Geo Política

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Fichamento 1 Milton Santos, A natureza do espao, captulos 2 e 3

Captulo 2 O espao: sistema de objetos, sistemas de aoComo definir o espao geogrfico? 1 hiptese: espao um conjunto de fixos e fluxos. Os fluxos so resultado direto ou indireto de aes [do que, de quem?] e atravessam ou se instalam nos fixos, modificando sua significao e valor, ao mesmo tempo em que tambm se modificam. Os elementos fixos permitem aes [de que natureza?] que recriam as condies ambientais e as condies sociais [em que sentido?]. Juntos e em interao ambos expressam a realidade geogrfica. Hoje, os fixos so cada vez mais artificiais e fixados ao solo e os fluxos mais rpidos e numerosos.2 hiptese: espao a interao entre configurao territorial e relaes sociais. O espao rene materialidade (territrio) e vida (sociedade). A configurao territorial o conjunto formado por sistemas naturais e pelas superimposies humanas a esses sistemas. Para existir de forma real, no basta apenas o territrio (existncia material), mas tambm a presena de relaes sociais (existncia social). Logo: territrio (existncia material) + sociedade (existncia social) = espao geogrfico (existncia real). Ao longo do tempo, o territrio perde sua pureza natural original, tornando-se cada vez mais o resultado de uma produo histrica humana. Estradas, portos, habitaes etc. tendem a negar a natureza natural por uma natureza humanizada.3 hiptese: o espao formado pelo conjunto indissocivel e contraditrio de sistemas de objetos e sistemas de ao. Estes existem em um quadro nico no qual a histria se d. O sistema de objetos somente tem realidade a partir do sistema de aes. E estes s se do quando acompanhados por sistemas de objetos. uma relao de interdependncia. Eis a dinmica objetos-aes: sistemas de objetos condicionam a forma como se do as aes; e estas, alm de se realizarem sobre os objetos j existentes, criam novos. O espao primordial era formado apenas por objetos objetos naturais. A ao humana permitiu criar objetos artificiais a partir da massa amorfa natural. Com o passar do tempo, o espao foi cada vez sendo mais artificializado, isto , povoado de objetos artificiais (aos quais correspondiam, de forma dinmica, sistemas de aes). Isto no apenas incidiu sobre a natureza, mas tambm sobre as prprias aes humanas que, progressivamente, tornaram-se cada vez mais artificiais. Em uma primeira anlise pode-se pensar que a dicotomia sistema de objetos-sistema de aes corresponde ao conceito marxista de foras de produo-relaes sociais de produo. No entanto, a dialtica rgida marxista deixou, hoje, de ter sentido. Atualmente, as chamadas relaes de produo so tambm foras de produo e vice-versa. Essas categorias clssicas as mais das vezes aparecem confundidas. Pensar o espao como resultante da dinmica sistemas de objetos-sistemas de aes permite, simultaneamente, e dentro de um tratamento analtico que considere a multiplicidade e diversidade das situaes e processos, trabalhar o resultado conjunto dessa interao como processo e resultado.O sistema de objetosA diferena entre coisas e objetos (ou, melhor, entre objetos naturais e objetos artificiais) intuitiva. A diferena entre as duas categorias, para Jacques Monod, consiste no fato de que os artefatos, sendo produtos humanos, tm natureza projetiva eles so feitos com algum propsito. J os objetos naturais possuem existncia meramente objetiva, pois resultam da dinmica cega e sem sentido das foras naturais. Uma montanha ou rio no tem sentido. J uma faca ou um automvel tem. A forma das coisas no trai inteno ou desgnio, ao contrrio do que ocorre com artefatos.No princpio, a realidade constitua-se apenas de coisas. Com o elemento humano em ao, porm, as coisas foram sendo transformadas em objetos. Houve um processo de artificializao do mundo, isto , de produo compulsiva de artefatos. A natureza deixa de ser um sistema de coisas para ser um sistema de objetos.Mas o que um objeto? Segundo A. Moles, um elemento do mundo exterior, fabricado pelo homem e por ele assumido ou manipulado. J para Baudrillard, o objeto tambm aquilo que o homem utiliza corriqueiramente e que, ultrapassando o espao da casa, torna-se smbolo ou signo social. Um objeto faz parte do imaginrio da poca e repercute na sociedade e no espao.Outra perspectiva a de M. Vilhena, segundo quem um objeto tudo aquilo a que podemos dirigir a conscincia. Ou seja, um objeto no existe por si (apesar de ser por si), mas fundado pelo homem atravs da linguagem o objeto nasce quando nomeado como objeto.Leroi-Gouhran identificou que certos utenslios fundamentais repetem-se em diversas sociedades apartadas entre si, arriscando a hiptese de que, em comunidades humanas, existem certos artefatos universais. Outra caracterstica dos objetos sua multiplicao no espao atravs da imitao (Gabriel Tarde). As condies tcnicas e sociais circunscrevem a criao (e reproduo) de objetos em dado momento da histria. No apenas a possibilidade tcnica de fazer determinado artefato necessria para sua difuso, mas tambm que a sociedade o aceite. O importante, porm, constatar que objetos so passveis de reproduo, dentro de determinadas condies.A complexidade dos objetos pode ser entendida de diversas maneiras. Para A. Moles, existem dois tipos de complexidade: a funcional (o que se pode fazer com o objeto) e a estrutural (formada pelo conjunto de peas elementares que constituem o objeto).

