. de co-nhecimento secular que a atividade de fungos ocasiona alte-raes na qualidade dos alimentos. Algumas destas altera-es so desejveis, como na fabricao de queijos. Todavia,em muitos casos, os fungos podem causar transformaesindesejveis nos alimentos, causando diferentes graus dedeteriorao (Maziero & Bersot, 2010, Pitt, 2000).

    Os fungos so os principais responsveis pela deteriora-o em partes de plantas de arroz e em seus gros, tantodurante o cultivo quanto aps a sua colheita. So conhecidoscomo causadores de aquecimento nos gros e levam a perdado poder germinativo, descolorao, reduo do valornutricional, bem como a alteraes na cor, sabor e odor. A

    Por: Menithen Rodrigues-Beber | [email protected] Dagostin Savi | [email protected]. Vildes Maria SCUSSEL | [email protected]

    O arroz um produto nutritivo, rico em carboidratos e, emquantidades menores, protenas e lipdeos (83,2; 11,0 e 2,7%). cereal cultivado no Brasil em diversas regies (temperada esubtropical), sob trs sistemas de cultivo: irrigatrio, vrzeamida e sequeiro (Rovaris, 1998; Dutra, 2000).

    sua ao, mesmo quando ainda pouco visveis, leva a gran-des perdas na armazenagem, sendo que, em estgio mais avan-ado de deteriorao, onde se torna possvel a observaodo prejuzo causado por eles (Pitt, 2000; Scussel, 2002; Molinieet al., 2005; Magan, Aldred, 2007; Maziero, Bersot, 2010). Ainfeco por fungos em sementes e gros pode ocorrer emdiversos estgios da cadeia alimentar; inicia-se no campo e

  • Conservao

    GROS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 15

    continua durante a maturao, colheita, secagem,armazenamento, transporte e processamento, inclusive naarmazenagem do produto j transformado. importante res-saltar que fungos so encontrados distribudos no ar e nosolo, com capacidade de contaminar e de se desenvolver emqualquer substrato que apresente condies favorveis(Scussel, 1989, 2002; Tanaka et al., 2007).

    H uma diversidade de fungos de campo, sendo os maisrepresentativos a Alternaria, Cladosporium, Fusarium eHelmintosporium. So chamados de fungos de campo porqueinvadem as sementes e gros antes da colheita, enquanto asplantas esto em crescimento na rea de cultivo. A micobiota varivel em funo da espcie vegetal, localizao geogr-fica e condies climticas. Por outro lado, os fungos de ar-mazenagem compreendem cerca de 10 a 15 grupos de espci-es de Aspergillus e vrias espcies de Penicillium. Algumasespcies de Penicillium so fungos de campo e outras so dearmazenagem. So encontrados em grande nmero na poeirae nos resduos de gros em armazenamento e se desenvolvemto logo estejam em condies adequadas de umidade e tem-peratura (Scussel, 2002, Bryden, 2009).

    As Figuras 1-3 apresentam o arroz em casca com desen-volvimento fngico visvel no microscpio-estereoscpio innatura e em diferentes meios de cultura. A Figura 1 apresentaa ocorrncia de contaminao fngica ainda no campo e aFigura 2 mostra gro de arroz (em casca) armazenado comcontaminao fngica visvel a olho nu.

    Figura 1. Cultivo de (a.1) arroz sadio; (a.2) de arroz com rea mais escuraindicativa de plantio muito prximo e alta umidade localizada e (b.1)pancula de arroz saudvel; (b.2) pancula de arroz deteriorada por fungosproveniente da regio escura da plantao (Scussel et al., 2012; Beber-Rodrigues, 2013).

    Figura 2. Arroz com casca e contaminao fngica visvel a olho nu (Scusselet al., 2012).

    FUNGOS ISOLADOS DE ARROZA micobiota de arroz isolada em diversos pases, em seus

    produtos com casca, descascado, polido e parboilizado diversificada e apresenta gneros de campo e de armazena-gem. Os principais gneros fngicos encontrados no arrozforam: Aspergillus e Penicillium. As espcies mais reporta-das foram A. flavus e P. citrinum, em arroz com casca nandia, Argentina e Paraguai e polido na Tailndia, Coria doSul e tambm Argentina e Paraguai. Estes fungos so produ-tores de micotoxinas. A. flavus so os maiores produtoresde AFLs e P. citrinum de CTR. Entre as espcies do gneroFusarium, F. semitectum e F. verticilioides foram as maisreportadas no arroz nestes mesmos pases. F. moniliformeso grandes produtores de FBs. Quanto a contaminaofngica e os gneros isolados de arroz cultivados ecomercializados no Brasil, realizados no cereal com casca,descascado, polido e parboilizado (Tabela 1), os gneroAspergillus e Penicillium estavam presentes em todas asamostras de arroz. As principais espcies encontradas fo-ram A. flavus, A. niger e A. ochraceus, que por sua vez soprodutoras de micotoxinas importantes, tais como as AFLs eOTA. Outros fungos encontrados correspondem aos dos g-neros Alternaria, Cladosporium, Mucor, Rhizopus, entre ou-tros, sendo que algumas espcies destes gneros tambmso passveis de produzir alguns tipos de micotoxinas(Scussel et al., 2012).

    1A 2A

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    Micotoxinas

    Figura 3. Cultivo dos principais gneros fngicos toxignicos encontradosno arroz em (1) meio de cultura PDA e (2) microcultivo: (a) Fusariumverticillioides, (b) Penicillium citrinum e (c) Aspergillus flavus (Scussel etal., 2012; Beber-Rodrigues, 2013).

    1B 2B

    1C 2C

  • GROS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 17

    Acesse: www.graosbrasil.com.br

    Tabela 1. Fungos isolados de diferentes tipos de arroz (Oryzae sativa L.) produzidos e consumidos no Brasil

    CONTAMINAO DE ARROZ POR MICOTOXINASA contaminao por micotoxinas em arroz tem sido re-

    portada em diversos pases e inclui o cereal com casca, des-cascado, integral, polido e parboilizado bem como farelo (Ta-bela 3).

    As micotoxinas mais pesquisadas e encontradas nestesestudos so as do grupo das AFLs, sendo a proporo deocorrncia e nveis de contaminao variados, onde muitasvezes ultrapassam os limites mximos tolerados em legis-laes nacionais e internacionais. Uma importante ocor-rncia foi a relatada por Makunet al. (2007) na Nigria, naqual a contaminao pela AFB1, a mais txica do grupo,estava presente em 46 % das amostras analisadas com n-veis de at 183 g/kg, considerado nvel extremamente altopara esta toxina.

    Alm destas, outras micotoxinas (OTA, ZON, FBs, entreoutras) tambm j foram encontradas em arroz, contudo emnveis frequentemente menores e, portanto, menospreocupantes. Cabe salientar aqui, a CTR detectada em arrozcom casca e parboilizado no Vietnam e India com 13 e 33% depositivas, respectivamente.

    Por outro lado, no Brasil poucos foram os estudos reali-zados sobre a ocorrncia de micotoxinas em arroz nacional.Destes, as micotoxinas mais pesquisadas incluem as AFLs,OTA, ZON e DON (Tabela 4).

    Os dados de contaminao, especialmente no Estado deSanta Catarina (SC) para arroz integral e polido tem sido bai-xas: em amostras comercializadas em Florianopolis (28) eem SC (35) avaliadas para AFLs, OTA e ZON e EST nenhumaapresentou contaminao dentro do LOQ (2 g/kg) (Calvetteet al, 1993; Giordano et al, 2005).

