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Bruno Costa Estudante finalista do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária da Universidade de Évora GEN GEN-RES RES-ALENTEJO ALENTEJO Utilização de Metodologias Genómicas na Selecção de Ovinos Utilização de Metodologias Genómicas na Selecção de Ovinos Resistentes à Peeira e a Resistentes à Peeira e a Parasitas Gastrointestinais na Região do Alentejo Parasitas Gastrointestinais na Região do Alentejo ALT20 ALT20-03 03-0145 0145-FEDER FEDER-000037 000037 XIX JORNADAS DA ASSOCIAÇÃOPORTUGUESA DE BUIATRIA - 3 a 5 Novembro 2017 I INTRODUÇÃO A peeira e o parasitismo por nematodes gastrointestinais são as doenças com maior impacto económico na produção de ovinos na Europa (Nieuwhof & Bishop, 2005). Apesar de não haver dados referentes à prevalência e impacto económicos destas doenças em Portugal, é opinião geral dos médicos veterinários e produtores que ambas têm um impacto económico importante nas explorações de ovinos. O parasitismo por nematodes gastrointestinais é uma doença de caracter insidioso, associada a alta morbilidade mas baixa mortalidade. É responsável pelo declínio das taxas de crescimento, diminuição do ganho médio diário, aumento do índice de conversão, perda de peso, diminuição da produção de leite e redução da fertilidade. O agente etiológico da peeira, Dichelobacter nodosus, tem vários serogrupos e a imunidade é específica para cada serogrupo (Lacasta et al., 2015). Segundo Ware et al (2014) estão descritos diferentes graus de lesão (de 0 a 5) em função da sua severidade. A doença é relevante do ponto de vista económico e de bem-estar animal, na medida em que, causa claudicação, podendo, as formas mais severas, levar a anorexia, perda de condição corporal, redução do crescimento e da qualidade da lã e redução da fertilidade (Raadsma & Dhungyel, 2013). Existem vantagens claras na identificação de marcadores genéticos associados à resistência a determinada doença, sendo que a utilização destes marcadores genéticos constitui um método imediato de selecionar animais com predisposição genética para a resistência. Primeira Visita • 10 explorações 1147 animais observados - peeira II MATERIAIS E MÉTODOS Um dos objetivos do projeto GEN-RES-ALENTEJO é a caracterização destas duas doenças em ovinos Merino Branco, Merino Preto e cruzados na região do Alentejo. O presente trabalho refere-se aos III PRIMEIROS RESULTADOS Na tabela 1 apresentam-se os graus de lesão de peeira presentes nos ovinos observados em ambas visitas às 10 explorações. Foram realizadas duas visitas com o objetivo de avaliar as lesões e o parasitismo nos mesmos animais, num intervalo de tempo estabelecido, sendo que estes não foram sujeitos a tratamento para ambas as doenças. As diferenças entre o número de animais observados entre a primeira e segunda visitas devem-se à morte, venda e refugo de elementos do lote inicial. GRAU 0 GRAU 1 GRAU 2 GRAU3 GRAU 4 GRAU 5 Primeira Visita 711 277 107 41 8 3 Segunda Visita 554 147 72 61 7 1 IV CONCLUSÕES • 1015 amostras de fezes – pesquisa de nematodes GI (o nº animais aos quais se colheu fezes é menor do que aquele observado para peeira, porque nem todos apresentavam fezes na âmpola rectal) •1106 amostras de sangue Segunda Visita • 10 explorações • 842 animais observados - peeira • 683 amostras de fezes – pesquisa de nematodes GI (o nº animais aos quais se colheu fezes é menor do que aquele observado para peeira, porque nem todos apresentavam fezes na âmpola rectal) • 829 amostras de sangue Figura 1: distribuição geográfica das 10 explorações estudadas Figuras 2 a 7: diferentes graus de lesão (A - grau 0; B - grau 1; C – grau 2; D – grau 3; E – grau 4; F - grau 5) B E D A C cruzados na região do Alentejo. O presente trabalho refere-se aos resultados preliminares obtidos, até ao momento, com base nas duas visitas realizadas a 10 explorações inscritas nos