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    Carlos Alberto Harnik Gebara

    O QUE COMETA

    HALLEY

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    1985

    NDICE

    Mensageiro do cosmo .......... 7O famoso Halley ................. 15A importncia de se estudar o Halley...........24

    Um choque com a Terra ..... 28Principais caractersticas do Halley............... 32

    Como achar o Halley ......... 39

    Naves espaciais visitam o cometa...................46Descobrindo novos cometas...........50

    Contribuio do Brasil ....... 58Astrnomos iniciantes ....... 66

    2061 uma odissia no tempo............71Encerramento ..................... 78Indicaes para leitura ........ 80

    Este livro dedicado ao piloto do Halley, meu pai, em memria.

    MENSAGEIRO DO COSMO

    Os maiores mistrios a que o homem j foi desafiado encontram-se nas entranhas do cosmo. A formao e o tamanho douniverso, a formao do sistema solar com seus planetas,asterides e cometas, os buracos negros, a idade do universo soainda enormes interrogaes na mente humana. Perguntas sem

    respostas conclusivas e muito menos definitivas.O universo provoca no homem uma liberdade infinita deimaginao, de criatividade, de questionamento e de assombro.

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    extremamente doloroso, por exemplo, imaginar que somosnicos e que estamos absolutamente ss na imensido douniverso. A coincidncia maravilhosa da vida aconteceu nonosso planeta. Ter acontecido em outro local? Infelizmente, as

    distncias interplanetrias so imensas e as interestelares sopraticamente inatingveis em termos de viagens espaciais. Temosque nos valer, por enquanto, de algo mais plausvel, que acomunicao por radiotelescpios, grandes antenas que captamsinais de rdio. Jogamos informaes inteligentes no espao eaguardamos ansiosamente que alguma civilizao as recolha e

    saiba que um dia existimos.Estamos sempre procura de respostas s nossas indagaes,porque a curiosidade desafia o homem e o vislumbre da soluopode lev-lo ao xtase.Algumas das respostas s perguntas que temos feito nos ltimos

    cem anos podem estar contidas num mensageiro que seaproxima rapidamente para nossos referenciais terrestres elentamente para nosso desejo de conhecimento: o rei doscometas, o cometa HALLEY!Os cientistas, principalmente os astrnomos, os astrofsicos e osexobilogos (cientistas que estudam a eventual existncia de

    vida fora da Terra) esto no aguardo da chegada do Halley paraque as sondas que o examinaro de perto, os potentes telescpiose todos os aparelhos cientficos voltados para o astro errantepossam lhes remeter a maior quantidade possvel deinformaes.Por enquanto, o que podemos fazer responder a algumasperguntas sobre o cometa baseando-nos em observaes antigas,em clculos matemticos avanados, em observaes e

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    comparaes com outros cometas menores que nos visitamperiodicamente

    No se espera que os tpicos aqui colocados se transformem em

    princpios irrefutveis da astronomia, mas sim numa discutvelquantidade de informaes que podem, inclusive, sermodificadas aps estudos feitos com os dados a seremtransmitidos pelas sondas espaciais durante a visita do cometa.Espera-se tambm que as respostas satisfaam as pessoas quetenham um certo esprito cientfico e tambm aqueles que seiniciam na observao astronmica incentivados pelo Halley.

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    Algumas informaes que sero teis na discusso do assuntopodem ser colocadas:

    1) unidade astronmica (UA): refere-se distncia mdia entre a

    Terra e o Sol, e equivale a 150 milhes de quilmetros; portanto:UA = 150 milhes de quilmetros,UA = 300 milhes de quilmetros;2) ano-luz: corresponde distncia percorrida pela luz duranteum ano. Como a luz percorre 300 000 km em um segundo (istocorresponde a sete voltas e meia em torno da Terra em um

    segundo!), em um ano percorrer 9,5 trilhes de quilmetros:9,5 trilhes de km = 9.500.000.000.000 Km9,5 trilhes de km = 1 ano-luz.Alguns termos tambm comuns: 1) perodo: o tempo que umastro leva para efetuar uma volta completa por toda a sua rbita.

    Para exemplificar, o perodo da Terra 365 dias ou um ano;3) perilio: posio que um astro ocupa mais prxima do Sol;4) aflio: posio mais afastada do Sol na rbita do astro.

    Cometas

    Voc sabe exatamente o que um? Cometas so astros quevagueiam pelo espao csmico, alguns em torno do Sol, comtrajetrias na forma de elipses achatadas e cujos movimentospodem ser modificados pela atrao gravitacional dos grandesplanetas, como Jpiter e Saturno. Essas modificaes podemacelerar de tal forma o cometa que ele escapa do sistema solar e

    nunca mais retorna, entrando numa rbita parablica. Veja nafigura 1 como podem ser suas rbitas.

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    O cometa aparece no cu, para observadores terrestres, comouma esfera esbranquiada acompanhada, s vezes, por umamajestosa cauda. Um cometa se compe de trs partes:

    1) ncleo ou cabea:

    provavelmente composta porrochas de magnsio e ferro,envolvidas por uma coberta demolculas congeladas (gua,metano e amnia) e pode ter o

    dimetro de:

    2) alguns quilmetros (de um a 15 quilmetros);3)

    coma ou cabeleira: uma vasta cobertura do ncleo formadapor poeira e gases. transparente.4) tem um dimetro de uns 200 mil quilmetros e responsvelpelo brilho do cometa ao refletir a luz do Sol;

    5) cauda: uma parte do cometa que s se forma quando ele seaproxima do Sol, a mais ou menos 3 UA (unidade astronmica). formada pelas molculas da cabeleira quando elas so sopradaspela radiao solar. Ao contrrio do que muita gente pensa, acauda no o rastro deixado pelo cometa como a fumaa de umfoguete, mas sim uma formao causada por uma espcie de"fora eltrica" (composta por raios X, gama, partculas eltricas)denominada vento solar, que produz uma cauda sempre oposta

    Parbolas

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    ao Sol (oposio radial) podendo, inclusive, estaraproximadamente no mesmo sentido em que se desloca ocometa. A cauda pode preceder a cabea. 0 comprimento dacauda varia desde alguns milhes de quilmetros at 200

    milhes! Veja que a distncia entre a Terra e o Sol de 150milhes de quilmetros.Quando o cometa se encontra a uma distncia de 0,8 UA, pelaao da radiao solar, o ncleo se inflama, a cauda adquireformas gigantescas e ele brilha intensamente, passando a ser,temporariamente, o maior astro do sistema solar.

    Alguns cometas, de acordo com relatos de observadores de hmuito tempo, apresentam coloraes como verde, azul,vermelho, amarelo e laranja. Dessas informaes devemosdesprezar aquelas que podem ter sido causadas pela nossaprpria atmosfera, mas os coloridos existem realmente, e a cor

    mais comum a amarela, principalmente quando o cometa estprximo do Sol, em razo da emisso de luz de sdio (sdio ummetal que quando aquecido emite luz amarela).Veja, na figura 2, as partes de um cometa.H algumas teorias para explicar o aparecimento de um cometa.Uma delas, e a mais aceita, do astrnomo alemo Jan Oort

    (1950), prope que os planetas e os cometas foram formados damesma matria e que estes ltimos ficaram retidos em umaregio formando uma nuvem que envolve o sistema solar a umadistncia de 50.000 a 150.000 UA do Sol. Como essa distncia enorme, sob a influncia gravitacional de algum conjunto deestrelas nas proximidades, como a estrela alfa da constelaoCentauro, por exemplo, alguns cometas seriam arrancados danuvem e arremessados ao espao. A maioria se perde, mas,

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    ocasionalmente, alguns desabam rumo ao Sol, podendo viajarmilhes de anos antes de chegar a Pluto. A fora atrativa,chamada fora da gravidade, dos planetas mais exteriores dosistema solar, como Jpiter, Saturno e Urano, pode provocar um

    desvio de sua rbita, e ento ou ele capturado por um dessesplanetas ou se dirige inevitavelmente para o centro do sistemasolar e passa a ter uma rbita elptica em torno do Sol, tornando-se ento, peridico.

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    O FAMOSO HALLEY

    Como sabemos hoje, alguns cometas so astros peridicos derbita elptica em torno do Sol, mas na antigidade isso no eraconhecido, e os astrnomos julgavam que os cometas eramfenmenos da prpria atmosfera terrestre. No decorrer dos anose dos sculos, os dados acerca deles iam se acumulando. Em 1695(ano em que, no Brasil, o chefe do quilombo de Palmares,Zumbi, era decapitado), um astrnomo ingls, Edmund Halley,

    utilizando as informaes colhidas por astrnomospredecessores, como Johannes Kepler em 1607, e outros em1456, 1531, e por ele mesmo em 1682, conclui que os cometasobservados nessas datas deveriam corresponder visita de umnico, pois utilizando as leis da gravitao universal formuladaspor Newton, seu amigo particular, Halley calculou as rbitas de

    dezenas de cometas e verificou que os de 1531, 1607 e 1682eram coincidentes e retornavam de 76 em 76 anos.

