Gênese da pragmática sayonara

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Gênese da Abordagem Pragmática Profa. Sayonara Costa

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Gênese da Abordagem

PragmáticaProfa. Sayonara Costa

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Tradições locais

+

Genialidades individuais

= História intelectual

A cultura e o pensamento, ou seja, a mentalidade da época

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Em lugar à lógica acabada e perfeita que chegara aKant impelida pela força e amplitude da silogísticaAristotélica, Kant propôs uma lógicatranscendental, cujo objetivo último é dar conta doextraordinário esforço para articular os elementos darepresentação.

Silogismo - a argumentação lógica perfeita. é oargumento típico dedutivo, composto de 3 proposições -Premissa Maior (P), Premissa Menor (p) eConclusão

(c) - onde 3 termos, Maior (T), Médio(M) e Menor(t), são compostos 2 a 2.

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Todo homem é mortal (premissa maior)

homem é o sujeito lógico, e fica antes do verbo ;é representa a ação , isto é, o verbo que exprime a relação entre sujeito e predicado;mortal é o predicado lógico, e fica após o verbo.

Sócrates é homem (premissa menor)

Logo, Sócrates é mortal (conclusão).

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Deus é amor.O amor é cego.Steve Wonder é cego.Logo, Steve Wonder é Deus.

Beber álcool mata os neurônios....os neurônios que morrem são os mais débeis....se morrem os mais débis sobram os mais fortes e inteligentes.Conclusão: quanto mais álcool bebo mais inteligente fico.

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A lógica interveio na abordagem da pragmática. Omodelo logicista, adotado por pensadores como Fregee Russel, consistia em adotar conceitos puramentelógicos. A partir disso, a linguagem tendia a ser vistacomo uma grandeza transcendental.

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I) 1ª oposição: quente (A) vc frio (B)II) 2ª oposição: bom (C) vc mau (D)

Paralelismo

Quente : frio :: bom : mauA : B :: C : D

Os primeiros termos de cada par opositivo (isto é, A e C) tornam-se substituíveis no mesmo contexto; e o mesmo se dá para ossegundos termos, B e D. Assim temos:

Um cantor quente = bomA = C

Um cantor frio = mauB = D

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Abrir caminho para uma

pragmática formal

Percebeu-se que as condições de verdade das frases sãotributárias do contexto de enunciação, sendo o valor deverdade sensível ao contexto (context-sensitive).

“A água ferve a 100°.”

“Eu estou de pé”

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Abrir caminho para uma

pragmática formal

Para levar em conta esses fatos, era preciso completar alógica, e foi assim que surgiu a pragmática em sua vertenteformal. Seu objeto seria “tratar as relações mais gerais entreenunciado e enunciação, entre as frases e seus contextos”.

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A Fundação da Semiótica por

Pierce

O homem é signo, pensa por signos. Ser signo significaentrar no processo triádico da semiose. Assim, a Semióticapassa a ser a ciência da semiose.

Um signo remete a um outro signo. O própriopensamento é um signo, que remete a um outrosigno, que remete a um outro pensamento, que é seusigno interpretante, e assim se forma um processocontínuo e indefinido.

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A semiótica de Pierce se fundamenta na teoria dascategorias de Kant e de Hegel. Ele cria sua própria filosofia, opragmatismo, usando neologismos que às vezes obscurecemsua explanação.

A definição triádica do signo ao passar pelo processo dasemiose:

• O material significante:suporte, veículo, traço perceptível e pertinente1.

• O significado ou o representado2.

• O interpretante3.

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A teoria do interpretante: segundo Pierce, o interpretanteconstitui o signo. Ele é um signo equivalente ao signo originalque se constrói no espírito da pessoa que o absorve. Essateoria é neglicenciada por sucessores de Pierce

Pierce faz com que a língua seja entendida sob oparadigma da comunicabilidade; ele fez dos signos e de suastrocas o ambiente vital do espírito e inseriu a semiótica nosestudos linguísticos.

Distinguiu ocorrência e tipo e diferenciou símbolo, índice eícone.

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Ocorrência vs. Tipo:

1. A ocorrência de um signo trata-se das apariçõesconcretas, datadas e localizadas de um signo.

2. Tipo é uma entidade ideal, sempre idêntico em variadasrealizações, suscetível de ter ocorrências múltiplas.

O sentido literal de uma frase é resultante de um isolamentoda frase-tipo para, independentemente de suas ocorrências emum discurso, extrair dela um sentido único e imutável.

