GEOGRAFIA, ARTE E FILOSOFIA: vivenciando a criação de ...

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GIRAMUNDO, RIO DE JANEIRO, V. 4, N. 8. P.47-57, JUL./DEZ. 2017. 47 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GEOGRAFIA, ARTE Y FILOSOFIA: vivenciando la creacción de móviles como cartografia participativa em la enseñanza de Geografia RESUMO: VIVENCIANDO A CRIAÇÃO PARTICIPATIVA DE MÓBILES EM ESPAÇOS PÚBLICOS, REFLETIMOS SOBRE SUA POSSÍVEL RELEVÂNCIA PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA. A PESQUISA ORIENTA-SE TEÓRICO-METODOLOGICAMENTE POR UM DIÁLOGO INTER-TRANSDISCIPLINAR ENTRELAÇANDO ARTE, GEOGRAFIA, EDUCAÇÃO E FILOSOFIA. VEMOS QUE A CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO COLETIVA DE MÓBILES INTERATIVOS AJUDA-NOS A PERCEBER E A GRAFAR PROCESSOS-ESPAÇOS VIVOS, RELACIONAIS, EM PERMANENTE MOVIMENTO. PERMITE-NOS RECONHECER O PAPEL DOS SUJEITOS NA PRODUÇÃO DE ESPAÇOS EDUCACIONAIS-SOCIAIS, RELAÇÕES ENTRE AUTO E HETERONOMIA, BEM COMO IDENTIFICAR DESAFIOS EPISTEMOLÓGICOS, POLÍTICOS E PEDAGÓGICOS QUE EMERGEM NA DOCÊNCIA-DISCÊNCIA. PALAVRAS-CHAVE: CARTOGRAFIA PARTICIPATIVA; ARTE; ESPAÇOS RELACIONAIS; EDUCAÇÃO DIALÓGICA; ENSINO DE GEOGRAFIA. ABSTRACT: VIVENCIANDO LA CREACIÓN PARTICIPATIVA DE MÓVILES EN ESPACIOS PÚBLICOS, REFLEXIONAMOS SOBRE LA RELEVANCIA DE ESE PROCESO PARA LA ENSEÑANZA DE GEOGRAFÍA. LA INVESTIGACIÓN SE ORIENTA POR UN DIÁLOGO INTER-TRANSDISCIPLINARIO ENTRELAZANDO ARTE, GEOGRAFÍA, EDUCACIÓN Y FILOSOFÍA. LA CONSTRUCCIÓN Y EVALUACIÓN COLECTIVA DE MÓVILES INTERACTIVOS NOS AYUDA A PERCIBIR YA GRABAR PROCESOS-ESPACIOS VIVOS, RELACIONALES, EN PERMANENTE MOVIMIENTO. TAMBIÉN NOS PERMITE RECONOCER EL PAPEL DE LOS SUJETOS EN LA PRODUCCIÓN DE ESPACIOS EDUCATIVOS-SOCIALES, RELACIONES ENTRE AUTO Y HETERONOMÍA, ASÍ COMO DESAFÍOS EPISTEMOLÓGICOS Y POLÍTICOS QUE EMERGEN. KEYWORDS: CARTOGRAFÍA PARTICIPATIVA; ARTE; ESPACIOS RELACIONALES; EDUCACIÓN DIALÓGICA; ENSEÑANZA DE GEOGRAFÍA. MARIA LUCIA CUNHA LOPES DE OLIVEIRA 1 Doutora em Educação (University Of Maryland) Professora da Faculdade de Educação (UFF) [email protected] GEOGRAFIA, ARTE E FILOSOFIA: vivenciando a criação de móbiles como cartografia participativa no ensino de Geografia HISTÓRICO: ENFRENTANDO UM DESAFIO... A criação coletiva e participativa de móbiles interativos pode contribuir para expressar representações, geografar processos, tensões e movimentos vividos em espaços públicos 2 ? Como? Qual a sua possível relevância no ensino de Geografia? Articulando docência-discência, extensão e pesquisa, valorizamos a autoria coletiva e a autonomia compartilhada em espaços públicos de educação (BRANDÃO, 2003). Vivenciamos redes colaborativas convivenciais, dialógicas e participativas, sendo sujeitos diversos professores e estudantes de educação superior e educação básica, profissionais de saúde pública, participantes

