GENEALOGIA DA FAMÍLIA

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GENEALOGIA DA FAMÍLIA Giuseppe (1681) que gerou Pietro (1741), Pietro que gerou Giuseppe(1833), Giuseppe que gerou Floriano (1861) e Salvatore (1866); Floriano que gerou Addolorata (1890), Annisia (1893), Giuseppe (1895), Luigi ( 1897) e Antônio (1901); Salvatore que gerou Vergínia (1890), Raffaeli ( 1895), Giuseppe (1894) e Giovanni ( 1899). Este é um pequeno retalho de trezentos anos de história da viva chama do cognome Zizzi. . ITÁLIA – 18 DE JULHO DE 1901 - PORTO DE NÁPOLES – DESTINO - BRASIL . Alvorecer do século XX. Ponto de partida da reconstrução da família Zizzi. Nós, descendentes direto desses bravos imigrantes, pretendemos resgatar, reavivar e desvelar a história de nossos ancestrais que varridos do campo, pelo vento árido do capitalismo, não lhes restando outra saída, partiram de uma nação esfacelada, um mosaico de cidades- estado, dantes, chamada Itália, rumo ao éden prometido, terra do ouro verde, chamada Brasil. O campesinato, a base da sociedade, principalmente, sulista da Itália, sobre a qual se assentava o pilar ideológico – cultural, culminou com o empobrecimento dos que tinham como força de trabalho a lavoura, a principal fonte de sustento de suas famílias. Naquele momento, o sentimento nacionalista de um povo, outrora conhecido e ostentado como o orgulho italiano, adentrava no inferno da Divina Comédia de Dante , porém, sozinhos, desamparados, do guia espiritual de Virgílio, na esperança de um dia ascender ao Paraíso. Assim chegaram à porta do Inferno!

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Primeiros imigrantes Italianos de cognome Zizzi a virem para o Brasil em 1901.

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GENEALOGIA DA FAMÍLIA

Giuseppe (1681) que gerou Pietro (1741), Pietro que gerou Giuseppe(1833), Giuseppe que gerou Floriano (1861) e Salvatore (1866); Floriano que gerou Addolorata (1890), Annisia (1893), Giuseppe (1895), Luigi ( 1897) e Antônio (1901); Salvatore que gerou Vergínia (1890), Raffaeli ( 1895), Giuseppe (1894) e Giovanni ( 1899). Este é um pequeno retalho de trezentos anos de história da viva chama do cognome Zizzi.

.ITÁLIA – 18 DE JULHO DE 1901 - PORTO DE NÁPOLES – DESTINO - BRASIL

.Alvorecer do século XX. Ponto de partida da reconstrução da família Zizzi. Nós, descendentes direto desses bravos imigrantes, pretendemos resgatar, reavivar e desvelar a história de nossos ancestrais que varridos do campo, pelo vento árido do capitalismo, não lhes restando outra saída, partiram de uma nação esfacelada, um mosaico de cidades-estado, dantes, chamada Itália, rumo ao éden prometido, terra do ouro verde, chamada Brasil. O campesinato, a base da sociedade, principalmente, sulista da Itália, sobre a qual se assentava o pilar ideológico – cultural, culminou com o empobrecimento dos que tinham como força de trabalho a lavoura, a principal fonte de sustento de suas famílias. Naquele momento, o sentimento nacionalista de um povo, outrora conhecido e ostentado como o orgulho italiano, adentrava no inferno da Divina Comédia de Dante, porém, sozinhos, desamparados, do guia espiritual de Virgílio, na esperança de um dia ascender ao Paraíso. Assim chegaram à porta do Inferno!

Entrado do Inferno de Dante - Ilustração de William Baker

Centenas e milhares de anônimos, sem identidades, sem brasões, com raras

exceções, transformaram-se numa massa homogênea condenada à miséria e

à fome. Naquela turbulência a conhecida Agência Ângelo Fiorita & Companhia,

empresa norte-americana, em parceria com o governo do estado de São Paulo,

que buscava suprir a falta de mão-de-obra escrava no Brasil, deu carta branca

a esses agentes, para recrutarem e aliciarem os pobres italianos com falsas

promessas, vendendo uma boa imagem "made in Brazil". Ironia ou não do

destino, era o que se via e se lia nos cartazes estampados nos Portos

de Nápoles e Gênova   à época:

Cartaz da propaganda, prometendo terra e abundância no Brasil

"Na América - Terras no Brasil para os italianos. Navios em partida todas as semanas do Porto de Gênova. Venham construir os seus sonhos com

a família. Um país de oportunidade. Clima tropical e abundância. Riquezas minerais. No Brasil vocês poderão ter o seu castelo. O governo dá terras

e utensílios a todos."

Mas, no pano de fundo, imperava um acordo de "cavalheiros": Italianos que estivessem em plena atividade de trabalho e filhos com idade de produzir. Esta a condição, sine qua non, o passaporte carimbado para fazerem às vezes dos negros, livres no Brasil de 1888. Em outras palavras: Escravos brancos! Como a mão e a luva: Os italianos eram católicos, falavam uma língua latina e tinham costumes parecidos com a raiz luso-brasileira. Assim a emigração resultou na amarga solução. Esse era o quadro fático. Triste quadro fático. E, assim, no dia dezoito de julho de mil novecentos e um, lentamente, enquanto o navio vapor Città Di Milano, deixava o Porto de Nápoles, ouviam-se confusos, dois cantos de despedida:

"Noi, italiani lavoratori,Allegri andiamo nel Brasile,E voi altri, d’Italia signoriLavoratelo il vostro badileSe volete mangiare".("Nós, italianos

trabalhadores, / Alegres partimos para o Brasil, / E vós que ficais, da Itália senhores / Trabalhai empunhando a enxada / Se quereis

comer")."Andiamo in’ Merica.Andiamo a raccogliere caffè.Andiamoin’Merica"(...)."