    Edmund passou, ento, a calcular a data da nova apario, e suaprimeira concluso indicava o retorno para o final do ano de1758. Refazendo os clculos e considerando perturbaes deJpiter e Saturno, modificou a data para 15 de abril de 1759. Em15 de maro de 1759, portanto com um erro de 30 dias,desprezvel pelas circunstncias, o cometa previsto reapareceuno cu. A periodicidade, dos cometas havia sido decretada, mas afatalidade foi dura para Edmund Halley e este no pde assistir

    sua maior vitria, pois morrera 16 anos antes. Em suahomenagem foi dado o seu nome ao grande cometa: Halley!

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    Os chineses sempre foram argutos observadores do cu, e agrande importncia disso que registravam os fenmenosobservados. Por esse motivo que temos a mais provvel data daprimeira apario registrada do cometa Halley: 1507 a.C. Temos,

    na verdade, 28 aparies registradas, mas, se desconsiderarmosos registros, provavelmente ele tenha sido visto milhares devezes.

    O aparecimento de um cometa no cu foi sempre relacionado

    com alguma catstrofe na histria da humanidade. Em 1066,durante a passagem do cometa, os normandos invadiram etomaram a Inglaterra comandados por Guilherme, oConquistador. interessante observar que s ficou marcada adesgraa da Inglaterra e se esqueceram completamente davitria dos normandos, evidentemente um motivo de jbilo para

    esse povo. Em 1528 as pessoas se assustavam tanto que algumasmorreram de medo e outras caram doentes, segundoinformaes da poca. Em 1456, tambm com um cometa nocu, ocorre uma guerra santa entre o papa Calixto III e o califaMahomed II em Belgrado.

    Sempre haver, durante a passagem de um cometa, desgraas,calamidades e guerras, mas, certo que tambm ocorrero fatosauspiciosos e alegres. No existe a menor relao entre oscometas e as desventuras acontecidas. Contudo, e infelizmente,grande parte da humanidade ainda cr nesses absurdos.

    Atualmente, sabemos que as comunicaes de massa encontram-se em atividade febril, em grande desenvolvimento tecnolgico,visto que esse ramo de atividade se transformou em enorme

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    fonte de riqueza para seus mentores, e veiculam muitas vezes,informaes fantsticas com o intuito de manter seus ndices deaudincia e leitura. Acabam, assim, provocando falsas idias,erros de interpretao, angstia, quando no pnico. As

    informaes cientficas no tm como competir com essamquina cujas engrenagens so a televiso, o rdio, jornais,livros e revistas. evidente que tambm abordam assuntossrios e verdadeiros, mas que no trazem receitas lucrativascomo o sensacionalismo.Em 1910 alguns jornais, a respeito do fato de que a Terra iria

    atravessar a cauda do Halley, caso absolutamente sem nenhumaconseqncia, noticiavam num misto de humor e sarcasmo: "Araa humana inteira obrigada a um banho gasoso", ou"Aguardem a baguna" ou prevendo o fim: "Vinda do cometaeconomiza reformas". Mscaras e plulas contra gases foram

    vendidas, aumentando ainda mais as supersties sobre oscometas.O cometa tem massa to pequena em relao Terra quenenhuma influncia exerce sobre ela. No interfere nascomunicaes, nem nas mars, no contamina o ar nem provocaalteraes climticas.

    Os nicos e provveis acontecimentos ligados ao Halley ou aoutros cometas so as chuvas de meteoros. medida que ocometa descreve sua rbita, vai deixando fragmentos que,posteriormente, quando a Terra cruza essa rbita, caempenetrando na alta atmosfera e, em virtude do grande atrito como ar, se incendeiam e formam aqueles riscos no cu conhecidoscomo estrelas cadentes. A grande maioria se desintegra antes deatingir o solo, pois, geralmente, no so maiores que uma

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    azeitona. Estas chuvas de meteoros, por estarem sempre namesma posio da rbita da Terra, so observadas sempre nomesmo dia do ano.Outros fenmenos so improvveis, principalmente pela grande

    distncia entre a Terra e o cometa durante sua visita.

    Como sua rbita

    O Cometa Halley tem uma rbita elptica bastante achatada e sesitua aproximadamente no mesmo plano que a maioria dos

    planetas do sistema solar. O sistema solar composto do Sol, quetem 99% da massa total desse sistema, nove planetas (Mercrio,Vnus, Terra, Marte, Jpiter, Saturno, Urano, Netuno e Pluto),dezenas de luas, milhes de asterides e muitos cometas. AFigura 3 d uma idia dessa rbita que, evidentemente,encontra-se fora de escala. Como podemos ver, no inicio de

    1985 ele cruzou a rbita de Jpiter e no final deste ano estarcruzando o cinturo de asterides (regio entre Marte e Jpitercom grande quantidade de rochas de tamanhos variveis e queorbitam em torno do Sol), passar por Marte, Terra, contornaro Sol indo em seguida para os confins do sistema solar at depois

    da rbita de Netuno l pelo ano de 2024 e retornar sproximidades da Terra por volta de 2061.

    O perodo de seu movimento em torno do Sol varia de 75 a 77anos dependendo das perturbaes gravitacionais ocasionadasprincipalmente pelos planetas gigantes do sistema solar, que

    podem, em funo da distncia, atrasar ou adiantar esse perodo.

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    Com relao sua temperatura podemos dizer que, estandodistante do Sol, ela cerca de 270 graus Celsius (nome corretoda escala centgrada) abaixo de zero (quase a menor temperaturapossvel na natureza, -273C, o zero absoluto), e quando est

    bem prximo do Sol a temperatura de sua regio mais externapode atingir 4.500C.Na escola primria aprendemos que os ltimos planetas dosistema solar so, nessa ordem, Netuno e Pluto, mas em certasocasies Pluto, em razo da excentricidade de sua rbita,ultrapassa, na direo do Sol, a rbita de Netuno e deixa de ser,

    por algum tempo, o ltimo planeta dessa famlia do Sol. o queest acontecendo atualmente. Observe na figura anterior ocruzamento dessas rbitas.Em 1933, o Halley cruzou a rbita de Netuno, que nessa pocaera o penltimo planeta, e em 1948 atingiu o aflio entre asrbitas de Netuno e Pluto a uma distncia de 36 UA do Sol,aproximadamente.

    rbita

    A rbita do cometa Halley entre 1910 e 1986

    Figura 3

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    Avaliando-se o espao efetivamente percorrido pelo Halley portoda a sua rbita, chegaremos a um valor em torno de 74 UA ou11 bilhes de quilmetros, espao que a luz percorreria emapenas dez horas e um carro, andando sempre a 80 km/h levaria

    uns 15.000 anos!

    Sua velocidade e sua cauda

    Ao se levar em considerao que os planetas giram em torno doSol e que este, por sua vez, gira em torno do centro da nossa

    galxia, devemos imaginar o Sol como um referencial fixo, parase calcular as velocidades do cometa. Em razo da atrao maiorou menor, dependendo da distncia entre o cometa e o Sol, afora gravitacional faz a velocidade do Halley variar. Quando elese encontra no perilio (mais prximo do Sol), a velocidade amaior possvel, e de 54 km/s (quilmetros por segundo), ou

    prximo de 200 mil km/h. Para efeito de comparao, a Terragira em torno do Sol com velocidade de aproximadamente 30km/s, ou seja, quase a metade da velocidade do Halley.No aflio (mais distante do Sol), sua velocidade relativamentepequena em comparao com a primeira: 0,91 km/s, ouaproximadamente 3 200 km/h. Um caa supersnico podeatingir essa velocidade que , aproximadamente, duas vezes emeia a velocidade com que o som se propaga no ar.Na gravitao universal somente existem foras de atrao entreos astros. O Sol atrai a Terra, a Lua atrai a Terra e vice-versa. Ocometa Halley, por sua vez, atrado principalmente pelo Sol e,

    portanto, na viagem de vinda, essa fora tende a aumentar avelocidade, ao passo que, ao se afastar do Sol, ele tem suavelocidade reduzida e atinge o mnimo no aflio. Pela lei da

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    gravitao de Newton, essa fora atrativa inversamenteproporcional ao quadrado da distncia entre os astros, ou seja,quando a distncia dobra a fora diminuda do qudruplo, eassim por diante.

    Para se tentar prever o comportamento da cauda do Halley, oscientistas se basearam nos dados obtidos atravs de observaesanteriores, a olho nu e com instrumentos. Como se trata de umapreviso, evidente que esta pode incorrer em erros, masdescartando-se esta possibilidade, podemos dizer que ocomprimento visual da cauda aparenta ser maior aps sua

    passagem pelo perilio. O comprimento dela deve se situarprximo de 0,8 UA, perto de 120 milhes de quilmetros.Essa cauda s existe quando o cometa est prximo do Sol, maisespecificamente a 3 UA, ou aproximadamente 450 milhes dequilmetros. A cauda formada pela repulso dos gases que

    formam a cabeleira, por influncia dos ventos solares. Durante aformao da cauda h uma perda de grande quantidade dematria, de maneira que a cada nova passagem pelas cercaniasdo Sol a cauda tem a tendncia de ser menor, isto , o cometa vaise gastando. Claro que a cauda depende da distncia entre ocometa e o Sol, portanto, ao se afastar, ele passa gradativamente

    a ser um corpo esfrico, frio e escuro.

