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  • GEOGRAFIA 2

    Resumo Geo 2 A questo agrria aula 8

    Nas ltimas dcadas, os pases desenvolvidos e industrializados, incluindo o Brasil, intensificarama produo agrcola por meio do avano intenso da modernizao das tcnicas produtivas, quelhes permitiu, ao mesmo tempo, economizar mo-de-obra, aumentar a produtividade e obter umenorme volume de produo que no s abastece o mercado interno como responsvel porgrande parcela dos produtos que circulam no mercado mundial.

    Em pases como o Brasil, as regies agrcolas que abastecem o mercado externo foram as quemais se modernizaram. A conseqncia mais direta foi a concentrao de terra, que resultounuma acentuao das migraes do campo para a cidade e no inchao das periferias urbanas,por trabalhadores que foram expulsos de suas terras ou perderam seus empregos na zona rural.Por isso, dizemos que a modernizao da agricultura brasileira no significou a modernizao dasrelaes sociais de produo e das relaes de trabalho, relaes essas que perpassam o campoe a cidade. Assim, falar em modernizao significa referir-se ao aprimoramento das tcnicas, purae simplesmente, ou seja, significa dizer que a modernizao aconteceu na substituio dotrabalho humano por mquinas, no uso da biotecnologia para o desenvolvimento de sementes emudas mais aprimoradas e no uso de insumos ditos modernos (agrotxicos, corretivos efertilizantes).A modernizao proporcionou, cada vez mais, a subordinao da agropecuria ao capitalindustrial, transformando as terras cultivveis em um bem precioso, promovendo a concentraodas propriedades nas mos dos grandes fazendeiros, a intensificao do abandono do campopelo trabalhador e os conflitos com mortes no campo.

    A PRODUO AGROPECURIA BRASILEIRAExiste uma contradio profunda no nosso setor agropecurio: o mesmo Brasil campeo nasexportaes desses produtos precisa recorrer importao para abastecer o mercado interno.Entenda por qu.A opo do Estado brasileiro, nas ltimas trs dcadas, de investir nas culturas voltadas exportao, representadas pelo setor do agronegcio, fez com que o pas se tornassedependente da importao de vrios produtos, inclusive da cesta bsica, como o caso do trigo edo arroz, e at mesmo os produtos em que ele campeo de exportaes, caso da soja. Isso seexplica porque em uma economia globalizada, em que os clientes comerciais podem estarespalhados por qualquer lugar do mundo, a inteno da agricultura do agronegcio vender seusprodutos para quem paga mais e melhor. No interessa se esse cliente est no Japo, naInglaterra ou mesmo aqui no Brasil.O pas produz e exporta a comida que falta nos pratos da maioria dos trabalhadores brasileiros.Em 2003, entre os 100 principais produtos, o complexo soja (soja em gro, farelo e leo)respondeu pelo item de maior valor em dlar na sada de mercadorias para o exterior. Esteve eest frente das exportaes de avies, minrio de ferro, terminais portteis de telefonia celular,alumnio etc. Depois dele vm o caf e o acar e, em seguida, a pasta de celulose, calados ecouro, a carne de frango, o suco de laranja concentrado, o fumo, a carne bovina, a carne suna, omilho, madeiras e a castanha-de-caju.E as importaes? Esse o outro lado da moeda. Entre os 100 primeiros, o trigo esteve, no anode 2003, em segundo lugar, e a soja (isso mesmo, ns importamos soja!), em dcimo nono; o

  • arroz aparece em vigsimo quinto, o leite integral em p (voc sabia que ns importamos leite emp?) e quase todos os outros citados na pauta de exportaes esto entre os 100 primeiros.Essa a grande contradio da produo agropecuria brasileira. Quem produz, produz paraquem paga mais, no importa em que parte do planeta esteja o cliente. Logo, a lgica quevaloriza o agronegcio vai deixando o pas vulnervel no que se refere soberania alimentar, ouseja, em pouco tempo, se essa lgica se confirmar, o Brasil ser um pas totalmente dependenteda importao de alimentos para abastecer sua populao.1. Relacione o projeto de modernizao da agricultura brasileira, criado pelos militares, aoaprofundamento das questes sociais ligadas ao campo, levando em conta a seguinte afirmao:A modernizao foi tcnica, mas no social.Ao optarem por modernizar parte do campo brasileiro (a modernizao foi excludente porqueatendeu, em sua grande maioria, aos grandes proprietrios de terra), os governantes brasileirosauxiliaram no aprofundamento de uma questo social que j histrica: a questo agrria.Modernizaram-se as relaes tcnicas, enquanto as relaes sociais continuaram, em grandeparte, to arcaicas quanto h cem anos. QUEM PRODUZ OS ALIMENTOS CONSUMIDOS PELOS BRASILEIROS? PRODUOFAMILIAR X PRODUO DO AGRONEGCIOPodemos classificar praticamente todos os estabelecimentos ou propriedades pertencentes agricultura familiar na categoria de tamanho de terras que vai at 100 hectares. Nessa categoriaesto mais de quatro milhes dos quase cinco milhes de estabelecimentos ou propriedadesrurais do pas.Entre as dcadas de 1950 e 1980, a monocultura e a mecanizao foram estimuladas em todasas polticas governamentais criadas como base para o modelo de desenvolvimento e crescimentoeconmico. Os resultados ns j citamos: concentrao da terra, expulso dos trabalhadoresrurais e aumento da pobreza nas cidades, resultado do movimento migratrio rural-urbano.Mas quais so as vantagens da agricultura familiar? Onde est sua superioridade?A agricultura familiar mostra superioridade e eficincia se comparada agricultura patronal, doagronegcio. No entanto, sua importncia vai alm da produo e da relevncia econmica. ,sobretudo, social.S para exemplificar a importncia social da agricultura familiar, observe que ela muito maiseficiente na produo de postos de trabalho. Entre 1985 e 1996, houve uma reduo de 23% dopessoal empregado na agricultura. Os estabelecimentos com menos de 10 hectares foramresponsveis pela ocupao de 40,7% da mo-de-obra empregada no meio rural em 1996,enquanto que os situados entre 10 e 100 hectares empregaram 39,9%, restando para osestabelecimentos com rea superior a 100 hectares apenas 19,2%, e os estabelecimentos commais de 10.000 hectares foram responsveis pela gerao de menos de 1% dos empregos noperodo. A superioridade da agricultura familiar se expressa no abastecimento alimentar, na distribuio deriqueza e na gerao de empregos. Entretanto, as polticas governamentais orientadas peloiderio neoliberal tm resultado no aniquilamento dos pequenos produtores, no favorecimento dagrande produo, na deteriorao das condies de vida dos trabalhadores e no aumento daconcentrao fundiria.Para ser eficiente e efetiva, a reforma agrria, como poltica governamental, deve se constituirnuma poltica que seja voltada para alterar as bases do atual modelo de desenvolvimento. Deveser uma poltica destinada a retomar o crescimento, com garantia de segurana alimentar e quese baseie na agricultura familiar.A luta pela Reforma Agrria deve, sobretudo, pautar-se em questionamentos sobre amodernizao agrcola, a qual no vista como to bem-sucedida assim, e na criao de

