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    Geografia

    Geografia do Nordeste

    Aristotelina Pereira Barreto RochaEugnia Maria DantasIone Rodrigues Diniz MoraisMrcia Silva de Oliveira

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    Geografia do Nordeste

    2 Edio

    Natal RN, 2011

    Geografia

    Aristotelina Pereira Barreto RochaEugnia Maria Dantas

    Ione Rodrigues Diniz MoraisMrcia Silva de Oliveira

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    COORDENAO DE PRODUO DE MATERIAIS DIDTICOSMarcos Aurlio Felipe

    GESTO DE PRODUO DE MATERIAIS

    Luciana Melo de LacerdaRosilene Alves de Paiva

    PROJETO GRFICOIvana Lima

    REVISO DE MATERIAISReviso de Estrutura e LinguagemEugenio Tavares BorgesJanio Gustavo BarbosaJeremias Alves de ArajoJos Correia Torres NetoKaline Sampaio de ArajoLuciane Almeida Mascarenhas de AndradeThalyta Mabel Nobre Barbosa

    Reviso de Lngua Portuguesa

    Camila Maria GomesCristinara Ferreira dos SantosEmanuelle Pereira de Lima DinizJanaina Tomaz CapistranoPriscila Xavier de MacedoRhena Raize Peixoto de Lima

    Reviso das Normas da ABNTVernica Pinheiro da Silva

    EDITORAO DE MATERIAISCriao e edio de imagensAdauto HarleyAnderson Gomes do NascimentoCarolina Costa de OliveiraDickson de Oliveira TavaresHeinkel HugeninLeonardo dos Santos FeitozaRoberto Luiz Batista de LimaRommel Figueiredo

    DiagramaoAna Paula ResendeCarolina Aires MayerDavi Jose di Giacomo KoshiyamaElizabeth da Silva FerreiraIvana LimaJos Antonio Bezerra JuniorRafael Marques Garcia

    Mdulo matemticoJoacy Guilherme de A. F. Filho

    IMAGENS UTILIZADASAcervo da UFRNwww.depositphotos.comwww.morguefile.comwww.sxc.huEncyclopdia Britannica, Inc.

    FICHA TCNICA

    Catalogao da publicao na fonte. Bibliotecria Vernica Pinheiro da Silva.

    Governo Federal

    Presidenta da RepblicaDilma Vana Rousseff

    Vice-Presidente da RepblicaMichel Miguel Elias Temer Lulia

    Ministro da EducaoFernando Haddad

    Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN

    Reitora

    ngela Maria Paiva Cruz

    Vice-ReitoraMaria de Ftima Freire Melo Ximenes

    Secretaria de Educao a Distncia (SEDIS)

    Secretria de Educao a DistnciaMaria Carmem Freire Digenes Rgo

    Secretria Adjunta de Educao a DistnciaEugnia Maria Dantas

    Copyright 2005. Todos os direitos reservados a Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte EDUFRN.

    Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorizao expressa do Ministrio da Educaco MEC

    Rocha, Aristotelina Pereira Barreto.

    Geografia do Nordeste / Aristotelina Pereira Barreto Rocha... [et al.]. 2. ed. Natal, RN :EDUFRN, 2010.

    332 p.: il.

    ISBN: 978-85-7273-830-9

    Contedo: Aula 01 A formao do espao nordestino; Aula 02 Os elementos naturais dapaisagem: estrutura geolgica, relevo e clima; Aula 03 Os elementos naturais da paisagem:hidrografia; Aula 04 Os elementos naturais da paisagem: vegetao; Aula 05 A regionalizaodo espao nordestino; Aula 06 Nordeste e o planejamento regional; Aula 07 Estrutura fundiriae confl itos sociais no Nordeste; Aula 08 Nordeste: perfi l econmico I; Aula 09 Nordeste: perfi leconmico II; Aula 10 Nordeste: perfi l social; Aula 11 Polticas pblicas para o desenvolvimentodo Nordeste; Aula 12 Problemas ambientais do Nordeste: a desertificao como foco de anlise.

    1. Formao regional. 2. Caracterizao fsico-ambiental. 3. Perfi l socioeconmico. I. Rocha,Aristotelina Pereira Barreto. II. Dantas, Eugenia Maria. III. Morais, Ione Rodrigues Diniz. IV. Oliveira,Mrcia Silva de. V. Ttulo.

    CDU 913 G342g

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    Sumrio

    Apresentao Institucional 5

    Aula 1 A formao do espao nordestino 7

    Aula 2 Os elementos naturais da paisagem: estrutura geolgica, relevo e clima 37

    Aula 3 Os elementos naturais da paisagem: hidrografia 71

    Aula 4 Os elementos naturais da paisagem: vegetao 97

    Aula 5 A regionalizao do espao nordestino 133

    Aula 6 Nordeste e o planejamento regional 159

    Aula 7 Estrutura fundiria e conflitos sociais no Nordeste 179

    Aula 8 Nordeste: perfil econmico I 207

    Aula 9 Nordeste: perfil econmico II 235

    Aula 10 Nordeste: perfil social 261

    Aula 11 Polticas pblicas para o desenvolvimento do Nordeste 287

    Aula 12 Problemas ambientais do Nordeste: a desertificao como foco de anlise 307

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    Apresentao Institucional

    ASecretaria de Educao a Distncia SEDIS da Universidade Federal do Rio Grandedo Norte UFRN, desde 2005, vem atuando como fomentadora, no mbito local, dasPolticas Nacionais de Educao a Distncia em parceira com a Secretaria de Educaoa Distncia SEED, o Ministrio da Educao MEC e a Universidade Aberta do Brasil UAB/CAPES. Duas linhas de atuao tm caracterizado o esforo em EaD desta instituio: aprimeira est voltada para a Formao Continuada de Professores do Ensino Bsico, sendoimplementados cursos de licenciatura e ps-graduao lato e stricto sensu; a segunda volta-se

    para a Formao de Gestores Pblicos, atravs da oferta de bacharelados e especializaesem Administrao Pblica e Administrao Pblica Municipal.

    Para dar suporte oferta dos cursos de EaD, a Sedis tem disponibilizado um conjunto demeios didticos e pedaggicos, dentre os quais se destacam os materiais impressos que soelaborados por disciplinas, utilizando linguagem e projeto grfico para atender s necessidades

    de um aluno que aprende a distncia. O contedo elaborado por profissionais qualificados e

    que tm experincia relevante na rea, com o apoio de uma equipe multidisciplinar. O material

    impresso a referncia primria para o aluno, sendo indicadas outras mdias, como videoaulas,

    livros, textos, filmes, videoconferncias, materiais digitais e interativos e webconferncias, que

    possibilitam ampliar os contedos e a interao entre os sujeitos do processo de aprendizagem.

    Assim, a UFRN atravs da SEDIS se integrao grupo de instituies que assumiramo desafio de contribuir com a formao desse capital humano e incorporou a EaD como

    modalidade capaz de superar as barreiras espaciais e polticas que tornaram cada vez maisseleto o acesso graduao e ps-graduao no Brasil. No Rio Grande do Norte, a UFRNest presente em polos presenciais de apoio localizados nas mais diferentes regies, ofertando

    cursos de graduao, aperfeioamento, especializao e mestrado, interiorizando e tornandoo Ensino Superior uma realidade que contribui para diminuir as diferenas regionais e oconhecimento uma possibilidade concreta para o desenvolvimento local.

    Nesse sentido, este material que voc recebe resultado de um investimento intelectuale econmico assumido por diversas instituies que se comprometeram com a Educao ecom a reverso da seletividade do espao quanto ao acesso e ao consumo do saber E REFLETE

    O COMPROMISSO DA SEDIS/UFRN COM A EDUCAO A DISTNCIA como modalidadeestratgica para a melhoria dos indicadores educacionais no RN e no Brasil.

    SECRETARIA DE EDUCAO A DISTNCIASEDIS/UFRN

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    A formao doespao nordestino

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    Apresentao

    B

    em-vindo, caro(a) aluno(a), disciplina Geografia do Nordeste. Estudar a regio emtodos os seus aspectos ser o grande desafio desta disciplina. Nas Aulas 7 (Nordeste) e8 (Nordestes) da disciplina Geografia Regional do Brasil foi apresentado um pouco sobre

    a regio Nordeste em diversas temticas, mas agora iremos ver, alm dos temas estudadosnesta disciplina, outros assuntos em maior profundidade e riqueza de informaes e detalhessem ainda perdermos o foco geogrfico nas nossas abordagens. Certamente, nenhuma regiobrasileira conta com mais abundante bibliografia que o Nordeste, seja na Geografia, na Histria,Economia, na Antropologia, Botnica e outras reas de estudo. Por isso, o referencial dasfontes de pesquisa para esta disciplina diverso. A sua extenso territorial expressiva, a suadiversidade cultural, os seus contrastes sociais e paisagsticos, as diversas origens tnicasna formao do seu povo, das suas cidades uma regio to complexa, to rica e ao mesmotempo to pobre... pode-nos parecer difcil falar em Nordeste, sendo prefervel referirmo-nos

    a Nordestes como sugerem Zaidan Filho (2001) e Arajo (2002) tanto quanto a Sertes,tal como Euclides da Cunha. Mas, mesmo na diversidade existe um comeo, um ponto departida o incio para estudar a regio.

    Nesta nossa primeira aula, o foco central de nossa discusso ser a compreenso daformao do espao nordestino, encaminhando reflexes e atividades sobre esse tema. Vocj pensou sobre esse tema? J o pesquisou? Pois bem, para nossas anlises precisaremos nosreportar s diferentes atividades econmicas que, atreladas a condicionantes econmicos enaturais, produziram uma dinmica socioespacial regional. Por isso, pesquisar o tema buscaro entendimento da nossa prpria realidade local contempornea. Da ento sua importncia

    em nossas anlises geogrficas do espao nordestino.

    ObjetivosConhecer os processos formadores das cidades, daseconomias e dos territrios da regio Nordeste.

    Compreender, no processo da organizao do espaodo Nordeste, a influncia e importncia da atividadecanavieira, da pecuria e da cotonicultura na regio.

    Entender o processo de produo do espao geogrficona regio Nordeste suas origens, sua caracterizao esuas heranas.

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    A regio NordesteInicialmente, perguntamos a voc: quais significados podemos dar nomenclatura regio

    Nordeste? Qual a sua real espacializao? Qual sua configurao territorial e seus limites?Para refletir sobre essas questes, atente para a Figura 1 e responda a atividade proposta.

    Figura 1 Regio Nordeste

    Fonte:IBGE (2002).

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    Atividade 1

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    Quais os estados da regio? Todos os estados possuem capitaislitorneas? Por que o Piau o nico estado a possuir uma capital no

    interior e no no litoral?

    Em qual estado da regio Nordeste voc mora? Quais suas principaiscaractersticas naturais e humanas?

    Em sua opinio, todos os estados da regio foram originalmenteocupados da mesma forma? Por meio dos mesmos processos? Pelosmesmos homens? Atravs das mesmas economias?