ADS/OPP do Alentejo (Figura 1). As tarefas associadas a estas visitas basearam-se na colheita de sangue para identificação de biomarcadores genéticos de resistência, colheita de fezes para cálculo de ovos por grama de fezes (OPG) e posterior identificação dos nematodes GI e colheita de fragmentos de lesão de peeira para caracterização do agente, bem como a classificação das lesões presentes em cada membro. Foram também determinados em cada animal o microhematócrito e as proteínas totais (PT). F Tabela 1: animais observados e respectivo grau de lesão No gráfico 1 pode-se observar os valores de OPG por exploração, em cada visita. À excepção de duas explorações, os valores diminuíram entre a primeira e a segunda visita. Gráfico 1: média de ovos por grama de fezes (OPG) observados em cada exploração, em ambas as visitas. V PERSPECTIVAS E ACTIVIDADES FUTURAS Como actividades futuras pretende-se: - realizar visitas às restantes explorações selecionadas; - análise dos inquéritos realizados aos produtores para o estudo de factores de risco associados a estas doenças; - identificar os géneros dos parasitas gastrointestinais; - identificar o agente da peeira, com recurso a metagenómica para caracterização dos diferentes serogrupos; - identificar os biomarcadores genéticos de resistência aos parasitas e à peeira; - realizar análise estatística completa dos resultados obtidos. VI BIBLIOGRAFIA Frosth, S., König, U., Nyman, A.K., Pringle, M., Aspán. A.(2015) Characterisation of Dichelobacter nodosus and detection of Fusobacterium necrophorum and Treponema spp. in sheep with different clinical manifestations of footrot. Vet Microbiol. 31;179 (1-2):82-90. doi: 10.1016/j.vetmic.2015.02.034. Jiménez R., Píriz, S., Martín-Palomino, P. Mateos, E., Vadillo, S. (2003) Aetiology of ovine footrot in the Portuguese region of Alto Alentejo. J Vet Med B Infect Dis Vet Public Health. Apr; 50 (3):118-20. Lacasta D., Ferrer L.M., Ramos J.J., González J.M., Ortín A., Fthenakis G.C. (2015). Vaccination schedules in small ruminant farms. Vet Microbiol. Jul 17. pii: S0378-1135(15)00280-1. doi: 10.1016/j.vetmic.2015.07.018. Muzafar, M., Calvo-Bado, L. A., Green, L. E., Smith, E. M., Russell, C. L., Grogono-Thomas, R., Wellington, E. M. H. (2015). The role of the environment in transmission of Dichelobacter nodosus between ewes and their lambs. Veterinary Microbiology, 179(1-2), 53–59. http://doi.org/10.1016/j.vetmic.2015.04.010 Nieuwhof G. J., Bishop, S.C. (2005). Costs of the major endemic diseases of sheep in Great Britain and the potential benefits of reduction in disease impact. Animal Science, 81, pp 23-29. doi:10.1079/ASC41010023. Raadsma, H., Dhungyel, O. (2013). A review of footrot in sheep: New approaches for control of virulent footrot. Livestock Science, 156(1-3), 115-125. Ware, J.W. & Kluver, P. (2014) Footrot Manual for Contractors Wassink, G.J., George, T.R., Kaler, J., Green, L.E. (2010). Footrot and interdigital dermatitis in sheep: Farmer satisfaction with current management, their ideal management and sources used to adopt new strategies. Preventive Veterinary Medicine 96, 65–73. Visita Pela análise dos resultados obtidos pode-se concluir que o número de animais com lesões graves de peeira é reduzido. O factor clima merece destaque uma vez que no período em que decorreram as visitas, de Outubro de 2016 a Maio de 2017, a pluviosidade foi menor comparativamente a anos anteriores. Relativamente ao parasitismo gastrointestinal , as variações observadas poderão estar relacionadas com a época do ano, fase reprodutiva e fisiológica das fêmeas e diferentes condições climatéricas entre as duas visitas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Primeira Visita 301 250 897 425 303 669 293 554 375 986 Segunda Visita 90 103 683 607 205 203 500 408 260 455 0 500 1000 1500 Média de OPG em cada visita, por exploração Primeira Visita Segunda Visita