  • alternativas produtivas que sejam mais equilibradas, social, econmica e ambientalmente.A reforma agrria deve ser pensada como parte de um conjunto de reformas que abarque os maisdiversos setores financeiro, industrial, tecnolgico, educacional etc. e redirecione o modelo dedesenvolvimento, para que este possa ser efetivamente mais democrtico, por representar ointeresse e a luta dos setores populares.So muitos os motivos e fatores que justificam a emergncia de um reforma agrria efetiva noBrasil. 1 a forma mais barata de gerar emprego e renda para a populao excluda da modernizao,alm de combater os efeitos nefastos da globalizao e os efeitos perversos do capitalismo.2 necessria para melhorar o perfil da renda no pas, na democratizao do capitalismobrasileiro, na segurana alimentar e na sustentao de uma nova era de crescimento econmico.Deve ser acompanhada de uma profunda alterao da poltica agrcola, direcionando-a para oapoio ao SETOR REFORMADO. 3 um passo na direo da construo de um novo modelo de sociedade no pas. A reformaagrria encarada como um processo amplo que dever abarcar todo o campo brasileiro e todasas categorias de agricultores.ASSENTAMENTO RURAL Trata-se de uma experincia de reforma agrria, quando o trabalhadorrural sem terra recebe do Estado o direito de possuir a terra e sobreviver de seu trabalho nela. necessrio que o Estado esteja pronto para assumir seu verdadeiro papel, que o de realizarefetivamente a reforma agrria, que comea com o acesso terra e continua na constituio dainfra-estrutura necessria ao assentado, para que ele se mantenha nela, tais como polticas decrdito agrcola, acesso educao e sade rurais, estradas, energia eltrica etc.Os conflitos e a violncia no campo prosseguem, porque h uma luta sem trgua e sem fronteirastravada pelos camponeses e trabalhadores do campo por um pedao de cho e contra as vriasformas de explorao de seu trabalho. As elites, que precisam garantir sua herana histrica deconcentrao da terra, vem na violncia e na barbrie a nica forma de manter seu patrimnio.Os nmeros de mortes e conflitos por terra no Brasil j dizem tudo.O que significa fazer a reforma agrria?Significa transformar a sociedade brasileira, criando um novo projeto de sociedade, que seja maisjusto e equilibrado na diviso de suas riquezas, que produza mais trabalho, que seja maiscoerente na utilizao dos recursos de seu territrio e do planeta. A reforma agrria no Brasil uma questo de se fazer justia com milhares de seus filhos que vivem uma discriminaohistrica: a no-possibilidade de acesso ao trabalho, que lhes traga dignidade.As reformulaes que o espao agrrio brasileiro sofreu a partir da modernizao, estratgiacriada dentro do modelo econmico do milagre, materializada atravs dos CAI, tornaram oprocesso de produo agrcola brasileiro totalmente capitalista. Essa modernizao de carterconservador acentuou as migraes do campo para a cidade e inchou as periferias comtrabalhadores expulsos de suas terras ou desempregados no campo.Mesmo muito criticada, a modernizao exaltada por alguns como tendo sido a redeno daagricultura brasileira, considerada arcaica e ineficiente, que transformou o pas em grandeexportador mundial de alguns produtos agropecurios. S que o mesmo pas campeo emexportaes tambm dependente da importao de muitos dos produtos exportados, porque algica que est imposta a lgica do mercado, e a ele que a agricultura do agronegcio noBrasil visa atender. No importa onde est o cliente, mas qual cliente paga melhor. Assim, o Brasilvai ficando vulnervel no que se refere sua soberania alimentar. Entre a agricultura patronal oudo agronegcio e a agricultura familiar, exalta- se a superioridade desta ltima, expressa nadistribuio da riqueza e na capacidade de gerao de empregos. Entretanto, as polticasagrcolas dos ltimos governantes tm orientado para o aniquilamento dos pequenos produtores

  • e para o favorecimento da grande produo moderna. Nesse sentido, a luta pela reforma agrriano Brasil, que uma questo histrica, deve se transformar numa poltica que seja voltada paraalterar as bases do atual modelo de desenvolvimento, retomar o crescimento e garantir asegurana alimentar, baseando-se na agricultura familiar.

    Resumo Geo 2- A concentrao e a disperso da indstria no Brasil - aula 9No Brasil, as ferrovias predominaram na economia agroexportadora. Porm, os trens ligavamapenas as regies produtoras com os portos de embarque das mercadorias para o exterior, masno faziam a ligao entre as regies do Brasil. A opo pelo modelo rodovirio feita aps aSegunda Guerra, coincidiu com a criao da Petrobras e com o desenvolvimento da indstriaautomobilstica no pas.A anlise do processo de industrializao dos pases desenvolvidos nos revela um padro: noincio do processo, costuma ocorrer uma ntida concentrao industrial em pontos restritos doterritrio. Com o passar do tempo, quando a indstria atinge sua maturidade, ocorre o inverso. Aindstria dispersa-se pelo territrio em busca de novas localizaes fora das velhas regiesfabris. As antigas regies industriais tornam-se desvantajosas, devido ao aumento dos custos dosterrenos, elevao dos impostos e dos salrios, as desconforto ambiental tpico das metrpolese fora do movimento sindical que ali se instala.A cidade de So Paulo, j nas primeiras dcadas do sculo XX, transformou-se no principal ploindustrial do pas. A economia cafeeira de exportao gerou as condies para o seu arranqueindustrial. Foram vrios os fatores que levaram So Paulo a alcanar essa posio:

    A localizao geogrfica estratgica, pois situava-se no n de ligao entre o leque de ferroviasque se abria para o oeste cafeeiro e o porto de Santos. O fato de ser o centro dos negcios de exportao e importao e das atividades bancrias,atraindo capitais e empresrios investidores. A chegada dos imigrantes, fato que gerou uma classe operria e tambm um mercadoconsumidor numeroso, constitudo por trabalhadores italianos e espanhis. O crescimento econmico do interior, com o caf, que abriu mercado consumidor para osprodutos industriais que comearam a ser fabricados1. Com base na anlise das causas que levaram concentrao da indstria brasileira na regioSudeste, principalmente So Paulo, indique que tipos de conseqncias essa opo histricaprovocou na distribuio espacial das indstrias no Brasil.So Paulo transformou-se no principal plo industrial do pas em funo da economia cafeeira deexportao, que gerou as condies necessrias para tal. So Paulo foi favorecido pelo fato de sesituar no n de ferrovias que ligavam o oeste cafeeiro ao porto de Santos; de ter sido o centro dosnegcios de exportao e importao do caf; pela chegada dos imigrantes, que gerou mo-de-obra e mercado consumidor; por possuir condies favorveis de energia eltrica, transportes,mercado consumidor, mo-de-obra qualificada. So Paulo e Rio de Janeiro passaram a fazerparte do planejamento governamental, na dcada de 1950, como reas ideais para se criar umgrande plo de desenvolvimento. Isso foi terrvel para a distribuio espacial das indstrias, poisas demais regies foram prejudicadas em seu desenvolvimento, j que o modelo que o pasescolhera para se desenvolver baseava-se num projeto urbano- industrial, sobretudo,concentrado na regio Sudeste.