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    Micotoxinas Tabela 2. Nveis de micotoxinas detectadas em diferentes tipos de arroz (Oryzae sativa L.) produzidos e consumidos no Brasil

    Diferente, quando em raes para ces contendo arroz dedescarte da parboilizao, 28% positivas, contendo AFLs (Men-dona et al, 2005). Estas toxinas vm geralmente ocorrendoem propores reduzidas quanto ao numero de amostras,contudo, com nveis variados. A avaliao peridica eabrangente da segurana do arroz produzido e comercializadono Brasil se faz necessria. Considerando o surto ocorridono Maranho, a CTR e CTV, alm de AFLs e OTA, foram detecta-das no arroz coletado nesse perodo levando ao beribri, po-rm seu cultivo era domstico (Tabela 4).

    CONCLUSESA falta ou precariedade do emprego de Boas Prticas Agr-

    colas (BPA), bem como as condies climticas de regiestropicais, sub-tropicais e temperadas e suas variaes detemperatura e umidade no Brasil, propiciam o desenvolvi-mento fngico no arroz (Dors et al, 2009; Hoeltz et al., 2009;Park et al., 2005). Ainda que muitos so os anos de pesquisae da introduo de BPA na produo de arroz e de outroscereais, assim como a aplicao de boas prticas na armaze-nagem, fabricao e sua distribuio, micotoxinas devemsempre ser consideradas.

    Como a proliferao de fungos e essas toxinas so dif-ceis de evitar, sendo geralmente no removidas ou degrada-das pelos processamentos industriais, o monitoramento dacadeia de produo essencial para previnir/controlar acontaminao bem como para avaliar os riscos aos quais osconsumidores so expostos, j que o impacto delas na sadehumana e animal pode ser bastante srio. Portanto, a conta-minao do arroz e seus produtos, bem como outros alimen-tos e raes contendo arroz com micotoxinas corresponde aum problema significativo, tanto em pases desenvolvidoscomo em desenvolvimento pelas variaes ambientais asquais so difceis de controlar afetando direta ou indireta-mente a qualidade do produto cultivado e armazenado (Nuneset al., 2003; Zheng et al., 2006; Moreno et al., 2009; Duarte etal, 2010; Zain, 2011).

  • Aerao

    Aerao Natural e Intensificada.Agregando valor na armazenagem

    Para que possamos compreender este novo conceito va-mos abordar as diversas formas de aerao existentes da"Armazenagem Convencional".

    Armazenagem Convencional: Aerao ForadaA Aerao Forada consiste em fazer passar ar ambiente

    atravs dos ventiladores pela massa de gros, pelos proces-sos (fluxo de ar) da aspirao ou insuflao, assegurando,desta forma, uma boa conserva-o por maior perodo de tem-po, desde que observadas deter-minadas condies de armaze-nagem e operao, como seca-gem homognea, limpeza e mas-sa de gros sem concentraesde impurezas.

    A operao da Aerao For-ada realizada atravs da ve-rificao das temperaturas maiselevadas no interior da massa.Quando esta apresenta uma di-ferena de 6 pontos aproxima-damente acima da temperaturaambiente e uma condio de norealizar secagem (EquilbrioHigroscpico) ligamos os venti-ladores (insuflao) para inici-

    Por: Adriano Mallet| Diretor Tcnico da Agrocult - [email protected] nova forma de armazenagem vem se consolidando junto aos produtores e armazenadores. Trata-se da"Aerao Intensificada" ou "Aerao Natural", um processo que no utiliza aerao, mas sim exaustores noambiente armazenador como silos verticais e armazns graneleiros, viabilizando a sada natural do ar quente emido do interior da massa e possibilitando a entrada do ar ambiente de baixa temperatura.

    ar o resfriamento. Este processo repetitivo at concluirmosa homogeneizao das temperaturas. Nesta situao deve-mos sempre observar itens que provocam a necessidade daAerao Forada: a parte central, onde ocorre a concentra-o de impurezas leves e finas, fragmentos e gros menores,que reduzem a porosidade da massa, possibilitando o aque-cimento na regio central (ver figura 01).

    A outra regio que possui uma temperatura elevada aparte superior da massa de gros, ou seja, metade superiordo silo ou armazm, onde acontece a concentrao do arquente decorrente da conveco natural do ar gerado peloprocesso respiratrio do gro. No ambiente que no possuiExausto, este calor tende a se depositar de forma esttica,primeiro no espao entre o telhado e a massa gerando, nasequncia, condensao e gotejamento sobre os gros. Pode-mos observar este fato quando realizamos a leitura datermometria e verificamos que as temperaturas mais eleva-das esto nos sensores superiores dos cabos (ver figura 02).

    Essa concentrao de ar quente provoca a acelerao res-piratria dos gros e uma diferena de temperatura da re-gio aquecida (quente) em relao a regio abaixo dessa (nor-mal) em mdia de 7C. Esta diferena trmica provoca o fun-cionamento dos ventiladores da Aerao Forada com maiornmero de vezes. Quando realizamos esta aerao, o ar am-

    GROS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 19

    A armazenagem uma das etapas mais importantes no

    agronegcio e na logstica. Adriano Mallet

  • Aerao biente que passa pelo rotor aquece em mdia de 2 a 3C, emfuno da turbulncia e do atrito com as paredes internas doventilador. Com esse aquecimento de temperatura, o ar ambi-ente mudar suas caractersticas iniciais de Temperatura (C)e Umidade Relativa (U.R.), reduzindo o ponto de EquilbrioHigroscpico, secando o gro e consequentemente perdendopeso (kg), aumentando as quebras tcnicas (Perda Quantita-tiva). Este o maior fator que provoca a quebra tcnica nosarmazns, alem do desconhecimento por parte dos operado-res do momento mais adequado para acionar a aerao.

    Outra consequncia que ocorre na Aerao Forada quando iniciamos a ao, onde a massa est com temperatu-ra mais elevada em relao ao ambiente. O ar quente iniciaseu processo de sada e encontra, em algumas situaes, asuperfcie da cobertura do silo/armazm com baixa tempera-tura (fria), ocasionando condensao e consequentementegotejamento sobre a massa, provocando a deteriorao dosgros (ver figura 03). Essa deteriorao resultado da aode microorganismos, insetos, caros, etc..., que utilizam nu-trientes presentes nos produtos para seu crescer e reprodu-zir. Pode ocorrer, tambm, pelo aquecimento provocado pelarespirao do prprio e microorganismos associados - quantomaior a umidade, maior os riscos de deteriorao. Tipos deaerao forada: Resfriamento, Manuteno e Corretiva.

    Armazenagem com Sistema de Exausto: Aerao Intensificada e Natural

    Este tipo de processo tem seu conceito de resfriamentosem o acionamento dos ventiladores. Estaremos descreven-do como acontece e quais as suas vantagens e benefcios emrelao Aerao Forada (armazenagem convencional). Seuprincpio de funcionamento est concretizado na aplicaoda Exausto nos ambientes armazenadores.

    Os gros so organismos vivos, motivo pelo qual respi-ram e devido ao seu processo metablico produzem gs car-bono, gua e calor, sendo estes dois ltimos liberados naforma de vapor. Devemos observar que os trs princpios fsi-cos de propagao do calor na natureza so: conveco, con-duo e radiao. A conveco o principio que comprovaque o ar quente mais leve que o ar frio (pesado - mais den-so), ou seja, o ar quente sobe e o ar frio desce, ambos de

    20 | Revista Gros Brasil | Maro / Abril 2013

    Figura 1 Figura 2

    forma natural. A conveco a forma de transmisso do ca-lor que ocorre principalmente nos fluidos (lquidos e gases).Como o processo respiratrio do gro libera vapor (calormais gua - ar saturado), este estar sofrendo o principionatural da conveco, subindo atravs da massa de grospelos espaos (ar intersticial) criados pela porosidadeintergranular.