E o objeto demogrfico? desnecessrio buscar a existncia de um objeto geogrfico em si. Deve-se saber, antes, o que significa tratar geograficamente um objeto. Para tanto preciso criar categorias analticas que permitam ver o todo como realidade e como processo (eixo sincrnico atravessado pelo diacrnico), que d conta do todo e das partes em interao. Da a utilidade do conceito de espao geogrfico como a interao entre sistemas de objetos e sistemas de aes.

Sistema de aesOs homens so seres de ao: eles agem sobre si mesmos, sobre os outros, sobre a natureza. Uma ao, um ato formado por quatro elementos: 1) um comportamento orientado; 2) que se d em situaes; 3) que normativamente regulado; 4) que envolve um esforo ou motivao. Ou seja, um ato um comportamento que visa fins ou atingir objetivos. A ao pressupe um passado (ato projetado) e um futuro (objetivo visado), sendo a execuo do projeto no sentido do fim visado.Mas uma ao ocorre no espao e sobre ele tem consequncias. Ela gera uma alterao no meio, modificando a situao em que se insere (A. Moles). Mudando o espao, o agente muda a si mesmo tambm. A ao, portanto, um processo de simultnea mudana do agente e da estrutura.A ao subordina-se a normas e envolve dispndio de energia. Giddens procura separar ato, ao e atuao. Um ato um segmento de uma ao. Uma ao um conjunto de atos, portanto uma corrente de intervenes causais (...) num processo contnuo de acontecimentos no mundo. Uma atuao O lugar fantasmagrico (Giddens): as aes so cada vez mais estrangeiras aos fins prprios do homem e do lugar pois os atores que fazem no so, no geral, aqueles que decidem. Ocorre, atualmente, um processo de alienao regional ou alienao local.

Aula 2 Lacoste, Yves.

O uso do espao e as estratgias.1. Perspectiva militar: a geografia uma necessidade dos Estados. Geopolticos de matriz clssica fazem uma geopoltica que serve apenas para os Estados.2. Outras organizaes no-militares: a geografia utilizada por atores no-estatais como, por exemplo, empresas.3. Pessoas, em geral: todos tm uma estratgia e essa estratgia mediada pela leitura do espao.

Conceito de territrio: o territrio espao delimitado por relaes de apropriao.

Aula 3 Santos, Milton. A natureza do espao.

Santos entende espao como um conjunto indissocivel de sistemas de objetos e sistemas de aes.1. Objetos: tudo o que existe na superfcie da terra, desde a herana da histria natural at o resultado da ao humana. Dividem-se em objetos naturais (natureza primordial, que no possui propsitos ou desgnios) e artificiais (natureza alterada pelos homens para atingir determinados objetivos). [Tudo natureza seja natureza inalterada ou natureza transformada.]2. Aes: o prprio humano, seu fazer e intenes; s o homem tem ao, porque apenas ele tem objetivo, intenes (intencionalidade o que o diferencia dos outros animais). A intencionalidade a capacidade de ver o objeto como meio, mas de uma forma sistemtica e no acidental. O espao um conjunto de sistemas-objeto e sistemas-ao.As duas categorias objeto-ao, materialidade e evento, devem ser tratados unitariamente. Os eventos, as aes no se geografizam indiferentemente. H, em cada momento, uma relao entre valor da ao e o valor do lugar onde ela se realiza; sem isso, todos os lugares teriam o mesmo valor de uso e mesmo valor de troca, valores que no seriam afetados pelo movimento da histria. H uma diferena entre dizer que o espao no uma causa e negar que ele um fator, um dado. Pois o valor do espao no independente das aes que ele suscetvel de acolher.Duas pessoas com a mesma formao e capacidades vo ter valor diferente de acordo com o lugar em que elas se encontram. Teoricamente elas so iguais, mas seu valor depende do lugar em que elas se encontram.3. Formas-contedo: nem apenas os objetos, nem apenas a ao/intencionalidade, mas uma relao contnua e conjunta de adaptao do evento forma disponvel e ressignificao da forma em razo do evento. (Formas recebem novos contedos ao longo do tempo. Processos de ressignificao).O conceito fundamental de espao ser o do Milton Santos:No comeo era a natureza selvagem, formada por objetos naturais, que ao longo da histria vo sendo substitudos por objetos fabricados, objetos tcnicos, mecanizados e, depois, cibernticos, fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma mquina.A complexidade estrutural do objeto se relaciona com a variedade do repertrio de seus elementos, que no h diferena entre complexidade estrutural e informao.A complexidade estrutural de um objeto sua informao porque a forma como pode comunicar-se com outro objeto, ou servir a uma pessoa ou empresa ou instituio, tanto aquela que trabalha diretamente sobre ele, quanto, igualmente, a que, mesmo de longe, tem comando sobre operaes econmicas e sociais locais. Quanto mais estruturalmente complexo um objeto, mais eficaz e rapidamente oferece uma resposta adequada. No meio geogrfico tambm e assim.O enfoque geogrfico supe a existncia de objetos como sistemas e no apenas como colees: sua utilidade atual, passada ou futura vem exatamente de seu uso combinado pelos grupos humanos que os criaram ou que os herdaram das geraes anteriores. Seu papel pode ser apenas simblico, mas geralmente tambm funcional. Objetos constituem sistemas. No so uma coleo um amontoado de coisas sem relaes entre si. Sua utilidade decorre do uso combinado que os homens dele fazem. Uso que pode ser simblico e/ou funcional. Significado e uso, dimenso simblica e dimenso funcional: comparar uma caneta Bic e uma Mont Blanc.