    A DESCONCENTRAO DA ATIVIDADE INDUSTRIAL NO BRASIL

  • Um dos motivos foi a poltica oficial de distribuio da indstria, adotada a partir da dcada de1970, na qual o governo estabeleceu programas de incentivo industrializao do Nordeste. Parao Centro-Oeste e a Amaznia, foram instalados projetos industriais integrados de minerao eagropecuria, e ainda, a Zona Franca de Manaus. Os governos brasileiros visavam corrigir oproblema da acentuada concentrao espacial que estava atraindo movimentos migratrios ecausando aumento das tenses sociais nas cidades de So Paulo e Rio de Janeiro,principalmente.Um outro fator responsvel pela desconcentrao industrial foi a abertura da economia brasileira entrada de empresas transnacionais, na dcada de 1990. Diante desse fato, muitas indstriasinstalaram-se no Nordeste, ou para l se deslocaram em busca de mo-de-obra mais barata,abandonando as reas onde os salrios, por conta da atividade sindical, j estavam maiselevados. Essas indstrias, porm, no estavam preocupadas em racionalizar os custos deproduo utilizando-se, para isso, de tecnologias mais avanadas. Estavam trabalhando aindacom o modelo de desenvolvimento arcaico, aquele que predominou nas dcadas de 1950 at1970, o qual, para baratear o custo da produo, utilizava-se da mo-de-obra mais barata.A desconcentrao dos antigos centros industriais ocorreu em trs principais eixos perifricos: o eixo Sul, que segue uma linha litornea desde a cidade de Curitiba, no Paran, at PortoAlegre, no Rio Grande do Sul. Neste eixo predominam os ramos tradicionais e a fabricao debens de consumo; o eixo Nordeste, que se limita ao entorno das cidades de Salvador, Recife e Fortaleza; o eixo Norte, que corresponde apenas Zona Franca de Manaus.Em geral, podemos dividir em duas partes os impactos socio-espaciais causados pela mudanade localizao das indstrias. Os primeiros so os impactos sofridos pelas reas de onde asindstrias saram. A maioria delas entra em processo de decadncia, repetindo-se o fenmenoque ocorreu nas antigas reas canavieiras do Nordeste quando o Ciclo da Cana declinou.Lembra-se do que aconteceu? Ns j estudamos isto. O declnio de uma atividade econmicagera desemprego, empobrecimento e fuga de populao. No caso da indstria, as antigas reasindustriais urbanas, tanto centrais como perifricas, entram em decadncia, o que pode serverificado nas construes locais e no aspecto urbano, que se deteriora.Outros impactos so verificados nas novas reas ou novas cidades para as quais a indstria sedeslocou, levando junto uma catica implantao de inmeras atividades que superlotam a rea,atraem populao, derrubam as antigas atividades locais, principalmente o comrcio, atraem osvcios do capitalismo, como o trfico e a prostituio, alm da poluio ambiental. Causam,tambm, o aumento da desigualdade socioeconmica nas reas estagnadas. Assim, ao sedispersar a concentrao industrial, dispersam-se parte dos problemas dessas reas; por outrolado, ao se concentrar em outro espao, com o passar do tempo, concentram-se nele tambm osproblemas.Aponte as conseqncias socioespaciais do processo de disperso da indstria pelo territriobrasileiro e que tipos de impacto podem ser provocados nas antigas reas industriais.As conseqncias da disperso industrial podem variar. No caso do eixo Nordeste, houve baixaabsoro de mo-de-obra local, o que pouco contribuiu para elevar os nveis de vida e empregoda populao. As limitaes de consumo dessa populao direcionam a produo das indstriaspara atender aos mercados do Centro-Sul. Com relao Zona Franca de Manaus, a atualpoltica de abertura econmica do pas coloca em risco o projeto, o que representa o aumento dapobreza em Manaus, que no tem alternativas de substituio dos empregos gerados pelaindstria. Agora temos um processo de desconcentrao espacial da indstria, associado a umacrescente concentrao do capital. Os impactos locais sofridos pelas reas de onde as indstriassaram geram um processo de decadncia econmica e causam desemprego, empobrecimento e

  • fuga de populao. Isso pode ser verificado, em alguns casos, no aspecto urbano, que sedeteriora. Nas reas que recebem as indstrias deslocadas, h uma catica implantao deatividades que atraem populao e do origem a problemas como o trfico e a prostituio egeram poluio ambiental, alm do aumento da desigualdade socioeconmica.

    A indstria brasileira sempre esteve concentrada na regio Sudeste, principalmente em SoPaulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. S a partir de 1970 comeamos a notar uma certatendncia desconcentrao espacial da indstria pois o estado, preocupado com as crescentesdesigualdades regionais, passou a adotar uma poltica de incentivo instalao de indstrias nasreas menos desenvolvidas. Alm disso, a saturao de algumas reas urbanas j bastanteocupadas faz com que algumas empresas comecem a buscar novas reas para evitar osproblemas decorrentes dessa excessiva concentrao, como o aumento do preo da terra, asdificuldades de transportes, o aumento dos impostos e tarifas pblicas e, em alguns casos, aampliao das presses trabalhistas. Entretanto, essa desconcentrao espacial no vem acompanhada de uma desconcentrao decapital, pois boa parte das indstrias que se instalam nas reas perifricas so, na realidade,filiais de empresas com sede no Centro-Sul ou no exterior, o que faz com que o Centro-Sul aindamantenha e at amplie sua caracterstica de centro econmico do pas. O que temos, agora, umprocesso de desconcentrao espacial da indstria associada a uma crescente concentrao docapital. Essa tendncia nada mais representa que uma repetio do que acontece no planointernacional, que foi a expanso para a periferia, isto , para os pases pobres, dasmultinacionais oriundas dos pases ricos, em busca de vantagens.

    Resumo aula 10 - Populao brasileira: formao, crescimento e estruturasFORMAO DA POPULAO BRASILEIRA

    A populao brasileira compe-se de trs elementos principais: os ndios, que j se encontravamnestas terras; os brancos, que aqui chegaram para colonizar; e os negros, que foram trazidospelos brancos na condio de escravos.Em 1973, durante o governo militar, a Funai iniciou a demarcao das terras indgenas. Namesma poca, a Amaznia, ltimo reduto das populaes indgenas no Brasil, tornou-se objetode uma poltica de colonizao e ocupao com finalidade produtiva.De 1500 at 1808, somente portugueses tinham livre acesso ao territrio brasileiro, com exceode alguns milhares de espanhis que entraram durante a unio ibrica, e os holandeses que poraqui permaneceram depois das invases. A partir de 1818, o governo financiou a vinda dealgumas centenas de suos e alemes. Estes se fixaram nas serras do atual estado do Rio deJaneiro, em torno da cidade de Nova Friburgo, pois o peso numrico das populaes negras eindgenas assustava os governantes que comearam a buscar uma forma de branquear apopulao brasileira.Os negros comearam a chegar no incio do sculo XVI, na Zona da Mata nordestina. No sculoXVII, a cultura do algodo os levou para o Maranho e, no sculo XVIII, os metais preciosos, paraMinas Gerais. Na sociedade atual, para o negro, a marginalizao se tornou uma nova forma deescravido, ou seja, uma escravido moderna. Um exemplo disso a taxa de analfabetismo,que entre os brancos de 12% e entre os negros e mestios corresponde a 30%. Os brancospredominam nas atividades no-manuais, enquanto negros e mestios fazem o trabalho pesado ede baixa remunerao.Um dos maiores surtos de crescimento populacional ocorreu na Europa, no final do sculo XVIII,

  • em funo da Revoluo Industrial, fato que espantou muitos estudiosos do assunto. Um deles foiThomas Malthus, que, em 1798, formulou uma teoria catastrfica sobre a relaopopulao/alimentos. Para ele a produo de alimentos cresceria em progresso aritmtica(1,2,3,4,5) e a populao cresceria em progresso geomtrica (1,2,4,8,16), o que causaria, cadavez mais, fome e misria.Hoje sabemos, porm, que Malthus estava errado, pois a tecnologia foi capaz de ampliar aproduo de alimentos. Hoje produzimos quase o dobro de alimentos necessrios para alimentara populao mundial. No entanto, o problema da fome e da misria no foi resolvido, devido concentrao de riquezas no mundo. Em contrapartida, verifica-se uma tendncia estabilizaodo crescimento populacional. Surgiu da o conceito de transio demogrfica, que a transioentre dois momentos de crescimento populacional.a) perodo de pr-transio, no qual o crescimento da populao obedece a um ritmo lento devidos elevadas taxas de natalidade e mortalidade.b) perodo de ps-transio, no qual o crescimento da populao obedece tambm a um ritmolento, porm, agora, ao contrrio do primeiro momento, em funo das baixas taxas de natalidadee mortalidade.c) no auge do processo de transio demogrfica, este perodo de crescimento rpido resulta dofato de que primeiro ocorre a reduo da mortalidade (resultado da maior oferta de alimentos e damelhoria das condies mdico-sanitrias), enquanto as taxas de natalidade ainda se mantmaltas, gerando uma exploso demogrfica (nascem muitos e morrem poucos).A transio demogrfica dos pases pobres gerou um novo surto de crescimento demogrfico(maior do que aquele que ocorreu nos pases ricos), quando a populao mundial passou de 2,5bilhes, na dcada de 1950, para 6,6 bilhes no ano 2000. E a concepo de Malthus foiressuscitada. Para os neomalthusianos, o elevado crescimento populacional a principal causada pobreza nos pases subdesenvolvidos, pois desvia recursos para setores no-produtivos,como creches e escolas, e cria uma relao desfavorvel entre o nmero de pessoas quetrabalham, passando este a ser bem menor do que o nmero de pessoas a serem sustentadas(crianas e aposentados).Prova-se, estatisticamente, que entre os grupos de maior escolaridade, e portanto de maiorrenda, a natalidade mais baixa. Em funo disso, a forma mais eficaz de controlar a natalidadeconsistiria na melhor distribuio de recursos entre a populao de um pas, diminuindo adesigualdade social dos pases subdesenvolvidos. Essa populao, ento com mais recursos,teria mais condies de investir na educao das futuras geraes, o que resultaria numareduo mais rpida da natalidade, acelerando a tendncia j comprovada pelos estudosdemogrficos.De acordo com a transio demogrfica ocorrida nos pases pobres, desde a dcada de 1970 apopulao brasileira vem diminuindo o ritmo de crescimento, como resultado da queda da taxa defecundidade, que o valor mdio do nmero de filhos por famlia. A transio demogrficabrasileira est prestes a se completar. Prev-se que o Brasil atingir sua estabilidadepopulacional at 2050, quando ter quase 250 milhes de habitantes. Este fato nos trar grandesproblemas relacionados s necessidades bsicas da populao, como trabalho, sade eeducao.Em 1940 a populao brasileira totalizava 42 milhes e, em 1970, 93 milhes. Um crescimento de130% transformou o controle do crescimento da natalidade numa prioridade do Estado. Porm, ascorrentes contrrias ao neomalthusianismo, apoiadas na filosofia marxista, afirmam que estocorrendo o inverso. A transio demogrfica no se concretiza porque a pobreza constitui aprincipal causa da elevada natalidade. Elas acreditam que a melhor forma de diminuir anatalidade resume-se em elevar o nvel de vida da populao, por meio de melhor distribuio da

