Gêneros Textuais Definição e Funcionalidade

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MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais:definição e funcionalidade. In DIONISIO, Ângela P.; MACHADO, Anna R,; BEZERRA, M.ª Auxiliadora (Orgs.). In: Gêneros Textuais & Ensino. Ed. 2. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003. P. 19-36. 1. Gêneros textuais como práticas sócio-históricas. Os gêneros textuais (também chamados de entidades sócio-econômicas) são fenômenos sócio-históricos culturais que possuem relação com as atividades comunicativas do dia a dia, buscando estabilidade. Podem ser caracterizados como eventos textuais dinâmicos e plásticos. Alguns povos de cultura oral desenvolvem apenas um conjunto limitado de gêneros. Podem ser claramente classificados por funções comunicativas, cognitivas e institucionais. Possuem difícil definição formal, segundo o autor: “são de difícil definição formal, devendo ser contemplados em seus usos e condicionamentos sócio-pragmáticos caracterizados como práticas sócio-discursivas.” (p.20). 2. Novos gêneros e velhas bases As novas tecnologias foram fortes aliadas para a ampliação de novos gêneros, pode-se considerar a internet como principal fonte, principalmente quando se trata da área da comunicação. Não é apenas por novas tecnologias que se confirma a ampliação dos gêneros e sim pelo uso dessas, propiciando e abrigando novos gêneros. Não é possível dizer que esses gêneros são inovações, se considerarmos que a tecnologia favorece a inovação, não a criação.

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MARCUSCHI, Luiz Antnio. Gneros textuais:definio e funcionalidade. In DIONISIO, ngela P.; MACHADO, Anna R,; BEZERRA, M. Auxiliadora (Orgs.). In: Gneros Textuais & Ensino. Ed. 2. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003. P. 19-36.

1. Gneros textuais como prticas scio-histricas.Os gneros textuais (tambm chamados de entidades scio-econmicas) so fenmenos scio-histricos culturais que possuem relao com as atividades comunicativas do dia a dia, buscando estabilidade. Podem ser caracterizados como eventos textuais dinmicos e plsticos. Alguns povos de cultura oral desenvolvem apenas um conjunto limitado de gneros. Podem ser claramente classificados por funes comunicativas, cognitivas e institucionais. Possuem difcil definio formal, segundo o autor: so de difcil definio formal, devendo ser contemplados em seus usos e condicionamentos scio-pragmticos caracterizados como prticas scio-discursivas. (p.20).

2. Novos gneros e velhas basesAs novas tecnologias foram fortes aliadas para a ampliao de novos gneros, pode-se considerar a internet como principal fonte, principalmente quando se trata da rea da comunicao. No apenas por novas tecnologias que se confirma a ampliao dos gneros e sim pelo uso dessas, propiciando e abrigando novos gneros. No possvel dizer que esses gneros so inovaes, se considerarmos que a tecnologia favorece a inovao, no a criao.A relao entre gneros e linguagem nova, o que possibilita a redefinio de alguns aspectos centrais na linguagem, por exemplo, a relao entre oralidade e escrita. Segundo o autor: alguns gneros permitem observar a maior integrao entre os vrios tipos de semioses: signos verbais, sons, imagens e formas em movimento. (p.21).

3. Definio de tipo e gnero textualA comunicao verbal no possvel a menos que seja por algum gnero, como tambm, no possvel ter comunicao verbal a no ser por algum texto. Os tipos textuais designam uma espcie de construo terica definida pela natureza lingustica de sua composio. Abrangem seis categorias: narrao, argumentao, exposio, descrio e injuno. Gnero textual como uma noo propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diria. Exemplo: telefonema, carta pessoal. O domnio discursivo usado para designar uma esfera ou instncia de produo discursiva ou de atividade humana, por exemplo, discurso jornalstico, discurso religioso. importante no confundir texto e discurso. Sabe-se que texto uma entidade concreta e discurso aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instncia discursiva. Segundo Robert de Beaugrande os textos so acontecimentos discursivos para os quais convergem aes lingusticas, sociais e cognitivas. Marcuschi exalta duas noes: a primeira para tipo textual, onde define que a identificao de sequncias lingusticas tpicas tida como norteadoras e que em gnero textual os critrios de ao prtica, circulao scio-histrica, funcionalidade, contedo temtico, estilo e composicionalidade, sendo que os domnios discursivos so as grandes esferas da atividade humana em que os textos circulam predominado. (p.24).

4. Algumas observaes sobre os tipos textuaisUm texto , geralmente, tipologicamente variado. Entre as caractersticas bsicas dos tipos textuais se destaca a que eles podem ser definidos por seus traos lingusticos predominantes. Para se obter coeso textual necessrio demonstrar tessitura das sequncias tipolgicas. Quando se nomeia um texto como narrativo, descritivo ou argumentativo no se est nomeando o gnero e sim o predomnio de um tipo de sequncia de base.O autor afirma que um elemento central na organizao de textos narrativos a sequncia temporal. (p.29).

5. Observaes sobre os gneros textuaisConhecer um gnero textual e domin-lo no saber a forma lingustica e sim saber como realizar linguisticamente situaes particulares. Os gneros textuais operam formas de legitimao discursiva.Ursula Fix faz uso da expresso intertextualidade inter-gneros onde procura designar o aspecto da hibridizao de gneros em que um gnero assume a funo de outro. O que deixa em evidncia a plasticidade e a dinamicidade dos gneros.Pode ser descrito como heterogeneidade tipolgica um gnero com a presena de vrios tipos.Miller considera o gnero como ao social e complementa dizendo que a possibilidade de operao e maleabilidade que d aos gneros enorme capacidade de adaptao e ausncia de rigidez.. (p.32).

6. Gneros textuais e ensinoOs gneros so modelos comunicativos que podem ser chamados de artefatos lingusticos concretos. A negociao tipolgica o termo usado quando interlocutores discutem a respeito do gnero de texto que esto produzindo. Os interlocutores seguem, de modo geral, trs critrios para designarem seus textos: canal, critrios formais e natureza do contedo. Esses gneros tambm fundam-se em critrios externos e os tipos textuais em critrios internos.

7. Observaes finaisSegundo o prprio autor: o trabalho com gneros textuais uma extraordinria oportunidade de se lidar com a lngua em seus mais diversos usos autentico no dia a dia. Pois nada do que fizermos linguisticamente estar fora de ser feito em algum gnero. Assim, tudo o que fizermos linguisticamente pode ser tratado em um ou outro gnero. (p.35).