Quando são levados em conta a identidade do falante, seuspropósitos comunicativos e o contexto situacional, o sentido dafrase é modificado, enriquecido, esclarecido.

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Símbolo vc. Índice vs. Ícone1. O signo-símbolo representa algo que lhe é associado por

convenção, sendo esse significado atualizado em cadaocorrência;

2. O signo-índice pressupõe leis de correlações indiciais, estandoo signo e aquilo que ele remete na mesma situaçãoexistencial. Cada uma de suas ocorrências está vinculadaàquilo de que ele é índice.

3. O signo-ícone partilha, com aquilo de que símbolo, algumaspropriedades.

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Dissociou a linguagem científica da linguagem comum. Para ele,

1. A linguagem científica se importa com o que concorre para adeterminação da verdade; deve ser unívoca; marca comprecisão e transparência suas articulações lógicas; visa atornar-se independente das relações da interlocução e aspira àimpessoalidade.

2. A linguagem comum preocupa-se com o êxito nacomunicação; necessita da equivocidade para funcionar; érica, vaga, ambígua; possui fluidez em suas articulações; ésubmetida à interlocução; desejaconvencer, emocionar, interessar e é regida pelas leis daretórica e afetividade.

A Fundação da Semântica por Frege

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Frege não se ocupa no sentido emotivo, aquilo que oenunciado exprime do sentimento, chamado por Frege de“coloração” do pensamento.

Frege ainda elaborou uma distinção entre sentido e referência:

1. Referência é o objeto de que se fala por meio de umaexpressão linguística, é algo extralinguístico, pertencente aomundo exterior ao da linguagem. Para determinar areferência são necessárias considerações extraliterais ouextralinguísticas.

2. O sentido é o modo de disposição da referência. A expressõesdiferentes são anexados sentidos distintos, mas a referênciapode ser a mesma.

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1. Segundo o princípio da contextualidade, o sentido daspalavras deve ser apreendido a partir do sentido dasfrases, ou seja, deve ser situada em seu contexto de uso nafrase.

2. Em contrapartida, o princípio da vericondicionalidade : captaro sentido das frases pressupõe saber que condições devemser preenchidas para que ela seja verdadeira. A semânticatem relação com o sentido e suas relações com a verdade.

Esses dois princípios constituem a teoria da descrição, na qualatua a descrição do sentido das frases e a contribuição dedeterminada expressão para o sentido da frase.

Contextualidade vs.

Vericondicionalidade

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1. A linguagem científica se importa com o que concorre para adeterminação da verdade; deve ser unívoca; marca comprecisão e transparência suas articulações lógicas; visa atornar-se independente das relações da interlocução e aspiraà impessoalidade.

2. A linguagem comum preocupa-se com o êxito nacomunicação; necessita da equivocidade para funcionar; érica, vaga, ambígua; possui fluidez em suas articulações; ésubmetida à interlocução; desejaconvencer, emocionar, interessar e é regida pelas leis daretórica e afetividade.

O paradigma da comunicabilidade

de Wittgenstein

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Crítica da teoria subjetivista e mentalista do significado: aideia de pensamento como algo interior, traduzido empalavras para exteriorixar-se. Sobre isso ele se posicionaassim:

1. Linguagem e pensamento são indissociáveis, gerando um aooutro, simultaneamente.

2. Não há linguagem própria ao indivíduo, mas a linguagem éuma atividade públicamente controlada, que obedece aregras e cujo objetivo é a comunicação.

O paradigma da comunicabilidade

de Wittgenstein

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Em consonância com Frege, ressalta a importância do uso daspalavras na frase e das frases em situações concretas. Amensagem adquire sentido e força em unidadestransfrásticas, indissociáveis da situação de uso.

O ambiente em que as mensagem tomam sentido é chamado“jogo de linguagem”, uma atividade regulada e partilhada.Tais jogos de linguagem são muito abundantes e prolíficos.Entretanto, não há um conceito fixo para defini-los, pois sãotão heterogêneos que não foi encontrada uma essênciacomum a todos eles.