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    A IMPORTNCIA DE SE ESTUDAR O HALLEY

    A astronomia a mais antiga das cincias. Quantas histrias jouvimos acerca de atentos e sossegados pastores de ovelhas que,

    nas suas atividades noturnas, nada tinham a fazer seno observaras estrelas. O panorama do cu visto hoje pouco diferentedaquele que nossos antepassados vislumbraram e, cheios deimaginao, encontraram constelaes parecidas com escorpio,touro, co, urso e at entidades mitolgicas como Sagitrio ecapricrnio.

    Milhares de anos se passaram desde as primeiras anotaes. Hsculos o homem busca explicaes, desenvolve teorias sobre aformao desse conjunto todo que o fascina e, por mais queprocure, ainda est longe de uma explicao definitiva. Talveznunca a encontre, mas, se no tentar, continuar se afastando

    dela at o fim dos tempos.Alguns cientistas acreditam que os planetas do sistema solar,bem como os asterides e os cometas, tenham sido criados damesma massa ou da mesma nuvem h pelo menos 4,5 bilhes deanos. O Halley faz parte dessa famlia e, portanto, deve tertambm a mesma idade. Se conseguirmos conhecer com detalhes

    a sua composio qumica, estaremos estudando um "fssil vivo",um fssil que permaneceu durante todo esse tempopraticamente intocado enquanto o restante do sistema evolua,sofrendo modificaes marcantes. Cada vez que o cometa passapelas proximidades do Sol ele perde parte de sua massa exteriore, dessa forma, mostra sempre sua constituio como ela foi noprincpio. O Halley nos traz o segredo numa bandeja!

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    Um outro motivo para mostrar a importncia do estudo sobreele o fato de que nos cometas podem estar as matriasorgnicas que deram origem vida na Terra. O Halley um dospoucos cometas cujo perodo de 76 anos marca a passagem de

    uma gerao para outra. Poucos sero os privilegiados queassistiro duas vezes a passagem do astro. Acredito que nenhumcientista, dos que iro agora observar o fenmeno, estarpresente na prxima visita e, dessa maneira, far disso umacontecimento de importncia excepcional.Algumas pessoas ficam, ento, preocupadas e perguntam: ele

    pode desaparecer de repente ou se desintegrar? Veja o queaconteceu certa vez:

    Em 1846aguardava-se o retornode um cometadenominado Biela,descoberto por um

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    astrnomo amador alemo, Wilhelm von Biela. Quando o astroreapareceu mostrou uma viso dupla, ou seja, havia se divididoem dois cometas, cujas trajetrias eram paralelas. O perododesse cometa era conhecido, seis anos, portanto podia-se esperar

    novo duplo reaparecimento em 1852, 1858, 1865, o querealmente aconteceu, s que suas partes estavam cada vez maisdistantes entre si, at que em 1872, o que se presenciou foi umaintensa chuva de meteoros brilhantes, estrelas cadentes comoso conhecidos, que duraria seis horas, vinda de um mesmoponto do cu onde deveriam estar os dois cometas. O Biela havia

    se fragmentado inteiramente e, claro, nos anos posteriores nomais apareceu.Sabemos hoje que muitos fatores podem influenciar nadesagregao de um cometa, como, por exemplo, perda contnuade material ao passar prximo do Sol, coliso entre as partes

    componentes, rotao do ncleo, etc.Com o cometa Halley tal acontecimento , por enquanto,impossvel, visto que sua velocidade considervel em relaoao Sol e as perturbaes dele advindas so inexpressivas.Portanto, no teremos to j a sua desintegrao, pois ele aindapassear pelo sistema solar durante alguns milhares de anos.

    UM CHOQUE COM A TERRA

    "Nas primeiras horas da manh de 30 de junho de 1908, naSibria Central, uma gigantesca bola de fogo foi vista

    atravessando rapidamente o cu. Quando tocou o horizonte,houve uma enorme exploso. Arrasou cerca de 2.000quilmetros quadrados de florestas e queimou milhares de

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    rvores em um claro de fogo prximo ao local do impacto.Produziu uma onda de choque atmosfrico que circundou aTerra duas vezes. Por dois dias seguidos, persistiu tanta poeirafina na atmosfera que se conseguia ler um jornal noite com a

    luz dispersa das ruas de Londres, a 10 000 quilmetros."A descrio acima, feita por Carl Sagan em seu livro Cosmos,ilustra o que poderia ter sido a queda de um pedao de cometasobre uma regio da Sibria, e que passou a ser conhecido comoo Evento de Tunguska. A possibilidade de ter sido um fragmentocomentrio no definitiva, mas mostra que estamos sujeitos a

    acontecimentos desse tipo. No entanto, sendo o Halley um astroimportante, conhecemos sobejamente a configurao de suatrajetria, e ela mostra que um encontro com a Terra extremamente improvvel. Diramos at que a probabilidade deocorrer um encontro desses a de uma vez em um bilho de

    anos.Se isso um dia ocorresse teramos como conseqncia adestruio de uma grande rea, da ordem, talvez, de uns 20.000km2, o que equivale dcima parte do Estado de So Paulo. Oaspecto inicial do choque seria como de uma grande explosonuclear, formando um enorme cogumelo de poeira que poderia

    se espalhar pelo mundo todo. Essa poeira, em suspenso naatmosfera, acarretaria uma diminuio da temperatura mdia daTerra devido a bloquear parcialmente a ao da luz solar. Nolocal da queda ficaria um imenso buraco chamado cratera deimpacto. A Lua mostra muitas dessas crateras porque no possui,

    em sua superfcie, atividade de eroso climtica (vento, chuva),de maneira que essas marcas permanecem por bilhes de anos.

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    Se a queda ocorresse no mar, provocaria ondas gigantescas,podendo, inclusive, romper o fundo ocenico, colocando, assim,em contato gua e manto aquecido da Terra, com a conseqenteevaporao da gua e final semelhante ao descrito acima. O

    bloqueio parcial da luz solar inibiria a fotossntese, comconseqncias desastrosas para a vida. (A fotossntese consistebasicamente na transformao, pelas plantas, de substnciasinorgnicas, como gs carbnico e gua, em substnciasorgnicas (acar) sob a ao da luz. Esse acar utilizado pelaplanta para formar todos os outros componentes dos quais

    necessita.)A ocorrncia do encontro frontal do Halley com a Terra, comodissemos, praticamente impossvel e, dessa forma, podemossomente conjecturar sobre suas provveis conseqncias.H tambm uma teoria que sustenta que os grandes rpteis da

    pr-histria morreram provavelmente pela queda de um cometaou de um meteoro que, ao se chocar com a Terra, teria erguidouma imensa nuvem de poeira que circundou o planeta. Com oimpedimento parcial da luz solar, os vegetais ficaram impedidosde realizar o processo da fotossntese. Em conseqncia, osgrandes herbvoros sucumbiram e com eles seus algozes

    carnvoros. Sustenta-se que sobreviveram apenas os animais commenos de 25 quilogramas, que puderam resistir escassez dealimentos e ao intenso frio que se seguiu.Ultimamente os cientistas tm-se reunido para discutir asconseqncias de uma guerra mundial nuclear. A principalconcluso muito parecida com o que acabamos de relatar,acrescida apenas na sua intensidade. Imagine centenas decometas caindo na Terra ao mesmo tempo, provocando tambm

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    uma imensa nuvem de poeira e, conseqentemente, um frioterrvel, que os cientistas chamam de "inverno nuclear". Podeser o fim do mundo.

    PRINCIPAIS CARACTERSTICAS DO HALLEY

    Todas as estimativas a respeito de caractersticas fsicas docometa levam a alguns valores discutveis, sendo uns aceitos eoutros considerados meramente especulativos.

    Em se tratando da massa do ncleo, visto que os demaiscomponentes, cabeleira e cauda, so quase que vazios como osmelhores que podemos obter em laboratrios, avaliamos em 65bilhes de toneladas a sua massa.Tambm como um fator estimado o dimetro do ncleo decerca de cinco quilmetros. Se considerarmos seu aspecto

    esfrico, podemos calcular seu volume e, conseqentemente, suadensidade, visto que esta uma relao entre massa e volume,chegando a um valor de 1 g/cm3. Para efeito de comparao,esta a densidade da gua pura a 4C. Imagine ento que oHalley seja como uma imensa bola de gua com 5 km dedimetro viajando a 200 000 km/h.Em razo de a formao da cauda ser o afastamento da matriaque compe a cabeleira pelos ventos solares, ela estcontinuamente perdendo massa, e estima-se que perca 20toneladas por segundo durante essa formao, portanto,podemos concluir que o Halley, por ser um cometa peridico, ou

    seja, sempre retorna para sua visita ao Sol, tem vida limitada,pois sempre perde parte de sua massa nessa visita toansiosamente esperada.

