Geog Cultural Inicio

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Prof.: Marcos Roberto P. Moura

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Gênese e evolução da Geografia Cultural. As possibilidades de leitura da cultura pela geografia: o lugar, a paisagem e o território. A questão das identidades sócio-territoriais, as relações de poder que lhes são inerentes e as dimensões do global e do local no seu processo de constituição. Temas possíveis e propostas metodológicas de leitura da cultura pelo espaço e no espaço. Os estudos culturais e as perspectivas multiculturalistas no ensino de geografia.

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Os selvícolas brasileiros, tidos como uma cultura primitiva pela sofisticadas sociedades ocidentais, têm institutos e rituais culturais antropologicamente superiores às pobres instituições ocidentais no que tange à sexualidade e, inclusive, no tocante à poligamia.

O conceito de infidelidade, embora também existente entre os índios, é tratado com muito mais condescendência do que entre nós, o que pressupõe uma compreensão maior das necessidades sexuais humanas. Um exemplo disto é o fato de existirem diferentes tipos de casamentos, que implicam em contratos diferenciados. O casamento considerado comum entre os Kayapós, por exemplo, ocorre quando ambos os noivos já são iniciados sexualmente. Promove-se uma festa na qual rapazes e moças formam semicírculos de fronte uns para os outros. A pajé (mulher) manda a moça escolher um marido. Neste tipo de relacionamento não há obrigação de fidelidade conjugal para nenhum dos dois, até que resolvam consolidar o casamento com um filho. As mulheres kayapó com o casamento consolidado são respeitadas ou poupadas.

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Um outro ritual interessante existente entre os kayapós é o Mebiôk, o ritual das amazonas. Durante uma semana as mulheres são as donas da aldeia: elas abandonam a casa e se instalam na ngóbe (casa dos homens). Os homens vão substituí-las nas atividades domésticas, preparando os alimentos e cuidando dos meninos. À noite eles têm de atender aos chamados e provocações das mulheres guerreiras, a fim de provar sua virilidade. Na última noite, no encontro na ngóbe, completamente às escuras, sem mostrar quem realmente são, fazem sexo até o pajé anunciar a aurora. Elas vão tomar banho e depois voltam às suas casas e à vida normal. Esse ritual permite o exercício do adultério ritual tanto para os homens como para as mulheres ao mesmo tempo que reafirma a igualdade entre os sexos através da troca de papéis.

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Então, afinal o que é cultura?desenvolvimento intelectual, saber; utilização industrial de certos produtos naturais;estudo, elegância; esmero; conjunto dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores morais e materiais, característicos de uma sociedade; civilização.

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Atualmente tem se notado um resgate de várias questões da Geografia Cultural, como a identidade, o simbolismo e as religiões.

A análise do papel das religiões e dos eventos festivos como produtores / organizadores de espaços tem sido valorizados nos últimos anos no Brasil.

A partir sobretudo dos anos 1990, tem se notado um expressivo crescimento de pesquisas e estudos relacionados à Geografia Cultural e suas múltiplas abordagens.

Dentre as temáticas que podem ser trabalhadas sob o enfoque cultural da Geografia podem-se citar as religiões, as festas populares e a diversidade de povos do planeta.

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Contudo, a geografia cultural não tem ainda no Brasil a importância que desfruta nos Estados Unidos e na Europa.

As razões da incorporação tardia da geografia cultural entre os geógrafos brasileiros são várias. Entre elas estão a força da tradição empiricista, profundamente presa a uma pretensa leitura objetiva da realidade

A cultura foi, ou negligenciada, ou entendida segundo o senso comum, passando a ser vista como sendo dotada de poder explicativo.

A heterogeneidade cultural brasileira, fruto de longos, complexos e espacialmente diferenciados processos envolvendo sociedade e natureza, faz do Brasil um excelente campo para estudos de geografia cultural.

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A paisagem cultural centralizava o interesse pela cultura a partir do fato de ela ser entendida como o resultado da ação humana alterando a paisagem natural.

O gênero de vida, o resultado das complexas relações envolvendo um dado grupo social e a natureza, concebido como expressão e condição social, constitui-se em outro foco central do interesse dos geógrafos interessados em compreender a diversidade espacial (CLAVAL, 1999).

Foi nos Estados Unidos, contudo, que a geografia cultural ganhou plena identidade, graças à obra de Carl Sauer e de seus discípulos, primeiramente em Berkeley e, em breve, dispersos por várias universidades.