O espao um conjunto indissocivel de sistemas de objetos e sistemas de aes. constitudo atravs de relaes sociais, do trabalho. Espao condio, meio e produto.1. Condio para realizao das aes;2. O meio onde se do os processos;3. O produto dos processos e aes.Espao o meio onde o homem age e (re)construdo atravs do tempo. O homem produz e, medida que produz, produz espao. O espao um conjunto de relaes realizadas atravs de funes e de formas que se apresentam como testemunho de uma histria escrita por processos do passado e do presente. O espao um conjunto de formas representativas de relaes sociais do passado e do presente e uma estrutura representada por relaes que se manifestam atravs de processos e funes. Um campo de foras cuja acelerao desigual.O espao um conjunto indissocivel de que participam:1. Certo arranjo de objetos geogrficos objetos naturais e objetos sociais;2. A vida que os preenche e os anima.A produo do espao no se realiza fora do tempo. As relaes entre os perodos histricos e a organizao espacial revelam uma sucesso de sistemas espaciais, em que o valor de cada lugar est sempre mudando ao correr da histria.A estrutura o todo, as relaes estabelecidas pela sociedade, relaes construdas atravs do tempo.O processo associa-se ao tempo. O tempo representa-se pela quantidade de processos realizados em uma unidade de tempo. O conceito de tempo relaciona-se a processos e tcnica.Funo e forma relacionam-se existncia. So elementos relacionados aos fenmenos que animam as categorias de espao, infraestrutura, instituies, meio-ecolgico, firmas, homem. So esses os elementos que impem funcionalidade ao espao e tambm forma, atravs da manipulao de tcnicas de acordo com necessidades.

Aula 4 Milton Santos: os conceitos de paisagem e lugar.

ESPAO LUGAR PAISAGEMA relao da sociedade humana com o espao acaba por desenvolver diversos aspectos de vivncia e experincia do mesmo. Parte-se da relao [indivduo vs. espao - lugar] e [sociedade vs. espao - paisagem].Lugar o recorte do espao que nico e por isso ao qual dada uma significao fenomenolgica (religiosa, cultural, poltica, econmica). Todo lugar tem uma significao, um sentido. E esse significado restringe as aes humanas que podem ali ser efetuadas. Mas os homens podem agir sobre determinado espao, alterando as significaes possveis de serem ali realizadas. O significado no definitivo h sempre processos de significao e ressignificao. O sentido de lugar se refere s maneiras como a experincia e a imaginao humanas se apropriam das caractersticas e qualidades fsico-materiais da localizao geogrfica.Um lugar sem significao estranho ao homem. Por isso, aos poucos, as pessoas tendem a significar os espaos que ocupam.Paisagem a materializao da relao sociedade vs. natureza em um determinado perodo scio-histrico.

FORMA CONTEDO: as materialidades podem permanecer, mas os contedos, as aes, os significados que sero articulados aos objetos podem mudar. O espao uma FORMA, na qual se inserem CONTEDOS. Tanto o conceito de lugar como o de paisagem dizem respeito ao processo de vivncia do espao este considerado como um conjunto indissocivel de sistemas de objetos e sistemas de aes.Lugar e paisagem: diferentes formas de vivenciar o espao. Dizem respeito a formas diferentes de se vivenciar o espao e o impacto que o espao causa na vida dos indivduos. O lugar onde se jogam sentimentos. Proteger o lugar no proteger o espao, mas os sentimentos ali sedimentados o espao est a e os homens lhe do alguma significao.E o espao social compartilhado por todos como ele significado? A questo da significao social. Se todo lugar um espao social, nem todo espao social um lugar, ao menos no sentido forte aqui especificado: o espao social aquele espao produzido socialmente, fruto da transformao e apropriao da natureza, ao passo que um lugar um espao dotado de significado, um espao vivido. Os lugares merecem ser entendidos como as imagens espaciais em si mesmas. Todo lugar um espao social. Mas nem todo espao social um lugar.

O espao igual paisagem mais a vida nela existente. O espao a sociedade encaixada na paisagem, a vida animando a materialidade. A paisagem o conjunto de estruturas naturais e sociais de determinado lugar onde elementos naturais, elementos humanos desenvolvem intensa interatividade. Paisagem tudo aquilo que se percebe com os sentidos, mas relaciona-se principalmente cm a ideia de visualizao da paisagem. Pode-se distinguir a paisagem humanizada, paisagem cultural (urbana e rural). A paisagem possui elementos naturais e elementos sociais.