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    O astrnomo Ronaldo Mouro, em seu livro Da Terra sgalxias, estima que a vida mdia do Halley seja de 200revolues em torno do Sol, isto , que o astro ainda viajar pelosistema solar durante 10 mil anos, durando, talvez, mais que a

    prpria humanidade.Outras observaes e clculos complicados indicam que ocometa tenha um movimento de rotao cujo perodo estimado em dez horas.A primeira informao a respeito do fato de um cometa girar emtorno de si foi obtida em 1976, por estimativas fotoeltricas como ncleo do cometa D'Arrest.

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    H algum tempo j, os astrnomos esto tentando observar ocometa Halley atravs de seus poderosos telescpios. A primeiratentativa partiu dos norte-americanos em 1977, que, mesmoutilizando um dos maiores telescpios do mundo, fracassou. Mas

    em 1982, com o mesmo equipamento, dois astrnomos, Juwitt eDanielson, do Instituto Tecnolgico da Califrnia, conseguiramfotograf-lo. Segundo o astrnomo Nelson Travnik, para seentender a dificuldade dessa foto, o brilho do cometa equivaleriaao brilho de uma vela acesa vista a 43.400 quilmetros dedistncia.

    O cometa estar visvel por instrumentos de porte mdio ougrande a partir de agosto de 1985, mas para observadores a olhonu e no hemisfrio norte a data ser 27 de novembro e para onosso hemisfrio a data favorvel, a partir da qual ser visto aolho nu, ser 6 de maro de 1986.

    A apario do Halley, em 1910, foi considerada exuberante,visto que seu tamanho, observado de um ponto da Terra, atingiuuma abertura de 95, o que equivale a dizer que estando a cabeado cometa a pino, no topo do cu (znite), sua cauda no tinhaainda terminado de sair do horizonte. Infelizmente, em 1986,no teremos tal magnitude, mas sim, uma viso por demais

    prejudicada pelas posies relativas da Terra, do Halley e do Sol.No auge de sua apario, teremos, quem sabe, um tamanho deuns 10 a 15 graus (umas vinte luas cheias), ou o dimetroaparente da Lua ou pouco mais. Em razo deste tamanho, o ideal deslocar-se das grandes cidades, indo para o interior,escapando das poluies atmosfrica e luminosa, se voc quiserobservar melhor o cometa.

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    Ele ter, durante sua visita, dois momentos em que estar maisprximo da Terra: um antes do perilio e outro depois de passarpor trs do Sol. Em 27 de novembro de 1985 ele estar a 0,63 UAda Terra e em 11 de abril de 1986, a 0,42 UA, ou seja, uma

    distncia de 63 milhes de quilmetros.Quando o cometa estiver no perilio, a Terra estar numaposio diametralmente oposta, no dia 9 de fevereiro de 1986,impossibilitada, portanto, de observar o Halley diretamente.Nesse dia o cometa estar a uma distncia de 0,58 UA (87milhes de quilmetros) do Sol.

    Sua melhor apario

    Em 11 de abril de 837, durante o reinado de Lus I, da Frana, edo papado de Gregrio IV, na Itlia, estava no cu um cometa deviso descomunal. Naquela poca praticamente nada se sabia arespeito desses astros e este, em particular, nem nome tinha.Trazia, como de costume, mau agouro, e os astrlogos trataramlogo de realizar suas funestas previses, inclusive a da morte dorei Lus I, que por esse motivo transformou-se num rei amvel ebenevolente. Era o cometa Halley.

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    Essa apario considerada como a mais exuberante de todas.Vale dizer que sua cauda atingiu uma distncia angular maiorque 93 e que esteve mais prximo da Terra do que em qualqueroutra vez: 6 milhes de quilmetros, aproximadamente quinze

    vezes a distncia da Terra Lua, ou ainda, 0,04 UA. Para efeitode comparao, nesta prxima passagem, a distncia mnima queo Halley estar daqui ser de 0,42 UA, ou seja, uma distncia dezvezes maior que a do ano de 837.A chamada magnitude estelar que mede o brilho dos astros foi,naquele ano, para o Halley de -3,5. Comparando-se com a do Sol

    -26,8 e da Lua -12,7 podemos imaginar o brilho do cometa. Em1986 a magnitude mxima que o Halley mostrar no deverultrapassar + 4,0.

    COMO ACHAR O HALLEY

    Se voc deseja observar o Halley nas pocas devidas ter queprimeiramente procurar um local afastado da iluminao e da

    poluio das grandes cidades, que atrapalham bastante. Qual-quer stio no interior um bom lugar. Quanto mais ao sulmelhor.

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    Antes de sua passagem pelo perilio o cometa ser visvel, a olhonu, apenas pelos habitantes do hemisfrio norte, principalmenteno dia 27 de novembro de 1985, ocasio em que estar bastanteprximo da Terra (0,62 UA). Nesse mesmo dia poder ser visto

    por algum no hemisfrio sul, trpico de Capricrnio, So Paulo,utilizando um binculo ou uma pequena luneta fazendo umngulo de elevao de 43, na direo nordeste, uma hora e meiaaps o pr-do-sol. No dia 9 de fevereiro estar no perilio einvisvel para toda a Terra e por volta do dia 6 de marocomear a aparecer, como se estivesse parado no cu, bem

    prximo do horizonte, subindo mais cada dia. No inicioaparecer de madrugada.Por ser o Halley um objeto de luminosidade fraca, as melhoresnoites para v-lo sero as de lua nova e que acontecero a 10 demaro e 10 de abril de 1986.

    Ser muito fcil localizar o cometa apenas baseando-se nasinformaes que se seguem. Para os que tm algumconhecimento especfico, podemos dizer que o Halley estar emCapricrnio em fevereiro e incio de maro; em Sagitrio at ofinal de maro e em Escorpio e Centauro na primeira quinzenade abril. Acredito que a maioria das pessoas conhea bastante

    para conseguir localizar o Cruzeiro do Sul e as "Trs Marias",que sero nossos principais pontos de referncias.A Figura 6 um esquema do cu numa forma plana, e querepresenta ao mesmo tempo o leste, o sul e o oeste, ou seja, umavisada de 180 de leste a oeste. Voc v nela o que veria se,postado de frente para o sul, olhasse consecutivamente para suaesquerda, para a frente e depois para a direita. O final superiorda figura representa o ponto mais alto do cu, o znite.

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    Na figura est representada a trajetria do Halley, durante operodo visvel por entre as diversas constelaes; suasrespectivas datas e os traos paralelos indicam o horizonte devrias regies do pas prximo das latitudes 0, 10, 20 e 30.

    Em astronomia utiliza-se o termo magnitude, para representar agrandeza aparente de um astro, associado a um nmero, quemede o fluxo de luz fornecido por ele. Essa magnitude dependede vrios fatores como claridade excessiva, grau de poluio doar, tipo de instrumento utilizado, etc. De uma maneira geral,astros com magnitudes menores que 5,0 so visveis a olho nu,desde que as condies da atmosfera permitam. Os valores dessamagnitude podem ser tambm negativos, o que significa um

    brilho maior ainda, como por exemplo, a Lua tem magnitude de-13 e o Sol -27.Algumas orientaes para melhor observao do Halley, para asregies Sudoeste e Sul, esto apresentadas na tabela 1.A nossa Via Lctea uma das galxias do universo. Ela composta basicamente por estrelas, bilhes delas, que giram em

    torno de um centro de grande concentrao de massa e quealguns cientistas dizem tratar-se de um buraco negro, que , deuma maneira bem simples, um corpo de grande poder de atrao

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    que no deixa escapar nem raios de luz, fenmeno noverdadeiramente constatado. A Via Lctea uma galxiaespiralada, isto , vista de cima apresenta-se como um imensocata- vento girando uma vez a cada 200 milhes de anos. O Sol

    ocupa um brao dessa espiral gigantesca e, como todas as demaisestrelas pertencentes galxia, gira em torno do centro dela.

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    * Data de maior aproximao do cometa Terra.

    TABELA 1Dia Mag

    nitude

    Visual

    HorrioVisvel

    Constelao Lua (fase) Condio

    05.03.86 4,7 3h s 5h Capricrnio Minguante Ruim10.03.86 4,8 2h30min s

    5hCapricrnio Nova Muito Bo

    15.03.86 4,8 1 h30mins 5h

    Sagitrio Nova Boa

    20.03.86 4,6 0h45min s5h

    Sagitrio Crescente Boa

    25.03.86 4,5 23b30mins 5h

    Sagitrio Crescente Regular

    31.03.86 4,4 21h50mins 5h05min Sagitrio Cheia Regular

    05.04.86 4,3 19h30mins 5h10min

    Escorpio Minguante Boa

    10.04.86 4,2 18h45mins 5h15min

    Centauro Nova tima

    11.04.864,0 18h45mins 5h17min

    Centauro Nova tima

    15.04.86 4,3 18h30mins 5h25min

    Centauro Nova tima

    20.04.86 4,5 18h20min

    s 5h35min

    Centauro Crescente Muito

    Boa

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    A Tabela sugere datas provveis dos melhores momentos paralocalizao e observao do Halley

    O movimento dessas estrelas to insignificante em relao Terra, que o aspecto "do cu pouco mudou desde o aparecimentodo homem at nossos dias, mostrando inclusive as mesmasconstelaes. Em vista disso, usual considerar-se o cu como

    uma esfera onde situam-se as estrelas fixas. Aparentemente asestrelas encontram-se sobre essa esfera e dessa maneira podemosconstruir um mapa do cu, o planisfrio.Na Figura 7 esto representadas algumas dessas estrelas com asprincipais constelaes e a trajetria aparente do cometa Halley,desde setembro de 1985 at julho de 1986.