    Quando o ambiente armazenador possui um Sistema deExausto (ver figura 04), o vapor originrio da respirao dogro iniciar o processo de conveco natural (correnteconvectiva) atingindo a parte superior da massa e, em conti-nuao, ser retirado do ambiente interno (espao entre co-bertura e o talude superior) atravs da Exausto (ver figura05). Nesse momento estar sendo removido o ar quente e aumidade proveniente do gro.

    Observando esta situao, perceberemos que o fluxo na-tural de sada do ar quente provoca um fenmeno, ou seja,como o ar quente sai de dentro da massa, logo outro ar ocupaeste espao com temperatura mais baixa em relao ao desada, provocando o resfriamento natural sem a utilizaode aerao forada. A entrada deste novo ar se d atravsdas aberturas existentes entre a cobertura e a chapa lateraldo silo vertical e, no caso de armazns, na parte superior daparede (p direito). A este novo processo chamamos de"Aerao Natural Intensificada", pois essa troca continua esua velocidade est diretamente relacionada com as diferen-as das temperaturas (gradiente). Quanto menor for a tempe-ratura externa, mais rpido ser o resfriamento natural. Operodo do dia que tem essa acelerao a noite, onde astemperaturas so baixas (frio) durante a madrugada. A en-trada deste ar (resfriamento), como descrevemos acima, realizada pela parte superior da massa, e, pelo seu peso,comea a penetrar na massa resfriando de cima para baixo.

    Na situao da aerao forada acontece o inverso, debaixo para cima (entrada de ar pelas canaletas localizadasem nvel do piso). A operao da Aerao Intensificada e Na-tural deve ser da seguinte forma: inicia com a aerao fora-da durante a carga do ambiente armazenador at aequalizao das temperaturas. Aps comearmos a observaras temperaturas (duas leituras por dia), perceberemos queexiste uma estabilizao seguida de manuteno de tempera-

  • GROS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 21

    Acesse: www.graosbrasil.com.br

    Figura 5

    Figura 3

    Figura 4

    turas baixas, sem a necessidade de acionar os ventiladores.Nota: aps a concluso do resfriamento devemos fechar

    as entradas de ar dos ventiladores para evitar a fuga do arfrio por essas sadas. Podemos evidenciar essa fuga do arfrio quando observamos o rotor do ventilador girando nosentido contrario ao de insuflao.

    Para uma maior compreenso importante descrever eexplicar esse processo de conveco que simples fisica-mente: quando certa massa de um fludo (ar-vapor) aquecida,suas molculas passam a mover-se mais rapidamente, afas-tando-se umas das outras. Como o volume ocupado por essamassa fluda aumenta, a mesma torna-se menos densa, ten-dendo a sofrer um movimento de ascenso e ocupar o lugardaquelas que esto a uma temperatura inferior (baixa-frio).A parte do fluido mais frio (mais denso) move-se para baixotomando o lugar que antes era ocupado pela parte do fluidoanteriormente aquecido. Este processo ocorre no interior damassa de gros quando o ambiente armazenador possuiexaustores na cobertura.

    O resfriamento natural sem a aplicao da aerao for-ada gera ao armazenador mais duas vantagens: reduo doconsumo de energia eltrica, pela no necessidade de reali-zar a aerao (a massa j est a uma temperatura baixa) ereduo da quebra tcnica. Importante reforar que sempreque realizamos aerao forada poderemos estar secando ogro, conforme j dissemos acima.

    Aliado situao da Aerao Natural Intensificada, que uma frente de ar vertical e contnua, esse fluxo contribui paraa reduo do surgimento de gros ardidos no interior damassa (ver figura 06).

    Quando realizamos aerao forada, a variao das con-dies de temperatura e umidade relativa impede que elaseja executada de forma contnua, obrigando que seja reali-zada por etapas, ou seja, quando temos uma condio ideal,acionamos os ventiladores e desligamos quando as condi-es climticas ficam desfavorveis, e assim sucessivamen-te. Quando iniciamos a aerao, criamos internamente umafrente de resfriamento no interior da massa, com trs zonasdistintas: Zona Resfriada, Zona de Transio e Zona a Resfri-ar. A Zona de Transio vai se movimentando de acordo coma frequncia de vezes que fazemos aeraes e composta degua e calor que so oriundos da Zona Inferior (Resfriada)(ver figura 07). Este ambiente quente e mido provoca maiorintensidade respiratria, aumentando a temperatura e osurgimento de gros ardidos. O processo respiratrio nosgros acelerado pela prpria reao, a qual aumenta o teorde umidade do produto e temperatura. O aumento da umida-de do gro tem presena de gua metablica resultante dastransformaes qumicas do processo. Com a Exausto, essaZona de Transio adquire uma movimentao vertical cont-nua pela conveco natural do ar quente (correnteconvectiva), reduzindo riscos de surgimento de ardidos.

    Outra situao decorrente da aerao forada que con-vivemos na armazenagem, quando conclumos o processode resfriamento da massa e a Zona de Transio permanecena massa. A forma que detectamos o trmino observando

  • 22 | Revista Gros Brasil | Maro / Abril 2013

    Aeraoa homogeneizao da temperatura interna atravs datermometria. A principio detectamos a concluso dessa fren-te, mas, na prtica, observamos que ainda permanece umaparte final da Zona de Transio no interior da massa, pro-vocando de forma desconhecida pelo operador a elevaoda temperatura nessa regio por estar envolvida numa at-mosfera com umidade relativa alta. Com a aplicao daExausto (ver figura 08), essa regio final sair da massade forma natural, evitando novos aquecimentos e gros ar-didos.

    Reforamos a importncia de investirem em tecnologiasque possibilitem alcanar resultados que viabilizam seucrescimento e diferencial no mercado. A armazenagem umadas etapas mais importantes no agronegcio e na logstica.Acima buscamos transmitir algumas instrues tcnicas eapresentar formas de evitar perdas j do conhecimento detodos.

    O desafio de minimizar as perdas qualitativas (manuten-o da integridade do gro) e quantitativas (quebra tcnica) um trabalho contnuo dos Produtores Rurais eArmazenadores Brasileiros.

    Figura 6

    Figura 7

    Figura 8

  • GROS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 23

    Fontes de perdas no transporte de grosda lavoura at a unidade armazenadora

    Um pas de terra frtil, que tem como base econmica orelevante nmero produtivo de gros e a produoagrcola cresce mais rpido que a infraestrutura dearmazenagem e transporte, enfrentando dificuldadeslogsticas em perodo de safra, devido ao baixo investi-mento no setor.

    Por: Prof. Carlos Caneppele | [email protected] C. de Carvalho Neres | [email protected] H. de Almeida Sardinha | [email protected]

    Pesquisa

    Prof. Carlos CaneppeleMestre em Cincias dos Alimentos

    [email protected]

    O transporte dos gros das fazendas s cidades consumi-doras e aos portos se d, principalmente, de forma rodovi-ria, com caminhes que muitas vezes no esto em condiesadequadas, ocorrendo perdas de parte da carga granuladadevido s trepidaes.

    Segundo produtores, representantes de cooperativas e deempresas transportadores so as pssimas condies dasestradas, desde as que esto nas propriedades rurais, oumesmo as municipais, estaduais e federais que provocam asmaiores perdas de gros no transporte.

    Dados indicam que a cada safra de gros, cerca de R$ 2,7bilhes so perdidos no transporte, equivalente a 14 milhesde toneladas, o que significa aproximadamente 488 cami-nhes totalmente carregados. Este valor aumenta mais aindaquando mencionamos a falta de silos e graneleiros para aarmazenagem da produo agrcola. Por contrato, perda notransporte, quando maior que 0,2%, bancada pelo prpriotransportador. Mas o impacto econmico sentido em toda acadeia produtiva at o consumidor final, que acaba pagandomais caro pelo produto.