(...) formado por um conjunto indissocivel, solidrio e tambm contraditrio de sistemas de objetos e sistemas de aes, no considerado isoladamente, mas como o quadro nico no qual a histria se d. No comeo era a natureza selvagem, formada de objetos naturais, que ao longo da histria vo sendo substitudos por objetos fabricados, objetos tcnicos, mecanizados e, depois, cibernticos, fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma mquina. Atravs da presena desses objetos tcnicos: hidroeltricas, fbricas, fazendas modernas, portos, estradas de rodagem, estradas de ferro, cidades, o espao marcado por esses acrscimos, que lhe do um contedo extremamente tcnico.

o espao formado de objetos, onde se relacionam o processo de produo (trabalho) e de circulao dentro deste mesmo espao, relacionando estes objetos com o tempo de circulao e o lugar da produo

Aula 5

Conceito de territrio espao e poder.Origem de territrio no latim: terra, solo; territor: atemorizar, aterrorizar. Controle e apropriao. Territrio o espao delimitado por relaes de poder. Vertentes de anlise do territrio enquanto soma das relaes de poder no espao:1. Jurdico-poltica ou poltica: territrio enquanto rea sob controle de uma entidade jurdico-poltica (ex.: Estado). 2. Cultural ou cultural-simblica: anlise das diversas identidades e significaes dadas ao territrio.3. Econmica ou economicista: territrio enquanto sistema de relaes produtivas e trocas comerciais.Enquanto a vertente cultural d mais nfase s dimenses simblicas em que o Territrio percebido como produto da apropriao/valorao simblica de um grupo em relao ao seu espao vivido, a vertente economicista, ainda que menos difundida, enfatiza a dimenso das relaes econmicas, o territrio como fonte de recursos e/ou incorporado no embate entre classes sociais e na relao capital-trabalho, como produto da diviso territorial do trabalho, por exemplo (idem). Por fim, a vertente poltica aquela que analisa o Territrio enquanto um espao delimitado e controlado, atravs do qual se exerce um determinado poder, na maioria das vezes mas no exclusivamente relacionado ao poder poltico do EstadoEstas trs perspectivas tm como pano de fundo, como podemos perceber, as relaes sociais. Seja na apropriao cultural do espao, seja na percepo de que o Territrio pode ser compreendido atravs de uma anlise baseada na economia, ou no exerccio de um poder juridicamente estabelecido (mas no apenas), todas se referem a uma perspectiva que deveria ser pensada da forma relacional qual Claude Raffestin (1993) se refere. Para o autor, o estudo da Geografia no deve se referir apenas ao poder institudo e juridicamente legal tradicionalmente o poder do Estado4 mas sim nas diversas relaes de poder estabelecidas nas sociedades: Uma verdadeira geografia s pode ser uma geografia do poder ou dos poderes. Para ns, a expresso geografia do poder bem mais adequada e ns a utilizaremos daqui para frente. Se dissermos, seguindo [Henri] Lefbvre, que s existe poder poltico, isto significa, levando-se em considerao o que precedeu, que o fato poltico no est inteiramente refugiado no Estado. Com efeito, se o fato poltico atinge a sua forma mais acabada no Estado, isto no implica que no caracterize outras comunidades (...). Admitimos que h poder poltico desde o momento em que uma organizao luta contra a entropia que a ameaa de desordem. Esta definio, inspirada em [Georges] Balandier nos faz descobrir que o poder poltico congruente a toda forma de organizao. Ora, a geografia poltica, no sentido estrito do termo, deveria levar em considerao as organizaes que se desenvolvem num quadro espao-temporal que contribuem para organizar ou... para desorganizar

O poder, nome comum, se esconde atrs do Poder, nome prprio. (...) [O Poder, com letra maiscula] mais fcil de cercar porque se manifesta por intermdio dos aparelhos complexos que encerram o territrio, controlam a populao e dominam os recursos. o poder visvel, macio, identificvel. (...) [O] poder [com letra minscula] torna-se perene, por no mais visvel, consubstancial com todas as relaes. (...) O poder parte intrnseca de toda relao. Multidimensionalidade e imanncia do poder em oposio unidimensionalidade e transcendncia: O poder est em todo lugar, no que englobe tudo, mas vem de todos os lugares

Se observarmos a sociedade a partir de trs subsistemas, organizados na rea econmica (foras produtivas), na rea ideolgica (consenso) e na rea poltica (o Estado, poder coativo) (BOBBIO, 1987, p. 83), podemos compreender de qual forma se do as interaes que no apenas so capazes de materializar as formas de poder estabelecidas na relao, mas tambm tm resultado na vida da sociedade como um todo. Uma vez que estas reas entram em contato e, no raramente, os superiores de uma forma de poder influenciam os outros superiores (quando no so identificveis como o mesmo grupo social), pode-se obter que, no raro, existe um tipo de concertao entre estes grupos, gerando resultados positivos a si, mas com consequncias diversas para os outros membros daquela sociedadeO conceito de territrio est ligado vida em sociedade criada pelos humanos: o territrio a plataforma da vida. E o conhecimento do territrio estratgico. Tudo o que age no espao cria relaes territoriais.O territrio uma poro do espao definida por uma relao de poder. uma rea delimitada por relaes de poder, relaes de coero. O territrio caracterizado por relaes polticas entre classes sociais e formas de ocupao do territrio.