    Os termos ascenso reta e declinao so tipos de coordenadasutilizadas em astronomia, que podem ser resumidas da seguinte

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    forma: ascenso reta: diviso do cu em 24 horas (uma voltacompleta) declinao: diviso em graus, onde os valorespositivos representam o hemisfrio norte celeste e os valoresnegativos o sul. (No captulo "Astrnomos iniciantes", h um

    maior esclarecimento.) Podemos verificar, por exemplo, que oHalley passar do hemisfrio norte para o sul no final de 1985 eque no inicio de abril de 1986 estar em Sagitrio.

    NAVES ESPACIAIS VISITAM O COMETA

    A pesquisa cientfica, aquela que representa um avano nascondies humanas ou aquela que nos faz compreender melhoro mundo em que vivemos para melhorar a ambos, a ns e a ele,s vezes deixada de lado ou prejudicada em razo de disputaspolticas, econmicas ou mesmo pessoais. A maior potncia domundo, os Estados Unidos, capaz de construir as mais fantsticas

    mquinas espaciais, capaz de construir rgos humanosartificiais da mais perfeita ordem, capaz de quase tudo que seimagina, no foi capaz de impedir que motivos polticosinflussem na deciso de se enviar uma sonda espacial paraestudar o cometa Halley.

    Infelizmente, problemas econmicos surgiram. As verbas daNASA foram cortadas drasticamente pelo governo Reagan,enquanto aumentavam as verbas militares. A misso, que seria

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    enviada ao encontro do Halley, e que iria levar instrumentospara medir as propriedades qumicas, atmosfricas e daspartculas do cometa, foi relutantemente abandonada. Istoprovocou um grande desapontamento nos astrnomos, pois estes

    sabiam que a sonda iria fotografar o astro com imagens de altaresoluo e que entraria na poeira que envolve o ncleo docometa, dando-nos uma primeira e expectante viso do seucorao.Outras sondas, entretanto, devero estudar o Halley. A AgnciaEspacial Europia lanou em 3 de julho de 1985 uma sonda de

    750 quilogramas, denominada Giotto em homenagem ao pintoritaliano, primeiro a retratar em um quadro, "Adorao dos ReisMagos", o cometa Halley.A Unio Sovitica j lanou ao espao duas naves Venera, queaps tangenciar Vnus, iro ao encontro do Halley.

    Uma outra sonda, bem mais modesta, ser lanada pelo Japocom o objetivo de sobrevoar o cometa em maro de 1986. Seunome: Planet A.A sonda norte-americana, se fosse lanada, seria muito superiors demais, pois a japonesa no passar muito prxima do cometa,a sovitica extremamente arriscada em razo da grande

    proximidade ao cometa, e a europia conduzir apenas 60 kg deequipamento cientfico.Mas as naves soviticas so tambm sofisticadas e emdeterminado instante enviaro duas sondas, Vegas, e que irosobrevoar o Halley em 9 e 12 de maro de 1986, com velocidadede 73 km/s e a distncias de 10 mil e 3 mil km respectivamente.Os grandes problemas que estas sondas vo enfrentar referem-sequase que exclusivamente velocidade relativa de choque entre

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    as partculas do cometa e as naves, que de 78 km/s ou 280.000km/h. Esses choques podem danificar seus equipamentos ultra-sensveis.Esperamos que as sondas soviticas possam completar sua misso

    e assim transmitir as melhores informaes possveis do ncleodo cometa.O sistema solar, residncia de vrios cometas; de alguns planetas;asterides; muitas luas e grandes mistrios, tambm dono doitinerante Halley, que o visita quase que por inteiro, do Sol at aregio entre Netuno e Pluto. Algumas outras curiosidades

    podem ser relatadas: o sentido do movimento do Halley retrgrado, isto , ele viaja no sentido contrario ao da maioriados planetas, por este motivo que a Terra o encontra duasvezes, uma antes e a outra depois do perilio. Seu ncleo, cujodimetro estimado em cinco quilmetros, jamais foi visto nem

    fotografado. Esperamos que as sondas espaciais possam nosremeter sua imagem. Como j dissemos anteriormente avelocidade relativa entre o cometa e essas naves cerca de 78km/s. Nessa velocidade, uma partcula de poeira de apenas umdcimo de grama capaz de atravessar uma parede de alumniocom 8 cm de espessura! As sondas foram preparadas para poder

    suportar esses provveis choques, com paredes duplas e artifcioseletrnicos colocados pelos cientistas. Espera-se que funcionem.

    DESCOBRINDO NOVOS COMETAS

    Uma das grandes faanhas, se no a maior, que um astrnomotenta realizar a de descobrir um novo cometa. Atualmente ocu vem sendo fotografado todo momento por astrnomos, em

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    grandes e pequenos telescpios, que , hoje, uma das melhoresmaneiras de estud-lo. A tarefa de observar o cu se apresenta,s vezes, cansativa, exigindo do observador pacincia, ateno,dedicao, virtudes encontradas nas pessoas aficionadas pela

    astronomia, que, no raro, so premiadas com a descoberta deum novo cometa que tenha passado despercebido pelo olho dosgrandes telescpios. A descoberta ento, comunicada a umrgo competente, que confere ao seu descobridor a honra de terseu nome dado ao cometa, imortalizando-o.Cerca de 200 cometas j foram observados e catalogados. Desse

    nmero, 85 tm perodos menores do que duzentos anos, 40passaram prximo ao Sol apenas duas vezes.

    Alguns astrnomos principiantes podem julgar que no socapazes de competir com os grandes telescpios na caa a novoscometas. Enganam-se. Fatores diversos, tais como composio,

    tamanho e posio do cometa podem faz-lo escapar dos grandesobservatrios e serem avistados por amadores com pequenaslunetas. O nome ao cometa geralmente dado ao primeiro quecomunica sua descoberta ou a algum astrnomo que tenha sido,indiretamente, responsvel pela descoberta ou pela informaode algum dado importante, como aconteceu com EdmundHalley. O nmero mximo de descobridores simultneos paraefeito de nome do cometa trs, como o Tago-Sato-Kosaka(1969).Todo ano um certo nmero de cometas descoberto, em mdia10 por ano, sendo que no ano de 1977 descobriram-se 19 novos

    cometas, passando a ser o recorde de aparies. Algunsastrnomos so verdadeiros caadores de cometas e, atualmente,os japoneses tm conseguido, talvez em funo de uma melhor

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    aparelhagem de fcil obteno, superar os demais caadores. Umastrnomo francs. Charles Messier (1730-1817), incumbido decerta tarefa, descobriu acidentalmente 21 cometas usando umapequena luneta.

    Alguns cometas descobertos recentemente podem ser citados:Kohoutek (1970), Arend-Roland (1957), Ikeya-Everhart (1966),Mrkos (1955), Ikeya-Seki (1965), Kohler (1977), West (1975).Voc j imaginou seu nome numa lista assim? Em 1970, umastrnomo alemo, Lubos Kohoutek, conhecido hoje como umdos maiores descobridores atuais de cometas, informa a

    existncia de um novo cometa, que logo recebe seu nome. Asprimeiras revelaes davam conta de que o Kohoutek seria umcometa gigante cuja apario suplantaria a todos at entoconhecidos.

    (MAPOFEI-SP) A figura mostra a rbita prevista do cometaKohoutek no sistema solar. A posio do cometa indicada coma respectiva data.

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    a) Em que situao deveria estar um observador para ver atrajetria como na figura?b)

    Em quais intervalos a velocidade do cometa mxima emnima, respectivamente?c)

    Em que trecho da trajetria a acelerao tem maiorintensidade? Por que?d) Como varia a energia potencial gravitacional do cometa aolongo da rbita? Onde mnima?e) Em uma s noite que trajetria o cometa descreve no cu, paraum observador postado na superfcie da Terra?