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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

GEOGRAFIA, ARTE Y FILOSOFIA: vivenciando la creacción de móviles como cartografia participativa em la enseñanza de Geografia

RESUMO: VIVENCIANDO A CRIAÇÃO PARTICIPATIVA DE MÓBILES EM ESPAÇOS PÚBLICOS, REFLETIMOS SOBRE SUA POSSÍVEL RELEVÂNCIA PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA. A PESQUISA ORIENTA-SE TEÓRICO-METODOLOGICAMENTE POR UM DIÁLOGO INTER-TRANSDISCIPLINAR ENTRELAÇANDO ARTE, GEOGRAFIA, EDUCAÇÃO E FILOSOFIA. VEMOS QUE A CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO COLETIVA DE MÓBILES INTERATIVOS AJUDA-NOS A PERCEBER E A GRAFAR PROCESSOS-ESPAÇOS VIVOS, RELACIONAIS, EM PERMANENTE MOVIMENTO. PERMITE-NOS RECONHECER O PAPEL DOS SUJEITOS NA PRODUÇÃO DE ESPAÇOS EDUCACIONAIS-SOCIAIS, RELAÇÕES ENTRE AUTO E HETERONOMIA, BEM COMO IDENTIFICAR DESAFIOS EPISTEMOLÓGICOS, POLÍTICOS E PEDAGÓGICOS QUE EMERGEM NA DOCÊNCIA-DISCÊNCIA.

PALAVRAS-CHAVE: CARTOGRAFIA PARTICIPATIVA; ARTE; ESPAÇOS RELACIONAIS; EDUCAÇÃO DIALÓGICA; ENSINO DE GEOGRAFIA.

ABSTRACT: VIVENCIANDO LA CREACIÓN PARTICIPATIVA DE MÓVILES EN ESPACIOS PÚBLICOS, REFLEXIONAMOS SOBRE LA RELEVANCIA DE ESE PROCESO PARA LA ENSEÑANZA DE GEOGRAFÍA. LA INVESTIGACIÓN SE ORIENTA POR UN DIÁLOGO INTER-TRANSDISCIPLINARIO ENTRELAZANDO ARTE, GEOGRAFÍA, EDUCACIÓN Y FILOSOFÍA. LA CONSTRUCCIÓN Y EVALUACIÓN COLECTIVA DE MÓVILES INTERACTIVOS NOS AYUDA A PERCIBIR YA GRABAR PROCESOS-ESPACIOS VIVOS, RELACIONALES, EN PERMANENTE MOVIMIENTO. TAMBIÉN NOS PERMITE RECONOCER EL PAPEL DE LOS SUJETOS EN LA PRODUCCIÓN DE ESPACIOS EDUCATIVOS-SOCIALES, RELACIONES ENTRE AUTO Y HETERONOMÍA, ASÍ COMO DESAFÍOS EPISTEMOLÓGICOS Y POLÍTICOS QUE EMERGEN.

KEYWORDS: CARTOGRAFÍA PARTICIPATIVA; ARTE; ESPACIOS RELACIONALES; EDUCACIÓN DIALÓGICA; ENSEÑANZA DE GEOGRAFÍA.

MARIA LUCIA CUNHA LOPES DE OLIVEIRA 1

Doutora em Educação (University Of Maryland)Professora da Faculdade de Educação (UFF)mluc ia .o l i ve i ra@hotma i l . com

GEOGRAFIA, ARTE E FILOSOFIA: vivenciando a criação de móbiles como cartografia participativa no ensino de Geografia

HISTÓRICO: ENFRENTANDO UM DESAFIO...

A criação coletiva e participativa de móbiles interativos pode contribuir para expressar representações, geografar processos, tensões e movimentos vividos em espaços públicos2? Como? Qual a sua possível relevância no ensino de Geografia?