    Dirija-se ao seu polo de ensino e acesse na internet o site . Em seguida,faa o download do produto: Recursos Hdricos > Mapas estaduais eregionais > nordestehidrosuperficial.pdf. Voc vai conhecer o mapahidrogrfico da regio Nordeste. Escolha um dos estados e passeie,explore esse mapa, aumente a visualizao para conhecer os detalhes, onmero de rios, a sua nascente, os seus percursos e por quais estadosou cidades eles passam at chegar ao seu destino final.

    Em sua opinio, haveria alguma relao entre os principais rios daregio e o processo de ocupao e colonizao a partir do sculo XVI?

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    Conseguiu responder a todas as questes? Em caso afirmativo, timo. Se sentiu

    dificuldade, no se preocupe. Essas so questes que iremos estudar e refletir nesta aula,pois para compreender a atual realidade dessa Macrorregio precisamos focalizar o processohistrico de sua formao territorial, investigando os grupos humanos, as atividadeseconmicas e a interao entre os diferentes aspectos naturais, como as suas caractersticashidrogrficas, seus cursos dgua e os percursos, caminhos ou trajetos humanos traadoshistoricamente na regio a partir do sculo XVI.

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    Aula 1 Geografia do Nordeste 13

    O processo de ocupaodo espao nordestino

    Ao se tentar descrever a organizao do espao do Nordeste, o primeiro impulso ressaltar atributos do meio fsico regional, com base na clssica diviso entre o litoral,o Agreste e o Serto. Contudo, essa diviso pouco ou nada nos informa sobre as

    atividades econmicas, as relaes sociais e a produo do espao na regio. O conhecimentodo meio fsico importante, pois estabelece fortes condicionantes ocupao do espao e aodesenvolvimento de atividades, mas a atuao do homem sobre o meio fsico que determinaa organizao do espao. A organizao do espao nordestino, embora condicionada pelomeio fsico, foi determinada por diferentes processos de construo do espao algunsremontando aos primrdios do perodo colonial e outros recentes e fortemente afetados porpolticas de desenvolvimento regional.

    Atribui-se ao desenvolvimento do capitalismo comercial o descobrimento e a organizaodo territrio brasileiro, e do nordestino em particular. Mesmo as razes de ordem poltica, comoas disputas que os portugueses mantiveram com os franceses, estavam ligadas s de ordemeconmica, direcionando a dinmica dessa ocupao. O povoamento do Nordeste fundamentouuma economia primrio-exportadora. Ele se deu numa sucesso de formas diferenciadasem natureza, intensidade, extenso e repercusses. O que resultou uma especializao deatividades em distintas reas.

    Assim, praticou-se o extrativismo no litoral; instalou-se a agroindstria canavieira na

    Zona da Mata; dominou-se o interior com a pecuria que, aps as lutas com os franceses,tambm consolidaria a posse das terras ao Norte; e o algodo e o arroz foram desenvolvidosno Meio-Norte, assim como o cacau no Sudeste baiano.

    A ocupao da Zona da Mata de Pernambucoe do Recncavo Baiano atividade canavieira

    Dentre os produtos agrcolas diretamente visados pelos portugueses no incio do

    processo de colonizao, era o acar o produto de maior destaque. Isso devido suagrande demanda no mercado europeu na primeira metade do sculo XVI e o fato do pas aser colonizado ter uma rea o litoral oriental ou leste, mais precisamente da parte sul do RioGrande do Norte at Salvador, na Bahia com as condies naturais favorveis sua produo(clima quente e mido, com duas estaes bem definidas, solos aluviais, de massap eeluviais, oriundos da decomposio das rochas cristalinas, rico em argilas, denominadaslocalmente de barro vermelho).

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    O povoamento era feito com base na explorao da terra, isto , num sistema de latifndioem que os proprietrios utilizam mo de obra escrava, inicialmente indgena, e logo apsafricana, visando produo de acar para abastecer o mercado europeu. Aspectos de talrealidade so bem ilustrados na Figura 2.Isso porque, como afirma Andrighetti (2002, p.12),O plantio de cana objetivando a exportao do acar s se tornaria um negcio lucrativose fosse praticado em larga escala, em grandes extenses de terra. Essas circunstncias

    determinaram o tipo de explorao agrria adotada no Brasil: a grande propriedade.

    Figura 2 Processo de fabrico do acar. Simon de Vries,Curieuse aenmerckingen der bysonderste Oost en West-Indischeverwonderens-waerdige dingen. . . (Utrecht, 1682)

    Ao mesmo tempo essa estrutura agrria permitia o desenvolvimento de culturasdestinadas ao mercado interno, em nvel de subsistncia e em reas marginais dos grandeslatifndios uma imposio das necessidades de alimentao dos agrupamentos humanos,baseada na cultura de alguns produtos, como feijo e milho, e garantindo a subsistncia dosprimeiros povoados, indefesos e isolados. A esses modestos povoadores que se multiplicavampelas solides das regies do Brasil que se deve a ocupao efetiva de muitas reas distantes

    umas das outras e segregadas pelas grandes lavouras de cana-de-acar, as quais atravs dossculos ficaram mais ou menos margem dos caminhos de circulao geral.

    No encontrando metais preciosos e temendo perder sua colnia na Amrica, Portugalestimulou a expanso, no Nordeste, da agroindstria aucareira apoiada na mo de obraescrava. Seus esforos foram coroados com xito e, ao longo de quase um sculo, a atividadese expandiu, ocupando terras da Zona da Mata dos atuais estados de Pernambuco e da Bahia,e evoluindo para outras partes da regio.

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    Figura 3 Canavial

    Fonte:Percy Lau (apud IBGE, 1963, p. 94).

    A fim de incentivar o povoamento da ento Colnia e sua respectiva produo agrcola,a metrpole dividiu o Brasil em Capitanias Hereditrias. Aos donatrios outorgou o direito deconceder Sesmarias. Essa forma de estruturao fundiria exerceu uma influncia decisivana estratificao social e na produo do espao do litoral aucareiro. O funcionamento daatividade exigia muitos insumos, alm da matria-prima (entre eles a lenha) para queimar nosengenhos, bois de carga para o transporte, madeira para construo e reparao das carretas,instalaes industriais, moradias e, sobretudo, a embalagem do produto o acar.

    A estrutura produtiva implantada fazia com que os engenhos e fazendas se tornassem, aum s tempo, unidades de povoamento e de produo. Assim, em um engenho de acar, aolado das construes necessrias ao empreendimento aucareiro, implantavam-se casas deresidncia para o proprietrio a casa grande, que tambm abrigava empregados e lavradores,e senzalas para os escravos. A seguir, atente para a descrio de Sergio Buarque de Holanda(2003, p. 230/232).

    A casa grande, residncia do senhor de engenho, uma vasta e slida manso trrea ousobrado; [...] Constitua o centro de irradiao de toda a atividade econmica e social dapropriedade. A casa-grande completava-se com a capela, onde se realizavam os ofcios

    e as cerimnias religiosas. [...] prximo se erguia a senzala, habitao dos escravos, osquais, nos engenhos, podiam alcanar algumas centenas de peas.[...] A casa-grande,a senzala, a capela e a casa de engenho formam o quadriltero principal e caractersticodo engenho de acar.

    Est compreendendoa importncia da atividade aucareira para o processo da produodo espao nordestino e nacional nos primeiros sculos de colonizao do pas? E voc, jvisitou um antigo engenho em nossa regio? Muitos so hoje museus e contam a histriaque passou. Por isso, atente para a Figura 4 a seguir e para a letra da cano, pois elas

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    ilustram um pouco dessa histria. A imagem mostra a casa grande e a capela de um dos maistradicionais engenhos do sculo XIX, o Engenho Massangana, onde escritor abolicionistaJoaquim Nabuco passou grande parte de sua infncia. E a letra da cano de Luiz Gonzagaapresenta aspectos desse mesmo engenho, como o perodo que deixa de funcionar, quandoa atividade aucareira entre em declnio.

    Figura 4 Engenho Massangana

    Fonte:.

    Acesso em:13 jan. 2010.

    Engenho Massangana

    Luiz Gonzaga

    Composio: (Capiba)

    Ouvi dizerQue o Engenho Massangana

    J faz trs anosQue no vira, no mi

    com tristezaQue eu digo a vocs

    Tristeza essaQue maltrata e que di

    Faz muito maisFaz muito mais, Z

    Que no sai fumaa da chaminInda me lembro

    Quando eu ia a CaboDa Casa Grande

    De seu Joaquim NabucoHomem direito

    De leitura e saber

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    Que sempre honrouCom seu valor, Pernambuco

    Faz muito mais...Eu tenho visto

    Tanto engenho apagadoDe fogo morto

    Mas sem deixar tristeza

    S um eu viQue me encheu de saudade

    Foi MassanganaPela sua grandeza.

    Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu na fazenda Caiara, no sop da Serra doAraripe, na zona rural de Exu, serto de Pernambuco, em 13/12/1912. Filho deJanurio Jos Santos, lavrador e sanfoneiro, e de Ana Batista de Jesus, agricultorae dona de casa. Desde criana se interessou pela sanfona de oito baixos dopai, a quem ajudava tocando zabumba e cantando em festas religiosas, feirase forrs. Conhecido como o rei do baio ou Gonzago. Autntico representanteda cultura nordestina, manteve-se fiel s suas origens mesmo seguindo carreiramusical no sul do pas. O gnero musical que o consagrou foi o baio. A canoemblemtica de sua carreira foi Asa Branca (1947), mas ele gravou dezenasde outros sucessos (foram 56 discos) e comps mais de 500 canes, todascom referncias regio Nordeste seu povo, seus costumes, seus causos, suanatureza ou seus animais. Faleceu em Recife, no dia 02/08/1989.

    A civilizao aucareira provocou uma concentrao populacional e a formao de umasrie de povoaes e vilas. Vilas e cidades surgiram em funo do comrcio internacional,atravs da implantao das capitais, onde ao lado da funo administrativa, desenvolvia-sesempre a funo comercial-porturia. A rede urbana em formao surgia em funo do exterior,das reas consumidoras dos produtos tropicais e no do abastecimento da rea produtora. Daserem as primeiras vilas portos onde se escoava a produo e, s posteriormente, proporo

    que a colonizao se afastava da costa, subindo os vales dos rios, que se formaram povoaese vilas no interior. Povoaes e vilas que se ligavam por caminhos rios navegveis ou estradase veredas em que transitavam homens e animais aos portos por onde se escoava a produo.

    Processou-se ali a primeira transformao mais extensiva dos quadros antigos dapaisagem natural, com o desbravamento das matas e a sua substituio por grandes canaviaisque penetraram ao longo dos vales e subiram pelas encostas dos morros baixos. O baixocurso dos rios regionais, dotados de correnteza perene, pde auxiliar bastante aos senhores

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    de engenho, como via de circulao para o escoamento da produo aucareira at os portosde embarque, situados na costa. E podemos, a partir da polarizao de duas reas especficas,Recife e Salvador, dividir a rea aucareira do Nordeste em duas pores, uma liderada peloconjunto Olinda-Recife e a outra por Salvador.