    Logstica para Gros no BrasilA logstica um ramo da gesto cujas atividades esto

    voltadas para o planejamento da armazenagem, circulao edistribuio de produtos. Um dos objetivos mais importan-tes da logstica conseguir criar mecanismos para entregaros produtos ao destino final, num tempo mais curto possvelreduzindo perdas e custos.

    A logstica de gros no Brasil encontra-se de forma ultra-passada, pois no teve investimentos para o seu desenvolvi-mento e o sucesso esperado. A adaptao para um melhortransporte de gros encontra como obstculo as poucas al-ternativas de escoamento da produo, sendo que no Brasil oprincipal canal o rodovirio. A falta de investimento eminfraestrutura, conservao dos veculos, fiscalizao nas

  • 24 | Revista Gros Brasil | Maro / Abril 2013

    Pesquisa rodovias afeta desde o plantio at a entrega de gros apsestes serem colhidos.

    Veculos utilizados no transporte de grosNas rodovias do Brasil, os veculos mais utilizados para

    realizar o transporte de gros so os chamados caminhesgraneleiros. Esses caminhes so cobertos por lonas feitas defios de polister e revestidas de PVC; o que no permite umatotal vedao ao que se refere umidade. Muitas vezes essaslonas se desprendem, ficando soltas e em casos extremos pos-suem rasgos que favorecem a perda do produto transportado.

    O Conselho Nacional de Trnsito - CONTRAN define o pesomximo por eixo que pode ser carregado pelos veculos. Estelimite deve-se ao fato que quanto maior a fora que os pneusaplicam sobre a camada de asfalto, maior ser a degradaodeste. Assim, os caminhes podem levar muito peso, desdeque ele esteja distribudo por vrios eixos.

    Um dos fatores que tambm contribui com essas perdas que as condies ideais seriam que o percurso dos cami-nhes com carga seria no mximo 300 km e depois o produtoseria armazenado e outro destino ser dado aos gros. O quena prtica no ocorre, pois os caminhes retiram a carga deum fornecedor e os mesmos entregam ao cliente (ou outrofornecedor) chegando a percorrer at 2.000 km de uma s vez.

    Perdas de grosParte significativa das perdas ocorre durante a colheita

    mecanizada, reduzindo produtividade e rentabilidade da ope-rao, acarretando em prejuzo ao produtor. Em pases de gran-des dimenses territoriais como o Brasil, os ndices de perdastende a serem maiores na ps-colheita, dadas a disperso daproduo, distncia aos mercados consumidores, portos paraexportao e a deficincia da rede de armazenagem.

    Geralmente, difcil determinar um ndice exato de per-das devido s seguintes razes: Mtodo para calcular perdasque seja ao mesmo tempo simples, rpido, seguro e univer-salmente aplicvel.

    Perdas na colheitaA colheita mecanizada tem experimentado grande evolu-

    o tecnolgica, buscando maior eficincia. As perdas nacolheita so influenciadas pelos seguintes fatores: preparodo solo inadequado, semeadura, espaamento e densidadede plantas, cultivares inadequadas, ocorrncia de plantasinvasoras, atraso na colheita, umidade dos gros incorreta,velocidade de deslocamento da colhedora, regulagem inade-quada, estado de conservao dos maquinrios e falta detreinamento dos operadores.

    Perdas no transporteOs buracos e as irregularidades nas estradas podem cau-

    sar a trepidao do compartimento de carga do caminho.Essa trepidao faz com que os gros oscilem e se desloqueme caso existam falhas na carroceria, os gros tm por ondepassar e cair. Evitar a perda de gros durante o transporte um ponto relevante tambm do ponto de vista fitossanitrio.

    Figura 1. Perdas no transporte nas estradas

    Foi realizado o acompanhamento em sete propriedadesno perodo da colheita de milho da safra 2011/2012. Nestaspropriedades foi diagnosticada a forma como o processo decolheita e transporte dos gros at o armazm era realizado.Em algumas destas propriedades o transporte era realizadoda lavoura at as Unidades armazenadoras da prpria pro-priedade e outras o produto era transportado at a UnidadeArmazenadora mais prxima

    Sabe-se que os caminhes que partem das lavouras aoscentros de estoque e abastecimento utilizam estradas vicinaisno pavimentadas, o que contribui para a ineficincia dosistema produtivo e para a perda de carga devido s irregula-ridades do terreno.

    O excesso de carga e sem a colocao adequada da lonafaz com que os gros caem devido s trepidaes das estradas.

    Nas estradas estaduais, municipais ou nas fazendas noest sendo realizado o controle de pesagem, assim os cami-nhes transportam cargas superiores capacidade dos mes-mos, fazendo com que ocorrem perdas e tambm danificaodas estradas. Sem considerar o desgaste e quebra das peasdos caminhes.

    Os caminhes que transportaram gros, tanto da lavourapara o armazm particular ou da lavoura at a cidade geral-mente no esto enlonados, mas todos possuem a lona juntocom o caminho, pois nas Unidades de recebimento earmazenadoras a presena da lona um fator obrigatriopara realizar a descarga dos caminhes.

    Durante o acompanhamento do trajeto da lavoura at oarmazm e o retorno para a lavoura, percebeu-se que muitasdas perdas observadas nas estradas ocorrem no retorno doscaminhes das empresas onde fazem o descarregamento, poisno h um sistema de limpeza, varredura, ou utilizao de arpara retirar os gros depositados sobre os pneus dos cami-nhes, carroceria, estepe, molas, tanque etc. Neste sistemarecomenda-se maior rigor no processo de descarga dos ca-minhes nas unidades recebedoras de gros.

  • GROS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 25

    Informe Empresarial

    Figura 2. Perdas no retorno das Unidades Armazenadoras.

    Foram observadas perdas no carregamento dos cami-nhes e no deslocamento (trajeto at o armazm), pde-severificar que a descarga da colhedora os gros podem baternos arcos da carroceria que sustentam as lonas dos cami-nhes e carem no cho, ocorrem principalmente devido alta rotao do sistema de descarga da colhedora.

    Figura 3. Sistema de descarga da colhedora.

    No processo de carregamento, o sistema de descarga damquina colhedora continuou funcionando e desperdiandogros de milho dentro dos prprios talhes de colheita e nasestradas, isso provavelmente ocorreu devido falta de trei-namento do operador juntamente com a pressa de terminar oprocesso de colheita.

  • 26 | Revista Gros Brasil | Maro / Abril 2013

    Pesquisa Em entrevistas realizadas com os caminhoneiros foi cons-

    tatado que um caminho com 28 toneladas de capacidadepode perder at 350 kg, isso equivale a 1,25% das perdas. AsEmpresas transportadoras toleram de 20 a 25 Kg de perdasem um caminho com esta capacidade, que equivale a menosde 0,2%. Foi observado que caminhes com carrocerias malvedadas e estradas esburacadas podem ocasionar perdas deat 2%.Figura 4. Tipos de caminhes encontrados nas fazendas dos diferentes pro-dutores.

    Figura 4A. Caminho Bitrem Graneleiro

    Figura 4B. Caminho Truck

    Figura 4C. Caminho Truck

    Figura 4D. Caminho Basculante

    Dentre os locais avaliados, pde-se verificar que no mo-mento do carregamento dos caminhes ocorria muita perdade gros.

    Foram realizadas coletas de gros no carregamento e ve-rificado gros perdidos na lateral do caminho.

    evidente a necessidade de mais investimentos e demelhoria da infra estrutura para que o transporte de cargasagrcolas seja mais eficiente, diminuindo a perda de produ-o e o custo operacional dos veculos. A necessidade derenovao da frota existente soma-se expanso doagronegcio brasileiro como fator determinante para o de-senvolvimento do mercado de transporte de gros.

    Figura 5. Perdas por excesso de carga nos caminhes.