Territrio necessidade de anlise (binmios de anlise de territrio)1. Binmio materialismo-idealismo: o que h no territrio de construes materiais e de representaes ideais: territrio como respostas s problemticas da vida. Exemplo: territrio de Adriano. Hoje uma zona de turismo. A materialidade continua. As pedras so as mesmas. Mas o significado distinto quele que existia na poca em que foi construdo. Ou seja, recuperando o binmio forma-contedo, a forma a mesma, mas o contedo o mesmo. Ou seja, formas podem permanecer no espao, mas contedos variam ao longo do tempo. De qualquer forma, o espao sofreu modificaes territoriais. A fronteira no existe, uma construo simblica grava no espao pela ao humana. E sem o elemento humano, ela deixe de importar. H diversas formas de se relacionar ao territrio.2. Binmio espao-tempo: historicidade e geograficidade do conceito de territrio: ou seja, quando e onde ele aplicvel e como?

A noo de apropriao fundamental para entender o territrio. Territrio o espao delimitado por uma relao de apropriao. o espao desenhado por relaes polticas. Territrio plataforma da vida. O territrio uma rede de lugares. O territrio constitudo por um conjunto de lugares.

Raffestin: diferena entre economia (contabilizao) e poltica (deciso a respeito do uso de recursos).

Territrio um espao, ou seja, um conjunto de sistemas de objetos e sistemas que aes que se do envolvendo-os, marcado por relaes de poder. O territrio, (...) fundamentalmente um espao definido e delimitado por e a partir de relaes de poder. A questo primordial, aqui, no , na realidade, quais so as caractersticas geoecolgicas e os recursos naturais de uma certa rea, o que se produz ou quem produz em um dado espao, ou ainda quais as ligaes afetivas e de identidade entre um grupo social e seu espao. (...) o verdadeiro Leitmotiv3 o seguinte: quem domina ou influencia e como domina ou influencia esse espao? Esse Leitmotiv traz embutida ao menos de um ponto de vista no interessado em escamotear conflitos e contradies sociais, a seguinte questo inseparvel, uma vez que o territrio essencialmente um instrumento de exerccio de poder: quem domina ou influencia quem nesse espao, e como?

Geografia poltica clssica.

Segundo RATZEL, existem leis de crescimento espacial do Estado. O Estado tem leis pra crescer. So sete leis. O crescimento do Estado se d atravs da anexao dos membros menores, por exemplo. H outras leis. V o espao do prisma do Estado. Isso marca comum abordagem clssica da geopoltica.O surgimento da geografia poltica no sculo XIX se deve em grande parte a duas mudanas fundamentais no cenrio internacional:1. Unificao da Itlia e, sobretudo, da Alemanha no incio da dcada de 1870. O processo de unificao alem e italiana diferente. Os problemas que surgem so diferentes: no o Estado que precisa uniformizar o povo, mas o povo que precisa criar o Estado.2. Modificao de estruturas polticas na Europa em consequncia da primavera dos povos de 1848, a partir da qual o Estado passa a ser visto no mais como propriedade privada, mas como instrumento da nao.

Nesse esprito, a geografia poltica surge como uma anlise a respeito das aes do Estado sobre o territrio que lhe pertence e o estudo da administrao dos elementos deste territrio (natureza/recursos naturais, populao/recursos humanos). O Estado administra elementos territoriais: recursos humanos e naturais.

Estado, poder e relaes internacionais. A viso romntica do Estado:1. Possuidores de espritos nacionais diferentes, cada Estado procura incrementar seu poder atravs de mtodos e critrios diferenciados, desde o uso da fora at influncias polticas, econmicas, tecnolgicas e sobretudo culturais.Povo no sentido superior da palavra. A nao um esprito. O Volk, o Geist Volksgeist. O corpo nacional um corpo espiritual. O estrangeiro no faz parte do povo ele no compartilha as regras de convivncia populares. Povo conjunto de pessoas que vivem em sociedade, e se reproduzem natural e espiritualmente, de forma continuada. (Renovao.) O povo est submetido a uma lei especfica.

Os discursos geopolticos so baseados na relao entre sociedade, territrio e Estado. S possvel administrar uma sociedade tendo como referncia o espao. Como sociedade = economia e economia = Estado, importante que o Estado preserve a sociedade.Um discurso geopoltico um enunciado que captura alguns elementos geogrficos e considera-os como importantes. As teorias geopolticas fornecem formas de agir ao valorar certos aspectos do espao. Por exemplo, Mahan enfatizou o poder martimo. Mackinder, o terrestre. Por exemplo, a doutrina do Rimland tinha como fim impedir a expanso da URSS. Com o final da Segunda Guerra Fria, para-se de falar em poderes geogrficos. A questo torna-se de segurana internacional. Tal ou tal estratgia no tem relao com o poder do Estado, mas com a segurana internacional.Uma teoria geopoltica serve para. A geografia poltica conhecimento cientfico a respeito das relaes de poder espalhadas no espao. Ela segue preceitos do conhecimento cientfico. Por exemplo: Olha, j que o poder terrestre que d o controle, faa tal coisa. Ou,Olha, j que o poder martimo que permite comrcio, faa tal coisa.Dessa forma, teorias geopolticas ditam regras de conduta para os atores do sistema internacional.