    Figura 5 Carregadores de caixas de acar. Jean Baptiste Debret,Voyage Pittoresque et Historique au Bresil (Paris, 1834-39)

    No primeiro conjunto ainda no sculo XVI foi fundada uma srie de povoaes e vilas

    como Conceio, Igarau, Muribeca, Ipojuca, Sirinham, So Loureno da Mata. No atualterritrio alagoano, ento parte da Capitania de Pernambuco, surgiram Porto Calvo, no vale doManguaba e Atalaia, e para o interior Penedo, So Bento e Alagoa do Norte, hoje Macei. Parao norte, a expanso pernambucana provocou o surgimento de Goiana e as cidades de Filipeiade Nossa Senhora das Neves, atual Joo Pessoa, fundada em 1585, e Natal, fundada em 1598.Essas povoaes nasceram como cidades, conforme ocorrera com Salvador.

    Na regio do Recncavo Baiano, comandada pela cidade de Salvador, deu-se umprocesso de formao de cidades semelhante ao pernambucano. Assim, Salvador passou a ser

    o ponto de partida para a conquista do Recncavo, rea onde dominavam solos de massapapropriados cultura da cana-de-acar. A atividade canavieira ocasionou a humanizao dapaisagem de toda uma faixa de terras sublitorneas que se estende at a zona que precede oPlanalto da Borborema, onde se iniciam as terras do agreste, menos propcias, do ponto devista natural, cana-de-acar.

    O crescimento da produo de acar se fez de forma acelerada no sculo XVI, a pontode em 1630 j haver, s na Capitania de Pernambuco, 164 engenhos em funcionamento.Os canaviais se expandiram pela costa, servida por uma navegao de cabotagem de pequeno

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    calado que subia aos esturios dos rios na mar cheia, e tambm pelo interior, utilizando tropasde burros que transportavam o acar at os pequenos portos do litoral.

    Conclumos, assim, que a atividade aucareira na regio Nordeste produziu espaos daproduo as lavouras, e o espao de comando e habitao do proprietrio os engenhos.Requisitou mo de obra que ocupava as senzalas e as livres moradias, que por sua vez requeriamalimentos. Assim, concomitante plantao de acar, havia pequenos roados de feijo, milho,tubrculos para subsistncia dos que ali viviam. A atividade aucareira tambm produziu portos,criou caminhos, povoaes e vilas. Foi produzido, assim, o espao nordestino e brasileiro.

    Quais condies naturais e econmicas favoreceram o cultivo da cana-de-acar na regio Nordeste?

    Caracterize a estrutura produtiva relacionada produo de cana-de-acar na nossa regio nos primeiros sculos da colonizao.

    A rea em que voc reside na nossa regio foi ou produtora de cana-de-acar? Em caso afirmativo, descreva traos dessa poca na atual

    paisagem local. Caso contrrio, realize uma pesquisa sobre uma dascidades citadas na aula e descreva, ento, esses traos na paisagem.

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    A conquista do litoral setentrional

    pecuria e extrativismoA expanso para o litoral setentrional ou norte do Brasil foi comandada pelo polo

    Olinda-Recife. A expanso baiana, direcionada para o interior, integrou na Regio apenas acosta norte da Bahia e Sergipe, visando obter campos para a criao do gado. Ao atingiremo norte de Sergipe, os baianos subiram o vale do rio So Francisco pela sua margem direita,espraiando-se pelo serto.

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    O governo de Pernambuco, sediado em Olinda, apoiou a marcha com dois objetivos:conquistar terras onde se puseram a criar animais de trao para atender demanda dosengenhos de acar, e, principalmente, expulsar os franceses que tentavam instalar umacolnia na costa. Isso levou Pernambuco a ocupar a costa paraibana e fundar Filipeia deNossa Senhora das Neves, depois Paraba, e hoje Joo Pessoa (1585) e Natal (1598). Mas asvilas, cidades e povoaes no tiveram grande crescimento. No Rio Grande do Norte, a vila deExtremoz do Norte, vizinha a Natal, habitada por indgenas, e Arez, Vila Flor e Nossa Senhorados Prazeres de Goianinha.

    Figura 6 Nordeste: caminhos e povoamentos,penetrao pernambucana e baiana para o vale do rio So Francisco

    Fonte:Andrade (2004, p. 80).

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    No Cear, o povoamento litorneo dava origem no s a Fortaleza, mas tambm a umasrie de freguesias, situadas em suas imediaes Aquiraz, Sousa (atual Caucaia), Arronches,Mecejana e Montamr. Sobre a Serra de Ibiapaba se desenvolvia a Vila Real de Viosa. Nessapoca, as correntes povoadoras vindas de Olinda, pelo litoral, e vindas da Bahia, pelo interior,j se haviam encontrado, contribuindo para a integrao dos espaos.

    Nas ribeiras dos rios Piranhas-Au, do Apodi-Mossor, no Rio Grande do Norte,do Jaguaribe, do Acara, no Cear, e do Parnaba, entre os estados de Piau e Maranho,desenvolveram-se fazendas abertas de criao de gado. Como exemplo, no vale do Acara,desenvolveu-se a vila Real de Sobral, com as freguesias de So Jos de Macabeiras, NossaSenhora da Conceio e So Gonalo dos Cocos. O povoamento do Maranho desenvolveu-sea partir do trabalho indgena e das atividades agrcolas, com forte relao com o Par, onde,na foz do rio Amazonas, foi construda a cidade de Belm, desenvolvida com base na extraode drogas florestais e na caa ao ndio, para escraviz-lo.

    No sculo XVII e na primeira metade do sculo XVIII, a pecuria alimentou uma importanteindstria de carne seca ento chamada carne do Cear nos atuais estados do Rio Grandedo Norte e do Cear. Devido distncia em relao a Olinda e a Salvador, os criadores deixaramde enviar o gado vivo, em caminhadas que levavam meses, desvalorizando-os face perda depeso, o que levou a instalar oficinas onde os animais eram abatidos e a carne era salgada.Essa atividade industrial foi responsvel pelo crescimento de Aracati (CE) e Mossor (RN),cidades com portos e centros de salgas de carne, e da povoao de Russas (CE). As carneseram enviadas para o abastecimento das reas aucareiras, pois a carne assegurava um altorendimento aos fazendeiros. As vantagens obtidas com as oficinas iam a tal ponto que oscriadores do RN tentaram se organizar para substituir a exportao do boi vivo pelo animal

    abatido. Foram impedidos pelo Governo de Pernambuco.

    A organizao econmica do Nordeste apresentava, ainda, particularidades em razo dasassociaes vegetais. Nos vales dos rios secos que se modificavam na estao chuvosa,em correntes de gua, mas cessado as chuvas, tornam-se filetes em amplos leitos arenosose, por fim, pequenos poos isolados podiam os moradores fazer plantaes de lavouras deciclo vegetativo curto e estabelecer o gado. No baixo curso dos rios, estes eram ladeados pelasflorestas de galeria, as carnabas (na poro de clima mais seco RN, CE e PI) e babauais(no MA), que forneciam alimentos, caibros, esteios e coberturas para as casas, constituindo-se em providncias para as populaes. Assim, em relao vegetao de carnaba,podemos afirmar que se formou na rea semirida uma verdadeira civilizao da carnaba principalmente, quando a regio passou a exportar a cera que extrada de suas palhas.A seguir, observe a imagem da mata galeria de carnaba, e no detalhe, trabalhadores extraindoa palha e a cera a ser vendida. Logo aps, responda atentamente a atividade proposta.

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    Atividade 3

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    Figura 7 Palmeiral de carnabas

    Que principais atividades econmicas foram importantes no processode ocupao do litoral norte nordestino? Explique a dinmicasocioespacial produzida por essas atividades.

    Relacione essas atividades econmicas formao de centros urbanos

    nessa rea.

    Fonte:Percy Lau (apud IBGE, 1963, p. 99).

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    A ocupao do interior pecuria extensiva e o algodo

    A ocupao do interior do Nordeste foi determinada pelanecessidade de prover a rea aucareira de animais para trabalho e

    alimento, e teve origem em dois polos: Salvador e Olinda.Numa poca em que no se dispunha do arame farpado e os

    animais eram isolados por vales e cercas vivas, a pecuria s podiaser feita em propores mnimas, ao lado da agricultura. Da, a ideia deTom de Souza de separar as reas de criao das reas de agriculturapor grandes extenses de terras inaproveitadas. O espao foi organizadoem funo dos interesses dos grandes proprietrios, que conseguiamdos governadores grandes doaes de terras que eram depois divididase entregues a vaqueiros que se estabeleciam no serto para cuidar do

    gado com auxlio dos escravos e dos moradores livres.

    Os vaqueiros, que poderiam com o tempo se tornarem pequenoscriadores, alugavam stios e estabeleciam os seus currais, porquanto asua remunerao lhes era paga pelo sistema de quarteao o vaqueirorecebia um em cada quatro bezerros nascidos e podia ainda utilizaro leite. O gado permanecia fazendo migraes sazonais para as serrase margens dos rios. E era criado solto, pastando em comum com o deoutras fazendas, identificado atravs do ferro do proprietrio e do ferroda ribeira em que se situava a fazenda.

    Embora a sociedade no fosse rigidamente estruturada, como area canavieira, era difcil aos povoadores pobres o acesso propriedadeda terra. Eles tinham que se tornar rendeiros e dependentes dos grandeslatifundirios, como as famlias Garcia Dvila (tambm conhecidacomo da Casa da Torre, que possua latifndios nas margens do rioSo Francisco, localizada onde hoje a Praia do Forte, no litoral nortede Salvador), Antonio Guedes de Brito (cujos domnios se estendiamdesde o Morro do Chapu (BA) at o rio das Velhas, em Minas Gerais)ou Domingos Afonso Mafrense (fundou mais de 50 fazendas no Piau).Esses grandes proprietrios no viviam em seus domnios, mas nolitoral, nas proximidades das cidades. Administravam suas fazendas pormeio dos prepostos, os vaqueiros, os sitiantes que lhe pagavam foros.

    Os homens que viviam no serto desenvolviam uma economiaamonetria, utilizando os produtos de que dispunham, produzindoalimentos, cultivando, colhendo e tecendo algodo e empregandoo couro para os mais diversos usos confeco de selas, arreios, roupas

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    de trabalho, leito, bolsas para o transporte das caas e recipiente de gua. Da o historiadorCapistrano de Abreu ter admitido a existncia no serto de uma civilizao do couro. O Piauera um grande fundo de pastos onde se criava solto o boi, quase sem dono, como um estoqueregulador de toda a pecuria do Nordeste. Da Abreu (1963, p. 149) afirmar: meu boi morreu/o que ser de mim? [...] Manda buscar outro, maninho, l no Piau [...] e escreveu ainda...