    Algumas ConsideraesDevem ser tomadas medidas para minimizar as perdas no

    transporte de milho da lavoura at a unidade recebedora earmazenadora de gros:

    Um maior controle do tipo e forma de vedao dascarrocerias dos caminhes que transportam gros a granel;

    Selecionar e no utilizar caminhes indevidos e noprojetados para carregamento de gro;

    Melhorar a conservao das rodovias e estradas vicinais;

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    Aumentar o investimento em modais alternativos, casodo transporte ferrovirio, poder reduzir o derrame de grosnas rodovias federais;

    Tomar cuidados com caminhes com restos de outros pro-dutos ou avarias na carroceria com vazamentos devero serimpedidos de realizar novos carregamentos;

    Recomendar a tranca das bicas das carrocerias com ca-deado, arames ou lacres especficos;

    O treinamento dos operadores de colhedoras e motoris-tas de caminhes e trabalhadores da recepo de gros nasunidades de armazenamento que vo trabalhar na safra degros fundamental para reduo de perdas durante a co-lheita e transporte.

    Orientar os motoristas para que enlonam os caminhesno momento do transporte de gros.

    Recomendar cuidado e reduo da rotao do sistema dedescarga das mquinas colhedoras no momento da descargados gros no caminho, principalmente quando a carroceriaestiver quase cheia.

    Sugerem-se desenvolver uma campanha, atravs pales-tras, folders, junto aos motoristas e representantes de trans-portadoras com o objetivo de reduzir perdas de gros nasestradas, procurando orient-los das conseqncias que es-sas perdas podem ocasionar.

    Sabemos dos elevados custos de produo e transporte eindustrializao de gros, por isso so importante que sejamdirecionados os recursos para reduzir as perdas ps-colheita.

    A continuidade nesta tarefa de investigar na busca infor-maes e solues para a reduo das perdas no transportedesde o campo de produo at a indstria fundamentalpara o melhoramento da cadeia produtiva de alimentos.

  • 28 | Revista Gros Brasil | Maro / Abril 2013

    Controle de Pragas

    Problemas Estruturais e Operacionaisno Controle de InsetosO rpido crescimento da populao mundial vem exigindo a produo de volumes cada vez maiores de gros, quenecessitam ser armazenados e processados, para serem consumidos na medida das necessidades. O ataque de insetos,fungos e caros nos armazns, silos e depsitos agroindustriais, assumem tambm cada vez maior importncia.

    Por: Eng. Agr. Rubens Stresser (in memorian)| Tecnigran | [email protected]

    Por outro lado, o surgimento de raas de insetos toleran-tes e/ou resistentes aos inseticidas atualmente utilizados,faz com que o combate aos mesmos exija conhecimentos cadavez mais profundos e uma tecnologia cada vez mais exigente.

    Assim sendo, pareceu-nos oportuno relacionar e acres-centar alguns comentrios sobre os problemas frequentemen-te encontrados na preveno e controle de insetos, caros efungos, nas unidades armazenadoras e de beneficiamentoem nosso pas.

    Na dcada de 1970, para fazer frente falta de armaznsgerada pelo explosivo aumento da produo agrcola em nos-so pas, no houve um melhor planejamento e assessoria, nosentido de que as unidades armazenadoras construdas comrecursos governamentais - em especial os silos metlicos epr-moldados de concreto - oferecessem a necessriahermeticidade, a fim de possibilitar o bom xito na realiza-o de expurgos com fosfina.

    Na verdade, os engenheiros civis convocados para ela-borar projetos de silos e armazns, sem possuir os conheci-mentos mais elementares sobre armazenamento de gros,cometeram erros grosseiros, que at hoje comprometem eat mesmo inviabilizam por vezes, algumas prticas neces-srias ao bom armazenamento e conservao de gros.Como exemplos, podemos citar a falta de ventilao naturalnos tetos das unidades, elevadores e correias transporta-doras com baixa capacidade de movimentao, instaladasem armazns com alta capacidade de estocagem, impossi-bilidade de retorno do produto estocado nas clulas paraas moegas, aerao mal dimensionada, etc. etc.. So os cha-mados "problemas estruturais", que passamos a analisarna sequncia.

    PROBLEMAS ESTRUTURAISNos Silos Metlicos:- Falta de vedao nas bordas de juno das chapas me-

    tlicas, na base do silo, na base do cone da cobertura, nastampas de inspeo, nas tubulaes de carga e descarga e naentrada dos dutos de aerao;

    - Infiltraes de umidade determinadas pela falta devedao nos orifcios dos parafusos e bordas de juno daschapas metlicas;

    - Falta de moegas para a separao de cargas com dife-rencial de umidade superior a 3 pontos, a fim de permitir

    uma secagem uniforme dos gros;- Falta de aerao ou aerao mal dimensionada provo-

    cando em determinadas pocas do ano, trocas trmicas, comexcessiva condensao (migrao de umidade).

    Nos Silos e Armazns de Concreto:Os silos pr-moldados e os armazns graneleiros foram,

    na verdade, concebidos e construdos nas regies produto-ras, visando a coleta, limpeza e secagem das safras, cujosprodutos deveriam ficar estocados nos mesmos, no mximouns 3 ou 4 meses. Paralelamente, o plano governamental pre-via a construo, nas regies de consumo, de silos e arma-zns intermedirios e terminais de unidades hermticas, do-

  • GROS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 29

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    tadas de termometria, aerao, etc., onde seriam mantidosos estoques reguladores. Faltou dinheiro para completar oplano e assim, nos anos de safras abundantes, boa parte dosprodutos colhidos ficam estocados por um ou mais anos,nessas unidades coletoras, nas quais podemos encontrar osseguintes problemas:

    - Trincas nas paredes e pisos, devidas acomodao dosolo e ao recalque provocado pelo peso do cereal estocado;

    - Falhas na concretagem, determinando fissuras e/ouporosidade nas paredes dos silos e armazns graneleiros;

    - Trincas nas junes das placas pr-moldadas;- Infiltraes devidas a eventual lenol fretico superficial;- Infiltraes de guas pluviais devido trincas nas pare-

    des, pisos e caladas externas;- Falta de moegas para a separao de cargas com dife-

    rencial de umidade superior a 3 pontos, o que impede umasecagem homognea da massa de gros;

    - Falta de mquinas de pr e ps-limpeza suficientes paraatender a demanda nos "piques" das safras. Como se sabe,a presena de poeira, palhas, pedras, gros chochos e/oudanificados, facilitam a proliferao dos insetos e dificul-tam enormemente os tratamentos, tanto preventivos comocurativos;

    - Falta de secadores com capacidade compatvel com ovolume de gros a ser estocado, mormente nos anos excessi-vamente chuvosos no perodo de colheita;

    - Falta de aspiradores/captadores de p. oportuno res-saltar aqui, que a poeira resultante da movimentao doscereais e/ou ataque de insetos, alm de oferecer riscos deexploso de p, a maior fonte de salmonella, nas unidadesarmazenadoras e tambm nos moinhos, fbricas de raes,etc., motivo pelo qual deve ser eliminada tanto fora comodentro das unidades;

    - Falta de aerao ou equipamentos de aerao maldimensionados;

    - Cabos de termometria, tubulaes de carga e descarga eentrada de dutos de aerao dificultando uma vedao per-feita;

    - Localizao geogrfica inadequada em relao aos ven-tos dominantes na regio, determinando excessivacondensao da umidade;

    - Falta de ventilao no telhado ( chapu chins e/ou exaus-tores eltricos ou elicos ) para permitir a retirada do arquente e mido, que se acumula na parte superior da unida-de. A propsito, bom lembrar, que os armazns com cober-tura metlica esto sujeitos em determinadas pocas do ano, excessiva condensao de umidade, que provoca uma ver-dadeira "chuva" sobre os gros.

