Generos Da Literatura Infantil_ Narrativa e Poesia

download Generos Da Literatura Infantil_ Narrativa e Poesia

of 34

Transcript of Generos Da Literatura Infantil_ Narrativa e Poesia

  • GNEROS DA LITERATURA INFANTIL: NARRATIVA E POESIA

  • GNERO NARRATIVA O trabalho com a literatura infantil na escola deve levar em conta, alm dos princpios j expostos, os diferentes gneros de textos escritos para crianas, porque o modo como se configuram requer um trabalho diferenciado.

    As narrativas apresentam uma variedade de tipos cuja construo especfica deve ser do conhecimento do professor, para que as propostas de atividades e de avaliaes possam estar adequadas concepo do discurso literrio escolhido.

    Para abordar esse assunto, vamos nos servir da classificao apresentada por Vera Aguiar. Ela divide essas categorias em algumas perspectivas: estrutura, personagens, temtica e efeito. Aproveitamos dessa classificao o seu formato didtico e bem organizado e inclumos alguns outros dados que nos parecem necessrios.

  • QUANTO ESTRUTURA

    Em relao estrutura organizacional dos textos literrios, encontramos uma apresentao dos gneros textuais identificados na literatura infanto-juvenil, quais sejam: mito, lenda, fbula, aplogo, conto e novela. A eles acrescentamos a crnica, como texto literrio de uso frequente na escola, e as narrativas mistas, que aproveitam elementos dos demais gneros.

    A literatura oferecida s crianas se apoia nessa tipologia de textos, seja para trabalhar com obras tradicionais, seja para faz-lo com livros recentes.

    A estrutura das narrativas prope leitura diferenciada, porque se apresenta de modos diferentes ao leitor, a concepo

  • do texto visa a objetivos prprios, portanto constri a narrativa segundo padres mais, ou menos, tradicionais.Essas formas diferentes nascem de modos diferentes encontrados pelos autores para representar o mundo e os homens. Assim, a escolha de um conto ou de uma fbula tem a ver com as intenes a serem exemplificadas e aplicadas, as formas de construo do texto, as referncias explcitas ou implcitas a outros textos do mesmo formato, as personagens que se expressam ou agem de maneira prevista ou imprevisvel, a retomada parcial da forma tradicional ou sua rejeio.

    Para orientar melhor o professor em seu trabalho com essa tipologia, apresentamos a seguir uma rpida descrio dessas diferentes estruturas textuais.

  • Mito

    Na literatura para crianas, o mito, entre suas vrias definies, est mais intensamente relacionado com a caracterstica de uma narrativa atemporal que procura explicar a gnese, a origem de seres e coisas, de forma no racional, lgica e histrica, mas na "unidade originria da conscincia e do mundo, (...) numa fuso inextricvel (que est embaraado, entrelaado, que no se pode separar ou distinguir), na substncia formadora do mundo, entre o visvel e o invisvel, o natural e o sobrenatural. So narrativas primordiais, que explicam, por exemplo, o surgimento de algumas tribos ou a origem das estrelas. Quando tratam do surgimento de plantas, acidentes geogrficos e alimentos, so denominadas contos etiolgicos, como, por exemplo, a narrativa sobre o aparecimento do guaran e das Cataratas do Rio Iguau, no Paran.

  • Lenda

    A lenda tem uma base histrica, um fato pertencente a um acontecimento ou pessoa de um tempo histrico determinado, que aparece transformado, de maneira idealizada e exagerada, numa narrativa posterior. Muitas vezes, a lenda de criao coletiva do povo. Teve, em consequncia, um desenvolvimento oral e aparece com muitas verses prximas, mas diferentes. E o caso da lenda do Negrinho do Pastoreio, de histrias de santos ou de heris de um pas. O fator idealizao essencial para a transformao da histria em lenda. Ela ter sempre o componente histrico para lhe dar subsdio e credibilidade.

  • Fbula

    Esse , provavelmente, o mais conhecido dos textos que circulam na escola. Contribuem para esse conhecimento a extenso (texto curto), os personagens (animais falantes na maioria), o tratamento dialgico (personagens dialogam ao longo do texto, permitindo pontos de vista diferentes), a moral explcita (s vezes implcita) no incio ou no final da narrativa, que evita contradies, facilita e condiciona a compreenso do que foi lido.