    De couro era a porta das cabanas, o rude leito aplicado ao cho duro, e mais tarde acama para os partos; de couro todas as cordas, a borracha para carregar gua; o mocou alforje para levar comida, a mala para guardar roupa, mochila para milhar cavalo, apeia para prend-lo em viagem, as bainhas de faca, as bruacas e surres, a roupa deentrar no mato, os bangs para curtume ou para apurar sal; para os audes, o materialde aterro era levado em couros puxados por juntas de bois que calcavam a terra com seupeso; em couro pisava-se tabaco para o nariz.

    Figura 8 Feira de gado

    Feira de GadoLuiz Gonzaga

    Composio: Luiz Gonzaga e Z Dantas

    Companheiro, esse gado t enfadado,

    Vamo aproveitar essa sombra aqui,embaixo desse p-de-pau?

    Fonte:Percy Lau (apud IBGE, 1963, p. 238).

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    Vamembora vi

    gado,

    Mundo novo Adeus

    Adeus minha amada

    Eu vou pra feira de SantanaEu vou perder minha boiada

    boiada, boiado

    Meu Cachorro ecoa

    Na quebrada

    boi

    De quem esse gado menino?

    de seu Joo

    Que Joo?

    Serafim

    Meu Cantar saudosoAmansa a boiada

    Quando eu aboio, Moa bonita

    Ai, ai, suspira apaixonada

    gado, boiada,

    gado baiano meu f,

    gado gordo liso, zelado

    Pra onde que vai com esse gado, boiadeiro?

    No me chame boiadeiro

    Que eu no sou boiadeiro no,

    Eu sou um pobre vaqueiro,Boiadeiro o meu patro

    boi, boiada

    Faz trs dias que eu no como,

    Faz quatro que eu no armoo,

    Pelo amor daquela engrata,

    Quero comer e no posso

    boi, boiada

    Vaqueiro apaixonado

    boi, gado, boiada

    meu f,Isso aqui gado de feira de Santana, meu f,

    Pra onde que vai com esse gado?

    gado, gado bom, gado bravo

    boiada, boiada,

    Meu Cachorro ecoa

    Na quebrada,

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    Como as boiadas se autotransportavam,as mercadorias do serto eram conduzidas a p,com muitas paradas para o descanso e recuperaode peso at os centros consumidores as cidades e poderiam demorar semanas ou meses para chegar.Isso teve repercusses no surgimento das primeiras

    povoaes do serto. Povoaes e vilas que teriamum maior crescimento na segunda metade do sculoXVIII e no sculo XIX, quando o desenvolvimento dacultura do algodo provocou expressivo crescimentopopulacional. Assim, ligada aos centros prximos aolitoral, Sobral e Aracati, destacavam-se no Cear, Au, Caic e Pau dos Ferros, no Rio Grande doNorte; Pombal, no serto paraibano; e Cimbres, na zona serrana desse mesmo estado. Para vocentender melhor o que significavam esses Caminhos do Gado, observe a Figura 9 e a citao aseguir. Elas retratam tanto esses caminhos quanto a figura do tangerino, indivduo responsvel

    pelo transporte do gado at os centros consumidores.

    Figura 9 O tangerino

    Fonte:

    .Acessoem:

    13jan

    .2009

    .

    Fonte:Percy Lau (apud IBGE, 1963, p.158).

    O tangerinono anda vestido de couro nem sabe montar. Traja sempre roupa comum,chapu de palha de carnaba, alpercatas, chicote, trazendo s costas a rede dentro de umsaco de couro e os utenslios para preparar as suas refeies. [...] Anda mais de um msa p em cada viagem, conduzindo de muito longe as boiadas para as feiras de gado [...]Quando as feiras terminam ao cair da tarde, ei-lo de volta para as fazendas do Cear, doPiau, da Bahia ou de paragens mais longnquas [...] a ele devemos o desenvolvimentoda nossa pecuria e o abastecimento de carne verde populao. As atuais estradas derodagem, ligando povoaes e vilas, cidades e estados, o litoral ao serto, foram caminhosabertos por eles nas matas e serras para a passagem primitiva do gado (IBGE, Tipos eAspectos do Brasil. p.159, 1963).

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    Outra atividade econmica importante nesse processo de produo do espao nordestinofoi a cultura do algodo, pois a prpria rea pecuarista recebeu grandes contingentespopulacionais face ao desenvolvimento dessa cultura. Abriram-se novas perspectivas coma ampliao das oportunidades de trabalho e renda, sobretudo porque o algodo permitiaculturas de subsistncias intercalares de milho, feijo, fava e mandioca. A cultura do algodotambm no prejudicou a pecuria, por ocupar terras antes utilizadas pelas pastagens; somente

    lhe trouxe benefcios, pois o algodoal supria direta e indiretamente a alimentao do gado.Na letra da cano e na Figura 10 a seguir, observe aspectos importantes da cultura do algodo.

    Algodo

    Luiz Gonzaga

    Bate a enxada no cho, limpa o p de algodo

    Pois pra vencer a batalha,

    preciso ser forte, valente, robusto e nascer no

    Serto

    Tem que suar muito pra ganhar o po

    Poia a coisa l n brinquedo no

    Mas quando chega o tempo rico da colheita

    Trabalhador vendo a riqueza, que beleza

    Pega a famlia e sai, pelo roado vai

    Cantando alegre ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai.

    Sertanejo do norte

    Vamos plantar algodo

    Ouro branco que faz nosso povo feliz

    Que tanto enriquece o pasUm produto do nosso serto.

    Figura 10 Capucho do algodo

    Fonte: . Acesso em:13 jan. 2009.

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    Um aspecto interessante da sociedade algodoeira que ela no sehierarquizou de forma to rgida como a sociedade aucareira, embora,nos perodos mais favorveis, tenham se formado grandes unidades deproduo. A cultura algodoeira podia coexistir com as culturas alimentares,ou seja, o agricultor podia mant-las sem prejuzo do produto comercial,o que estimulava a policultura, o autoabastecimento e a formao de

    pequenas propriedades. O algodo tambm no necessitava de imediataindustrializao, permitindo o oposto do que ocorreu com a cana-de-acar,uma separao entre a atividade agrcola e a industrializao, atomizandoa produo e concentrando a industrializao nos centros urbanos ou nascidades do interior dos estados.

    Dessa forma, a atividade proporcionou maior vitalidade econmicas muitas cidades dotadas de portos, pois ao lado da funo porturia,desenvolveu-se a funo industrial que teria influncia no crescimento dapopulao urbana era, ento, a indstria grande empreendedora de mo

    de obra nos centros urbanos. Ao lado de bairros tradicionais surgiramos bairros operrios, e dentre as cidade beneficiadas por esse surto,destacamos So Luiz, Nepolis, Propri, So Cristvo, Estncia e Valena.

    A atividade algodoeira dotou as ento pequenas cidades do interior de um modo devida urbano. Eram usinas, fbricas, trabalhadores agora com horrios de entrada de sadapara o trabalho, assalariados uma dinmica econmica e urbana at ento ausente edesconhecida. Da ento a importncia e a influncia da atividade algodoeira na produodo espao do serto nordestino.

    O sul da Bahia e a atividade cacaueiraNo sculo XVI a regio sul da Bahia, compreendendo suas Capitanias Hereditrias (Ilhus

    e Porto Seguro), no se desenvolveu no primeiro sculo de colonizao, devido ausnciade donatrios e m administrao de seus prepostos representantes. Posteriormente estasduas Capitanias foram absorvidas pela Capitania da Bahia, que se beneficiou com a volta propriedade da Coroa Portuguesa e dinamizou-se, a partir de 1548, quando foi fundada a cidadedo Salvador capital da Colnia. Durante dois sculos a antiga Capitania de Ilhus permaneceu

    estagnada, com a pequena populao dedicada agricultura de subsistncia.

    A partir do sculo XVIII, a economia foi dinamizada com a introduo de uma nova cultura,cujos frutos passaram a ter grande demanda no mercado internacional o cacau. Formou-sena zona cacaueira, uma sociedade com grandes desigualdades sociais muita riqueza e muitapobreza em decorrncia de uma economia inteiramente voltada para o mercado externo.O produtor de cacau, muitas vezes tambm profissional liberal ou comerciante, dificilmenteresidia na propriedade (rea rural), preferindo as cidades de Ilhus, Itabuna, Salvador ou Riode Janeiro, onde estava sendo informado dos preos do produto no mercado internacional.

    Cortador de Cana, xilogravura do artistaRafael Tufio

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    Figura 11 Cacau

    Fonte:. Acesso em:11 jan. 2010.

    Explique a dinmica gerada pela pecuria e pela cultura do algodo no processo deproduo do espao nordestino, mais precisamente do interior da regio.

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    Pesquise e identifique em cidades do seu estado: runas de antigas usinas, fbricasde leo ou de tecidos ou outra infraestrutura voltada atividade algodoeira.Lembre-se: hoje nelas podem funcionar outras atividades.

    Muitas cidades do interior nordestino surgiram a partir da atividade pecuria, de umaantiga fazenda e/ou a partir de locais de parada para o gado se alimentar e descansar.Escolha dois estados da regio, pesquise e descubra duas dessas cidades.

    Acesse a internet, visite os endereos a seguir e conhea um pouco mais dos municpiosbaianos Itabuna, Ilhus e Salvador:

    .

    .

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    Resumo

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    Diante do exposto na aula de hoje, conclumos que no perodo colonial havia vriosNordestes, ou seja, dentro do atual Nordeste existiam diversas regies que possuamdinmicas econmicas particulares, que geraram modos de vida, hbitos e tradies queparticiparam do processo de formao do espao nordestino, mais tarde tornando-se parteda prpria identidade da regio.

    O espao hoje correspondente aos estados de Pernambuco, Alagoas, Paraba e Rio Grandedo Norte constitua o locus da produo aucareira por excelncia e era, reconhecidamente,uma regio. J no espao dos atuais estados do Cear e Piau desenvolviam-se atividadeseconmicas apenas subsidirias em relao produo aucareira salvo durante o surtoalgodoeiro ou qualquer outro comandado pela demanda internacional , caracterizando,assim, uma outra regio. O espao do atual Maranho representaria um caso parte, pois,relativamente isolado dos principais centros produtores de acar, vincular-se-ia diretamenteao capitalismo mercantil europeu; posteriormente, tornar-se-ia, pois, mais uma regio.

    Por fim, quanto ao espao dos atuais estados de Sergipe e Bahia, ainda que estivesse

    tambm dedicado monocultura da cana (principalmente a Bahia, na rea do recncavo),possua uma classe proprietria de terras significativamente autnoma e diferenciada, emtermos de ramos familiares, em relao sua correspondente da regio marcadamenteaucareira, mais ao norte. Em outras palavras, o processo de reproduo do capital mercantilnesse espao apresentava sua circularidade na relao Bahia-Sergipe e Metrpole, constituindo,ento, mais uma regio (OLIVEIRA, 1993, p. 32-33). Desse processo se formou a regionordestina, sua cultura, sua economia e sua singularidade.