  • renda nacional.ECONOMIA DOS VRIOS TIPOS DE PASES1. Pases de economia agrria: so os mais pobres, e neles existe maior concentrao da forade trabalho e da renda do pas nas atividades do SETOR PRIMRIO, pois so pases poucoindustrializados.

    2. Pases de economia ps-industrial: so os pases mais desenvolvidos, e neles os avanosagrcolas, incluindo a mecanizao, economizaram mo-de-obra, liberando os trabalhadores docampo para as cidades. Instalados nas zonas urbanas, estes formaram os mercadosconsumidores que provocaram o desenvolvimento das indstrias, do comrcio e dos servios.Sendo assim, nesses pases, as atividades do setor primrio possuem uma absoro mnima dafora de trabalho total do pas, predominando o SETOR TERCIRIO. 3. Pases de industrializao tardia: desta categoria fazem parte pases como o Brasil, quesomente em meados do sculo XX tiveram sua Revoluo Industrial dependente das tecnologiase capitais externos. Eles possuem um trao comum: o setor primrio vem perdendo importncia,e o secundrio e o tercirio vm absorvendo parcelas maiores da populao.A modernizao agrcola causou um grande deslocamento de mo-de- obra do campo para ascidades, tanto nos pases chamados ps-industriais quanto nos outros, que tiveramindustrializao tardia e dependente, como foi o caso do Brasil. Existe, porm, uma diferenamuito grande na absoro dessa mo-de-obra. Na sua opinio, qual foi o destino tomado poressa mo-de-obra excedente do campo nos pases ps-industriais e nos pases deindustrializao tardia, como o Brasil?Em ambos os grupos de pases, houve modernizao agrcola, que gerou deslocamentopopulacional do campo para as cidades. Nos pases ps-industriais, o destino dessa populaofoi o setor secundrio, que se encontrava em expanso e, posteriormente, com a diminuio daabsoro da mo-de-obra pelo secundrio, ela foi sendo transferida lentamente para o tercirio.Nos pases de industrializao tardia, o processo no se deu da mesma forma. O setorsecundrio no tinha a capacidade de absoro de toda a mo-de-obra disponvel que veio docampo. Em funo disso, uma grande parcela da mesma passou diretamente para o tercirioinformal, causando um excesso de mo- de-obra, fenmeno conhecido como hipertrofia dotercirioNo Brasil, durante dcadas, a mo-de-obra sada do campo era absorvida pela expanso daeconomia urbana e industrial, isto , tinha emprego assegurado nas cidades. O modelo desubstituio de importaes, visto na Aula 2, em funo das medidas protecionistas adotadas,isolava as nossas empresas da concorrncia das estrangeiras. Pela falta de concorrncia, aindstria nacional acomodava-se, e tendia a produzir artigos caros e de qualidade inferior, pormo desemprego era pequeno. Com a globalizao e a abertura do nosso mercado concorrnciaexterna, a indstria foi obrigada a atingir novos patamares de produtividade, necessitando, paraisso, de maior qualificao de sua mo-de-obra. Esta a chamada Revoluo Tecnocientfica, e oseu principal efeito a valorizao da mo-de-obra qualificada e a conseqente desvalorizaoda fora de trabalho com baixo nvel de instruo, que ficou submetida ao subemprego informalou ao desemprego.A nossa taxa de analfabetismo ainda supera os 10%. No Nordeste, mais de um quarto dosadultos so analfabetos. O ANALFABETISMO FUNCIONAL(no interpreta textos) ainda maisdifundido. A taxa nacional de 30%, e no meio urbano diminui para 25%, mas no Nordeste sobepara 50%. Todos esses analfabetos esto excludos do mercado de trabalho formal urbano pelaincapacidade de ler manuais de instrues tcnicas ou de adquirir habilidades para manipularcomputadores e outras mquinas, ficando condenados ao desemprego ou ao subemprego no

  • setor informal. Esses requisitos descritos acima correspondem ao nvel mdio de escolaridade.No Brasil, a escolaridade mdia, para indivduos de 18 e 19 anos, de sete anos de estudo. NoNordeste, cai para cinco anos de estudo. Na faixa etria dos 15 aos 17 anos, um quarto dapopulao j no freqenta a escola. O ingresso precoce dos jovens no mercado de trabalhoreflete as condies de pobreza e sabota a qualificao da fora de trabalho no pas, reforando,assim, a excluso social. E a batalha contra a excluso depende de pesados e eficientesinvestimentos pblicos em Educao e de uma simultnea conscientizao da populao quantos novas demandas do mercado de trabalho.A Revoluo tecnolgica vem exigindo maior qualificao da mo-de-obra, criando cargos maisespecializados, enquanto no Brasil, como em outros pases pobres, temos uma carncia grandeno setor educacional. Por este motivo que os vrios textos sobre o assunto apontam como aprincipal causa do desemprego no Brasil, a falta de qualificao da nossa mo-de-obra para oscargos que vm sendo criados e, que, diante disso, ela est sendo obrigada a se refugiar nosempregos da economia informal.A populao brasileira, que se formou a partir da composio entre os ndios, os brancos e osnegros, segue o padro de transio demogrfica mundial.Nossa transio demogrfica comeou aps a Segunda Guerra, a exemplo do que aconteceu nospases pobres de maneira geral. Iniciou-se, pela queda da mortalidade, causada pela difuso deprticas mdicas j utilizadas no mundo rico para o mundo pobre, mesmo com a natalidadeelevada. A transio demogrfica dos pases pobres gerou um novo surto de crescimentodemogrfico mundial. A estabilizao do crescimento populacional uma questo de tempo. As principais causas so amodernizao da economia e a conseqente urbanizao, principalmente o aumento daescolaridade: quanto maior a escolaridade, maior ser a renda, e a natalidade, mais baixa. Em concomitncia ao processo de transio demogrfica tivemos a modernizao agrcola, quegerou deslocamento populacional do campo para as cidades. Esse processo se deu de formadiferenciada nos trs grupos de pases.

    O avano tecnolgico cada vez mais acelerado exige maior qualificao da mo-de-obra e maiorespecializao dos cargos. Mas, no Brasil, assim como em outros pases pobres, h umacarncia educacional, que no possibilita preparar adequadamente as pessoas frente sexigncias do mercado de trabalho. Por isso, a principal causa do desemprego no Brasil a faltade qualificao necessria, o que obriga a populao a se refugiar nos empregos da economiainformal.