    Massaud Moiss assim define a fbula: " protagonizada por animais irracionais, cujo comportamento, preservando as caractersticas prprias, deixa transparecer uma aluso, via de regra satrica ou pedaggica, aos seres humanos.

  • Fbula

    As narrativas contemporneas com personagens animais e que so escritas especialmente para a escola preservam as caractersticas das narrativas tradicionais, existentes desde antigas civilizaes, como a indiana, a grega e a latina.

  • Aplogo

    Essa estrutura textual literria mantm semelhanas com a fbula, porque tem, como ela, personagens no humanos, dramatizao no dilogo e moral, implcita ou explcita. A diferena marcante que os personagens so objetos inanimados, como plantas, pedras, rios e objetos fabricados, como relgios, agulhas, linha.

  • Conto

    O conto uma narrativa curta e sinttica que contm uma nica ao, isto , trata de apenas um conjunto restrito de personagens, em tempo e espao reduzidos, que vivem poucos acontecimentos. Essa frmula serviu, e continua servindo, literatura infantil e juvenil, pois est adequada pouca experincia de leitura, dificuldade de a criana acompanhar enredos mais complexos, com histrias paralelas e muitos personagens. Tambm pela dificuldade em seguir um tempo mais estendido, o conto mantm-se num tempo de ao mais condensado.

    H dentro do nome genrico de conto vrios tipos, classificados segundo os assuntos tratados ou por abordagem dos fatos.

  • Conto

    Por isso, possvel englobar sob o ttulo de contos maravilhosos as narrativas com ou sem fadas, que apresentem uma viso mgica da realidade (com objetos, animais e acontecimentos fora da realidade e transformveis). Outro grupo formado pelos chamados contos do cotidiano (com personagens crianas, com protagonistas solitrios ou em grupos, vivendo conflitos na rua, na escola, em famlia). Outros grupos podem ser constitudos pelas denominaes contos que contenham enigmas, ou contos de aventuras, ou narrativas sobre aprendizagem, ou sobre ecologia, ou sobre problemas sociais (como a incluso, por exemplo).Enfim, o conto uma forma literria que atende capacidade de ateno, experincia de vida, s expectativas e viso de mundo das crianas, entendidas como leitores em formao.

  • Crnica

    A crnica outro texto narrativo curto, que trata de assuntos do cotidiano, com senso de observao e tratamento lrico. Traz para o leitor uma proposta de identificao, emocionalidade e poesia. considerada por alguns historiadores e crticos literrios como um gnero menor devido, principalmente, ao fato de estar marcada demasiadamente pelo tempo presente e, portanto, com envelhecimento previsvel. Provoca, no entanto, adeso imediata com o leitor. Da a preferncia dada crnica pela escola, especialmente para a terceira e a quarta srie do ensino fundamental.

  • NovelaEsse tipo de texto organizado segundo o princpio da multiplicidade. Apresenta possibilidade de vrias aes simultneas, com um grande nmero de personagens e com um desenvolvimento linear da narrativa (comeo, meio e fim, nessa ordem), o que permite ao leitor manter melhor contato com a histria narrada. Prevalece, ainda, um certo carter de repetio e previsibilidade na sequncia dos acontecimentos. A ateno ainda se mantm apesar da extenso mais longa do texto, graas ao trabalho em torno de momentos de suspense.

  • QUANTO TEMTICA

    Podemos sintetizar a temtica em: cotidiano, aventura, sentimentos infantis, relaes familiares, questes histricas e sociais, questes ambientais, fico cientfica, policial e religiosidade. No h limite para a temtica das narrativas infantis, que acolhe todos os assuntos. O que dar a caracterstica de literatura para crianas a maneira como esses assuntos so tratados. A temtica no deve sofrer restries de ordem moral, religiosa ou ideolgica, pois pode haver limitao experincia de vida e da realidade atravs do texto literrio, bem como a impossibilidade de acesso a textos mais complexos, que trabalham com a contraditoriedade e a diversidade de perspectivas.