O paradigma da comunicabilidade

de Wittgenstein

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O objetivo de Morris, ao apaixonar-se pela vida dos signos emconjunto, era construir uma teoria geral dos signos:

1. A Semiótica e a Ciência: a semiótica é ciência entre as ciênciase instrumento para as ciências, representando uma etaparumo à unificação das ciências. Morris elabora um duploobjetivo para sistematizá-la, embora opte por pôr em práticaapenas o primeiro:

- Unificação: diversas abordagens do signo, das ciênciashumanas, de todas as ciências, do espírito e da natureza;

- formalização e axiomatização em um sistema dedutivo.

A pragmática em uma semiótica

tripartite: contribuição de Morris

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2. Semiótica e Semiose:

a) A natureza do signo:

Em aquiescência a Pierce, Morris denomina semiose o processosegundo o qual algo funciona como signo. Esse processo envolvetrês fatores: o que age como signo (suporte), aquilo a que o signose refere e o efeito produzido sobre um intérprete:

Veículo, materialidade

Designatum

Interpretante(Intérprete)

S

D

I

Semiose

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O designatum não é idêntico ao objeto, mas consiste naspropriedades dele que o signo permite ao intérprete perceber.Todo signo possui um designatum, mas nem todo signo se refere aum existente atual. Denotatum é o existente ao qual ele fazreferência. Os denotata são os membros de uma classe(designatum) que possuem em comum certas propriedades

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b) Dimensões e níveis da Semiose: as três relações diádicas

Relações dos signos com os objetos: dimensão semântica(Dsem): admite o designatum como primeirotermo, que, eventualmente, possui um denotatum.

Relação dos signos com os intérpretes: dimensão pragmática(Dp): cabe primeiramente ao interpretante, reduzindo a umarelação com o intérprete ou usuário dos signos.

Relação formal dos signos entre si: dimensão sintática (Dsin):todo signo tem uma relação com outros signos, podendo-seduvidar da existência de signos isolados.

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A Semiótica faz uso de signos especiais para formular fatosacerca dos signos. De início, ela era considerada pura, um sistemadedutivo, com termos não definidos e enunciados primitivos.Atualmente, por outro lado, há uma metalinguagem, utilizada paradescrever todas as situações em que os signos intervêm e cujaaplicação caracteriza uma semiótica descritiva.

c) A linguagem: o pragmatista considera-a como uma atividadede comunicação, de origem e natureza social:

L

Lsin

Lsem

Lp

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3. Sintaxe

Segundo a concepção formal de linguagem, ela é um conjunto deelementos associados que segue as seguintes regras:

• As combinações permitidas dos membros doconjunto (frases)

Regra de formação

• As combinações (frases) que se pode obter a partir do que outras combinações determinam.

Regra de transformação

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A estrutura sintática organiza três tipos de signos segundo suacorrelação com os objetos:

• Denotam um objeto único. Não caracteriza o que ele denota.

Indexicais

• Podem denotar uma pluralidade de coisas e podem apresentar signos que restringem sua aplicação. Se traz em si propriedades do objeto que denota, trata-se de um ícone. Senão, um símbolo.

Caracterizantes

• Podem denotar tudo e estabelecer relação com qualquer signo

Universais

Toda frase contém um signo dominante e signosespecificantes, que variam de acordo com as condições deenunciação

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4. Semântica:

Semântica Pura Semântica

Descritiva

Foi necessário o desenvolvimento da metalinguagem para que asemântica pudesse se referir aos signos, aos objetos e à linguagemobjeto.As regras semânticas: determina sob quais condições um signopode ser aplicado a um objeto ousituação, determinando, portanto, o designatum.

A semântica pura fornecetermos e conceitos paraabordar a semântica dasemiose. Já a semânticadescritiva ocupa-se dasinstâncias concretas.

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5. Pragmática:

É a ciência que trata da relação dos signos com seusintérpretes, que, por serem, na maioria das vezes, organismosvivos, pressupõem o conjunto de fenômenospsicológicos, biológicos, e sociológicos vinculados aofuncionamento dos signos.

Alguns conceitos essenciais à Pragmática:intérprete, interpretante, convenção, levar emconsideração, verificar, compreender. Alguns da semiótica aindasão relevantes como signo, linguagem, verdade e conhecimento.

A pragmática pressupõe a sintaxe e a semântica.