Articulando docência-discência, extensão e pesquisa, valorizamos a autoria coletiva e a autonomia compartilhada em espaços públicos de educação (BRANDÃO, 2003). Vivenciamos redes colaborativas convivenciais, dialógicas e participativas, sendo sujeitos diversos professores e estudantes de educação superior e educação básica, profissionais de saúde pública, participantes

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de movimentos sociais emancipatórios em processos de formação inicial e continuada (Projeto Educação, saúde e transformação: articulando redes colaborativas em espaços públicos – 1999/2013).

A partir de diálogos envolvendo Geografia Política, Arte, Educação e Filosofia, enfrentamos o desafio de tentar geografar processos, tensões, movimentos, relações em construção (MASSEY, 2008). Propusemos e realizamos a construção-avaliação participativa de móbiles interativos em espaços públicos (Figura 1), inspirando-nos nos trabalhos de Alexander Calder, criador de esculturas móveis (SARAIVA, 2006).

Calder (1878-1976), artista plástico de nacionalidade norte-americana, esteve três vezes no Brasil e teve férteis diálogos com Mario Pedrosa (crítico de arte e militante político) e Henrique Mindlin (arquiteto). Suas obras inspiram diálogos entre arte, política e filosofia, traduzem movimentos, relações entre tempo e espaço (Figuras 02 e 03).

O móbile, ao contrário do fio de prumo, se move. É sensível ao menor toque, de mão ou de brisa (...). E esse pensamento intraduzível se exprime na acusação simultânea de movimentos e direções inesperadas, dependentes dos autônomos em sua duração e na modalidade particular em que cada forma se realiza. A continuidade do tempo e espaço se explicita (FERREIRA GULLAR, 2006, p. 226).

Figura 1 | Móbile Redes em Espaços Públicos: Fios, Movimentos e Desafios (UFF)

Fonte: Acervo do Projeto (2008).

Figura 2 | Calder em seu Estúdio (Roxbury, 1941)

Fonte: Saraiva (2006, p. 63).

Figura 3 | Obra Ogunquit (1946).

Fonte: Saraiva (2006, p. 63).

Quais os objetivos desta pesquisa? Contribuir, através do diálogo inter-transdisciplinar, para o desenvolvimento de experiências de cartografia participativa, intersubjetiva e dialética em espaços educacionais públicos, valorizando processos em redes convivenciais; reconhecermo-nos como sujeitos (em nossa pluralidade, diversidade, ações, movimentos, imobilidade) na produção-construção-representação dos espaços em que vivemos, convivemos, estudamos, trabalhamos, observando como isso se revela cartograficamente; refletirmos sobre relações entre subjetividades e condições

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espaço-temporais objetivas em nossas ações educacionais em espaços públicos; observarmos o que e como geografamos ao criarmos móbiles, considerando limites e possibilidades dessa forma de cartografia; dialogarmos prático-teoricamente sobre redes-territórios de convivência, resistência, autonomia compartilhada, insurreições e esperançAção, buscando fortalecer e renovar “laços de libertação”; refletirmos teórico-metodologicamente sobre o desafio de geografarmos realidades educacionais-sociais que se caracterizam por complexidade, movimento, multiterritorialidade, diversidade de sujeitos e de espaço-temporalidades.

Ao criar e avaliar móbiles como possibilidades cartográficas, fundamentamo-nos teórico-metodológicamente em contribuições inter-transdisciplinares, destacando: da Geografia, o entendimento de espaço como algo sempre em construção, produto de interações/interrelações, esfera de multiplicidade, diversidade e coetaneidade (MASSEY, 2008), a necessidade de superação de dicotomia entre redes e territórios, o conceito de multiterritorialidade, a possibilidade de reterritorializações comprometidas com projetos sociais e políticos instituintes (HAESBAERT, 2004); da área de Educação, trazemos a ênfase na dialogicidade e recusa à inexorabilidade em espaços públicos de formação (FREIRE, 2000); da Arte, como já citado, provém a inspiração nos trabalhos de Alexander Calder (SARAIVA, 2006); da Filosofia, vem a ideia de rizomas, a valorização da horizontalidade, das (des)hierarquizações e deslocamentos (DELEUZE & GUATTARI, 1980; GALLO, 2000), bem como reflexões sobre espaços vividos como espaços relacionais (MERLEAU-PONTY, 1945). Ao examinar móbiles criados, mostram-se também (nas fiações, nos materiais afixados) dificuldades enfrentadas pelos partícipes em suas lutas cotidianas, em virtude dos dispositivos de segurança e de controle da circulação utilizados (por parte dos que detêm o poder) para contenção de redes emancipatórias em espaços públicos (FOUCAULT, 2008). Vamos assim, através dos móbiles, reconhecendo tanto possibilidades emancipatórias como dificuldades

no exercício de resistenciAções em educação e na sociedade.