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Bruno Costa Estudante finalista do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária da Universidade de Évora

GENGEN--RESRES--ALENTEJOALENTEJOUtilização de Metodologias Genómicas na Selecção de Ovinos Utilização de Metodologias Genómicas na Selecção de Ovinos Resistentes à Peeira e a Resistentes à Peeira e a Parasitas Gastrointestinai s na Região do AlentejoParasitas Gastrointestinais na Região do AlentejoALT20ALT20--0303--01450145--FEDERFEDER--000037000037

XIX JORNADAS DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE BUIATRIA - 3 a 5 Novembro 2017

I INTRODUÇÃOA peeira e o parasitismo por nematodes gastrointestinais são as doenças com maior impacto económico na produção de ovinos na Europa (Nieuwhof & Bishop,2005). Apesar de não haver dados referentes à prevalência e impacto económicos destas doenças em Portugal, é opinião geral dos médicos veterinários eprodutores que ambas têm um impacto económico importante nas explorações de ovinos.O parasitismo por nematodes gastrointestinais é uma doença de caracter insidioso, associada a alta morbilidade mas baixa mortalidade. É responsável pelodeclínio das taxas de crescimento, diminuição do ganho médio diário, aumento do índice de conversão, perda de peso, diminuição da produção de leite eredução da fertilidade.O agente etiológico da peeira, Dichelobacter nodosus, tem vários serogrupos e a imunidade é específica para cada serogrupo (Lacasta et al., 2015). SegundoWare et al (2014) estão descritos diferentes graus de lesão (de 0 a 5) em função da sua severidade. A doença é relevante do ponto de vista económico e debem-estar animal, na medida em que, causa claudicação, podendo, as formas mais severas, levar a anorexia, perda de condição corporal, redução docrescimento e da qualidade da lã e redução da fertilidade (Raadsma & Dhungyel, 2013).Existem vantagens claras na identificação de marcadores genéticos associados à resistência a determinada doença, sendo que a utilização destes marcadoresgenéticos constitui um método imediato de selecionar animais com predisposição genética para a resistência.

Primeira Visita

• 10 explorações

• 1147 animais observados - peeira

II MATERIAIS E MÉTODOSUm dos objetivos do projeto GEN-RES-ALENTEJO é a caracterizaçãodestas duas doenças em ovinos Merino Branco, Merino Preto ecruzados na região do Alentejo. O presente trabalho refere-se aos

III PRIMEIROS RESULTADOSNa tabela 1 apresentam-se os graus de lesão de peeira presentes nosovinos observados em ambas visitas às 10 explorações. Foramrealizadas duas visitas com o objetivo de avaliar as lesões e oparasitismo nos mesmos animais, num intervalo de tempoestabelecido, sendo que estes não foram sujeitos a tratamento paraambas as doenças. As diferenças entre o número de animaisobservados entre a primeira e segunda visitas devem-se à morte,venda e refugo de elementos do lote inicial.

GRAU 0 GRAU 1 GRAU 2 GRAU3 GRAU 4 GRAU 5

Primeira Visita

711 277 107 41 8 3

Segunda Visita

554 147 72 61 7 1 IV CONCLUSÕES

• 1147 animais observados - peeira

• 1015 amostras de fezes – pesquisa de nematodesGI (o nº animais aos quais se colheu fezes é menor do queaquele observado para peeira, porque nem todosapresentavam fezes na âmpola rectal)

• 1106 amostras de sangue

Segunda Visita

• 10 explorações

• 842 animais observados - peeira

• 683 amostras de fezes – pesquisa de nematodesGI (o nº animais aos quais se colheu fezes é menor do queaquele observado para peeira, porque nem todosapresentavam fezes na âmpola rectal)

• 829 amostras de sangue

Figura 1: distribuição geográfica das 10 explorações estudadas

Figuras 2 a 7: diferentes graus de lesão (A - grau 0; B - grau 1; C – grau 2; D – grau 3; E – grau 4; F - grau 5)

B

ED

A C

cruzados na região do Alentejo. O presente trabalho refere-se aosresultados preliminares obtidos, até ao momento, com base nasduas visitas realizadas a 10 explorações inscritas nos ADS/OPP doAlentejo (Figura 1). As tarefas associadas a estas visitas basearam-sena colheita de sangue para identificação de biomarcadores genéticosde resistência, colheita de fezes para cálculo de ovos por grama defezes (OPG) e posterior identificação dos nematodes GI e colheita defragmentos de lesão de peeira para caracterização do agente, bemcomo a classificação das lesões presentes em cada membro. Foramtambém determinados em cada animal o microhematócrito e asproteínas totais (PT).