Os grandes discursos geopolticos so construdos para algum para o Estado. Aos policy makers. Os discursos geopolticos pensado na esfera do Estado. O que o discurso martimo faz? O que o discurso terrestre diz? O discurso geopoltico no v as necessidades da populao.

Aula dia 18-3-2015

Redes (interao, dinmica, uso)

Redes so sistemas que ligam pontos heterogneos no espao. Plasticamente, uma rede um conjunto de arcos interseccionados em ns, pontos interconectados. Uma rede social possui vrias redes em si. Ela construda por humanos para atender humanos. Redes so artefatos construdos para fazer alguma coisa. Possuem intencionalidade. Uma rede permite fluxo e passagem: trnsito, mobilidade. A rede um encadeamento de solues, de estratgias diversas. Redes no so acidentais. Redes existem. Tm factibilidade. Tanto as tcnicas como as sociais.O conceito de redes enquanto um conjunto de ns conectados atravs de arcos. Apresenta a sua usabilidade e prtica dinmica das redes. As redes so constitudas por motivaes das quais surge tanto o seu uso estratgico como a revelao da sua prpria razo de ser revelao e estratgia. A anlise das redes uma anlise do poder. Redes podem ser:1. Tcnicas: servem para circulao e comunicao:a. Circulao: transporte de bens e pessoas (comrcio martimo e suas rotas, a rede aeroviria, a rede rodoviria, a rede ferroviria, redes de fibra tica);b. Comunicao: transmisso de dados e informaes.2. Sociais: conjunto de relaes resultantes da articulao de grupos de pessoas ou instituies sociais, sendo manifestaes especficas mais ou menos durveis no tempo.As redes so artefatos estratgicos. Estratgia a arte de aplicar com eficcia os recursos disponveis e/ou de explorar as condies existentes com o fim de alcanar certos objetivos. Uma rede construda tendo em mira certos objetivos e segue, portanto, a lgica da estratgia. A estratgia, enquanto meio para soluo de problemas, se contrape dialtica.1. Dialtica a soluo homogeneizadora de termos contrrios. Resolve a heterogeneidade atravs da unidade. , literalmente, uma soluo dissolvem-se os elementos e renem-se em outra coisa distinta.2. A estratgia tem como funo estabelecer quais as funes possveis entre termos dspares e que permanecem dspares. A lgica da estratgia permite eliminar as homogeneizaes da sociedade, conservar as diferenas. Permite conectar os diferentes sem eliminar especificidades. O estudo das redes permite a compreenso da lgica da estratgia.

A lgica da estratgia permite conectar pontos (criar redes) sem eliminar as diferenas. A anlise da rede (a percepo da rede) nos permite desvelar a estratgia e decifrar o poder as relaes de poder. O ideal do poder ver sem ser visto. (Panptico.)

Aula dia 23-3-2015

Redes e globalizao1. Redes como base de compreenso da estratgia, da unio de elementos diferentes sem torn-los homogneos;2. A rede a compreenso da finitude do mundo, da limitao da ao humana no espao. E, por isso, ela estratgica;3. Se a rede surge num primeiro momento como uma nova forma de organizao das empresas e do sistema capitalistas como um todo a partir de 1970 (Keohane e Nye: interdependncia complexa), o avano deste sistema aps a guerra fria leva este tipo de organizao no apenas para novas reas geogrficas, mas tambm da vida cotidiana. 4. Lgica da precedncia: fluxos do poder ou poder dos fluxos

Globalizao da coordenao econmica em rede. Individualizao do trabalho em rede.

A estratgia s comea a fazer sentido quando compreendemos que o mundo finito.

O que comea com o iluminismo? Antagonismo. At ento no h antagonismo porque Deus prover. Aqui, nessa esfera terrena, humano. A partir da comea-se a vislumbrar a natureza no como divina, mas como fonte de recursos. A partir do momento em que se fala de racionalidade humana, comea-se a questionar a autoridade divina ou pelo menos desvincul-la de certas zonas da existncia humana. H a ideia de progresso e, portanto, a ideia de futuro. At ento no se falava de futuro, nesse sentido. A partir do iluminismo o futuro se abre, torna-se incerto, e pode ser moldado pelo homem, atravs do uso estratgico da razo. At ento, no fazia sentido a ideia de projeto, a ideia de planejamento racional pois o futuro era certo, tinha j seu destino fechado.Agora as empresas tambm so importantes. Institucionalizar as relaes entre Estados e empresas. As empresas se globalizam. Os bancos descobrem que no precisam se fixar nos territrios.A partir do choque do petrleo ocorre um descolamento, desconcentrao industrial do mundo. As empresas comeam a se deslocar para locais onde o lucro maior.A rede s faz sentido no seu uso. E a inteno do uso que permite fazer a anlise.