ESPAÇO E REPRESENTAÇÕES: COMPARTILHANDO VIVÊNCIAS E REFLEXÕES

Registrando e documentando sistematicamente nossas observações sobre criações coletivas de móbiles, em diálogo constante com referências teóricas, interrogamo-nos sobre horizontes epistemológicos e políticos desses processos de representação espacial. Seguem narrativas ilustrando alguns desses casos vivenciados em contextos diversos, nos quais interagem subjetividades e objetividades3.

Um erro político típico é o hábito, perfeitamente compreensível, de pensar que o único teatro que importa é aquele em que por acaso nos encontramos. As práticas políticas rebeldes têm de ocorrer em todos os teatros dessa longa fronteira. Para haver uma insurgência generalizada que altere a forma e a direção da vida social são necessárias ações colaborativas e coordenativas em todos os teatros. (HARVEY, 2006, p. 307).

Caso 1 - Redes colaborativas em espaços públicos

Em dezembro de 2008 propusemos e realizamos na Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense-UFF, em diálogo com o Núcleo de Estudos sobre Regionalização e Globalização/UFF, a criação de um primeiro móbile interativo. Na ocasião, combinamos um encontro-reencontro de sujeitos participantes das redes colaborativas, memorizando dez anos de vivências do Projeto4.

Buscamos registrar qualitativa, criativa e prático-teoricamente andarilhanças, reflexões e esperanças partilhadas ao longo desses anos com estudantes de Geografia e de outros cursos. Os fios partícipes (professores e estudantes de educação básica e superior, profissionais de saúde pública, militantes de movimentos sociais), foram

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co-autores do móbile e do conhecimento elaborado sobre e pelo processo.

A criação coletiva dos móbiles acontece a partir de questionamentos ou temas que se mostrem significativos para os participantes, trazendo-se e socializando-se experiências, reflexões, saberes, desejos, conflitos, emoções, ideias (Figura 04). Sobre a mesa de apoio ficam materiais à disposição dos participantes prático-teóricos diversos (cartões com reflexões teóricas, papeis de variadas texturas, fios, canetas hidrocor, pinceis e tinta, tesouras, cola, sementes, folhas, sucata, tiras com palavras, artigos, trechos de poemas, entre outros).

Figura 4 | Caso 1: Participantes em processo de criação

Fonte: Acervo do Projeto (2008).

A dialogidade, o compartilhamento, em bases freireanas (FREIRE, 2000), estimula a inclusão de diversos sujeitos, do indeterminado, da coletividade, da abertura, do inconcluso (GALLO, 2000). Nos processos de construção, movimentos e representação de redes-territórios de EsperançAção, combinam-se diversas espacialidades e temporalidades (HAESBAERT, 2004; MASSEY, 2008).

Em uma perspectiva dialética da complexidade e movimentos dessas inter-relações, referimo-nos a redes-territórios que possam “estimular a individualidade e promover o convívio solidário das multiplicidades – de todos e de cada uma de nós” (HAESBAERT, 2004, p. 18), vendo que

podem mesmo estar prenunciando hoje a emergência de uma nova “ordem” em que prevaleça, sobretudo, a possibilidade

Figura 5 | Caso 1: Móbile prolongando-se

Fonte: Acervo do Projeto (2008).

de recriar, pelas próprias coletividades, territórios originais que atendam não só às suas aspirações de sobrevivência e reprodução material, como também à expressão das especificidades culturais que efetivamente mobilizam e animam os grupos sociais (idem, 2006, p. 100).

As territorializações precárias podem ser o embrião de reterritorializações comprometidas com a reconstrução reflexiva que acredita e luta constantemente por uma sociedade mais justa e igualitária. Aí os territórios não seriam mais instrumentos de alienação, segregação, opressão e insegurança, mas espaços estimuladores, ao mesmo tempo, da diversidade e da igualdade sociais. (idem, 2004, p. 370).