    Nesta aula, voc estudou o processo de formao do espao nordestino. Para isso,voc refletiu sobre as diferentes atividades econmicas que determinaramcaminhos, lugares e a sociedade. Sendo assim, voc analisou a estrutura produtivadessas atividades econmicas e compreendeu, portanto, a dinmica socioespacialgerada pela atividade aucareira no litoral leste; pela pecuria, pelo extrativismo

    e pelo algodo no interior e no litoral norte nordestino, bem como os espaosproduzidos, suas peculiaridades e suas foras de gerarem novas formas, estruturase lugares na regio Nordeste.

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    Autoavaliao

    Nesta aula, voc entendeu que duas atividades econmicas tiveram forteinfluncia no processo de formao do espao nordestino: a atividade aucareirae a pecuria. Observe, ento, as imagens a seguir e identifique nelas essasatividades econmicas. Logo aps, caracterize essas atividades a partir do queapresentam as imagens e, por fim, analise-as do ponto de vista de sua estruturaprodutiva, dos seus condicionantes naturais e econmicos, da sociedade localorganizada e principalmente os espaos e formaes produzidos por essasatividades na regio Nordeste.

    Figura 12 Moenda de cana. Rugendas, 1835

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    Figura 13 Vaqueiro do Nordeste

    Fonte:Percy Lau (IBGE, 1963, p.182).

    RefernciasABREU, Capistrano de. Captulos de histria colonial e os caminhos antigos e o povoamentodo Brasil. Braslia: Ed. da Univ. de Braslia, 1963.

    ANDRADE, Manuel Correia de.A terra e o homem no Nordeste. 4. ed. So Paulo: Livraria Ed.Cincias Humanas, 1980.

    ______. Pernambuco: cinco sculos de colonizao. Joo Pessoa: Grafset, 2004.

    ANDRIGHETTI, Yn. Nordeste: mito e realidade. So Paulo: Moderna, 2002.

    ARAJO, Tania Bacelar. Nordeste, nordestes: que nordeste? Recife: Fundao JoaquimNabuco; Observatrio do Nordeste, 2002. Disponvel em: . Acesso em: 11 jan. 2010.

    CASCUDO, Cmara. De Oswaldo para Cascudo. Contribuio de Oswaldo Lamartine. Natal:Sebo vermelho, 2005. (Coleo Mossoroense).

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    Anotaes

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    FELIPE, Jos Lacerda Alves; CARVALHO, Edilson Alves de; ROCHA, Aristotelina P. Barreto.Atlas geo-histrico e Cultural do Rio Grande do Norte. Joo Pessoa: Editora Grafset, 2007.

    FURTADO, Celso. Formao econmica do Brasil. 27. ed. So Paulo: Nacional, 1998.

    INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA - IBGE. Geografia do Brasil: grandesregies Meio-Norte e Nordeste. Rio de Janeiro: IBGE, 1962. (Biblioteca Geogrfica Brasileira,

    srie A, v. 3, n. 17).

    ______. Tipos e aspectos do Brasil: excertos da Revista Brasileira de Geografia. Ilustraesde Percy Lau. 7. ed. Rio de Janeiro: IBGE/Conselho Nacional de Geografia, 1963. Ediocomemorativa da I Semana da Geografia.

    ______. Tipos e aspectos do Brasil. 10. ed. Rio de Janeiro: IBGE/Conselho Nacional deGeografia, 1975.

    MENEZES, Djacir.O outro Nordeste: formao social do Nordeste. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1937.

    OLIVEIRA, Francisco de. Elegia para uma re(li)gio: SUDENE, Nordeste, planejamento econflitos de classes. 6. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.

    PRADO JNIOR, Caio. Formao do Brasil contemporneo: colnia. 12. ed. So Paulo:Brasiliense, 1972.

    ZAIDAN FILHO, M. O fim do Nordeste e outros mitos. So Paulo: Cortez, 2001.

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    Anotaes

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    Os elementos naturais da paisagem:estrutura geolgica, relevo e clima

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    Apresentao

    Bem-vindo, caro aluno (a), segunda aula da disciplina Geografia do Nordeste. Nesseencontro, e tambm no prximo, como bem aponta o ttulo da aula Os elementos

    naturais da paisagem estudaremos a dinmica natural da regio Nordeste,pesquisando os vrios elementos naturais que compem a paisagem: o relevo, o clima, avegetao, a hidrografia. Procuraremos compreender como esses elementos se relacionam,como tais inter-relaes se refletem na configurao da paisagem natural nordestina e comose verifica o processo de apropriao desses recursos naturais pela sociedade. Inicialmente,destacaremos, nesta aula, trs elementos naturais: a estrutura geolgica, o relevo e o clima,bem como a interao entre esses elementos e aspectos econmicos, ambientais e culturaisda regio em estudo.

    ObjetivosCompreender as caractersticas da estrutura geolgica,do relevo e do clima da regio Nordeste.

    Entender a interao entre a estrutura geolgica, o relevoe o clima e aspectos da realidade econmica, ambientale cultural da regio Nordeste.

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    Para incio de conversa...

    Inicialmente, indagamos a voc: quais as principais caractersticas naturais da paisagemnordestina? Voc j deve, em momentos pretritos, ter observado imagens, fotografias,

    desenhos da paisagem natural dessa regio. At mesmo filmes, jornais e programas dateleviso devem ter lhe dado dicas dessas caractersticas. Alm disso, voc mora nessa regioe, portanto, conhece de perto aspectos de sua paisagem natural. E ainda: caso voc j trabalheem escolas ou em sala de aula, seus alunos podem j ter lhe questionado sobre o tema. Poisbem, tais caractersticas naturais merecem nossa ateno especial nesta aula, pois precisamoscompreender tanto a dinmica da paisagem natural da nossa regio quanto a inter-relaoentre esses elementos naturais e as atividades econmicas e a identidade cultural regional.

    Para incio de conversa, pedimos que observe a letra da msica a seguir.

    ACAU(Luiz Gonzaga)

    Acau, acau vive cantandoDurante o tempo do vero

    No silncio das tardes agourandoChamando a seca pro sertoChamando a seca pro serto

    Acau,

    Acau,Teu canto penoso e faz medo

    Te cala acau,Que pra chuva voltar cedoQue pra chuva voltar cedo

    Toda noite no sertoCanta o Joo Corta-Pau

    A coruja, me da luaA peitica e o bacurauNa alegria do invernoCanta sapo, gia e r

    Mas na tristeza da secaS se ouve acauS se ouve acauAcau, Acau...

    Voc com certeza j conhece o trabalho do msico e compositor nordestino Luiz Gonzaga,artista pernambucano que cantou e apresentou um pouco do Nordeste para o nosso pas.Acau, uma de suas msicas mais conhecidas, aponta para alguns elementos presentes na

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    Atividade 1

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    nossa regio, como a seca no serto e a ansiedade de pessoas e animais pela chegada da chuva.Mas a seca, o serto e a chuva que no chega so elementos que representam a realidadede toda a regio Nordeste? Veja a seguir alguns versos/fragmentos do poema Morte e VidaSeverina, de Joo Cabral de Melo Neto.

    Bem me diziam que a terra

    Se faz mais branda e maciaQuanto mais do litoralA viagem se aproxima.Agora afinal cheguei

    Nessa terra que diziam.Como ela uma terra docePara os ps e para a vista.Os rios que correm aqui

    Tm gua vitalcia.Cavando o cho, gua mina.

    Voc deve ter notado que os versos apresentam elementos que se diferenciam bastanteda msica de Luiz Gonzaga, como a terra branda e macia, o litoral, os rios de gua vitalcia, ouseja, que nunca secam. Pois bem, seca e chuva, litoral e serto, rios vitalcios contrastandocom aqueles que secam no serto, todos esses elementos cantados e recitados por nossosartistas anunciam aspectos da nossa cultura e tambm da nossa paisagem natural. Esses soapenas alguns dos elementos que compem uma realidade de contrastes regionais, anunciandouma dinmica natural diferenciada em nvel de Nordeste.

    Mas, muitos outros elementos compem e diferenciam a dinmica natural em nossaregio. Antes de prosseguirmos em nossas discusses, vamos, a partir dos conhecimentosprvios que voc tem sobre essa Macrorregio, refletir mais um pouco sobre essa questorespondendo a atividade proposta a seguir.

    Quais os principais rios da regio Nordeste?

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    E quais as principais serras ou chapadas da regio?

    Quais as principais diferenas climticas entre a rea conhecida como Serto e oLitoral leste nordestino?

    Dentre as palavras apresentadas a seguir, quais delas representam aspectos dapaisagem natural nordestina?

    So Francisco Tiet Paran Parnaba

    Borborema Araripe Subtropical

    Semirido Tropical litorneo Caatinga Cerrado

    Mata Atlntica Carnaba Araucria

    Se voc conseguiu responder a todas as questes propostas, muito bem! Iremos, nestaaula, aprofundar conhecimentos j adquiridos. Caso contrrio, no se preocupe. Nossa meta investigar os temas sugeridos nas questes. E com relao s palavras a assinalar sobreaspectos da paisagem natural nordestina, voc acertou se marcou os rios So FranciscoeParnaba,se destacou o planalto da Borboremae a chapada do Araripe,se circulou o climasemirido etropical litorneo. Tambm voc estava certo quando mostrou que a caatinga,o cerrado e a mata atlnticaso coberturas vegetais encontradas na regio, bem como acarnabacomo uma espcie vegetal importante em nossa paisagem natural.

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    Entendemos que Paisagem Natural diz respeito aos variados aspectos que compema base natural do espao, sendo que esses aspectos esto interligados entre si, compondouma dinmica que salta aos nossos olhos quando observamos a paisagem ao nosso redor.Produzimos o espao quando, a partir das relaes em sociedade, apropriamo-nos desseselementos naturais, tornando-os recursos naturais que esto na base de nossa economia ede nossa sociedade. E falamos em problemas ambientais quando essa apropriao degrada

    esses recursos naturais, destituindo a natureza de seu equilbrio e da dinmica do seu conjunto.

    Nesse contexto, e partindo da premissa que h, portanto, uma complexa dinmica naturalcompondo a paisagem natural nordestina, propomos que nossos estudos destaquem, nestaaula, aspectos relativos s caractersticas da estrutura geolgica, do relevo e do clima daregio, sem perdermos de vista que nossa meta de trabalho encaminharmos discussesque destaquem as inter-relaes entre esses elementos, e entre eles e a dinmica econmicae social regional.

    Estrutura geolgica e relevo

    V

    oc j estudou as principais caractersticas referentes estrutura geolgica e o relevonordestino? Ento, voc j ouviu falar em escudos cristalinos e bacias sedimentares,

    e tambm nos planaltos, depresses e plancies da nossa regio. E ainda j constatouque as Chapadas da Diamantina e do Araripe e o Planalto da Borborema, bem como a planciee os tabuleiros costeiros, fazem parte do relevo dessa regio. Pois bem, neste item de nossaaula nos deteremos a essas caractersticas da estrutura geolgica e do relevo nordestino.