Normalmente naturalizamos as redes mas as redes tem um sentido poltico. preciso perceber quais pontos so conectados e como. As redes se estruturam com certo propsito, tem um objetivo, uma inteno.

Geopoltica no sculo XXI: logstica e desenvolvimento sustentvel1. Contraposio entre o controle total do Estado sobre o espao e territrio e novas territorialidades acima e abaixo da escala do Estado-nao que desafiam os fundamentos do poder nacional e a possibilidade de desenvolvimento anrquico;a. Prevalncia de uma gesto territorial baseada, a partir do fim da Guerra Fria, no controle do espao pelo tempo:

Cronopoltica: controlar o tempo das coisas. Est envolvida tambm com o desenvolvimento sustentvel o que isso seno controlar o desenvolvimento econmico do planeta como um todo? O que desenvolvimento sustentvel? No se abandona a ideia de desenvolvimento econmico. No se abandona a ideia de progresso, de crescimento econmico infinito. Busca sustentar o crescimento atravs de uma relao no-predatria dos recursos naturais. A ideia pressuposta desse discurso a de que preciso coordenar o crescimento global. Busca congelar o desenvolvimento dos pases do sul.

Imposio de uso dos territrios nacionais Logstica: produtividade e mercado; Desenvolvimento sustentvel: manuteno do status quo.

Foucault: o poder vem debaixo. A estratgia geopoltica pensada em cima. Como fazer com que a estratgia pensada em cima tenha apoio popular? Apropriando o discurso e disseminando-o na sociedade. Geografia dos professores.

Territorialidade: o mesmo espao usado de forma diferente por pessoas diferentes.O territrio pressupe um ator. A territorialidade uma condio no pressupe um ator em si. A forma como esse agente se relaciona com seu territrio.O mesmo territrio, diversas territorialidades. Exemplo: praa. Tem territorialidades diferentes. Agentes diferentes usam de forma diferente o territrio dependendo do horrio.

Os meios de locomoo permitem zonas de territrio defierentes. Por exemplo: carro vs helicptero. Logstica e desenvolvimento sustentvel.

Logstica vem da reflexo das redes.Mudana qualitativa da geopoltica no sculo XXI. Existe nova forma usar a terra. No necessariamente ligada estados. Cronopoltica controlar o espao pelo tempo. (geopoltica controlar o tempo pelo espao se fizer a receita bolo ser potecia.) A logstica tem a ver com o jogo econmico. O estado no comanda mais territrio. O Estado responde a presses. Para essa circulao preciso boa infraestrutura de comunicao em diversos sentidos.

Aula dia 27-4-2015

Sistemas, fronteiras e territrios

Fronteira: ideia de soberania territrio do Estado: poltica, meio de trsnito fsico, Controle, preocupao estratgica. por onde entram pessoas e coisas. Tambem informao (antigamente, principalmente)Nacionalidade e lefitimida das unidades polticas. Os limites naturais do Estado so Westphalia: eliminao do poder superior; excluso mtuaFronteiras e complexidades encontro/diviso, legalidade/ilegalidade. Incio e fim do territrio.Elementos dos processos de fronteira1. Expanso: militar-territorial 2. Colonizao: fronteira sustentvelFronteiras em 3 sistemas:1. Estado vs. sistema internacional: ambiente2. Estado vs. Estado: inter pares. Se houvesse poder superior aos Estados, no existiriam fronteiras... (um estado s estado se outro Estado o reconhece como igual; a fronteira um limite entre dois iguais);3. Centro do Estado vs. periferia do Estado: interno; estruturao vs. dinamismo.

Fronteira onde o poder do Estado acaba. onde a soberania do Estado acaba.Imprio: capacidade de comandar as pessoasDomnio: controle das coisas e das pessoas

Para se ser um Estado, atualmente, necessrio um territrio. O territrio elemento essencial da configurao estatal, juntamente com populao e governo. O sistema internacional exige Estados territorialmente demarcados, ou seja, dotados de fronteiras fixas (pelo menos no mapa).Normalmente a capital no fica na fronteira. A capital fica no interior do pas. A fronteira vista pelo Estado como uma das foras centrfugas polticas.As pessoas se formam por relaes de alteridade, atravs do contato com o outro. A fronteira apresenta dinmica parecida. As populaes fronteirias tm contato mais frequente e profundo com estrangeiros e isso as torna mais permeveis a valores estrangeiros. As fronteiras so lugares onde a identidade mais dinmica e instvel do que nas regies interiores. Nestas, a identidade nacional mais fixa, mais slida. So reas consolidadas.Fronteira pode ser lugar de ordem, de caos, ponto de trocas econmicas, ponto de dio, lugar de conflito.Quando se fala em fronteira, fala-se em relaes de incluso e excluso.Uma fronteira se estabelece entre dois Estados. No caso de Israel e Palestina, no h fronteira certa, pois no se trata de dois Estados.A fronteira territorial. No existe fronteira que no seja territorial. A fronteira demarca ns e eles, o nosso e o deles.A fronteira aceita pois o ponto de desagregao do Estado, j que o limite. E como ela tem contato com outro, pode entrar sob influencia do outro.Na Idade Mdia, o marqus era aquele com um poder militar delegado nas bordas, nas marcas, nas demarcaes. A fronteira estratgica para o Estado porque o Estado precisa agregar e as fronteiras so espaos propcios desagregao.Diferenca entre territrio e fronteiraA colonizao de fronteiras uma forma de legitimao pois o Estado atualmente se legitima pela ideia de nao.