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As regras pragmáticas enunciam as condições referentes aosintérpretes sob as quais o signo-veículo é um signo. Elas exprimemque condições devem ser preenchidas pelos intérpretes para quefuncionem determinadas expressões linguísticas.

O signo linguístico se define à medida que é utilizado emcombinação com outros signos, por membros de um grupo social.Compreender a linguagem utilizada nesse grupo é seguir as regrasde seus usos correntes.

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6. Significado:

Para Morris não existe significado, nem verdade. Para ele, esseé um conceito semiótico, tridimensional, e em alguns casos, o quese entende por significado corresponde aos designata ou aosdenotata ou ao interpretante ou ainda o próprio processo dasemiose. A semiótica não se embasa em nenhuma teoriaparticular do significado. Ela apenas transmite que alguns objetosfuncionam de certo modo no processo da semiose.

Em contraposição à psicologia associacionista, que caracterizavao significado como algo pessoal, subjetivo e privado, interno aoespírito do indivíduo e só a ele acessível, Morris afirma o caráterpotencialmente intersubjetivo do significado.

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Carnap acreditava que a pragmática era uma ciência empírica.Apesar da distinção que ele fazia entre semiótica pura edescritiva, ele não concebia uma pragmática pura. Ele afirmava oembasamento pragmático da linguística.

A linguística é uma disciplina empírica, oposta à lógica. Apenas asintaxe e a semântica descritivas se fundam sobre conhecimentospragmáticos. A sintaxe e a semântica puras, não. Mas não existepragmática pura. A Semântica descritiva, por sua vez, é uma parteda pragmática.

Dois fundadores intermediários:

Carnap e Bar-Hillel

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Bar-Hillel nota que Carnap mencionou que as linguagensartificiais que ele estuda foram construídas de tal modo que oscontextos pragmáticos da produção de suas frases não têmalcance.

Ele também percebe que Carnap faz uma distinção entre doistipos de dependência sobre contexto: não-essencial, quando ocontexto relacionado a uma frase é construído pelas frases que aprecedem; e essencial, quando ele é extralinguístico.

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Stalkaner constata a negligência dada à pragmática até omomento e classifica como vagas as definições de Morris e Carnappara a semântica, rejeitando-as.

Pragmática formal: o programa

de Stalkaner [1972]

A sintaxe estuda as frases, a semântica estuda as proposições ea pragmática estuda os atos de fala e os contextos nos quais elesse realizam.

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A pragmática tem, portanto, duas tarefas: definir os atos de falarelevantes, que consiste na análise dos atos ilocucionários ecaracterizar os traços do contexto de enunciação que ajudam adeterminar a proposição que é expressa por uma certa frase.

Stalnaker sugere associar os contextos e os mundos possíveisdos valores de verdade, considerando a proposição em função detodos eles. Eles são chamados de pontos de referência e asemântica pragmática estudaria a maneira pela qual os valores deverdade dependem do contexto.

Na concepção pragmática, a pressuposição é uma atitudeproposicional, de forma que ela consiste em considerar umaverdade estabelecida da proposição e admitir essa atividade paraoutras pessoas desse mesmo contexto.

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Para Stalkaner, a situação linguística corresponde ao conjuntode todas as pressuposições feitas por uma pessoa em dadocontexto, determinando assim os mundos possíveis que sãocompatíveis com as pressuposições precedentes. Para ele, taispressuposições, quando partilhadas, constituem o elemento maisimportante do contexto.

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Pragmática em três graus: o

programa de Hansson [1974]

Hansson a uma unificação sistemática e à unificação de trêspartes da pragmáticas que até então eram desenvolvidasseparadamente. Para isso, ele estabeleceu três graus:

Estudo dos símbolos indexicais

Como a proposição expressa se liga à frase pronunciada

Teoria dos atos de fala

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A pragmática do primeiro grau ou estudo dos símbolosindexicais corresponde ao estudo das expressões ambíguas, ouseja, a referência varia segundo as circunstâncias de seu uso(contexto de enunciação).

A pragmática do segundo grau diz respeito ao estudo da ligaçãoentre a proposição expressa e a frase pronunciada, inclusive emcasos em que elas devem ser distinguidas. É um contextotraduzido em termos de mundos possíveis.

A pragmática do terceiro grau corresponde à teoria dos atos defala, ou seja, deseja-se saber o que se realiza a partir da utilizaçãode certas formas linguísticas.