    Para incio de conversa, indagamos a voc: qual o significado de estrutura geolgicae relevo? De maneira resumida, o primeiro termo refere-se ao conjunto de rochas que dosuporte a uma determinada forma de relevo, e relevo corresponde s diferentes formas oudesnveis de uma dada poro da superfcie terrestre. Se os estudos geolgicos nos remetem aantigos processos da histria da Terra e dos continentes, para compreenso das atuais formas

    de relevo nordestino precisamos entender antigas dinmicas de (re)estruturao geolgica ede modelado do relevo em nossa regio.

    Ross (1998, p. 45) afirma que no territrio brasileiro, as estruturas e as formaeslitolgicas so antigas, mas as formas do relevo so recentes. Que evidncias justificam talafirmao? Primeiro, nossa idade geolgica, pois a prpria Terra j tem 4,5 bilhes de anos,por isso, determinadas reas de estrutura geolgica muito antiga so hoje muito rebaixadase erodidas, como as estruturas geolgicas que denominamos de escudos cristalinos. Nosso

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    pas e nossa regio possuem altitudes modestas, se comparadas com aquelas de cordilheiras,como os Andes, na Amrica do Sul, e o Himalaia, na sia. Ora, nossa estrutura geolgica muito antiga e rebaixada; alm disso, o fato de no termos dobramentos modernos explica asaltitudes modestas da nossa regio, que no ultrapassam os 2.100 m no Pico das Almas, naChapada da Diamantina, em terras baianas.

    No contexto assinalado, temos como principais caractersticas da estrutura geolgicanordestina os escudos cristalinos e as bacias sedimentares. J em termos de relevo, a referidaregio possui planaltos, plancies e depresses com diferentes feies e particularidades. Comoos dois elementos estrutura geolgica e relevo esto estreitamente ligados, podemosafirmar que temos no Nordeste os chamados domnios morfoestruturais, que correspondema uma unidade de relevo que explicado em sua origem a partir da influncia da estruturageolgica, como, por exemplo, no caso do escudo cristalino, com o Domnio Pr-Cambriano,e no caso das bacias sedimentares, com as bacias de sedimentao do Piau-Maranho.

    Vale salientar ainda que o relevo da regio Nordeste pode ser explicado a partir de doisconjuntos de fatores: os domnios morfoestruturais e as condies climticas que interageme tambm modificam a superfcie e sua estrutura rochosa. Afinal, no esqueamos que a idadegeolgica do nosso escudo cristalino apresenta hoje um relevo mais modesto em termos dealtitude devido principalmente fora dos agentes externos, como os fenmenos e eventosdo clima agindo sobre as estruturas rochosas!

    Para entender melhor o texto

    O relevo ou modelado da superfcie resultante de um processo ou dinmicaligados s aes ou foras de dois importantes agentes: os internos, como osabalos ssmicos, vulcanismos e dobramentos orognicos, e os externos, comoos fatores climticos: ventos, chuvas, temperatura, neve... alm das prpriasaes humanas.

    No quadro a seguir, veja um resumo das caractersticas dos dois grandes domniosestruturais que caracterizam a geologia da nossa regio.

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    Quadro 1 Domnios estruturais da regio Nordeste

    Domnios estruturais Caractersticas

    Escudo cristalino(Pr-cambriano)

    Sua rea vai do sul da Bahia ao estado do Cear, indo para o sudestedo Piau e oeste do Cear e mergulhando ou servindo de base para abacia sedimentar do Parnaba.

    Corresponde s reas do planalto da Borborema, da chapada da

    Diamantina e dos planaltos da Serra Geral na Bahia. Diz respeito,tambm, s reas de depresses sertanejas, reas rebaixadas entreaquelas de maior altitude, em que se instalou a rede de drenagem deimportantes rios nordestinos, tais como o So Francisco, o Au-Piranhase o Jaguaribe.

    Corresponde a estruturas rochosas muito antigas, que j passaram porfortes processos de eroso, sendo, portanto, extremamente rebaixadosou erodidos.

    Bacias sedimentares

    Correspondem s bacias de sedimentao do Piau-Maranho, noNordeste Ocidental, e depresso do mdio So Francisco, na reacentro-ocidental da Bahia. Tambm se apresentam recobrindo reasde domnio cristalino, como na Chapada do Araripe e do Apodi, no

    planalto da Borborema, nos chapades da borda ocidental da bacia domdio So Francisco.

    Fonte:Moreira (1977).

    As caractersticas geolgicas influenciam a economia na regio, visto que inmerosrecursos minerais esto atrelados ora as reas do escudo cristalino, ora as baciassedimentares. o caso de minerais como scheelita, berilo, tantalita, columbita, cassiterita,ferro, micas, ouro, quartzo, encontrados em reas do cristalino. Recursos como petrleo e gs

    natural nas reas sedimentares, com destaque para os estados da Bahia, do Rio Grande doNorte e de Sergipe, produzindo uma economia diversificada nos municpios produtores dessesestados, com fortes repercusses na estrutura urbana local. Alm disso, convm destacartambm as atividades industriais ligadas ao petrleo, como o Polo Petroqumico de Camaari,na Bahia, e a Estao de Tratamento de Gs do municpio de Guamar, no Rio Grande do Norte,que produz gs de cozinha, nafta e querosene de avio.

    Voc sabia? O Pico do Cabugi, localizado no serto do Rio Grande do Norte, umremanescente de um antigo vulco de origem magmtica em rochas diabsio ebasalto, cujo pico um antigo conduto vulcnico ou neckvulcnico.

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    E nosso relevo? Quais suas principais caractersticas? J dissemos anteriormente que orelevo do nosso pas e de nossa regio caracterizado pela presena de planaltos, depressese plancies. Estudando as caractersticas geolgicas e do relevo nordestino, Moreira (1977,p. 3-4) afirma que

    As grandes unidades morfoestruturais do relevo nordestino, no presente, refletem

    as diversificaes das condies naturais nesta vasta regio brasileira, onde oscondicionantes climticos continuam a assumir importncia fundamental na elaborao

    do modelado. Sendo estreitas as vinculaes e interdependncias existentes entre os

    componentes do meio fsico, aos diversos aspectos climticos correspondem, pois,

    diversificaes das formaes vegetais [...] ao lado dessas vinculaes e interdependncias

    a compartimentao do relevo e as caractersticas das formaes geolgicas contribuem

    como elementos capazes de acentuar os contrastes fisiogrficos existentes no interior

    das grandes zonas morfoclimticas midas, na fachada oriental, semi-rida sertaneja e

    semi-mida do agreste.

    Para entender melhor o texto

    Em linhas gerais, os planaltos so reas em cotas altimtricas superiores a300 metros, onde processos de eroso so mais intensos que os processos desedimentao, apresentando superfcies irregulares formadas por serras, morrose chapadas. As depresses possuem cotas altimtricas entre 100 e 500 metros,e se caracterizam por processos erosivos, sendo reas rebaixadas em relao

    ao seu entorno. J as plancies compreendem cotas altimtricas abaixo de 100metros, onde h predomnio dos processos de sedimentao.

    Para melhor entendimento das caractersticas do relevo da regio em estudo, observeo mapa a seguir. Ele apresenta a atual classificao do relevo brasileiro, organizado porJurandyr Ross.

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    Figura 1 Unidades do relevo brasileiro

    Fonte:Ross (1998, p. 53).

    Notou na classificao do relevo brasileiro as caractersticas que correspondem regio Nordeste? E quais so ento essas caractersticas? Voc deve ter notado, atravs

    do entendimento da Figura 1, que nossos planaltos so identificados pelo nmero 2, quecorresponde aos Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaba; nmero 10, Planalto daBorborema; e nmero 7, Planaltos e Serras do Atlntico-Leste-Sudeste. Nossas planciesso identificadas pelo nmero 28, que corresponde s plancies e tabuleiros costeiros. E emrelao s depresses, temos o nmero 19, que corresponde Depresso Sertaneja e do SoFrancisco. Para melhor entendimento das caractersticas do relevo nordestino, observe o perfila seguir, que foi retirado do mapa anterior sobre o relevo do Brasil. Ele apresenta aspectos doconjunto dos planaltos, depresses e plancies da nossa regio.

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    Figura 2 Perfil leste-oeste da regio Nordeste

    Fonte:Ross (1998, p. 55).

    Entendeu o perfil apresentado? Lembre-se: ele um corte do relevo nordestino,destacando elementos importantes em aproximadamente 1.500kmde extenso, indo doMaranho ao litoral de Pernambuco. Representa um interessante retrato do relevo da regio:duas reas mais altas, correspondentes aos Planaltos do Parnaba e da Borborema; a depressoSertaneja, circundada por essas reas mais altas; e, por fim, os tabuleiros e as planciescosteiras. A fim de enriquecer nossos estudos, mostramos a seguir algumas unidades emdestaque no relevo de nossa regio. Ateno para as imagens de algumas das unidades.

    Planaltos e chapadas da Bacia do ParnabaConstituem conjuntos geomorfolgicos que correspondem a pores do relevo formadas

    por rochas sedimentares, sendo unidades circundadas, em grande parte, por depresses,ou seja, reas rebaixadas. O encontro entre esses planaltos e chapadas e a rea das depressescaracteriza-se pela presena de escarpas, ou seja, faixas ou bordas de declividade. Apresentamum modelado complexo, que se limita ao sul e a oeste com as depresses circundantes e a nortecom os terrenos baixos da Bacia Amaznica. Vale destacar nessa unidade do relevo nordestinoa presena da bacia hidrogrfica do rio Parnaba, entre os estados do Maranho e Piau!

    Planalto da Borborema

    O Planalto da Borborema caracterizado por sua estrutura cristalina, correspondendoa um dobramento antigo bastante erodido. Estende-se de Alagoas ao Rio Grande do Norte,com superfcies elevadas de altitude entre 700e 800metros, das quais se destacam grandesblocos residuais, como a Serra do Teixeira, onde localiza-se o Pico do Jabre, com 1.090 metros,

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    no estado da Paraba. A seguir, veja um aspecto do Planalto da Borborema no municpio deCampina Grande, Paraba.

    Figura 3 Planalto da Borborema, Campina Grande/PB

    Fonte:autoria prpria.

    Vale destacar que suas encostas voltadas para leste e sudeste exercem forte influncia naconcentrao de umidade, na formao de solos mais profundos e na presena da vegetaode floresta nesta rea da regio Nordeste. Moreira (1977, p. 13) comenta esse aspecto daBorborema afirmando que

    Orientados de leste para oeste, com uma escarpa em degraus ligeiramente paralelos linha

    da costa, os relevos planlticos ostentam aspectos peculiares em relao s condies

    de circulao atmosfrica. Voltados para leste e sudeste, os blocos montanhosos e os

    vales que os dissecam possuem caractersticas midas, com modelado, vegetao e solos

    tropicais; interiorizados, esses relevos oferecem condies agrestinas, de transio para

    o grande domnio morfoclimtico semi-rido sertanejo; finalmente este vai dominar nos

    blocos mais interiorizados e abrigados e nas reas deprimidas, modeladas em depresses

    semi-ridas.