Fronteiras duras e fronteiras moles (hard limits and soft limits)

Fronteiras duras: limite de controle de tudo aquilo que entrava e saa do pas.

Toda ditadura precisa ser aceita. E toda fronteira precisa ser aceita.

Uma fronteira nunca totalmente consolidada, ao contrrio das reas interiores. Por vrios motivos, mas essencialmente por ser um complexo de troca, em diversos sentidos (comercial, cultural, humano etc.)

A fronteira sempre um assunto militar, de segurana nacional, porque o ponto onde mais nitidamente se manifestam as foras centrfugas.

Geopoltica brasileira:1. Entre as dcadas de 1930 e 50: pensamento, teoria, reflexo.2. A partir da dcada de 1960: aplicao por meio de projetos infraestruturais internos (fase interna).A partir de Getlio, no que diz respeito administrao territorial, o centro do pas comea a se vincular diretamente com as demais regies.No imprio brasileiro, administrao de provncias, pessoas que vinham das regies mais ricas e centrais: nordeste e depois Rio de Janeiro. Havia rotatividade e maior descentralizao.Poltica do encilhamento: federalismo to forte que os bancos do Estados podiam fabricar moeda.Getlio chega com um plano de modernizao. A partir de 1932, o Getlio se preocupa em unificar o pas.A partir de 1915, quando as fronteiras brasileiras esto fechadas, deve-se garantir essas fronteiras. Por exemplo, o problema das Misses e do Acre: para resolver, uti possidetis, mandar nacionais para l.Getlio Vargas procura integrar o pas, isto , disseminar o sentimento de nacionalidade pelo territrio e todos aqueles que vivam dentro do territrio estatal sintam-se, antes de tudo, brasileiros.1. A geopoltica das estradas: criar meios de comunicao e circulao: quem domina os meios de comunicao, domina o pas. Os pases que no possuem sistema virio adequado encontram-se tolhidos: no consegue escoar suas riquezas minerais e agrcolas mesmo que as produzam (escoamento econmico capilarizado: s possvel por um sistema virio ferro- ou rodovirio). a. Como ocorria a circulao de riquezas antes: navegao de cabotagem forma de comunicao no-capilarizada. Muito precria, pois dependia das condies climticas e era mais lenta quando operava em grandes distncias. Se fica difcil de circular pelo pas, cria-se uma tendncia de regionalizao, isto , porque o pas se comunica apenas pelos portos.b. A conexo por estradas gera a capilarizao das comunicaes brasileiras. Cria-se uma rede de comunicao. c. A conexo por trem cria ncleos habitacionais, interconectados, ao longo da via frrea (pontos de pouso). Isso no ocorre em rodovias.d. Nas estradas de rodagem no h necessidade de pontos de pouso, apenas pontos de parada. Isso diminui a importncia dos ncleos regionais.e. O trem precisa dos ncleos regionais, pois ele precisa de passageiros (que esto nas cidades ao longo do caminho) e de manuteno mais complexa. J o transporte rodovirio se d, geralmente, de maneira individual, e no coletiva.Outras funes da comunicao rodoviria no Brasil, alm da capilarizao-integrao do territrio:1. Unir diferentes pontos regionais;2. Viabilizar integrao nacional;3. Ocupar os espaos vazios do territrio.A estradas so o como; a capital federal o porqu. No Brasil, existiram trs capitais oficiais: Salvador, Rio de Janeiro e Braslia. A capital a concentrao do poder em termos territoriais; o corao do Estado. A capital a cabea do Estado. A ideia de capital federal surge apenas depois do absolutismo. Antes disso, a capital coincidia com a posio do soberano: como o rei o prprio Estado, onde est o rei (e sua entourage) onde est o Estado. A capital moderna a fixao do poder estatal, de suas instituies, em um ponto fsico. A ideia de capital federal a despersonificao do poder, visto que separa a ideia de cabea do Estado da figura do soberano. , tambm, a institucionalizao, em sua expresso fsica, do poder poltico. Existem capitais construdas e capitais que ocupam cidades preexistentes. Londres e Paris so capitais adaptadas a espaos urbanos preexistentes. Braslia uma capital construda. No Brasil, mais do que interiorizar a capital, existem dois outros elementos essenciais para explicar a mudana do capital:1. Braslia no interior seria uma plataforma para colonizao do territrio. Ela seria um meio de superar a dicotomia litoral vs. interior.2. Tirar do Rio de Janeiro, lugar de tenso popular. Isolar o poder no meio do nada.

Projetos geopolticos so projetos autoritrios, porque so pensados no Estado e realizados por meio da fora do Estado. So construdos em gabinetes e aplicados s regies de acordo com padres matemticos e racionalistas, sem levar em conta peculiaridades locais e caractersticas regionais. O centro pensa a periferia, o Estado pensa as experincias humanas, por meio de uma viso de cima (a birds eye-view).