As memórias partilhadas nessa ocasião, através de escritos, sons, artefatos, ecos de multiterritorialidades e identidades, expressaram representações e manifestaram-se geograficamente através de entrelaces, fiações, desfiados, mostrando percursos, trajetórias, rupturas. Os participantes fizeram também o móbile expandir-se para além do local inicial, como uma instalação em movimento (Figura 05).

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As bases da existência desses espaços não constituem-se pelo controle, mas sim no compartilhamento dos pressupostos, estes inclusive em contínua transformação com os próprios componentes da rede e com a rede, pois sem ela, ou seja, a transformação, o processo se enrijece em uma perspectiva cristalizada e monopolizada do espaço5.

Essa vivência inicial contribuiu para grafarmos a diversidade de experiências e reflexões em um processo vivo. Na avaliação participativa, examinamos suas dimensões geográficas, educacionais e políticas. Anunciava-se a possibilidade de cartografar-se, em uma perspectiva de dialeticidade (e não apenas de multidimensionalidade), movimentos de redes colaborativas em sua complexidade, possibilidades e dificuldades.

Caso 2 - Geografia de insurreições

Durante o XVI Encontro Nacional de Geógrafos Porto Alegre, julho de 2010, realizamos outro móbile através de oficina (OLIVEIRA et al, 2010) partindo do tema geral do Encontro “Crise, Práxis e Autonomia: Espaços de Resistência, Espaços de Esperança” e com foco no tema específico do Grupo de Trabalho Geografia das Insurreições. Participaram 29 pessoas entre estudantes, professores, pesquisadores de várias cidades e estados do país (Alagoas, Maranhão, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo).

Nessa ocasião, que envolveu participantes majoritariamente da área de Geografia, evidenciou-se certo estranhamento diante do convite à criação coletiva e autônoma de uma representação cartográfica em movimento. No traçado resultante, ilustrado por diversos fios em que objetos e símbolos conectavam percepções e experiências, os fios não estavam conectados entre si. O desenho lembrava-nos os fios de amarração nas lonas de cobertura dos circos (Figura 06).

Figura 6 | Caso 2: Móbile Espaços de Resistência, Espaços de Esperança

Fonte: Acervo do Projeto (2010).

Entretanto, na avaliação final, participantes propuseram deslocamento do móbile para um espaço aberto do campus e decidiram fazer sua instalação de forma “enredada”. Durante o deslocamento, outras pessoas foram se agregando ao grupo (Figura 07). Transformaram a configuração inicial, trançando os fios entre si e nas árvores do pátio externo (Figura 08).

Figura 7 | Caso 2: Em movimento para além de muros

Fonte: Acervo do Projeto (2010).

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Figura 8 | Caso 2: Mobile reconfigurado em ambiente aberto (Espaço Josué de Castro-UFRGS)

Fonte: Acervo do Projeto (2010).

Trata-se do espaço como a esfera de uma simultaneidade dinâmica, constantemente desconectada por novas chegadas, constantemente esperando por ser determinada (e, portanto, sempre indeterminada) pela construção de novas relações (MASSEY, 2008, p. 160) (...) há sempre conexões a fazer, justaposições ainda a florescer em interações, ou não, elos potenciais que podem jamais ser estabelecidos. Resultados imprevisíveis e histórias em curso. “Espaço”, então, não pode ser, jamais, aquela simultaneidade completa na qual todas as interconexões já tenham sido estabelecidas (p. 161).Na oficina no Encontro Nacional de Geógrafos, as vivências da Cartografia através da construção do móbile fundamentaram-se na dinâmica humanizante/coletivo/dialógica do processo constituinte das ações extensionistas [...]. As redes de diversos e variados fios incluíram muitas implicações/ explicações/ desejos/ reflexões/ afetos/ subjetividades/ práticas para “reconstruir o espaço” que se fez currículo e pesquisa na ação de (re)ver concepções sócio-educativas/geográficas. O espaço/tempo se fez diálogo (re) construtor de conhecimentos onde campos das ciências, metodologias, eventos, materiais/recursos produziram o

móbile amplo de aceites, estético-inovador, ético-propositivo, enfim com a dinâmica de momentos vitais de gentes e objetos. Desdobrou-se em partida para outros/novos olhares, já se (re)construindo em deslocamentos e alterações de variações de tempo físico/climático/cultural. Afinal ocupou limites de um lugar denominado “espaço de convivência”. E foi transportado em representações de “retinas” e “lentes” com possibilidades de (re)criações no currículo formal/na prática. Enfim, notícias e outros móbiles são aguardados para que as redes resistam no refazer constante e cotidiano de saberes de humanização. (Depoimento de Olga Oliveira, professora participante).