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A geografia de Sauer e de seus discípulos esteve calcada no historicismo. Assim, havia uma ênfase, apoiada na crença de sua importância, na diversidade cultural;

Os estudos focalizavam especialmente sociedades tradicionais, pouco reportando-se às sociedades urbano-industriais.

A Escola de Berkeley privilegiou cinco temas principais, a saber: cultura, paisagem cultural, áreas culturais, história da cultura e ecologia cultural.

As críticas à Escola de Berkeley foram inúmeras, tanto provenientes de geógrafos vinculados a outras correntes como de geógrafos sauerianos.

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O pouco interesse em uma visão pragmática e a ênfase no estudo de sociedades tradicionais constituem-se em críticas oriundas dos geógrafos vinculados à geografia teorético-quantitativa.

A ausência de uma sensibilidade social, crítica, nos estudos das sociedades tradicionais, em realidade, grupos dominados pela exploração capitalista, constituía-se, por outro lado, na crítica dos geógrafos vinculados à perspectiva do materialismo histórico.

Segundo Duncan (1980), o conceito de cultura aceito por Sauer admitia-a como uma entidade supra-orgânica ( Kroeber), com suas próprias leis, pairando sobre os indivíduos, considerados como mensageiros da cultura, sem autonomia.

nesta visão de cultura não havia conflitos, predominando o consenso e a homogeneidade cultural.

A despeito das inúmeras críticas, a geografia cultural saueriana teve importante papel na história do pensamento geográfico, deixando um rico legado.

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A partir da década de 1970 e durante a década seguinte, a Geog. Cultural passou por um processo de renovação no qual a tradição calcada na Escola de Berkeley, mas também na Geografia vidaliana, foi submetida a críticas.

A década de 1990 é marcada pela importância da geografia cultural renovada.

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A criação dos periódicos Géographie et Cultures em francês, em 1992.

Ecumene, em inglês, em 1994, refletem esta importância.

No Brasil, o NEPEC (Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura), criado em 1993.

E seu periódico Espaço e Cultura, criado em 1995, atestam o recente interesse pela geografia cultural no país.

O processo de renovação se fez no contexto de valorização da cultura, a denominada "virada cultural".

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Um conjunto de mudanças em escala mundial destaca a importância da cultura em tais eventos.

Entre estas mudanças podemos indicar algumas:- as mudanças na esfera econômica;- o fim da denominada Guerra Fria;- a ampliação dos fluxos migratórios da periferia para os países centrais;- o movimento ecológico;- novas formas de ativismo social E a crescente consciência da necessidade de novos modos de se construir e entender a realidade, até então calcada no racionalismo moderno, no raciocínio científico e na celebração da técnica.

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A valorização da cultura gerou, entre os geógrafos, uma crítica às bases da geografia cultural então vigentes.

No processo de renovação e revalorização da geografia cultural diversas influências se fazem presentes. De um lado, a própria tradição saueriana e o legado vidaliano. De outro, a influência das filosofias do significado, especialmente da fenomenologia, e do denominado materialismo cultural de Raymond Williams.

A geografia social também se constitui em um dos ingredientes a partir dos quais se revigora a geografia cultural.

o conceito de cultura é redefinido, liberado da visão supra-orgânica e do culturalismo, na qual a cultura é vista segundo o senso comum e dotada de poder explicativo.

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A cultura, por outro lado ainda, se é considerada como sendo o conjunto de saberes, técnicas, crenças e valores, este conjunto, entretanto, é entendido como sendo parte do cotidiano e cunhado no seio das relações sociais de uma sociedade de classes.

A geografia cultural que emerge da "guerra civil" entre geógrafos sauerianos e aqueles adeptos de novas influências.

Há, em realidade, inúmeros caminhos a serem trilhados pelos geógrafos, visando contribuir para dar inteligibilidade à ação humana sobre a superfície terrestre.

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Nesses caminhos podem ser considerados tanto a dimensão material da cultura como a sua dimensão não-material, tanto o presente como o passado, tanto objetos e ações em escala global como regional e local, tanto aspectos concebidos como vivenciados, tanto espontâneos como planejados, tanto aspectos objetivos como intersubjetivos.

O que os une em torno da Geografia Cultural é que esses aspectos são vistos em termos de significados e como parte integrante da espacialidade humana.

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Bom final de

semana a

todos !