    Nos Armazns Convencionais Comuns e/ou Granelizados:- Falta de manuteno dos telhados, calhas e tubos cole-

    tores de guas pluviais. As goteiras e infiltraes so as gran-des responsveis pelo umedecimento e a consequente proli-ferao de insetos e fungos nos gros estocados nessas uni-dades armazenadoras;

    - Dificuldade de movimentao do cereal estocado(transilagens);

    - Falta de aerao e ventilao no teto. sabido, que umaaerao bem dimensionada constitui a melhor opo para amanuteno de uma temperatura uniforme e para prevenir acondensao da umidade, principalmente nas unidades comcobertura metlica, que em determinadas poca do ano favo-recem de tal modo a condensao, que chega a "chover" so-bre os produtos estocados;

    - Falta de moegas para permitir a separao de cargas deprodutos com teores de umidade no compatveis;

    - Quando necessria a formao de "piscinas" para oarmazenamento a granel, o trabalho caro e demorado exi-gindo, alm do mais, equipamentos apropriados e pessoaldevidamente treinado.

    Nos Armazns Plsticos Inflveis e/ou Estruturados:- Dificuldades operacionais de toda natureza. So exce-

    lentes para situaes emergenciais, mas nunca para solucio-nar problemas de armazenamento;

    - Nas regies mais quentes do pas provocam grande que-bra de peso fsico nos produtos estocados;

    - A estocagem prolongada de arroz em casca, como jocorreu no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondnia,resulta em elevadas quebras de gros na ocasio dobeneficiamento;

    - Elevado custo de movimentao e manuteno.

  • 30 | Revista Gros Brasil | Maro / Abril 2013

    Controle de Pragas PROBLEMAS OPERACIONAIS

    Na preparao da unidade armazenadora e /ou industrial,para a recepo de produtos de uma nova safra.

    A limpeza e higienizao dos silos e armazns, depsitos,mquinas, equipamentos, passarelas, poos dos elevadores,etc., so absolutamente essenciais e representam umaltssimo percentual no sucesso de um perfeito controle deinsetos, fungos e caros. Condies de limpeza inadequadastanto no interior como em torno das unidades armazenadorase/ou industriais, devem ser evitadas a qualquer custo.

    Para se obter xito pleno na preparao da nova safra,seria ideal que todo o remanescente de produtos da safraanterior fosse retirado, para que se possa eliminar a maisremota possibilidade de existncia de focos de infestao.Entretanto, isto nem sempre possvel e o responsvel tcni-co esbarra muitas vezes, em outros problemas, como a au-sncia de secadores e mquinas de limpeza, com capacidadecompatvel com o volume de gros a ser recebido e estocado,mormente nos anos com transcurso climtico irregular e ex-cessivamente chuvoso no perodo da colheita.

    Tambm, a adequada secagem e limpeza dos gros amelhor preveno ao desenvolvimento de insetos, caros,fungos e micotoxinas, pois o cereal mido com impurezaspredispe ao ataque dos mesmos. Alm dos danos fsicos queos insetos provocam, contribuem ainda, para a dissemina-o de bactrias nocivas, como a salmonella, streptococcuse escherichia, que trazem em seus intestinos e que so capa-zes de infectar pessoas e animais.

    Derrames de gros, farinhas e raes, devem ser imedia-tamente limpos, pois alm de prevenir a proliferao de inse-tos, fungos, caros e ratos, diminuem ainda, as possibilida-

    des de exploso de p e incndios.Na recepo do produto, especial ateno deve ser dada

    amostragem das cargas, no sentido de evitar o recebimentode gros j infestados. Neste caso, a carga dever ser devol-vida ou, se possvel, expurgada em local separado.

    Na aplicao de inseticidas lquidos:As falhas e/ou insucessos que eventualmente possam

    ocorrer na aplicao dos inseticidas lquidos podem ser atri-budos :

    - Escolha de inseticidas no indicados (s) espcie(s)infestante(s);

    - Emprego intencional ou acidental de sub-dosagens. Mui-tas vezes, objetivando o "barateamento" das aplicaes , assubdosagens acabam por favorecer o surgimento de espciesde insetos tolerantes aos inseticidas utilizados;

    - M distribuio da calda na massa de gros devido uti-lizao de:

    a) equipamento inadequado;b) bicos aspersores com vazo no compatvel com a ca-

    dncia de passagem dos gros na esteira de transporte;c) ausncia ou mau posicionamento das paletas

    homogeneizadoras;- Equipamento de pulverizao mal conservado, com bi-

    cos aspersores j desgastados pelo uso, no permitindo amanuteno de uma vazo uniforme, compatvel com a pas-sagem de gros ;

    - Variao da tenso eltrica provocando oscilaes narotao e presso da bomba do pulverizador e,consequentemente, na vazo dos bicos aspersores;

    - Presena de alto teor de impurezas ( poeira, palha, terra,pedras, gros danificados, etc. )que determinam uma perda - poradsoro - do ingrediente ativo doinseticida. Na total impossibilida-de de passar o produto na mqui-na de limpeza, torna-se necess-rio aumentar a dosagem do(s)inseticida(s) eleito(s);

    - Produto j bastante infesta-do. Neste caso, obviamente o tra-tamento preventivo no seria o in-dicado e, sim, um expurgo;

    - Tratamento na correia comfluxo de passagem dos gros irre-gular (flutuante) ou desconhecido,gerando a aplicao desubdosagens;

    - Produto com excessivopercentual de umidade, determi-nando a prematura degradaodo(s) inseticida(s). Neste tpico,convm ressaltar, que devem serevitados os tratamentos de grosrecm-sados dos secadores. Almda dificuldade de se manter umacadncia uniforme na movimen-

  • GROS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 31

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    tao dos gros, devido descarga irregular dos secadores,h o inconveniente do calor remanescente nos gros, contri-buir para o surgimento de fungos, devido condensao daumidade e consequente degradao do(s) inseticida(s)aplicado(s);

    - Utilizao no preparo da calda, de gua com altaalcalinidade ( pH > 9 );

    - Falta de acompanhamento do operador, no caso de entu-pimento de bicos, rompimento ou vazamento de mangueirasou falta de calda no tanque durante a operao, principal-mente durante a noite;

    - Falta de treinamento adequado dos operadores.

    Na realizao de expurgos: Sem considerar o fator temperatura, que deve ser superi-

    or a 15 C - comum na maior parte do pas - o bom xito narealizao dos expurgos se assenta, basicamente, no "trip"vedao, dosagem e tempo de exposio. Todavia, mesmoobedecidas estas regras fundamentais, muitas vezes osexpurgos deixam a desejar. Dentre as causam que podem con-tribuir para o insucesso, podemos mencionar:

    - Falta de preparo do tcnico responsvel e de treinamen-to da equipe de operadores, induzindo a erros no clculo dadosagem e na aplicao (distribuio) da fosfina na massade gros;

    - Falta de "porosidade" da massa de gros, determinada

    pela forma e tamanho dos gros e pela presena de impure-zas, principalmente partculas finas constitudas por poei-ras, palhas, terra, etc.. Quanto maior for o espao inter-gros,maior o xito da operao;

    - Compactao da massa de gros devido a um longo tem-po de estocagem, o que exige a prvia transilagem do produto;

    - Excesso de umidade e elevada temperatura da massa degros, que vo acelerar a decomposio dos comprimidos e/ou pastilhas e, consequentemente, a liberao muito rpidada fosfina, o que pode, inclusive, resultar em combusto es-pontnea, com risco de exploso;

    - Fendas e/ou porosidades nas paredes e pisos(concretagem mal feita ) e, tambm, falhas na vedao das