    Resumo Aula 11 - Deslocamentos populacionais no Brasil de ontem e de hojeHistoricamente, a Regio Nordeste foi a primeira rea que exerceu grande atrao populacional,em funo da produo aucareira, at o sculo XVIII. No sculo XVIII, com a estagnao da suaeconomia e a descoberta de metais preciosos na regio de Minas Gerais, a populao nordestinase deslocou para essa rea. Desde ento, a Regio Nordeste transformou-se em rea derepulso populacional.Mais tarde, outras atividades em declnio ou expanso provocariam o deslocamento da populaobrasileira. Foi o caso da atividade mineradora, em Minas Gerais; do extrativismo da borracha, naAmaznia; da cafeicultura, no Sudeste; e da rpida industrializao de So Paulo e Rio deJaneiro, que atraiu milhares de trabalhadores de todas as partes do Brasil, em especial da RegioNordeste.Na segunda metade do sculo XX, a expanso da agricultura de exportao gerou fluxos

  • migratrios para diversas regies do interior do Brasil, principalmente para as regies Norte eCentro-Oeste, contribuindo para maior interiorizao da populao.

    IMIGRANTES E EMIGRANTES DO TERRITRIO BRASILEIRO

    Antes de iniciarmos o assunto, vamos tentar esclarecer a diferena entre o ato de emigrar, quesignifica sair de um pas, e o de imigrar, que significa entrar em um pas. Neste caso, observe, porexemplo, um portugus que veio para o Brasil. Em Portugal, o indivduo foi declarado emigrante;porm, no Brasil, considerado imigrante.O Brasil, pela extenso do seu territrio e pelos recursos disponveis, sempre foi um grandeatrator de fluxos populacionais.

    Primeiro perodo: inicia-se em 1808, com a chegada de D. Joo e da famlia real, e com apermisso para o comrcio do Brasil com outros pases e a entrada de imigrantes. Termina em1850, com a proibio do trfico de escravos . Segundo perodo: de 1850 at 1930. Foi o perodo de maior entrada de imigrantes, em funode uma causa interna e outra externa. A causa interna foi a necessidade de mo-de-obra para acafeicultura. A causa externa foi a integrao do sul da Itlia ao restante do territrio italiano. Essarea teve a sua indstria desestruturada em funo da concorrncia com a do norte e causoudesemprego, tanto industrial quanto agrcola, tornando-se uma rea repulsora. A causa externafoi a integrao do sul da Itlia ao restante do territrio italiano. Essa rea teve a sua indstriadesestruturada em funo da concorrncia com a do norte e causou desemprego, tanto industrialquanto agrcola, tornando-se uma rea repulsora. Terceiro perodo: de 1930 at os dias atuais. Nesse perodo, os europeus foram atrados pelaindustrializao que ocorreu na dcada de 1950 e pelo milagre brasileiro que ocorreu na dcadade 1970.

    A partir da dcada de 1980, verificou-se uma inverso do fluxo migratrio no Brasil, que antes erade mais entradas e depois passou a ser de mais sadas, instituindo-se numa nova etapa nahistria das migraes brasileiras, ocasionada pelos seguintes fatores: a crise econmica interna,que no permitia a oferta de empregos, alm de representar perda do valor real dos salrios; ainflao; a recesso econmica. Iniciou-se tambm, nesse perodo, um fato grave chamado fugade crebros, que a sada de mo-de-obra superqualificada em busca de melhores empregos.Dentre eles, cientistas, pesquisadores e professores emigram em vista das precrias condiesda pesquisa cientfica no Brasil.

    A composio da populao brasileira reflete a transferncia de migrantes de vrias naes domundo. Dentre as principais causas, estavam a busca de melhores condies econmicas e deestabilidade social e poltica. Esses imigrantes se espalharam por todo o Brasil e foramresponsveis pela construo de uma parte importante de nossa histria.

    OS PRINCIPAIS MOVIMENTOS POPULACIONAIS INTERNOS

    So elas a migrao sazonal, tambm conhecida como transumncia ou migrao pendular, e oxodo rural.A transumncia um deslocamento temporrio (ida e volta contnua, por isso conhecida comopendular) e est relacionada a uma fase do ano (sazonal) sempre ligada a uma atividadeeconmica que necessita de mo-de-obra. Como movimentos pendulares incluem-se tambm

  • aqueles realizados diariamente por milhares de trabalhadores urbanos que vivem nas periferias etrabalham nos grandes centros urbanos.

    O xodo rural, o deslocamento de populaes que abandonam o campo para procurar empregona cidade.Ele pode ser temporrio, quando o migrante, depois de algum tempo trabalhando fora, retorna sua rea de origem; ou pode ser definitivo. Com relao ao xodo rural temporrio, podemoslistar alguns exemplos:

    indgenas j aculturados, que migram temporariamente para as cidades mais prximas, quandosuas tribos passam por dificuldades, em busca de trabalho e depois retornam; filhos de pequenos agricultores que, na entressafra perodo em que no h trabalho nas suasterras , deslocam-se para trabalhar nos centros urbanos mais prximos e depois retornam parao plantio ou para a colheita em suas terras; trabalhadores rurais e urbanos que se empregam temporariamente em grandes obras deconstruo civil, tais como hidreltricas; trabalhadores rurais volantes que, na entressafra agrcola, deslocam-se para os garimpos edepois retornam. O xodo rural, a partir de 1950, passou a ser o mais importante movimentopopulacional dentro do Brasil, pois foi esse movimento que transformou o Brasil num pas urbano.

    A implantao da indstria nas trs grandes cidades do Sudeste, So Paulo, Rio de Janeiro eBelo Horizonte, a partir de 1930, atraiu, alm dos imigrantes estrangeiros, grandes levas demigrantes internos. Estes vieram, principalmente, do Nordeste, regio que ainda hoje se constituinuma grande rea de repulso populacional, em funo da estagnao econmica em grandeparte de seu territrio.

    A estagnao econmica que ocorreu depois do perodo da cana-de- acar e a extremaconcentrao das terras nas mos dos latifundirios transformaram o Nordeste num depsito demo-de-obra barata para os centros industriais do Sudeste, o maior atrativo populacional dosculo XX. A imensa maioria dos migrantes nordestinos de mo-de-obra desqualificada erecebe os piores salrios. Dos trabalhadores que formam a economia informal, 35% somigrantes (no s nordestinos) e seu salrio mdio 30% menor do que o dos residentesantigos.A cidade de So Paulo foi a que recebeu mais migrantes. Na dcada de 1960, sua populaoteve um aumento de 72%, enquanto no Rio de Janeiro o aumento foi de 38% no mesmo perodo.A maior conseqncia espacial do grande fluxo migratrio que ocorreu em direo s cidadesindustriais do Sudeste foi a formao de aglomeraes urbanas situadas na periferia dessascidades. Essas aglomeraes tambm se espalharam pelos municpios vizinhos, e elescresceram tanto que se encostaram no municpio principal, dando origem a um fenmeno urbanochamado regio metropolitana.

    A poltica rodoviarista, isto , aquela poltica iniciada no governo de Juscelino Kubitschek eseguida pelos governos militares dava prioridade utilizao do transporte rodovirio, facilitoumuito a mobilidade espacial da populao em direo s grandes cidades do Sudeste.

    At a dcada de 1940, a populao brasileira concentrava-se absolutamente no litoral, em funode a nossa economia j ter nascido voltada para as exportaes. As grandes regies Norte eCentro-Oeste tinham DENSIDADES DEMOGRFICAS muito baixas, que eram de 0,41 e 0,67

  • hab/km2. As duas juntas possuam apenas 6,5% da populao do pas.A partir da dcada de 1940, iniciou-se a chamada marcha para o interior do pas, isto , umaexpanso da fronteira agrcola, pois, estando as terras litorneas j muito ocupadas, a populaopassou a buscar novas terras, com custos menores para plantar ou para criar animais.