    No contexto assinalado, o Planalto da Borborema exerce uma forte influncia na paisagemnatural da regio, destacando-se como uma rea alta que, voltada para o leste, portanto, parao oceano Atlntico, recebe massas de ar midas que, subindo as suas encostas, produzemchuvas orogrficas que garantem a elevao da umidade local. Por outro lado, a encosta aoeste, voltada para o serto, recebe essas massas de ar j bem secas, sem possibilidade deprovocar chuvas locais. Nesse sentido, importante ressaltar a importncia do referido planaltoenquanto elemento diferenciador da paisagem local.

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    Alm disso, o Planalto da Borborema confunde-se com a sub-regio nordestinadenominada de agreste. E quem no j ouviu falar do agreste? Do fato de exercer a transioentre uma rea mais mida no litoral e mais seca no interior? Do fato de estar no caminhoentre o serto e o litoral? Pois bem, importantes cidades esto nesse caminho, tais comoCampina Grande, na Paraba, Caruaru, Gravat e Garanhuns, em Pernambuco. Lembra-sedessas cidades? Elas so marcadas pela sua importncia econmica ligada s atividades

    comerciais e ao turismo. A atrao turstica baseia-se principalmente nas paisagens e no climado Planalto, pois o modelado da superfcie e as baixas mdias de temperatura, principalmenteno inverno, a diferenciam bastante, tanto das plancies e dos tabuleiros costeiros quanto dadepresso sertaneja.

    Chapada da Diamantina

    Figura 4 Chapada da Diamantina, Bahia

    Fonte:. Acesso em: 18 jan. 2010.

    Constitui um conjunto de relevo de planaltos, sendo um prolongamento da Serra

    do Espinhao no estado da Bahia. Possui formato tabular, com altitudes mdias que noultrapassam os 2.100mdo Pico das Almas. importante divisor de guas entre os rios quecorrem para o So Francisco e aqueles que vo em direo ao Oceano Atlntico. Constituiimportante e destacado destino do turismo no pas, principalmente nas modalidades deecoturismo e turismo de aventura.

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    Depresso Sertaneja e do So Francisco

    Estamos tratando de um dos mais extensos compartimentos de relevo regionais doNordeste brasileiro. Diz respeito a uma extensa rea rebaixada e aplainada, sujeito a umprocesso constante de eroso, que se subdivide em unidades menores, como a prpria

    depresso Sanfranciscana, a Cearense e a do Meio Norte. Apresenta faixas de relevos residuais,constitudas pelos chamados inselbergs, formados predominantemente por rochas do escudocristalino bastante resistente aos processos erosivos. Como afirma Ross (1998, p. 63), narea dessa unidade do relevo nordestino destacam-se alguns relevos residuais de maiorextenso esculpidos em sedimentos do cretceo, como ocorre com as chapadas do Araripe,no interior de Pernambuco e Cear, e do Apodi, nas proximidades do litoral do Rio Grande doNorte. A seguir, observe aspectos da Chapada do Araripe, no Cear, e da Depresso Sertaneja,no Rio Grande do Norte.

    Figura 5 Chapada do Araripe, Cear

    Fonte:.Acesso em:18 jan. 2010.

    Figura 6 Depresso Sertaneja, serto do Rio Grande do Norte

    Fonte:autoria prpria.

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    Para entender melhor o texto

    Voc sabe o que so inselbergs? Veja a imagem a seguir. Ela lhe familiar? Sevoc mora ou passeia no Serto ou interior nordestino, certamente j a observouem algum momento. Inselbergsso formas de relevo consideradas testemunhos,

    pois tm idade geolgica antiga e so compostos por rochas resistentes comogranitos. Alm disso, foram resistentes aos processos de intemperismo e eroso.

    Figura 7 Serra Caiada/RN

    Fonte: .Acesso em: 18 jan. 2010.

    Plancies e tabuleiros costeiros

    As plancies costeiras caracterizam-se como relevos planos a ondulados, formados porrochas sedimentares, onde possvel encontrar vales fluviais, dunas, lagoas interdunares,

    mangues e praias. J os tabuleiros costeiros so conhecidos como plats sedimentares,estendendo-se do litoral norte, no Maranho, at o litoral mais ao sul da Bahia; a oeste e asul limita-se com reas de depresses e planaltos, e a leste com o Oceano Atlntico. Quantos plancies, podemos diferenci-las entre costeiras e fluviais, ou seja, prximas costaocenica ou aos rios, cabendo ressaltar que h uma intensa apropriao dessas formas derelevo por atividades econmicas, como a carcinicultura nas plancies fluviais e o turismo nasplancies costeiras.

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    Atividade 2

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    Identificou as principais unidades que compem a estrutura geolgica e o relevo da regioNordeste? Compreendeu suas principais caractersticas e o quanto essas unidades compema paisagem nordestina, ao mesmo tempo em que influenciam e justificam determinadasatividades econmicas regionais? Agora que voc j conhece esses importantes aspectos,faamos uma atividade de reflexo sobre o tema.

    Caracterize a estrutura geolgica da regio Nordeste.

    Quais principais unidades compem o relevo nordestino?

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    Relacione a estrutura geolgica e o relevo a aspectos econmicos importantes narealidade da regio Nordeste.

    Observe o mapa a seguir. Ele apresenta as principais unidades do relevo de umestado nordestino: o Rio Grande do Norte. Voc mora nesse estado? Caso afirmativo,

    observe atentamente o mapa e responda as questes a seguir. Caso contrrio, faauma pesquisa sobre as principais formas de relevo do seu estado e, depois deidentificar tais formas, responda as questes solicitadas.

    Fonte:Felipe, Carvalho e Rocha (2008, p. 48).

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    Aula 2 Geografia do Nordeste 55

    a) Conhecendo as principais formas de relevo do seu estado, identifique aquelas presentesno seu municpio. Como esse seu espao de morada, tente descrever essas formas derelevo a partir da observao e do seu conhecimento local.

    b) De que forma se d, no seu municpio, a apropriao desse importante recurso natural

    que o relevo? Ou seja, quais principais atividades econmicas esto ligadas s formasde relevo presentes em seu municpio?

    c) Voc j deve ter discutido que nem sempre o processo de apropriao dos recursos sed de forma equilibrada; pelo contrrio, muitas vezes esse um processo que produzinmeros impactos ambientais. Pense ento na realidade do seu municpio e descrevapossveis impactos ambientais j perceptveis no relevo local.

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    Atividade 3

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    Como j dissemos anteriormente, ainda nesta aula estudaremos as caractersticas doclima no Nordeste. Antes, porm, atentemos para mais um aspecto do relevo, o traado dolitoral que se estende da Bahia ao Maranho, com modelado diversificado a partir da influnciado relevo interior, do clima, das correntes martimas e da prpria localizao geogrfica. Ora,levando em considerao as diferentes feies do litoral nordestino, podemos dividi-lo emduas partes: o litoral setentrional ou norte e o litoral oriental ou leste.

    O primeiro se estende do rio Curupi, no Maranho, ao Cabo de So Roque, no Rio Grandedo Norte, sendo esse trecho marcado pelas rias maranhenses costas de traado aprofundadoonde o mar raso e as praias lodosas os cordes arenosos, as dunas e os tabuleiros, comdestaque para o Golfo Maranhense e o delta do rio Parnaba. J o segundo vai do Rio Grandedo Norte Bahia, e visvel nesse trecho restingas, dunas, lagunas, mangues, tabuleiros daformao Barreiras e colinas, com ateno para a rea da foz do rio So Francisco e a Baa deTodos os Santos.

    Como elemento diferenciador dos dois trechos do litoral da regio, temos o clima midodo litoral oriental em contraste com o clima mais seco da parte setentrional, o que influenciatanto na configurao da paisagem local quanto na produo econmica. Como exemplo,convm mencionar a atividade salineira no litoral setentrional do Rio Grande do Norte, que seadaptou geomorfologia da linha de costa e s caractersticas do clima tropical semirido:elevadas temperaturas, deficincia hdrica, grande insolao, elevado processo de evaporao.Para discutirmos melhor tais elementos, faamos a atividade a seguir. Logo aps, passemosao estudo do clima na regio.

    Faa uma pesquisa em atlas ou na internet do seu polo sobre as caractersticas dolitoral nordestino, reflita sobre o contedo desta aula e responda, no mapa a seguir, asquestes solicitadas.

    a) Divida o litoral nordestino em parte setentrional e oriental.

    b) Localize no mapa importantes feies de cada uma dessas partes ou trechos do litoral,como o Golfo Maranhense, a foz do rio Parnaba, o cabo de So Roque, a foz do rio SoFrancisco e a Baa de Todos os Santos.

    c) Depois, localize os principais portos da regio.

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    BA

    SE

    PI

    MA CE

    RN

    PB

    PE

    AL

    90 90 180 2700 Km

    ESCALA GRFICA

    OceanoAtln

    tico

    Oceano

    Atl

    n

    tico

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    Aula 2 Geografia do Nordeste58

    Clima

    Agora que estudamos aspectos relacionados estrutura geolgica e ao relevo nordestino,indagamos a voc: quais as principais caractersticas climticas da nossa regio?

    E quais as repercusses dessas caractersticas na economia e na cultura local? Antes,porm, gostaramos que respondesse: o que clima? clima e tempo referem-se aos mesmosfenmenos? Quando estamos nos referindo ao clima e ao tempo? Para responder taisquestionamentos, pedimos que voc observe com ateno a figura e o texto a seguir:

    Na tera-feira, a instabilidadeperde fora sobre o Nordeste e

    o Sol aparece forte em todos osEstados. H previso de chuvarpida no Maranho, no nortee no oeste do Piau e no oesteda Bahia. Nas outras reas daregio, o ar seco deixa o cucom pouca nebulosidade e noh expectativa de chuva.

    Figura 8 O tempo na regio Nordeste

    A imagem e o texto indicam as condies do tempo meteorolgico na regio Nordesteno dia 15 de dezembro de 2009, ou seja, referem-se s condies da atmosfera e de seuselementos, como temperatura e umidade, em um dado momento do ano. Sendo assim,podemos afirmar que, ao observarmos a figura e o texto, estamos nos reportando ao tempo, noao clima da regio. Mas, quando estamos nos remetendo ao clima? Ora, se tempo diz respeitoao estado momentneo da atmosfera, o clima ir caracterizar as condies atmosfricas gerais

    de uma determinada rea pela sucesso dos diferentes tipos de tempo ocorridos nesse lugar;da a necessidade de, antes de afirmar algo sobre o clima de uma rea, estudar e observar ascondies do tempo meteorolgico num certo perodo.