    Esse cometa passou a ser o mais comentado dos ltimos 50 anos.Virou tema de livros, seria o novo messias para alguns msticos,foi chamado de "O monstro do Natal" que preconizava osurgimento do nazismo na Amrica, inspirou poemas e at

    questes de vestibular no Brasil.Infelizmente foi uma grande decepo visual, mas no umadecepo cientfica, visto que o Kohoutek serviu para grandespesquisas.Um outro cometa, de 1729, talvez o maior conhecido e secolocssemos o Halley na mesma distncia a que se encontrava

    aquele cometa, seria o Halley dez vezes mais dbil emmagnitude: o cometa de 1729 seria dez vezes mais brilhante.Espera-se ansiosamente o Halley, mas, tambm, no se perdeu aesperana de, a qualquer momento, descobrir um novo emblemano cu, um cometa visvel a olho nu maior que o Halley!Como j dissemos a respeito dos cometas, estes s adquiremcauda quando esto a uma certa distncia do Sol, maisprecisamente a 3 UA. Antes disso o cometa uma esfera

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    relativamente pequena, escura e sem brilho, visto que sua lumi-nosidade decorrente da reflexo da luz do Sol. Os cometas quegravitam em torno do Sol e que passam pelas proximidades daTerra so avidamente caados pelos astrnomos, que perscrutam

    os cus noite aps noite e a grande, a imensa maioria jamaislogrou descobrir um nico. uma auto-tarefa desafiadora eapaixonante. Um outro desafio para a humanidade a busca deum novo sistema planetrio semelhante ao nosso sistema solar,que possa existir em algum ponto do universo. O grandeinconveniente que as estrelas distantes apresentam brilho

    intenso e a luz refletida por possveis acompanhantes planetrios completamente encoberta pelo brilho ofuscante da estrela. Hpoucos anos, um telescpio colocado em rbita pelos norte-americanos, quando calibrava seus instrumentos utilizando aestrela Vega, da constelao Lira, como ponto de referncia,

    acabou por descobrir acidentalmente um conjunto de corposgravitando em torno daquela estrela. A descoberta, feita atravsde instrumentos sensveis luz infra-vermelha, provocougrandes repercusses.Infelizmente os almanaques, as revistas populares e osdefensores do sensacionalismo imediatamente passaram a fazer

    conjecturas sobre a descoberta, inclusive ao nvel de qual seria oaspecto dos habitantes de l, quando na verdade ainda no temosidia do tamanho desses corpos em rbita, que podem variardesde dimenses de um gro de ervilha at dimenses de umplaneta como Jpiter. Pena que a maioria da populao se limitea ler horscopo em semanrios em vez de revistas cientficas.No caso dos cometas que possam estar em rbita de outrasestrelas os problemas de deteco so maiores ainda. Para se ter

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    uma idia disso vale dizer que, em 1910, o cometa Halley passouentre o Sol e a Terra e seu ncleo deveria, de certa forma,provocar uma sombra como um pequeno eclipse, masabsolutamente nada foi visto projetado sobre o Sol. Um corpo

    slido de apenas 300 km teria sido visto facilmente como umcorpsculo negro.A estrela mais prxima da Terra, que no o Sol, encontra-se a 4,5anos-luz, distncia considervel para impedir a visualizao deum cometa orbitando-a, mesmo que esse cometa tenha umacauda imensa como as distncias entre planetas, mas cujo brilho

    insignificante mesmo comparando-se com uma estrela-ancomo o nosso Sol. Em suma, um cometa ficaria mergulhado nointenso brilho da estrela, o que nos impossibilitaria v-lo.

    Cometa transportando vida

    Os mundos no cosmo so jias raras. Raras e preciosas. Ouniverso um enorme vazio pontilhado aqui e ali por umagalxia. Ele tem algumas centenas de bilhes de galxias e cadauma por sua vez composta de poeira, gs e estrelas, bilhes ebilhes de estrelas. Mas o universo continua ainda um enorme

    vazio. Supondo que cada estrela de cada galxia possua um nicoplaneta, chegamos a um fantstico nmero de dez bilhes detrilho de planetas. A Terra um deles. Ns temos o privilgioda vida, mas podemos no ser os nicos.Um cometa constitudo, como j dissemos, por partculascongeladas de amnia, metano e gua, e pode ter 4 bilhes de

    anos, como a Terra. Ento, h 4 bilhes de anos, a Terra era olocal ideal para uma reproduo grosseira de molculas quedeixavam cpias tambm grosseiras de si mesmas. A evoluo

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    ento se processava, e a reproduo atingia melhores nveis at oaparecimento da primeira clula. H trs bilhes de anossurgiram os primeiros vegetais unicelulares. H dois bilhes deanos surgiram os organismos sexuados, h um bilho os vegetais

    superiores e h apenas dez milhes de anos surgiram criaturasparecidas com o homem.Admite-se hoje em dia que este processo possa ter sido iniciadopela passagem ou queda de um cometa sobre a Terra, visto queteorias bem elaboradas indicam que os cometas tenham sido,talvez a maior fonte de materiais orgnicos nas atmosferas dos

    planetas. O desenvolvimento pr-biolgico da Terra pode, semsombra de dvidas, ter eclodido na visita das molculascometrias num passado remoto.Alguns astrnomos argumentam, ainda que toda a gua existentena atmosfera de Marte, atualmente, poderia ser justificada pela

    queda recente de um pequeno cometa.Essa idia de a vida ser de origem cometaria no nova. IsaacNewton (1642-1727), um dos maiores gnios que a humanidadecriou, achava que os oceanos da Terra teriam tido origem noscometas e que a vida s possvel porque cai matria cometriasobre o nosso planeta. verdade que a biologia ou a exobiologia

    no eram os assuntos que Newton mais conhecia, mas temos quelevar em considerao que suas idias eram e so altamenterelevantes.E o universo continua um imenso vazio...A possibilidade de um cometa transportar a matria-prima davida para um planeta fora do sistema solar, depois de passar pelaTerra, seria, quem sabe, de uma em mil trilhes!

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    CONTRIBUIO DO BRASIL

    H alguns anos os cientistas do mundo todo j vm seorganizando na tarefa de pesquisar o Halley. Em agosto de 1982,na Grcia, foi efetivado um comit de cientistas denominado"International Halley Watch", sigla IHW, ou ProgramaInternacional de Observao do Halley, cuja incumbncia

    arrecadar a maior quantidade possvel de informaes, fotos,dados acerca do cometa. Para a Amrica do Sul, a central derecepo de dados estar a cargo do Observatrio da Venezuelae, no Brasil, o representante do IHW o INPE, InstitutoNacional de Pesquisas Espaciais, em So Jos dos Campos (SP).O observatrio de Atibaia, a 64 km de So Paulo, operado pelo

    INPE, ir examinar ondas de rdio emitidas pelo cometa, atravsde seu radiobservatrio, que um dos trs existentes nohemisfrio sul. Alm das pesquisas de rdio, o INPE montar emItapetinga, SP, um telescpio com espelho de 30 cm paraacompanhamento visual e feitura de fotografias por jornalistas eoutros interessados.

    No Instituto Astronmico e Geofsico da Universidade de SoPaulo, IAG-USP, o professor Oscar Matsuura, um dos brasileirosinscritos no comit IHW (o outro o astrnomo Eugnio ScaliseJnior, do INPE), est aperfeioando um aparelho denominadofoto-espectro-polarmetro linear de infravermelho, que, assim

    como o nome grande, ter enorme importncia no estudo dostomos existentes nos cometas atravs do espectro luminosoemitido por luz infravermelha, auxiliando para desvendar os

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    mistrios da origem do sistema solar. O foto-espectro-polarmetro ser usado junto com o telescpio do Observatriode Braspolis, Minas Gerais. O IAG-USP tambm estartrabalhando em conjunto com o telescpio de quatro metros do

    Observatrio Interamericano de Cerro Telolo, no Chile.Os observatrios Nacional e de Valongo, no Rio de Janeiro,tambm estaro envolvidos com pesquisas fotogrficas doHalley.O observatrio de Campinas, SP, nas mos do seu experientediretor, o astrnomo amador Nlson Travnik, tambm estar

    contribuindo com observaes e fotos do cometa. A UnioAmadora de Astronomia, UAA, est terminando de construir emAtibaia, SP, um observatrio que certamente dever trazer teisinformaes.Se voc um dos que pretende fotografar o cometa, lembre-se

    de que essas fotos s tero validade cientfica ao se anotar a horaem que elas foram batidas, o tempo de exposio e demaisdetalhes relacionados com o filme, tipo de mquina utilizada eainda a localizao do observador. Ao se obter uma boa foto, estadever ser enviada, com os dados acima, ao INPE em So Josdos Campos, SP, Caixa Postal 515. Todas as fotos recebidas sero

    enviadas ao IHW ou passaro a fazer parte do arquivo cientficonacional.

    Melhores instrumentos

    Quem no gostaria de ter mo um imenso telescpio como o

    de Monte Palomar, nos Estados Unidos, e comodamente sentadopassar a observar o cu atravs desse enorme aparelho, cujoespelho refletor tem cinco metros de dimetro? Impossibilitadas

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    de realizar esse sonho maravilhoso, passam as pessoas a buscaruma maneira acessvel a simples mortais como ns de melhorobservar o cometa Halley.Astros desse tipo no necessitam de instrumentos e tcnicas

    sofisticadas para serem vistos. Alguns astrnomos defendem aidia de se construir observatrios astronmicos sem um nicoaparelho ptico, caso do astrnomo Carlos Alfredo Arguello, daUniversidade Estadual de Campinas, dizendo que esse tipo deobservao, a olho nu, traz grandes contribuies, pois entre seobservar uma estrela a vista desarmada num local apropriado e

    se observar num poderoso telescpio, a diferena apenas o seubrilho, no o seu tamanho, visto que as estrelas esto a distnciasquase infinitas para nossos parmetros terrestres. Claro queobservar o Halley atravs de instrumentos dever nosproporcionar uma maior imagem e brilho desse astro.