    Na dcada de 1950, houve uma intensificao dos deslocamentos populacionais em todo o pas.Dentro da Regio Nordeste, os habitantes do litoral, que era a antiga rea da cana-de-acar,foram atrados para o Maranho, para a coleta de coco de babau e o cultivo de arroz. Osnordestinos de toda a regio se dirigiram a Mato Grosso, para os garimpos; e a Rondnia, para aextrao de cassiterita. Houve tambm nessa poca um grande deslocamento de gachos para onorte do Paran, em busca de novas terras que foram abertas para a agricultura. Em Gois, aconstruo de Braslia tambm atraiu populaes de todo o Brasil, principalmente de nordestinos.

    A partir da entrada dos militares no poder, a grande preocupao passou a ser a integrao daAmaznia ao territrio nacional, de acordo com a ideologia da segurana nacional, na qual umafronteira desabitada seria mais facilmente invadida ou tomada. O governo utilizava o chavo:Atrair os homens sem terras para as terras sem homens. Iniciou-se, ento, a implantao, pelaSudam (Superintendncia do Desenvolvimento da Amaznia), de projetos minerais eagropecurios, ignorando os pequenos proprietrios que j ocupavam as terras ou quenecessitavam delas.

    Na dcada de 1970, iniciou-se a construo da Rodovia Transamaznica e da CuiabSantarm,com o objetivo de ocupao dessas reas. A Rodovia Transamaznica inicia-se na RegioNordeste (Cabedelo, na Paraba) e segue em direo Amaznia, com o objetivo de desviar ofluxo de nordestinos para o Sudeste, que j estava superpovoado. Tinha como objetivos, tambm,diminuir conflitos de terras no Nordeste e alimentar a Amaznia de mo-de-obra. Essas estradasforam implantadas sem estudos de impacto ambiental ou social; por isso, causaram muitadestruio, principalmente, aos indgenas.Ainda na dcada de 1970, iniciou-se um aumento da apropriao injusta da terra na Amaznia.O governo, que fez tudo para atrair migrantes, no lhes garantiu o acesso terra, que era tomadainjustamente pelos latifundirios. A sada encontrada por esses pequenos agricultores foi a de setransformarem em trabalhadores assalariados rurais e, at mesmo, urbanos. Com isso, ascidades e vilas da regio passaram a ter estoque de mo-de-obra para as frentes de trabalho dederrubada das matas e para os garimpos, o que explica o grande crescimento das cidades (dapopulao urbana) na Amaznia.

    Rondnia e Roraima foram as unidades da Federao que mais cresceram entre 1970 e 1990.Nessa poca, com o fracasso da ocupao em torno da Rodovia Transamaznica, restouRondnia como uma das poucas alternativas de acesso terra para o pequeno produtor rural.Nessa regio, foram implantados projetos de colonizao das terras pelo Governo Federal, e nopela iniciativa privada, utilizando-se emprstimos do Banco Mundial.Nessa regio, o fluxo migratrio foi superior capacidade de absoro dos projetos do INCRA,resultando no inchamento dos centros urbanos e na transformao dos migrantes num exrcitode mo-de-obra disponvel para as fazendas de gado e as madeireiras da regio. Rondniainiciou seu crescimento populacional com a explorao de cassiterita, na dcada de 1960, e, nadcada seguinte, com os programas de colonizao e a melhoria das rodovias CuiabPortoVelho e Porto VelhoManaus.

  • Atualmente, as grandes fazendas ocupam as melhores reas dos projetos de colonizao aolongo das rodovias. Sua ocupao tem sido desastrosa, em funo do desmatamento que temprovocado. No incio de 1980, Roraima funcionou como um dos ltimos eldorados amaznicos.Foram encontrados ouro e diamantes nas terras pertencentes aos Ianommis, o que atraiu umgrande fluxo migratrio. Em 1991, o Governo Federal demarcou as terras dos ianommis, o que fez com que a migraodiminusse e os garimpeiros fossem transformados em trabalhadores assalariados temporrios ouposseiros. As marcas da decadncia ficaram na paisagem da sua capital, Boa Vista, nas favelasque surgiram na periferia urbana.

    No final da dcada de 1970, vemos o incio de um novo movimento emigratrio da populaorural brasileira, conduzido pela expanso da fronteira agrcola para alm dos limites do territrio,isto , invadindo terras de outros pases da Amrica do Sul que fazem fronteira com o Brasil.O resultado desse caso de expanso agrcola foi o beneficiamento do grande capital,representado pelos grandes proprietrios e pelas empresas madeireiras em detrimento dospequenos proprietrios que, sem a proteo da lei, foram expropriados, isto , expulsos de suasterras de direito.No Paraguai, hoje, temos cerca de 350 mil agricultores brasileiros ou brasiguaios que soresponsveis por 90% das exportaes de soja do Paraguai, 80% do milho, 60% da carne e 50%da produo agroindustrial.

    2. Um movimento de intensa migrao no Brasil, conhecido como marcha para o oeste,caracterizou-se como uma expanso da fronteira agrcola brasileira. Que tipo de conseqnciassociais, econmicas e ambientais foram produzidas por esse movimento de populao sobre oterritrio?Esse um fenmeno que, apesar de ter sido mais intenso numa determinada poca da histriabrasileira, ainda ocorre. A principal causa da interiorizao da populao brasileira foi oencarecimento das terras no litoral, j bastante ocupado, o aumento das exportaes brasileiras ea demanda por novas reas agrcolas. Dentre as conseqncias, temos a grande degradaoambiental que a agricultura de exportao vem causando, principalmente a derrubada dasflorestas e a contaminao dos rios, a destruio das tribos indgenas e o empobrecimento cadavez maior dos produtores rurais que no contam com a assistncia plena do Estado para asua manuteno nessas reas.

    Assim, o nosso pas foi redefinindo a sua histria de movimentao populacional, pois novastendncias se configuraram. Se no princpio, no sculo XIX, tivemos o fluxo imigratrio superandoo emigratrio, no sculo XX tivemos a inverso dessa situao. A regio que outrora fora a maiorrecebedora dos fluxos migratrios (Sudeste) perde essa categoria. No momento atual, apopulao brasileira tem buscado mais o interior do pas, assim como outros pases docontinente, configurando-se, assim, maior diversidade migratria no Brasil.

    A grande atrao populacional exercida pelo Sudeste em meados do sculo XX se deu por contada implantao da indstria, que necessitava, no incio, de muita mo-de-obra para o seufuncionamento. Depois, em meados da dcada de 1960, foi o resultado da polticadesenvolvimentista voltada para o mercado de exportao, implantada pelos governos militares,que esvaziou o campo e inchou a cidade, fazendo emergir uma questo urbana de difcil soluo.O crescimento urbano acelerado e desordenado, e o empobrecimento da populao provocarama deteriorao progressiva das condies de vida nas cidades.

  • A histria dos assentamentos populacionais no territrio brasileiro tem seu incio bem antes dacolonizao, com a chegada dos primeiros habitantes, os ndios. Durante a colonizao europia,foram assentados os brancos portugueses e demais imigrantes; e os negros, como escravos. Ahistria se inicia com o fluxo imigratrio superando o emigratrio, o que se inverte a partir dadcada de 1980. No plano interno, a primeira grande regio a receber e concentrar populao foio Nordeste, em funo do ciclo da cana. Com o seu declnio, torna-se uma rea de repulsopopulacional, de onde partem migrantes para todas as outras regies do pas, acompanhando osciclos produtores que se desenvolvem em outras reas, at finalizar com a indstria, o maior fatorde atrao de populaes de todos os tempos, que ocorreu na Regio Sudeste em meados dosculo XX.Atualmente, a situao migratria no pas segue as seguintes tendncias: diminuio do afluxopara a indstria do Sudeste, em funo de que esta inicia seu deslocamento para reas maisinterioranas, e tambm porque passou a demandar menos mo-de-obra. Os maiores afluxosmigratrios, depois do industrial, foram os que acompanharam a expanso das fronteirasagrcolas, que ultrapassaram os limites do territrio brasileiro e invadiram outros pases daAmrica do Sul. Neste novo sculo, vemos no s o adensamento populacional dos centros depequeno e mdio portes, nos quais a indstria passou a ser implantada, como tambm maiordiversidade migratria dentro de cada regio.