  • QUANTO TEMTICA

    O professor, ao selecionar textos literrios para a leitura de seus alunos, deve considerar os interesses dos leitores por este ou aquele tema, os objetivos que pretende atingir com a leitura proposta e os meios de alcan-los.

    Se o livro estiver fora do alcance da leitura das crianas, o professor deve avaliar qual ou quais so as razes da recusa. A partir desse conhecimento, cabe a ele realizar o necessrio ajuste de critrio para melhorar as prximas escolhas. Se a dificuldade no for intransponvel, cabe ao professor mediar mais intensamente a leitura, auxiliando mais na compreenso de seus alunos.

  • QUANTO TEMTICA

    Se o tema for complexo, ou o tratamento dele for obscuro ou profundo, sempre ser oportunidade para o professor debater, esclarecer, encorajar os alunos a perseverarem na leitura e aprenderem a lidar com as dificuldades de textos mais complexos.

    O que interfere na compreenso de um determinado tema pode estar na idade do leitor, no grau de familiaridade quemantm com os escritos, na sintaxe ou no lxico rebuscado do texto, no comodismo do leitor que desiste de tentar compreender um texto mais complicado, nos empecilhos momentneos (fsicos ou psquicos) que impedem o leitor de trabalhar com maior intensidade os assuntos tratados no livro em estudo.

  • QUANTO TEMTICA

    H, tambm, entre os temas, algum que no seja do interesse pessoal do leitor. Por isso, h a necessidade do prvio conhecimento pelo professor sobre o repertrio de histrias acumulado pelo leitor, para buscar estabelecer relaes e ligaes com o j conhecido. O professor deve conhecer tambm a qualidade potica do texto a ser lido, bem como o estgio de leitura em que se encontra o aluno que experimenta dificuldades.

    Os temas em si no so nem bons nem ruins; so inadequados ou mal redigidos se apresentam problemas de leitura. Basta ajustar a escolha do prximo texto ao aluno e substituir o texto mal escrito por aquele que seja propriamente literrio e potico.

  • QUANTO AOS PERSONAGENS

    A lista de personagens proposta pelo texto Era uma vez... na escola inclui as seguintes categorias: fadas, animais, objetos, crianas, jovens, adultos e extraterrestres. A esses acrescentamos bruxas, smbolos e alegorias, plantas, outros elementos da natureza, fenmenos naturais e idosos.

    As autoras do livro em questo corretamente deixam implcita a ideia de que tudo e todos podem integrar uma narrativa infantil. Em razo de o estgio de reflexo e pensamento dos alunos da educao infantil e das sries iniciais ser ainda primrio, um estgio em que o mundo se constri e se comporta dentro da mais elevada e intensa fantasia, h maior variedade de personagens infantis do que na literatura adulta.

  • QUANTO AOS EFEITOS

    As teorias sobre literatura do final do sculo XX trataram com nfase do papel do leitor, considerado co-autor do texto literrio porque, ao atribuir sentidos ao texto que l, no apenas o torna vivo, mas o ilumina com nova interpretao. E a cada nova leitura, mesmo que seja anos mais tarde, agrega novos sentidos, pois a maturidade traz, necessariamente, outras perspectivas, alterando a compreenso inicial.

    Ao estudar o papel do autor, podemos atribuir-lhe intenes e desejo de expresso que estaro configurados no texto que escreve. Quando constri esse texto, o autor cria um leitor imaginrio com quem estabelece dilogo e em quem deseja provocar determinados efeitos no momento da leitura.

  • QUANTO AOS EFEITOS

    Vera Aguiar enuncia esses efeitos: suspense, humor, terror e lirismo. Podemos acrescentar conhecimentos, ludismo e afetos. Para que essas intenes se transformem em texto, h uma construo consciente na linguagem, com criatividade, conhecimento, tcnica, estilo e, na literatura em especial, com poeticidade e beleza esttica.

    O dilogo proposto precisa, portanto, de um elemento de contato (o texto) entre dois sujeitos criadores (autor e leitor). Desse modo, o ato de ler ativa essa trade e a compreenso acontece.