O móbile, como experiência cartográfica, distingue-se de mapas e maquetes não apenas pelos movimentos que o caracterizam, como também por características tais como: formas de articulação entre escalas (o particular e o geral, o singular e plural, o regional e o global), mostrando escalas como construções sociais (MOORE, 2008); a valorização de processos e sua impermanência como produto físico material (em estrito senso, pois podemos considerar registros fotográficos e, principalmente, filmagens como aspectos da materialização); seu permanente inacabamento; o fato de seus trançados e des-fiados resultarem de relações entre autonomia e heteronomia; a importância dos contextos na realização e resultados dos móbiles, como revelam suas diferentes configurações espaciais.

Caso 3 - Espaços, formação de educadores e territorializações

Em outro contexto, durante a realização do V Colóquio “Formação Profissional e Política do Professor”6 (dezembro, 2010), realizamos no Colégio Estadual Carmela Dutra (Madureira, Rio de Janeiro) um móbile interativo em que interagiram muitos estudantes e docentes do Curso de Formação de Professores e da Universidade, que sugeriram o tema Currículo como Território de

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Emancipação. Expressaram suas perspectivas, inquietações e propostas relacionadas ao título. Visando à construção de um móbile que grafasse essa experiência, inicialmente vários materiais (poesias, cartazes, pinturas, reflexões pedagógicas, entre outros) foram produzidos individualmente ou em pequenos grupos em um pátio aberto da escola (Figura 09).

Figura 9 | Caso 3: Elaborando e selecionando materiais para criação do móbile

Fonte: Acervo do Projeto (2010).

Ao final dessa etapa, surgiu o desejo expresso e concretizado pelos participantes: levar os materiais para criação e instalação do móbile no território próprio da turma (sua sala de aulas), ali então fazendo amarrações ao longo de um único fio, discutindo e incluindo novos elementos materiais e simbólicos (Figura 10). Observando esse movimento de territorialização do grupo, lembramos de território como algo que envolve apropriação material e simbólica de um espaço, identificação cultural e política, além de sua dimensão econômica.

Se o terrtório, hoje, mais do que nunca, é também movimento, ritmo, fluxo, rede, não se trata de um movimento qualquer, ou de um movimento de feições meramente funcionais: ele é também um movimento dotado de sinificado, de expressividade, isso é, que tem um significado determinado para

quem o constrói e/ou para quem dele usufrui. (HAESBAERT, 2004, p. 281).

Percebemos que para analisarmos-interpretarmos os movimentos cartográficos de móbiles que são criados é necessário compreender os contextos espaciais temporais (dimensões não desvinculadas) em que acontecem, reconhecer suas características culturais, políticas, identitárias.

Caso 4 - Espaços, encontros e (trans) fiações

Desenvolvendo interações com o Projeto/Curso de Extensão PIPAS - UFF7, realizamos também em 2010 uma atividade de construção de móbiles a partir do tema “Pedagogia Social, Inclusão e Humanização”. Os participantes do Curso têm formação e experiências diversas, a exemplo de educadores, profissionais de serviço social, psicólogos, educadores populares, educadores de movimentos religiosos, entre outros, sendo eles de diversas faixas etárias e localidades de origem. A atividade foi realizada no último dia de encontros dessa turma naquele ano. Na ocasião buscou-se cartografar as experiências e processos vividos durante o ano de convívio (Figura 11).

Os participantes decidiram pela criação de três móbiles (por equipes interdisciplinares), mas ao final das apresentações dos resultados propuseram que os móbiles, com suas particularidades, fossem afixados lado a lado

Figura 10 | Caso 3: Instalação no espaço escolhido

Fonte: Acervo do Projeto (2010).