    Resumo aula 12 - A urbanizao brasileiraEntender a urbanizao brasileira no s como um processo de transferncia de populao ruralpara o meio urbano, mas tambm como um processo que provocou intensas transformaessociais e ambientais no territrio.Essa urbanizao se caracteriza pela ampliao do nmero de cidades, pela concentrao dapopulao nos grandes centros, pela grande importncia poltica e econmica das cidades e,particularmente, das metrpoles, e pela enorme SEGREGAO SOCIOESPACIAL(Separao noespao das classes sociais. Exemplo: Na Barra da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro, existemluxuosos condomnios, servidos por toda a infraestrutura urbana. Enquanto isso, no mesmobairro, erguem-se favelas numerosas, carentes de todo e qualquer tipo de servio.)

    Quando a industrializao ganhou impulso definitivo, em 1930, o Brasil tinha 30% de suapopulao nas cidades e 70% no campo. Em 1980, esse percentual tinha se invertido. Isso didia de quo rpidas foram as transformaes do espao brasileiro nesse perodo, com oincremento da industrializao e as mudanas na agricultura.A industrializao brasileira se caracteriza por seu carter poupador de mo-de-obra, pois serealizou pulando etapas, no passando por todas as fases de desenvolvimento por quepassaram os pases que primeiro fizeram a Revoluo Industrial. O Brasil, ao iniciar seu processode industrializao, j dispunha de um nvel tecnolgico elevado (se comparado ao patamardaqueles que iniciaram sua industrializao no sculo XVIII). Isso fez com que boa parte dostrabalhadores no fosse absorvida, dando origem a um setor tercirio vasto e caracterizado peloSUBEMPREGO.

    Um fator determinante para a transformao urbanstica de algumas cidades do pas foi atransferncia da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro, onde ela se instalou. Essa cidaderecebeu uma forte influncia urbanstica que a aproximou das cidades europias. Alm disso,

  • nesse mesmo perodo, a cidade do Rio de Janeiro atingiu o primeiro lugar quanto ao nmero dehabitantes das cidades brasileiras, desbancando Salvador e Recife, que foram redinamizadascom a retomada do crescimento do setor agrrio, principalmente atravs da recuperao daproduo da cana-de-acar.

    A economia e a poltica foram os principais vetores de estmulo para a fundao de muitascidades localizadas nas principais regies econmicas do Brasil, como o Sudeste e o Nordeste.Quanto ao espao fsico, as condies favorveis de relevo, as boas terras e o clima definiram ascaractersticas dos lugares.

    Mais uma vez a cafeicultura e as ferrovias tiveram papel importante na dinamizao do pas.Ambas foram fatores muito importantes na criao de cidades do Sudeste, que giravam em tornoda economia do caf e tambm da cana-de-acar. Cidades como Ribeiro Preto e Bauru, emSo Paulo, nasceram em funo disso. Tambm no Nordeste, a ferrovia construda por iniciativados grandes produtores de cana criou uma significativa rede de cidades, interligando o interior doserto baiano ao litoral canavieiro do Nordeste, chegando, no final do sculo XIX, ao norte deMinas Gerais, a Juazeiro e Petrolina, na fronteira entre Bahia e Pernambuco.Mesmo com toda a expanso da sua rede urbana, o Brasil chegou s primeiras dcadas dosculo XX tendo uma populao predominantemente rural. As mudanas ocorridas na poltica eno sistema socioeconmico, com a introduo do trabalho livre e assalariado, permitiram ao pasadotar uma nova forma de ocupao de seu territrio. A economia de carter agroexportadorreproduzia relaes sociais de trabalho que fixavam o homem ao campo.

    A populao assalariada favoreceu a organizao dos mercados urbanos. Nos novos e antigoscentros urbanos acumulavam-se trabalhadores livres, empregados nas atividades industriais e nosetor tercirio.Sabe qual foi a novidade maior desse perodo? As senzalas foram substitudas pelos cortios, eaos escravos recm-libertos restou lutarem pela sobrevivncia nas cidades, dependendo dodinheiro do seu salrio para comprar os gneros alimentcios e tambm para pagar por suamoradia. So as novas relaes capitalistas de trabalho se consolidando na nossa sociedade. Aindustrializao e a modernizao da agricultura que acabaram incentivando a migrao campo-cidade geraram empregos especializados, expandiram a classe mdia e aqueceram o consumourbano, estimulando o comrcio e a expanso da prestao dos servios urbanos. Viver nacidade tornou-se moderno, ao mesmo tempo que permanecer no campo tornou-se sinnimo deatrasado.

    A economia e a poltica estimularam a fundao de cidades localizadas nas principais regieseconmicas do Brasil. A industrializao e a modernizao da agricultura foram projetos polticoscalcados num projeto maior de modernizar o Brasil. No caso de Braslia, temos duas dinmicasdistintas no que se refere ao ordenamento do espao urbano. Na rea central houve uma aoplanejada enquanto nas reas perifricas o crescimento espontneo foi gerando um outro padrode urbanizao que foge do previamente estipulado

    Segundo a etimologia, o termo metrpole significa "cidade-me", atualmente usada comosinnimo de grande cidade. Para a Geografia, o termo tem um significado mais preciso. Ametrpole, alm de ser uma grande cidade, precisa ser dotada de certas caractersticas, como: um crescimento que faz a cidade se expandir, prolongando a para fora de seu permetro, eabsorver aglomerados rurais e outras cidades; a existncia de um centro histrico onde se

  • concentram atividades de servios e a partir do qual surgem subcentros; a dicotomia entre aexistncia da cidade como espao edificado e a estrutura poltico-administrativa. Como exemplotemos o ABCD paulista, onde cada cidade tem seu centro administrativo municipal autnomo e,juntas, formam uma CONURBAO ( Interligao de cidades pela expanso perifrica da malhaurbana ou pela integrao socioeconmica comandada pelo processo de industrializao. Ex.: oGrande Rio, que une vrios municpios, como Duque de Caxias e Nova Iguau.que d origem metrpole); fluxos de circulao de veculos com dois picos de maior intensidade, normalmenteno perodo da manh e no final da tarde, formando o chamado fluxo pendular, atravessando maisde uma cidade.

    No plano governamental, entrou em vigor, em 2001, o Estatuto da Cidade, lei que regulamenta ocaptulo de poltica urbana (artigos 182 e 183) da Constituio Federal de 1998. Essa leiestabelece, no mbito de cada cidade, as condies de cumprimento da funo social dapropriedade e da prpria cidade.

    O IBGE define a classificao da hierarquia urbana brasileira a partir da adoo dos seguintescritrios: a rede viria e o fluxo de passageiros; o estudo do fluxo de bens e servios entre os diferentes centros do pas (prestao de serviosde sade, educao, comrcio etc.).Dessa definio, foi possvel identificar uma hierarquia de importncia entre os grandes centrosurbanos:1. metrpoles nacionais (So Paulo e Rio de Janeiro);2. metrpoles regionais (Recife, Salvador, Belm, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza e BeloHorizonte);3. centros regionais (Braslia, Goinia, Campinas, Campina Grande, Londrina).

    As grandes cidades brasileiras tm refletido no espao os problemas derivados da aglomeraopopulacional e da falta de projetos governamentais que ofeream opes definitivas para essesproblemas. Problemas de habitao, transporte, saneamento bsico, educao de qualidade,acesso ao emprego, exacerbam as condies de subvida de milhares de pessoas nas grandescidades e levam ao aumento da violncia urbana. A violncia um sintoma social do espaourbano e reflete a falta de oportunidades.

    O fenmeno da globalizao produziu, ao longo das ltimas dcadas, novas fontes de riqueza,mas tambm de pobreza, nas grandes cidades. Estima-se que no Brasil, hoje, aproximadamente80% da populao das favelas concentra-se nas regies metropolitanas, e 70% das moradias soconstrudas pelos prprios moradores, normalmente em terrenos sujeitos a desmoronamentos, oque causa risco de morte para essas pessoas.