  • QUANTO AOS EFEITOS

    Suspense Trata-se de expediente narrativo que alonga a ao e as cenas narrativas, "gerando ansiosa expectativa, que ser solucionada ao final do texto.

    Humor um dos efeitos mais constantes das narrativas e poemas infantis, porque permite atrair os leitores mirins usando a alegria na forma de escrever.

    Terror Sempre foi a qualidade textual com grande fora de atrao para os leitores crianas. O medo, tratado com leveza, combinado com solues criativas, em narrativas de esperteza, consegue alterar o sentimento que angustia em possibilidade de transformao num comportamento mais solto e livre.

  • QUANTO AOS EFEITOS

    Lirismo a qualidade de textos em que imagens, palavras, situaes e personagens se apresentam sob forma potica. O efeito lrico percebido em textos que ultrapassam o contedo puramente narrativo para atingir um alto grau de beleza e emoo esttica. Fica sempre no ouvinte ou leitor aquela sensao de encantamento. um efeito raro nas narrativas com fins didticos, mas pode ser encontrado nos melhores escritores da literatura infantil e juvenil,

    Conhecimentos Pode se tornar um efeito desejvel em obras que acentuam o carter didtico-pedaggico ou, nas de melhor qualidade esttica, o carter "utilitarista s avessas". Esse conceito diz respeito s obras que trazem contedos em que as crianas vo encontrar maneiras inovadoras e criativas de

  • QUANTO AOS EFEITOS

    conhecer a realidade fora dos padres convencionais e redundantes das obras didticas. So narrativas que promovem o contato do leitor com situaes problemticas da realidade e propem solues que partem das crianas e aliam s reaes infantis uma dose de criatividade e de surpresa. So textos de conscientizao sobre a realidade, sem perda do carter do pensamento infantil e da beleza da linguagem literria.

    Afetos So efeitos que provocam a adeso imediata dos leitores infantis aos textos lidos. Convm ressaltar que a afetividade (entendida aqui como aquilo que afeta o leitor) pode ter ao menos dois encaminhamentos opostos. O primeiro deles objetiva comover com a reproduo de situaes habitualmente emocionantes (mortes, perdas, sequestros,

  • QUANTO AOS EFEITOS

    desencontros) vividas por pessoas geralmente familiares ou animais e uma enxurrada de palavras no diminutivo, na falsa ideia de que leitor de pouca altura tem tambm crebro pequeno. Uma outra maneira de trabalhar as situaes e as imagens narrativas para sensibilizar o leitor procura apresent-las em condies de profundidade, leveza e poesia.

    Ludismo o efeito buscado por livros e textos cujo objetivo dar motivo a brincadeiras e jogos.

  • GNERO POESIA

    Para o estudo dos valores estticos da poesia devem ser considerados os critrios temticos, os efeitos de humor, lirismo, conhecimento e afetividade, com as mesmas caractersticas descritas para as narrativas.

    Os temas da poesia so to amplos quanto os das narrativas e devem atender ao mesmo critrio de liberdade e abertura para o complexo e o contraditrio, em especial nas sries mais avanadas.

  • QUANTO AUTORIA

    A poesia tem, como a narrativa, distines especficas. Segundo Vera Aguiar, a primeira distino, e fortemente acentuada, se d entre a poesia autoral e a poesia folclrica. Como o prprio nome designa, autoral o poema com autor identificado, seja ele popular, seja ele urbano e/ou erudito.

    Do conjunto da poesia folclrica so muito usadas pela escola as cantigas, as parlendas e as quadrinhas, que estabelecem um primeiro contato necessrio com as crianas porque, mesmo sem saber ler, estas so familiarizadas oralmente com formas poticas da tradio cultural ocidental e brasileira. So construes simples, com rimas, versos isomtricos e boa dose de nonsense.

  • QUANTO AUTORIA

    Associados a brincadeiras, esses poemas acostumam os ouvidos infantis a sons e ritmos que, alm de desenvolver a sensibilidade, auxiliam a formar o gosto por poesia.