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no quadro-referência da turma, mural que ocupa posição central, física e simbolicamente, nesse espaço de estudos (Figura 12).

Figura 11 | Caso 4: Móbiles Interações com o Projeto Pipas

Fonte: Acervo do Projeto (2010).

Figura 12 | Caso 4: Memória Coletiva

Fonte: Acervo do Projeto (2010).

Nessa situação, ao avaliarmos conjuntamente o processo e os resultados da atividade, os comentários indicaram que o móbile expressara as experiências e interações vividas pelo grupo ao longo do ano e que ao final do período acadêmico ficariam registradas no ponto “nobre” da sala como memória da turma. Também evidenciou-se o papel dos sujeitos na produção e ressignificação dos espaços.

Figura 13 | Caso 1

Fonte: Acervo do Projeto .

Figura 14 | Caso 2

Fonte: Acervo do Projeto .

Figura 15 | Caso 3

Fonte: Acervo do Projeto

DIVERSIDADE NA GRAFIA DE PROCESSOS

A criação de móbiles interativos tem nos ajudado a ver e grafar a diversidade de experiências, reflexões e representações que fazem parte de processos-espaços vivos, aspecto metodológico importante na investigação geográfica-social. Observamos como os móbiles mostram (desenham-se em) diferentes configurações cartográficas, conforme os diferentes contextos de espaços-temporalidades-subjetividades em que são criados.

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Os móbiles revelam vivências em redes multiterritoriais, assim como territorializações, (des)reterritorializações. Lembram-nos que “finalizações em aberto e estórias em curso são verdadeiros desafios para a cartografia” (MASSEY, 2008, p. 61). E contribuem para reconhecermo-nos como sujeitos (em nossa pluralidade, diversidade, ações, movimentos, imobilidade) na produção-construção-reinvenção dos espaços sociais (LEFEBVRE, 2008).

AVALIANDO PROCESSOS EM DIÁLOGOS TRANSDISCIPLINARES

Se as identidades, tanto as especificamente espaciais quanto as outras, são, de fato, construídas relacionalmente, então isto coloca a questão da geografia dessas relações de construção. Levanta questões da política dessas geografias e de nosso relacionamento e responsabilidade com elas. (MASSEY, 2008, p. 31).

Interrogamo-nos sobre o desafio de buscar-se geografar-cartografar realidades educacionais-sociais que se caracterizam por complexidade, movimentos, diversidade, diferentes espaço-temporalidades, interações, conflitos, deslocamentos, emoções, contradições, inacabamento, que são traços de processos e espaços vividos. O móbile-processo-representação resulta em produtos (instalações de arte) não previsíveis, não delineados ou orientados por outros que não os próprios participantes, em suas escolhas, entrelaces,

rupturas. As vivências de criação de móbiles nos instigam a refletir mais aprofundadamente sobre questões conceituais, metodológicas e políticas que emergem como experiência de cartografia participativa em que dialogam Geografia Política, Educação, Filosofia e Arte.

Buscando-se a avaliação dialógica dos processos vividos durante as atividades de criação dos móbiles, identifica-se, registra-se e comenta-se questões, conceitos e desafios resultantes, a exemplo dos vínculos representados, dos processos identitários construídos, de micropoderes revelados, de estratégias e culturas de resistência (SCOTT, 2000).

CIENCIARTE: QUESTÕES QUE EMERGEM PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA...

Esta arte (...) não reflete sociedades, nem sublima pesadelos subjetivos. É antes uma porta para o futuro. É já atitude de quem (...) divisa, de onde está, os horizontes longínquos da utopia, da utopia que eternamente está a esboçar diante de nós. (PEDROSA, apud SARAIVA, 2006, p.143).