    Quais as medidas fundamentais a serem criadas, a fim de favorecer a sociedade urbana?O espao da cidade precisa apresentar condies dignas de moradia, trabalho e lazer para osseus ocupantes. Nesse sentido, a prpria sociedade deveria participar da discusso dos projetosque envolvem o espao urbano onde eles vivem, como sero aplicados os recursos, quais so osmaiores problemas a serem enfrentados, onde encontrar solues. O Estatuto da Cidade, lei queregulamenta o captulo de poltica urbana, serve justamente para isso, mas poucos brasileirosconhecem ou j ouviram falar dele.

  • A dinmica do espao brasileiro atual se caracteriza por sua profunda urbanizao, aceleradapelo processo de industrializao em 1930, quando o Brasil tinha 30% de sua populao nascidades e 70% no campo. Em 1980 este percentual se inverteu. O fenmeno da globalizao,iniciado nos anos 1990, produziu novas fontes de pobreza nas grandes cidades. De outro lado, osgastos pblicos privilegiaram a criao de uma infra-estrutura para atender s necessidades dasatividades produtivas, em detrimento da satisfao das necessidades sociais. Os problemasurbanos se agravaram: submoradia, subemprego, falta de transportes coletivos de qualidade,falta de infra-estrutura bsica, como pavimentao, coleta de esgotos, gua, luz eltrica, adecadncia do ensino pblico e a deteriorao da assistncia mdico-hospitalar. A submoradiaacabou se caracterizando comoum dos problemas urbanos mais graves, sendo que, dos anos 1980 para c, ela se multiplicounas grandes cidades. Enquanto isso, o Estado brasileiro atuou apenas no sentido de sacramentara desordem urbana, buscando solues paliativas para os graves problemas urbanos.

    Resumo aula 13 - O Brasil regionalQUAIS FORAM AS DIVISES DO BRASIL?Antes da dcada de 1930, a economia brasileira era constituda por vrias economias, zonasprodutivas isoladas, pouco interligadas entre si. Essas economias estavam subordinadas aopoder das elites regionais, as quais lucravam com as exportaes, e no ao governo central,como foi o caso da cana-de-acar, da minerao, do caf, entre outras. Portanto, em 1930, ogoverno de Getlio Vargas buscou a integrao econmica desses arquiplagos. Para isso,tomou as seguintes providncias:a. buscou aumentar o comrcio inter-regional;b. buscou fazer obras de infra-estrutura de alcance nacional, como, por exemplo, a melhoria dostransportes.

    Para que fossem feitos estudos visando a dividir o nosso territrio, o governo central, em 1934,criou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE. O IBGE estaria encarregado derealizar levantamentos demogrficos, econmicos e sociais. Com base nesses estudos, o IBGE,em 1941, estabeleceu a primeira diviso regional do Brasil, com o objetivo de uniformizar e tornarcomparveis entre si os estudos e levantamentos estatsticos realizados pelos rgos federaisdas diversas regies, fornecendo-lhes uma base territorial comum. E tambm servir de suportepara o ensino de Geografia do Brasil.Essa regionalizao dividiu o Brasil em cinco grandes regies: Norte, Nordeste, Leste, Sul eCentro-Oeste; para isso, utilizou-se do conceito de Regio Natural, isto , agrupou os estadosque possuem caractersticas fsicas (naturais) semelhantes. Todos os estados foram encaixadosinteiros dentro das grandes regies, mesmo aqueles que tinham parte de seu ter ritrio comcaractersticas naturais diferentes. Ou seja, respeitou-se o limite das divisas entre os estados.Essas regies passaram a ser reconhecidas como Regies Naturais, sendo identificadas peloestudo das influncias entre a combinao de diferentes fatores naturais como o clima, avegetao, o relevo, entre outros.

    Os pesquisadores do IBGE, da poca, acreditavam que as bases naturais do territrio constituamdados mais estveis e permanentes do que as bases econmicas e que esse critrio seria maisseguro para a regionalizao.A Geografia, nos moldes franceses, tinha como principal incentivador um gegrafo chamado PaulVidal de la Blache, que publicou seus ensinamentos desde as ltimas dcadas do sculo XIX at

  • as primeiras do sculo XX. La Blache utilizava-se do conceito de regio. Para ele, regiosignificava uma rea, de tamanho varivel, cujos contornos deveriam ser definidos pelopesquisador que iria identifica-la ou individualiz-la. Um espao dentro do qual a relao dohomem com a Natureza fosse parecido, nico e prprio daquele espao, no qual estaria entoreconhecida uma regio

    Em 1945, acrescentou-se a essa regionalizao j existente uma diviso menor, a subdiviso dascinco grandes regies em zonas fisiogrficas, isto , reas menores com caractersticas fsicasmais semelhantes. Em 1942, criou-se o territrio federal de Fernando de Noronha, umarquiplago prximo ao litoral de Pernambuco. Em 1943, criaram-se os territrios do Amap, RioBranco, Guapor, Ponta Por e Iguau.

    Aps a dcada de 40 o IBGE utilizou-se de um novo conceito de regionalizao, o conceito deRegies Homogneas, que so definidas pela combinao de aspectos no somente naturais,mas tambm sociais e econmicos, que permitem fazer a diferenciao das reas. Foi utilizada emantida a delimitao poltico-administrativa j existente, a dos estados, ou seja, nenhum estadoou territrio pertence a duas regies ao mesmo tempo. Foram tambm mantidos dois nveishierrquicos: as microrregies e as macrorregies homogneas.Esse critrio de regionalizao, baseado no conceito de regies homogneas, considerava asatividades econmicas como fundamentais para a diferenciao das reas, pois era ofuncionamento da economia que iria determinar as polticas de investimentos que o governoadotaria. A identificao de reas consideradas deprimidas auxiliava no direcionamento dosinvestimentos.Essa diviso regional, criada em 1969, continua em vigor at hoje, apesar de uma modificaofeita em 1988, quando foi criado o Estado de Tocantins (includo na Regio Norte).

    REGIES GEOECONMICAS OU COMPLEXOS REGIONAIS

    A diviso do territrio brasileiro em regies geoeconmicas uma proposta de estudo com baseem trs grandes unidades territoriais: Amaznia, Nordeste e Centro-Sul, individualizadas segundocritrios geogrficos e econmicos, baseados ainda no conceito de Regies Homogneas. umaproposta no-oficial, de 1967, do gegrafo Pedro Pinchas Geiger. Nessa diviso, os limites dasregies no coincidem com os dos estados, isto , um estado pode ter uma parte do seu territrioem uma regio e outra parte em outra.

    O Centro-Sul destaca-se como o centro econmico do Brasil, concentrando 70% da populaonacional e a maior parte da produo industrial e agropecuarista do pas. O Nordesteindividualiza-se pela estagnao econmica, pela repulso de sua populao e peladisseminao da pobreza, expressa nos altos ndices de mortalidade infantil, na subnutrio e noanalfabetismo. O complexo amaznico caracteriza-se pela presena de floresta e climaequatoriais, pelas baixas densidades populacionais e, ainda, pelo processo de ocupao recenteligado aos grandes projetos agropecurios e minerais. Embora no seja oficial, por no ter sidoelaborada pelo IBGE, essa regionalizao a mais utilizada atualmente, tanto no meioacadmico quanto nas escolas de Ensino Fundamental e Mdio.

    Nas divises oficiais, a regio do vale do Jequitinhonha pertence ao Sudeste, mas, na prtica, arealidade social e econmica combina muito mais com a realidade de grande parte do Nordeste,que apresenta estagnao econmica, misria, problemas com a deficincia de chuvas etc. A

  • diviso geoeconmica ajuda a entender melhor a realidade de cada espao geogrfico, namedida em que tenta entender cada um deles a partir do conjunto de suas caractersticas, sejamelas fsicas, sociais ou econmicas.

    No Brasil, foram criados pelo Governo Federal alguns rgos de planejamento, tais como: A Sudene (Superintendncia de Desenvolvimento do Nordeste), em 1959. Sua rea deabrangncia inclua toda a Regio Nordeste, mais a poro norte do estado de Minas Gerai