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    Microoganismos tampas de inspeo, tubulaes de carga e vlvulas de des-carga de gros, dutos e cabos da termometria, tubulaes deaerao, ou ainda, utilizao de lonas plsticas em mauestado de conservao ou inadequadas finalidade ( lonaspretas ), etc.. Especial ateno deve ser dada s vlvulas dedescarga localizadas no tnel dos graneleiros que,preferentemente deve ser previamente vedado nas extremida-des, com papel betuminado e/ou lonas plsticas coladas noconcreto. A saturao do tnel exige dosagem extra de fosfina,calculada com base no volume do mesmo. Os "pontos de es-cape" da fosfina podem ser detectados com o uso de uma tirade papel de filtro embebido com algumas gotas de uma solu-o de nitrato de prata a 10%, que imediatamente escurececom a presena do gs;

    - Nos armazns graneleiros dotados de termometria, adificuldade de se obter uma vedao que assegure a realiza-o de expurgos bem sucedidos, assume maiores propores. necessrio, que no enchimento do armazm e/ou clula, oscabos de termometria sejam mantidos no prumo e todos nomesmo alinhamento. Do contrrio, haver dificuldade no fe-chamento dos mdulos de lonas plsticas, que devem serconfeccionadas sempre, com folga de no mnimo 1 metro nasextremidades, com velcros duplos, de 5 a 6 cm cada. E, emcada cabo, haver necessidade de se empregar fitas adesivasplsticas, para completar a vedao junto ao mesmo;

    - Em se tratando de silos que no estejam totalmente chei-os, caso no seja possvel vedar com lonas plsticas coloca-das na superfcie dos gros, alm da dosagem calculada combase no peso do produto a ser expurgado, necessrio satu-rar tambm com fosfina, com base no volume, a rea vaziaacima da massa de gros;

    - Muita concentrao de pastilhas e/ou comprimidos defosfina nos pontos de aplicao na massa de gros. O presultante da decomposio pode impedir o acesso da umi-dade do ambiente s demais, bloqueando assim, a liberaodo gs;

    - Para prevenir o surgimento de resistncia de insetos, oITAL vem recomendando um tempo de exposio de, no mni-mo, 120 horas;

    - Sempre que se constatar algum insucesso na realizaode expurgos, sem que se possa encontrar uma explicaoplausvel, conveniente encaminhar amostras do produtoinfestado, com os insetos vivos, ao ITAL e/ou outro rgo depesquisa, que possua tcnicos capacitados para a detecode uma possvel resistncia dos insetos infestantes, fosfinautilizada.

    OUTROS PROBLEMASEventualmente, podem surgir outros problemas que

    independam da ao da equipe e do responsvel pela unida-de armazenadora e que nada tem a haver com os j acimamencionados. Contudo, certamente tero influncia no resul-tado final, ou seja, no sucesso ou insucesso da operao.Entre eles podemos lembrar:

    - Falta de limpeza e higienizao de vages e/ou cami-nhes de transporte, que frequentemente transitam com res-duos de gros infestados;

    - Existncia de vegetao em torno ou mesmo prximo dosarmazns abrigando em suas folhagens, cascas e/ou frutos,as pragas de gros;

    - Existncia nas proximidades, de outras armazenadoras,cerealistas, lavouras infestadas, etc. que podem constituirfocos de infestao.

    CONSIDERAES FINAISApesar da assistncia tcnica e dos cursos de

    armazenamento que tm sido ministrados a partir de 1970,tanto por entidades particulares, como oficiais, a baixatecnologia, ou seja, a no aplicao dos princpios funda-mentais de manejo das massas de gros, ainda uma cons-tante, mesmo nas regies mais adiantadas do nosso pas.Seja por desconhecimento ou, principalmente, pelo desejo demanter elevadas as taxas de ocupao dos armazns, muitasvezes no so observadas as regras bsicas necessrias boa conservao dos gros estocados, como seja, o esvazia-mento peridico da unidade armazenadora, a fim de possibi-litar uma boa limpeza e higienizao, absolutamente indis-pensveis eliminao dos focos crnicos de infestaes.

    bastante frequente, tambm, a sobreposio e/ou mis-tura de produtos remanescentes de safras anteriores, j por-tadores de infestaes, com produtos da nova safra. Em algu-mas regies do pas, poca dos estoques reguladores dogoverno, era possvel encontrar, por exemplo, milho de diver-

  • GROS BRASIL - DA SEMENTE AO CONSUMO | 33

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    sas safras estocadas na mesma unidade armazenadora, quealm do mais, no possua sequer divisrias (clulas) neces-srias separao dos produtos. Isto inviabiliza a obtenode qualquer sucesso no controle de insetos, fungos e caros.

    Em nosso entender, dentro do conceito de que " maisfcil prevenir do que remediar", o correto armazenamentodeve se desenvolver, prioritariamente, dentro de umametodologia preventiva, afim de se evitar, tanto quanto pos-svel, que os produtos estocados sejam infestados.

    Cabe, portanto, aos responsveis pelas unidadesarmazenadoras, sejam coletoras, intermedirias ou termi-nais, a grande responsabilidade de treinar e conscientizar aequipe de operadores, a fim de evitar as infestaes e a

    consequente deteriorao dos produtos colocados sob suaguarda.

    O encaminhamento de produtos j infestados s indstri-as moageiras pode resultar em srias consequncias. Porexemplo, um trigo infestado, comRizopertha dominica, quan-do modo, apresentar, por certo, na farinha resultante, umaquantidade de ovos aptos suficientes para garantir a eclosodo referido inseto no macarro que for fabricado com a mes-ma. Isto ocorre por que os ovos so de dimenses to diminu-tas que, no processo de moagem chegam a passar pelas pe-neiras de seda e/ou nylon. Por isso, consideramos totalmen-te correta a posio dos moinhos que tem como norma, adevoluo de cargas de trigo j infestado e, at mesmo cominsetos vivos. Por maiores que sejam os cuidados com ahigienizao de suas instalaes, maquinaria e demais equi-pamentos, no caso de recepo de matria prima j compro-metida, os moleiros enfrentam o srio risco de infestar todo oproduto estocado na indstria e, ainda mais, serem posteri-ormente autuados pelas autoridades sanitrias, pelos eleva-dos resduos (fragmentos) de insetos em suas farinhas.

    A propsito, sempre importante lembrar, que a Portarian 74, de 04.08.94, que substituiu a Portaria n 01, de 04.04.86,da Secretaria de Vigilncia Sanitria, do Ministrio da Sa-de, publicada no Dirio Oficial da Unio em 05.08.94, esta-belece em seu artigo 1, o limite mximo de tolerncia de 75(setenta e cinco) fragmentos de insetos, ao nvel do micros-cpio, em 50 ( cinquenta) gramas de farinha de trigo, na m-dia de 3 (trs) amostras, no sendo tolerada qualquer indica-o de infestao viva.

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  • 34 | Revista Gros Brasil | Maro / Abril 2013

    Panorama

    Safra recorde de gros indica necessidadede investimento em logstica earmazenamentoO rpido crescimento da populao mundial vem exigindo a produo de volumes cada vez maiores de gros, quenecessitam ser armazenados e processados, para serem consumidos na medida das necessidades. O ataque de insetos,fungos e caros nos armazns, silos e depsitos agroindustriais, assumem tambm cada vez maior importncia.

    Por: Pedro Peduzzi | Reprter da Agncia Brasil

    Uma srie de fatores contriburam para que o Brasil pos-sa bater, novamente, recorde na produo e na produtividadede gros estimada pela Companhia Nacional de Abasteci-mento (Conab). O que, por um lado, uma tima notcia parao pas, por outro deixou mais evidentes algumas dificuldadespara escoar e armazenar gros.

    Falta de [locais] para armazenagem [em certo aspecto]bom, porque um indicador de que a produo est avanan-do. At porque a produo cresce mais rpido do que armaze-nagem [para, a partir desse cenrio, haver estmulos para no-vos investimentos], disse o secretrio de Poltica Agrcola doMinistrio da Agricultura, Neri Geller, durante a divulgaodo levantamento da safra de gros 2012/2013.