    Sendo assim, pedimos que reflita sobre a seguinte questo: quais principais condiesatmosfricas marcam o tempo meteorolgico da regio Nordeste? Quais condies soapontadas com mais frequncia pela mdia? Essas condies do tempo meteorolgico soimportantes em nosso estudo sobre o clima, pois exprimem caractersticas climticas gerais.Mas, a fim de refletir melhor sobre essas questes, responda a atividade a seguir.

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    Atividade 4

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    O tempo meteorolgico se apresenta com as mesmas caractersticas em toda a regio

    Nordeste? Ou h lugares mais secos, mais midos, mais chuvosos, menos chuvosos?

    Quais das afirmativas a seguir refletem tipos e caractersticas do clima nanossa regio?

    Temperaturas elevadas temperaturas abaixo de 10c

    Chuvas escassas chuvas abundantes

    Tropical semirido subtropical tropical mido

    Nos dias 11/12/2008 e 20/01/2009 respectivamente, choveu granizo no estado doRio Grande do Norte e na Paraba. Atente para as narrativas a seguir, acesse a fonteoriginal dos textos e responda: O que granizo? Porque este evento consideradoanormal nesta regio?

    O vendaval, chuva de granizo e queda de raios surpreenderam e assustaram os 11.320

    habitantes de So Sebastio de Lagoa de Roa, no Brejo paraibano, que fica a 14 quilmetrosde Campina Grande. Durante a tarde da tera-feira (19), as casas e lojas comerciais foramdestelhadas, tampas de caixas dgua voaram por cima das residncias impedindo a passagemdos veculos, fios de postes arrancados, rvores caram no meio da rua e toda a cidade ficousem energia eltrica.

    Fonte:.Acesso em:22 jan. 2010.

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    Cai granizo na zona rural de Caic. Os moradores da comunidade Manhoso, a 24quilmetros de Caic, foram surpreendidos ontem, no final da tarde, quando o tempo fechoue comeou a cair granizo em meio a uma chuva forte. A chuva foi antecedida de ventania,relmpagos e troves. O granizo, que so pequenas pedras de gelo, caiu durante quatrominutos, fazendo barulho nas telhas das casas e desfolhando galhos das rvores, sem causarmaiores danos.

    Fonte:. Acesso em:22 jan. 2010.

    Fonte: .Acesso em:22 jan. 2010.

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    Em suas consideraes voc deve ter afirmado que o Nordeste apresenta condiesmeteorolgicas diferenciadas e que, portanto, tais diferenas refletem variaes do climana regio. E voc acertou se destacou que Tropical mido e Semirido so climas da nossaregio, se considerou que tanto temos reas com chuvas escassas quanto reas comchuvas abundantes que se distribuem diferentemente na regio, e ainda se afirmou quenossas temperaturas mdias so elevadas. Dessa forma, podemos afirmar que a questo

    da temperatura e da umidade, ou seja, das precipitaes, so elementos importantes paradiscutirmos as variaes do clima. Alm disso, tais elementos, combinados com a a atuaoe a influncia de fatores climticos, como as massas de ar, a continentalidade, a maritimidadee alttitude contribuem para definir e acenturar as caractersticas climticas.

    Em termos gerais, a Macrorregio em estudo nesta aula apresenta mdias trmicas quevariam entre 20e 28C. Nas reas situadas acima de 200metrose no litoral oriental, astemperaturas variam de 24a 26C. Nas reas mais elevadas, como na chapada Diamantinae no planalto da Borborema, as mdias anuais podem ser inferiores a 20C. J o ndice de

    precipitao anual pode variar de 300mma 2.000mm.

    As mdias trmicas elevadas da regio condizem com o perfil tropical do nosso pas;afinal, as baixas latitudes delineiam nossa tropicalidade e influenciam as condies doselementos do clima, como o fato de no possuirmos as quatro estaes do ano inverno,primavera, vero e outono bem definidas. Sobre essa questo convm ressaltar ainda umponto: quais estaes do ano existem para o nordestino? Ele percebe as quatro estaes doano? Sabemos que no, pois na fala e no cotidiano do cidado, principalmente daquele dointerior, do serto, na regio apenas duas estaes so percebidas: o vero e o inverno. Por

    que ocorre tal situao? Primeiro, pelo fato de que as quatro estaes so, como j falamos,pouco definidas. Segundo, pelo fato de que dois perodos marcam a realidade regional: apoca das chuvas, a qual denominamos de inverno, e a poca das estiagens, que chamamosde vero, no importando se condiz com o incio e o final convencional dessas duas estaes.

    Na obra literria Vidas Secas(RAMOS, 2004, p. 65), o autor retrata a vida de uma famliade nordestinos sertanejos e relata o cotidiano em dias de inverno e de vero. No trecho aseguir, veja como o referido autor apresenta o inverno, ligando-o noo de gua, de chuva:

    Dentro em pouco o despotismo de gua ia acabar, mas Fabiano no pensava no futuro.

    Por enquanto a inundao crescia, matava bichos, ocupava grotas e vrzeas. Tudo muito

    bem. E Fabiano esfregava as mos. No havia o perigo da seca imediata, que aterrorizara

    a famlia durante meses. A catinga amarelecera, avermelhara-se, o gado principiara a

    emagrecer e horrveis vises de pesadelo tinham agitado o sono das pessoas. De repente

    um trao ligeiro rasgara o cu para os lados da cabeceira do rio, outros surgiram mais

    claros, o trovo roncara perto, na escurido da meia-noite rolaram nuvens cor de sangue.

    A ventania arrancara sucupiras e imburanas, houvera relmpagos em demasia.

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    E como a paisagem natural possui uma dinmica que reflete a interao entre os diversoselementos, as condies climticas da regio implicam e/ou influenciam as caractersticasligadas estrutura, ao relevo, hidrografia e vegetao. Da um relevo muito antigo e jbastante aplainado pela ao dos elementos climticos, da a presena de rios temporriosque apenas possuem gua na poca das chuvas, da variadas coberturas vegetais adaptadass condies de umidade e temperatura, por exemplo. Por isso, voc j deve ter ouvido falar

    que h uma diferenciao da vegetao: temos, por exemplo, a Mata Atlntica, ligada aoclima mais mido do litoral oriental, e a Caatinga, atrelada ao clima mais seco do interior edo litoral setentrional.

    Outra questo relevante compreendermos a inter-relao entre as caractersticasclimticas da regio e as atividades econmicas nelas desenvolvidas. Por exemplo, umaimportante atividade desenvolvida na regio Nordeste a atividade salineira. O estado do RioGrande do Norte responsvel por 95% do sal produzido no pas e a condio primordialpara o excelente desenvolvimento da atividade so os aspectos climticos dos municipios

    produtores: temperaturas elevadas, oscilando entre 24e 35

    Cdurante a maior parte do ano,

    baixa umidade do ar, elevada evaporao, baixo ndice pluviomtrico, elevada irradiao solare ventos quentes, velozes e constantes. A reunio desses aspectos favorecem a produo desal, ao mesmo tempo em que a localizao geogrfica tambm fator importante o litoral.

    Fonte:Percy Lau (IBGE, 1963, p. 292).

    Figura 9 Salinas

    Mas, para entendermos melhor as caractersticas climticas, observemos atentamenteo mapa a seguir, que apresenta os tipos de clima do nosso pas. Essa uma classificaoclimtica proposta pelo estudioso Arthur Stralhler, que estudou a dinmica atmosfrica a partirda influncia e da atuao das massas de ar que atuam no territrio nacional.

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    Equatorial mido (influenciado pelas massasde ar equatorial continental e atlntica)

    Climas Controlados por Massas de ArEquatoriais e Tropicais

    Climas Controlados por Massas de ArTropicais e Polares

    Tropical (influenciado pelas massas de ar

    tropical continental e atlntica)

    Tropical Semirido (tendendo a seco pelairregularidade da ao das massas de ar)

    Litorneo mido (nfluenciado pela massatropical atlntica e durante o inverno pela massade ar polar atlntica)

    Subtropical mido (predomnio da massa tropicalatlntica e polar atlntica durante o inverno)

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    Figura 10 Tipos de climas do Brasil

    Observando o mapa e suas informaes sobre o clima brasileiro, identificamos, de maneira

    geral, quatro tipos de climas ao longo da regio Nordeste: Equatorial mido, Tropical, TropicalSemirido e Litorneo mido. Atente para o fato de que tais tipos climticos so fortementeinfluenciados por massas de ar equatoriais e tropicais, marcadamente quentes e midas;portanto, explicando as altas mdias trmicas regionais. A seguir, algumas caractersticasdessas variaes climticas.

    Clima Equatorial mido: identificado em uma restrita rea da regio localizada aoeste do Maranho, apresentando mdias trmicas elevadas que variam entre 25 e 28C,pequena amplitude trmica anual e chuvas abundantes e bem distribudas durante o ano.Adaptada a essas caractersticas, principalmente a abundante umidade local, temos uma

    paisagem exuberante que apresenta a Floresta Amaznica.

    Tropical:est presente nos estados da Bahia, Cear, Maranho e Piau, apresentando duasestaes do ano bem definidas: o vero mido ou chuvoso e o inverno seco. Em termosde vegetao, aponta tanto para manchas de Cerrado como para a Mata dos Cocais umavegetao de transio entre o clima seco do interior nordestino e o clima muito midoda regio norte do pas, que tem como rvore smbolo o babau.

    Fonte:. Acesso em:18 jan. 2010.

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    Tropical Semirido:abrange especialmente a regio central ou interior da regio, ochamado Serto nordestino, atingindo ainda o norte do estado de Minas Gerais. marcadopela irregularidade das massas de ar, sendo caracterizado por mdias de temperaturamuito elevadas, em torno de 28 C, e por chuvas escassas e irregulares. Vale salientar queas chuvas esto concentradas no vero e outono. Em termos de cobertura vegetal, temos,nessa rea, a Caatinga, que se caracteriza por uma intensa adaptao a pouca umidade

    local. Da ela ser considerada xerfila adaptada a ambientes secos; e caduciflia comespcies que perdem as folhas durante o perodo de estiagem, com presena de cactos,como o mandacaru e a palma.

    Clima Litorneo mido:est presente do litoral da Bahia at o Rio Grande do Norte,sendo que os meses de maior ndice pluviomtrico esto concentrados no outono e noinverno, com a ocorrncia de chuvas frontais pelo encontro das massas de ar tropicalatlntica e polar atlntica. Nessa rea temos a Mata Atlntica, floresta tropical de grandebiodiversidade e exuberncia, que, como j sabemos, foi muito devastada pelo processo

    de ocupao da rea.

    Entendeu o conjunto dos tipos de climas apresentados? Conseguiu situar tais informaes sua realidade local? Tentando entender melhor nossas condies climticas, ressaltamos queoutras classificaes ainda traduzem e explicam as condies climticas da regio Nordeste.Nimer (1977, p. 75), em publicao pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica),estudou e classificou as nos