Contudo, uma verdade uníssona, nesta canção popular:

"A Itália é pequenina e tem gente em quantidade e esta é a ruína, pois não se pode viver; e todos querem ir à América para ganhar o pão para papai

e mamãe."

Assim, centenas de italianos subiam a tábua estendida do cais ao navio, com sarrafos pregados ao meio, como se fosse uma escada, um a um começou a

aventura pelo desconhecido. Da proa do navio observam silenciosamente o oceano misterioso e.... num olhar distante, parado, num último adeus a esperança que morria, no sonho que se ficava. Só restava partir. Deixar a casa, os pertences, o campanário... É hora de arrumar o baú, pegar o trem até o porto de Napoli, conseguir a passagem, embarcar no navio, e navegar até o outro lado, o novo mundo, o mesmo com o qual sonhou Cristóvão Colombo. Depois, à América Latina à mercê da própria sorte. Na bagagem de seus corações traziam a mingua dos restos de saudades, restos de lembranças, e restos de um futuro lotérico, longe da velha Itália. Distantes da Comunidade de Leverano, onde nasceram. Mas, navegar era preciso! Navegar era a última odisséia e o destino de suas vidas! Esse o contexto histórico de treze únicos italianos com o cognome Zizzi que, no dia 18 de julho de 1901, do Porto de Nápoles, embarcaram no Navio Vapor Città Di Milano, um cargueiro de 3ª classe, da Companhia de navegação La Veloce, numa viagem épica que durou de 24 e/ou 25 dias com destino ao Brasil, onde desembarcaram no Porto de Santos   - São Paulo, em 10 de agosto de 1901, com destino a Cerqueira Cezar   – Fazenda Coronel Henrique Cunha Bueno.

Vapor - Città Di Milano

Nós, filhos, netos e bisnetos, desses heróicos guerreiros, sobretudo, o corpo, o

sangue e a alma, ascendentes dos Garibaldis dos dois mundos, temos a honra

e o compromisso inadiável de reconstruir essa façanha dos que deixaram para

trás, o sonho de paz e prosperidade, embarcados e intorpecidos pela incerteza

do além-mar.

Ilustração do italiano Giuseppe Bandi, publicada em 1889 mostrandoGiuseppe

Garibaldi   carregando o corpo de sua mulher, Anita Garibaldi, morta por

soldados papais, em 1849. Ambos são heróis tanto no Brasil quanto na Itália.

Floriano Zizzi, nosso bisavô, e seu irmão Salvatore Zizzi, juntos com suas

mulheres e filhos, entraram no Brasil como agricultores. Contudo, documentos

resgatados no Memorial do Imigrante   (Certidão de desembarque   e Certidão

do livro) em São Paulo doArchivio Di Stato Di Lecce   na Itália, revelaram que

ele, Floriano Zizzi foi um músico! Tocava Trombone e Saxofone!!!!!!!!!!! Foi

garimpando e confrontado esses documentos que pudemos conhecer os

nomes de seus pais: Guiseppe Zizi del fu Pietro (Ou seja, filho de Pietro já

falecido) (com dois "zes") e sua mulher Maria Antonia Muci, além de datas de

nascimentos, aniversários e mortes, e, finalmente, entender que o cognome

Zizzi, seja lá, qual seu significado real, é, sem sombras de dúvidas, sinônimo

de uma raça que, antes mesmo do nascer do sol, saiam em busca do tão

precioso grão de mostarda, raro pela espécie. Afinal, queiramos ou não, é

impossível prescindir do passado, da memória, da história. É desse lugar sem

posição geográfica definida, denominado passado, que nos vêm as

experiências acumuladas, os saberes transformados, os conhecimentos

transversais que condicionam, interagem e informam os projetos, os planos,

que nos deslocam para o futuro e para o presente. Esse o axioma maior: -

Conhecer a história, para superar as várias mazelas sociais e a injustiças das

raízes desses graves problemas que assolam o cotidiano, da forma como

tentamos debelar tais dificuldades ao longo do tempo, das atuações

governamentais e suas repercussões, dos posicionamentos assumidos pela

sociedade civil e da própria cultura nacional? Preservar esse patrimônio da

humanidade é dever de todos, pois, um povo sem história, e sem o Historiador,

é um povo sem memória. Aqui pontuamos o resumo da história que

passaremos a contar nesta modesta obra em que figuram como

protagonistas: Terezinha Zizzi da Silva, Alexandre Zizzi da Silva, Estêvão

Zizzi da Silva, José Antônio RodriguesZizzi, Fernando Ramos

Zizzi, Rosana Ramos Zizzi, não esquecendo daqueles que já estão no plano

espiritual que muito nos inspiram e nos ensinaram com suas vidas quando aqui

estiveram. Esperamos que aqueles que passarem os olhos nessa página,

pensem, reflitam, e da mesma forma, contribuam na preservação da cultura!

Afinal, somos 25 milhões de descendentes Italianos espalhados de norte a sul

do Brasil! Sem contar com outras raças a quem devemos muito.

Documentos colhidos no Memorial do Imigrante em São Paulo