    O olho humano apresenta uma caracterstica interessante que a abertura maior ou menor de sua pupila na incidncia da luz.Durante o dia ou sob intensa luz, a pupila diminui e atinge umdimetro de 2 mm, para equilibrar a entrada de claridade.Durante a noite ou sob luz fraca, a pupila se dilata para buscaruma maior quantidade de luz, chegando a atingir uma abertura

    de at 7 mm. Se voc olhar por um orifcio durante a noite,tendo esse orifcio um dimetro menor que 7 mm, entrar umamenor quantidade de luz e ocorrer a sensao deescurecimento. A mesma coisa acontecer se voc olhar por umbinculo cuja pupila de sada seja inferior quela medida. Essetipo de problema acarreta um cansao visual em curto espao detempo. Por essa razo, se voc pretende adquirir alguminstrumento para observao, comece pensando em um

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    binculo, sim, um binculo de boa quantidade, bom aumento,mas que tenha uma abertura de sada nunca menor que 7 mm.As especificaes dos binculos ideais podem ser 7 x 35, 7 x 50,10 x 70 ou 11 x 80, indicando o primeiro nmero, o aumento e o

    segundo, o dimetro da objetiva. Quando se divide o dimetropelo aumento, obtm-se a medida da pupila de sada, que deveestar prximo de 7.Com relao aos telescpios (ver figura 9), podemos dizer que,no mercado nacional, existem dois tipos, um chamado telescpiode refrao, constitudo por um conjunto de lentes por onde a

    luz atravessa e atinge o olho do observador, e outro chamadotelescpio de reflexo que consiste, basicamente, num espelhocncavo colocado no fundo de um tubo. A luz do astrofocalizado entra por uma das aberturas desse tubo, vai at aoutra, atinge o espelho que a reflete para um espelho plano em

    45 colocado prximo da primeira abertura, e este por sua vezjoga a imagem para uma ocular por onde o observador olha. Oprimeiro tipo apresenta o inconveniente de certas lentes de mqualidade mostrarem falsas coloraes. O custo de fabricao delentes acromticas e sem manchas outro grande inconve-niente, encarecendo demais o preo do equipamento.

    A recomendao que se d , ao adquirir um telescpio que eleseja de boa procedncia, como TOWA, BUSCH, TASCO, D.F.VASCONCELOS.

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    Observe que um telescpio do tipo astronmico inverte aimagem, aparecendo de cabea para baixo, problema irrelevantequando se observa o cu; portanto no serve para observaesterrestres.Um outro detalhe importante aquele que se refere aomecanismo de acompanhamento de um astro em sua trajetria,chamado movimento diurno, e que faz o objeto observado sairconstantemente do campo de viso. A rotao diurna da esferaceleste pode ser considerada aparente porque resulta, na

    verdade, da rotao da Terra e, conseqentemente, doobservador. Esse mecanismo aparece em telescpios commontagem dita equatorial, isto , permite que o telescpio semova em todas as direes, movimento executado manualmenteatravs de cabos flexveis de comando, ou mesmo eletricamentenos mais sofisticados.

    Caso voc no tenha condies para adquirir essesequipamentos, no se entristea. V para o interior munido deum binculo ou uma pequena luneta, vendida no mercado a

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    preo baixo, e divirta-se contemplando o (espero) magnficoHalley!Para quem quiser fotografar, alguns conselhos que podem serteis: a mquina fotogrfica der 3 ter trip ou estar firmemente

    apoiada; use extensor para disparar. O filme ideal para esse tipode foto aquele que tenha grande sensibilidade, ou seja, acimade ou igual a 400 ASA.A mquina deve estar com o diafragma totalmente aberto e avelocidade de exposio deve estar na posio B, possibilitandoque voc possa pressionar o boto disparador e mant-lo assim

    de 30 a 40 segundos para uma melhor foto. Aperte o boto e boasorte!ltima dica: para uma melhor observao noturna, exige-se queo Sol esteja abaixo do horizonte, pelo menos, 18. Nessa situao

    j terminou o crepsculo ou no se iniciou a alvorada. Isto

    corresponde a aproximadamente 1h15min aps o pr-do-sol ou1h15min antes do seu nascimento; e se voc quiser ver o Halleyainda em 1985, espere por novembro e procure-o, cominstrumentos, prximo das "Trs Marias".A chegada do Halley ser anunciada por uma chuva de meteorosem fins de outubro, prximo das "Trs Marias", na constelao

    de Orion. Poder ser um espetculo maravilhoso.

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    ASTRNOMOS INICIANTES

    O cu, quando observado a olho nu, apresenta uma quantidadeimensurvel de objetos celestes, tais como o Sol, a Lua, os

    planetas, as estrelas, os espordicos cometas e os, praticamentedirios, meteoros. Eles so diferenciados uns dos outros demaneira bastante clara. Os planetas e as estrelas apresentamcertas semelhanas: so pontos luminosos sem dimetro algum.As estrelas esto a distncias to grandes de ns que no

    apresentam a viso de profundidade uma em relao a outra, ouseja, parecem ocupar, todas, uma grande esfera oca e escura emcujo centro est a diminuta Terra. Essa aparente esfera oca,chamada abbada celeste, gira lentamente e suas estrelas fixasguardam sempre a mesma distncia entre si e formam as diversasconstelaes. Os planetas, de mesmo aspecto que as estrelas, so

    diferenciados por percorrerem durante o ano um caminho pelaabbada, passando por muitas constelaes. A rotao aparenteda abbada celeste provocada, na verdade, pelo movimento derotao da Terra em torno de seu eixo.Antes de se iniciar uma observao do cu por instrumentos necessrio realizar a chamada astronomia a olho nu, que resulta

    num maior conhecimento do cu, das constelaes, domovimento dos planetas. O iniciante deve tambm procuraruma leitura mais aprofundada sobre as coordenadas queutilizamos em astronomia para a localizao dos objetos celestes.No final do livro voc encontrar essas indicaes de leituras

    complementares. Alguns termos muito utilizados pelosastrnomos referem-se a um sistema de coordenadas chamadasde equatoriais celestes ou uranogrficas. Considerando o eixo

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    norte-sul da Terra, veremos a esfera celeste girar em torno dessemesmo eixo.Chamamos de plano do equador celeste ao plano que passa pelocentro da esfera e perpendicular ao eixo N-S. (figura 10)

    Crculos horrios so crculos de mesmo raio que a esfera celestee que contm, obrigatoriamente, o eixo N-S. (figura 11)Sobre esses crculos so marcadas as declinaes dos astros (6),em graus contados a partir do plano do equador, de 0o at 90,sul ou norte. Por exemplo, o caminho anual do Sol na esfera

    celeste, chamada de eclptica, tem declinao mxima de 23,5

    tanto no norte como no sul, e a declinao mnima 0, aocruzar o plano do equador celeste, (figura 12)

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    O crculo horrio mximo perpendicular ao plano do equador a origem para a contagem de um ngulo compreendido entre

    este plano e o crculo horrio do astro, medido em graus ouhoras, e chamado de ascenso reta ou AR. (figura 13)No captulo "Como achar o Halley", mostramos a sua trajetriaaparente considerando as estrelas fixas da abbada celeste, ondeaparecem as coordenadas celestes, a ascenso reta (AR) e adeclinao (fi).

    2061 UMA ODISSIA NO TEMPO

    Dirio de bordoData: 15 de maio de 2061Nave interplanetria: AMESUL

    Destino: Estao espacial E-17 em rbita em torno de MarteObjetivo: Estudar o cometa Halley

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    medida que o conhecido cometa se aproxima da Terra,convocado novamente pela fora gravitacional do Sol, sou euescalado para esta interessante e curiosa misso: estudar demuito perto o seu ncleo. Setenta e seis anos se passaram desde a

    ltima visita em 1986. Naquele tempo houve a maiormovimentao de aparatos cientficos em toda a histria daastronomia, movimentando pessoal especializado eequipamentos, procurando obter de todas as maneiras possveisas melhores informaes do astro. A diferena hoje quaseinfinita. Enquanto esta minha viagem se realiza, vou me

    divertindo escrevendo um dirio de bordo, como era comum em1986 em todas as viagens. Que coisa interessante para mim, umhomem de 60 anos, comear a comparar aquele ano com o quevivemos: 2061. Parece que consigo ver meu av observandoatentamente o cu com seu rudimentar telescpio naquelas

    noites quentes do vero de 1986. Pouca coisa me lembro dasconversas que tive com ele, pois a morte o atingiu numa tarde demaio de 2012 quando eu tinha pouco mais de onze anos. Masmeu pai no me deixou sem informaes a respeito dele e da suateimosia em observar o cu com instrumentos to rudes,prprios do tempo em que a astronomia praticamente

    engatinhava. Pena que tenha morrido antes de saber se haviavida fora da Terra, o que veio a acontecer em 12 de fevereiro de2018, quando a nave terrestre Rhesus, analisando o solo do Tit,a maior lua de Saturno, descobriu microorganismos vivos em suaconstituio. Essa descoberta emocionante foi o incentivo maiorpara que eu abraasse a carreira de exobilogo e astrnomo queagora sigo. Algo que me lembro de meu av era o fato de que seupai, meu bisav, era apaixonado pela viso do cu e sonhava em

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    ver o Halley. Morreu antes de o cometa chegar, e meu av,triste, dizia: No tem importncia, ele deve estar agora cavalgando ocometa!