    Segundo o secretrio, a safra recorde aconteceu devido adiversos motivos. Entre eles, ao fato de o setor estar maisorganizado, de haver uma poltica agrcola mais definida e estrutura de armazenagem existente. Contribuiram tambm omercado internacional aquecido, o clima favorvel, os inves-timentos feitos em tecnologia, os investimentos emmaquinrios, solo e estruturas, alm do crdito.

    Em especial, s facilidades que o produtor teve para acessarfinanciamentos pblicos como o crdito rural, acrescentou o

    diretor de Poltica Agrcola e Informaes da Conab, Slvio Por-to. Ele cita o fato de que 45% da rea plantada destinada aomilho recebeu esse tipo de financiamento. O mesmo, segundoele, se aplica a 38% das reas onde a soja foi cultivada.

    A safra de gros dever atingir a marca de 185 milhes detoneladas, novo recorde de produo no Brasil. Se confirma-da a estimativa, a produo de gros ser 11,3% maior doque a registrada na safra anterior. A produtividade tambmcresceu, e dever ser a maior j registrada, com 3,5 toneladaspor hectare, informou o ministro Mendes Ribeiro.

    A expectativa que a produo continue avanando e queapresente nmeros ainda melhores. Podemos, sim, chegar auma produo de 200 milhes de toneladas na prxima safra,disse em tom otimista o secretrio Neri Geller. Com a tendn-cia de novos recordes serem batidos, o governo federal pre-tende criar novas linhas de crdito para aumentar as condi-es de transporte e armazenamento da produo.

    Esto sendo definidos pontos estratgicos para fazermosnovos armazns pblicos nos estados de Santa Catarina, Bahiae outros estados do Nordeste. Pretendemos incentivar a iniciati-va privada com financiamentos e taxas de juros, antecipou osecretrio de Poltica Agrcola.

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    Ele explica que o Brasil tem enfrentado problemas na reade armazenagem em consequncia da alta produtividade, quetem avanado muito fortemente, e lembra que isso envolvetambm problemas de logstica, que por onde os produtosso escoados. A soja e o milho tiveram problemas desse tiponesta ltima safra.

    Vamos participar de audincias com o Banco Nacional deDesenvolvimento Econmico e Social (BNDES) para discutir aquesto. Os dirigentes do banco manifestaram interesse em nosajudar nesse ponto, disse Geller. E temos o aval dos minist-rios da Fazenda e do Planejamento para anunciarmos nos pr-ximos dias os contratos de opes para reposio de estoques,com o objetivo de balizar o mercado e assegurar a poltica derenda do produtor.

    Atualmente, os armazns pblicos estocam 2 milhes detoneladas de gros. A maior fatia est nos armazns priva-dos, que estocam algo entre 5 e 7 milhes de toneladas, se-gundo Geller. A previso de que os recursos do BNDES nosejam limitados a equipamentos, mas tambm a obras civisda iniciativa privada.

    Uma das frentes que o governo pretende abrir iniciativaprivada a concesso de rodovias por onde a produo escoada. Precisamos da iniciativa privada como parceira, masa questo do pedgio ainda est sendo discutida, disse o se-cretrio.

    O diretor da Conab Slvio Porto manifestou preocupaocom o peso que o alto preo do pedgios contratados tm

    para o pas. O problema no so os contratos atuais, que somais baratos. O problema como fazer a reviso dos antigoscontratos, em especial em So Paulo, que so muito caros. Ospedgios [nas rodovias em direo] ao Porto de Santos encare-cem o chmado Custo Brasil, argumentou.

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    CoolSeed News

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    Qualidade

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  • 40 | Revista Gros Brasil | Maro / Abril 2013

    Treinamento em Secagem de ProdutosAgrcolas

    DESCRIO: Treinamento de secagem de gros para operado-res de secadores e encarregados operacionais na rea dearmazenagem de produtos agrcolas em UnidadesArmazenadoras. O treinamento abordar temas como princ-pios de secagem de gros, operaes e regulagens de secado-res e fornalhas, avaliaes energtica e operacional de seca-dores, visando melhorar o rendimento de secagem e reduziros custos.

    CONTEDO PROGRAMTICO: Qualidade de Gros, Secagemde Gros, Manejo de Secadores de Gros, Regulagens do Se-cador, Manejo de Fornalha, Avaliao de Secadores de Gros.

    REQUISITOS: Conhecimentos bsicos operacionais do proces-so de secagem de gros.

    PBLICO ALVO: Operadores de secadores e encarregadosoperacionais.

    NMERO DE VAGAS: 30 vagas | Carga horria: 12 horas/aula

    AGENDAData: 13 e 14 de maio de 2013Dia 13 das 14 s 18 horasDia 14 das 8 s 12 horas e de 14 s 18 horasLocal: Cascavel - PR - Hotel Harbor

    MATERIAL ENTREGUE: Apostila, pasta, caneta e certificado.

    INVESTIMENTO: R$ 350,00

    INSTRUTOR: Eng. Agrcola ADRIANO DIVINO LIMA AFONSO

    INFORMAES E INSCRIES: 45 8815 4334 - [email protected]

    Utilssimas

    Revista Granos& Postcosecha Latino Americana

    J esta circulando a nova edio da Revista Granos &Postcosecha Latino Americana - De La Semilla Al Consumo.No seu 18 ano de existncia ela vem rechegada com o maisatual contedo sobre a Ps-Colheita de Gros e Sementes naAmrica Latina.

    Interessados em assinar enviar email para:[email protected]

    I Simpsio de Ps-colheita de Gros doMato Grosso do Sul (ISPGMS2013)

    As inscries de participantes para o I Simpsio de Ps-co-lheita de Gros do Mato Grosso do Sul (ISPGMS2013) encer-ram no dia 29 de maio na internet e podem ser feitas no sitehttp://www.abrapos.org.br/eventos/spgms2013. So somen-te 350 vagas que o espao permite sendo que muitas destasj esto preenchidas. A Associao Brasileira de Ps-Colhei-ta ABRAPOS, comunica que os interessados no deixem paraa ltima hora pois podero ficar sem vagas neste primeiroevento de ps-colheita do Estado do Mato Grosso do Sul.

    O I Simpsio de Ps-colheita de Gros do Mato Grosso do Sul(ISPGMS2013) ser realizado no perodo de 05 a 07 de junhode 2013 no Parque de Exposies do Sindicato Rural de Dou-rados, situado na Rua Valrio Fabiano, 100, CEP 79804-970,Dourados, MS.

    Esta a primeira edio de um novo evento criado pelaABRAPOS no Estado do Mato Grosso do Sul, visando atender demanda das instituies locais envolvidas na ps-colheitade gros.Para a realizao do evento no Estado em 2013 contamoscom a Cooperativa LAR, que far toda a coordenao dasatividades necessrias ao simpsio. Esta responsabilidadefundamental para o sucesso do evento, conta tambm com acolaborao das cooperativas Copasul, Cotriguau, C.Vale,Copagril, Coopasol, Copacentro, da Fazenda Campo Bom, daEmbrapa Soja, alm do apoio da Conab, OCB-MS, UEMS, UFMSe UFGD.

    AGENDE SUA PARTICIPAO NO EVENTO

    Para informaes sobre o programa tcnico, informaes deDourados, hotis e local acesse o site do evento na internet:http://www.abrapos.org.br/eventos/spgms2013/

    Ainda existe disponibilidade para comercializao algunsestandes para empresas expositoras do setor. Para reserva contatea secretaria da ABRAPOS no email [email protected]. Osespaos so limitados.

    No perca oportunidade de participar.

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