  • QUANTO AO DISCURSO PREDOMINANTE

    O poema um tipo de texto que se preocupa, acima de tudo, com a linguagem. Isso significa que a escolha das palavras e a sua colocao no verso constituem o trabalho principal do poeta. Por isso, a distino entre os poemas se faz sobretudo pelo modo como eles expressam o mundo, a realidade, as pessoas e seus sentimentos. Vera Aguiar distingue quatro maneiras de configurao dos poemas: narrativo, descritivo, expositivo e misto.

  • O cravo brigou com a rosa,Debaixo de uma sacada.O cravo saiu ferido,E a rosa, despetalada.

    Ou ento a variante de uma parlenda:

    O macaco foi feiraNo teve o que comprarComprou uma cadeiraPara a comadre sentarA comadre se sentouA cadeira esborrachouCoitada da comadreFoi parar no corredor

    QUANTO AO DISCURSO PREDOMINANTE

    O poema narrativo conta uma histria, isto , tem personagens, ao, linearidade (comeo, meio e fim). Distingue-se de uma narrativa convencional por ser em versos e privilegiar as imagens e o sentido figurado. Corno exemplo, temos poemas folclricos sobre relacionamentos e situaes de humor:

  • TucaTeresaToninhatrs tias tagarelastudo tentamtudo tememtanto tangotais tragdiastais trejeitostudo tremeTucaTeresaToninhatrs tiasto tiranastodaviatrs tiasto ternas

    QUANTO AO DISCURSO PREDOMINANTE

    O poema descritivo, como o prprio adjetivo explica, descreve pessoas, sentimentos, paisagens:Trs tiasTucaTeresaToninhatrs tiastodo tempo tricotandotanto tempotal tarefatric tanto

  • A casa

    V como as aves tm, debaixo d'asa,O filho implume, no calor do ninho!Deves amar, criana, a tua casa!Ama o calor do maternal carinho!Dentro da casa em que nasceste s tudo...Como tudo feliz, no fim do dia,Quando voltas das aulas e do estudo!Volta, quando tu voltas, a alegria!''

    QUANTO AO DISCURSO PREDOMINANTE

    No poema expositivo, predominam as ideias e procura-se expor uma explicao sobre o mundo, os sentimentos, o pensamento, as pessoas. Contm, por isso, forte dose de dissertao, explanao, explicaes. o exemplo do fragmento de poema de Olavo Bilac, escrito numa poca em que se concebia o texto literrio como motivo para ensinar e expor ideias a respeito da realidade do mundo:

  • O patinho

    O pintainho do patoGalante, amarelo e novo,Mal saiu da casca do ovoBusca as guas do regato.Todo ele, to lindo e louro,Enquanto nas guas bia,Tem a graa de uma jiaFeita em ouro.QUANTO AO DISCURSO PREDOMINANTE

    O quarto tipo, o misto, no tem um nico discurso predominante: dois ou trs tipos aparecem integrados comcoerncia. No exemplo a seguir, o poema de Francisca Jlia rene a descrio e a narrao.

  • QUANTO AOS EFEITOS

    Assim como vimos nas narrativas, os poemas buscam causar efeitos no leitor. Entre eles, segundo Vera Aguiar, encontram-se o pedaggico, o humor, o lirismo, o nonsense e o ldico.

    Por serem mais facilmente memorizados (as rimas auxiliam bastante nesse quesito), os textos em versos se prestam a objetivos pedaggicos como servir de suporte aprendizagem dos nomes dos meses, da tabuada, das letras do alfabeto.

    Por sua finalidade pragmtica, esses so textos pouco poticos: usam recursos poemticos, mas dificilmente apresentam condies, nem pretendem faz-lo, de alcanar alta

  • QUANTO AOS EFEITOS

    qualidade esttica. H exemplos dessa literatura em livros que procuram servir de apoio alfabetizao.

    O nonsense e o ldico so efeitos mais frequentemente encontrveis na poesia infantil. O primeiro refere-se a uma postura que no quer ser racional. Intencionalmente, procura-se tratar dos diversos assuntos sem coerncia aparente nem coeso: importante brincar com sons, sentidos e com a visualidade. Por isso, nonsense e ludismo se aproximam. O ludismo tem, no entanto, um carter de maior preocupao com a sequncia lgica e a coerncia dos versos entre si.