O desejo de aprofundamento investigativo e o compromisso pedagógico com a socialização de conhecimento indica-nos algumas questões que consideramos relevantes para prosseguimento da discussão sobre o tema. Em que medida móbiles (expressão de interações entre geografia e arte), em sua multidimensionalidade, transitoriedade e aparente fragilidade material, podem vir a ser percebidos no ensino de Geografia como registros cartográficos? Podem eles conviver, interagir com mapas, maquetes e outras formas de registros geográficos? Com que limites e horizontes epistemológicos? Que concepção de ciência entrevemos em seu reconhecimento-validação como conhecimento sobre construção de espaços (referimo-nos a CienciArte, ou seja, ciência não apenas como entendimento, mas como criação)? O que móbiles podem mostrar sobre tensões-relações entre instituído e instituinte nos movimentos que se caracterizam pela

Figura 16 | Caso 4

Fonte: Acervo do Projeto

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NOTAS

1 Professora Depto. Sociedade, Educação e Conhecimento.

Faculdade de Educação. Universidade Federal Fluminense (UFF).

Coordenadora do Projeto “Educação, Saúde e Transformação:

Articulando Redes Colaborativas em Espaços Públicos (1999-2013).

Professora do Curso de Pós-Graduação “Educação, Trabalho e

Cultura Profissional: Multidimensionalidade da Práxis Docente”

(FEUFF). Doutorado em Filosofia da Educação. Pós-Doutorado em

Geografia Política. Pesquisadora participante do NUREG-Núcleo de

Estudos sobre Regionalização e Globalização (Coord. Prof. Rogério

Haesbaert)-Instituto de Geociências-UFF. Colaboradora do NUPEC-

Núcleo de Pesquisas e Estudos em Currículo UFF (Coord. Profa. Gelta

Xavier). Faculdade de Educação/UFF.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A pergunta a várias mãos: a experiência da pesquisa no trabalho do educador. São Paulo:

Cortez, 2003.

DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Felix. Capitalisme et Schizophrènie: mille plateuax. Paris: Minut, 1980.

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multiterritorialidade? Que relações-tensões revelam entre autonomia e heteronomia? Como essas tensões configuram-se espacialmente? Como a experiência de participar-se da criação, discussão e avaliação de móbiles que cartografam processos relacionais pode contribuir para o aprendizado geográfico? Desejamos que esta pesquisa possa contribuir para algumas (ainda que preliminares) anunciAções conceituais-metodológicas em uma Educação e uma Geografia das Insurreições, arte da reinvenção de espaços da e na política.

2 Esta pesquisa resultou de desdobramento do Projeto de

Estudos-Interações Pós-Doutoramento (2008-2009) ”Vivenciando

e investigando redes como territórios de resistência e construções

político-pedagógicas emancipatórias no cotidiano de espaços

públicos: Diálogos entre ‘andarilhanças’, reflexões e esperanças...”

desenvolvido em interação com o NUREG-Núcleo de Estudos sobre

Regionalização e Globalização da Universidade Federal Fluminense

(Coord. Prof. Rogério Haesbaert).

3 Na apresentação oral de trabalho durante o Simpósio Nacional

de Geografia Política, Território e Poder (Curitiba, 2009), em Oficina

no Encontro da AGB-Associação Nacional de Geógrafos (Porto

Alegre, 2010), no ENANPEGE 2013 e no CONGEO 2018, temos

mostrado imagens fotográficas, gravações e trechos de filmagens

que documentam a pesquisa.

4 A sugestão foi apresentada por Carla Andrea Lima da Silva, Bolsista

de Extensão do Projeto (2001-2002), graduada em Pedagogia pela

UFF, professora da rede pública de educação, Mestra em Educação,

Doutoranda em Educação (UFRJ), Pesquisadora do NUPEC-

Núcleo de Pesquisas e Estudos em Currículo/FEUFF e Orientadora

Pedagógica da Unidade Municipal de Educação Infantil Rosalina

Araújo Costa (Fundação Municipal de Niterói), com base em trabalhos

já desenvolvidos nessa escola com móbiles.

5 Depoimento de Igor Robaina, Bolsista de Extensão do Projeto

(2004-2005), graduado em Geografia pela UFF, Mestre em História

Social do Território (UERJ/SG) e Doutor pelo Programa de Pós-

Graduação em Geografia/UFRJ.

6 Organizado pelo NUPEC/FEUFF (Coord. Profa. Gelta Xavier).

7 Projeto PIPAS-Pedagogia Social-FE/UFF. Coord. Profa. Dra.

Margareth Martins de Araújo.

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