F

Tabela 1: animais observados e respectivo grau de lesão

No gráfico 1 pode-se observar os valores de OPG por exploração, emcada visita. À excepção de duas explorações, os valores diminuíramentre a primeira e a segunda visita.

Gráfico 1: média de ovos por grama de fezes (OPG) observados em cada exploração, em ambas as visitas.

V PERSPECTIVAS E ACTIVIDADES FUTURASComo actividades futuras pretende-se:- realizar visitas às restantes explorações selecionadas;- análise dos inquéritos realizados aos produtores para o estudo de factores de riscoassociados a estas doenças;- identificar os géneros dos parasitas gastrointestinais;- identificar o agente da peeira, com recurso a metagenómica para caracterização dosdiferentes serogrupos;- identificar os biomarcadores genéticos de resistência aos parasitas e à peeira;- realizar análise estatística completa dos resultados obtidos.

VI BIBLIOGRAFIAFrosth, S., König, U., Nyman, A.K., Pringle, M., Aspán. A.(2015) Characterisation of Dichelobacter nodosus and detection of Fusobacterium necrophorum and Treponema spp. in sheep with different clinical manifestations of footrot. Vet Microbiol. 31;179 (1-2):82-90.doi: 10.1016/j.vetmic.2015.02.034.Jiménez R., Píriz, S., Martín-Palomino, P. Mateos, E., Vadillo, S. (2003) Aetiology of ovine footrot in the Portuguese region of Alto Alentejo. J Vet Med B Infect Dis Vet Public Health. Apr; 50 (3):118-20.Lacasta D., Ferrer L.M., Ramos J.J., González J.M., Ortín A., Fthenakis G.C. (2015). Vaccination schedules in small ruminant farms. Vet Microbiol. Jul 17. pii: S0378-1135(15)00280-1. doi: 10.1016/j.vetmic.2015.07.018.Muzafar, M., Calvo-Bado, L. A., Green, L. E., Smith, E. M., Russell, C. L., Grogono-Thomas, R., Wellington, E. M. H. (2015). The role of the environment in transmission of Dichelobacter nodosus between ewes and their lambs. Veterinary Microbiology, 179(1-2), 53–59.http://doi.org/10.1016/j.vetmic.2015.04.010Nieuwhof G. J., Bishop, S.C. (2005). Costs of the major endemic diseases of sheep in Great Britain and the potential benefits of reduction in disease impact. Animal Science, 81, pp 23-29. doi:10.1079/ASC41010023.Raadsma, H., Dhungyel, O. (2013). A review of footrot in sheep: New approaches for control of virulent footrot. Livestock Science, 156(1-3), 115-125.Ware, J.W. & Kluver, P. (2014) Footrot Manual for ContractorsWassink, G.J., George, T.R., Kaler, J., Green, L.E. (2010). Footrot and interdigital dermatitis in sheep: Farmer satisfaction with current management, their ideal management and sources used to adopt new strategies. Preventive Veterinary Medicine 96, 65–73.

Visita554 147 72 61 7 1 IV CONCLUSÕES

Pela análise dos resultados obtidos pode-se concluir que o número de animais comlesões graves de peeira é reduzido. O factor clima merece destaque uma vez que noperíodo em que decorreram as visitas, de Outubro de 2016 a Maio de 2017, apluviosidade foi menor comparativamente a anos anteriores. Relativamente aoparasitismo gastrointestinal , as variações observadas poderão estar relacionadas coma época do ano, fase reprodutiva e fisiológica das fêmeas e diferentes condiçõesclimatéricas entre as duas visitas.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Primeira Visita 301 250 897 425 303 669 293 554 375 986

Segunda Visita 90 103 683 607 205 203 500 408 260 455

0

500

1000

1500

Média de OPG em cada visita, por exploração

Primeira Visita Segunda Visita