    Hoje, observar o Halley deixou de ser um acontecimentofantstico para a humanidade porque, h vinte anos, ele acompanhado, lado a lado, por uma sonda que enviainformaes dirias para a Terra.Em 1986 as coisas eram muito diferentes. O cncer era umadoena incurvel, at que a 15 de novembro de 2026 sua cura

    fosse descoberta. engraado imaginar que ainda, na Amricado Sul, houvesse animais selvagens em locais desabitados comoas florestas. A energia motora dos veculos era proveniente dapoluidora e perigosa gasolina e do lcool, utilizados comocombustveis, hoje totalmente abandonados e vetados. Existia

    gua em abundncia e esta ainda no era controlada nem usadacomo matria-prima dos combustveis. Hoje ela move nossasmquinas e mantm o nvel de purificao do ar.Os carros daquela poca, barulhentos e sujos, foram substitudospelos magnomveis, que, utilizando processos eletromagnticose criognicos, dispensaram o uso das arcaicas rodas. Esses novos

    veculos so totalmente computadorizados, dispensammotoristas, jamais se chocam e so programados de maneira aatingir seus destinos o mais rapidamente possvel. Os velhosmetrs tambm foram colocados margem do desenvolvimento.A tecnologia usa agora, para transporte de massa, esteiras mveiscomo as antigas escadas rolantes, colocadas na horizontal e semdegraus, com aproximadamente vinte metros cada uma. umaseqncia de esteiras que giram no mesmo sentido, e a separao

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    entre elas to pequena que uma folha de papel encontradificuldade para penetrar nesse espao. Esteiras de maiorvelocidade so dispostas lateralmente, de maneira que, quantomais internamente na pista se entra, maior a velocidade.

    tambm um salutar exerccio para o organismo humano.Em 1986, a vida mdia de um homem era de 63 anos. Hoje amedicina mudou esse valor para 76 anos e teria, talvez,conseguido muito mais se no tivesse lutado terrivelmentecontra um inimigo implacvel durante vrios anos a radioati-vidade.

    Na madrugada de 22 de junho de 2034, um inesperado meteoroatravessou a atmosfera terrestre e atingiu em cheio a cidade deSavannah, na Gergia, Estados Unidos. O tremendo impactoprovocou a morte imediata de um milho de pessoas, formou umcogumelo de poeira logo analisado como sendo um ataque

    nuclear sovitico. Imediatamente um mssil enviado para acidade de Aleksandrovsk, na ilha Sacalina, Unio Sovitica. Maisum milho e meio de vtimas fatais. A resposta russa atingeoutras duas cidades americanas e nova bomba explode prximode Moscou. O mundo inteiro, por intermdio de grandesdiplomatas, consegue milagrosamente deter o que parecia a

    inevitvel destruio do mundo. A anlise dos acontecimentosaponta o erro cometido; mas as conseqncias so duras: 9milhes de mortes diretas e meio milho por queimaduras eefeitos radioativos. O vento e a chuva espalham pelo planetapartculas radioativas que durante dcadas afligem ahumanidade. Em 15 de setembro de 2045, s quatro da tarde, assinado, por todos os pases do mundo, um tratado que extinguedefinitivamente as armas nucleares da face da Terra.

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    Em 2020, um telescpio colocado em rbita em torno de Jpiterdetecta luz infravermelha proveniente de um corpo distante 58UA do Sol. Novas observaes e clculos confirmam a existnciado dcimo planeta do sistema solar e que recebe o nome,

    escolhido h 45 anos por um grande escritor Arthur Clark ,de Persfone. O novo membro da famlia solar tem, ento, seuperodo calculado: 438 anos para dar uma volta completa emtorno do Sol, e sua massa estimada em cerca de duas vezesmaior que a de Saturno.Em 1986 as estaes orbitais ainda no passavam de fico

    cientfica e em 75 anos a humanidade j tem nove estaes emtorno da Terra, cinco em torno da Lua, duas em torno de Martee uma em torno de Vnus, com um total de 25.000 pessoas emrbita. Na superfcie da Lua a explorao humana j permite umaproveitamento das jazidas minerais, principalmente de

    elementos pesados, na construo das estaes espaciais. Osmineiros da Lua j formam uma pequena cidade nesse satlite daTerra. Foi nessa cidade que se desenvolveu um aparelho capazde prever terremotos com uma antecipao de uma semana, oque previne o homem, evitando conseqncias desastrosas.A agricultura de nossos avs, se comparada com a dos dias

    atuais, pode ser considerada quase que estril. O controle daschuvas e os adubos sintetizados no espao, aliados aodesenvolvimento tecnolgico, possibilitaram a cultura devegetais em toda a superfcie da Terra e em estaes orbitais. Assementes modificadas pela biologia permitem a obteno decereais, como o arroz, dez vezes maior que o de 1986. A fomedeixou de ser um problema h muito tempo e at regies estreiscomo o antigo Oriente Mdio transformaram-se em frteis e

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    midos campos de plantao. No existem mais desertos naTerra, com exceo de algumas regies da Antrtida.A sociedade j no trabalha tanto, pois existem, em todas asatividades, mquinas robotizadas que substituem o homem,

    permitindo um maior tempo para os exerccios fsicos e esportes.Em razo da quase extino da disputa e da concorrncia entreos homens, deixaram praticamente de existir os crimes sociais. Ocontrole gentico impede a gerao de crianas com deficinciasfsicas ou intelectuais. Alguns cruzamentos permitemnascimentos de futuros cientistas, artistas e polticos, cujas

    genialidades so esperadas com certeza.Todas as facilidades esto presentes em nossa vida diria. Nossoscomputadores praticamente pensam por ns, nossos robstrabalham por ns, os geneticistas geram nossos filhos.Os valores morais foram totalmente esquecidos e o homem se

    encontra beira do colapso do seu intelecto e de sua posio deser vivo, desenvolvida e adquirida nos ltimos cinco milhes deanos.O desenvolvimento mental j no mais importante. A vontadedo homem definha, a apatia toma conta de todos os corpos... Oesprito humano est mortalmente ferido na sua capacidade de

    criao.Neste momento minha nave se aproxima da estao espacial emMarte e eu me aproximo do meu objetivo: procurar no coraodo Halley motivos para a humanidade continuar viva!

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    ENCERRAMENTO

    O Halley, o mensageiro do cosmo, j se avizinha para ser ogrande objetivo da astronomia de 1985 - 1986. Algumas pessoas,s vezes, perguntam por que estudar astronomia, se os objetos docu esto a distncias to grandes que os tornam praticamenteinatingveis? Se a estrela que est mais prxima de ns s seralcanada pela nave americana Pioneer 10 daqui a milnios esuas informaes provavelmente jamais sejam recebidas, por que

    estudar astronomia? Se o cu que observamos hoje , narealidade, o cu da pr- histria e pode ter-se modificadocompletamente, por que estudar astronomia? Se, na velocidadeda luz, as ondas de rdio, TV, microondas so meios lentos erudimentares para a comunicao especial e podem levarmilhares de sculos at atingir uma civilizao inteligente que

    compreenda nossas mensagens e talvez nem queira responder,por que estudar astronomia?As respostas para estas perguntas provavelmente nem existam,mas se pensarmos que o universo, segundo clculos maisrecentes, tem aproximadamente 20 bilhes de anos e que ohomem surgiu h apenas alguns milhes, de maneira queindependente do aparecimento do ser humano o universonasceu, se expandiu e se tornou imenso, se conseguirmoscompreend-lo, talvez possamos nos engrandecer e tornar estepequeno planeta poludo, maltratado, violento e mesquinho,num local onde a vida, motivo de todas as pesquisas, possa

    continuar evoluindo em paz, e o Halley talvez seja ummensageiro que toda a humanidade aguarda: o mensageiro dapaz definitiva!

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    INDICAES PARA LEITURA

    Se voc tem a inteno de aprofundar seu conhecimento a

    respeito de cometas, o livro mais indicado o Os Cometas, deNlson Travnik, Ed. Papirus, que trata do assunto de maneirabrilhante, bastante tcnica e cientfica.Um outro livro, um pouco caro, mas didaticamente perfeito, oCosmos, de Carl Sagan, com muitas ilustraes, Ed. Francisco

    Alves.Ou Ainda: Astronomia Popular, de Ronaldo R. F. Mouro, Ed.Civilizao Brasileira; Da Terra s Galxias, do mesmo autor, Ed.Melhoramentos; Fundamentos de Astronomia, diversos autores,Ed. Papirus.